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O PESQUISADOR

MAÇÔNICO
n.º 39 –Nov./Dez. 2005
Ano V

EDITORIAL ÍNDICE

H Á no papel da imprensa (seja na mídia impressa, falada ou televisada) um


Pág. 2 a 5
 Notícia Relevante
papel preponderante e crucial, qual seja o de divulgar informações verdadeiras (quando
Pág. 6
ela é séria, ética e responsável) ou mesmo inverdades, sendo ela tendenciosa e, às
vezes, até imoral. Seja de que modo for, a imprensa é fundamental para que um Nos Arquivos de Nicola
indivíduo e toda uma coletividade tenham meios e subsídios para formar opiniões Aslan
Pág. 7
próprias, que muitas das vezes são decisivas para grandes tomadas de decisões.
No meio maçônico, a divulgação da Arte Real através de veículos diversos (boletins,  Curiosidades
jornais, revistas e livros) tem se mostrado bastante profícua e animadora,
, uma vez que
nós maçons precisamos estar bem informados, principalmente no que diz respeito à Pág. 8 e 10
nossa história, estudos ritualísticos e, também, a atualidade em que se insere a nossa  Para Pensar
Ordem, na sociedade.
E desejamos destacar neste cenário, uma entidade maçônica que reputamos como o
Pág. 11
maior canal divulgador e incentivador da imprensa maçônica no Brasil, à despeito de
existirem grandes jornais e revistas maçônicas no Brasil que a precedem neste trabalho,  Gr. Dic.Enciclopédico de
com bastante eficiência: a ABIM - Associação Brasileira da Imprensa Maçônica. Maç. e Simbologia
Esta entidade, atualmente presidida pelo nosso Irmão Antônio do Carmo Ferreira, (Nicola Aslan)
 Biblioteca
completou 14 anos de fundação, no dia 13 de novembro deste ano, DIA DA IMPRENSA
MAÇÔNICA NO BRASIL.
É um marco! E desejamos que esta data seja comemorada por indefiníveis anos, Pág. 12
como é o destino da Maçonaria.  Polindo a Pedra Bruta
Comemorando esta data, estamos lançando, a partir deste número, a coluna “Nos  Pílulas Maçônicas
Arquivos de NICOLA ASLAN”, onde divulgaremos artigos inéditos deste Mestre
Maçom, que tantos livros e ensinamentos nos legou, a todos nós maçons, sendo um dos Pág. 13 à 16
primeiros a publicar livros esclarecedores e baseados em pesquisas e documentos, pois  História Pura
o mesmo era um pesquisador.
Pág. 17 e 18
Carlos Alberto dos Santos/ M...M...
 Viagem ao nosso interior

Pág. 19 à 22
O Pesquisador Maçônico
Fundação: Janeiro/2001
 Depoimento
Editor: Ir.: Carlos Alberto dos Santos/M.: M.:
Revisor: Ir.: Ítalo Barroso Aslan/ M.: M.: Pág. 23 à 30
Registrado na ABIM sob o n.º 060-J • CADERNO DE
Os conceitos emitidos nos artigos aqui apresentados são de exclusiva responsabilidade TRABALHOS – De
de seus autores. Estudos e Pesquisas
Informativo Cultural da SOCIEDADE DE ESTUDOS ANTHERO BARRADAS, e
A... R...L...S... e de Instrução Renascimento n.º 08
Rua Nicola Aslan, 133 / Braga – Cabo Frio (RJ) – CEP: 28.908 - 235
e-mail: opesquisadormaconico@ciclodagua.com.br 1
NOTÍCIA RELEVANTE 1
NOS ARQUIVOS DE NICOLA ASLAN

Caríssimos Irmãos e Leitores

Estamos neste número de nosso (de todos) “O Pesquisador Maçônico” com mais uma coluna
que foi batizada com o título acima. Que “Arquivos” são esses?
Nicola Aslan foi Iniciado em 31-08-1956 ( já com 50 anos de idade, pois nasceu a 08-06-1906),
Elevado a 30-11-1956 e Exaltado a 01-8-1957.
Em 1959 se “atreveu” a escrever sua primeira obra: “História da Maçonaria, Cronologia,
Documentos (Ensaio)”.
Pois bem. Esse primeiro livro esgotou-se, mas o autor não quis reeditá-lo de modo algum,
apesar dos insistentes apelos dos editores (Gráfica Editora Aurora, Ltda). “Estava cheio de erros”,
desconversava.
O segundo livro só sairia dez anos depois: “Estudos Maçônicos sobre Simbolismo” – Edições do
Grande Oriente do Brasil – Rio – 1969.
Apesar do tempo muito longo sem editar qualquer obra, foi, no entanto, um período de grande
atividade intelectual. Vários artigos foram escritos e várias obras preparadas e maturadas numa estufa que
produziu bons frutos.
Nicola Aslan “foi chamado” em maio de 1980, aos 76 anos, incompletos. E deixou o que agora
estamos chamando de ARQUIVOS. Muitos artigos, livros inteiros completos e inéditos, alguns por terminar,
curiosidades acontecidas em sua vida maçônica, a maior parte dela acontecida nas cidades de Niterói e Rio de
Janeiro.
Eis aí, então, o motivo da criação dessa nova coluna batizada NOS ARQUIVOS DE NICOLA
ASLAN. Nela transcreveremos o que acharmos que deverá ser de interesse dos queridos Irmãos. Ficamos na
expectativa que seja do agrado de todos.

Abraços.

Ítalo Aslan:.

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NOTÍCIA RELEVANTE 2
NOSSA COBIÇADA AMAZÔNIA
Temos de demonstrar ao mundo, e a nós mesmos, que
somos e devemos ser soberanos sobre a Amazônia.

Que tarefa árdua nos foi


entregue por Portugal! Ocupar um país
com as dimensões territoriais do nosso,
sem ter os meios financeiros e
populacionais para tanto. Que tarefa
gigantesca ocupar este país.
Os bandeirantes, quando
infringiram o Tratado de Tordesilhas e
moveram nossas fronteiras até a
Cordilheira dos Andes, deixaram em
paralelo ao ato heróico, um legado de
responsabilidade que hoje temos de
cumprir a custos altíssimos. Esse Brasil, que não é o Brasil costeiro, mas é nosso, precisa ser tomado por nós brasileiros,
antes que o mundo ocupe. Para ocupá-lo, precisamos de gente, recursos, de investimentos, planos, de sacrifícios, de
patriotismo.
Muitas vezes brasileiros comparam nosso país com os Estados Unidos, colocando-nos sempre em
desvantagem. Numa rápida comparação com os Estados Unidos, se o Brasil tivesse concluído a rodovia transamazônica,
teríamos o escoamento de nossas exportações e importações, pelo Atlântico e pelo Pacífico, e se os Estados Unidos só
tivessem a saída atlântica, será que os papéis não seriam invertidos? Se compararmos atualmente somente as costas
atlânticas, o Brasil apresenta núcleos populacionais e sociais equivalentes aos dos Estados Unidos. Entretanto, eles
puderem desenvolver o seu lado Oeste, enquanto nós começamos em parte, esse desenvolvimento somente com a
implantação de Brasília, por volta de 1954.
Ainda num exercício mental, fico imaginando a conclusão da Transamazônica, com todas as estradas
transitáveis, portos, aeroportos, obras públicas, possibilitando o escoamento de nossas exportações também via Pacífico,
rumo ao grande mercado consumidor da Ásia, com redução do percurso em milhares de milhas marítimas, de nossos
produtos agrícolas e pecuários, dos minérios de Carajás, do pescado dos grandes rios, da utilização e beneficiamento da
madeira na pré-fabricação de casas, móveis, carrocerias, embarcações, etc., com utilização de mão de obra nacional,
considerando-se também o encurtamento da mesma distância das importações do retorno daquela região, que concentra o
mercado consumidor maior da Terra, será que existiria no mundo, um país tão rico e forte como seria o nosso? Seria
realmente um país grande, um verdadeiro gigante, que não mais dormiria em berço esplendido.

