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Vitória
2020
ANDRESSA FREIRE RAMOS COUTO
Vitória
2020
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)
CDD 21 – 374.013
Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656
AGRADECIMENTOS
The inseparability between teaching, research and extension has been the subject of
research in graduate programs at Brazilian universities, as well as being at the center
of reflections and discussions within the sphere of federal institutes. However, in the
field of Professional Education there is little research projects related to the planning
of inseparable actions. In that way, investigating the inseparability, relating it to the
assumptions of Professional and Technological Education and proposing ways to
support teachers with the planning of these actions, become relevant initiatives for the
progress of integrated education, as they are actions that contribute to this purpose.
Therefore, this study addresses fundamental concepts in the field of Professional and
Technological Education, in order to articulate them and structure ways to apply the
constitutional principle of inseparability between teaching, research and extension in
the school routine of a Federal Institute, and aims to assist the planning of successful
pedagogical actions through instructional materials. This applied qualitative research
had the theoretical support of Rays (2003), Maciel (2017), Araújo and Frigotto (2018)
and Mizukami (1986) for discussions about the concept of inseparability, in a particular
way , as an integrating action in professional education, the socio-cultural teaching-
learning approach, while the methodological path relied on Filatro (2008) and Kenski
(2015), with the ADDIE model to support the analysis of the Individual Work Plans
(PIT's), as well as the use of the data-collecting instrument (questionnaire), in order to
extract elements that guide the production of instructional material from the
perceptions of the research subjects — the teachers at Ifes Campus Colatina. As a
result, it was possible to organize the educational product “The inseparable guide
between teaching, research and extension: dialoguing on an integrating practice”, an
instrument used to assist teachers in appropriating the conceptions and concepts that
underlie the inseparability as an integrating action in the perspective of an integral
human formation.
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12
1.1 MAPEAMENTO DE PRODUÇÕES BIBLIOGRÁFICAS ............................... 15
1.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS E METODOLÓGICOS DESTA
INVESTIGAÇÃO ............................................................................................ 22
1 INTRODUÇÃO
Iniciei minha trajetória no Instituto Federal do Espírito Santo como aluna do curso
técnico em Metalurgia e Materiais, assim como pude começar meu percurso laboral
nessa instituição exercendo atividades de estágio na biblioteca “Nilo Peçanha” do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) – Campus
Vitória. Essa instituição faz parte da minha história de vida. Nesse caminhar, em
setembro de 2008 tomei posse como técnico-administrativa em educação e após
alguns anos tive a oportunidade de fazer parte de um dos pilares da formação discente,
no setor que tem como área fim a extensão.
Muito me auxiliou essa participação na construção no que era, então, minha proposta
de pesquisa e, atualmente como mestranda na área específica da educação
profissional, percebi a oportunidade de contribuir com o fazer das ações pedagógicas.
As práticas pedagógicas educativas constituem-se para formação do discente e, por
isso, são alvo de estudos e o cotidiano escolar é orientado por normas, diretrizes e
regulamentos construídos com base na legislação nacional.
curriculares dos cursos, nos planos de ensino, nos planos de trabalho, enfim, em todo
o corpo documental do campus para proporcionar estratégias efetivas na
reestruturação dos modos de trabalho dos professores, que constitui o universo desta
investigação.
Segundo Saviani (1984, p. 51) “ninguém chega a ser pesquisador, a ser cientista, se
ele não domina os conhecimentos já existentes na área em que ele propõe a ser
investigador, a ser cientista”. Essa afirmação do autor aponta elementos para discutir
a importância da organicidade do tripé dos institutos federais que atuam por uma
educação profissional e tecnológica. Apenas quando se tem conhecimento
aprofundado de fenômenos é possível estabelecer pesquisa e extensão. É uma
relação retro-alimentada em que o ensino se apresenta como um caminho em que o
aluno constrói conhecimento, quando ele consegue dar conta da compreensão do
encontro de sua percepção com a realidade, a partir de conteúdos teóricos e práticos,
pelos sentidos, pela experiência, também, e a cada construção isso se volta para
necessidade de novos conhecimentos e com isso a realização de pesquisa. Tudo
isso, culminando com a extensão como um agente de transformação social nesta
relação com a sociedade. Se o conhecimento é provisório, no sentido de que o modo
de produzir ou reproduzir a realidade é resignificado, é reinventado, o conhecimento
é reconfigurado e isso remete, para mim, à práxis de Marx.
o ensino, pesquisa e extensão que propicia, dentre outros, a relação teoria e prática
na essência de suas práticas pedagógicas.
Para responder a esse questionamento central foi delimitado como objetivo geral do
trabalho, a realização, por meio de pesquisa bibliográfica, uma proposta de material
instrucional para auxiliar o planejamento das ações pedagógicas triúnas no Ifes –
Campus Colatina. Para dar suporte para atingir esse objetivo maior, foram definidos
os seguintes objetivos específicos: (1) compreender as características da
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; (2) mapear as atividades
docentes, com foco nas ações declaradas de ensino, pesquisa e extensão do Ifes-
Campus Colatina; (3) identificar a percepção dos professores do Ifes – Campus
Colatina quanto ao tema indissociabilidade.
que pesquisas encontradas por meio dessa busca façam parte do embasamento
teórico de uma nova investigação, ou ainda, demonstrem lacunas
investigativas. Também, é possível indicar silêncios, ou seja, temáticas que não foram
investigadas ainda e que necessitam ser exploradas, assim, são também importantes,
pois podem demonstrar pioneirismos acadêmico-científicos.
suas práticas. Optei, então, por delimitar a busca para os trabalhos dos últimos 5
anos (2015-2020), por se tratarem de fontes mais recentes e, como resultado, foram
achados 26 trabalhos. Por ser o resultado da segunda busca mais denso apresento
uma divisão para melhor compreensão de suas contribuições. Neste momento, irei
agrupar os trabalhos de acordo com minha percepção quanto à sua colaboração
conforme descrito no Quadro 1:
Esta seção tem o intuito de trazer aos leitores os conceitos fundamentais pelos quais
esta pesquisa está baseada, além disso traz, também, o percurso metodológico
adotado.
integrado é favorecido quando são organizados para promover a autonomia, por meio
da valorização da atividade e da problematização, por meio do trabalho coletivo,
cooperativo e solidário.
Ao longo dos anos, o tema indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão foi
objeto de pesquisa, sendo seu princípio fundamental descrito no artigo 207 da
constituição federal de 1988, conforme segue: “As universidades gozam de autonomia
didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão
ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. ” Este princípio
precisa ir além da lei e materializa-se no cotidiano escolar, para isso o entendimento
do tema precisa ser alvo de pesquisas, buscando dirimir dúvidas no ambiente escolar.
