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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS – JI-PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE JOGOS E BRINCADEIRAS


INDÍGENAS NO ENSINO FUNDAMENTAL

Tatiany Lopes Milani de Jesus

Ji-Paraná, agosto de 2022.


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TATIANY LOPES MILANI DE JESUS

PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE JOGOS E BRINCADEIRAS


INDÍGENAS NO ENSINO FUNDAMENTAL

Produto Educacional apresentado à Fundação


Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Campus de Ji-
Paraná/RO, Departamento Acadêmico de Ciências
Humanas e Sociais, como requisito avaliativo de
conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, sob
orientação do professor Dr. Reginaldo de Oliveira Nunes.

Ji-Paraná, agosto de 2022.


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FOLHA DE APROVAÇÃO DO TCC


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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado à graça, força e sabedoria


para chegar até aqui. Muitos foram os obstáculos, porém Ele sempre me manteve de
pé, e inúmeras vezes me carregou no colo. Por isso, toda honra e toda gloria é dada
a Ele, por Ele e para Ele!

Agradeço também ao meu Esposo Dioni Cleiton, minhas filhas Isabella, Lívia,
Cecília pela paciência, motivação e apoio.

Ao professor Dr. Reginaldo de Oliveira Nunes, por ter sido meu orientador e ter
desempenhado tal função com dedicação e amizade.

Aos meus colegas de turma, em especial a minha amiga Josecleia, por


compartilhar comigo tantos momentos de descobertas e aprendizagens e por todo o
companheirismo ao longo deste percurso.
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PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE JOGOS E BRINCADEIRAS


INDÍGENAS NO ENSINO FUNDAMENTAL

Tatiany Lopes Milani de Jesus

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi apresentar a importância da produção de materiais


didáticos que auxiliem no trabalho docente, especificamente sobre os jogos e brincadeiras
indígenas. Foi desenvolvido uma proposta didática contendo informações sobre os povos
indígenas e seus jogos e brincadeiras tradicionais, bem como sugestões de atividades a
serem desenvolvidas nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Como prática pedagógica o
jogo contribui para desenvolver as possibilidades da criança criar novas perspectivas de
compreender a sua realidade sociocultural, grupo social, sociedade onde vive, outros povos
e outras formas de conviver na coletividade. Na proposta pedagógica, são apresentadas doze
brincadeiras de origem indígena que podem ser utilizadas nos anos iniciais do Ensino
Fundamental. O material é fundamental para além de ser utilizado como forma lúdica, com o
desenvolvimento dos jogos e brincadeiras com as crianças, também ensinar sobre os povos
indígenas e sua diversidade étnica no nosso país.
Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Indígenas.

ABSTRACT

The objective of the present work was to present the importance of the production of didactic
materials that help in the teaching work, specifically on indigenous games and games. A
didactic proposal was developed containing information about indigenous peoples and their
traditional games and games, as well as suggestions for activities to be developed in the early
years of Elementary School. As a pedagogical practice, the game helps to develop the
children's possibilities to create new perspectives to understand their sociocultural reality,
social group, society where they live, other peoples and other ways of living together in the
community. In the pedagogical proposal, twelve games of indigenous origin are presented that
can be used in the early years of Elementary School. The material is fundamental, in addition
to being used as a playful way, with the development of games and games with children, it
also teaches about indigenous peoples and their ethnic diversity in our country.

Keywords: Games. Jokes. Indigenous.

1. APRESENTAÇÃO

O contato das crianças com jogos e brincadeiras possibilita a interação,


movimentação, criação de situações e brinquedos, cujo objetivo é estimular o corpo e
a mente, a afetividade e a autoestima (ZOIA, 2009). Dentro do contexto das
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sociedades, as brincadeiras de roda, o canto, correr, jogar, entre outras, são


consideradas uma forma lúdica, conhecida por brincadeiras (SOUZA et al., 2019).

