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A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade
mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados,
no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005
JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.
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Mônaco
A Mais Recente Conquista da Maçonaria
François Kock
U
m dos últimos estados da Europa, onde o irmãos monegascos vêm de longe. Muito longe. O
catolicismo é a religião do Estado, Mônaco empreendimento não tinha, com efeito, nada de
resistiu muito tempo às sereias da Maçonaria. evidente em um país onde o catolicismo é a religião
E se uma Grande Loja vem a ser, finalmente, criada, do Estado. O Arcebispo de Mônaco, Monsenhor
o príncipe Alberto II recusou-se a ser o Grão-Mestre. Bernard Barsi, fez questão de relembrar, após o
lançamento da GLNRPM, que um católico não pode
Desta vez, os maçons, realmente, ser maçom.
conseguiram se implantar no Rochedo. A Grande
Loja Nacional Regular do Principado de Mônaco – Mais grave ainda, uma luta feroz de influência
GLNRPM – primeira e única obediência monegasca, entre ingleses, alemães e franceses retardou a
comunica, agora, sua alegria, sem grande contenção, consagração da obediência. A GLNF acreditava poder
exatamente, um ano após sua consagração oficial. ganhar a corrida de velocidade após a publicação,
em 30 de janeiro de 2009, de um anúncio no Boletim
Ela teve lugar, em 19 de fevereiro de 2011,
Oficial do Principado de Mônaco, dando nascimento à
na sala das Estrelas do Clube Sporting de Monte
GLNRPM. Em um segundo momento, em 7 de março
Carlo. Na manobra, um colégio de “Grandes Oficiais
de 2009, no Palácio Acrópole de Nice, o Grão-Mestre
Instaladores”, dignitários de três obediências
da GLNF, François Stifani, deu Carta Constitutiva
conhecidas – a Grande Loja Unida da Inglaterra –
a três Lojas Maçônicas de Mônaco, chamadas: “A
GLUI, as Grandes Lojas Unidas da Alemanha e a
Porta Nova”, “Santa Graça”, e “Jean Monoïkos”. Os
Grande Loja Nacional Francesa- GLNF.
três Veneráveis Mestres são Jean-Pierre Pastor,
Uma cerimônia de prestígio termina, como cônsul de Mônaco, em Cuba; Claude Boisson, antigo
se deve, com uma noite de gala. Entretanto, os vice-presidente do Parlamento monegasco; Franck
D
iante do, ainda que tardio, despertar da as épocas e em todos os lugares, buscarem ou
população brasileira, fazendo ecoar seus melhorarem o seu bem-estar. Este princípio tão santo
protestos contra os diversos escândalos de como a sua origem, e de centuplicada força, quando
corrupção, cansada de ver nossa pátria mãe ser aplicado às nações, era de sobra para o Brasil, essa
tão subtraída em tenebrosas transações, nos mais porção preciosa do globo habitado, não aceder à
variados segmentos da sociedade, achamos por inerte expectação de sua futura sorte, tal qual fosse
bem, ao mesmo tempo em que elucidar sobre o decretada longe de seus lugares e no meio de
porquê da homenagem ao Dia do Maçom, convidar uma potência (Portugal), que deveria reconhecer
nossos leitores a uma profunda reflexão sobre nossa inimiga de sua glória, zelosa de sua grandeza, e
responsabilidade como um Iniciado em nossa Ordem. que bastante deixava ver, pelo seu Manifesto às
nações, que queria firmar a sua ressurreição política
Abaixo, transcrevemos, em ortografia
sobre a morte do nascente Império Luso-Brasileiro,
atual, o famoso e eloquente discurso do Irmão
pois baseava as razões de sua decadência sobre a
Joaquim Gonçalves Ledo, o verdadeiro artífice da
elevação gloriosa desse filho da América – o Brasil.