Ao propor neste estudo um material instrucional que auxilie o planejamento das ações
triúnas se materializa a promoção da unidade entre ensino, pesquisa e extensão. Esse
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material tem a proposta de indicar uma cultura associativa entre ensino, pesquisa e
extensão, buscando demonstrar que o papel do docente é fundamental para
superação da dicotomia teoria-prática através do planejamento de ações que
constituem a formação dos discentes nos institutos federais. Pacheco (2011, p.11)
descreve o objetivo dos Institutos Federais para a formação dos alunos:
Nosso objetivo central não é formar um profissional para o mercado, mas sim
um cidadão para o mundo do trabalho – um cidadão que tanto poderia ser um
técnico quanto um filósofo, um escritor ou tudo isso. Significa superar o
preconceito de classe de que um trabalhador não pode ser um intelectual, um
artista. A música, tão cultivada em muitas de nossas escolas, deve ser
incentivada e fazer parte da formação de nossos alunos, assim como as artes
plásticas, o teatro e a literatura. Novas formas de inserção no mundo do
trabalho e novas formas de organização produtiva como a economia solidária
e o cooperativismo devem ser objeto de estudo na Rede Federal.
Para propor um material que auxilie o planejamento das ações pedagógicas foi preciso
algumas etapas: Compreender as características da indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão a partir do seu conceito teórico; mapear as atividades docentes,
com foco nas ações declaradas de ensino, pesquisa e extensão do Ifes - campus
Colatina pois objetiva contextualizar o problema conhecendo o público-alvo nesta
perspectiva; além de aplicar um questionário ao universo da pesquisa, os docentes.
Considerei os respondentes da pesquisa para utilização dos dados. Outros
documentos institucionais como: o plano de desenvolvimento institucional do Ifes; a
resolução que regulamenta as atividades docentes no âmbito do Ifes, bem como,
legislações que tratam da educação profissional.
Através da identificação dos dados, no questionário dos respondentes, foi possível
verificar dificuldades quanto a efetiva materialização da indissociabilidade, e ainda,
elencar elementos que podem compor a proposta de uma ferramenta instrucional que
auxilie os professores na concepção das ações indissociáveis. Diante dos dados a
proposta de um guia se torna algo prático para contribuir com o planejamento docente
no que se refere a construção das ações triúnas.
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A fase posterior, o Design, para Kenski (2015) é "o processo de idealização, criação
aquela em que se definem os objetivos e recursos a serem aplicados para se alcançar
o proposto e, nesse sentido foram definidas as mídias, as ferramentas e o formato
comunicativo, ou seja, como seria estabelecida a "conversa" com os sujeitos da
pesquisa, como todo o conteúdo seria levado a ele. Na sequência e seguindo a
organização da fase Desenvolvimento, a partir de Filatro (2008) foram pensadas as
adaptações dos recursos, do conteúdo e, ainda, como o guia seria distribuído. Nesta
fase foi relevante pensar como seria a arquitetura do produto, como ele se
apresentaria graficamente e como todo o conteúdo estaria disposto para melhor
compreensão dos leitores, do público-alvo. Também nesta fase foram pensadas as
categorizações necessárias à essa organização.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A autora discute essa problemática em duas partes, sendo a primeira a que não há
métodos e formas institucionais que conduzam às práticas e ações indissociáveis,
mantendo assim o ensino, pesquisa e a extensão como ações, atividades separadas
no cotidiano. Em outro momento, é incisiva em dizer que a associação entre as
funções de ensinar, pesquisa e extensão não se realiza no professor ou no estudante
somente, mas se configuram como uma tarefa institucional. Quanto a isto, ressalta-se
que a mudança de conduta, de leis e normas são pensadas e propostas em um
contexto democrático, sendo os professores e alunos partes integrantes e
fundamentais no processo de conduzir ações pedagógicas na instituição. Sendo
assim, é necessário que estejam cercados de conhecimento sobre a temática e
discutam com suas pares formas de regulamentar e direcionar a indissociabilidade
nas “formas de fazer educação”, no processo de ensino-aprendizagem, na perspectiva
de uma formação humana integral.
Para Cunha, além das formas de fazer (2011, p. 449) “Trata-se de uma concepção de
indissociabilidade que transcende ao campo epistemológico, mesmo reconhecendo
que esse é um fundamental ponto de partida; incorpora a dimensão política, que exige
compromisso público e social”. Nesse contexto, é possível perceber que a
indissociabilidade se reveste de tensões dentre elas ligadas à questões como
educação e trabalho, política e uma formação para além do imediatismo, porém estas
ações estão situadas em um contexto de instituições que reproduzem a fragmentação
entre os que “pensam” e os que “executam” em suas práticas. Assim, partilha-se do
pensamento de Manfredi (2002, p.12) quando diz que é um desafio educar
proporcionando um desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico e este
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A relação entre teoria e prática se impõe, assim, não apenas como princípio
metodológico inerente ao ato de planejar as ações, mas, fundamentalmente,
como princípio epistemológico, isto é, princípio orientador do modo como se
compreende a ação humana de conhecer uma determinada realidade e
intervir sobre ela no sentido de transformá-la. A unidade entre pensamento e
ação está na base da capacidade humana de produzir sua existência. É na
atividade orientada pela mediação entre pensamento e ação que se
produzem as mais diversas práticas que compõem a produção de nossa vida
material e imaterial: o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura (BRASIL,
2012a, p. 16).
Esta legislação voltada para constituição do ensino médio integrado, vai além, pois vai
ao encontro da proposta de um ensino integrado, conforme nomeia (FRIGOTTO,
2018), ou seja, não se limita a um nível de ensino, mas a uma proposta de constituição
humana onde a articulação entre a proposta de produzir o conhecimento se relaciona
com a intervenção na sociedade. E este processo, apesar de ser parte ontológica,
inerente a nós humanos, pode se perder devido às relações que regem o capital.
Assim, as práticas pedagógicas que proporcionam integração são importantes para
condução do resgate do ser humano em meio a sociedade a qual vivemos.
As ações pedagógicas indissociáveis se traduzem como práticas contra-hegemônicas
se em sua essência forem planejadas com esse propósito, dentro de uma perspectiva
de conhecimento, que vai ao encontro da concepção de conhecimento do
materialismo histórico dialético, no que se refere, em especial, a relação teoria e
prática. O materialismo histórico dialético se relaciona, dentre outras intencionalidades
com a práxis. A produção do conhecimento neste contexto se estabelece da seguinte
forma:
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Essa formação humana se pretende alcançar pelo caminho da integração, e por isto
os Institutos Federais tem se dedicado às formas de fazer esta integração. Sobrinho
(2017, p.106 destaca que “ A integração, em si, não se dá e não está na forma de
organização do currículo, mas no processo de ensino e de aprendizagem que se dá a
partir dele”.
A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão apesar de conter a essência
de uma ação integradora ainda não está de fato estabelecida em todos os institutos
federais. Um exemplo é o Instituto Federal do Espírito Santo que não possui uma
diretriz específica para práticas integradas na qual as ações indissociáveis seriam
parte desta proposta.
Dessa forma estabelecer qualquer ação integradora institucionalmente se apresenta
como um dificultador para que estas ações apareçam nos planos de trabalhos dos
professores e nos projetos pedagógicos de cursos. Sabemos que é possível que
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Assim sendo, mesmo estas ações tendo o propósito de integrar com base na
interdisciplinaridade, no sentido de contribuir para superação da dicotomia teoria-
prática, e em compromisso com a transformação social, na perspectiva de uma
formação humana integral, é necessário o diálogo nas instituições para inicialmente
haver uma apropriação sobre o tema, quando falamos de indissociabilidade. Pois só
a partir de então que democraticamente é possível um avanço nas propostas que
regem as ações institucionalmente.
