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ABIM 005 JV Ano XII - Nº 100 - Ago/18

“A Alma da Educação está


Educação da Alma”
Professor Henrique José de Souza
Editorial
Dia 24 de fevereiro de 2007 nascia a Revista nossos Irmãos dos grilhões da ignorância, à guisa do que
Arte Real, mais um veículo em prol do engrandecimento dizia o excelso Professor Henrique José de Souza: “Não
da cultura maçônica. O Editorial de sua primeira edição há nada mais elevado do que a Verdade, e por isso mesmo
traduzia nosso objetivo, do qual, jamais, afastamo-nos. é que sua aquisição é o mais elevado dos ideais humanos”.
Assim dizia: “Intuídos pela ideia de estreitarmos, mais e
Nesta edição, destacamos a matéria “Mônaco –
mais, os laços fraternais que devem realmente nos unir,
A Mais Recente Conquista da Maçonaria”, de autoria de
pois, não há outra maneira de sermos fortes se não unidos,
François Kock, jornalista, especialista em Maçonaria, da
apenas, entendemos que fomos um canal da Vontade
Revista L’express; de nossa lavra, achamos por oportuno
Suprema em criar o Arte Real. Porém, aqui começa uma
saudar o Dia do Maçom, com o memorável Discurso
grande empreitada, que para executá-la, convocamos
de Gonçalves Ledo, além de nossas explicações sobre
todos vocês, leitores, que ora nos recebe, carinhosamente,
a confusão criada quando da escolha da data para tão
para, juntos, derrubarmos os muros da ignorância e
merecida comemoração.
construirmos pontes de sabedoria, iluminando-nos com a
Luz da Verdade”. No site “AGROemDIA”, encontramos uma
interessante matéria, de autoria de João Carlos Rodrigues,
Um hercúleo trabalho, em contribuição à
intitulada “Maçonaria Chega a Indígenas na Amazônia”,
cultura de nossa Ordem que, neste mês, chegamos a
que, assim como em Mônaco, vence barreiras, em prol do
simbólica edição nº 100, publicads virtualmente, além
aperfeiçoamento moral do homem; por fim, intuitivamente,
de as 22 edições impressas bimestrais, publicadas por
escolhemos para brindar nossos leitores, o belo texto
um determinado tempo, por meio de um convênio com
intitulado “Desafios que a Maçonaria Deve Vencer”,
a GLEMT. Cometemos erros e acertos em uma jornada
do Irmão Fábio Cyrino, membro da Loja Harmonia e
profícua, que nos trouxe grande aprendizado.
Concórdia, do GOSP, que nos alerta para a necessidade
Iniciamos sua distribuição com uma carteira de de reinventarmos a Maçonaria. “Coincidentemente”,
leitores com 2.000 e-mails cadastrados. Hoje, computamos enquanto diagramávamos tal matéria, tomamos
aproximadamente 28.000, destes, muitos do exterior, conhecimento do Decreto, expedido pelo Grão-Mestre do
incluindo países europeus e africanos, principalmente GOSP, nº 348/2015-19, de 17/ago/18, convocando suas Lojas,
os lusófonos. Decerto, um grande feito que merece ser em Assembleia Geral, para votarem sobre seu desligamento
comemorado, porém a missão deve continuar e, agora, com o GOB. Enfim, a história, mais uma vez, repete-se!
com muito mais responsabilidades.
Enfim, esta é, apenas, a centésima edição de
Muito, ainda, temos que aprender, e, como um trabalho “ad eternum”, em prol da cultura maçônica.
autodidata em tudo que nos aventuramos realizar, Obrigado por nos acompanhar em nossa caminhada de
estaremos ávidos a buscar a forma mais inteligente de Luz. Que os Mestres da Sabedoria continuem a nos guiar,
sermos este canal de informação, a fim de ajudarmos na fazendo deste periódico, um canal para a materialização
construção de uma Ordem sob a Luz da Cultura, livrando de seus excelsos ensinamentos! Que isto se cumpra!