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Fazemos questão de citar algumas conhecidas frases de líderes mundiais a respeito da Amazônia,
sentenças que espelham bem o que esses líderes sempre pensaram e pensam sobre esta região brasileira tão cobiçada.
“A Amazônia é um patrimônio da humanidade e não dos países que a ocupam” (CIM – Conselho
Mundial de Igrejas); “Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas, que vendam suas
riquezas, seus territórios, suas fábricas. Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é deles, mas
de todos nós” (Margareth Tatcher, quando Primeira-Ministra inglesa, 1983); “O Brasil deve delegar parte de seus
direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes” (Mikhail Gorbatchov); “O Brasil precisa
aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia” (François Mitterant).
Por causa e apesar de frases desse tipo, que revelam claramente o pensamento de quem as pronuncia, que
dizemos que a AMAZÔNIA É BRASILEIRA SIM!
Entretanto, soberania sobre um território não se faz pegando-se um mapa e ali traçando linhas
demarcatórias. Para que haja soberania sobre um território é preciso que haja ação sobre esse território, principalmente
sobre o homem que vive ali. É preciso que demonstremos que somos soberanos e que vamos exercer essa soberania
sobre todo o território brasileiro, sobre a Amazônia Legal.
Para responder a essas críticas as autoridades brasileiras tiveram que se mexer e foi a partir daí que nasceu
a idéia de um grande projeto de vigilância da Amazônia, que ficou conhecido como Projeto SIVAM – Sistema de Vigilância
da Amazônia, com a finalidade de mapear os problemas crônicos da Amazônia, como o desmatamento, grilagem de terras,
tráfico de drogas, controle sobre o espaço aéreo, queimadas, biopirataria, mapeamento das riquezas minerais, bem como
vegetal do Planeta, o que permite a sua fiscalização e administração.
É preciso disponibilizar recursos que possibilitem a expansão econômica da região sem que isso signifique
necessariamente a destruição da floresta. Se a conservação da floresta tropical oferece benefícios globais, precisam ser
encontrados caminhos de cobrar os beneficiados globalmente.
Países tropicais não devem ser impedidos de colher os benefícios de alguns dos seus desflorestamentos. O
mundo começou a reconhecer que precisa da Amazônia e de outras florestas tropicais. Chegou a hora de começar a pagar
por elas.
Os Estados Unidos e a Europa cortaram a maior parte de suas florestas nos últimos séculos. Quem são eles
para dizer à Indonésia, Brasil e Congo para fazer de maneira diferente?
Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Se a
Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do
mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro.
Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o
seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Não podemos deixar que
as reservas financeiras sirvam para oprimir países inteiros na volúpia da especulação. Se os EUA querem internacionalizar
a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até
porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior
do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

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Os candidatos à última eleição à presidência dos EUA, defenderam em suas plataformas eleitorais, a idéia de
internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que
cada criança do mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à ESCOLA. Internacionalizemos as crianças tratando-as,
todas elas, não importando o país onde nasceu, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro, ainda mais do
que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da
Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
O que podemos nós, maçons, fazer? De que forma podemos ou devemos atuar diante desse quadro?
A Maçonaria como Instituição, não se omitiu nunca dos processos históricos. O Maçom, como parte
integrante da Instituição, não pode se omitir também. Juramos servir à Ordem. A Pátria precisa do Maçom, de sua têmpera,
de seu patriotismo e de seu amor. Ao ouvirmos este “grito de Socorro” devemos nos envolver, nos empenhar, não só
emotivamente mais efetivamente!
Entretanto, uma coisa é certa: parados não podemos ficar.
Suplico pois a todos os Irmãos que se manifestem e, unidos, possamos pelo menos exteriorizar uma ação à
qual seja uma efetiva concretização de um plano.

Valdemar Sansão
E-mail: vsansao@uol.com.br
Fone: (011) 3857-3402

Referências colhidas dos debates:

a) “A Amazônia tem futuro”? Major-Brigadeiro-do-Ar José Orlando Bellon, 05/11/2001, na GLESP;


b) “Internacionalização da Amazônia” Cristovam Buarque, ex-governador do DF.

COMPARAÇÃO DE ÁREAS

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NOS ARQUIVOS DE NICOLA ASLAN

A MAÇONARIA E A BENEFICÊNCIA

(Nicola Aslan)

Entre as atividades a que geralmente se dedicam os Maçons, a mais usual é aquela que os leva a praticar atos de
solidariedade humana e a exercerem a beneficência sob todos os aspectos que ela implica, tanto dentro do mundo
maçônico como fora dele.
Não há dúvida que o Tronco de Solidariedade, o Saco de Beneficência ou qualquer outra denominação que se lhe
queira dar, exerce influência constante e preponderante nesta atividade para a qual, desde sua iniciação, os Maçons são
insensivelmente conduzidos através de uma sistemática indução que as instruções confirmam e incentivam.
E, de fato, outra não poderia ser a ensinança maçônica. Uma sociedade que objetiva o melhoramento e o
aperfeiçoamento de seus membros, que por meio de um ensinamento contínuo e repetido de doutrinas morais e sociais,
tende a fazer-lhes compreender as obrigações assumidas para com o próximo, isto é, com a humanidade em geral, não
poderia ficar à margem da prática da beneficência, em seu aspecto mesmo o mais comum.
Ao contrário da índole dos povos selvagens, que impele o mais forte a dominar os mais fracos e o mais poderoso
a subjugar os mais débeis, os povos civilizados deveriam considerar como natural que os mais fortes protegessem os mais
fracos, que os mais ricos socorressem os mais necessitados e que os mais instruídos ensinassem aqueles que não o
fossem. É esta, teoricamente, a diferença que existe entre o selvagem e o civilizado.
O que o Maçom chama com simplicidade de solidariedade humana, as religiões denominam de caridade.
Qualquer que seja, porém, a denominação aplicada, este sentimento traduz o amor do próximo em manifestações que
podem assumir os aspectos mais variados. O objetivo é um só: fazer compreender aos homens que todos são ligados
entre si por um único laço de amor e de fraternidade.
Entretanto, nas instruções ministradas em Loja aos Aprendizes, procura-se ressaltar que a solidariedade maçônica
não é incondicional. Tenta-se fazer compreender que o simples fato de pertencer à Maçonaria, não outorga ao Maçom
direitos e merecimentos incondicionais ao amparo moral e material dos outros Maçons. Este amparo é condicionado à
própria atuação do Maçom dentro e fora da Maçonaria, a sua atuação moral, bem entendido, e não exclusivamente na sua
qualidade de Maçom. O Ritual de Aprendiz considera esta última opinião como
“... a mais funesta interpretação que se tem dado a esse sentimento nobre, que fortalece os laços da
fraternidade maçônica. O amparo moral e material que, individual ou coletivamente, devemos aos nossos Irmãos não vai
até o dever de proteger aos que, fugindo de suas responsabilidades sociais, se desviam do caminho da moral e da honra”.
E não poderia ser de outra maneira, porque senão a Maçonaria fugiria à sua condição de aperfeiçoar moralmente
os seus membros. Passaria ela então a servir de valhacouto a homens indignos, exercendo assim uma ação nefasta,
negativa e contrária ao seu papel de condutora de homens. Compactuaria com ações degradantes, incentivando assim o
mal que ela tem obrigação de repelir.
Muitos esquecem, porém, que a Maçonaria é mais do que uma sociedade de beneficência ou de socorros
mútuos. Esta não é de nenhum modo a razão de ser da Maçonaria, nem o seu principal objetivo. Seria, quando muito, uma
simples e natural conseqüência das doutrinas que ela ensina. Fica esquecido que a Maçonaria é uma Fraternidade
Iniciática, e que as suas verdadeiras finalidades são de índole pessoal, visando elevar cada Maçom a um nível superior de
compreensão das coisas que o cercam, procurando que ele se entregue à busca do que constitui a essência dos graus
simbólicos: donde vem, quem é e para onde vai, para que, chegando a um grau de excelsitude acima do comum, se torne

7
senhor absoluto da vida e da morte. A beneficência será apenas um único degrau na ascensão ao cume em que se atinge
a Iniciação.