2.2.1 Extensão
A partir da minha prática profissional percebi que a extensão é a vertente que, por
vezes, pode parecer mais difícil de constituir-se no cotidiano escolar. Por esse motivo
e aliadas a todo o sustento teórico que me auxiliou na compreensão do conceito e
bem como as dimensões que estão ligadas a ele, busco trazer o conceito de extensão
que fará parte desta pesquisa.
Historicamente, o Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas
Brasileiras (FORPROEX) nasce após o fortalecimento da sociedade civil nos anos 80,
que discutia o papel da extensão a partir de um novo paradigma nas universidades,
com a participação de Pró-Reitores de Extensão e titulares de órgãos congêneres das
Instituições Públicas de Ensino Superior Brasileira, e tem por objetivo realizar a
interlocução junto aos setores governamentais e setores específicos da
sociedade (FORPROEX, 2007). Isso acontece desde sua constituição em 1987 e
ele tem como missão formular políticas que refletem na organização e na
institucionalização das atividades extensionistas. Por este motivo é uma instância que
tem muito a contar sobre a concepção da proposta de extensão.
homem não se forma sozinho, não se constitui só, per si e a sociedade faz parte dessa
construção em seu sentido ontológico. Ele faz parte dela. As práticas pedagógicas,
no ambiente escolar, são fio condutor para esta relação homem-mundo e, nesse
contexto, a extensão tem muito a contribuir.
No ano de 1987 expressa-se, de maneira inicial, com base no princípio da
indissociabilidade, a concepção de extensão:
Este foi o início de uma proposta do “fazer extensão” levando em consideração o tripé
institucional em uma perspectiva emancipadora e contemplava a indissociabilidade. A
compreensão por seus pares, neste caso os pró-reitores de extensão, configurava-se
instituída, no entanto os debates sobre o tema seguiam, pois se fazia necessário a
institucionalização a nível nacional, por meio dos órgãos governamentais, pois as
divergências de entendimentos traziam possibilidades diversas de suas práticas.
Sendo assim, ao longo dos anos, foi construída uma proposta que se consolidou.
A difusão deste conceito faz parte das etapas de materialização da própria extensão
enquanto promotora da relação dialógica e da proposta de indissociabilidade entre
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ensino, pesquisa e extensão, pois é através desta vertente que é possível emergir as
ações triunas como práticas institucionalizadas, assim, se caracteriza um problema a
falta de pesquisa que tratam o tema.
2.2.2 Pesquisa
A pesquisa, enquanto fio condutor do conhecimento, também se situa dentro de um
contexto social e histórico. Não tão difundida como o ensino, no entanto, mais “popular”
que as práticas extensionistas. Segundo MACIEL (2010), na história de formação das
universidades a pesquisa é, inicialmente, desinteressada, esta expressão nos remete
a reflexão sobre o propósito da educação enquanto missão da formação humana em
uma perspectiva integral no qual o principal propósito seja a promoção da
emancipação do discente. Porém, esta pesquisa desinteressada concebida como
experiência de estudantes e professores não seria propagada por muito tempo. Assim,
a pesquisa se torna “importante” a partir das doações milionárias de americanos que
desejam oferecer aos Estados Unidos instituições científicas comparadas às
europeias para trabalhar o progressismo.
As palavras do autor são impactantes e nos alertam para uma realidade a ser
superada, pois a pesquisa é fundamental para gerar no professor e também no aluno
o desejo de instigação, criticidade.
2.2.3 Ensino
Todos os homens são intelectuais, poder-se-ia dizer então; mas nem todos
os homens desempenham na sociedade a função de intelectuais. Quando se
distingue entre intelectuais e não-intelectuais, faz-se referência, na realidade,
tão-somente à imediata função social da categoria profissional dos
intelectuais, isto é, leva-se em conta a direção sobre a qual incide peso maior
da atividade específica, se na elaboração intelectual ou se no esforço
muscular-nervoso. Isto significa que, se se pode falar de intelectuais, é
impossível falar de não-intelectuais, porque não existem não-intelectuais
(GRAMSCI, 1982, p. 7).
Quando falamos de ensino, logo nos remetemos a sala de aula, a carteiras enfileiradas,
aos planos de ensino, que devem ser de acordo com a grade curricular. Enfim é
possível pensar que existe uma estrutura tão rígida que é impossível de ser
transpassada. E, ainda, que existem tantas ações burocráticas, tantos entraves que
o melhor é seguir no comodismo, na zona de conforto. Obras consagradas como as
de Paulo Freire realçam a necessidade de um ensino que favoreça uma educação
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O ser humano se constrói ao passo que compreende e atua sobre o mundo, sendo
protagonista de sua própria história e da história da sociedade. A Educação
profissional, neste contexto, tem um grande legado a contribuir para que o exercício
da profissão colabore para o protagonismo do homem na história.
A aprendizagem é alvo de estudo, pois é a partir desta, que se forma o homem. Auler
(2007, p.169) atribui o fracasso em termos de aprendizagem a uma formação
“reducionista”, deixando de lado uma formação cidadã, crítica e participante na
sociedade que o homem está inserido.
Essa abordagem tem como principal representante, Paulo Freire, que desenvolveu
suas propostas para a educação partindo dessa compreensão de homem-sujeito e de
conhecimento como resultado das relações estruturantes nas quais eles são
construídos na vida social. Desse modo, tomar conhecimento do educando como
produtor de conhecimento e compreender em que contextos esses saberes são
produzidos, torna-se “ferramenta” fundamental ao educador no processo educativo.
“A verdade é o todo”. Com base nessa ideia hegeliana, trazida do plano ideal
ao plano da historicidade do real por Karl Marx, compreendemos o conteúdo
da proposta de ensino integrado e consideramos o desafio de pensar práticas
pedagógicas que nos aproximem de uma leitura ampla da realidade, mesmo
que conheçamos a impossibilidade de uma apropriação cognitiva desse
“todo”. (FRIGOTTO,2018, p.249).
Em um a breve análise da vida e obra de Paulo Freire, vemos que a ideia de aproximar
a academia da comunidade é sustentada pelo autor durante sua trajetória como
professor universitário. Na época em que o autor trabalhava diretamente com os
projetos extensionistas de alfabetização em uma perspectiva crítica, o contexto
político não favorecia a disseminação das ideias de Paulo Freire no Brasil.
A ditadura militar que vigorava a partir de 1964, tenta impedir a educação segundo os
pressupostos dessa abordagem, pois considerá-la subversiva. De fato, proporcionar
ao educando a reflexão sobre sua própria condição social, dialogar sobre ela e
questionar a realidade tal como estava posta, poderia levar a formas de resistência ao
modelo político e econômico vigentes.