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A Revista Arte Real, distribuída para cerca
de 29.000 leitores cadastrados, de todo
o Brasil e exterior, além de difundida
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A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade
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no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005
JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.
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Mônaco
A Mais Recente Conquista da Maçonaria

François Kock

U
m dos últimos estados da Europa, onde o irmãos monegascos vêm de longe. Muito longe. O
catolicismo é a religião do Estado, Mônaco empreendimento não tinha, com efeito, nada de
resistiu muito tempo às sereias da Maçonaria. evidente em um país onde o catolicismo é a religião
E se uma Grande Loja vem a ser, finalmente, criada, do Estado. O Arcebispo de Mônaco, Monsenhor
o príncipe Alberto II recusou-se a ser o Grão-Mestre. Bernard Barsi, fez questão de relembrar, após o
lançamento da GLNRPM, que um católico não pode
Desta vez, os maçons, realmente, ser maçom.
conseguiram se implantar no Rochedo. A Grande
Loja Nacional Regular do Principado de Mônaco – Mais grave ainda, uma luta feroz de influência
GLNRPM – primeira e única obediência monegasca, entre ingleses, alemães e franceses retardou a
comunica, agora, sua alegria, sem grande contenção, consagração da obediência. A GLNF acreditava poder
exatamente, um ano após sua consagração oficial. ganhar a corrida de velocidade após a publicação,
em 30 de janeiro de 2009, de um anúncio no Boletim
Ela teve lugar, em 19 de fevereiro de 2011,
Oficial do Principado de Mônaco, dando nascimento à
na sala das Estrelas do Clube Sporting de Monte
GLNRPM. Em um segundo momento, em 7 de março
Carlo. Na manobra, um colégio de “Grandes Oficiais
de 2009, no Palácio Acrópole de Nice, o Grão-Mestre
Instaladores”, dignitários de três obediências
da GLNF, François Stifani, deu Carta Constitutiva
conhecidas – a Grande Loja Unida da Inglaterra –
a três Lojas Maçônicas de Mônaco, chamadas: “A
GLUI, as Grandes Lojas Unidas da Alemanha e a
Porta Nova”, “Santa Graça”, e “Jean Monoïkos”. Os
Grande Loja Nacional Francesa- GLNF.
três Veneráveis Mestres são Jean-Pierre Pastor,
Uma cerimônia de prestígio termina, como cônsul de Mônaco, em Cuba; Claude Boisson, antigo
se deve, com uma noite de gala. Entretanto, os vice-presidente do Parlamento monegasco; Franck

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Albert II
Sereníssimo, mas
não Grão-Mestre

Nicolas, organizador de manifestações. Este último é, Devido a um veto da GLUI, a sede


também, um amigo de infância do Príncipe Albert: “Eu internacional da maçonaria regular, François Stifani
empurrava o seu trenó de corrida”, confessa ele. não pode assistir à cerimônia de consagração de
2011, obrigando-o a se fazer representar por seu
E, devido a esta proximidade entre Nicolas e predecessor, Jean-Charles Foellner. Os três irmãos
o herdeiro dos Grimaldi que Stifani ousou um golpe que tinham recebido o malhete de Stefani assumem
arriscado? o comando da obediência monegasca: Jean-Pierre
Pastor, Grão-Mestre; Claude Boisson, Grão-Mestre
Em 03 de março de 2009, o alto dignitário Adjunto; Franck Nicolas, Grande Secretário. A eles se
francês escreveu à Sua Alteza Sereníssima: “Eu me junta Eugène Boccone, Grande Tesoureiro.
permito fazer a proposta de ocupar a função de Grão-
O empreendimento maçônico continua
Mestre da futura Grande Loja Regular do Principado
muito elitista. Com sete Lojas e duzentos irmãos, os
de Mônaco. Nós criaremos as condições de uma
recrutamentos são raros e o número de irmãos em
iniciação secreta, onde estarão presentes, somente,
ligeira baixa, depois de um ano. As condições de
os oficiais de sua escolha e os altos dignitários de
ingresso são drásticas: ser monegasco há cinco anos
minha obediência, dignos de confiança”. François
ou residir no principado há dez anos.
Stifani, destacou que a GLNF prescreve “a submissão
aos soberanos e chefes de Estado que protegem Por que fixar condições tão estritas? Para
a Maçonaria” e que o Grão-Mestre da Grande Loja limitar as negociatas. Dito de outra forma, evitar que
Unida da Inglaterra é o duque de Kent. Nada se fez. A os homens de negócio batam às portas do templo
resposta foi negativa e o tapa dolorido. com o objetivo de conquistar mercados apetitosos.
O Grão-Mestre Pastor reconhece que para escapar
Na hora, Stifani renunciou a consagrar a desses desvios, que existem em outros países, é
GLNRPM. “Foi preciso aguardar até novembro de preciso ficar muito vigilante.
2010 para que François Stifani mudasse de ideia,”
O autor é jornalista da Revista L’express, desde 1988,
resumiu Franck Nicolas. O incidente deixou sequelas. especializado em Maçonaria. Tradução do Irmão José Filardo.