Corroborando com essa discussão, Kishimoto (2010), analisa o jogo como um


elemento da cultura, demonstrando que o lúdico não é considerado uma atividade
inata e biológica, não surgindo de forma natural na criança. As brincadeiras
tradicionais infantis, portanto, tem relação com a cultura popular, expressada pela
produção espiritual de um povo em certa época histórica, transmitidas pela oralidade
e que passam por constantes transformações ao longo das gerações. As brincadeiras
tradicionais, tem como objetivo permanecer vida a cultura infantil do povo e
desenvolver a convivência social.

Nas pesquisas realizadas por Kishimoto (2002), os jogos tradicionais têm


relação com a cultura popular, pois são transmitidos pela oralidade. O jogo tradicional,
portanto, “guarda a produção cultural de um povo em certo período histórico”. As
brincadeiras entre as crianças indígenas assumem, portanto, uma função
sociocultural, “apropriando das referências de sua comunidade, que através da
diversão gera uma interação social e identitária”. A interação das brincadeiras “com o
espaço onde se reproduz e como se reproduz, o lugar, os objetos, o tradicionalismo,
relaciona as representações culturais nas pessoas que fazem parte da identidade
(etnografia) da criança indígena” (SOUZA et al., 2019, p. 461-2)

Nesse sentido, o tema do produto educacional é delimitado sobre os jogos e


brincadeiras indígenas, buscando perceber: Como o material de apoio aos
professores dos anos iniciais pode favorecer a aprendizagem sobre jogos e
brincadeiras indígenas nos anos iniciais?. A temática é de suma importância, pois trata
de um assunto pouco difundido nos livros didáticos e consequentemente no processo
de ensino nas escolas, ficando restrito somente a data comemorativa do dia do índio
(19 de abril). No entanto, nesse dia, normalmente, se pinta as crianças ou fazem um
cocar, não representando efetivamente as contribuições que esses grupos tiveram e
ainda tem no desenvolvimento do nosso país.

Para atender aos pressupostos, a Lei 11.645 de 2008 (BRASIL, 2008), destaca
que o ensino de cultura e história indígena e afro-brasileira deve ser obrigatória para
o ensino básico. Sobre esse aspecto ainda, Araújo (2014, p. 183), aponta que “os
conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar”.
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Segundo Funari e Piñon (2011), a maioria das escolas brasileiras ainda não
conseguiram realizar um trabalho bem-sucedido, tanto no que se refere a atualização
dos professores como a criação de um espaço no currículo para que o objetivo seja
alcançado.

Tendo como base essas fundamentações, esse trabalho de conclusão de


curso, apresentado no formato de produto educacional, tem como objetivo apresentar
a importância da produção de materiais didáticos que auxiliem no trabalho docente,
como por exemplo, sobre os jogos e brincadeiras indígenas. Foi desenvolvido uma
proposta didática contendo informações sobre os povos indígenas e seus jogos e
brincadeiras tradicionais, bem como sugestões de atividades a serem desenvolvidas
nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Essa proposta didática destina-se a professores e alunos dos anos iniciais do


Ensino Fundamental e nesse sentido, convidamos os professores a conhecer e aplicar
os jogos e brincadeiras indígenas em suas aulas, demonstrando assim, a importância
que os povos indígenas tiveram e ainda tem para o nosso país, indo muito além de
informações divergentes contidas nos livros didáticos da época do “colonizador” e que
se perpetuam até os dias atuais.

2. O PRODUTO EDUCACIONAL

2.1 Elaboração do Produto Educacional

O trabalho foi desenvolvido com a elaboração e posterior divulgação de um


produto educacional (livro) contendo informações sobre os jogos e brincadeiras
indígenas voltado para os anos iniciais do ensino fundamental.

Os produtos educacionais, segundo Da Rosa e Locatelli (2018, p. 26-27):

representam uma importante ferramenta de aproximação entre os conteúdos


selecionados como objeto de ensino e as demandas de aprendizagem
apontadas pelos estudantes. Eles têm sido gerados a partir dessa
necessidade, caracterizada por um conjunto de elementos e procedimentos
que consideram aspectos de diferentes dimensões, como os de natureza
curricular, cognitiva, afetiva, didática, entre outras. Sua função é de
favorecimento da aprendizagem, contribuindo para qualificar o processo
educacional, especialmente na educação básica.
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Caracterizado como um saber ensinado que efetivamente chega ao aluno.