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Para Moran (2018, p.3): “A ênfase na palavra ativa precisa sempre estar associada à
aprendizagem reflexiva para tornar visíveis os processos, os conhecimentos e as
competências do que estamos aprendendo com cada atividade”. E, segundo Freire
(1996) é esta reflexão que conduz ao pensamento crítico, sendo essa criticidade
aquela que emanar a criatividade, sendo possível intervir e recriar transformando a
realidade cotidiana, a que se vive. A partir dessa compreensão, em uma perspectiva
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Isto precisa ser esclarecido, pois pode suscitar dificuldades e uma certa aversão
diante de um projeto interdisciplinar. Segundo Fazenda (2011, p.91):
aprendizagem e são questões que exigem integração e diálogo. A definição dada por
Ramos (2008, p.22) soma-se a estas compreensões e ao colocar a
interdisciplinaridade como método descreve-a como forma de reconstituir uma
totalidade relacionando conceitos de diferentes recortes da realidade convertido em
disciplinas. Para a autora, “Isso tem como objetivo possibilitar a compreensão do
significado dos conceitos, das razões e dos métodos pelos quais se pode conhecer o
real e apropriá-lo em seu potencial para o ser humano”.
A relação entre teoria e prática se impõe, assim, não apenas como princípio
metodológico inerente ao ato de planejar as ações, mas, fundamentalmente,
como princípio epistemológico, isto é, princípio orientador do modo como se
compreende a ação humana de conhecer uma determinada realidade e
intervir sobre ela no sentido de transformá-la. A unidade entre pensamento e
ação está na base da capacidade humana de produzir sua existência. É na
atividade orientada pela mediação entre pensamento e ação que se
produzem as mais diversas práticas que compõem a produção de nossa vida
material e imaterial: o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura (BRASIL,
2012a, p. 16).
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Diante desta base podemos pensar uma Educação Profissional, por meio de ações
pedagógicas que impulsionem o homem como construtor da sua história e da história
da sociedade. Para tal, os institutos federais de educação, ciência e tecnologia são
foco de análise por comporem instituições criadas com a finalidade de garantir uma
formação profissional integrada ao ensino médio que tenha como princípios
pedagógicos a integração na perspectiva da formação humana integral, a formação
omnilateral e o trabalho como princípio educativo. Além disso, são instituições que
assume a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão como propostas de
aproximação com a realidade em que a escola se encontra inserida e como eixos
fundamentais durante o processo de formação do futuro trabalhador.
Assim, Pacheco (2011, p.11) descreve o objetivo dos Institutos Federais para a
formação dos alunos:
Nosso objetivo central não é formar um profissional para o mercado, mas sim
um cidadão para o mundo do trabalho – um cidadão que tanto poderia ser um
técnico quanto um filósofo, um escritor ou tudo isso. Significa superar o
preconceito de classe de que um trabalhador não pode ser um intelectual, um
artista. A música, tão cultivada em muitas de nossas escolas, deve ser
incentivada e fazer parte da formação de nossos alunos, assim como as artes
plásticas, o teatro e a literatura. Novas formas de inserção no mundo do
trabalho e novas formas de organização produtiva como a economia solidária
e o cooperativismo devem ser objeto de estudo na Rede Federal.
Assumimos o ensino integrado como uma proposta não apenas para o ensino
profissional. O ensino integrado é um projeto que traz um conteúdo político-
pedagógico engajado, comprometido com ações formativas integradoras (em
oposição as práticas fragmentadas do saber), capazes de promover a
autonomia e ampliar os horizontes (a liberdade) dos sujeitos das práticas
pedagógicas, professores e alunos principalmente. (FRIGOTTO, 2018,
p.251).
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Tendo em vista a proposta dos Institutos Federais, isto deve ser articulado na
instituição de tal forma, que resulte em ações pedagógicas integradoras, tanto no
currículo quanto através de projetos ou programas. Segundo SANTOMÉ (1998, p.203),
“uma das formas de integração é o método de projetos, uma proposta de trabalho
curricular integrado que causou grande impacto foi formulada em setembro de 1918,
por William H. Kilpatrick
Segundo Alves e Oliveira (2012, p.63) Não resta dúvida de que as chamadas
“propostas pedagógicas” emergem das ações cotidianas, chamadas práticas, e entre
o diálogo com a teoria e as expectativas teoricopraticantes da vida cotidiana. Decerto
esse diálogo passa por um campo de disputa, por isso, a necessidade de proporcionar
ao aluno contato com a realidade, formação cidadã e o instinto investigativo, pois o
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contexto nos proporciona entender que teorias e práticas se produzem por meio de
conversas.
Neste cenário na busca pelas propostas de integração e formar cidadãos nos institutos
federais, podemos citar a preocupação no Instituto Federal do Espírito Santo com um
currículo, que seja de fato, integrado esse anseio tem se intensificado e ações têm
sido implantada para sua concretização. Um exemplo é a II Jornada de Integração do
Ifes que reúne, trabalhos do ensino, da pesquisa e da extensão.
Segundo Dália e Frazão (2017, p.166), o Ensino Médio Integrado ganhou maior
visibilidade a partir de 2008. No entanto, as discussões devem ultrapassar a
articulação entre a formação geral e profissional, sendo fundamental que toda práxis
pedagógica possua um debate consolidado sobre o currículo integrado, pois norteará
as ações e se apresentará como identidade institucional.
indissociabilidade tem por base a essência das ações integradoras. O autor nos fala
sobre as características de prática educativa de natureza integradora:
Corroboram com esta síntese Araújo e Frigotto (2018, p.258) quando pautam alguns
princípios para organização do currículo integrado, sendo eles: “a contextualização, a
interdisciplinaridade e o compromisso com a transformação social. ” Esses autores ao
definirem esses princípios para organização de um currículo integrado tem por base
o seguinte discernimento quanto a proposta de integração para a educação
profissional:
“A ideia de integração não caracteriza, por si, uma pedagogia que visa à
transformação, já que várias são as pedagogias que propõem integrar
trabalho e educação. A pedagogia das competências, por exemplo, tomou
esta integração como uma de suas principais promessas, mas fazia isto presa
à realidade dada, ou seja, o seu conteúdo pragmático lhe impunha pensar
esta integração visando ao ajustamento da formação humana às demandas
específicas e pontuais do mercado de trabalho, diferente da integração
proposta pelo projeto hoje identificado como ensino médio integrado, que
compreende esta integração sendo amalgamada pela ideia de transformação
da realidade social.” (FRIGOTTO e ARAUJO, 2018, p. 264)
Ressaltamos que Frigotto e Araújo (2018) não limitam o projeto de ensino integrado
ao ensino médio integrado. Levando em consideração a proposta de integração para
a educação profissional, consideramos as ações indissociáveis de cunho integradoras,
e podemos ainda, se baseando nos autores que estudam a temática da
indissociabilidade, para este estudo, concedemos a indissociabilidade três categorias
básicas: a interdisciplinaridade, a relação teoria-prática e o compromisso com
transformação social. Essas três categorias concedem sentido a indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão, dentro da concepção na qual foi idealizada, e neste
contexto se relacionam com a abordagem sociocultural no sentido de contribuir para
impulsionar o homem como construtor da sua história e da história da sociedade no
processo de aprendizagem. Dessa forma, Rays (2003, p.8) menciona que “não se
pratica a indissociabilidade com base no método “ex-cathedra” oriundo da pedagogia
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3 METODOLOGIA E DISCUSSÕES
Para dar conta do objetivo maior, no intuito de responder às reflexões que orbitaram
ao longo do processo de construção deste texto e do produto educacional a ser
produzido, foi definida a presente investigação como sendo de abordagem quali-
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quantitativa. Essa relação de associação se dá, conforme nos diz Minayo (1994, p.21),
a natureza quantitativa traz consigo a apreensão dos fenômenos daquilo que é "visível,
ecológica, morfológica e concreta. Quando se volta para a abordagem qualitativa é
possível se extrair o aprofundamento "no mundo dos significados das ações e
relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e
estatísticas". Tal sinergia é proveitosa para dar forma ao objeto da pesquisa tratando
os dados de maneira homogênea quando preciso e respeitando a singularidade e os
significados sempre que necessário.
