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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E


TECNOLÓGICA
MESTRADO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

BÉLRICA ALESSANDRA PEREIRA DA SILVA DANTAS

O USO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS COMO UMA FORMA DE DIVULGAÇÃO E


DEMOCRATIZAÇÃO DO CONCEITO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA NOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO

Vitória
2020
BÉLRICA ALESSANDRA PEREIRA DA SILVA DANTAS

O USO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS COMO UMA FORMA DE DIVULGAÇÃO E


DEMOCRATIZAÇÃO DO CONCEITO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA NOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Educação Profissional e
Tecnológica, ofertado pelo Campus Vitória do
Instituto Federal do Espírito Santo como parte
dos requisitos para a obtenção do título de
Mestra em Educação Profissional e Tecnológica.

Orientadora: Profa. Dra. Beatriz G. Brasileiro

Vitória
2020
BÉLRICA ALESSANDRA PEREIRA DA SILVA DANTAS

O USO DE VÍDEOS INSTITUCIONAIS COMO UMA FORMA DE DIVULGAÇÃO E


DEMOCRATIZAÇÃO DO CONCEITO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA NOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Educação Profissional e Tecnológica,
ofertado pelo Instituto Federal do Espírito Santo como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Educação Profissional e Tecnológica

Aprovado em 16 de dezembro de 2020.

COMISSÃO EXAMINADORA

Doutora Beatriz Gonçalves Brasileiro


Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – IF Sudeste MG
Orientadora
(Telepresença: Portaria Nº 205 de 19/03/2020 – Campus Vitória)

Doutor Rony Cláudio de Oliveira Freitas


Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes
Membro Interno
(Telepresença: Portaria Nº 205 de 19/03/2020 – Campus Vitória)

Doutora Maria Cristina Madeira da Silva


Instituto Federal de Brasília - IFB
Membro Externo
(Telepresença: Portaria Nº 205 de 19/03/2020 – Campus Vitória)
BÉLRICA ALESSANDRA PEREIRA DA SILVA DANTAS

DANTAS, Bélrica Alessandra Pereira da Silva; BRASILEIRO, Beatriz Gonçalves.


EPT: educação que transforma. Vitória. Ifes, 2020. (Vídeo)

Produto Educacional apresentado ao Programa de


Pós-graduação em Educação Profissional e
Tecnológica, ofertado pelo Instituto Federal do Espírito
Santo como requisito parcial para obtenção do título de
Mestra em Educação Profissional e Tecnológica.

Aprovado em 16 de dezembro de 2020.

COMISSÃO EXAMINADORA

Doutora Beatriz Gonçalves Brasileiro


Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – IF Sudeste MG
Orientadora
(Telepresença: Portaria Nº 205 de 19/03/2020 – Campus Vitória)

Doutor Rony Cláudio de Oliveira Freitas


Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes
Membro Interno
(Telepresença: Portaria Nº 205 de 19/03/2020 – Campus Vitória)

Doutora Maria Cristina Madeira da Silva


Instituto Federal de Brasília - IFB
Membro Externo
(Telepresença: Portaria Nº 205 de 19/03/2020 – Campus Vitória)
A Deus
Ao MEC, pelo edital especial para os servidores.
Ao meu marido Agnaldo Dantas, pela paciência com minhas ausências.
À administradora de empresas e pesquisadora
Marilene Castro, pela colaboração.
AGRADECIMENTO

Se você está lendo esta página é porque eu consegui. Não foi fácil chegar até aqui.
Do processo seletivo, passando pela aprovação, até a conclusão do Mestrado, foi
um longo caminho percorrido. Nada foi fácil, nem tampouco tranquilo.

Quero agradecer a todos aqueles que sempre confiaram em mim, desde sempre.
Agradeço a Deus que me iluminou e confortou nos momentos mais difíceis e
conturbados, me reequilibrando.

Ao meu marido, Agnaldo Dantas, que sempre se orgulhou de mim e me honra com
palavras de incentivo diário. Eu te amo muito!

À irmã que Deus colocou em minha vida e eu escolhi para conviver, Marilene Castro.
Amor incondicional. E aqui não posso deixar de citar o nosso lema: “cia é cia”. Entre
nós, esse lema é levado ao “pé da letra”.

À professora doutora Beatriz Brasileiro, minha orientadora, pela paciência nas


correções dos textos, pelas orientações dadas e, principalmente, pela compreensão
dos meus problemas pessoais, enfrentados durante o processo.

Aos professores Rony Freitas e Maria Cristina Madeira, que aceitaram compor
minha banca de qualificação e de defesa, pelas sugestões e análises significativas
às quais tentei atender na versão definitiva do texto.

Ao Zeus, meu cachorrinho, mascote da casa, por ter deitado ao meu lado dia e noite
durante a escrita deste trabalho.

Aos alunos da turma do Mestrado, pela paciência e companheirismo.

Com vocês divido a alegria desta experiência.


Fazer comunicação em todos os sentidos não é uma tarefa fácil.
Até porque comunicação não é o que você diz, e sim o que o outro entende.
Se você não pede o feedback ou a devolutiva a quem recebe a mensagem
ali poderão existir ruídos.
(Fagner Gouveia)
RESUMO

Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) utilizam os meios


de comunicação midiáticos para divulgar e apresentar ao público a instituição e
principalmente a Educação Profissional e Tecnológica, que é oferecida nas
instituições. Sendo assim, este estudo buscou analisar o potencial de um vídeo
sobre os Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
voltado para o público externo, quanto à disseminação de um modelo educacional
voltado para a formação integral dos estudantes. Para isso estabeleceu-se uma
pesquisa de natureza qualitativa e de cunho exploratório-descritivo, com o objetivo
geral de analisar o potencial de um vídeo sobre os Institutos Federais de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica voltado para o público externo quanto à
disseminação de um modelo educacional voltado para a formação integral dos
estudantes. Nesse sentido, como procedimento de pesquisa foi realizado um
levantamento em vídeos divulgados em 2019 na plataforma YouTube na Internet,
que é um dos principais meios de propagação de comunicação digital atualmente.
Essa escolha foi realizada pois a comunicação digital possibilita a interação direta
e a multiplicação das mensagens entre os integrantes de diferentes grupos de
interesse. Foram analisados nove vídeos de diferentes IFs e os resultados obtidos
mostraram que os vídeos Institucionais ainda precisam ser adequados no sentido
de dar publicidade às bases conceituas da EPT. Com base nos achados nesta
pesquisa e nos conceitos teóricos apresentados, foi elaborado o produto
educacional, materializado em um vídeo intitulado EPT: educação que transforma,
que tem a finalidade de democratizar as bases conceituais da EPT com uma
linguagem clara, objetiva e de fácil entendimento e contribuir para as narrativas dos
vídeos institucionais oficiais, além de difundir o processo educativo em espaços não
formais.

Palavras-chave: Educação profissional. Bases conceituais de EPT. Comunicação


digital. Democratização da informação.
ABSTRACT

The Federal Institutes of Education use the media to disseminate and introduce the
institution to the public and specially to present the Vocational and Technological
Education, which is offered in the institutions. Thus, this study sought to certify
whether the broadcasted contents of the Federal Institutes of Professional and
Technological Education (EPT) institutional videos help to democratize the
Vocational and Technological Education conceptual basis. For this purpose, it was
established an exploratory-descriptive qualitative research, with the general
objective of verifying whether the institutional videos contents published on the
official YouTube channels democratize the conceptual basis of EPT. In this context,
as a research procedure, a survey was conducted analyzing videos released in 2019
on YouTube, which is one of the major current digital communication broadcast sites.
This choice was made because digital communication enables direct interaction and
messages reproduction between different interest groups members. Nine videos
from different EPTs were analyzed and the results obtained showed that the
Institutional videos still need to be improved in order to promote EPT conceptual
basis. Based on the findings in this research and the theoretical concepts presented,
an educational product was elaborated and materialized in a video entitled EPT:
education that transforms, which aims to democratize the conceptual basis of EPT
with a clear, objective and easy to understand language, also to support the official
institutional videos narratives, in addition to disseminating the educational process
in non-formal spaces.

Keywords: Vocational education. Conceptual bases of EPT. Digital communication.


Democratization of information.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Síntese do histórico da EPT no Brasil ............................................... 33


Quadro 2 - Distribuição de categorias e dimensões dos vídeos analisados........ 41
Quadro 3 - Qualidade dos vídeos institucionais na pesquisa, segundo os
critérios técnicos utilizados ................................................................ 43
Quadro 4 - Formação omnilateral ........................................................................ 44
Quadro 5 - Trabalho como princípio educativo.................................................... 46
Quadro 6 - Categoria: Educação para o mundo do trabalho ............................... 48
Quadro 7 - Categoria: Educação para o mercado de trabalho ............................ 50
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Apresentação do vídeo ........................................................................ 53


Figura 2 - Conceito de Educação Profissional e Tecnológica .............................. 54
Figura 3 - Breve histórico da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica ...................................................................... 55
Figura 4 - Apresentação da Maria e da modalidade curso técnico integrado ao
ensino médio ....................................................................................... 56
Figura 5 - Ciência, Cultura e Tecnologia e as bases da EPT .............................. 56
Figura 6 - Categorias essenciais da EPT ............................................................ 56
Figura 7 - Encerramento do vídeo com convite para participar da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica
(RFEPT) .............................................................................................. 58
Figura 8 - Convite: sensibilização para participar da pesquisa ............................ 59
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Opinião dos alunos sobre a adequação das imagens do vídeo aos
temas apresentados .......................................................................... 60
Gráfico 2 - Opinião dos alunos sobre a característica de inclusão do vídeo ....... 61
Gráfico 3 - Apresenta a importância da Pesquisa, do Ensino e da Extensão
na EPT? ............................................................................................ 62
Gráfico 4 - Apresenta diferença existente entre a “formação para mercado de
trabalho” e “formação para o mundo do trabalho” ............................. 63
Gráfico 5 - Importância da formação omnilateral do estudante ........................... 64
Gráfico 6 - O vídeo apresentado democratiza os princípios e as bases
conceituais da Educação Profissional e Tecnológica ........................ 65
Gráfico 7 - Contribuição para o entendimento sobre os pilares que sustentam
a EPT ................................................................................................ 65
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BCEPT – Bases conceituais em EPT


CEFETS – Centro de Formação Técnica em Saúde
CONIF – Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica
COVID19 – Doença do Coronavírus
EP – Educação Profissional
EPT – Educação Profissional e Tecnológica
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
PNE – Plano Nacional de Educação
RFEPT – Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica
SETEC – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14

2 RELAÇÃO ONTOLÓGICA E HISTÓRICA DO TRABALHO E DA


EDUCAÇÃO ............................................................................................ 17
2.1 CONCEITUANDO “TRABALHO” ......................................................... 19
2.2 CONCEITUANDO EDUCAÇÃO .......................................................... 20

3 A DUALIDADE DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO .............................. 22

4 O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO E A EDUCAÇÃO


OMNILATERAL ....................................................................................... 26

5 CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA NO


BRASIL ................................................................................................... 30
5.1 Marco legal da Educação Profissional no Brasil .............................. 30

6 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO DIGITAL .................................. 34


6.1 A UTILIZAÇÃO DA MULTIMÍDIA PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DA
INFORMAÇÃO .................................................................................. 36

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................ 38

8 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ................................................. 42


8.1 ANÁLISE DOS CRITÉRIOS TÉCNICOS DOS VÍDEOS ........................ 42
8.2 ANÁLISE DAS BASES CONCEITUAIS EM EPT .................................. 43
8.2.1 Categoria: formação omnilateral .................................................... 43
8.2.2 Trabalho como princípio educativo ................................................ 45
8.2.3 Educação para o mundo do trabalho ............................................. 46
8.2.4 A Educação para o mercado de trabalho ....................................... 49

9 PRODUTO EDUCACIONAL ................................................................... 52


9.1 APLICAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL ..................................... 58

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 67

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 72

APÊNDICES ............................................................................................ 77
14

1 INTRODUÇÃO

O acesso à informação mudou consideravelmente com a popularização da internet


e com os meios de comunicação originados a partir das possibilidades mediáticas
oferecidas pela rede mundial de computadores. Os vídeos, disponíveis em
plataformas e aplicativos específicos, estão entre as ferramentas crescentemente
utilizada para difundir informações e conteúdos dos mais diversos. Na área da
Educação, esses vídeos também são muito utilizados, é o caso, por exemplo, dos
Institutos Federais de Educação, que os utilizam, muitas vezes, para apresentar ao
público a instituição e seus serviços, principalmente a Educação Profissional e
Tecnológica.

A oferta da educação profissional, na esfera federal, passou por uma ruptura


paradigmática a partir da criação dos Institutos Federais (IFs), em 2008, com a
instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica que
interiorizou as instituições escolares de Educação Profissional e Tecnológica (EPT),
fazendo-se presente em vários locais em que as pessoas não tinham acesso aos
estudos formais em instituições de EPT, públicas, gratuitas e com serviços de
excelência.

Nesse contexto, esta pesquisa busca investigar se os conteúdos veiculados pelos


vídeos institucionais dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnológica
auxiliam na democratização das bases conceituais da Educação Profissional e
Tecnológica? Para isso, elege-se como objetivo geral da pesquisa analisar o
potencial de um vídeo sobre os Institutos Federais de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica produzido como resultado desta pesquisa e voltado para o
público externo, com o propósito de disseminar um modelo educacional voltado para
a formação integral dos estudantes.