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CURIOSIDADES
A RODA DOS EXPOSTOS

Ir.: Valfredo Melo e Souza(*)

A Roda dos Expostos, anexa à Santa Casa de Misericórdia, na época colonial, era um mecanismo de
“colocação familiar” de crianças enjeitadas, filhos legítimos de pobres ou resultantes de uniões ilícitas ou, na maioria
das vezes, filhos de meretrizes que, ainda bebês, morriam carcomidos pela diarréia e sífilis. O processo de
acolhimento era anônimo e se fazia através da “roda”, chamada também, de “roda dos inocentes”.
Copiando o modelo europeu (Itália e Portugal) a instituição chegou ao Brasil em 14 de janeiro de 1738,
consolidada pelo solteirão milionário, Romão de Matos Duarte, que deixou sua fortuna para a Santa Casa de
Misericórdia do Rio de Janeiro, num gesto sumamente altruístico. É o primeiro registro que se tem de uma
organização não-governamental (ONG) em favor do social, no Brasil. A Fundação Romão de Matos Duarte e sua
magnífica obra ampara milhares de crianças carentes.
Constava, o engenho, de um cilindro rotatório de madeira, montada numa caixa, encravada no muro externo da
edificação, com uma abertura de dois compartimentos, onde se colocava a criança enjeitada e seus minguados
pertences. Ao girar a roda, em 180 graus, soava uma sineta no dormitório das freiras. A irmã de caridade,
imediamente, recolhia a criança e a instituição dava-lhe educação até que fosse reclamada ou, se tal não ocorresse,
até que se casasse ou, concluídos os estudos, pudesse sustentar-se. Era a Casa dos Expostos. A concepção do
engenho coletor permitia que a roda pudesse ser girada sem que os que estavam dentro da Santa Casa de
Misericórdia pudessem ver quem estava de fora – o entregador – garantindo assim o anonimato daquela que ali
depositava a criança desamparada.
Funcionou na Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Nesta última cidade, foi instalada em 14
de janeiro de 1911, na gestão do Presidente Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, com sede definitiva em terreno
doado pelo Dr. José Carlos Rodrigues, na rua Marquês de Abrantes. Desta data até 1938, ali haviam sido recolhidas
cerca de cinquenta e cinco mil crianças. Era época de alta mortalidade infantil entre crianças abandonadas.
A roda tornou-se obsoleta e em 1944 começaram debates para sua extinção, o que ocorreu em 5 de julho de
1949, em São Paulo.
Atualmente essas rodas encontram-se recolhidas em museus como referência e para estudo. Museu Histórico
Júlio de Castilhos, no Rio Grande do Sul. Museu da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Museu do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro.
Mesmo com a modernização da política social vigente no país, a adoção deixa muito a desejar, ainda. Fui
remetido a este assunto, por exemplo, pelo número expressivo de abandono de bebês recém nascidos em lixeiras de
prédios, residenciais ou públicos. É a miséria grassando. No nordeste não são abandonadas; morrem mesmo em
casa, de fome. Talvez a fome “zero”, a fome que flagela e mata. Estatísticas impressionantes.
As Rodas dos Inocentes foram extintas por falta de recursos financeiros. A Casa dos Expostos, anexa à Santa
Casa de Misericórdia, desapareceu. A Roda da Vida, esta continua. Hoje, gira em torno da “simples alimentação”
(café, pão, feijão, arroz) e abrigo em casas adrede, instaladas neste imenso país.
A adoção de crianças passou a ser um ato natural. Um gesto humano. O acolhimento de uma pessoa escolhida
para viver em ambiente familiar. Sob um mesmo teto. Não é mais um ato feito às escondidas. Deixou de ser caridade.
É puro ato de amor. De solidariedade. A adoção ficou sendo um processo afetivo e legal pelo qual uma criança passa
a ser filho de um adulto ou um casal, sem ter sido gerado biologicamente por eles. É um ato irrevogável e garante a
plenitude dos direitos sucessórios, portanto, exige muita reflexão e amor.

(*) Membro da Academia Maçônica de Letras do DF.

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PARA PENSAR
AMOR E DESEJO
(*)
Quem ama, quer, quem quer, deseja. O amor desinteressado é uma lenda piedosa. O interesse nasce da
essência do ser. A sua projeção no plano existencial é determinada pelo interesse da comunicação. Esse interesse básico
permanece e o domina em toda a sua existência. Comunicação é relação e nesta surgem os atrativos das coisas, das
situações e dos seres. Os atrativos formais, situacionais, psicológicos e culturais provocam e estimulam o interesse
recíproco entre os pares. O interesse inicial desencadeia a seqüência de interesses que os levará ao despertar do amor,
da querência e do desejo. Querer é desejar sem apego, no plano superficial das necessidades imediatistas. Desejar é
querer com anseio, sob a ação dos instintos, das forças inconscientes do existente, o ser entregue às exigências vitais do
condicionamento humano. Dessas especificações decorrem os vários tipos do amor, desde o instintivo animalesco até o
espiritual e sublime, que empenha no amor a totalidade do ser. A paixão é o delírio do ser premido pela ação múltipla e
confusa de todos esses vetores em explosão psico-biológico.

Definir essas várias manifestações do amor é uma necessidade da disciplinação do comportamento e da


conduta. O comportamento disciplinado racionaliza a conduta e previne os enganos fatais do amor, evitando o delírio da
paixão sem asfixiar ou atenuar as expansões naturais do amor. A pesquisa sobre o amor não pretende aniquilá-lo nem
conformá-lo a modelos e padrões, mas apenas tornar os amantes conscientes, pelo conhecimento do terreno em que
pisam, das ilusões e excessos a que podem ser arrastados. Em todas as situações existenciais o conhecimento da
realidade é indispensável ao êxito. As correntes da energia amorosa participam ao mesmo tempo das aspirações
espirituais e dos impulsos vitais. Só o conhecimento racional dessa condição do amor pode nos dar o domínio do espírito
sobre ele através da razão, que é o espírito em atividade na existência. Não há força de vontade que possa dominar o
amor, pois o amor joga com a vontade desde a sua manifestação inicial, sem dar tempo à reflexão, que é logo posta a
serviço e em função do interesse do amor.

Todas as divagações sobre o amor nascem do seu fluxo já desencadeado e servem apenas para estimulá-lo.
A experiência do amor não informa sobre ele, pois é feita de desejos e frustrações com resultados traumáticos. Por isso os
homens maduros e até mesmo os envelhecidos se comportam no amor com a afoiteza e a inexperiência dos jovens.O
ridículo dos amores maduros decorre dessa situação etária desconexa. Não há conexão entre as exigências do amor e as
da idade madura ou senil no comportamento social. Essa falta de conexão exaspera os amantes extemporâneos, tirando-
lhes a possibilidade de agir com moderação e prudência.Simone de Beauvoir protesta, em seu livro sobre a velhice, contra
a negação social aos velhos do direito de amar. Um protesto inócuo, pois o problema decorre de uma defasagem etária em
que as condições naturais do processo existencial são violadas pelos amantes, o que determina o desajuste indisfarçável
da sua posição social.Os velhos não perdem o direito de amar, pois a lei do amor é eterna e insubmissa às ordenações
temporais. Mas as próprias condições biológicas da velhice mostram que esse direito deve ser exercido num sentido mais
amplo e espiritual. O desgaste das energias físicas anuncia o fim do ciclo existencial e a libertação do espírito para
dimensões mais amplas da realidade. É nesse momento que toda a experiência existencial dos velhos fracassa ante o
instinto de conservação e o fluxo poderoso das energias da afetividade. Quando os velhos resistem ao desgaste físico e
mantêm a juventude do espírito – pois esse não envelhece, deixando-se apenas influenciar pela velhice do corpo – a ilusão
de uma condição vital ainda equilibrada pode levá-los a tentar aventuras amorosas de conseqüências perigosas. A
pesquisa sobre o amor revela que a própria virilidade física pode manter-se até a mais alta idade, tanto no homem como na
mulher.Mas demonstra também que as condições favoráveis da velhice conservada não passam, em geral, de um curto
período existencial, e mesmo quando se prolonga mais do que se pode esperar, é sempre seguido de conseqüências que
embaraçam ou perturbam as relações do casal em desnível crescente, criando-lhes problemas insolúveis.

Ao amor da velhice é oferecida a opção da família, das novas gerações que brotaram do tronco agora
envelhecido, mas ainda firme e erecto, com suas raízes agarradas ao chão e seus ramos abertos ao céu. Vargas Villa, já
nas proximidades dos sessenta anos, revisando Ibis, livro da juventude, para uma reedição na Itália, deixou-nos um
testemunho impressionante do envelhecimento consciente e carregado de belezas e emoções insuspeitadas:

“Como habrá quien puede llegar a estas alturas de la vida, em que de pié, sobre la cimbre de la edad,
divisamos a nuestros piés las llanuras de la Vejez y enpezamos a descender a ellas com uma fronte gravida de
pensamientos y nun ritmo suave, como de subito nos hubiesen nascido unas alas muy tenues, echas para volar em el
crepusculo? El Sol, violador de todas las tiniebras, no tiene ya, em la casta quietud de esse horizonte, nada que violar.”

