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Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.

SOBRE O PREFÁCIO DE AS PALAVRAS E AS COISAS – FOUCAULT

O prefácio, inicia lembrando do conto em que o Borges fazia menção a uma

enciclopédia chinesa, imaginária, que classificava os animais de forma “desconstrutiva”

em suas divisões e classes e isso em suma faz uma brincadeira com os critérios humanos

para a racionalidade, para fazer a racionalização das coisas do mundo.

Entretanto, tal aparente “desordem” nos leva ao fio da meada que é a análise dos

critérios de racionalidade, como surgem e qual sua base de escolha?

Foucault enaltece a obra de Borges como sendo uma leitura que sugere uma

desordem de pensamentos, uma inquietação ante ao abismo das palavras, conjecturas

sobre as verdades postas, portanto, continua Foucault contextualizado com as premissas

de Borges, narrar sobre como utopias formam pensamentos que se desdobram em ações

concretas formando cidades e seus desenvolvimentos estruturais, trás à baila o conceito

de “heterotopia1” em sua formação heterodoxa e sua desconstrução das formas de

pensamento, expressão e relacionamento estabelecidas com base em determinadas

premissas.

Novamente, cita Borges, inclusive, encontro neste ponto uma conexão com o texto

de borges “o idioma analítico de Wilkins” que em sua heterotopia desnuda os propósitos

e os contextos estáveis, contesta a gramática e suas possibilidades ao confrontar com a

objetividade que ao mesmo tempo é paradoxal, pois, no conto do idioma de Wilkins este

sugere uma forma de linguagem em que as palavras conteriam o significado do que se

referiam em si próprias.

1Heterotopia é um conceito da geografia humana, elaborado pelo filósofo Michel Foucault, que descreve lugares e
espaços que funcionam em condições não hegemônicas. Wikipédia
Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.

Minha impressão é que a sugestão de forma de expressão paradoxal de Wilkins

faria com que enxergássemos o mundo mais objetivo, menos colorido e com formas

rígidas e ao mesmo tempo conjecturáveis.

O conto de borges nos impulsiona a pensar, segundo Foucault, de forma distorcida

ante ao pensamento comum, linear, a sugestão de inquietude que o Borges nos trás é

direcionada dentro de um universo desnivelado, ou seja, para uma heterogenia na

forma de raciocinar os padrões sobre os conceitos que formamos, Foucault utiliza tais

conceitos para começar a aduzir o que chama de “arqueologia” ou “taxonomia” do

saber.

Borges cria esse padrão de pensamento num espaço geopolítico da China, país que

temos como sinônimo de organização, homogeneidade, cidadãos meticulosos e

hierarquizados.

Em minha leitura, o prefácio passa a fazer mais sentindo sentido apenas a contar

da página 10, quando Foucault passa a questionar sobre aspectos da coerência das

classificações das coisas e formas, com base em categorizações que podem ser errôneas

ou desnecessárias.

- Sugere, uma arqueologia da observação -

Aduz Foucault que quando as classificações e taxonomias sociais são aplicadas ao

individuo, este perde suas compreensões mais puras, nativas e são aplicados sob estes

os grilhões linguísticos, perceptivos e práticos, neutralizando os anteriormente

estabelecidos no ser nativo, sugere um paradoxo ou antagonismo entre olhar já

codificado e o conhecimento reflexivo.

O autor, na página 13, escancara seus ideais para o que segue no livro, qual seja,

busca traçar um estudo epistemológico de como os conhecimentos surgem na história,


Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.

qual a raiz dos pensamentos e a partir dessa premissa revela que busca o sentido da

arqueologia do saber.

Logo, quando leio -arqueologia- me recordo do ato dos arqueólogos de

aprofundarem os campos, cavar, escavar com cuidado e cautela e isso tudo faz muito

sentido quando se faz uma busca ao encontrar o real significado das relações e os polos

de poder em uma relação, ou mesmo, em relações mais amplas como de estado com

seus cidadãos, quiçá imaginemos o real sentido que por detrás das formas domínio.

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