Para alcançar a resposta a essa pergunta, optou-se por uma pesquisa de natureza
qualitativa, de cunho exploratória-descritiva, documental e com revisão bibliográfica.
Esse percurso pretende cumprir os seguintes objetivos: apresentar os conceitos de
EPT, por meio dos estudiosos do assunto; analisar se o conteúdo dos vídeos
institucionais aborda bases conceituais que sustentam a educação profissional
15

brasileira na perspectiva de uma formação integral na EPT; definir as categorias e


os critérios para a análise de conteúdo dos vídeos e analisar se o vídeo democratiza
os conceitos da EPT. Além disso, como intervenção, o estudo propõe um vídeo
lúdico que democratize as bases conceituais de EPT, de maneira a colaborar para
a compreensão da forma de oferta promovida pelos IFs.

Para a construção desta dissertação, apresenta-se inicialmente um referencial


teórico. Posteriormente, expõem-se o resultado da pesquisa realizada com oito
institutos federais e, na sequência, a apresentação do produto, que também é pré-
requisito para obtenção de título de mestra em educação profissional e tecnológica.
O arcabouço teórico foi apresentado em cinco capítulos de forma sucinta e objetiva.
O capítulo 2 trata a relação ontológica e histórica entre trabalho e educação,
conceituando-os. O capítulo 3 traz a discussão sobre a dualidade entre esses dois
conceitos e a discussão sobre as bases históricas da separação entre educação e
trabalho. No capítulo 4, discute-se o trabalho como princípio educativo e a educação
omnilateral, ambos como conceitos relacionados à EPT. Assim, segue-se para o
capítulo 5, em que se apresenta a Educação Profissional e Tecnológica no Brasil.
O capítulo 6 traz à tona a discussão sobre a importância da comunicação digital,
destacando como as multimídias são utilizadas para a democratização da
informação.

No capítulo 7 apresentam-se os procedimentos metodológicos que contribuem para


o alcance do objetivo geral. Para isso, elegeram-se as categorias de análise: a
formação omnilateral; o trabalho como princípio educativo; a educação para o
mundo do trabalho e a educação para o mercado de trabalho. Dessa forma,
analisaram-se vídeos institucionais publicados nos canais oficiais do YouTube dos
Institutos Federais do Brasil, adotando como recorte o critério de vídeos produzidos
ou atualizados e publicados no ano de 2019. A análise dos resultados encontra-se
no capítulo 8, composto por uma análise de conteúdo que retrata a presença e
ausência das categorias definidas.

Articulando os conhecimentos dos capítulos anteriores, constituiu-se o produto


educacional materializado em um vídeo que visou preencher as lacunas
encontradas nas narrativas referente aos conceitos da EPT. Por conseguinte,
16

busca-se colaborar com a democratização das bases conceituais da EPT, como


identificado na aplicação do produto e explanado no capítulo 9. Encerra-se esta
dissertação, destacando, nas considerações finais, que os objetivos específicos
foram alcançados e apresentando a possibilidade da atuação de uma equipe
multidisciplinar para que os vídeos institucionais favoreçam a democratização das
bases conceituais da EPT
17

2 RELAÇÃO ONTOLÓGICA E HISTÓRICA DO TRABALHO E DA


EDUCAÇÃO

Muito se fala sobre trabalho e educação, mas entender esses conceitos pode não
ser tão simples quanto parece. Caracterizá-los como ações capazes de serem
produzidas somente pelos homens, de forma metodológica ou não, pode ser um
primeiro passo.

Os conceitos de educação foram formulados ao longo do tempo por inúmeros


autores e diversas correntes de pensamento durante o processo de formação da
história da humanidade. Saviani (2007) destaca que dos seres vivos existentes na
natureza, apenas o ser humano tem capacidade intelectual para o trabalho e o
estudo. Assim, constatou-se o seu surgimento no momento em que o a espécie
humana se vê obrigada, para existir, a produzir sua própria vida. Portanto,
diferentemente dos animais, que se adaptam à natureza, os homens precisam
adaptar a natureza a si, agindo sobre ela e transformando-a para a sua própria
sobrevivência.

Segundo o autor:

os homens aprendiam a produzir sua existência no próprio ato de


produzi-la. Eles aprendiam a trabalhar, trabalhando. Lidando com
a natureza, relacionando-se uns com os outros, os homens
educavam-se e educavam as novas gerações. A produção da
existência implica o desenvolvimento de formas e conteúdos cuja
validade é estabelecida pela experiência, o que configura um
verdadeiro processo de aprendizagem. Assim, enquanto os
elementos não validados pela experiência são afastados, aqueles
cuja eficácia a experiência corrobora necessitam ser preservados
e transmitidos às novas gerações no interesse da continuidade da
espécie (SAVIANI, 2007, p. 154).

Nesse contexto, o autor complementa:

nas comunidades primitivas não havia a divisão em classes, tudo


era feito em comum. Na unidade aglutinadora da tribo dava-se a
apropriação coletiva da terra, constituindo a propriedade tribal na
qual os homens produziam sua existência em comum e se
educavam nesse mesmo processo. Nessas condições, a
educação identificava-se com a vida. A expressão “educação é
vida”, e não preparação para a vida, reivindicada muitos séculos
18

mais tarde, já na nossa época, era, nessas origens remotas,


verdade prática (SAVIANI, 2007, p. 154).

Sendo assim, a relação trabalho-educação se caracteriza, em seu sentido


ontológico, na própria essência do homem com a natureza, e em seu sentido
histórico, trata-se de um processo produzido e desenvolvido pela ação dos
próprios homens ao longo do tempo.

O autor defende ainda que no ponto de partida da existência humana havia uma
relação de identidade entre trabalho e educação. Os homens aprendiam a
trabalhar, trabalhando e, relacionando-se uns com os outros, educavam-se e
educavam as novas gerações. Produziam a sua existência no próprio ato de
produzi-la. O conhecimento era repassado de geração para geração nas
comunidades primitivas, não havia divisão de classes, tudo era realizado de forma
comunitária, aprendiam a extrair da natureza os meios de sobrevivência e
educavam seus descendentes. Nessa concepção, educação e trabalho iam de
encontro com a vida.

Sobre o assunto, Teixeira e Daúde (2013) afirmam que a educação é uma forma
de não interromper a humanização, que em si é gerada pelo trabalho. Logo, a
educação é uma atividade que permite que todo conhecimento que foi produzido
a partir do ato de trabalhar não se perca a cada geração.

Ciavatta e Ramos (2010), sistematizando os pensamentos de Lukács (1978) e


Mészaros (1981) dizem:

A produção da existência humana, portanto, se faz mediada, em


primeira ordem, pelo trabalho. Primeiramente, como característica
inerente ao ser humano de agir sobre o real, apropriando-se de
seus potenciais e transformando-o. Por isto o trabalho é uma
categoria ontológica: é inerente à espécie humana e primeira
mediação na produção de bens, conhecimentos e cultura
(CIAVATTA; RAMOS, 2010, p. 108).

Nesse cenário, a educação caracteriza-se pelo acúmulo e aquisição dos processos


histórico-culturais produzidos pelos homens, na medida em que permite o repasse
das informações do que foi produzido pelos homens no decorrer da sua existência
por meio do trabalho.
19

A polissemia trabalho-educação, em sua multiplicidade de sentido, é objeto


polêmico e antigo de estudo, o que proporciona uma discussão rica acerca do
assunto. Segundo Tumolo (1996), é possível afirmar que existe, pelo menos, um
ponto comum: o primado do trabalho em relação à educação, ou seja, o
pressuposto segundo o qual a educação se estrutura a partir do eixo do trabalho.
É sobre essa base que um número expressivo de autores discute a proposta do
trabalho como princípio educativo, a qual assume-se neste trabalho como
norteadora da Educação Profissional.

2.1 CONCEITUANDO “TRABALHO”

A partir de um dos mais tradicionais dicionários da língua portuguesa, o Aurélio


(Ferreira, 2001), “trabalho” é conceituado como a aplicação de força e faculdades
humanas para alcançar determinado fim, qualquer que seja a obra realizada,
serviço, emprego entre outros. Para sua compreensão, o trabalho humano exige
diferentes olhares, pois trata-se de uma atividade complexa, multifacetada e
polissêmica. Para Coutinho (2009), trabalho refere-se a uma atividade humana,
individual ou coletiva, de caráter social, complexa, dinâmica, que se distingue de
qualquer outro tipo de prática animal por sua natureza reflexiva, consciente,
propositiva, estratégica, instrumental e moral.

De uma forma geral, o trabalho é conceituado como as aplicações de força e


faculdades humanas para alcançar determinado fim, qualquer obra realizada, serviço,
emprego entre outros. Marx define o trabalho como um processo de interação do
homem com a natureza, no qual o homem regula, controla e impulsiona essa
interação, modificando a natureza pelos movimentos naturais do seu próprio corpo
(MARX, 1985). A partir da definição de Marx e por meio da relação histórica cultural,
a raça humana se distingue dos outros seres vivos pela capacidade específica de
realizar trabalho.

Frigotto (2003) reforça essa mesma concepção, afirmando que é apenas pela ação
do trabalho que os seres humanos criam e recriam sua própria existência. O autor
usa uma metáfora de Marx para dizer que o próprio homem é responsável por sua
20

existência, ou seja, a origem do homem é o próprio homem. Saviani (2007) entende


trabalho como uma atividade prática que deve ser vivida dentro dos ambientes
escolares para que, além do domínio teórico, tenham capacidade de interação com
o mundo e na forma como se dá o processo produtivo.

2.2 CONCEITUANDO EDUCAÇÃO

A pluralidade conceitual da palavra educação em sua origem etimológica denota


ambiguidade, pois ela pode ter derivado tanto de educere, como de educare,
ambos verbos latinos, mas com significados distintos. Considerando o sentido
original da palavra, educare pode ser compreendida como a condução do ser
humano de um ponto a outro, de dentro para fora, no sentido da evolução e
preparação para mundo. No que diz respeito a palavra educere, em seu sentido
etimológico, significa potencializar algo latente que já existe no ser humano. Sendo
assim, a educação pode ser entendida como transformação da realidade
(ROMANELLY, 1960).

Em seu sentido amplo, a educação representa tudo aquilo que pode ser feito para
desenvolver o ser humano. No sentido estrito, ela representa a instrução e o
desenvolvimento de competências e habilidades. O sentido amplo abrange a
educação ao longo da vida do ser humano. O sentido estrito corresponde às ações
educativas que ocorrem nas salas de aulas entre o professor e o aluno (VIANNA,
2008).

Os conceitos de educação em seu sentido amplo e estrito foram trabalhados no


decorrer do tempo por diversos autores e diferentes pensamentos dentro do
processo de formação da história da humanidade. A educação pode ser entendida
como elemento de identidade do homem, como meio de superação de
desigualdades, transformação social e emancipação. No entanto, para a corrente
neoliberalista, que tem como elemento central o mercado, a educação é
instrumento que serve ao mercado, e não uma ação social e política, sendo uma
concepção em que se valoriza ações de manutenção do status quo.
21

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), a


educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar,
na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais.

A Constituição Federal da República, artigo n. 205, trata a educação como direito


social: a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho (BRASIL, 1988). Ou seja, educação e trabalho estão atrelados
sobremaneira nos aspectos legais e conceituais.
22

3 A DUALIDADE DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO

A divisão entre trabalho e educação surgiu com o advento da produção. Segundo


Saviani, esse fenômeno “provocou uma ruptura da unidade vigente nas
comunidades primitivas, com a apropriação privada da terra - então o principal
meio de produção-, o que gerou a divisão dos homens em classes” (SAVIANI,
2007, p. 155). A educação, que antes acontecia no processo de aprendizagem do
trabalho, passou, então, a ter duas modalidades distintas e separadas:

uma para a classe proprietária, identificada como a educação dos


homens livres, e outra para a classe não proprietária, identificada
como a educação dos escravos e serviçais. A primeira, centrada
nas atividades intelectuais, na arte da palavra e nos exercícios
físicos de caráter lúdico ou militar. E a segunda, assimilada ao
próprio processo de trabalho (SAVIANI, 2007, p. 155).

Segundo Fonseca (1961), o trabalho manual e pesado era destinado aos escravos,
reforçando que os ofícios eram destinados aos pobres e a quem servia à classe
proletariado. Os filhos dos trabalhadores aprendiam ofícios de alfaiataria,
tornearia, carpintaria e sapataria. Já a educação intelectual, que os jesuítas
ministravam aos filhos dos ricos, afastava-os de qualquer trabalho físico ou
profissão manual.

Com o processo de separação das classes, surgiu a possibilidade de alguém viver


do trabalho alheio, devido à divisão entre a burguesia, os donos das terras e das
fábricas e a classe trabalhadora, pois os não proprietários, com o seu trabalho,
mantinham-se e mantinham os donos das terras e das indústrias.

Passou a existir, então, uma educação para os filhos e proprietários das terras e
outra forma de educação para os que produziam nessas terras, ou seja, os
escravos. Frigotto (2001) e Saviani (2007) afirmam que surgiu uma modalidade de
educação dissociada dos processos produtivos. Para a classe proprietária,
destinavam-se às atividades intelectuais, de caráter lúdico e militar. E para os não
proprietários, atividades direcionadas os processos produtivos.