É com este foco que o Ifes se constitui por 22 unidades presentes em todo o estado
do Espírito Santo, cada qual com suas atividades educacionais voltadas para o arranjo
produtivo local na perspectiva da formação humana integral.
Dentre os campi constituintes do Ifes optei pelo Campus Colatina como locus de
pesquisa e essa opção se deve ao fato de, a priori, ser necessário delimitar a pesquisa.
Sendo servidora do Ifes, na grande Vitória, percebi a necessidade de partir de uma
realidade que propiciasse à pesquisadora certo distanciamento de seu público-alvo.
O referido campus, na Figura 1, está situado ao norte do Espírito Santo a 134
quilômetros de Vitória.
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Essa integração entre os cursos, em especial, entre os professores das diversas áreas
é desejável para construção de práticas integradoras que visam a formação cidadã do
aluno numa perspectiva humana integral. Porém, há entre os docentes diferentes
percepções sobre as práticas pedagógicas e isso emanam posições que divergem
podendo assim, se constituir como um dos desafios para a materialização da
indissociabilidade, no entanto:
Por este motivo a promoção do diálogo entre os docentes se torna uma formação no
cotidiano escolar, no sentido de proporcionar a discussão, mas também a
aproximação no sentido humano. Esse movimento pode ser subsidiado por diversos
materiais didáticos, instrucionais no sentido de fornecer informações para sua prática
profissional.
Para isso foi elaborado como instrumento de coleta de dados, um questionário com
21 perguntas abertas e fechadas. Sendo 9 perguntas dicotômicas, 4 de resposta
única (RU) e 8 perguntas abertas, de natureza exploratória. As perguntas abertas
foram pensadas de modo a proporcionarem maior colaboração dos respondentes e
por cobrirem as lacunas deixadas nas questões fechadas.
Era necessário pensar um formulário simples, mas que me trouxesse elementos, optei
por não usar uma linguagem muito formal no questionário para tentar aproximar os
professores do problema da pesquisa, e extrair ao máximo a sua percepção sobre o
tema. Por meio da ferramenta Forms foi possível apresentar o instrumento em uma
interface amigável e já relativamente conhecida pela comunidade, já que
cotidianamente é utilizada pelo Ifes e seus servidores para consultas nas mais
70
O questionário foi dividido por seção. São elas: (1) Saudações e apresentação da
proposta; (2) Declaração de aceite da pesquisa; (3) Perfil do respondente; (4)
Percepção da temática da pesquisa; (5) Indicador interdisciplinaridade; (6) Indicador
temas transversais; (7) Experiências; (8) Institucionalização e desafios; (9).
Finalizando. Cada um dos itens foi pensado para trazer elementos que contribuíssem
para a caracterização do público-alvo, suas percepções sobre o tema e indicadores
para a construção do guia.
Para a construção do guia além dos conceitos teóricos que embasam a conceituação
sobre o tema foi necessário perceber o olhar do público – alvo. Dessa forma,
trouxemos como indicadores no contexto da indissociabilidade, a interdisciplinaridade
e os temas transversais. Além disso era necessário conhecer um pouco mais o
professor que pensa as propostas pedagógicas no Campus Colatina por isso suas
experiências na vida acadêmica relacionadas as ações indissociáveis se tornou alvo
da pesquisa.
Segundo Tractenberg (2020) não existe uma restrição do uso do design instrucional a
um profissional específico e, por isso pode ser utilizado por qualquer profissional que
precise criar uma instrução e, por se tratar de um processo que promove a criação de
dispositivos, momentos, mecanismos instrucionais e pode se configurar como um
elemento essencial ao profissional docente e suas práticas.
Para quem está habituado a planejar aulas, esse modelo é muito semelhante
ao que se chama planejamento de ensino, guardadas as devidas proporções
de tempo, espaço, recursos etc. Pode-se pensar em um curso, uma ação de
aprendizagem ou, mais especificamente, um objeto de aprendizagem, mas
em qualquer uma destas ações que utilizem o modelo de ADDIE, “planejar” é
o passo fundamental. (SILVA et.al, 2014, p.149)
Dessa forma, o modelo ADDIE se aproxima da realidade docente, no que diz respeito
à criação e planejamento de materiais e dispositivos didático-pedagógicos e contribuiu
quanto a reflexão desta pesquisadora relativa à prática docente, bem como, para
definir o modelo como instrumento de análise metodológica.
Para Filatro (2008, p.25) “a definição de design instrucional tem por base o processo
de identificar um problema de aprendizagem e desenhar, desenvolver, implementar e
avaliar uma solução para este problema”. Assim, foi possível tipificar os problemas
que orbitavam em torno do objeto de pesquisa e traçar o caminho para solucioná-
los. Para isso pautei-me, também, no que diz Tractenberg (2020) quando afirma que
o design instrucional (DI) possuí quatro propósitos básicos que envolvem,
basicamente, a criação de materiais didáticos que atinjam seus propósitos didático-
pedagógicos; materiais e processos que sejam competentes, eficazes e,
principalmente consumam o menor tempo possível; sejam agradáveis para o seu
público, os estudantes, seus aprendizes; e viáveis economicamente, que tenham um
custo benefício exequível.
Assim optou-se pelo Instructional System Design (ISD), conhecido no Brasil como
ADDIE, pois nos permitiu desenvolver melhor as etapas para construção do material
didático, o guia instrucional. As iniciais do Modelo ADDIE remetem as cinco fases de
desenvolvimento de produtos a que ele pode dar suporte para a construção e,
segundo Filatro (2008), são elas: a (1) Análise; o (2) Desenho; o (3) Desenvolvimento;
a (4) Implementação; e a (5) Avaliação. Neste trabalho o foco é a construção do guia,
material instrucional para auxiliar o planejamento docente das ações indissociáveis.
No decorrer das fases que compreendem o modelo fazemos esclarecimentos sobre
seus objetivos teóricos antes de iniciar as discussões propriamente ditas.
Algumas questões nortearam esta fase em sua gênese para dar corpo ao processo
que, então se iniciava, como: O que se pretende com o guia instrucional? Quem são
os sujeitos da pesquisa e como atingi-los, impactá-los? O que é necessário para
engajar, motivar esses sujeitos e, portanto, quais conteúdos deveriam constar no guia
indissociável? Kenski (2015, p. 260) estimula seus leitores a pensarem esta fase de
modo a "conhecer os pontos de partida e as expectativas de chegada [...] a análise do
contexto ajuda a detectar as possibilidades e os limites existentes". Além disso, esses
sujeitos precisam ser além de números, precisam ser para além de quantidades, mas
um público que precisa ser caracterizado, conhecido. Ela sugere que "consultar uma
pequena amostra do grupo que será atendido permite conhecer melhor o universo do
público e de suas formas de aprendizagem".