Independência do Brasil, proferido na 14ª Sessão
– Assembleia do GOB, no 20° dia do 6° mês, Se, a esta tão óbvia e justa consideração,
quando, na oportunidade, como Primeiro Grande quisesse juntar a sua dolorosa experiência de
Vigilante, exerceu mais uma vez o Grão-Mestrado no trezentos e oito anos, em que o Brasil só existira
impedimento do, então, Grão-Mestre José Bonifácio. para Portugal, para pagar tributos, que motivos não
encontraria na cadeia tenebrosa de seus males, para
“Senhor! A natureza, a razão e a humanidade,
chamar a atenção e vigilância de todos os seus filhos
esse feixe indissolúvel e sagrado, que nenhuma
a usar da soberania, que lhe compete, e dos mesmos
força humana pode quebrar, gravaram, no coração
direitos, de que usara Portugal, e por si mesmo tratar
do homem, uma propensão irresistível para, por
de sua existência e representação política, da sua
todos os meios e com todas as forças em todas
prosperidade e da sua constituição? Sim, o Brasil
Cabe salientar que, as datas em que foram Branco. Por isso, comemoramos o Dia do Maçom
realizadas as Sessões do GOB, em seus primórdios, em 20 de agosto, quando, na verdade, esse discurso
vêm criando inúmeras confusões graças à falsa foi proferido no 20º dia do 6º mês (Elul), o que nos
interpretação do Barão do Rio Branco, em notas de remete à data de 09 de setembro.
“História da Independência do Brasil”, de Varnhagen,
Como o objetivo de nossa Revista é tratar a
copiando Manoel Joaquim de Menezes, em um
Cultura com a seriedade que ela merece, estamos
erro largamente divulgado, através de diversos
apresentando esse tema com equilíbrio e ressaltando
compiladores, o que gerou inúmeras controvérsias,
que a veracidade dos fatos não tira de jeito e
inclusive, sobre a data de fundação do GOB, devido
maneira, nosso direito de comemorarmos o dia 20 de
à confusão do calendário, utilizado na época: o
agosto como o Dia do Maçom.
hebraico (iniciado em 21 de março), utilizado pelo
Rito Adonhiramita, ou o antigo romano (iniciado em 1º Em verdade, esse dia deve ser comemorado
de março), utilizado pelo Rito Moderno. pelos verdadeiros Maçons todos os dias, através de
uma postura altruística, a exemplo de nossos Irmãos
Enfim, essa situação poderá ser bem
do passado que se souberam impor e derrubar as
elucidada através do livro “História do Grande Oriente
Bastilhas assoladoras da sociedade brasileira.
do Brasil – A Maçonaria na História do Brasil”, de
autoria do historiador maçônico José Castellani, Muitas Bastilhas, ainda, existem e
editado pelo próprio GOB. Castellani se baseou em precisamos, urgentemente, derrubá-las.
documentação do GOB, que poderá ser acessada na Ressuscitemos nosso saudoso Irmão Ledo dentro
Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, com o título: de nós, através de uma conduta digna de um
“Documentos para a História da Independência”, verdadeiro Maçom. A sociedade, que despertara
volume I, onde, no capítulo referente à Maçonaria em manifestações por todo o Brasil, cansou de
e à Independência, consta a certidão das Atas das esperar uma Maçonaria mais atuante. A Maçonaria
Sessões do Grande Oriente, em 1822. somos todos nós e não uma instituição, uma Pessoa
Jurídica.
Além disso, existe outro documento oficial do
GOB, na forma de Ato exarado, emitido em 1922, por Ontem, lutávamos para deixar de ser uma
ocasião do centenário de sua criação. Colônia de Portugal, mas, ainda hoje, pensamos e
agimos como um povo colonizado por nós próprios!
A data, em que foi proferido esse fervoroso
discurso de Ledo, foi sugerida e aprovada como o Desejo-lhe um feliz Dia do Maçom, desde
Dia do Maçom, na 5ª Reunião da CMSB, realizada que você que me lê, faça valer, na prática, a razão da
em Belém, PA, em 1957, por sugestão da GLMMG, escolha desse dia!
baseando-se na falsa interpretação do Barão do Rio
A
vessa, historicamente, a movimentos que da Amazônia, ele disse não existir conflito entre suas
atraía a atenção para suas ações, embora crenças indígenas, a Maçonaria e o fato de ser fiel da
tenha ativa participação política, a secular igreja pentecostal. “A Maçonaria prega o respeito, a
Maçonaria amplia sua penetração em diferentes ética, a elevação espiritual”, pontua o líder Kokama.
parcelas da população brasileira. No Norte do
Casado, pai de cinco filhos, o índio deixou a
país, por exemplo, a irmandade chegou aos povos
vida na Floresta Amazônica, anos atrás, para viver
indígenas. Um líder de uma comunidade Kokama
na área rural de uma cidade grande da região para
é mestre maçom – elevado grau da instituição
poder estudar e se capacitar profissionalmente. Ali,
conhecida pela discrição e pelo silêncio que, ainda,
tornou-se líder da comunidade indígena e, hoje, é
mantêm a sua aura de sociedade secreta, apesar de
uma das vozes respeitadas na etnia Kokama. Mesmo
ter sofrido mudanças em sua atuação nos últimos
diante da aldeia, nunca perdeu o contato com os
tempos.
familiares que ficaram na floresta.