Lugar de pessoas com tempo disponível, livre, em ócio. De origem grega, a própria
palavra escola demonstra essa divisão. Sendo assim, quem estivesse ocupado em
23

trabalhar para si e para outros logicamente não compartilharia desse tipo de


escola. Saviani (2007) contribui para a definição quando resume a gênesis da
escola e a institucionalização da educação como um processo correlato ao
surgimento da sociedade de classes. Cabe destacar que a escola desde sua
origem foi destinada à formação de líderes e dirigentes militares, ao passo que o
trabalho manual não exigia preparo escolar. Para o trabalho manual, o
aprendizado das funções se dava no próprio exercício e, consequentemente,
ocupou espaço na estrutura capitalista, na qual seu papel é de servir para
sobreviver.

Para Kuenzer (2005), a educação brasileira carrega consigo um histórico da


dualidade em sua estrutura, com tipos diferentes de escolas para classes sociais
distintas. Se para uma pequena parcela da população que detém o poder político,
cultural e econômico, a formação escolar se dá por meio do acesso a uma
educação básica propedêutica, para a maioria da população cabe a opção de uma
educação básica precária, quando possível, a realização de cursos técnicos para
o trabalho e, mais recentemente, a formação em cursos superiores de tecnologia,
denominada educação profissional e tecnológica. Ou seja:

no Brasil, esta diferenciação correspondeu à oferta de escolas de


formação profissional e escolas acadêmicas, que atendiam
populações com diferentes origens de classe, expressando-se a
dualidade de forma mais significativa no nível médio, restrito, na
versão propedêutica, por longo período, aos que detinham
condições materiais para cursar estudos em nível superior. A
delimitação precisa das funções operacionais, técnicas, de gestão
e de desenvolvimento de ciência e tecnologia, típicas das formas
tayloristas/fordistas de organizar o trabalho, viabilizava a clara
definição de trajetórias educativas diferenciadas que atendessem
às necessidades de disciplinamento dos trabalhadores e dirigentes
(KUENZER, 2007, p. 1156).

Portanto, enquanto a ótica do trabalho faz apologia ao desenvolvimento de uma


ação educacional pautada pela integração entre trabalho, ciência, tecnologia e
cultura, na realidade concreta, o capital organiza e estabelece uma diferença entre
a formação para o mundo do trabalho - trabalho intelectual -direcionada a uma
pequena parcela, e a formação para o mercado de trabalho - trabalho manual -
voltada para a grande massa da população.
24

Segundo Antunes (2001), o trabalho refere-se à ligação do ser humano com a sua
essência, e constitui os elementos da sua própria existência, ao passo que
colabora para o bem coletivo no desenvolvimento de suas potencialidades sociais,
econômicas, culturais e políticas. Enquanto a formação para o mercado de
trabalho refere-se à apropriação do trabalho para atendimento das necessidades
imediatas do mercado e da acumulação do capital, que se dá em benefício de uma
minoria. Nesse sentido, Frigotto corrobora com Antunes, ao dizer que:

Tanto o trabalho quanto a propriedade, a ciência e a tecnologia,


sob o capitalismo, deixam de ter centralidade como produtores de
valor de uso para os trabalhadores: respostas a necessidades
vitais destes seres humanos. A força de trabalho expressa sua
centralidade ao se transformar em produtora de valores de troca,
com fim de gerar mais lucro ou mais valor para os capitalistas. O
trabalho, então, atividade produtora e imediata de valores de uso
para os trabalhadores, se reduz à mercadoria força de trabalho e
tende a se confundir com emprego. O capital detém como
propriedade privada, de forma crescente os meios e os
instrumentos de produção. A classe trabalhadora detém apenas
sua força de trabalho para vender. Ao capitalista interessa comprar
o tempo de trabalho do trabalhador ao menor preço possível
(FRIGOTTO, 2001, p. 63).

Visto que a lógica do capital está fundamentada na formação para a


empregabilidade, os trabalhadores devem qualificar-se a fim de criar condições
para manterem-se no mercado de trabalho. Dessa forma, o trabalho passa a ser
tratado como emprego e se perde na cultura da empregabilidade, reforçando a
distância entre elaboração e execução, conferindo ao capital mais força e deixando
para trás a formação humana e integral.

Kuenzer afirma que nessa perspectiva, apesar de mencionar-se o preparo


intelectual, a concepção que se firmou para a educação profissional é a de paliativo
para os problemas sociais causados pela dificuldade de estabilidade das classes
sociais menos favorecidas, classes formadas por trabalhadores analfabetos e
carentes. Evidencia-se, assim, a conservação da estratificação social, uma vez
que a oferta da educação era restrita aos níveis mais elevados da sociedade, e o
acesso a todos os saberes não era disponibilizado para a formação profissional.
Assim, a autora afirma “que na primeira vez em que aparece a formação
25

profissional como política pública, ela ocorre na perspectiva moralizadora da


formação do caráter pelo trabalho” (KUENZER, 2007, p. 21).

A formação voltada para o mundo do trabalho consiste em romper com o formato


de uma educação voltada para o imediatismo, e o objetivo disso é formar
trabalhadores multifuncionais, criativos, participativos, com capacidade de
relacionamento estratégicos, com habilidades e domínio de conhecimentos
tecnológicos.

Remetendo-se para a formação humana e integral, que busca dotar o trabalhador


de sentidos - ontológico e histórico - do trabalho para atuar de forma
empreendedora dentro dos processos produtivos, voltado para a formação
omnilateral e politécnica que visa desenvolver o ser humano em suas diversas
dimensões em profundidade e grandeza.
26

4 O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO E A EDUCAÇÃO


OMNILATERAL

Ciavatta (1990) aborda o trabalho como princípio educativo na medida em que a


educação geral se torna parte inseparável da educação profissional em que se dá
a preparação para o trabalho. Cessar a dicotomia trabalho manual/ trabalho
intelectual é incorporar a dimensão intelectual ao trabalho produtivo e formar
trabalhadores capazes de atuar como dirigentes e cidadãos.

As características descritas por Ciavatta (1990) reúnem a multiplicidade de


sentidos da problemática do trabalho como princípio educativo, o que auxilia na
proliferação de diferentes entendimentos em relação ao cenário. Percebe-se que
mesmo entre os estudiosos da matéria, não há coincidência quanto à
compreensão do princípio educativo do trabalho (TUMOLO, 1996). Frigotto é ativo
na discussão da relação trabalho-educação. Segundo ele,

o trabalho como princípio educativo em Marx, ele não está ligado


diretamente a método pedagógico nem à escola, mas a um
processo de socialização e de internalização de caráter e
personalidade solidários, fundamental no processo de superação
[grifo do autor] do sistema do capital e da ideologia das sociedades
de classe que coincidem o gênero humano. Não se trata de uma
solidariedade psicologizante ou moralizante. Ao contrário, ela se
fundamenta no fato de que todo ser humano, como ser da
natureza, tem o imperativo de, pelo trabalho, buscar os meios de
sua reprodução – primeiramente biológica, e na base desse
imperativo da necessidade criar [sic] e dilatar o mundo
efetivamente livre. Socializar ou educar-se de que o trabalho que
produz valores de uso é tarefa de todos, é uma perspectiva
constituinte da sociedade sem classes (FRIGOTTO, 2009, p. 189).

Assim, para Frigotto (2009), o trabalho como princípio educativo não está
relacionado à grade curricular, à seleção de conteúdo ou à estrutura de centros
educacionais. Para ele, o trabalho está relacionado com a vida prática, como a
geração de valores para os cidadãos, pois ele pode ser educativo e independente
das condições em que se processa.

No campo pela secular opressão na apropriação e pelo uso


subordinado da terra, nas minas embrutecedoras, nos lixões, nas
cidades, há trabalhos que são como que alienação da vida, seja
pela divisão social do trabalho (trabalho físico, manual ou
27

intelectual, concepção e planejamento versus execução), seja pela


desqualificação das tarefas, pela especialização, pela repetição,
seja pela perda de controle do trabalhador sobre o próprio trabalho
ou pela subordinação do esforço humano a serviço da acumulação
do capital. Estas são as formas de trabalho que se constituem num
princípio educativo negativo, deformador e alienador (FRIGOTTO
et. al., 2005, p. 9).

Na dimensão ontológica da discussão do trabalho como princípio educativo,


Frigotto relata que “pensar a questão do trabalho e suas propriedades educativas,
positivas ou negativas” permite uma reflexão sobre o trabalho enquanto “criação e
reprodução da vida humana, e negatividade enquanto trabalho alienado sob o
capitalismo” (FRIGOTTO et. al., 2005, p. 9)
Para Saviani, o trabalho pode ser considerado como princípio educativo em três
sentidos diversos, mas correlacionados entre si:

Num primeiro sentido, o trabalho é princípio educativo na medida


em que determina, pelo grau de desenvolvimento social atingido
historicamente, o modo de ser da educação em seu conjunto.
Nesse sentido, aos modos de produção [...] correspondem modos
distintos de educar com uma correspondente forma dominante de
educação. [...]. Num segundo sentido, o trabalho é princípio
educativo na medida em que coloca exigências específicas que o
processo educativo deve preencher em vista da participação direta
dos membros da sociedade no trabalho socialmente produtivo. [...].
Finalmente o trabalho é princípio educativo num terceiro sentido,
à medida em que determina a educação como uma modalidade
específica e diferenciada de trabalho: o trabalho pedagógico
(SAVIANI, 1989 apud FRIGOTTO et al s/d p. 06).

O autor evidencia o trabalho como princípio educativo na escola, pois ele está
evidenciado na estrutura do ensino fundamental, haja visto que o trabalho é
imanente à escola elementar (SAVIANI, 2007 p. 160). Nesse sentido, Saviani
destaca:

a escola elementar não precisa, então, fazer referência direta ao


processo de trabalho, porque ela se constitui basicamente como
um mecanismo, um instrumento, por meio do qual os integrantes
da sociedade se apropriam daqueles elementos também
instrumentais para a sua inserção efetiva na própria sociedade. Ou
seja, aprender a ler, escrever e contar, além dos rudimentos das
ciências naturais e das ciências sociais, constituem pré-requisitos
para compreender o mundo em que se vive, inclusive para
entender a própria incorporação, pelo trabalho, dos conhecimentos
científicos no âmbito da vida e da sociedade (SAVIANI, 2003, p.
136).
28

Portanto, desde o princípio da história, o homem se constitui por meio do trabalho,


aprendeu a trabalhar, trabalhando e repassando o aprendizado para as gerações
seguintes em forma de educação, o que se trata de uma questão ontológica da
natureza e da relação trabalho-educação. Por isso, assegura-se que o homem não
se educa primeiro para depois viver, logo, que não existe educação para a vida,
ele se educa de modo indissolúvel; vivendo, trabalhando e aprendendo ao mesmo
tempo.

O homem, historicamente, se relaciona com a natureza e com os outros homens


com o objetivo de educar-se para educar as próximas gerações, transformando-
se em indivíduo social pautado pelas transformações sociais, políticas econômicas
e culturais, necessárias à edificação de uma sociedade. Assim, ele torna possível
a manutenção da sua capacidade de produção e reprodução. Isso define a
omnilateralidade, que se daria por meio da educação emancipadora através do
trabalho como princípio educativo.

Dessa forma, omnilateralidade é um neologismo que se opõe à formação


unilateral, provocada pela divisão social do trabalho alienado. Ela se refere à
formação humana integral, que busca integrar os saberes, o pensar ao fazer, o
conhecimento geral ao técnico e a teoria à prática, oposta ao trabalho alienado
pelas relações burguesas parciais e limitadas.

a omnilateralidade como a constituição da prática social, por meio


da agregação das dimensões do trabalho, da ciência e da cultura.
O trabalho compreendido como realização humana inerente ao ser
(sentido ontológico) e como prática econômica (sentido histórico
associado ao respectivo modo de produção); a ciência
compreendida como os conhecimentos produzidos pela
humanidade que possibilita o contraditório avanço produtivo; e a
cultura, que corresponde aos valores éticos e estéticos que
orientam as normas de conduta de uma sociedade (RAMOS, 2008,
p. 3).

A omnilateralidade no homem não se constitui pelo que ele sabe, pelo seu
conhecimento, pelo que domina e muito menos pelo que possui, mas pela
capacidade de se adaptar, sua disponibilidade pelo saber, conhecer coisas e
pessoas, nas mais diversas realidades e manifestações humanas criadas pelo
29

trabalho. Nesse sentido, a palavra omnilateralidade guarda relação com outro


importante conceito para a reflexão acerca da formação humana que é o de
politecnia.

Politecnia diz respeito ao domínio dos fundamentos científicos das


diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho
produtivo moderno. Está relacionada aos fundamentos das
diferentes modalidades de trabalho e tem como base
determinados princípios, determinados fundamentos, que devem
ser garantidos pela formação politécnica. Por quê? Supõe-se que,
dominando esses fundamentos, esses princípios, o trabalhador
está em condições de desenvolver as diferentes modalidades de
trabalho, com a compreensão do seu caráter, da sua essência.
Não se trata de um trabalhador adestrado para executar com
perfeição determinada tarefa e que se encaixe no mercado de
trabalho para desenvolver aquele tipo de habilidade.
Diferentemente, trata-se de propiciar-lhe um desenvolvimento
multilateral, um desenvolvimento que abarca todos os ângulos da
prática produtiva na medida em que ele domina aqueles princípios
que estão na base da organização da produção moderna
(SAVIANI, 2003, p. 140).

