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Resenha: Black, Jeremy – Mapas e História.

Inicialmente, o autor destaca os avanços que ocorreram na formação da

sociedade através do que ele chama de “educação de massa” com o crescimento da

implementação dos ensinos de história e geografia no âmbito acadêmico.

Para tal abordagem, é necessário mencionar o período do século XIX onde

correram algumas das revoluções mais expressivas da humanidade e tais

circunstâncias são mencionadas pelo autor, logo, como tal época foi nascedouro

de diversas revoltas e guerras, tais dinâmicas afetaram bastante como as pessoas

da época interpretavam o que se tinha por mapas, sendo asseverada tal

perspectiva pelo autor.

Tal período ressaltou o avanço da alfabetização e riqueza,

consequentemente os leitores aumentaram e tal dinâmica asseverou a

necessidade de atualizações nos mapas e sua maior escala de distribuição, não

mais ficando restrito aos técnicos e alunos das escolas, ante o preço inicialmente

baixo para aquisição dos cidadãos.

Ressalta o autor para o espaço social que os mapas ganharam na vida das

pessoas, estando presente em estações de trens, bíblias, jornais, revistas, salas de

aula, logo, os mapas passaram a ocupar um espaço no imaginário dos alunos com

pretensões a conhecer novos territórios.

Tais circunstâncias também asseveraram o nacionalismo, fomentou a

mentalidade de domínio territorial dos componentes de uma nação, com o

avanço das tecnologias cartográficas, como os atlas históricos, as pessoas

passaram a conhecer os contextos geopolíticos da “nação” e isso gerou a

formação dos mitos nacionais, fortalecimento da identidade nacional.

Destaca-se que os mapas e atlas históricos passaram a ser um instrumento

de domínio através do poder, pois, levavam o leitor através da leitura e

imaginação a uma mentalidade nacionalista que muitas vezes era direcionada a

fomento das distancias pregadas pelos governantes com outros países, o que o

autor parece designar como “cartografia nacionalista”.

Aluno – Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.


Resenha: Black, Jeremy – Mapas e História.

Nesta senda, o autor constatou que diversos mapas continham, inclusive,

crítica descritas a governos, nações e culturas, provocando dessa forma um

sentimento nacional que já pingava algumas gotas de etnocentrismo, bem como,

em outras circunstâncias acentuava posições heróicas de determinadas nações.

No entanto, seguindo a esteira de interesse dos cidadãos médios pelos

mapas, temos que na Primeira Guerra Mundial os leitores dos períodos e jornais

ficaram cada vez mais familiarizados com planos de batalha o que desagua num

conhecimento importante dos solos e vegetações nacionais e consequentemente

resultou numa observação dos governos ao meio ambiente nacional de forma

mais profícua, inclusive, ressaltando especificidades nacionais em vegetações

endêmicas das regiões.

Logo, todos esses fatores neste período não se desconectavam da situação

política, aliás, geopolítica das regiões, Europa e Oriente Médio, com as mudanças

ocasionadas pela guerra, também ressaltou a necessidade de atualizações

constantes nos mapas.

Muitos mapas e atlas históricos passaram a ser confeccionados com intuito

de demonstrar as estratégias de batalha, movimentação de tropas, dentre outros

contexto militares, o que fortalece o sentimento nacionalista dos leitores, através

do conhecimento das estratégias antes restritas apenas aos militares e agora

oportunizados aos civis, outrossim, também tem importante papel nessa adesão

a leitura e “cartografia de guerra” o imaginário criado nas mentes dos leitores

que refletiam sobre as movimentações das tropas, as vitórias e derrotas e

tecnologias aplicadas as estratégias das nações durante a primeira grande guerra.

Outrossim, as descrições ambientais estavam ligadas as descrições de

guerras, fornecendo detalhes das terras conquistadas ou mesmo já tidas como

pertencentes ao continente, observando como se desdobravam as estepes, o nível

do mar em relação a altura dos picos gelados, a forma como os ventos se

desdobravam em determinada região, bem como, o gelo flutuante e os desertos,

sendo demonstrados nas grafias dos mapas e atlas históricos.

Aluno – Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.


Resenha: Black, Jeremy – Mapas e História.

A obra produzida por Jeremy Black elenca a história do mundo e da

cartografia histórica, bem como, o desenvolvimento conforme os períodos

temporais analisados pelo autor.

O autor então narra algumas críticas que acompanham a cartografia da

história, na esteira de que a produção de mapas também leva um enaltecimento de poderes

simbólicos reproduzidos por nações ou governantes, o autor menciona que a

cartografia da história e não histórica, trazia traços marcantes de uma limpeza

étnica, pois, como já mencionado a cartografia era também um exercício de poder

ou mesmo como narra o autor, citando J. B. Harley “um discurso de poder” onde os

povos originários foram marginalizados, ou seja, ficavam distantes das

representações cartográficas, no vazio da história contada pelos mapas.

Inclusive, o que é observado é que as “novas civilizações” ao avançarem

sobre territórios já ocupados por povos originários subjugavam estes e nas

representações cartográficas nada era explicitado sobre isso, logo, era como se

fosse cortada uma grama para construção de um alicerce de moradia, a exemplo

disto, o autor comenta a expansão ocorrida na chamada “Nova Inglaterra”.

Outrossim, grande inovação no sentido de inclusão de estudos de povos

originários foi o Comitê Maori quando da manufatura do Atlas Histórico

Centenário da Nova Zelândia onde, inclusive, foi produzido um atlas de história

oral maori, o que passou a ocorrer em diversas edições de atlas históricos

neozelandeses, destaca-se que foram feitos esforços para demonstrar até a visão

de mundo que o Povo Maori detinha, os nomes específicos, celebrações, dentre

outros aspectos da cultura maori.

Viu-se então um crescente interesse pelos meios de mídia e setores sociais

em melhor conhecer a história dos povos nativos, inclusive, iniciando um

mercado industrial acerca das afirmações étnicas e culturais dos povos nativos.

Desta forma, passaram a ser fomentados pela sociedade os atlas étnicos,

com foco voltado para os nativos, afrodescendentes e os respectivos intercâmbios

culturais.

Aluno – Gabriel Matheus Serra Maia de Souza.

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