Sob a condição do anonimato, o mestre
De voz tranquila e discreto, o líder divide
maçom indígena conversou com o AGROemDIA*,
seu tempo entre a família, o trabalho, o movimento
via Whats App. Ele contou que é membro do Grande
indígena brasileiro, a religião pentecostal e a
Oriente – a mais antiga Potência Maçônica brasileira
Maçonaria. Segundo ele, há vários índios com perfil
(associação de Lojas Maçônicas) – há 13 anos.
para ingressar na irmandade. O mestre indígena
Passou a fazer parte da irmandade a convite de um
maçom – provavelmente o primeiro do Brasil –
membro do Poder Judiciário. “Tivemos um longo
espera que mais índios venham a fazer parte da
convívio, ele observou meu comportamento e um
sociedade filosófica e filantrópica, com uma história
dia me convidou para ser maçom”, lembrou o índio,
cheia de segredos e mistérios, assim como os povos
que há sete anos alcançou o Grau de Mestre na
indígenas.
irmandade.
A
o longo de sua história, a Maçonaria, não Nestes últimos 300 anos, em suas fileiras,
aquela das lendas e tradições românticas, a Maçonaria abrigou líderes políticos, libertadores,
de tempos imemoriais, das guildas de ofício, intelectuais, filósofos, cientistas e artistas: de Saint-
que pretendiam manter uma reserva intelectual de Martin e Washington; de Voltaire a Franklin; de
mercado, mas sim, a Maçonaria como Instituição, Mozart e Puccini a Montaigne e Fleming. A Maçonaria
fruto de um momento social iluminista, originada sofreu e sobreviveu, sempre, permanecendo imune
ao longo do final do século XVII e início do XVIII, aos ataques externos e internos à sua estrutura
sempre, enfrentou oposição do chamado “mundo globalizada, em uma época em que o termo, ainda,
profano”, principalmente, por seu caráter sigiloso, nem sequer havia sido cunhado.
reservado, secreto até.
Nestes 300 anos, lutou-se pela Liberdade
Nestes 300 anos de existência oficial, social, pelo acesso universal à instrução, pelo direito
completado em 2017, a Maçonaria se deparou de acesso aos meios de produção, pela liberdade
com fortes movimentos que pretenderam controlá- política, pela defesa dos Estados laicos e pela
la e, até mesmo, suprimi-la, com a eliminação de comunhão entre os povos. Lutou-se pelo fim do
suas estruturas, a prisão e mesmo a condenação Absolutismo; pelo fim da Escravidão; pela eliminação
à morte de seus integrantes. Desde a emissão da das oligarquias na sociedade; pela eliminação do
Bula “In Eminenti Apostolatus Specula”, por parte totalitarismo de Hitler, de Mussolini e de Franco,
do papa Clemente XII, em 28 de abril de 1738, exemplos de Estados onde a Maçonaria foi
uma das primeiras tentativas de sua supressão, até perseguida e, praticamente, eliminada, com a morte
os fortes ataques sofridos ao longo do século XX de aproximadamente 400.000 maçons em campos de
por nações totalitárias, de caráter fascista, mesmo extermínio, conforme os registros oficiais apontam;
assim a Maçonaria, sempre, representou, ao mesmo lutou-se pelo fim da Ditadura do Proletariado nas
tempo, um farol de conquistas sociais de Liberdade e quatro décadas após o término da Segunda Guerra
Igualdade entre os homens e uma ameaça àqueles que Mundial e tem se lutado, ainda, pela supressão das
pretendiam a perpetuação de um “status quo”, baseado injustiças sociais e econômicas.
no controle do Estado e da Sociedade por poucos, uma
Agora, nestas primeiras décadas do século
elite perversa, que visava ao controle do conhecimento,
XXI, a Maçonaria, de uma maneira geral, enfrenta
aos meios de produção, às liberdades individuais.
um inimigo maior que todos aqueles que já a