O autor diz ainda que a formação politécnica é um meio para que haja condições
de o trabalhador desenvolver diferentes modalidades de trabalho a partir da
compreensão do seu caráter.

É nesse contexto que a formação omnilateral e politécnica em prática propõe uma


formação completa, capaz de elevar as classes trabalhadoras a um patamar
superior de consciência da sua própria condição social e histórica. Sendo assim,
a politecnia e a omnilateralidade são complementares no processo de formação
social do sujeito revolucionário até a consolidação do ser social emancipado,
capaz de superar a dualidade da formação unilateral por meio da integração do
trabalho, ciência e cultura.
30

5 CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA NO


BRASIL

O período da colonização do Brasil refletiu diretamente na formação do trabalhador


brasileiro, que se originou a partir dos primeiros aprendizes de ofícios; os índios e
os escravos. “Habituou-se o povo desta terra a ver aquela forma de ensino como
destinada somente a elementos das mais baixas categorias sociais” (FONSECA,
1961, p. 63). Nesse contexto, o ensino de nível médio se destaca dos demais como
uma trajetória complexa ao longo da história da educação brasileira, em
decorrência da sua dupla função: preparar para a continuidade de estudos e, ao
mesmo tempo, para o mundo do trabalho.

Entender a história da Educação Profissional é essencial para a compreensão a


respeito dessa modalidade de ensino para o desenvolvimento tecnológico do país,
pois formar o sujeito-trabalhador é atender aos propósitos da sociedade do capital,
que delineia a divisão técnica e social das forças produtivas para o trabalho. Com
o passar dos anos, surgiu a necessidade de reformular a Educação Tecnológica
também com a função de formar profissionais pensantes, e não apenas meros
operadores tecnológicos.

A análise dessa trajetória histórica e da atual conjuntura em que se encontra a


educação profissional e tecnológica possibilita formular a hipótese de que com a
criação da lei n. 11.892, de 29 de dezembro de 2008, e a criação do plano de
expansão da Rede Federal de Ensino, que havia sido iniciado em 2005, a
Educação Profissional Tecnológica alcança seu ápice em mais de um século de
existência.

5.1 MARCO LEGAL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

A Educação Profissional e Tecnológica é pautada por leis que regulamentam a sua


existência desde a criação, em 1909, quando o então Presidente da República,
Nilo Peçanha, assinou o decreto n. 7.566, que criou as dezenove Escolas de
Aprendizes Artífices, onde o ensino profissional era gratuito.
31

A Constituição Brasileira de 1937 foi a primeira a tratar especificamente de ensino


técnico, profissional e industrial, estabelecendo no artigo 129:

O ensino pré-vocacional e profissional destinado às classes menos


favorecidas é, em matéria de educação, o primeiro dever do
Estado. Cumpre-lhe dar execução a esse dever, fundando
institutos de ensino profissional e subsidiando-os de iniciativa dos
Estados, dos Municípios e dos indivíduos ou associações
particulares e profissionais. É dever das indústrias e dos sindicatos
econômicos criar, na esfera de sua especialidade, escolas de
aprendizes, destinadas aos filhos de seus operários ou de seus
associados. A lei regulará o cumprimento desse dever e os
poderes que caberão ao Estado sobre essas escolas, bem como
os auxílios, facilidades e subsídios a lhes serem concedidos pelo
poder público (BRASIL, 1937, artigo 129).

Em 1959, as Escolas Industriais e Técnicas passaram a ter o regime de autarquias


e ganharam autonomia de ensino. Em meio ao crescimento intenso do país e a
necessidade de mão de obra especializada, cresceu a formação.

A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), lei n. 5.692, de


11 de agosto de 1971 (BRASIL, 1971), torna, de maneira compulsória, técnico-
profissional, todo currículo do segundo grau. Um novo paradigma se estabelece:
formar técnicos sob o regime da urgência. Durante tal período, as Escolas
Técnicas Federais registraram aumento expressivo no número de matrículas e
implantaram novos cursos técnicos.

Com a nova LDB, lei n. 9.394, em 1996 (BRASIL,1996) e posterior


regulamentação, decreto n. 2.208, de 17 de abril de 1997, a Educação Profissional
se constituiu em modalidade de ensino a ser “desenvolvida em articulação com
ensino regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em
instituições especializadas ou no ambiente de trabalho” (BRASIL, 1996).
Nesse mesmo decreto, o artigo 1º atribui os seguintes objetivos à Educação
Profissional:

I - promover a transição entre a escola e o mundo do trabalho,


capacitando jovens e adultos com conhecimentos e habilidades
gerais e específicas para o exercício de atividades produtivas;
II - proporcionar a formação de profissionais, aptos a exercerem
atividades específicas no trabalho, com escolaridade
correspondente aos níveis médio, superior e de pós-graduação;
32

III - especializar, aperfeiçoar a atualizar o trabalhador em seus


conhecimentos tecnológicos;
IV - qualificar, profissionalizar e atualizar jovens e adultos
trabalhadores, com qualquer nível de escolaridade, visando a sua
inserção e melhor desempenho no exercício do trabalho (BRASIL,
1997).

Atualmente, com uma trajetória centenária, a Educação Profissional conta com 38


Institutos Federais, dois Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) e
o Colégio Pedro II, que integram a Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica no Brasil, com o objetivo de se comprometer com a
sociedade para fundar a igualdade na diversidade social, econômica, geográfica e
cultural brasileiro (BORGES, 2013).

São ao todo 667 unidades escolares espalhadas por todos os estados brasileiros,
com o compromisso social de oferecer educação profissional pública, gratuita e de
excelência a jovens e trabalhadores, do campo e da cidade; viabilizando o acesso
efetivo às conquistas científicas e tecnológicas, por meio da oferta de qualificação
profissional em diversas áreas de conhecimento (CONIF, 2020).

Através do percurso cronológico sobre a EPT no Brasil, apresentado de forma


sintetizada no Quadro 1 desde a sua criação, percebe-se que essa modalidade de
ensino possui um caráter crescente na esfera educacional brasileira. Tendo cada
vez mais importância nas políticas educacionais brasileira, a EPT vem sendo uma
ferramenta importante no reconhecimento da necessidade de preparar uma
geração apta a vivenciar o mundo de trabalho de forma autônoma e consciente de
seu papel social.
33

O capítulo a seguir apresenta a importância da comunicação para tornar essa


modalidade de ensino mais conhecida e, assim, fortalecer as bases conceituais
que a cercam.
34

6 A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO DIGITAL

A internet como se conhece hoje teve seu conceito descrito em 1962, momento
em que teóricos discutiam o efeito de vários computadores interligados por meio
de uma rede global, cujos arquivos e dados pudessem ser compartilhados. Esse
processo permitiria, então, a democratização do acesso que poderia acontecer em
qualquer lugar do mundo.

Em meio à Guerra Fria, nos Estados Unidos da América (EUA), na década de


1960, foi criada a Advanced Research Projects Agency (ARPAnet), Agência de
Projeto de Pesquisa Avançada, uma forma de comunicação segura na rede, de
uso privado dos militares americanos. Já a partir de 1970, a ARPAnet foi liberada
para ser utilizada em universidades e instituições relacionadas à pesquisa. Esse
foi, sem dúvida, o primeiro passo para o início de uma rede mundial de troca de
informações. No início dos anos 1980, algumas centenas de computadores
integravam a ARPAnet.

Em 1991 surgiu a World Wide Web (WWW), a partir da fusão de estudos sobre
internet e hipermídia – meio que engloba recursos de hipertexto com multimídia –
permitindo ao usuário a navegação por diversas partes de um aplicativo. “A Web
baseia-se numa interface gráfica e permite o acesso a dados diversos (textos,
músicas, sons, animações, filmes, etc.) através de um simples ‘clicar’ no mouse”
(LEÃO, 2001, p. 23).

No Brasil, o início da rede se deu pela criação da Rede Nacional de Pesquisa


(RNP), em 1989. Desde então, essa rede de computadores, chamada internet, faz
parte do cotidiano dos brasileiros, podendo ser acessada em múltiplos dispositivos.
A comunicação mediada pelo computador ou outras plataformas digitais modificou
as formas de organização, gestão, comportamentos e conversação da massa. “A
internet, que já abrigava as expressões culturais, passou a ocupar um lugar central
em todos os aspectos da vida social” (LEÃO, 2001, p. 25).

Durante (2011) define a comunicação e a relaciona com um papel social de


democratização de saberes:
35

comunicar é transmitir algo, por sinais, pela fala, por textos etc.
Existe um receptor e um emissor dessas informações, mesmo que
esta função seja feita ao mesmo tempo, simultaneamente, pela
própria pessoa. A comunicação faz refletir comunicações culturais,
assegurando identidade nacional, veiculando também outras
formas de expressão. Amplia e difunde formas coletivas e
individuais de conhecimento, favorecendo seu crescimento
mediante à estímulo à inovação e à criatividade. Apresenta e
discute problemas da sociedade (DURANTE, 2011 p. 14.)

É fato que a revolução digital transformou as organizações e a vida das pessoas


de uma forma irreversível. Ela é um processo contínuo de mudanças que afetam
o hábito de consumo dos brasileiros, que possuem, a cada instante, novas
possibilidades de conectividade e interatividade.

Todas as mídias estão sendo transformadas pelos próprios usuários numa


velocidade estonteante. Uma das características mais evidentes da comunicação
digital é a possibilidade de interação e feedback (TERRA, 2011).

Pode-se dizer que comunicação é toda forma ou expressão comunicacional


resultante dos veículos de comunicação impressos, eletrônicos e audiovisuais.
Segundo Terra (2011),

A comunicação digital, por sua vez, é a expressão comunicacional


derivada da internet ou da comunicação móvel como plataformas
de veiculação. Trabalha de forma dialética, permitindo a interação
e a troca de papéis entre emissores e receptores (TERRA, 2011,
p. 263).

Sobre a comunicação digital, autora completa:

Ela caracteriza-se pelo uso das tecnologias informativas da


comunicação e de todas as ferramentas delas decorrentes. O
surgimento de novos meios, como mensagens de celular, blogs e
comunidades virtuais, entre outros, provoca nos profissionais de
comunicação uma dupla inquietação: por um lado, abre
oportunidade; por outro, deixa-os muito vulneráveis. Gerir essa
dupla consequência é um dos grandes desafios dos profissionais
de comunicação, demandando, também, uma especialização e
entendimento no meio (TERRA, 2011, p. 264).

O surgimento de novos meios, como mensagens de celular, blogs e comunidades


virtuais, entre outros, provoca nos profissionais de comunicação uma dupla
36

inquietação: por um lado, abre oportunidades para exposição institucional para as


organizações; por outro, deixa-as muito vulneráveis. Gerir essa dupla
consequência é um dos grandes desafios dos profissionais de comunicação,
demandando, também, uma especialização e entendimento no meio.

Segundo Aldo Schmit (2019), a comunicação digital pode ser considerada a


internet e todos os dispositivos digitais e tecnológicos, suas variedades e
evoluções. Tais ferramentas facilitam o gerenciamento estratégico das
organizações, permitindo a comunicação interativa com as partes interessadas,
atingindo, assim, seus objetivos.

A comunicação digital acontece graças ao crescente acesso da população às


novas mídias, sendo a internet o meio de comunicação mais utilizado. Para se ter
uma ideia da força dessa ferramenta, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (Pnad C), divulgou que o Brasil fechou 2016 com 116 milhões de
pessoas conectadas à internet, o equivalente a 64,7% da população com idade
acima de 10 anos (IBGE, 2016).

Importa destacar que a comunicação digital é toda aquela operacionalizada por


meio das plataformas digitais e abrange um complexo de mídias convergentes,
interativas e organizadas em redes a partir de diferentes dispositivos conectados
à internet. Por isso, ela deve ser sempre associada ao alcance e utilização desse
sistema global.

6.1 A utilização da multimídia para a democratização da informação

No contexto da comunicação digital, a multimídia possui papel fundamental, pois


possibilita a interação direta e a multiplicação das mensagens entre os integrantes
de diferentes grupos de interesse. Segundo Portugal, “multimídia são múltiplos
meios que podem ser usados na representação de uma informação (áudio, vídeo
e animação)” (PORTUGAL, 2013, p. 84).
37

No âmbito da educação, a necessidade de utilizar-se desses recursos está cada


dia mais latente, uma vez que as imagens e símbolos são utilizados como forma
de discurso.

Segundo Portugal,

a multimídia é uma ferramenta capaz de explorar os sentidos da


visão, audição e tato, o que possibilita a apresentação de
informações de maneira eficaz e significativas. Diante deste
contexto, sugere-se maior atenção aos estudos que constataram
que as pessoas se lembram de 15% do que escutam, 25% do que
veem e 60% daquilo que interagem. O áudio mostra-se
especialmente eficaz na transmissão de aspectos emocionais.
Estimula processos cognitivos, como percepção, memória,
pensamentos e outros. Produz ainda um ambiente lúdico para o
desenvolvimento do processo de aprendizagem (PORTUGAL,
2013, p. 86).