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O Discurso de Ledo e o Dia do Maçom
Francisco Feitosa

D
iante do, ainda que tardio, despertar da as épocas e em todos os lugares, buscarem ou
população brasileira, fazendo ecoar seus melhorarem o seu bem-estar. Este princípio tão santo
protestos contra os diversos escândalos de como a sua origem, e de centuplicada força, quando
corrupção, cansada de ver nossa pátria mãe ser aplicado às nações, era de sobra para o Brasil, essa
tão subtraída em tenebrosas transações, nos mais porção preciosa do globo habitado, não aceder à
variados segmentos da sociedade, achamos por inerte expectação de sua futura sorte, tal qual fosse
bem, ao mesmo tempo em que elucidar sobre o decretada longe de seus lugares e no meio de
porquê da homenagem ao Dia do Maçom, convidar uma potência (Portugal), que deveria reconhecer
nossos leitores a uma profunda reflexão sobre nossa inimiga de sua glória, zelosa de sua grandeza, e
responsabilidade como um Iniciado em nossa Ordem. que bastante deixava ver, pelo seu Manifesto às
nações, que queria firmar a sua ressurreição política
Abaixo, transcrevemos, em ortografia
sobre a morte do nascente Império Luso-Brasileiro,
atual, o famoso e eloquente discurso do Irmão
pois baseava as razões de sua decadência sobre a
Joaquim Gonçalves Ledo, o verdadeiro artífice da
elevação gloriosa desse filho da América – o Brasil.
Independência do Brasil, proferido na 14ª Sessão
– Assembleia do GOB, no 20° dia do 6° mês, Se, a esta tão óbvia e justa consideração,
quando, na oportunidade, como Primeiro Grande quisesse juntar a sua dolorosa experiência de
Vigilante, exerceu mais uma vez o Grão-Mestrado no trezentos e oito anos, em que o Brasil só existira
impedimento do, então, Grão-Mestre José Bonifácio. para Portugal, para pagar tributos, que motivos não
encontraria na cadeia tenebrosa de seus males, para
“Senhor! A natureza, a razão e a humanidade,
chamar a atenção e vigilância de todos os seus filhos
esse feixe indissolúvel e sagrado, que nenhuma
a usar da soberania, que lhe compete, e dos mesmos
força humana pode quebrar, gravaram, no coração
direitos, de que usara Portugal, e por si mesmo tratar
do homem, uma propensão irresistível para, por
de sua existência e representação política, da sua
todos os meios e com todas as forças em todas
prosperidade e da sua constituição? Sim, o Brasil