Segundo Palange (2015, p.260) às vezes "[...] consultar uma pequena amostra do
grupo que será atendido permite conhecer melhor o universo do público
[...]". Corroborando com tal afirmação, o universo para esta pesquisa se constituiu
de 15 professores, sendo 9 declarados do sexo feminino e 6 do sexo masculino.
75
Para (SOUZA, 2013, p. 393) a formação para a emancipação requer uma profunda
interação teórico-prática, uma visão de totalidade, uma prática de interdisciplinaridade,
bem como a efetiva capacidade de orientação/interpretação dialética da
realidade. Esta sinergia entre a teoria e a prática na formação docente na Educação
Profissional e Tecnológica (EPT) se mostra cada vez mais necessária e, por este
motivo acredita-se que a criação e oferta do Mestrado Profissional em Educação
Profissional em Rede Nacional (ProfEPT) é um marco para a (EPT), pois pela natureza
dessa política pública de proporcionar o melhoramento das práticas pedagógico-
77
A formação docente para a EPT deve resultar, por meio do trabalho escolar,
na formação de jovens capazes não somente de manipular (no sentido
próprio do termo) o conhecimento que adquiriram, mas, usando esse
conhecimento, possam se colocar como sujeitos autônomos e a serviço da
sua própria emancipação (SOUZA, 2013, p. 392).
Por esse motivo, o material instrucional proposto para contribuir com o planejamento
docente precisaria trazer esta relação dos pressupostos da EPT nas propostas de
ações pedagógicas. Nesse contexto a indissociabilidade se apresenta como método
que possibilita essa relação e contribui para aproximação da área técnica com a área
propedêutica, maior diálogo entre o corpo docente, bem como uma relação mais
próxima com a comunidade. Esse material precisa, então, além de trazer conceitos
fundamentais, indicar a importância desses para a formação discente no contexto
da EPT. Segundo Kaplún (2003, p.1)
Iniciamos este tópico com uma discussão quanto ao planejamento docente no que se
refere a sua concepção. Podemos tratar o ato de planejar na educação de duas formas:
ato burocrático de registrar a proposta de trabalho do semestre letivo ou um ato de
reflexão, que faz parte do cotidiano voltado para realidade que emerge de uma
criticidade do labor docente. Segundo Fusari (1990) há diferença entre o planejamento
e o plano de ensino ressaltando que o compromisso do docente referente ao
planejamento deve ser maior do que consta no documento denominado, em geral,
como plano de ensino.
Foi adotado, neste trabalho, o banco dos PITs, disponível online, para consulta a esse
corpo documental. O ano de 2019/2 foi selecionado para esta verificação, pois era o
período mais atual, ao qual os planos já haviam sido executados ou revistos, de
80
A partir dos dados disponíveis, então, partimos para o mapeamento das ações de
ensino, pesquisa e extensão, pois elas são a base do tripé institucional e isso nos
indicou se os docentes transitam nessas três vertentes.
Para que a atividade de pesquisa e extensão sejam atribuídas carga horária a elas,
segundo o Regulamento n. 18/2019, é preciso que as atividades estejam devidamente
institucionalizadas, conforme regulamentações específicas do Ifes. As Pró-Reitorias
de ensino, pesquisa e a extensão realizam os cadastramentos das ações, em bancos
de dados da instituição, o cadastramento, o acompanhamento e a avaliação são
distintos para cada vertente, cada qual é regido por uma regulamentação própria,
elaborada por seus pares nas respectivas câmaras, composta por membros de todos
os campi do Ifes .
Para auxiliar na compreensão dos dados que constam no PIT buscamos, também,
informações na Plataforma Nilo Peçanha (PNP), é um ambiente virtual de coleta,
validação e disseminação das estatísticas da Rede Federal de Educação Profissional
Científica e Tecnológica. E tem por objetivo reunir dados relativos ao corpo docente,
discente, técnico-administrativo e de gastos financeiros. Dessa forma foi possível
extrair informações quanto as horas de trabalho dos docentes do Campus Colatina e
confrontar tais dados com a literatura. A plataforma traz dados quanto às horas de
trabalho dos professores do campus, sendo que 77 professores atuam sob o regime
de dedicação exclusiva (DE). Segundo Maciel (2017, p. 136) esse regime traz
aspectos positivos quanto à proposta de materialização da indissociabilidade, pois
apesar das limitações nas instituições de ensino, públicas, “ – principalmente de
82
Nesse contexto, é possível levantar três pontos: o primeiro, situa-se no PIT em sua
materialidade. O formulário não permite enxergar o estabelecimento da
indissociabilidade devido à fragmentação entre as vertentes; o segundo ponto situa-
se na dificuldade em se afirmar que a indissociabilidade não ocorra, pois são contados
para fins de carga horária apenas as ações institucionalizadas e é bastante possível
que as ações triúnas ocorram na informalidade do dia-a-dia do campus. Os editais de
livre iniciativa, ou seja, o registro dessas ações no âmbito dos institutos federais é
recente por parte das pró-reitorias e departamentos de pesquisa e extensão dos campi
institucionais e, por isso, para conhecimento da comunidade podem estar sendo
conhecidos tardiamente, ou até mesmo ocorrendo à margem dos procedimentos; e,
83
Ressaltamos que não há percepções erradas ou certas, mas cada qual percebe as
ações indissociáveis de acordo com suas vivências na construção acadêmica e
profissional que pode envolver um processo histórico e social da construção desses
sujeitos e o seu conhecimento e relacionamento com o tema. No entanto, a percepção
integradora é a que mais se aproxima dos ideais para concretização dessas ações no
planejamento docente.
Quadro 2 - Pergunta 1
Você compreende que a pesquisa e a extensão podem ser aplicadas na Educação Profissional,
especialmente no Ensino Médio Integrado?
Resposta Sim = 15
Esta primeira pergunta teve por objetivo ouvir dos respondentes se eles
compreendiam a aplicabilidade da indissociabilidade e, por meio da amostra, os
professores percebem que a pesquisa e a extensão são partes constituintes da
86
Quadro 3 - Pergunta 2
Qual sua compreensão sobre ações indissociáveis entre ensino, pesquisa e extensão?
INDICADOR INTERDISCIPLINARIDADE
Quadro 4 - Perguntas 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8
Você sabia que a interdisciplinaridade é uma prática importante na construção de ações
Pergunta 3 indissociáveis?
Uma das formas de avaliação das disciplinas as quais ministro é um trabalho aplicado
em organizações diversas com realização de diagnóstico e propostas de intervenção,
incluindo disciplinas ministradas no mesmo período do curso, seja no ensino técnico
como no bacharelado.
Fonte: Elaboração pela autora (2020).
solitário, pois realizam a condução dos trabalhos sem uma relação com as outras
áreas do conhecimento, isso é observado nos trechos acima destacados. Sendo
assim, o indicador interdisciplinaridade, apesar de declarado como conhecido,
especialmente para ações indissociáveis, não se apresenta como uma interface única
na qual o objetivo maior seria a reconstrução da totalidade.