No contexto deste estudo, os vídeos funcionam como um facilitador na


comunicação de massa, sendo utilizados como uma ferramenta na transmissão
informações. Além disso, são componentes valiosos para o aprendizado e
democratização da comunicação e do conceito de EPT. Quando se trata da
aprendizagem por meio da utilização dos recursos do vídeo, Portugal (2013) afirma
que:

consiste em uma forma de contar metalinguística de superposição


de códigos e significações, predominantemente audiovisuais, mais
próximas da sensibilidade e da prática do homem, mas distante da
linguagem educacional, que ainda se apoia no discurso verbal
escrito. Porém com a facilidade de produção de vídeos por meio
dos diversos aparatos tecnológicos, celulares, câmeras digitais e
etc., aliada ao processo de democratização da internet, onde se
pode disponibilizar e ver vídeos que estão na rede sobre os mais
diversos assuntos, o vídeo passa a ser uma ferramenta mais fácil
de ser utilizada e produzidas para fins educacionais (PORTUGAL,
2013, p. 88).

Os vídeos possuem características singulares que os tornam mais complexos e ao


mesmo tempo mais ricos e interessantes do que outras mídias disponíveis. Entre
os recursos que possuem, está o poder de potencializar a aprendizagem, “atrair,
prender a atenção e transmitir impressões. É excepcionalmente adequado para o
ensino de aptidões, nesse sentido o vídeo pode aproximar a sala de aula do
38

cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade”


(PORTUGAL, 2013, p. 90).
39

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para melhor atender o objetivo geral deste trabalho, qual seja; analisar o potencial
de um vídeo sobre os Institutos Federais de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica voltado para o público externo quanto à disseminação de um modelo
educacional voltado para a formação integral dos estudantes, foi percorrido um
caminho metodológico que se iniciou com uma revisão bibliográfica, de âmbito
exploratória. Segundo Gil (1991), essa revisão busca facilitar a familiaridade do
pesquisador com o problema da pesquisa, proporcionar mais informações acerca
do assunto explorado e possibilitar a descoberta de um novo tipo de enfoque para
o assunto.

A partir das discussões teóricas deste estudo, definiram-se as categorias de


pesquisa, aqui denominadas bases conceituais da EPT: Formação omnilateral;
Trabalho como princípio educativo; Educação para o mundo do trabalho;
Educação para o mercado de trabalho. Tendo em vista a busca de resposta para
o problema: Os conteúdos veiculados pelos vídeos institucionais dos Institutos
Federais de Educação Profissional e Tecnológica auxiliam na democratização das
bases conceituais de EPT?

Quanto à abordagem, o estudo possui natureza qualitativa, sendo “baseado na


interpretação dos fenômenos observados e no significado que carregam, ou
atribuído pelo pesquisador, dada a realidade em que os fenômenos estão
inseridos” (FREITAS, 2013, p. 70). O processo é descritivo, indutivo, de
observação que considera a singularidade do sujeito e a subjetividade do
fenômeno, sem levar em conta princípios já estabelecidos. Permite generalizações
de forma moderada, tendo em vista que parte de casos particulares.

Para a coleta de dados, foram observados vídeos institucionais publicados nos


canais oficiais do YouTube dos Institutos Federais do Brasil. O critério utilizado
para definição da amostra foi a seleção de vídeos produzidos ou atualizados e
publicados no ano de 2019.
Foram selecionados oito vídeos e, após leitura crítica e analítica do material, optou-
se pelo procedimento de análise de conteúdo, que, segundo Bardin (2016), “é um
40

conjunto de técnicas de análise das comunicações por meio de procedimentos


sistemáticos e objetivos, com o suporte teórico e metodológico” (BARDIN, 2016.
p. 37). Minayo, Deslandes e Gomes (2008) colaboram para essa ideia ao
argumentar que “através da análise de conteúdo, pode-se caminhar na descoberta
do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que
está sendo comunicado” (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2008, p. 84).

O ponto de partida deste trabalho foi o conteúdo dos vídeos, no que tange a
dimensão verbal (fala dos sujeitos), pois, conforme Franco “o ponto de partida da
análise de conteúdo é a mensagem, seja ela verbal (oral ou escrita), gestual,
silenciosa, figurativa ou documental” (FRANCO, 2007. p.19). O objetivo é
identificar entre as palavras dos atores, as bases conceituais de EPT, as quais
farão parte da transcrição dos vídeos.

Ainda sobre a análise de conteúdo, retoma-se o pensamento de Bardin (2016),


que descreve o procedimento como um conjunto de técnicas, em referência às
inúmeras possibilidades de análise dos dados coletados na pesquisa. No mesmo
sentido, Minayo (2008) destaca as seguintes possibilidades de análise: de
avaliação, de expressão, de enunciação e temática. Na presente pesquisa, optou-
se pela análise temática, que consiste em descobrir os núcleos de sentido que
compõem a comunicação e cuja presença pode significar alguma coisa para o
objetivo escolhido, sendo considerada uma regra de recorte do sentido (BARDIN,
2016).

Moraes (1999) aponta que na medida em que a pesquisa utiliza a análise de


conteúdo para conduzir a questão “para dizer o quê”, “o estudo se direciona para
as características da mensagem propriamente dita, seu valor informacional, as
palavras, argumentos e ideias nela expressos” (MORAES, 1999, p. 4). Nisso se
constitui uma análise temática, que nesta pesquisa visa compreender a dimensão
das bases conceituais de EPT em cada vídeo documental selecionado.

Dentre os procedimentos metodológicos da análise de conteúdo utilizados a partir


da perspectiva qualitativa (exclusiva ou não), utiliza-se das fases: categorização,
41

descrição e interpretação. Esses procedimentos não são lineares, podendo ocorrer


de forma não sequencial.

O procedimento metodológico utilizado seguiu o proposto por Minayo, Deslandes


e Gomes (2008) e ocorreu segundo os passos:

1. Decomposição do material a ser analisado: foi realizada a transcrição dos


vídeos, em partes, dentro do tempo da fala dos sujeitos em minutos, de
acordo com os objetivos, categorias e dimensões estabelecidos para
análise;

2. Distribuição das partes em categorias: Após a análise e transcrição de


cada trecho dos vídeos foi feita a revisão das dimensões dos critérios
dentro de cada categoria, apoiadas nas dimensões das bases conceituais
de EPT, conforme QUADRO 2.

3. Interpretação dos resultados obtidos com auxílio da fundamentação


teórica, amparado nas dimensões das bases conceituais de EPT para criar
as categorias e dimensões, e assim verificar em que medida os Institutos
Federais democratizam a EPT por meio dos conteúdos publicitados nos
vídeos institucionais
42
43

8 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Os vídeos institucionais publicados nos canais oficiais do YouTube dos IFs foram
extensamente assistidos e analisados, por várias vezes, possibilitando a absorção
de todo o conteúdo pela pesquisadora.

Para análise, o conteúdo dos vídeos foi classificado de acordo com as categorias
propostas: a) Trabalho como princípio educativo; b) Educação para o mundo do
trabalho; c) Educação para o mercado de trabalho e d) Formação omnilateral. Essa
classificação possibilitou identificar a abordagem dos conceitos de EPT, tendo
como parâmetro as discussões teóricas levantadas na revisão bibliográfica,
primeira fase deste estudo.

A divisão das bases conceituais não fragmentou o conhecimento, pois elas se


complementam, articulando-se. Para facilitar o entendimento, as categorias foram
desmembradas em dimensões, o que possibilitou uma compreensão mais
abrangente e permitiu correlacionar os conteúdos abordados nos vídeos com as
bases conceituais em EPT.

A fim de preservar a identidade dos Institutos Federais analisados, neste trabalho


eles serão identificados como IF1, IF2, IF3, IF4, IF5, IF6, IF7 e IF8.

8.1 Análise dos critérios técnicos dos vídeos

Os critérios técnicos analisados foram: apresentação do ensino, pesquisa e


extensão; imagens conciliando teoria e prática e utilização de linguagem acessível,
com Língua Brasileira de Sinais - Libras ou legenda. A análise dos critérios
técnicos está apresentada no QUADRO 3.

Entre os vídeos selecionados, há pelo menos um de cada região do país: Norte,


Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, para que a amostra pudesse percorrer o
território nacional. Em sua maioria, os vídeos institucionais foram produzidos para
a comemoração de 110 anos da Rede Federal de Educação Profissional e
44

Tecnológica, a partir do marco de 1909, conforme descrito no capítulo 5 deste


trabalho.

Sendo assim, os vídeos apresentam à comunidade as atribuições e a organização


da oferta de cursos e atendimento para seu público, em todos os Campi que
constitui o IF, em um meio de comunicação disponível de forma gratuita: a
plataforma YouTube.

Os vídeos valorizam a diversidade do seu público, mostrando pessoas de


diferentes gêneros, negras, indígenas e com deficiência. Apenas em um vídeo a
fala é por meio do narrador. Nos demais, o narrador passa a fala para os atores
que compõem os IFs: estudantes, professores e técnicos administrativos em
educação e, às vezes, para a comunidade externa. Esses vídeos possuem uma
variação de tempo entre um minuto e 23 segundos a nove minutos e 13 segundos.

Quadro 3 - Qualidade dos vídeos institucionais na pesquisa, segundo os critérios


técnicos utilizados

Articulação entre Pesquisa, Aplicação da teoria e Linguagem


Instituições Ensino e Extensão prática do ensino em EPT acessível
Sim Não Sim Não Sim Não
IF 1 X X X
IF 2 X X X
IF 3 X X X
IF 4 X X X
IF 5 X X X
IF 6 X X X
IF 7 X X X
IF 8 X X X

Fonte: Elaboração própria (2020).

Esse panorama geral dos vídeos permitiu o delineamento das categorias de


análise, possibilitando a observação detalhada de como cada um dos conceitos
está presente nas narrativas de democratização.
45

8.2 ANÁLISE DAS BASES CONCEITUAIS EM EPT

8.2.1 Categoria: formação omnilateral

A primeira categoria a ser apresentada é a formação omnilateral, que no cenário


nacional é uma pretensão, pois os IFs ainda não alcançaram uma formação
integral que concilie os saberes e o desenvolvimento das singularidades que
caracterizam o ser humano. É uma pretensão que os Institutos Federais
pressupõem cumprir como previsto em suas concepções de criação “com base na
conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas
pedagógicas” (BRASIL, 2008, p. 1).

Para esta categoria, elegeu-se três dimensões de análise: Trabalho,


compreendido como realização humana inerente ao ser e como prática econômica
em seu sentido histórico associado ao respectivo modo de produção. Ciência,
compreendida como os conhecimentos produzidos e sistematizados pela
humanidade que possibilita o contraditório avanço produtivo. Cultura, que
corresponde aos valores éticos e estéticos que orientam as normas de conduta de
uma sociedade. Considerando que a formação humana integral busca integrar tais
dimensões para conciliar o pensar e o fazer.

Os resultados dessa análise dos vídeos encontram-se no Quadro 4.


46

Em relação a essa categoria, observa-se que os conceitos pertinentes à formação


omnilateral ainda precisam aparecer de maneira mais evidente nas narrativas dos
vídeos institucionais. O Trabalho e a Ciência aparecem de forma vaga, não é
possível reconhecê-los conforme suas definições caracterizadas a partir do
referencial teórico deste trabalho. No entanto, percebe-se a sensibilidade para os
valores éticos e estéticos, que orientam as normas de conduta de uma sociedade:

para isso, a arte cultura e esporte também entram nessa equação


e completam a formação dos estudantes, eles ampliam os
horizontes que hoje conhecem e conquista além de qualificação
acadêmica e profissional, uma formação cidadã (Vídeo IF 3)1.

Desde 2008, temos certeza que investir em nossos alunos não é


somente formar profissionais, mas dar a eles condições de
transformar realidades, semeando desenvolvimento (Vídeo IF 6).

Essa complementação na formação científica é importante, pois permite formar um


profissional em condições de atuar em diversos contextos, compreendendo a
essência das relações de trabalho e da sua importância enquanto indivíduo de
direitos na sociedade. Nesse sentido, Saviani (2007) e Ramos (2008) argumentam
que a formação omnilateral contribui para a mudança de paradigmas da formação
técnica, pois dissociam o fazer e o pensar, sendo o trabalho como princípio
educativo o fio condutor.

8.2.2 Trabalho como princípio educativo

De modo geral, percebe-se que os vídeos analisados não conseguem explicitar o


trabalho como princípio educativo nos conteúdos abordados (QUADRO 5),
considerando que duas dimensões que compõem essa categoria estão ausentes
no material analisado, ou seja, não houve nenhuma referência ao sentido
ontológico do Trabalho e a integração entre o trabalho manual e o trabalho
Intelectual, que caminham juntos.

1As referências e os links de acesso aos vídeos analisados não foram disponibilizados para
preservara a identidade dos IFs que os produziram.
47

O trabalho ensina, constrói, modifica o próprio ser em sua espiritualidade,


intelectualidade e materialidade e o mundo que o cerca. Nesse sentido, a relação
entre educação e trabalho tem caráter formativo, desenvolvido pelas
características intelectuais, pensantes, transformadoras, construtoras, intrínsecas
à natureza humana.
Segundo Saviani (2007), o trabalho como princípio educativo é inerente aos seres
humanos e, como parte da natureza, os humanos são dependentes dele para
sobreviver e alimentar as necessidades, reproduzir, socializar conhecimentos, que
repassados de geração a geração, são a base do desenvolvimento político,
econômico, histórico, científico e cultural de uma sociedade.