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podia dizer a Portugal: “Desde que o sol abriu o seu rebelde a Natureza, que ensinou aos filhos a se
túmulo e dele me fez saltar, para apresentar-se ao separarem dos seus pais, quando tocam a época de
ditoso Cabral a minha fertilidade, a minha riqueza, sua virilidade; é mister declarar rebelde a Justiça,
a minha prosperidade, tudo te sacrifiquei, tudo te que não autoriza usurpação, nem perfídias; é mister
dei, e tu que me deste? Escravidão e só escravidão. declarar rebelde o próprio Portugal, que encetou
Cavavam o seio das montanhas, penetravam o centro a marcha de sua monarquia, separando-se de
do meu solo, para te mandarem o ouro, com que Castela; é mister declarar-se rebelde a si mesmo
pagavas às nações estrangeiras a tua conservação, (esse Congresso), porque, se a força irresistível das
e as obras, com que decoras a tua majestosa capital; coisas prometia a futura desunião dos dois Reinos,
e tu, quando a sôfrega ambição devorou os tesouros, os seus procedimentos aceleraram essa época, sem
que, sob mão, achavam-se nos meus terrenos, dúvida fatal para outra parte da nação que se queira
quiseste impor-me o mais odioso dos tributos, a engrandecer.
“capitação”. Mudavam o curso dos meus caudalosos
O Brasil, elevado à categoria de Reino,
rios, para arrancarem de seus leitos os diamantes
reconhecido por todas as potências e com todas
que brilham na coroa do monarca; despiam as
as formalidades, que fazem o direito público
minhas florestas, para enriquecerem a
na Europa, tem inquestionavelmente
tua grandeza, que, todavia, deixava
jus de reempossar-se da porção
cair das enfraquecidas mãos ...
de soberania que lhe compete,
E tu que deste? Opressão e
porque o estabelecimento
vilipêndio! Mandavas queimar
da ordem constitucional é
os filatórios e teares, onde
negócio privativo de cada
minha nascente indústria
povo.
beneficiava o algodão,
para vestir os meus filhos; A independência,
negavas-me a luz das Senhor, no sentido dos
ciências, para que não mais abalizados políticos, é
pudesse conhecer os meus inata nas colônias, como a
direitos nem figurar entre separação das famílias o é
os povos cultos; acanhavas na Humanidade.
a minha indústria, para me
A natureza não formou
conservares na mais triste
satélites maiores que os seus
dependência da tua; desejavas,
planetas. A América deve pertencer à
até, diminuir as fontes da minha natural
America, e Europa a Europa, porque não
grandeza e não querias que eu conhecesse o
debalde o Grande Arquiteto do Universo meteu entre
Universo, senão o pequeno terreno, que tu ocupas.
elas o espaço imenso que as separa. O momento,
Eu acolhi no meu seio os teus filhos, a cuja existência
para estabelecer-se um perdurável sistema e ligar
doirava, e tu me mandavas em paga tiranos
todas as partes do nosso grande todo, é este...
indomáveis, que me laceravam.
O Brasil, no meio das nações independentes,
Agora, é tempo de reempossar-me de minha e que falam com exemplo de felicidade, não pode
Liberdade; basta de oferecer-me em sacrifício às tuas conservar-se colonialmente sujeito a uma nação
interessadas vistas. Assaz te conheci, demasiado te remota e pequena, sem forças para defendê-lo e,
servi... – os povos não são propriedade de ninguém. ainda, para conquistá-lo. As nações do Universo têm
Talvez, o Congresso de Lisboa, no devaneio os olhos sobre nós, brasileiros, e sobre ti, Príncipe !
de sua fúria (e será uma nova inconseqüência), dê Cumpre aparecer entre elas como rebeldes,
o nome rebelião ao passo heróico das províncias do ou como homens livres e dignos de o ser. Tu já
Brasil à reassunção de sua soberania desprezada; conheces os bens e os males que te esperam e à tua
mas, se o fizer, deverá, primeiro, declarar rebelde a posteridade. Queres ou não queres?
Razão, que prescreve aos homens não se deixarem
esmagar pelos outros homens, deverá declarar Resolve, Senhor!”