Quando associados à ação didática pedagógica do professor, os produtos
educacionais têm suma importância na eficácia da aprendizagem. Assim, os produtos
educacionais são materiais didáticos pensados com o objetivo de mediar o processo
de ensino e aprendizagem. Com natureza diversa, pode ser um jogo didático, roteiro
de atividades, mídias educacionais, sequências didáticas, livros paradidáticos,
materiais interativos, aplicativos, livros, entre outros (DA ROSA; LOCATELLI, 2018).

Para compor o conteúdo do produto educacional (proposta didática) foram


realizadas pesquisas em periódicos científicos visando buscar informações sobre os
jogos e brincadeiras indígenas, dando prioridade para materiais que trouxessem
informações sobre a temática envolvendo populações indígenas. Também se fez uso
de Almeida (2010), Pinto (2009), Ferreira e Vinha (2015), Grando (2010) e Fassheber
(2010), que destacam sobre jogos e brincadeiras indígenas.

A proposta foi organizada para turmas dos anos iniciais do Ensino


Fundamental. Escolheu-se essa faixa etária com base na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). A BNCC indica atividades culturais indígenas como objetos de
conhecimento, em três unidades temáticas, sendo: a) Brincadeiras e Jogos; b) Lutas
e c) Danças. Na organização desse material foi considerada a unidade temática de
Brincadeiras e Jogos, por se tratar de uma unidade em que o professor pode iniciar o
seu trabalho por meio dos conhecimentos prévios dos alunos.

2.2 O Produto Educacional

PROPOSTA DIDÁTICA: JOGOS E BRINCADEIRAS INDÍGENAS

Esse produto educacional (proposta didática), que apresenta jogos e


brincadeiras indígenas é destinado aos professores dos anos iniciais do Ensino
Fundamental. É resultado de um estudo desenvolvido no Trabalho de Conclusão de
Curso, do curso de Licenciatura em Pedagogia, da Fundação Universidade Federal
de Rondônia (UNIR), Departamento Acadêmico de Ciências Humanas e Sociais
(DACHS), do Campus de Ji-Paraná.
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O material foi organizado pela acadêmica Tatiany Lopes Milani de Jesus com
a orientação do professor Dr. Reginaldo de Oliveira Nunes. São abordados a
importância dos jogos e brincadeiras, descrevendo os jogos e brincadeiras de origem
indígena e que normalmente não são utilizados nas escolas dos não indígenas e
devido a interferência que vem tendo na cultura indígena, essa temática também
vendo sendo esquecida pelos próprios povos indígenas.

Na organização desse produto educacional foi levando em consideração a


origem do jogo e/ou brincadeira, a descrição de quais os materiais e procedimentos
para se jogar e/ou brincar e uma ilustração demonstrativa que representa o jogo e/ou
brincadeira.

A proposta foi desenvolvida com os jogos de matriz indígena que permitem a


produção e confecção de material pelos próprios alunos (peteca, arco e flecha, entre
outros). Também contempla as brincadeiras de matriz indígena que não utilizam
materiais, demandando de pouca adaptação ao espaço escolar (arranca mandioca,
gavião e galinha, entre outras).

Espera-se que, essa proposta didática possa auxiliar os professores dos anos
iniciais do Ensino Fundamental no desenvovimento das atividades lúdicas com os
alunos, bem como sirvá de instrumento para que os mesmos conheçam a diversidade
étnica e cultural do nosso país, nesse caso, representado pelos jogos e/ou
brincadeiras dos povos indígenas.

OS JOGOS E BRINCADEIRAS INDÍGENAS


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PETECA

Material: pode ser feita com pano, journal ou palha de milho.

Como utilizar: a peteca pode ser iniciada com a técnica do manuseio. Jogado em
duplas ou grupos. Original do povo Kayapó.

Povo Kayapó: Os Kayapó vivem em aldeias dispersas ao longo do curso superior


dos rios Iriri, Bacajá, Fresco e de outros afluentes do caudaloso rio Xingu,
desenhando no Brasil Central um território quase tão grande quanto a Áustria.