Podemos inferir ainda, que os docentes, em sua maioria, veem nos projetos de cursos
a proposta de uma abordagem interdisciplinar, sendo um documento institucional que
passa por constantes atualizações, no entanto isto não se dá a partir de estudos do
perfil do egresso. De que forma é possível reestruturar documentos institucionais que
tem como foco a formação do aluno sem partir de estudos sobre o perfil do
egresso? Podemos inferir então que a participação dos docentes na construção dos
projetos de cursos pode se dá de maneira superficial, com um entendimento filosófico.
É possível esta conclusão pois, apesar dos docentes reconhecerem nos documentos
institucionais a abordagem interdisciplinar, isto não se reflete na prática de maneira a
propor a superação da fragmentação de disciplinas, ou do envolvimento com a
pesquisa e a extensão.
Resposta
Sim= 6; Não = 9
9
São incluídos temas transversais, por meio de diferentes conteúdos, em outro
Pergunta instrumento, no caso, projetos de pesquisa, projetos baseados em metodologias de
10 projetos ou projetos articulados? Se sim, constam do Plano de Ensino?
Resposta
Sim= 6; Não = 9
10
Fonte: Elaborado pela autora (2020)
A maior parte dos respondentes não trabalham com os temas transversais em seu
plano de ensino para os cursos subsequentes, nem mesmo em projetos de pesquisa
ou articulados. Inferimos que os docentes, em sua maioria, têm dificuldades em inserir
esses temas para a educação profissional, isto nos leva a considerar: os docentes
compreendem a perspectiva de formação humana integral e essa necessidade para
formar cidadãos que atuem no mundo do trabalho de maneira crítica? Há dificuldades
em planejar ações que contemplem os temas transversais para educação
profissional?
EXPERIÊNCIAS
Pergunta Participou de alguma ação que promovesse a indissociabilidade em sua vida acadêmica?
11 Comente.
92
Não = 1; / Sim = 8;/ Sim com comentários= 7: Sim. A disciplina que leciono (Biologia) facilita
isso./ Não entendi muito bem essa questão... acredito que toda experiência promove
reflexos na atividade profissional... algumas experiências promovem aprendizado e assim
vamos evoluindo e buscando melhorar nossa pratica.../ Sim, torna e acrescenta ao
profissional o caráter de multidisciplinariedade. / Sim. Ensino e pesquisa foram
Respostas
experiências acadêmicas. Extensão é uma vivência profissional que não é reflexo da minha
12
vida acadêmica. / Certamente, toda experiência na academia contribui para o exercício
profissional. / Sim. Sem a pesquisa e a extensão corremos o risco, como profissionais, de
nos afastarmos da sociedade. Essa integração é que nos mostra a real necessidade do
mercado profissional em que o egresso irá atuar, seja como colaborador, ou como
empreendedor/empresário.
Pergunta Você acredita que ações indissociáveis podem proporcionar maior integração e
13 interdisciplinaridade entre os docentes?
No que se refere à vida acadêmica e sua reflexão na vida profissional, 14 dos docentes
entendem essa relação como sendo verdadeira, porém demonstram a necessidade
da constante aprendizagem, formação e diálogo. Pois há uma das declarações, por
93
exemplo, de extensão ser uma vivência apenas na vida profissional e isto é um ponto
a ser tratado através de materiais de apoio e formação. Inferimos ainda que os
mesmos compreendem os benefícios de ações pedagógicas integradoras e
indissociáveis para a formação dos discentes na educação profissional, bem como, a
necessidade de estarem próximos dos problemas reais da sociedade por meio das
ações pedagógicas institucionais.
INSTITUCIONALIZAÇÃO E DESAFIOS
Quadro 7: Perguntas 14 – 15 - 16
Pergunta Você tem conhecimento do trâmite para institucionalizar ações indissociáveis? Comente.
14
Pergunta
15 Quais os principais desafios para materializar a indissociabilidade no Campus Colatina?
Podemos inferir que o diálogo e a integração são essenciais para fazer emergir as
ações indissociáveis no Campus Colatina, sendo um dos principais desafios a se
romper, indicando necessidade de maior integração e diálogo entre: núcleo técnico e
comum; docentes do nível médio profissionalizante e nível superior; quanto a
valorização da pesquisa e da extensão para formação; conscientização dos docentes
no que se refere às ações triúnas; planejamento conjunto. Soma-se a estas questões
sobre currículo e formação dos docentes, bem como, questões relacionada a falta de
diretrizes específicas. O diálogo e a formação passam a se mostrar cada vez mais
necessários para a materialização da indissociabilidade no Campus Colatina e isto só
é possível através da construção do conhecimento sobre o tema a partir de materiais
instrucionais que compreendam as necessidades dos docentes.
Esta última categoria, elencadas no Quadro 8, nos direciona para uma proposta que
se aproxima dos anseios dos docentes do Campus Colatina, além de, levantar dados
para pesquisas futuras.
Quadro 8: Pergunta 17
Caso você tivesse um guia que orientasse a construção de ações indissociáveis em teu
Pergunta campus de atuação, o que você acredita ser importante estar contemplado nele sobre essa
17 temática?
BRIEFING OU ROTEIRO
Após a elaboração do roteiro, foi possível direcionar as unidades de aprendizagem do material instrucional, seu fluxo de
informações e suas especificações quanto a conteúdo e mídias.
100
MATRIZ INSTRUCIONAL
Quanto às ferramentas
Para que os objetivos de aprendizagem sejam alcançados, o aluno faz uso de
ferramentas e elas são descritas pelos recursos físicos ou funcionais que os alunos
(leitores do guia, para este caso) precisam para ter acesso ao conteúdo do material
instrucional (FILATRO, 2008, p.54). Desta forma, consideramos que o material a ser
desenvolvido é um produto gráfico digital, para que os leitores tenham amplo acesso
ao seu conteúdo, precisará de internet banda larga (para download do arquivo) ou
dispositivo de armazenamento offline, computador.
Quanto ao conteúdo
De acordo com a Matriz Instrucional este campo foi destinado a indicar o conteúdo a
ser desenvolvido, no caso, as especificações das instruções e suas respectivas mídias.
A partir de informações da análise de conteúdo, foi possível compreender que a
instrução pode ocorre de três maneiras: (1) visual a partir de esquemas gráficos; (2)
audiovisual a partir de vídeos; e (3) verbalmente a partir dos textos no formato de
diálogo. Corroborando com esta ideia Mayer (2009) propõe o princípio multimídia, em
que discute a tese de que a informação é melhor articulada quando estes recursos
são usados como complementares. Assim foi definido que os esquemas gráficos, os
vídeos e o texto em forma de diálogo proporciona uma maior dinamicidade e
objetividade ao conteúdo, sendo um interessante recurso no processo de informação.
A matriz instrucional, no Quadro 12, indica o planejamento e organização do material.
103
1 A integração Demonstrar Domínio Banda larga (para Podcast autora– Apresentação do guia
no contexto a proposta cognitivo download do arquivo)
do ensino de Demonstrar Celular, Tablet,
integrado integração característic computador Figura 1 – Pensar a integração na prática
no contexto as do ensino pedagógica
do ensino integrado
integrado para realizar Vídeo parte 1 – Prof. Gaudêncio Frigotto –
uma ação A indissociabilidade no contexto dos
integradora Institutos Federais.