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Feliz Dia do Maçom

Cabe salientar que, as datas em que foram Branco. Por isso, comemoramos o Dia do Maçom
realizadas as Sessões do GOB, em seus primórdios, em 20 de agosto, quando, na verdade, esse discurso
vêm criando inúmeras confusões graças à falsa foi proferido no 20º dia do 6º mês (Elul), o que nos
interpretação do Barão do Rio Branco, em notas de remete à data de 09 de setembro.
“História da Independência do Brasil”, de Varnhagen,
Como o objetivo de nossa Revista é tratar a
copiando Manoel Joaquim de Menezes, em um
Cultura com a seriedade que ela merece, estamos
erro largamente divulgado, através de diversos
apresentando esse tema com equilíbrio e ressaltando
compiladores, o que gerou inúmeras controvérsias,
que a veracidade dos fatos não tira de jeito e
inclusive, sobre a data de fundação do GOB, devido
maneira, nosso direito de comemorarmos o dia 20 de
à confusão do calendário, utilizado na época: o
agosto como o Dia do Maçom.
hebraico (iniciado em 21 de março), utilizado pelo
Rito Adonhiramita, ou o antigo romano (iniciado em 1º Em verdade, esse dia deve ser comemorado
de março), utilizado pelo Rito Moderno. pelos verdadeiros Maçons todos os dias, através de
uma postura altruística, a exemplo de nossos Irmãos
Enfim, essa situação poderá ser bem
do passado que se souberam impor e derrubar as
elucidada através do livro “História do Grande Oriente
Bastilhas assoladoras da sociedade brasileira.
do Brasil – A Maçonaria na História do Brasil”, de
autoria do historiador maçônico José Castellani, Muitas Bastilhas, ainda, existem e
editado pelo próprio GOB. Castellani se baseou em precisamos, urgentemente, derrubá-las.
documentação do GOB, que poderá ser acessada na Ressuscitemos nosso saudoso Irmão Ledo dentro
Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, com o título: de nós, através de uma conduta digna de um
“Documentos para a História da Independência”, verdadeiro Maçom. A sociedade, que despertara
volume I, onde, no capítulo referente à Maçonaria em manifestações por todo o Brasil, cansou de
e à Independência, consta a certidão das Atas das esperar uma Maçonaria mais atuante. A Maçonaria
Sessões do Grande Oriente, em 1822. somos todos nós e não uma instituição, uma Pessoa
Jurídica.
Além disso, existe outro documento oficial do
GOB, na forma de Ato exarado, emitido em 1922, por Ontem, lutávamos para deixar de ser uma
ocasião do centenário de sua criação. Colônia de Portugal, mas, ainda hoje, pensamos e
agimos como um povo colonizado por nós próprios!
A data, em que foi proferido esse fervoroso
discurso de Ledo, foi sugerida e aprovada como o Desejo-lhe um feliz Dia do Maçom, desde
Dia do Maçom, na 5ª Reunião da CMSB, realizada que você que me lê, faça valer, na prática, a razão da
em Belém, PA, em 1957, por sugestão da GLMMG, escolha desse dia!
baseando-se na falsa interpretação do Barão do Rio

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Maçonaria chega
a Indígenas da
Amazônia