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Não se trata de uma conformação forçada, mas de um amortecer natural das trepidações da existência, na
fase de chegada ao destino, quando o navio diminui a contagem dos nós à vista da terra próxima, ou quando o avião
abranda a fúria das hélices para ensaiar o pouso tranqüilo e seguro na pista certa e precisa do aeroporto. Todas as
batalhas foram vencidas, para aquele que soube lutar com plena consciência dos seus objetivos. Por isso o espírito se
quieta no corpo envelhecido e o homem sorri com leve ironia, toda de auto-piedade, lembrando as refregas ardorosas em
que se atirara coroado de louros que murcharam na esteira do tempo. Se soube aprender as lições existenciais, seu
coração se abre para os filhos e netos, cercado de carinho e respeito. É então que as aves se acolhem aos ramos das
suas experiências, como no soneto de Bilac. Trocar essa serenidade em que o passado ecoa surdamente, à maneira do
marulhar das ondas numa concha vazia, pelas inquietações de uma reconstrução impossível é expor-se desavisado aos
fracassos e ao ridículo. Knut Hamsum adverte: “Um vagabundo toca em surdina, quando chega aos cinqüenta anos.”

O envelhecer é o anoitecer existencial. Ao cair do crepúsculo, aqueles que envelhecem normalmente sentem
as asas tênues de Vargas Villa, o impetuoso escritor colombiano que empolgou a Europa de fins do século passado com
seu estilo vibrante e nervoso, retumbante como o do Corão. Se houve alguém que devia ter dificuldades para envelhecer,
foi sem dúvida Vargas Villa. Mas podemos ver, no pequeno trecho que dele transcrevemos, em sua própria língua, tão
apropriada a ele, como essa inteligência vulcânica soube compreender a beleza da hora crepuscular. Era um solitário que
amava o mundo e a vida expansiva, numa intimidade telúrica e vivencial que só ele conseguia manter. Falava de seu amor
em estilo pirotécnico, mas o cultivava às escondidas, num “tête-à-tête” ciumento. Esse intimismo o preparou para tocar em
surdina, obedecendo ao ritmo da vida.

Na proporção em que o organismo físico decai, diminuindo a intensidade dos impulsos, a existência se torna
cinzenta. Mas, ao mesmo tempo, o colorido do poente anuncia um novo alvorecer. E quando as trevas envolvem a
paisagem, as estrelas assaltam o céu numa revoada de mundos insuspeitados. É a hora em que o ser descobre a sua
ligação secreta com o Cosmos, a sua união profunda com o Todo. O espírito se desliga lentamente dos particularismos do
planeta para vislumbrar a imensidade que o espera, a eternidade dinâmica que o atrai. As asas tênues do crepúsculo
convertem-se em asas estelares das almas viajoras de Plotino. Insistir no apego à vida terrena, ao plano existencial, é lutar
contra a realidade universal inelutável. Não são apenas os velhos que morrem, mas na velhice a morte é o prêmio da vida,
pois esta se desdobra em novas e surpreendentes perspectivas nos ritmos do envelhecer. A maior e a mais brilhante
dessas perspectivas é a do amor, que se amplia em todas as direções e eleva-se nas hipóstases do Inefável, onde as
mãos de Beatriz nos mostram as revoadas dantescas de asas angélicas. Repudiar essa oferta divina para tentar
readaptações mesquinhas e inviáveis no mundo dos homens é negar-se a si mesmo. O ser que se entrega confiante a
esse arrebatamento não teme envelhecer. Descobre por si mesmo a harmonia perfeita dos ritmos da vida, na sucessão
gradual das fases existenciais, em que a velocidade interior dos impulsos vitais acompanha a invariabilidade dos ritmos
exteriores, numa conjugação inexplicável,determinada por um esquema sutil de leis desconhecidas. Arrebatado pela morte,
que assusta e horroriza os jovens, o espírito amadurecido na experiência existencial descobre a si mesmo e entra na
posse da herança que o esperava segundo o ensino do Apóstolo Paulo. Não encontra o Céu das lições religiosas, nem o
paraíso terreno dos árabes com suas urís e seus profetas, mas a realidade essencial das coisas e dos seres, em que se
identifica com a sua própria realidade.

Os que não venceram na projeção existencial, identificando-se com as etapas da existência, apegando-se às
formas perecíveis da rotina vivencial, sem descobrir o sentido da descoberta filosófica de que a existência é subjetividade
pura, permanecem prisioneiros de si mesmos, amarrados a ídeo-cristalizações do passado, apegados às hipóstases
terrenas e às aparências de uma velhice estacionária e por isso mesmo irreal, que só neles existe.

Os velhos são geralmente acusados de retrocesso ao egocentrismo infantil. Engolfam-se em suas recordações
e só amam a si mesmos. A velhice não deforma o espírito, apenas o liberta. O egoísta se engolfa no egoísmo que cultivou
na existência. O espírito aberto e generoso continua a ser o que era. Mas o desencanto do mundo e da vida, a superação
das ilusões tornam geralmente os velhos mais introspectivos, desligados de uma realidade exterior que para eles não tem
mais nenhum segredo. Mas o amor permanece em seus corações como a chama solitária do Templo de Vesta, sempre
alimentada pelas vestais das lembranças e das experiências adquiridas. A chama tranqüila, acesa na penumbra do templo,
não tem os lampejos de outrora, mas não se apaga. É o fogo de coivara das queimadas sertanejas, que dorme nas brasas
entre as cinzas e pode reavivar ao sopro dos ventos. Basta o desencadear de acontecimentos inesperados, com lufadas
que atinjam a sua sensibilidade, para que o amor dos velhos se erga novamente em labaredas de abnegação e sacrifício.
É o que se vê nos grandes momentos históricos e até mesmo no âmbito de instituições privadas, quando velhos lutadores
retornam à liça para defender os seus antigos ideais.Nas lutas da última conflagração mundial, quando a loucura nazi-
facista empolgou multidões alucinadas, vimos os velhos lutadores do passado, encastelados em suas posições definitivas
ou até mesmo em seu repouso, levantarem-se como barreiras ante a ameaça dos bárbaros. Churchill voltou, com seu
charuto à boca, a erguer o V da vitória aparentemente impossível sobre as ruínas de Londres. Roosevelt deixou as
11
comodidades de Washington para agir como um jovem guerreiro em defesa dos ideais democráticos. Stalin saiu de sua
toca de urso para deter nas estepes geladas o avanço das tropas nazistas. Mas um velho egoísta não titubeou, após a
morte de Roosevelt, em ordenar o genocídio atômico de Nagazaki e Hiroshima, porque em seu coração o amor pela
humanidade jamais conseguira lampejar. Na França, Petain, o velho herói do Marne, aturdido com o esmagamento
impiedoso da pátria, expôs-se à vergonha de Vichy para poupar,à custa de sua própria desonra, a população indefesa.

Esses exemplos históricos, e tantos outros que se perderam no anonimato das terras martirizadas, dos povos
esmagados pela catástrofe, mostram que no coração dos velhos a chama do amor continua acesa enquanto as condições
físicas do cérebro permitirem a atividade espiritual da mente.

Naqueles em que o amor se elevou aos planos do altruísmo, os desejos individuais, dirigidos pelas forças
genéticas, apagam-se para dar mais brilho aos anseios de sublimação. Os prazeres sensoriais perdem o seu encanto e
são substituídos pelas aspirações do futuro, entrevistas na paranormalidade das percepções extra-sensoriais. O ser do
corpo emudece ante o contínuo e secreto murmurar do ser espiritual. É graças a isso que a aparência juvenil de certos
velhos não corresponde à realidade de sua inevitável decadência orgânica. A chama do amor sustenta o corpo
envelhecido.