Atividade: Vamos aprender a fazer uma peteca?

Material que vamos precisar:

• 1 saquinho de plástico com areia do tamanho da palma da mão bem fechado.


• 1 quadrado colorido de E.V.A. medindo mais ou menos 20x20 cm
• 1 elástico
• Penas coloridas

Modo de fazer:

1. Coloque o saquinho de area no centro do quadrado de E.V.A. e faça uma


trouxinha.
2. No centro dessa trouxinha encaixe as penas e amarre com o elástico dando
várias voltas.
3. Agora é só levar as crianças para uma área aberta e divertir.
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HEINÉ KUPUTISÜ

Nesse jogo a criança trabalhará a resistência e equilíbrio do seu próprio corpo.

Como jogar?
Para iniciar, é necessário que o professor (a) ou mediador (a) faça a delimitação da
largada até a meta a ser atingida.
Na brincadeira original tem a distância de aproximadamente 100 metros. Porém
pode ser adaptado em qualquer espaço da escola.
Os corredores (alunos) deverão percorrer esse trajeto num pé só, feito um saci, e
não pode trocar de pé. Aquele que conseguir ultrapassar a meta ou chegar mais
longe é o vencedor.

Vídeo do Povo Kalapalo ensinando o jogo -


https://player.vimeo.com/video/5644015

Povo kalapalo

O povo Kalapalo é um dos quatro grupos falantes da língua Karib que vive na região
do Alto Xingu, no Parque Indígena do Xingu, estado de Mato Grosso. Segundo
dados dos Instituto Socioambiental, a vida social desse povo, varia de acordo com
as estações do ano. Durante a estação seca, a comida é farta e são feitos os rituais
públicos, que costumam contar com muita música e a participaçao de convidados de
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outtras aldeias. Na estação chuvosa, a comida já é mais escassa e a aldeia não


realiza rituais, tendo uma relação social somente entre seus membros da aldeia.

Mais informações sobre o Povo Kalapalo -


https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Kalapalo

TOLOI KUNHÜGÜ

Essa brincadeira acontece na beira de uma lagoa ou de um rio. Quem propõe a


brincadeira assume o papel de um gavião e será o "dono" da brincadeira. Pode ser o
professor (a) ou um aluno escolhido.

O "gavião" desenha na areia uma grande árvore, cheia de galhos, e as outras crianças
fingem ser passarinhos. Cada "passarinho" escolhe um galho, monta o seu ninho e
senta-se lá.

O gavião sai à caça dos passarinhos, que saem dos seus ninhos e se reúnem num local
bem próximo à "árvore", batendo os pés no chão e provocando o gavião com uma
graciosa cantoria.

O gavião avança lentamente na direção dos passarinhos. Já bem perto do grupo, dá um


pulo e tenta pegar os passarinhos que começam a correr em todas as direções, fazendo
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muitas manobras para distrair o gavião. Para descansar, protegem-se nos seus ninhos. O
gavião, quando consegue apanhar um dos passarinhos, prende-o no seu refúgio, que fica
próximo ao pé da árvore. O último passarinho que conseguir escapar e não ser "caçado"
pelo gavião e se transforma no novo "gavião" e "dono" da brincadeira, que recomeça.

Adaptação: Da pra brincar tranquilamente no pátio da escola ou na quadra esportiva.


Utilizando riscos ou giz para fazer as demarcações.

Através desse jogo, a criança desenvolve inúmeras habilidades, tais como a agilidade,
velocidade de movimento, agilidade, concentração e a percepção de tempo.

Também é comum entre o Povo Kalapalo.

PERNA DE PAU

Na Aldeia as crianças saem em grupos para o mato levando atrás das suas pernas de
pau. Procuram por horas um tronco longo e reto, que tenha na ponta uma forquilha (uma
divisão no formato de Y, onde se apoia o pé). E o desafio é conferir quem consegue
andar a maior distância possível sem cair.