João Carlos Rodrigues

A
vessa, historicamente, a movimentos que da Amazônia, ele disse não existir conflito entre suas
atraía a atenção para suas ações, embora crenças indígenas, a Maçonaria e o fato de ser fiel da
tenha ativa participação política, a secular igreja pentecostal. “A Maçonaria prega o respeito, a
Maçonaria amplia sua penetração em diferentes ética, a elevação espiritual”, pontua o líder Kokama.
parcelas da população brasileira. No Norte do
Casado, pai de cinco filhos, o índio deixou a
país, por exemplo, a irmandade chegou aos povos
vida na Floresta Amazônica, anos atrás, para viver
indígenas. Um líder de uma comunidade Kokama
na área rural de uma cidade grande da região para
é mestre maçom – elevado grau da instituição
poder estudar e se capacitar profissionalmente. Ali,
conhecida pela discrição e pelo silêncio que, ainda,
tornou-se líder da comunidade indígena e, hoje, é
mantêm a sua aura de sociedade secreta, apesar de
uma das vozes respeitadas na etnia Kokama. Mesmo
ter sofrido mudanças em sua atuação nos últimos
diante da aldeia, nunca perdeu o contato com os
tempos.
familiares que ficaram na floresta.
Sob a condição do anonimato, o mestre
De voz tranquila e discreto, o líder divide
maçom indígena conversou com o AGROemDIA*,
seu tempo entre a família, o trabalho, o movimento
via Whats App. Ele contou que é membro do Grande
indígena brasileiro, a religião pentecostal e a
Oriente – a mais antiga Potência Maçônica brasileira
Maçonaria. Segundo ele, há vários índios com perfil
(associação de Lojas Maçônicas) – há 13 anos.
para ingressar na irmandade. O mestre indígena
Passou a fazer parte da irmandade a convite de um
maçom – provavelmente o primeiro do Brasil –
membro do Poder Judiciário. “Tivemos um longo
espera que mais índios venham a fazer parte da
convívio, ele observou meu comportamento e um
sociedade filosófica e filantrópica, com uma história
dia me convidou para ser maçom”, lembrou o índio,
cheia de segredos e mistérios, assim como os povos
que há sete anos alcançou o Grau de Mestre na
indígenas.
irmandade.

Morador de uma comunidade Kokama, na *AGROemDia é um site (www.agroemdia.com.br) especializado


periferia de uma das capitais de um estado da Região em assuntos sobre a agropecuária, meio ambiente e o campo.

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Desafios que a Maçonaria
Deve Vencer! Fábio Cyrino

A
o longo de sua história, a Maçonaria, não Nestes últimos 300 anos, em suas fileiras,
aquela das lendas e tradições românticas, a Maçonaria abrigou líderes políticos, libertadores,
de tempos imemoriais, das guildas de ofício, intelectuais, filósofos, cientistas e artistas: de Saint-
que pretendiam manter uma reserva intelectual de Martin e Washington; de Voltaire a Franklin; de
mercado, mas sim, a Maçonaria como Instituição, Mozart e Puccini a Montaigne e Fleming. A Maçonaria
fruto de um momento social iluminista, originada sofreu e sobreviveu, sempre, permanecendo imune
ao longo do final do século XVII e início do XVIII, aos ataques externos e internos à sua estrutura
sempre, enfrentou oposição do chamado “mundo globalizada, em uma época em que o termo, ainda,
profano”, principalmente, por seu caráter sigiloso, nem sequer havia sido cunhado.
reservado, secreto até.
Nestes 300 anos, lutou-se pela Liberdade
Nestes 300 anos de existência oficial, social, pelo acesso universal à instrução, pelo direito
completado em 2017, a Maçonaria se deparou de acesso aos meios de produção, pela liberdade
com fortes movimentos que pretenderam controlá- política, pela defesa dos Estados laicos e pela
la e, até mesmo, suprimi-la, com a eliminação de comunhão entre os povos. Lutou-se pelo fim do
suas estruturas, a prisão e mesmo a condenação Absolutismo; pelo fim da Escravidão; pela eliminação
à morte de seus integrantes. Desde a emissão da das oligarquias na sociedade; pela eliminação do
Bula “In Eminenti Apostolatus Specula”, por parte totalitarismo de Hitler, de Mussolini e de Franco,
do papa Clemente XII, em 28 de abril de 1738, exemplos de Estados onde a Maçonaria foi
uma das primeiras tentativas de sua supressão, até perseguida e, praticamente, eliminada, com a morte
os fortes ataques sofridos ao longo do século XX de aproximadamente 400.000 maçons em campos de
por nações totalitárias, de caráter fascista, mesmo extermínio, conforme os registros oficiais apontam;
assim a Maçonaria, sempre, representou, ao mesmo lutou-se pelo fim da Ditadura do Proletariado nas
tempo, um farol de conquistas sociais de Liberdade e quatro décadas após o término da Segunda Guerra
Igualdade entre os homens e uma ameaça àqueles que Mundial e tem se lutado, ainda, pela supressão das
pretendiam a perpetuação de um “status quo”, baseado injustiças sociais e econômicas.
no controle do Estado e da Sociedade por poucos, uma
Agora, nestas primeiras décadas do século
elite perversa, que visava ao controle do conhecimento,
XXI, a Maçonaria, de uma maneira geral, enfrenta
aos meios de produção, às liberdades individuais.
um inimigo maior que todos aqueles que já a