Domínio
efetivo Referência base: Frigotto e Araújo (2018)
conscientiza
r os
docentes
sobre seu
papel neste
processo
e ações de da extensão
tecnológica ensino,
pesquisa e Fluxograma – Para propor ações de
extensão extensão.
is indissociabil
idade e Podcast Dálete Albuquerque –
utilizá-la Metodologias Ativas
para suscitar
o diálogo Vídeos e documentos institucionais que
sobre o promovem a indissociabilidade entre
tema com o ensino, pesquisa e extensão em Institutos
objetivo Federais
futuramente
refletir no Artigos - Exemplos de práticas exitosas
planejament
o Autores base: Paulo Freire; Araújo e
Frigotto.
A terceira etapa do modelo ADDIE é o desenvolvimento e foi nesta etapa que o projeto
criou vida e o conteúdo, propriamente dito, tomou a forma. Segundo Filatro (2008,
p.30) “o desenvolvimento instrucional compreende a produção e a adaptação de
recursos e materiais didáticos impressos e/ou digitais[...]”. As figuras, esquemas,
vídeos se compõem como elementos para a solução instrucional. Nesta etapa
desenvolvi o conteúdo do material, que contou com a participação do diagramador.
A escolha do formato como representação, remete a algo que não se rompe e, dessa
forma, indica um processo contínuo para que se efetive como mentalidade para um
planejamento integrador. Elementos chaves para concretização das ações
integradoras se encontram na figura e orbitam a ideia de integração como uma
proposta que vai ao encontro da perspectiva da formação humana integral, que é um
dos pilares da educação profissional.
Em seguida, foi construído e inserido um vídeo, cujo texto foi proposto pelo professor
Gaudêncio Frigotto, em que ele dialoga acerca da questão da indissociabilidade nos
institutos Federais. O trecho audiovisual tem a intenção de aproximar o docente da
107
O questionário seguiu para avaliação com uma breve explicação do que se trata a
proposta do material, além do próprio produto, o guia, como anexo, para que não
houvesse dúvidas ao receberem o e-mail, situando o leitor do contexto. Dessa forma
foi possível por meio da avaliação do guia, verificar se a solução apresentada atende
ao público-alvo. Sendo este, um produto educacional e a necessidade de validação
do mesmo, este é o primeiro momento para isso, porém a validação pode, ainda,
ocorrer pelos membros da banca de defesa.
QUANTO À ORGANIZAÇÃO
O material se apresentou, como um todo, bem organizado com o conteúdo claro em
relação a temática, e com uma distribuição equilibrada.
109
QUANTO À APLICABILIDADE
O guia pode ser aplicado em processos de formação de professores, o material se
propõe a contribuir com a criticidade do docente, pois apresenta reflexões acerca da
realidade docente, levando-o a questionar o modelo de ensino vigente e,
especialmente, sua atuação profissional no contexto do instituto federal.
Após esta etapa de validação não houve indicações de ajustes, dessa forma,
seguimos a apresentação do produto final no próximo capítulo.
110
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta é uma etapa que oportuniza olhar o trabalho como um todo, e contemplar os
resultados com suas fragilidades, potencialidades e oportunidades. Ao definir a
pesquisa no campo em que estou inserida e poder realizar a análise a partir da
instituição em que fui aluna e hoje atua como servidora articulando vivências e
experiências com conceitos teóricos e, ainda poder debruçar sobre documentos
institucionais, em especial os PIT’s, para identificar a indissociabilidade nestes planos
de ensino e, ainda, aplicar o questionário para compreensão da percepção dos
sujeitos sobre a temática, entendo este ser o momento de trazer minhas percepções
e avaliação desta caminhada.
O resultado dessa pesquisa, justamente por essa razão, busca trazer, convertido em
produto educacional, de maneira leve e clara, um embasamento teórico-conceitual e
orientações práticas para a elaboração de ações indissociáveis na perspectiva do
ensino integrado com foco na formação humana. Para isso, em alguns momentos foi
preciso provocar os docentes quanto a implantação de políticas institucionais que
corroborem para este fim, bem como, momentos de reflexão enquanto ao labor
docente.
Acredito que suscitar a criticidade dos docentes e colaborar para que as ações triunas
sejam planejadas na perspectiva da integração é a maior contribuição que o resultado
da pesquisa, pode deixar para instituição, e para os profissionais interessados em uma
111
Mais importante ainda foi perceber que as práticas pedagógicas concebidas para uma
transformação social, tornam os discentes e docentes sujeitos ao longo do processo,
sendo estes também transformados. Compreender as ações indissociáveis como um
caminhar para o ensino integrado, em qualquer modalidade, possibilita não só a
inserção no mundo do trabalho, mas possibilita sua emancipação enquanto indivíduo
desenvolvido social, cultural e intelectualmente, com condições de compreender-se
como cidadão do mundo nessa relação homem- mundo. Pois para este trabalho
pensar indissociabilidade orbitam a relação teoria - prática, a interdisciplinaridade e o
compromisso com a transformação social.
112
Definir o percurso metodológico que descrevo, exigiu fazer conhecer um modelo que
melhor atendesse os objetivos desta pesquisa e, também, dessa conta de me auxiliar
na construção de um material didático-pedagógico, que trouxesse uma solução
educacional. O modelo ADDIE surge como uma alternativa palpável, pois tem por
característica a proposta de soluções educacionais através de materiais instrucionais.
Além disso, me ajudou a compreender o universo de planejamento docente, definir o
que é necessário para construção do material instrucional, com base na análise e
desenhar esta proposta não é uma tarefa fácil, mas intensa e instigante.
Ao reconhecer, nessa pesquisa que os docentes são parte de uma gestão participativa
reconheço como urgente a necessidade de ampliar os momentos de formação
continuada que permitam avanço nas discussões referentes aos princípios e
concepções que norteiam a modalidade de um ensino integrado com foco em ações
que tenham por base os pressupostos da educação profissional capaz de mediar a
formação humana integral. Para isso provoquei os docentes a refletir e compreender
a indissociabilidade como proposta para este caminhar.
113
E foi essa a compreensão que me fez idealizar o produto educacional da forma como
fiz a qual está contido no terceiro e último capítulos. Toda sua construção aconteceu
com aquilo que percebi como fragilidade durante a análise dos dados. As propostas
para se concretizar uma formação na perspectiva humana integral não se limitam a
indissociabilidade, mas essa, faz parte deste projeto na minha visão. O contato dos
discentes com a realidade a partir da extensão, as novas descobertas por meio
pesquisa e com base no ensino voltada para superação da dicotomia teoria e prática,
que não dissocia o trabalho intelectual do manual, pode contribuir para a base para
uma formação crítica. É preciso refletir! as propostas que, eu docente, desenvolvo
estão voltadas para uma formação integral ou fragmentada?
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STRUNCK, Gilberto Luiz T.L. Viver de design. 5ª ed. Rio de Janeiro: 2AB, 2007. pgs.
68-72.
ANEXO A
151
ANEXO B
152
153
ANEXO C
154
ANEXO D
155