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Doralice S de Jesus

(18100494)

Em 14 de março de 1967, Michel Foucault discursa sobre o que é o espaço em relação ao lugar e ao
tempo, em relação também a sociedade inserida e ao tipo de cultura estabelecida. Assim, através do
seu discurso é possível identificar o discorrimento sobre a história do espaço desde o século XIX até
os tempos atuais e das suas concepções refletidas e conceituadas através daquilo que Foucault as
denominará de “espaço utópico” e “espaço heterotópico”. Dessa forma, este trabalho será composto
através da interpretação das principais ideias usadas em seu discurso. Em primeiro momento, será
abordado sobre do que se trata o conceito de “extensão” e “alocação”. Adiante, será analisado
questão da “utopia” e, por fim, sobre a questão da “heterotopia”, classificando-as em seus 6
princípios.

A contar os primeiros segundos da sua argumentação, Michel Foucault, desenvolve seu pensamento
sobre uma linha do tempo que começa pelos reflexos do que foi o Século XIX, denominando-o de
“A grande obsessão”. Em seguida, ele percorre pelo tempo atual, ou seja, o tempo do “espaço”, o
qual dará base para o estruturalismo – uma nova face de configurar na história o tempo e o espaço.
Adiante, nota-se em suas falas sobre a questão da reconstituição da história do espaço na Idade
média e sobre a Teoria Cosmológica que faz elucidar a questão da “alocação”. Por conseguinte, em
seu discurso, observa-se a introdução dos conceitos sobre o “espaço de extensão” que se inicia
através dos estudos realizados por Galileu após descobrir a infinitude do espaço, e dessa forma o faz
analisar o lugar em relação ao espaço, percebendo que a extensão é substituída pela alocação.

Como se não bastasse, a alocação, também carrega em si problemas na técnica contemporânea e


Foucault os classifica como: unívoca, plurívoca etc. Para ele, dentre os problemas do local ou da
alocação, não se resume na importância da demografia, se haverá espaços suficientes para cada
indivíduo no mundo, mas sobre a questão da logística que cada indivíduo precisará para utilizar o
espaço que o faz retomar o conceito da alocação e ainda sobre o uso do tempo que se distribui no
espaço.

Com base na obra de Bachelard e das descrições dos fenomenologistas, se faz notar que não existe
um espaço homogêneo e vazio. Pelo ao contrário, existem diversos elementos que o preenchem
tornando-o cheio de qualidades e inequalidades do ponto de vista do observador. Ele define o
espaço heterogêneo, o espaço de fora, onde não há moradia no vazio e sim no conjunto de relações
que são definidas por alocações irredutíveis e não passíveis de sobreposição.

E dentro das relações de alocação existem diferentes tipos, a exemplo: alocação de passagem,
alocação de parada transitória, alocação de descanso, alocação aberta ou semiaberta e a principal
que interessa Foucault é o tipo de alocação que estar com todas as demais alocações.

Dessa forma, ele define aos espaços que estão ligados aos outros e contradizem as alocações em
dois tipos:

Utopia: definida como alocações e sem um lugar real. Sendo as alocações que configura uma
relação geral de analogia direta ou invertida.
Doralice S de Jesus
(18100494)

Ele discorre que há em todas as culturas e civilizações lugares reais, lugares efetivos e lugares que
são desenhados pela própria instituição da sociedade e esses lugares são um tipo de contra-alocação,
sendo espécies de utopias. Espécie de lugar que não se encontra em algum lugar, embora que são
lugares localizados. E para esses tipos de lugares, Focault, os denomina como “heterotopia”.

Ainda que haja a utopia e a heterotopia, há também o espelho – sendo um lugar sem lugar, um
espaço irreal. Um espaço virtual, onde há alguém e ao mesmo tempo não há. Pode ser uma utopia
ao mesmo tempo uma heterotopia.
Focault descreve a heterotopia como uma espécie de descrição sistemática que tem por objeto o
estudo, a análise, a descrição e a leitura dos espaços denominando-os por “heterotopologia”.

Ele define os 6 princípios da heterotopologia:

Na Heterotopia, Foucault aborda que para toda cultura no mundo haverá heterotopia, sendo uma
constante do grupo humano e possuem formas variadas de se expressar. Para heterotopia, Foucault
as classifica em dois grandes tipos, sendo:

1) Heterotopia de crise, de lugares privilegiados, ou sagrados, ou proibidos que são lugares de


determinados indivíduos que vivem em estado de crise. Esses indivíduos são os adolescentes, as
mulheres e os idosos etc. Para Foucault, atualmente as heterotopias de crise vem sendo substituídas
para heterotopias de desvios, que significa um tipo de alocação que possui indivíduos cujo
comportamento é desviante em relação a média ou a norma exigida. A exemplo, casas de repouso,
prisões, clínicas psiquiátricas, asilos, etc.

Ainda que, para cada sociedade com sua respectiva cultura haverá um tipo de heterotopia, seguindo
o princípio de funcionamento dessas.

2) Heterotopia do cemitério: definida como um espaço que está ligado ao conjunto de todas as
alocações da cidade ou da sociedade. Embora que na cultura ocidental, o cemitério, ao passar do
tempo sofre mudanças que acompanham a história da evolução da sociedade. Ele ressalta sobre a
importância de se dar um destino final aos restos mortais haja visto a incerteza da alma e da sua
ressurreição sendo essa o único traço da existência no mundo e nas palavras.

3) Da heterotopia que justapõem em um único lugar real, vários espaços, a exemplo do cinema que
possui uma sala retangular e que em seu fundo através de uma tela de duas dimensões se faz
projetar um espaço de três dimensões

4) Da heterotopia estarem associadas a recortes do tempo. Dessa forma, podem ser chamadas de
“pura simetria de heterocronia”. Isso quer dizer, que o seu funcionamento ocorre quando há uma
ruptura com o tempo tradicional do homem. A exemplo do cemitério, que se trata de um lugar
heterotópico.

5) Da heterotopia dos lugares que possuem determinados sistemas de entradas e saídas.


Heterotopias que só podem ser entradas com determinadas permissões, ritos ou purificação. A
exemplo dos templos religiosos, prisões, etc.

6) Por fim, Foucault encerra com os traços das heterotopias os quais podem ser tanto em criar um
espaço de ilusão que denuncia o espaço real, ou, ao contrário cria espaços reais.

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