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padrão de atuação, mas sim de se retornar aos
princípios defendidos e elaborados por aqueles que
“inventaram” a Instituição; uma reformulação da “ética
maçônica”, com vias ao reexame dos hábitos dos
maçons e do seu caráter em geral, de modo a se
evitar o desmoronamento dos pilares de sustentação
da Instituição; um reexame das reais necessidades
da Maçonaria, principalmente, com relação àqueles
que pretendem ocupar a liderança e a representação
de nossa Ordem, guindando-se aos seus maiores
postos, não só o mais carismático, mas, também,
aquele que seja mais preparado do ponto de vista
confrontaram: a indiferença. A indiferença por parte ético, intelectual e moral.
de seus integrantes de que não há mais batalhas a
Necessitamos de um novo padrão de
serem vencidas; a indiferença e a acomodação por
comportamento, não o comportamento vigente,
parte de seus integrantes de que as grandes causas
voltado para a autopromoção e a perpetuação
se resumem a encontros sociais e a discursos vazios
de privilégios, mas sim um novo padrão para se
desassociados da realidade prática de um mundo
vencer os desafios referentes à construção de
em transformação, um mundo que exige respostas
uma sociedade profana baseada nos princípios
rápidas para questões, cada vez, mais complexas;
fundamentais defendidos pela Ordem, ou seja, a
a indiferença por parte de seus integrantes, com
formação de Homens preparados para a diminuição
relação aos equívocos internos e à luta insana por
das diferenças existentes entre as classes, não
um poder, sem poder algum; a indiferença diante
somente sob a ótica econômica, mas, também, do
de grupos que, simplesmente, esquecem-se dos
ponto de vista cultural e educacional.
compromissos assumidos no instante de suas
iniciações. O que devemos ter em mente e plenamente
consciente é que a Maçonaria é a Instituição onde
Portanto, o maior inimigo da Maçonaria
o mundo deve se espelhar e não ao contrário. Que
não está, somente, no crescimento de movimentos
os exemplos de valorização do Homem, da História
antimaçônicos, no crescimento de teorias de
e da Cultura que, sempre, foram os grandes pilares
conspirações, nos ataques de grupos extremistas
da Maçonaria, iluminem o mundo de trevas profano
que tem se infiltrado dentro da Ordem, com o intuito
a partir de nossas fileiras e não o oposto, pois não
de se valer da “proteção” de seus templos para fins
podemos permitir que as trevas desse mesmo mundo
menores e escusos. O maior inimigo da Maçonaria
obscureçam as Colunas de nossa Instituição.
está na constituição, internamente, em nossas
fileiras, de grupos de interesses particulares, na Devemos ser vaidosos não por aquilo que
construção de uma oligarquia, de um governo de pretendemos ser, mas sim, orgulhosos por toda ação
poucos, por si só perverso, com pretensões de se e comportamento que nos identifiquem e reconheçam
perpetuar no poder da Instituição, transformando-se como Homens preparados para transformar o Mundo.
numa autocracia ou mesmo numa plutocracia. O que
se tem visto de uma forma generalizada é que os
interesses maiores, os interesses sociais e culturais
de grande parte da sociedade profana e maçônica,
foram deixados de lado, em troca de uma política
feita para se garantir regalias efêmeras e reuniões
festivas sem significados maiores.
Mas quais desafios a Maçonaria deve
vencer? Antes de qualquer ação concreta, antes de
se voltar à sociedade profana, a Maçonaria deve
se reinventar, não no sentido de se criar um novo

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