Quadro 5 - Trabalho como princípio educativo


Desenvolvimento das
Sentido Integração trabalho
potencialidades
Instituição ontológico manual e intelectual
humanas

Sim Não Sim Não Sim Não


IF1 X X X
X X X
IF2
X X X X
IF3
X X X
IF4
X X X
IF5
X X X
IF6
X X X
IF7
X X X
IF8
Fonte: Elaboração própria (2020).

Observa-se que três IFs apresentam em suas narrativas o desenvolvimento das


potencialidades do ser humano, isso pressupõe o reconhecimento do aprendizado
como se pode verificar nas narrativas apresentadas.

Antes de entrar aqui eu não tinha dimensão de possibilidades para


estudo tanto pelo país quanto fora do país, e depois que eu entrei
eu tive experiência internacional e nacional viajando por diversos
locais e aprendendo cada vez mais então o instituto pra mim foi
um grande ponto de crescimento (Vídeo – IF 1).

O IF realmente muda vidas, ele abre portas. Eu sabia que eu tinha


muitas oportunidades aqui se eu entrasse... e foi o que aconteceu
(Vídeo- IF2).
48

Considerar o trabalho como princípio educativo equivale dizer que o ser humano
é produtor de sua realidade e, por isso, se apropria dela e pode transformá-la.
Equivale dizer, ainda, que os indivíduos são sujeitos de suas próprias histórias e
de sua realidade. Em síntese, o trabalho é a primeira mediação entre o homem e
a realidade material e social e deve ser um viés também para o desenvolvimento
individual. Por isso, é interessante que seja associado às três dimensões para essa
categoria.

8.2.3 Educação para o mundo do trabalho

Para a categoria “Educação para o mundo do trabalho”, observa-se um passo a


mais na construção de uma narrativa para a democratização da EPT, tendo os IFs
como lócus de formação humana para a emancipação do trabalhador frente às
exigências do sistema capitalista, o conduzindo para a superação de uma
educação tecnicista e configurando um novo paradigma para a educação
profissional e tecnológica. Contudo, ainda há pontos a serem desenvolvidos para
que haja a clareza na comunicação desses preceitos.

A “Educação para o mundo do trabalho” é uma categoria para a democratização


dos fundamentos da educação profissional e tecnológica e é fundamental,
considerando a perspectiva crítica como centralidade da ruptura com a concepção
de mercado de trabalho.

Os termos mundo do trabalho e mercado de trabalho, apesar de indicar a relação


trabalho x trabalhador, opõem-se no que concerne a formação do trabalhador e
seu papel no cenário produtivo. No mercado de trabalho a perspectiva é considerar
o treinamento para operacionalizar uma determinada tarefa e ter uma relação de
subserviência e inferioridade em relação ao empregador. A concepção de mundo
do trabalho possui uma perspectiva de cidadania e leitura de mundo, do qual o
trabalhador faz parte e compreende as relações sociais às quais está subjacente
(CIAVATTA, 2005)

Para essa categoria, elegeu-se as três dimensões de análise: Formação integral -


que busca a inserção do trabalhador já apropriado dos sentidos do trabalho e
49

pronto para atuar de forma ativa dentro dos processos produtivos -; Colaboração
para o bem coletivo - no desenvolvimento das potencialidades sociais econômicas,
culturais e coletivas - e o Desenvolvimento das potencialidades sociais,
econômicas, culturais e políticas. Considera-se que essas dimensões, em
conjunto, formam um arcabouço para a formação do cidadão consciente.
Os resultados obtidos a partir da análise dos vídeos para a categoria “Educação
para o mundo do trabalho” são apresentados no QUADRO 5.

A formação integral destaca-se nas falas de maneira a perceber que a importância


do trabalho educativo no âmbito escolar deve configurar em algo para além dos
muros da instituição.

A gente consegue ter o contato com a população externa e ao


mesmo tempo desenvolver nosso plano de atividade na pesquisa
e levar de volta além dos muros da instituição aquilo que a gente
consegue de resultado. Pra mim é algo muito gratificante (Vídeo
IF 2).

[...] A comunidade trabalha para produzir conhecimento científico


e inovação tecnológica que transbordam os muros da instituição e
alcançam quem mais precisa (Vídeo IF 3).

Incentivamos o desenvolvimento de pesquisas que qualificam e


ampliam a formação dos nossos alunos, promovendo um leque de
possibilidades para ingressarem no mundo do trabalho (Vídeo IF
6).

Possibilitando uma formação ainda mais completa globalizada que


rompe fronteiras, você cresce muito como pessoa, e desenvolve
muito aqui dentro (Vídeo IF 6).
50

Essas falas alinham-se com a dimensão de colaboração para o bem coletivo:

Terminar a graduação dentro da universidade e o conhecimento


que você adquiriu dentro dessa universidade, você a trazer e
aplicar dentro na sua comunidade. Tentar ajudar e contribuir de
alguma forma. Essa mudança todinha que tô (sic) falando, esse
tipo de experiência, eu tive depois que eu comecei a entrar no IF
(Vídeo IF2).

[...] Instituto Federal atua em todas as microrregiões do estado,


contribuindo para a transformação da realidade socioeconômica,
elevando a qualificação profissional e aumentando a perspectiva
de desenvolvimento dos arranjos produtivos locais (Vídeo IF7)

De acordo com o projeto de implantação dos Institutos Federais e de sua oferta de


EPT, um dos objetivos dos institutos é “derrubar as barreiras entre ensino técnico
e o científico, articulando trabalho, ciência e cultura na perspectiva da
emancipação humana [...]” (PACHECO, 2010, p. 14). Da mesma maneira
corrobora com Antunes (2001) quando destaca o ser humano e a sua ligação com
sua essência por meio do trabalho. Assim, ao mesmo tempo que favorece ao bem
coletivo, transborda para o desenvolvimento das potencialidades sociais,
econômicas, culturais e políticas.

Nos vídeos, as narrativas se destacam dessa maneira:

Eu não sou somente uma agroecóloga e domino os


conhecimentos, eu sou uma pessoa que consigo transformar
outras pessoas (Vídeo IF 2).

Acreditamos em uma educação democrática e acessível a todos e


todas por isso desenvolvemos políticas institucionais de inclusão
e acessibilidade [...] Prezamos sempre pela excelência o respeito
e a ética através de políticas de soluções inovadoras para o
crescimento individual e institucional (Vídeo IF 6).

Ao verificar a fala contida no vídeo do IF2, é possível inferir a autonomia e a


responsabilidade constituída na formação da pessoa que dá depoimento. E a fala
exposta no vídeo do IF6 complementa, pois além do crescimento individual, é
importante também o institucional, dando amplitude e contexto formativo.
51

8.2.4 A Educação para o mercado de trabalho

Essa categoria foi eleita por ser o contraponto do que se pretende ao democratizar
aos conceitos de EPT. Dessa maneira, foram verificadas as dimensões que ainda
são resquícios de um paradigma da dualidade estrutural da educação e da divisão
do trabalho por classes, por isso as dimensões são as que evidencia a relação
compra e venda de forma desequilibrada nas relações entre trabalhador e o
proprietário do capital. Sendo estas: venda da força de trabalho, empregabilidade
e apropriação do trabalho para atender às necessidades de acumulação do capital,
que se dá em benefício de uma minoria.

Os resultados da análise dos vídeos com relação a categoria “Educação para o


mercado de trabalho” são apresentados no QUADRO 6.

Quadro 1 - Categoria: Educação para o mercado de trabalho


Venda da força Apropriação do trabalho
de trabalho Empregabilidade para o atendimento das
Instituições necessidades de
acumulação do capital
Sim Não Sim Não Sim Não
IF 1 X X X
IF 2 X X X
IF 3 X X X
IF 4 X X X
IF 5 X X X
IF 6 X X X
IF 7 X X X
IF 8 X X X
Fonte: Elaboração própria (2020).

Como se observa, as falas pouco apareceram, subtendendo vestígios de uma


educação a qual Kuenzer (2005) destaca como o legado histórico de escolas para
classes sociais distintas. E que os alunos estão ali para serem moldados a se
adaptarem ao sistema capitalista.

É importante salientar que a realidade do sistema econômico nacional e global é


o capitalismo e não há como se isentar de reconhecê-lo como fator que gere a
52

sustentabilidade financeira nacional e individual. Assim, as falas surgiram de


maneira desprovida de convicção quanto à pragmática da educação tecnicista,
dualista, pois confere outros elementos das categorias que caminham contra essa
perspectiva. Dessa maneira, a venda da força de trabalho e a empregabilidade
estão nas narrativas:

A gente vê a satisfação dos alunos primeiros de estarem aqui


estudando o que eles querem, crescer e evoluir dentro do próprio
emprego e o diploma possibilita essa evolução deles. O projeto em
si ele te proporciona situações que lá na frente no seu futuro
profissional pode fazer diferença até no mercado de trabalho
(Vídeo IF 6).

Nosso corpo docente está empenhado em formar além de


profissionais de excelência, cidadãos ativos. Pensando no
desenvolvimento da nossa região, valorizamos a diversidade,
também nossas áreas de formação (Vídeo IF 6).

De maneira positiva, a apropriação do trabalho para o atendimento das


necessidades de acumulação do capital, que se dá em benefício de uma minoria,
esteve ausente das narrativas para a democratização do conceito de EPT.
53

9 PRODUTO EDUCACIONAL

As considerações feitas durante todo o percurso do trabalho acerca dos conceitos


trazidos pelos estudiosos da EPT e o resultado da pesquisa levaram à produção
de um vídeo que pudesse preencher as lacunas encontradas nas narrativas
referente aos conceitos da EPT. Assim, considerando que de um lado tem-se o
vídeo institucional, que é um meio de comunicação utilizado pelos IFs, e por outro
lado tem-se a comunidade que se apropria da mensagem desse instrumento para
obter informações sobre a oferta de ensino, verificou-se a pertinência em um vídeo
que materializasse os conceitos do cotidiano formativo nos Institutos Federais.
A escolha do produto educacional em formato de vídeo se deu por esse ser meio
de comunicação que alcança um público diverso e explora os múltiplos sentidos
corporais, além de possibilitar a apresentação de informações de maneira eficaz e
significativa (PORTUGAL, 2013).

Assim sendo, o roteiro para a produção audiovisual foi elaborado a partir dos
estudos realizados ao longo da pesquisa.

O vídeo “EPT: educação que transforma” tem em a finalidade de democratizar as


bases conceituais da EPT com uma linguagem clara, objetiva e de fácil
entendimento e contribuir para as narrativas dos vídeos institucionais oficiais, além
de difundir o processo educativo em espaços não formais. Tem como público-alvo
toda a comunidade interna e externa dos Institutos Federais, bem como aqueles
interessados pelo estudo e compreensão dos fundamentos e conceitos associados
à temática.

O vídeo proposto tem 5 minutos e 54 segundos de duração, possui tradução para


Libras e uma locução em voz masculina, apresenta os conceitos por meio de
imagens conjugadas com a narração, além de apresentar a história de um
percurso formativo da estudante Maria. Está disponível na plataforma YouTube,
na internet, no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=eo1Is3X7sSE.

Ressalta-se que, apesar da narrativa ter sido constituída por cenas, conforme
roteiro do vídeo no apêndice “A”, os assuntos se complementam e se articulam e
54

a soma da narrativa pode proporcionar à comunidade maior domínio e


compreensão da modalidade de ensino, influenciando assim na sua vida
acadêmica e formação profissional. O foco principal foi os institutos federais, no
entanto, os conceitos apresentados se aplicam à educação profissional como um
todo.

O vídeo inicia se apresentando como produto educacional gerado pela pesquisa


no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e
Tecnológica (ProfEPT) ofertado pelo IFES. Na Figura 1 a imagem desse destaque
com o tradutor de Libras no canto inferior direito.

Figura 1 - Apresentação do vídeo

Fonte: Elaboração própria (2020).

Em seguida, o vídeo apresenta o conceito de EPT a partir da LDB, destacando a


tríade de “ensino, pesquisa e extensão” (FIGURA 2), que permeia o processo de
ensino aprendizagem nessa modalidade. Também destaca o objetivo educacional
de formar cidadãos conscientes e autônomos em seu fazer profissional.
55

Figura 2 - Conceito de Educação Profissional e Tecnológica

Fonte: Elaboração própria (2020).

O vídeo apresenta também um breve histórico da criação da Rede Federal de


Educação, a partir de 1909 (FIGURA 3), destacando o paradigma da EPT como
destinada aos filhos de trabalhadores e, por conseguinte, a perpetuação dessa
ideia. Porém, mostra que a ideia é equivocada, ao falar da EPT atualmente
oferecida pelos Institutos Federais, que tem a intencionalidade de superar a divisão
social de classes e a separação entre a formação para o trabalho e a formação
intelectual.

Figura 3 -Breve histórico da RFEPT

Fonte: Elaboração própria (2020).


56

Em sequência, de uma maneira didática, o vídeo apresenta a história de Maria


para exemplificar o percurso formativo do ensino médio integrado, que conforme
a lei n. 11.892, de 2008, deve ser 50% da oferta nos Institutos Federais.