N.: R.: Do Magnífico livro: 'Pesquisa sobre o Amor' de J.Herculano Pires


(*)Colaboração do Ir.: Sérgio Magalhães, do Oriente do Rio de Janeiro

Consultoria Jurídica
Causas cíveis, trabalhistas e vara de família
Vilar dos Teles “Capital do Jeans”

Direção: Ir.: ROSELMO


Gilberto de Souza Jotta
Av. Automóvel Clube, 2560 Advogado
Vilar dos Teles – Rio de Janeiro (RJ)
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Alfredo P. Cunha
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Dr. Wagner Buono
Glaicy M. Cunha Ginecologista e Obstetra
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(tarde)

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GRANDE DICIONÁRIO ENC. DE BIBLIOTECA
OPUS DEI (Os Bastidores)
MAÇONARIA E SIMBOLOGIA Dario F. Ferreira / Jean Lauand /Márcio F. da Silva

NICOLA ASLAN
ENOQUE– Patriarca, filho de Jared, pai de Matusalém e avô
de Noé. Segundo a narrativa do Gênesis, viveu 365 anos e
caminhou com Deus, porque Deus o levou. Este fim
misterioso é recordado no Eclesiastes e por São Paulo. A
tradição católica acreditou sempre que Enoque deixou a
Terra sem sofrer a morte. Outros personagens bíblicos
usaram este nome.
Os primeiros cristãos liam com respeito uma obra que tinha o
título de “Livro de Enoque”, que é citado por São Judas,
Tertuliano e escritores orientais. A Igreja não o admitiu,
porém, no Cânon dos Livros Sagrados, considerando-o um
livro apócrifo e os judeus também o rejeitaram. Segundo
H.P.Blavatsky “o Sanhedrim não quis ocupar-se dele,
simplesmente por se tratar de uma obra mais mágica do que
puramente cabalística”.
A Idade Média o ignorou e foi julgado perdido, até que, em
1769, um viajante inglês, J. Bruce, encontrou na Abissínia
três manuscritos contendo uma tradução etiópica do antigo
Livro de Enoque, que primitivamente fora escrito em
hebraico ou em armênio. Se você quer saber tudo sobre esta polêmica e radical
Esta obra, espécie de Apocalipse, divide-se em cinco livros. instituição ligada à Igreja Católica, este é o livro certo!
O 1° conta a queda dos anjos e sua união com as filhas dos Os autores – que são ex-membros desta quase seita
homens; o 2° encerra três parábolas messiânicas; o 3° é – prescrutam as suas entranhas, mostrando desde a sua
repleto de fábulas grosseiras sobre a natureza do mundo; o origem histórica, com o seu fundador (JOSEMARÍA
4° resume em duas visões a história do povo judeu; o 5° ESCRIVÁ), que virou santo (este e outros exemplos
contém exortações morais. Diz a EPI(*): fazem-nos descrer dos métodos de canonizado), seus
“É provável que o Livro de Enoque seja uma compilação
métodos de persuação, seu modo de conduzir o seu
formada com elementos diversos, os mais antigos, os quais
remontam ao regresso do cativeiro, e os mais recentes ao 1° “rebanho” com “mãos de ferro”, a desagregação das
século da era cristã”. famílias – quando um membro é cooptado, as
Este livro foi traduzido em 1811, pelo Arcebispo Lawrence dificuldades de se desligar da instituição – todas as
pelo texto que se encontra na “Bodleian Library”, de condições de sobrevivência são tiradas dos “ex-
Oxford. Segundo o editor da tradução, citado por H.P. membros”, além de toda ordem de difamação e
Blavatsky, o Livro de Enoque é a origem e a base do descrédito que lhes são imputadas – etc; tudo isto
cristianismo. recheado de depoimentos, além da indicação de diversos
Foi, ao que parece, a inesgotável fonte em que os sites em que o leitor pode conferir estas e outras
Evangelistas e os Apóstolos, ou os homens que escreveram informações à respeito da “Obra” – como eles gostam de
sob o seu nome, tiraram as suas conclusões da ressurreição, dizer.
do julgamento, da imortalidade, da perdição e do reino É impressionante como a história, a todo momento,
universal da justiça sob o eterno domínio do Filho do Homem. nos mostra exemplos de radicalismos extremados que
O Apocalipse de São João adapta as visões de Enoque ao são praticados por mentes doentias
Cristianismo, com modificações nas quais na se encontra (FUNDAMENTALISMO) e como seguidores cegos lhes
mais a sublime simplicidade do grande mestre da predição dão força e sobrevivência, como este desta instituição
apocalíptica, que profetizava em nome do patriarca que, apesar de ligada à Igreja Católica (é uma prelazia da
antedeluviano.
mesma), nela se apóia para alcançar seus objetivos, mas
O livro de Enoque é um livro simbólico, em grande honra
nos meios cabalistas e entre os adeptos da Magia. mesmo assim execra a atitude dos religiosos católicos
Uma antiga tradição, sem qualquer base, associa Enoque que não são a ela ligadas diretamente (PASMEM!)
com a fundação da Maçonaria. Em suas Constituições de Boa leitura e boas conclusões.
1723, Anderson a ele se refere como o construtor dos Pilares
Antedeluvianos. Porém, segundo os Old Charges o Editora VERUS.
construtor dos Pilares foi Jabal e Enoque não é nem mesmo Campinas, SP – 2005.
mencionado nesses manuscritos.
(*) Enciclopédia Portuguesa Ilustrada Carlos Alberto dos Santos
Editor

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POLINDO A PEDRA BRUTA
ESTRUTURAÇÃO ADMINISTRATIVA DA MAÇONARIA

Neste artiguete vai mais uma pergunta do que uma afirmativa.


Por que a estrutura administrativa da Maçonaria, pelo menos das Potências de que tenho conhecimento, são
similares à organização do Estado democrático? Teremos herdado essa tendência do sistema inglês? A estruturação
administrativa maçônica, lá, é monarquista ou parlamentarista?
A associação maçônica, se aceita como sociedade essencialmente iniciática, tem, fazendo parte do mundo profano,
uma natureza mais próxima de uma “Escola”, de uma Universidade, do que de um Estado com seus poderes organizados
solidários mas autônomos. A Universidade tem os seus reitores, conselhos, departamentos, secretarias, atividades de pós-
graduação etc. Não seria ela mais condizente com os nossos propósitos quando procuramos enquadrar a Maçonaria nesse
mundo profano?
Acho ainda que deveríamos procurar um sistema que encerrasse dois condutores: o primeiro encarregado da
gestão administrativa da entidade e o segundo ocupado com os aspectos doutrinários, com o conteúdo iniciático próprio da
Maçonaria. Ao primeiro o título de Soberano; ao segundo o de Eminente já que o presidente de um grupamento maçônico,
um “Venerável”, deve incorporar a figura de uma pessoa veneranda, mestra hierofanticamente na representação da
Sabedoria. Como tradicionalmente aceito pela grande maioria dos grupos iniciáticos deveria ser privilegiado o grupo dos
mais idosos na ciência da Arte Real, na mantença da Tradição, já que tal mister não responde necessariamente a sufrágio de
maioria mas à dura conquista individual da experiência acumulada.
Devemos lembrar-nos que a face tradicional da Maçonaria se refere aos seus princípios, aos “landmarks” que a
estruturam e definem e não a aspectos contingenciais que obedecem às mudanças próprias das sociedades e que se
mudados confirmam a evolução conceitual defendida por todos os maçons. No que puder mudar, mudar para melhor!

Renato em Cabo Frio (*Membro da ARLS RENASCIMENTO Nº 08).


Extraído dos escritos do “Decifra-me ou te devoro” (em organização).

PÍLULAS MAÇÔNICAS
O ESTANDARTE

O estandarte é uma insígnia – religiosa, cívica ou militar.


Invariavelmente, toda Loja Maçônica tem o seu, que ocupa lugar de destaque em seu interior, e é portado pelo
Mestre Porta-Estandarte em sessões solenes, ou até na abertura e encerramento dos trabalhos normais. Na confecção dos
estandartes das Lojas, as figuras, cores e símbolos representados devem obedecer a estética, ao bom gosto e aos princípios
da heráldica. Nem sempre porém isto acontece, o que dá lugar a excessos nas combinações destes requisitos, resultando
em estandartes de Lojas que mais parecem de escolas de samba.
No passado, nos recintos das Lojas, além do estandarte oficial das mesmas, também, havia o do padroeiro – São
João de Escócia.

Colaboração do Ir.: ANTHERO BARRADAS/ M.:M.(*)


(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO N º 08

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HISTÓRIA PURA
A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO
Ir.: Marcorola

Entre julho e setembro de 70 d.C., tropas romanas destruíram Jerusalém e o Templo do Rei Salomão. Os soldados
incendiaram, pilharam e arrasaram o Templo, apesar de, segundo alguns historiadores, o imperador Tito ter ordenado que o santuário
fosse poupado. Não sobrou pedra sobre pedra, cumprindo-se a profecia de Jesus (em Lucas). A partir da página 4, excerto do livro " E
a Bíblia tinha razão", do pesquisador alemão Werner Keller, conta como transcorreu a Guerra dos Judeus e como foram os últimos
momentos do Templo, que tanto significado tem para a Maçonaria e em torno do qual corre grande parte da ritualística dos Graus
Simbólicos e Filosóficos do REAA.