Adaptação: O brinquedo pode ser feito com pedaços de madeiras finas e compridas, e
com outro pedaço de madeira mais grossa e menor, o que será o apoio dos pés,
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pregando com pregos uma peça na outra. Lembrando que é necessário um par para que
se possa brincar. Uma ótima opção também é utilizar latas de leite e barbantes.

O desafio é conferir quem consegue andar a maior distância possível sem cair.

É comum entre o povo Xavante de Mato Grosso.

Povo Xavante: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Xavante

ARRANCA MANDIOCA

Como brincar? Escolha um local onde tenha uma árvore, tronco ou trave. Peça
para as crianças fazerem uma fila, com as mãos nos ombros da criança da frente.
Leve-as ate o local escolhido (arvore, tronco...) peça para agacharem, e sentar-se
no chão. A primeira criança da fila se agarra na árvore e as de trás seguram umas
nas outras pelos braços e pernas. E escolha uma criança para ficar encarregada de
“arrancar” as mandiocas – que são as próprias crianças.

O primeira da fila, aquele que está agarrado à árvore, é o "dono da roça de mandiocas", é
ele quem dá permissão para que sejam retiradas uma a uma as "crianças-mandiocas" da
fila. E assim, começa o trabalho de soltar cada criança.
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Entre os Guarani vale usar de várias estratégias para conseguir soltar as crianças,
como, por exemplo, fazer cócegas, puxar pelas pernas, pedir ajuda para quem já saiu da
fila.

Povo Guarani: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Guarani

FIGURAS DE BARBANTE

Brincadeira simples e divertida, as crianças vão soltar sua imaginação.

Material: Barbante.

Corte um barbante com 1 metro aproximadamente de cumprimento, podendo ser


maior. Junte uma ponta na outra e dê um nó. Agora para brincar, basta entrelaças
entre os dedos utilizando as duas mãos, e abusar da criatividade formando varias
figuras geométricas.

Muitas figuras apareceram, várias formas de entrelaças o barbante entre os dedos.


A criança depois de pronto pode passar para os dedos de outra criança, que vão
transformando o desenho na forma original.

Além de divertido, esse jogo desenvolve a criatividade, a memória e a precisão.

Povos: Os Kalapalo vivem no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso


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SOL E LUA

Como brincar?

Escolha duas crianças, uma será o sol e a outra criança será a lua. Peça pra elas
fazerem uma ponte, uma de frente com a outra, mantando as mães dadas para
cima. O restante das crianças, peça para fazerem uma fila, uma segurando a cintura
da outra.

Cantando, as crianças devem passam sob a ponte várias vezes. Numa das vezes o
Sol e a Lua prendem o último ou os dois últimos. Perguntam-lhe para que lado
querem ir. A criança escolhe e vai colocar-se atrás do Sol ou da Lua. E assim
continuam até terminar. Quando todas as crianças passarem, têm-se dois partidos.
A dupla mantém os braços dados, e todos se mantêm segurando na cintura do
colega da frente. Agora é só puxar ambos os lados, para ver que partido ganhará.
Ganhará aquele grupo que conseguir "puxar" o outro. E puxam várias vezes,
marcando ponto para quem consegue derrubar ou desarticular o outro partido.

Além dá força, esse jogo trabalha a questão do poder de decisão, que é colocado
em evidência. Pois à criança tem a opção de escolha do partido ao qual quer
pertencer. Trabalhando também a noção de equipe, de conjunto, pois é todo um
partido fazendo força para puxar o outro partido.

Originária do Povo Tikunas – localizam-se na região do Alto Rio Solimões no estado


do Amazonas. Informações sobre o Povo Tikuna -
https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Ticuna
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CABAS

As crianças devem ser divididas em dois grupos: um de roçadores e outro que


representa as cabas. Essas precisam sentar-se frente à frente numa pequena roda,
cada uma segurando na parte de cima da mão da outra, como se fosse o ninho de
cabas. Cantando alguma cantiga, devem balançam as mãos para cima e para baixo.
Os roçadores podem fazer movimentos com os braços, como se estivessem roçando
sua plantação até chegar próximo ao ninho de caba. Um deles, sem perceber bate
no ninho e as cabas saem a voar e a picar os roçadores. É um salve-se quem puder.