Assim, ele explica como ocorre a formação nesse nível escolar, apresentando as
características principais do ensino médio integrado à formação profissional, que
permite a certificação no ensino médio e a diplomação em um curso técnico ao
mesmo tempo (FIGURA 4). Destaca ainda as transformações das realidades locais
a partir de uma educação transformadora, voltada para o desenvolvimento
humano, alinhando conhecimentos científicos e técnicos. Ressalta também o
papel da pesquisa e inovação nesse contexto.

Figura 4 - Apresentação da Maria e da modalidade curso técnico integrado ao


ensino médio

Fonte: Elaboração própria (2020).

O vídeo mostra os aprendizados de Maria em seu percurso formativo e destaca a


ciência, cultura e a tecnologia (FIGURA 5). A ciência como a sistematização dos
conhecimentos produzidos e o catalisador para novos conhecimentos. A cultura
como valores éticos e estéticos que orientam as normas de conduta de uma
sociedade. A tecnologia como a produção do ser social, considerando as relações
socio-históricas e culturais de poder.
57

Figura 5 - Ciência, cultura e tecnologia e as bases da EPT

Fonte: Elaboração própria (2020).

A partir da compreensão desses três pilares, apresenta-se o trabalho como


princípio educativo, a pesquisa como princípio pedagógico, a educação omnilateral
e a formação para o mundo do trabalho (FIGURA 6).

Figura 6 - Categorias essenciais da EPT

Fonte: Elaboração própria (2020).


58

O trabalho como princípio educativo, educação pautada na formação humana e


compreensão histórica da maneira de viver, se alimentar e produzir cultura,
passando o conhecimento de geração a geração. Nessa concepção, o trabalho
tem em sua origem o princípio educativo.

A pesquisa, como princípio pedagógico, que propicia a atitude dos


questionamentos diante à realidade.

E a educação omnilateral, destacando a integralidade da formação do educando


(em todos os aspectos), com o domínio dos conhecimentos científicos e
tecnológicos, prevê a integração de trabalho, ciência e cultura para compreensão
do mundo do trabalho e inserção crítica e atuante na sociedade, inclusive nas
atividades produtivas, em um mundo em rápida transformação científica e
tecnológica.

A formação para o mundo do trabalho vincula as questões pessoais e as coletivas,


enumerando as potencialidades sociais, econômicas, políticas e as ações para
desenvolvimento dos processos produtivos.

Após apresentar esses conceitos, há uma sistematização que destaca o objetivo


da EPT como formação para a criticidade, oferecendo condições para o
desenvolvimento de capacidade de interferência e transformação da realidade
pessoal e da comunidade. Sendo assim, o vídeo convida para uma vivência dentro
dessa modalidade educacional (FIGURA 7).
59

Figura 7 - Encerramento do vídeo com convite para participar da Rede Federal de


Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPT).

Fonte: Elaboração própria (2020).

Ressalta-se que o vídeo não exauriu todas as especificações da EPT, mas focou-
se no contexto da preparação de pessoas para o exercício de profissões,
contribuindo para que o cidadão possa se inserir e atuar no mundo do trabalho e
na vida em sociedade. Assim, atingiu-se o objetivo específico de propor, como
intervenção, um vídeo lúdico que democratize as bases conceituais de EPT de
maneira a colaborar para a compreensão da oferta promovida pelos IFs.

9.1 APLICAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL

A previsão para validação do produto educacional ocorreria com um público de


estudantes dos Institutos Federais a partir de visitas da pesquisadora em sala de
aula. No entanto, devido às circunstâncias de medidas sanitárias de isolamento e
distanciamento social ocasionadas pela Covid-19 2 , a metodologia precisou ser
flexibilizada e adequada a esse momento imprevisível do contexto social.

2A Covid-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, que apresenta
um espectro clínico variado de infecções assintomáticas a quadros graves. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com Covid-19 podem ser
assintomáticos ou oligo sintomáticos (poucos sintomas), e aproximadamente 20% dos casos
detectados requer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória, dos quais
aproximadamente 5% podem necessitar de suporte ventilatório. Disponível em:
<https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#o-que-e-covid>. Acesso em: 05 de out. 2020.
60

Nesse novo cenário, optou-se por fazer uma apresentação do vídeo “EPT:
educação que transforma” para um grupo de estudantes e em seguida a aplicação
de questionário para captar a impressão deles em relação ao mesmo. Foi
escolhido o Instituto Federal de Brasília como lócus de aplicação, haja vista a
relação profissional a qual a pesquisadora mantém com a instituição e as relações
éticas que essa instituição possui frente às pesquisas.

Assim sendo, elegeu-se um encontro síncrono, por meio de plataforma on-line,


para realizar a aplicação. Antes do momento concreto, foram realizadas
sensibilizações para participação da pesquisa por meio de material visual
encaminhado aos estudantes, conforme Figura 8.

Figura 8 - Convite: sensibilização para participar da pesquisa

Fonte: Elaboração própria (2020).

Nessa parte da pesquisa, participaram 11 estudantes dos cursos técnicos em


Eventos, Segurança do Trabalho e Produção de Áudio e Vídeo, que cursavam o
1º, 2º e 3º ano de curso. Sendo 10 estudantes do curso técnico integrado ao ensino
médio e um do curso técnico subsequente ao ensino médio.

O questionário foi elaborado para ser simples e ao mesmo tempo abranger os


pontos essenciais estabelecidos para que esse vídeo cumpra seu objetivo de
democratizar os conceitos da EPT.
61

Assim sendo, solicitou-se aos respondentes informações sobre suas impressões


em relação aos aspectos técnicos do vídeo e sua apresentação, com o objetivo de
verificar se as imagens correspondiam à aplicação da teoria e prática do ensino
em EPT e aos conceitos apresentados e seu aspecto inclusivo. Ambos aspectos,
técnicos e inclusivo, foram verificados na pesquisa realizada com oito Institutos
Federais e apresentados no Capítulo 6 desta dissertação.

Nesse sentido, a partir da pesquisa com os alunos a respeito do vídeo produzido,


obteve-se as seguintes impressões:

Pelo Gráfico 1, observa-se que a grande maioria (81,8%) achou que as


imagens utilizadas foram adequadas para os temas apresentados no vídeo,
respondendo “sim” na pergunta. Nenhum deles respondeu “não”. E as respostas
“parcialmente” e “não sei opiniar”, ficaram cada uma com 9,1% das opiniões.
62

Em se tratando da característica de inclusão do vídeo, 81,8% também


responderam “sim”, concordando que o vídeo atende à proposta inclusiva. Outros
18,2% responderam “parcialmente”. Nesta pergunta, também não houve
nenhuma resposta “não”.

Esses dois primeiros aspectos são importantes neste estudo, haja vista a
diversidade de pessoas que acessarão ao vídeo tanto na plataforma YouTube
como na Educapes, ambas disponibilizadas pela internet, que conforme afirma
Leão (2001), ocupa um lugar central em todos os aspectos da vida social.
Tratando-se de um vídeo com objetivo formativo, não poderia deixar de ser
inclusivo e didático em seus meios de difundir o conhecimento.
O próximo ponto abordado foi sobre os Institutos Federais e a
importância da Pesquisa, do Ensino e da Extensão na EPT. Essa tríade está
presente entre os objetivos e finalidades estabelecidos para os IFs na lei de sua
criação. Verifica-se que o produto apresenta essa característica, sendo que
apenas 9,1% dos respondentes considera que apresentou de forma parcial como
demostra o Gráfico 3.
63

Ponto elementar para uma formação profissional que visa romper os embates
entre as diferenças das classes sociais é a formação do trabalhador para o mundo
do trabalho que está vinculado à perspectiva crítica da educação e à formação
para a cidadania e autonomia. Essa formação que busca a inserção do
trabalhador, o qual apropria-se dos sentidos do trabalho, opondo-se a uma
formação do trabalhador apenas como mão de obra que vende a sua força de
trabalho para o mercado de trabalho.

Nesse sentido, os IFs ocupam um espaço de resistência aos modelos pedagógicos


que dissociam a educação dos processos produtivos, modelo que Frigotto (2001)
e Saviani (2007) apresentam e que Kuenzer (2007) destaca ao descrever distintas
trajetórias educativas entre as classes sociais.

Ao questionar sobre a clareza em distinguir a “formação para o mercado de


trabalho” e a “formação para o mundo do trabalho”, os respondentes, em sua
maioria, concordaram que a produção audiovisual conseguiu apresentar a
diferença entre essas formações. No Gráfico 4 verifica-se que 72,7% responderam
que “sim”, o vídeo apresenta essa diferença. Nenhum deles respondeu que “não”.
64

Entre os restantes, 18,2% responderam que essa diferença é apresentada de


maneira “parcial” e 9,1% não souberam responder.

No Gráfico 5 apresenta-se a impressão dos respondentes acerca da importância


da formação integral do estudante para a sua inserção nos processos produtivos.
Alguns conceitos atrelam-se a esse questionamento como, por exemplo, a
educação omnilateral. Buscou-se demonstrar no vídeo o que Ramos (2008) retrata
sobre esse conceito, que é a constituição da prática social por meio da agregação
das dimensões do trabalho, da ciência e da cultura, tratado neste trabalho no
Capitulo 3. Para a quase totalidade dos respondentes, 90,9%, o vídeo retrata a
importância da formação integral do estudante para sua inserção nos processos
produtivos. As opções “não” e “parcialmente” não foram utilizadas como respostas
por nenhum dos participantes e apenas 9,1% respondeu que não sabia opinar.
65

Outro aspecto abordado junto aos respondentes em relação ao vídeo foi sobre a
proposta de democratizar o conceito de Educação Profissional e Tecnológica nos
Institutos Federais de Educação. Dessa forma, buscou-se verificar o objetivo
específico da pesquisa de propor um vídeo lúdico como intervenção, que
democratize as bases conceituais de EPT, foi atingido.

No Gráfico 6 verifica-se que a princípio o objetivo foi alcançado, pois 72,7% dos
entrevistados responderam que “sim”, o vídeo democratiza os princípios e as
bases conceituais da Educação Profissional e Tecnológica. Nenhum dos
respondentes utilizou a opção “não”. E entre os restantes, 18,2% responderam
“parcialmente” e 9,1% responderam “não sei opinar”.
66

Gráfico 6 - O vídeo apresentado democratiza os princípios e as bases conceituais


da Educação Profissional e Tecnológica

Fonte: Elaboração própria (2020).

Resultado similar foi obtido no questionar sobre a contribuição do vídeo para o


entendimento a respeito dos pilares que sustentam a EPT. No Gráfico 7 verifica-
se que o vídeo permite tal compreensão, sendo que 72% dos participantes
responderam que “sim”, que verificaram essa contribuição, e nenhum deles
responde “não”.

Gráfico 7 - Contribuição para o entendimento sobre os pilares que


sustentam a EPT

Fonte: Elaboração própria (2020).


67

A avaliação do produto educacional foi relevante para a verificação do alcance dos


objetivos do vídeo. Uma das características mais evidentes da comunicação digital
destacada por Terra (2011) é a possibilidade de interação e feedback. Dessa
maneira, este produto não pretende ser fim, e sim um instrumento de reflexão para
a melhoria constante na busca da democratização dos conceitos da EPT e
consequentemente a própria difusão dessa modalidade educacional.
68

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender que os processos formativos e de aprendizagem ocorrem para além


da sala de aula contribuiu para o alcance do objetivo geral desta pesquisa. Porém,
este estudo valorizou a escola como lócus de construção do saber, apontando a
utilização da comunicação digital e das novas tecnologias disponíveis na
atualidade, as quais são geralmente utilizadas para entretenimento. Essas
possibilidades visam o favorecimento do acesso às informações para o serviço
público, que aqui se caracteriza pela oferta de educação profissional e suas
inúmeras possibilidades, que vão além da aquisição e aumento de escolaridade,
interferindo no posicionamento pessoal e profissional diante do mundo do trabalho.

Assim sendo, este estudo buscou analisar vídeos institucionais produzidos por
Institutos Federais de Educação Profissional e Tecnológica, tendo como referência
bases conceituais que sustentam a educação profissional brasileira na perspectiva
de uma formação integral. Para análise dos vídeos, foram estabelecidas as
seguintes categorias que são essenciais para conceituar a EPT nessa perspectiva:
formação omnilateral, trabalho como princípio educativo, educação para o mundo
do trabalho e educação para o mercado de trabalho.

Para identificar as categorias, que seriam promotoras das bases conceituais, foi
realizada uma discussão referente à relação educação e trabalho, considerando
que essa relação compõe o sentido ontológico do homem, o diferenciando dos
outros animais, e o sentido histórico, na perspectiva do processo de produção e
desenvolvimento da modificação da natureza pela ação humana ao longo do
tempo. O sentido histórico conforme apresentado por Saviani e discutido por
Frigotto, Saviani e Kuenzer, em relação à separação dos percursos formativos
para processos produtivos distintos a partir da relação da classe social, à qual
pertence o indivíduo historicamente presente na educação brasileira.

Infelizmente, ainda se tem um grande percurso na superação do acesso aos


direitos básicos: saúde, segurança, educação e moradia, de acordo com a
distinção de poder aquisitivo no Brasil. Nesse sentido, é importante destacar a
construção histórica para compreender a base da existência desse contexto, tendo
69

em vista a construção de uma sociedade mais igualitária e a valorização dos


diversos profissionais que edificam a economia e dão sustentabilidade ao Estado,
independentemente de ser um trabalho que exige mais de características físicas e
técnicas ou um trabalho em que são mais evidentes os aspectos cognitivos. A
compreensão de que todo o trabalho exige um conjunto de saberes específicos e
são essenciais para a vida em sociedade traz à tona a discussão da dicotomia
entre o trabalho manual e o trabalho intelectual e a necessidade de envolvimento
de múltiplos aspectos, buscando uma educação integral.