HISTÓRIA
A destruição de Jerusalém e do Templo de Salomão Entre 66 a 70 d.C, os romanos cercaram Jerusalém para sufocar uma
rebelião. Como resultado, arrasaram a cidade e o Templo de Salomão, não deixando pedra sobre pedra, como profetizara Jesus.
E, dizendo alguns, a respeito do templo, que estava ornado de belas pedras e ricas ofertas, Jesus disse: Destas coisas que
vedes, virão dias em que não ficará pedra sobre pedra, que não seja demolida.
Quando virdes, pois, que Jerusalém é sitiada por um exército, então sabei que está próxima a sua desolação. Porque haverá
grande angústia sobre a terra e ira contra este povo. E cairão ao fio da espada e serão levados cativos a todas as nações e Jerusalém
será calcada pelos gentios (Lucas 21.5, 6, 20, 23, 24).
Numerosas residências e castelos reais, cidades, palácios e templos, construções que tiveram seus fundamentos assentados
no primeiro, no segundo e até no terceiro milênio antes de Cristo foram arrancados ao pó do passado, por vezes com metros de
espessura, pelas pás e a intuição
dos arqueólogos, em trabalho competente e árduo. A cidade e o templo de Jerusalém, de significação inapreciável para a
posteridade, escaparam, porém, aos esforços dos pesquisadores; foram eliminados para sempre deste mundo. Porque, uma geração
apenas depois da crucificação de Jesus, nos "dias da vingança" (Lucas 21,22) sofreram a sorte que Jesus lhes profetizara.
O antigo Israel, cuja história não inclui a palavra e a obra de Jesus, a comunidade religiosa de Jerusalém, que condenou e fez
crucificar Jesus, foram aniquilados num inferno como talvez não haja exemplo na história, na "Guerra dos Judeus", de 66 a 70 d.C.
Cada vez mais se elevavam as vozes contra a odiada Roma. Ao partido dos zelotes afluíam fanáticos e rebeldes reclamavam
incansavelmente a supressão do domínio estrangeiro; cada um deles levava um punhal escondido debaixo do manto. Seus atos de
violência alarmavam o país. Os abusos de força dos procuradores romanos tornavam a situação ainda mais delicada; aumentavam
cada vez mais os partidários dos radicais. A crescente indignação estourou em franca revolta em maio de 66, quando o procurador
Floro exigiu dois talentos do tesouro do templo. A guarnição romana foi atacada e Jerusalém caiu em poder dos rebeldes. A lei que se
seguiu imediatamente, proibindo o sacrifício diário a César, significa uma declaração de guerra aberta à grande potência de Roma. A
anã Jerusalém arrojou com arrogância a luva do desafio aos pés do Imperium Romanum.
Foi o sinal para todo o país; por toda a parte se ateou a rebelião. Floro não era mais senhor da situação. O governador da
província da Síria, C. Céstio Galo, marchou em seu socorro com uma legião e numerosas tropas auxiliares, mas foi obrigado a retirar-se
com pesadas perdas. Os revoltosos dominavam o país. Na certeza de que Roma ia contra-atacar com toda a sua força, os judeus

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fortificaram as cidades a toda a pressa, repararam as muralhas antigas e nomearam chefes militares. José, que veio a ser mais tarde o
historiador Flávio Josefo, foi nomeado chefe militar da Galiléia.
Do lado romano, o imperador Nero confiou o alto comando ao brilhante e experimentado general Tito Flávio Vespasiano, que
muito se havia distinguido na conquista da Bretanha. Acompanhado por seu filho Tito, caiu sobre a Galiléia pelo norte com três legiões
de elite e numerosas tropas auxiliares.
As povoações situadas junto ao lago de Genesaré, onde poucos decênios antes Jesus havia pregado aos pescadores,
assistiram às primeiras carnificinas. Até outubro de 67 já fora invadida toda a Galiléia. Entre a multidão de prisioneiros marchava
também Josefo, o general-chefe. Ia acorrentado e, conduzido ao quartel general por ordem de Vespasiano, assistiu desde então à
Guerra dos Judeus no acampamento do adversário. Seis mil judeus foram conduzidos como escravos a Corinto para a construção do
canal.
Na primavera seguinte, prosseguiu a luta para submeter os revoltosos da Judéia. Mas nesse meio tempo chegou uma notícia
que interrompeu a campanha: Nero suicidara-se. Em Roma estourou a guerra civil. Vespasiano aguardou o desenrolar dos
acontecimentos. Um após outro, três imperadores perderam a soberania e a vida. Por fim, as legiões romanas tomaram uma atitude:
um ano depois da morte de Nero ressoou no Egito, na Síria, na Palestina e por todo o Oriente a aclamação "Viva Caesar!". Vespasiano
tornara-se soberano do Império Romano. De Cesaréia, na costa da Palestina, onde recebeu a notícia, ele se dirigiu sem tardança para
Roma, deixando a seu filho Tito o último ato da Guerra dos Judeus.
Pouco antes da lua cheia da primavera de 70, Tito encontrava-se com um exército imenso diante de Jerusalém. Por todos os
caminhos e estradas avançavam para a cidade colunas como a Judéia nunca vira. Eram a 5ª, a 10ª, a 12ª e a 15ª legiões, seguidas de
cavalaria, tropas de sapadores e tropas auxiliares, quase oitenta mil homens. A Cidade Santa fervilhava de gente; peregrinos de toda
parte acorreram para lá a fim de celebrar a festa da Páscoa. Mas as preces eram interrompidas por choques entre os elementos
extremos dos zelotes e o partido dos moderados; havia mortos e feridos nas ruas.
Enquanto isso, os romanos estabeleciam seus acampamentos nos arredores. Um ultimato para que se rendessem foi rece-
bido com risos de escárnio.
A artilharia romana - no muro setentrional, com cinco scorpiones (escorpiões: catapultas de tiro rápido) e balistas - foi disposta
em ordem de ataque.
Cada uma dessas máquinas arremessava pedras de cinqüenta quilos de peso a cento e oitenta e cinco metros de distância!
No lado norte, os sapadores atacaram o calcanhar-de-aquiles do forte.
Dos lados sul, leste e oeste o baluarte era protegido por encostas escarpadas. O lado norte era, por essa razão,
extraordinariamente bem protegido por três poderosas linhas de muralhas. Os aríetes e catapultas começaram com grande estrondo e
alarido sua obra de destruição dos fundamentos. Só quando as pesadas pedras começaram a cair incessante e estrepitosamente na
cidade, quando soava de dia e de noite o ruído surdo dos aríetes, terminou a luta fraticida no forte. Os rivais fizeram as pazes. Dos
chefes dos partidos Simão Bar Giora, o moderado, recebeu o encargo de defender a frente norte e João de Gischala, o zelote, o de
defesa do recinto do templo e do Forte Antônia. Dias depois, os romanos passaram também através da segunda linha de muros. Um
contra-ataque resoluto deu de novo aos sitiados a posse do muro. Os romanos levaram dias para reconquistá-lo E assim os arredores
do norte ficaram definitivamente em poder dos romanos. Jerusalém, diante dessa situação, se renderia, Tito suspendeu o assalto.
O grandioso espetáculo de uma grande parada de suas tropas à vista dos sitiados deveria, pensou ele, chamá-los à razão. Os
romanos tiraram seus trajes guerreiros, poliram o mais que puderam seus uniformes de parada. Os legionários puseram suas couraças,
suas cotas de malha, seus elmos. A cavalaria enfeitou seus cavalos com gualdrapas profusamente ornadas e, ao som de trombetas,
desfilaram dez mil combatentes diante de Tito, recebendo sob os olhos dos sitiados o soldo e alimento substancioso.
Durante quatro dias ressoou de manhã cedo até o pôr-do-sol a marcha das colunas romanas acostumadas à vitória.
Em vão. Comprimidos em cima do velho muro, no lado norte do templo e em todos os telhados, os homens mostravam
apenas hostilidade. Demonstração inútil. Os sitiados não pensavam em rendição.
Tito fez uma última tentativa para induzi-los a mudar de pensamento. Mandou o prisioneiro Flávio Josefo, que fora o general-
chefe, judeu da Galiléia, até junto dos muros da fortaleza.
A voz de Josefo subiu clara até onde eles estavam: "Ó homens duros de coração, abandonai vossas armas, tende compaixão
de vossa terra, que ameaça cair no abismo. Olhai ao redor e vede a beleza que quereis atraiçoar. Que cidade! Que templo! Que
presentes de inumeráveis nações! Quem se atreveria a entregar tudo isso à destruição das chamas? Existirá alguém capaz de desejar
que tudo isso deixe de existir? Haverá coisa mais preciosa do que conservar? Ó criaturas duras, mais insensíveis do que pedras!" Com
palavras comoventes, Josefo lembrou-lhes os grandes feitos do passado, os patriarcas, a história, a missão de Israel. Em vão. Suas
exortações e súplicas caíram em ouvidos moucos.
Cadáveres amontoados A luta foi renovada, partindo a segunda muralha, dirigida contra o Forte Antônia. Através das ruas do
arrabalde, a frente foi avançando para o recinto do templo e a cidade alta. Os sapadores construíam rampas de assalto com madeira
que as tropas auxiliares iam buscar nos arredores.
Os romanos serviam-se de todos os meios comprovados da técnica de assédio. Os trabalhos preparatórios sofriam
continuamente danos consideráveis, causados pelas incansáveis tentativas dos sitiados para destruí-los. Além de desesperadas
surtidas, os baluartes de madeira, apenas terminados, eram de novo presa das chamas. Com o cair da noite, os arredores do
acampamento formigavam de vultos que surgiam de esconderijos e passagens subterrâneas ou se arrastavam por cima dos muros.
Uma após outra as árvores foram caindo para a confecção de cruzes, rampas de assédio, escadas de assalto ou fogueiras no
acampamento. Quando os romanos chegaram, encontraram uma região florescente. Algum tempo depois, haviam desaparecido as
vinhas, as plantações de hortaliças, a riqueza das figueiras e oliveiras; nem o monte das Oliveiras dava mais sombra. Através da região
desolada e nua pairava um fedor insuportável. Junto das muralhas amontoavam-se aos milhares os cadáveres dos que tinham morrido
de fome e dos guerreiros caídos em combate, jogados dos parapeitos pelos sitiados. Quem poderia sepultá-los

