Resumo e reflexão sobre o texto “ O Brasil no inventário do mundo: literatura
de viagens”
O século XVIII e XIX foi marcado pelo pensamento científico em crescimento
na época. Nesse pensamento, a experiência e observação seriam de extrema importância para conclusão de dados, sendo assim, a coleta de dados tornou-se peça fundamental para exploração do mundo por estudiosos. A academia passa a patrocinar viagens e o interesse pela exploração no Brasil se deve a fama de exótico, tendo um grande espaço para observação e síntese de dados da natureza e cultura diferente da europeia, algo instigante para tais pesquisadores.
Há uma ânsia para encontrar princípios universais e assim surgem modelos e
maneiras de observar para que se encontre o mais próximo do real, do científico. Goethe como mostra o texto, critica o modelo de observação do superficial para a compreensão do ser, e a ideia de ter o que foi observado como algo fixo, viu-se que seria necessário observar, e entender o interior do homem, até mesmo relacionado às questões vitais, orgânicas.
A biologia passa a ser melhor desenvolvida e ganha força e espaço nas
ciências humanas com resultado da teoria da evolução, tentativas de classificação de espécies e até mesmo a da civilidade entre os humanos, na tentativa de organizar o mundo ao seu redor. Esta tentativa de constituir uma "História Natural" universal, sistêmica, encaixa-se o início da literatura de viagem no Brasil.
Aqui, a natureza é bem representada assim como o homem brasileiro e
nomes como Jhon Mortiz Rugendas (afirma que a paisagem, o lugar ao redor, define o homem) Jean Baptiste Debret( a sociedade age sobre a natureza ) e August Saint-Helaine (com seu detalhe narrativo) são destaques.
Em meio a exploração e observação da evolução para compreensão das
transformações, as questões da origem da vida e a associação do homem a partir da natureza cria-se a a ideia de que há um sentido por trás, uma melhoria, vantagem evolutiva. Simultaneamente o olhar científico, em que a leitura mais parcial e observadora, há o espaço para uma visão romântica, inapropriada ao objetivo à primeira vista, porém, intencionalmente ou não, mostra a incapacidade do homem sobre as descobertas e o mundo ainda a ser explorado. Demonstrava-se uma admiração emocional pelo que se estudava, e tal representação romântica tentava codificar as impressões e sensações do observador do mundo natural, podendo dizer então que (principalmente no século XIX) a arte encontrava-se em um contexto de submissão ao conhecimento.
Usou-se o conhecimento estético do século XVIII para representar sensações
e sentimentos(o pitoresco, sublime, belo, etc), tentando ser racional na categorização destes para sua representação, de modo que estimule e se conheça melhor os homens, e a composição de elementos da natureza é fundamental para tal. Procura-se representar o mundo esteticamente mas sabendo da individualidade do artista e seus objetivos, que eram então refletidos como fazendo parte da realidade a ser mostrada, valorizando-se o subjetivismo, do íntimo, pessoal.
A natureza era fortemente admirada pela, vista como majestosa, usando
elementos os quais tentavam explicar a sensação do artista em meio ao mundo natural textualmente ou nas pinturas. Os sentimentos e emoções provocados são também um aspecto apreciado e objetivado, até mesmo para induzir condutas e formar ideias, indo do campo público ao histórico.
No Brasil, os relatos de viagens não eram propriamente coletados e relatados
sobre dados da natureza, classificações e etc, mas serviam de datação do ambiente observado. Porém as expedições em que a flora e fauna desconhecidas foram catalogadas, enriqueceram o conhecimento do mundo fora Europa e sua natureza.
Relatos de expedições de Luiz Agassis e Richard Francis Buton na segunda
metade do século XIX trouxeram formas diferentes de análises e objetivos de viagem, no entanto todos tinham em mente o “olhar neutro” proposto pela época, na função de transmitir o conhecimento e oferecer dados ao futuro para a história. Agassis tem uma visão mais científica e menos exploradora, no entanto, a valorização da natureza e engrandecimento da paisagem natural é também realizado.
Buton, em missão diplomática, tem interesses políticos e pessoais pela
riqueza da região, mas um gosto especial pela natureza. Seus relatos evidenciam a oposição entre ela e a sociedade, colocando quase no mesmo nível de oposição entre “bem e mal”. Desqualificava a sociedade como suja e insalubre, enquanto que com a natureza, valorizava e desvendava paisagens com um tom majestoso ou de encantamento apesar do discurso da imparcialidade e descrição sem “firulas”.
Ele aponta a relação entre natureza e o homem tendo argumentado sobre o
impacto na vida deste, e destacando a irracionalidade bob o aspecto da abundãncia da natureza, sempre realçada e amplificada (como majestosa, sublime e até mesmo sensual) em detrimento às edificações criadas pelo homem.
Comparações tanto com as cidades quanto com a natureza m outros locais,
sendo aqui, sempre engrandecido, com nossas florestas tropicais, com árvores fortes, grossas e diversas, enquanto as florestas temperadas seriam amiúdes.
Percebi que enxergavam que as emoções e sensações traziam também o
conhecimento e não deveriam ficar de fora de tais relatos, elas refletiam a vida e o relato pelo que é somente observado se daria por superficial como disse Goethe, e o que é aparente um meio termo entre a razão e emoção na verdade seria a categorização e racionalização de tudo, inclusive emoções, elas não seriam necessariamente opostas, e isso é o mais interessante.