Curiosidade: As cabas ou marimbondos são insetos muito comuns nas matas. Uma
picada de caba pode ocasionar muita dor, febre e moleza na pessoa, que às vezes
fica um dia sem poder trabalhar, dependendo do local onde foi picado. A moral
dessa história é que "quem mexe em casa de caba acaba picado por ela".

GAVIÃO E GALINHA

Escolha uma criança para ser o gavião, ave forte e comedora de pintinhos. Outra
criança para representa a galinha, que fica de braços abertos, tendo atrás de si
todos os seus pintinhos (o restante das crianças serão os pintinhos).
O gavião deverá corre para tentar comer um dos pintinhos, mas só pode pegar o
último. A galinha tenta evitar dando voltas e mais voltas, impedindo que o gavião
pegue seu pintinho. O gavião só pode pegar o pintinho pelo lado. Não pode tocar por
cima. Quando ele consegue, come o pintinho, ou seja, a criança fica de fora da
brincadeira. Podendo também ser essa o próximo gavião.
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LANÇAMENTO DA BOLINHA DE BARRO

Material utilizado: argila e palito de churrasco.

Peça para as crianças confeccionarem bolinhas de barro, espetando-as na ponta de


um espeto.

Para brincar, é necessário um espaço que possa ser lançado às bolinhas. Basta
lança-las com força e precisão. Ganha quem lançar mais distante.

ANIMAIS DE BARRO

Material utilizado: Argila.

Os animais de barro são feitos com a argila. As crianças produzem vários animais e
artefatos e brincam, criam e se divertem. Dessa mesma argila também são feitas
vasilhas de barro.

Classificação: Jogo de construção e Simbólica ou imaginativa.

JOGO DA VIDA

Material utilizado: Bola ou bolinha feita com papel.

A brincadeira deve acontecer em um espaço amplo, como um campo ou uma


quadra de esportes.
As crianças devem se dividir em duas equipes, assim como uma tradicional
“queimada”. Esse jogo tem como objetivo acertar uma criança da equipe com a bola.
Se conseguir acertar e a bola cair no chão, essa criança deve sair do jogo, mais
essa criança que foi atingida com a bola conseguir pega-la na mão, quem sai da
jogada é a que fez o lançamento da bola.
Vence a equipe que conseguir manter alguém sem ser atingida pela bola, ate o final.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta didática é importante para desenvolver atividades lúdicas com as


crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental e fornecer material de suporte
pedagógico aos educadores visando abordar os jogos e brincadeiras indígenas bem
como sobre as principais características dos povos indígenas que deram origem a
esses jogos e brincadeiras.
Observa-se, por meio dos jogos e brincadeiras listados na proposta didática,
que para a maior parte dos povos indígenas, os jogos são práticas que envolvem o
corpo de indivíduos de diferentes idades, que são criados e recriados dentro das
relações sociais existentes nas comunidades indígenas. Os mesmos podem ser
utilizados como recursos didáticos e conhecimento sobre a realidade social dos povos
indígenas, trabalhando com as crianças na escola indígena e também das escolas
não indígenas.
As brincadeiras envolvem o brinquedo e o brincar. O brinquedo, é considerado
pelos povos indígenas como elementos culturais que estão ligados às atividades do
cotidiano do mundo adulto e as crianças conhecem esse mundo por meio do
brinquedo, como por exemplo, arco e flecha. Ou seja, é por meio do brincar que a
criança indígena aprende sobre as atividades que vão exercer na vida adulta.
Há de se destacar também que as brincadeiras e jogos indígenas devem ser
consideradas não somente com o brincar em si, mas também como história e
identidade dos povos indígenas, e cabe do educador ser mediador desse
conhecimento desmistificando o indígena representado nos livros didáticos e
reproduzidos até hoje nas nossas escolas.
Mesmo com o desenvolvimento desse trabalho, uma pequena contribuição
sobre a discussão da temática, são necessários outros trabalhos para representar a
história de luta dos povos indígenas trazendo formas de ensinar e aprender indígenas.

REFERÊNCIAS

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