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segundo o costume antigo? "Nenhum estrangeiro que tivesse visto a antiga Judéia e os encantadores arrebaldes de sua
capital e visse agora aquela desolação poderia conter as lágrimas e a aflição diante de modificação tão espantosa", lamentou Flávio
Josefo. "Pois a guerra havia transformado toda aquela beleza num deserto. E quem quer que tivesse visto antes esses lugares e de
repente os tornasse a ver não seria capaz de os reconhecer."
AUMENTA O CERCO
A fim de isolar a cidade hermeticamente, Tito ordenou a construção de uma circumvallatio. Revezando-se dia e noite, as
tropas construíram, num vasto arco ao redor de Jerusalém, um alto e forte muro de terra, reforçado por treze construções fortificadas e
vigiado por uma espessa cadeia de postos. Se até então os sitiados ainda podiam, durante noite, furtivamente, através de túneis e
fossos, levar algumas provisões para a cidade, a circunvalação impediu também este último e escasso reabastecimento.
O espectro da fome apoderou-se da cidade superpovoada pelos peregrinos; a morte fazia uma colheita terrível. A ânsia de
comer fosse o que fosse não conhecia mais limites, matava qualquer sentimento humano. "A fome, cada vez mais insuportável,
aniquilava famílias inteiras entre o povo. Os terraços estavam cheios de crianças e mulheres desfalecidas, as ruas juncadas de velhos
mortos. Crianças e jovens, cambaleantes, erravam como fantasmas pela cidade, até que caíam. Tão esgotados estavam que não
podiam continuar a enterrar mais ninguém. Caíam sobre os próprios mortos ao enterrá-los.
A miséria era indizível e, apenas surgia em algum lugar a simples sugestão de qualquer coisa comestível, começava logo
uma luta para apoderar-se dela, e os melhores amigos lutavam entre si, arrancavam uns aos outros as coisas mais miseráveis.
Ninguém acreditava que os moribundos não tivessem algum alimento. Os ladrões se atiravam aos que jaziam nas últimas e revistavam-
lhe as roupas.
Esses ladrões andavam de um lado para outro, batendo à porta das casas como ébrios. Em seu desespero, batiam
frequentemente duas ou três vezes num dia à mesma porta. Sua fome era tão insuportável que os forçava a mastigarem tudo o que
encontravam. Apanhavam coisas que nem mesmo os animais comuns tocavam sequer e muito menos comiam. Havia muito que tinham
começado a roer seus cinturões e sapatos e até mesmo o couro dos casacos. Muitos até feno velho comiam e havia outros que
reuniam talos de erva e vendiam um insignificante peso dela por quatro dracmas áticas... Mas por que descrevo essas vergonhosas
indignidades a que a fome reduziu os homens, levando-os a comerem coisas tão inaturais?", pergunta Flávio Josefo em sua obra sobre
a Guerra dos Judeus.
SEM PARALELO
"Porque escrevo sobre um acontecimento sem paralelo, em nenhuma história, nem entre os gregos nem entre os bárbaros. É
horrível falar a respeito e inacreditável para quem o ouve. De bom grado, com efeito, eu passaria por alto essa nossa calamidade para
não adquirir fama de transmitir uma coisa que parecerá tão indigna à posteridade. Mas houve muitos testemunhos oculares no meu
tempo. Além disso, o meu país teria pouco motivo para me agradecer se silenciasse a miséria que sofreu nesse tempo".
Josefo, cuja própria família sofreu com os sitiados, não recuou nem mesmo diante de um episódio desumano que prova que o
desespero da fome já começava a turvar a razão dos israelitas.
Os zelotes percorriam as ruas em busca de alimento. De uma casa saía cheiro de carne assada. Os homens penetraram
imediatamente na habitação e pararam diante de Maria, filha da nobre família Bet-Ezob, extraordinariamente rica, da Jordânia oriental.
Maria tinha ido como peregrina a Jerusalém para a festa da Páscoa. Os zelotes ameaçaram-na de morte se não lhes entregasse o
assado. Perturbada, a mulher estendeu-lhes o que lhe pediam e eles viram, petrificados, que era um recém-nascido meiodevorado - o
próprio filho de Maria.
Não tardou que toda a cidade soubesse do caso; mais ainda, a notícia transpôs os muros e chegou ao acampamento romano.
Tito jurou que cobriria essa ação infame com as ruínas de toda a cidade.
Muitos fugiam à morte pela forme encobertos pela escuridão e iam sofrer sorte igualmente terrível nas mãos do exército.
Entre as tropas auxiliares espalhara-se o rumor de que os fugitivos sempre levavam ouro e pedras preciosas, que engoliam na
esperança de que não caíssem em poder dos estrangeiros. Apanhados, os fugitivos eram mortos sem saber continua " por quê e
indivíduos ávidos abriam-lhes o corpo. Assim encontraram a morte dois mil numa só noite. Tito ficou enfurecido; sem piedade, mandou
sua cavalaria dizimar toda uma unidade de tropas auxiliares e uma ordem do dia estabeleceu a pena de morte para esse crime. Mas
não adiantou muito; a chacina continuou secretamente. Dia e noite, entretanto, os aríetes martelavam no arrebalde de Jerusalém. Eram
aplicadas novas rampas de assalto. Tito urgia seus homens. Queria terminar com o pesadelo o mais rápido possível.No princípio de
julho, seus soldados tomaram de assalto o Antônia. O castelo em cujo litostroto (1) fora sentenciado Jesus de Nazaré foi arrasado até
os alicerces. Seus muros confinavam com a parede norte do templo.
Chegou a vez do conjunto do templo, aquela poderosa e fortificadíssima construção, com galerias, balaustradas e pátios. O
comandante supremo reuniu em conselho seus oficiais. Muitos eram de opinião que o templo devia ser tratado como uma fortaleza. Tito
foi contra. Ele queria fazer todo o possível para poupar o famoso santuário, conhecido em todo o Império Romano. Por meio de
arautos, propôs aos sitiados se renderem sem combate. A resposta foi de novo negativa. Só então Tito dirigiu seus assaltos contra o
sagrado recinto. Uma saraivada de pedras pesadas e uma chuva incessante de flechas começaram a cair sobre os pátios. Os judeus
lutavam como possessos e não cediam. Confiavam em que no último momento Jeová acorreria em seu auxílio e salvaria o santuário.
Mais de uma vez os legionários, servindo-se de escadas, galgaram as muralhas. Outros tantos foram repelidos. As catapultas
e os aríetes revelaram-se impotentes contra os muros. Era impossível demolir aqueles blocos enormes de cantaria assentes no tempo
de Herodes.
Para forçar uma entrada, Tito mandou incendiar as portas de madeira do templo.
Tão logo as portas foram queimadas, deu instruções para que as chamas fossem apagadas a fim de abrir passagem para o
assalto dos legionários. A ordem de Tito para o ataque dizia que "poupassem o Santuário". Mas o fogo, durante a noite, havia chegado
até o piristilo e os romanos tiveram que concentrar todos os esforços na tarefa de apagar as chamas. Os sitiados aproveitaram esse
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momento propício para um ataque violento. No inesperado combate, os legionários repeliram os judeus, fizeram-nos retroceder e