Dessa maneira, pensar a educação integral é discutir a perspectiva do trabalho


educativo como possibilidade de minimizar a separação entre trabalho manual e
intelectual. Assim, sob a ótica das autoras Ciavatta e Ramos, debateu-se o
conceito de a omnilateralidade como a constituição da prática social, por meio da
agregação das dimensões do trabalho, da ciência e da cultura.

Atrelado a essa discussão, apresenta-se o contexto histórico da EPT, que foi uma
modalidade criada no Brasil com base nessa dualidade histórica. Porém, a partir
da criação dos Institutos Federais de Educação, as concepções pedagógicas, seus
objetivos e finalidades possibilitam e visam a superação desse paradigma, haja
vista que os IFs têm como compromisso social oferecer educação profissional
pública, gratuita e de excelência.

Nesse contexto e diante da importância da comunicação digital como interlocutora


da informação dirigida a uma grande parcela da população e da possibilidade de
um público potencial para os Institutos Federais, foram feitas as análises dos
vídeos disponibilizados pelos IFs em 2019. Foram vídeos produzidos e publicados
com intuído de promover a oferta e a própria instituição. Verificou-se que os
conceitos de EPT poderiam ser mais explorados nas narrativas, fazendo
vinculações aos projetos desenvolvidos pelos IFs, projetos que estimulam as
diversas possibilidades de desenvolvimento intelectual, físico, emocional, social e
cultural do indivíduo e a relação entre esses aspectos, que são todos interligados.
Os Jogos Internos, os projetos de iniciação científica e os projetos de extensão,
são exemplos de propostas que induzem a comunidade a construir e compartilhar
a proposta pedagógica dos IFs.
70

O trabalho precisa ser melhor retratado de maneira a ser compreendido como


realização humana, e não apenas como fim em si mesmos, fortalecendo a
formação omnilateral e o trabalho como princípio educativo. É necessário romper
com uma cultura do trabalho como forma de punição e difundir o trabalho como
valorização e externalização dos saberes sistematizados individualmente em prol
de uma coletividade, e a ciência como um bem para a humanidade.

Apresentar essas concepções é importante para diferenciar as discussões entre o


mundo e o mercado de trabalho. Conceitos que se diferenciam no papel social do
trabalhador e nas concepções de sociedade, influenciando o processo formativo e
o entendimento de educação. No entanto, as falas nos vídeos explicitaram com
pouca convicção a diferenciação pragmática entre essas visões de mundo. Seria
necessário encontrar uma maneira de apresentar o ensino técnico integrado ao
ensino médio a fim de vincular teoria e prática e buscar o desenvolvimento das
potencialidades do ser humano.

Assim, verificou-se que os vídeos, em parte, auxiliam quanto à democratização


das bases conceituais da EPT. Porém, ainda há algumas lacunas que podem ser
preenchidas no sentido de melhorar a qualidade do processo formativo do público
que os visualiza. Assim sendo, considerando o percurso formativo proporcionado
pela escrita da dissertação, foi construído um produto educacional, qual seja, um
vídeo que apresenta os Institutos Federais a partir das concepções da EPT como
possibilidade de transformação social. Para isso, apresenta-se as bases
conceituais da EPT e como elas são vivenciadas nos Institutos Federais por meio
de um exemplo de história de vida.

O resultado foi o vídeo “EPT: educação que transforma”, disponível na plataforma


YouTube. A intenção ao utilizar essa plataforma é alcançar o maior público
possível e disponibilizar o vídeo também para as instituições, democratizando as
bases da educação profissional. Importante salientar que é uma plataforma de
acesso gratuito, por meio da internet, que permite, inclusive, que os seus
visualizadores façam a avaliação do vídeo.
71

Esse vídeo foi apresentado a um grupo de estudantes do ensino médio para a


captação de suas impressões a respeito do mesmo. De forma geral, os
participantes da entrevista, feita através de questionário no Google Form, sinalizou
que as imagens estão adequadas aos conceitos, que há características de
inclusão no vídeo e que ele destaca a importância da tríade pesquisa, ensino e
extensão.

As duas primeiras características são muito importantes para gerar o interesse


inicial em visualizar o vídeo e desencadear o interesse para a temática. A
pesquisa, ensino e extensão precisam ficar evidentes, porque a congregação
desses três aspectos é o que estimula mudanças das demais categorias e são um
diferencial para os Institutos Federais em relação às instituições escolares de
educação profissional situadas nos paradigmas pedagógicos anteriores.

Apesar do contexto em que foi apresentado o vídeo, houve sinalizações de que


eles apresentavam parcialmente a democratização dos princípios e as bases
conceituais da Educação Profissional e Tecnológica e a contribuição para o
entendimento sobre os pilares que sustentam a EPT. Em relação à importância da
formação omnilateral do estudante, os respondentes indicaram que está presente
no vídeo. Porém, foi um percentual baixo comparado ao todo, sendo que mais de
72% dos respondentes sinalizaram que a proposta de democratizar as bases
estava sendo atingida.

Diante a esses posicionamentos e ao disposto na dissertação, a pesquisa


realizada alcançou os seus objetivos específicos, pois analisou o conteúdo dos
vídeos institucionais, verificando se abordaram as bases conceituais que
sustentam a educação profissional brasileira na perspectiva de uma formação
integral na EPT. E isso possibilitou a identificação de lacunas e pontos positivos
desses vídeos, conforme apresentando no capítulo 8, orientando a definição de
categorias e critérios para a análise de conteúdo dos vídeos, o que foi apresentado
nos procedimentos metodológicos subsidiado com a explanação teórica dos
capítulos iniciais deste trabalho.
72

O último objetivo específico era produto educacional, composto por um vídeo


lúdico que promovesse a democratização das bases conceituais de EPT de
maneira a colaborar para a compreensão da educação oferecida e promovida
pelos IFs. A intervenção foi atingida, haja vista que na avaliação de um grupo de
estudantes, obteve-se uma análise positiva em relação ao vídeo, demonstrado que
o vídeo alcançou o objetivo pretendido.

Assim, diante às pretensões iniciais, o vídeo se mostrou eficiente e efetivo,


apresentando de forma clara e objetiva as bases conceituais da EPT à
comunidade.

Outro ponto relevante é que esse produto pode auxiliar na produção das narrativas
dos vídeos institucionais oficiais dos diversos Institutos Federais em todos os
estados do Brasil, contribuindo para o fortalecimento da educação profissional e
tecnológica e para a compreensão de sua proposta pedagógica. Além de
possibilitar a diversificação de seu público e facilitar o acesso.

Outra possibilidade de utilização do vídeo, pela característica pedagógica na


abordagem das concepções da EPT, é na formação de professores e demais
profissionais para essa modalidade, ou seja, nos programas de formação de novos
servidores na Rede Federal de EPT. Como produto passível de melhorias, essa
utilização poderá ser possível com o apoio de uma equipe multidisciplinar que
envolva tanto profissionais específicos da área de comunicação quanto
profissionais da área de educação, sendo possível a melhoria desse vídeo ou
criação de outros. Essa indicação tem como contexto a evidência da comunicação
digital como estratégia para a difusão de informação e também como meio de
fortalecer o esforço permanente de difusão da compreensão da educação como
fator determinante para o desenvolvimento humano e social.
.
73

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78

APÊNDICES

APÊNDICE A - DESCRIÇÃO TÉCNICA DO PRODUTO EDUCACIONAL

Autoria: Ma. Bélrica Dantas e Dra. Beatriz Brasileiro


Origem do produto: Produto Educacional apresentado ao Programa de Pós-
graduação em Educação Profissional e Tecnológica, ofertado pelo Instituto
Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestra
em Educação Profissional e Tecnológica.
Área de Conhecimento: Educação
Público-Alvo: Qualquer cidadão que objetiva entender de forma clara a Educação
Profissional e Tecnológica.
Categoria deste Produto: Bases conceituais da EPT; Democratização do
conceito de EPT
Objetivo: Democratizar as bases conceituais da EPT, por meio de vídeo lúdico
Estruturação do Produto: Vídeo em 2 D com colagem de figuras, narração com
linguagem clara e objetiva sendo representada por um personagem fictício.
Registro do Produto/Ano: 2020
Avaliação do Produto: Banca de Defesa da Dissertação.
Disponibilidade: Irrestrita, preservando-se os direitos autorais bem como a
proibição do uso comercial do produto.
Divulgação: Em formato áudio vídeo, hospedado no you tube
Instituição Envolvida: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Espírito Santo.
URL: https://youtu.be/eo1Is3X7sSE
Idioma: Português
Cidade: Brasília-DF
País: Brasil
79

APÊNDICE B - ROTEIRO DO VÍDEO – “EPT: EDUCAÇÃO QUE TRANSFORMA”

VINHETA DE ABERTURA
Olá! Você vai assistir um vídeo sobre as bases conceituais importantes da
educação profissional e tecnológica, de forma atual e contextualizada.
Este vídeo é resultado da pesquisa realizada no curso de Mestrado em
Educação Profissional e Tecnológica, do Instituto Federal do Espírito Santo.
CENA 1
A Educação Profissional e tecnológica está prevista na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional.
A ideia dessa modalidade é realizar a formação profissional, através de
atividades de ensino, pesquisa e extensão, com base nas premissas da integração e
da articulação entre ciência, tecnologia, cultura e outros e conhecimentos específicos
da profissão.
Isso tudo é para contribuir com a formação de um cidadão que atue de forma
consciente e autônoma no mundo do trabalho e na vida em sociedade.
CENA 2
A Educação Profissional e Tecnológica começou, há mais de cem anos, em
1909, quando Nilo Peçanha compreendia que a Educação Profissional poderia
modificar a realidade brasileira.
No começo, o que parecia ser um conjunto de escolas para ensinar uma
profissão aos filhos dos pobres, se converteu em espaços para a inovação, cultura,
ciência, tecnologia e ensino de excelência.
Ao longo de um século essas escolas tiveram vários nomes e passaram por
muitas mudanças. Até que em 2008 a lei 11.892 criou os Institutos Federais.
CENA 3
Os Institutos trabalham junto com a comunidade, para encontrar soluções
práticas, tecnológicas e duradouras para os problemas do dia a dia.
Apesar das diversas conquistas, até hoje parte da sociedade acredita que os
Institutos Federais servem para formar filhos dos trabalhadores que precisam obter
uma profissão ainda no nível médio, não podendo adiar este projeto para o nível
superior de ensino, em um esforço que evidencia a divisão social de classes, a
80

separação entre a formação para o trabalho e a formação intelectual. Isso não ocorre
nos IFs!
CENA 4
Maria, por exemplo, optou pelo ensino médio integrado com uma formação
profissional e, aos 18 anos, quando concluiu o ensino médio, também se formou
como técnica em química pelo Instituto Federal.
Os cursos técnicos integrados ao ensino médio estão transformando as
realidades locais por meio da educação transformadora, voltada para o
desenvolvimento humano, formando cidadãos protagonistas da sua própria história,
aliando os conhecimentos científicos e técnicos, além da possibilidade de
participação na produção de pesquisas científicas inovadoras.
CENA 5
Maria, durante a trajetória de estudo, aprendeu que muito além de repetir
comandos e operações mecânicas, a modalidade de ensino da educação profissional
é sustentada em três pilares muito sólidos:
1. Ciência: compreendida como os conhecimentos produzidos pela
humanidade que possibilita o contraditório avanço produtivo.
2. Cultura: corresponde aos valores éticos e estéticos que orientam as normas
de conduta de uma sociedade.
3. Tecnologia: que deve ser entendida como produção do ser social,
considerando as relações sócio-históricas e culturais de poder.
Tendo como base.
O trabalho como princípio educativo: a educação deve se pautar na
formação humana e na compreensão histórica de como o ser humano faz da natureza
a sua maneira de viver, se alimentar e produzir cultura. Passando conhecimentos de
geração em geração, o trabalho tem, na sua origem, um princípio educativo.
A pesquisa como princípio pedagógico: orientando as práticas pedagógicas e
desenvolvendo a atitude de questionamento dos estudantes diante da realidade
Educação Omnilateral que envolve a formação integral do educando, com
domínio dos conhecimentos científicos e tecnológicos. Para tanto, prevê a integração
de trabalho, ciência e cultura, ou seja, das áreas da vida que estruturam a nossa
prática social.
81

Formação para Mundo do trabalho, que visa inserir o ser humano nos
elementos que constituem sua própria existência ao mesmo tempo em que ele
colabora para o bem coletivo no desenvolvimento das potencialidades sociais,
econômicas, culturais e políticas, atuando deforma ativa nos processos produtivos.
CENA 6
Agora que você já sabe que o principal objetivo da educação profissional é
formar pessoas críticas capazes de fazer coisas novas, capazes de interferir e
transformar a sua realidade e a realidade da sua comunidade.
Faça como a Maria e venha para essa rede de transformação!
82

APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO VÍDEO – EPT:


EDUCAÇÃO QUE TRANSFORMA
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