perseguiram-nos através dos pátios. No tumulto selvagem que se estabeleceu, os combatentes incendiaram o santuário. Excitado e
exaltado, "um soldado apanhou uma tocha, sem esperar qualquer ordem e sem se horrorizar com o seu ato, ou antes impelido por
algum demônio, e levantado por um camarada, jogou o fogo através da 'janela dourada' que dava para as câmaras contíguas ao
sacrário".
Essas câmaras eram revestidas de madeira velha e continham, juntamente com substâncias facilmente inflamáveis para os
sacrifícios, recipientes com óleo bento. A chama das tochas encontrou imediatamente rico alimento. Tito viu as chamas subirem e
tentou impedir a propagação do incêndio.
"Então César (2) deu ordem de apagar o incêndio gritando para os soldados que combatiam e, ao mesmo tempo, fazendo
sinal com a mão direita. Mas os soldados não ouviram o que ele dizia, embora ele gritasse bem alto... E, como César não estavam em
condições de refrear o furor dos soldados e o fogo avançava cada vez mais, foi com seus comandantes ao sagrado recinto do templo
ver o que havia... As chamas ainda não haviam atingido as câmaras internas, tendo consumido somente as exteriores ao redor da casa
santa. Com efeito, Tito compreendeu que o templo propriamente dito ainda podia ser salvo e fez todo o possível para persuadir os
soldados a apagarem as chamas, dando ordem ao centurião Liberalius e a um dos membros da sua guarda pessoal para que
açoitassem com paus os soldados e os refreassem. Mas, por maior que fosse o seu entusiasmo por César e o medo que tinham de
desobedecer-lhe, o seu ódio aos judeus e a sua vontade de lutar contra eles eram igualmente grandes".
"Além disso, muitos eram impelidos pela esperança de saque. Vendo que tudo ao redor era de ouro puro, pensavam que
muitas daquelas câmaras interiores estavam cheias de ouro... E assim queimaram todo o templo sem o consentimento de César".
Em agosto de 70, os legionários romanos implantaram suas insígnias no recinto sagrado dos judeus e sacrificaram nele.
Embora metade de Jerusalém estivesse nas mãos do inimigo, embora, fatidicamente, colunas de fumo negro subissem do templo em
chamas, os zelotes não se entregaram.
João de Gischala escapou com uma grande multidão do recinto do templo para a cidade, na colina ocidental. Outros fugiram
para o palácio de Herodes, com suas fortes torres. De novo os sapadores, artilharia e as máquinas de demolição de Tito puseram em
ação sua brilhante técnica de assédio. Em setembro, também esses muros foram abatidos, foi conquistado o último baluarte.
A resistência estava definitivamente vencida. Assassinando e saqueando, os vencedores tomaram posse da cidade que lhes
opusera resistência tenaz e encarniçada e que tanto sangue e tempo lhes havia custado. "César ordenou que toda a cidade e o templo
fossem arrasados. Deixou de pé apenas as torres
Fasael, Hípico e Mariana e uma parte do muro da cidade no lado ocidental. As torres foram utilizadas como alojamento para a
guarnição que aí ficou". A legião que permaneceu sessenta longos anos guarnecendo aquele lugar desolado usava a insígnia "Leg XF",
que significava "Legio X Fretenis". O seu posto na pátria era fretum Siciliense, a "via da Sicília". Eles deixaram ali e por toda a
Jerusalém milhares e milhares de sinais de sua presença. Até hoje jardineiros e lavradores continuam encontrando na terra, de vez em
quando, pequenos quadrados de barro com o número da legião e os emblemas da galera e do javali.
As perdas dos judeus foram incalculavelmente elevadas. Durante o sítio encontravam-se na cidade, segundo os dados de
Tácito, seiscentas mil pessoas. Flávio Josefo dá o número de noventa e sete mil prisioneiros, não incluídos os crucificados e chacina
dos, e acrescenta que só por uma porta foram retirados, no espaço de três meses, cento e quinze mil e oitocentos cadáveres de
judeus.
No ano 71, Tito mostrou aos romanos a grandeza de sua vitória sobre Jerusalém com um imenso desfile triunfal. Entre os
setecentos prisioneiros que faziam parte do cortejo, encontravase a ferros João de Gischala e Simão Bar Giora. Com grandes
manifestações de júbilo, eram conduzidos também dois despojos preciosos, de ouro puro - o candelabro de sete braços e a mesa de
exposição do pão do templo de Jerusalém. Foram depositados em outro lugar sagrado - o Templo da Paz em Roma.
Esses dois objetos de culto ainda podem ser vistos no grandioso Arco de Tito, erigido para comemorar essa campanha
vitoriosa. Sobre as ruínas desoladas e sem esperança, onde nem os judeus nem os adeptos de Cristo podiam pisar, o Imperador
Adriano construiu uma nova colônia romana: Aelia Capitolina. A vista de uma colônia estrangeira no solo sagrado dos judeus deu
motivo a nova rebelião. Júlio Severo foi chamado a Judá de seu comando na Bretanha e sufocou, numa nova campanha que durou três
anos, a última tentativa desesperada feita pelos judeus para reconquistar a liberdade. O Imperador Adriano mandou construir ali mais
um hipódromo, duas casas de banhos e um grande teatro. Sobre as massas de entulho do santuário judeu erguia-se, como por
escárnio, um monumento a Júpiter e, no lugar onde, segundo a tradição cristã, se encontrava o túmulo de Cristo, peregrinos de terras
estrangeiras subiam os degraus dos terraços que conduziam ao santuário de uma divindade pagã, a deusa Vênus.
A maior parte da população da Terra Prometida que não morreu na sangrenta Guerra dos Judeus de 66 a 70 ou no levante de
Bar-Kokhba, de 132 a 135, foi vendida como escrava: "E cairão ao fio da espada e serão levados cativos a todas as nações". Dos anos
posteriores a 70, os arqueólogos não encontraram na Palestina mais nada que indicasse uma construção de Israel, nem mesmo uma
lápide tumular com uma inscrição judaica. As sinagogas foram demolidas e até da Casa de Deus da tranqüila Cafarnaum ficaram
apenas ruínas. A mão implacável do destino riscara o nome de Israel do concerto dos povos.
Mas a doutrina de Jesus, unificadora e revitalizante, tinha há muito iniciado sua marcha vitoriosa e irresistível através do
mundo.
(1) Litostroto: em hebraico, gabbata, plataforma onde Pilatos julgou Jesus (2) Tito foi Imperador em 79 d.C., por
isso é chamado de César Excerto do livro "E a Bíblia tinha razão", do pesquisador alemão Werner Keller, publicado
em 1978, por Econ Verlag GmBH, e lançado no Brasil pelo Círculo do Livro.

19
Viagem ao nosso interior
A GRANDE EDUCADORA
(BALADA AOS QUE SOFREM)

Chama-se Dor.
Revela-se na desventura do amante, na desolação da orfandade, na angústia da miséria, no alquebramento da
saúde, no esquife do ser querido que se foi deixando atrás de si a lágrima e o luto, no opróbrio da desonra, na humilhação
do cárcere, no aviltamento dos prostíbulos, na tragédia dos cadafalsos, na insatisfação dos ideais, na tortura das
impossibilidades – no acervo das desilusões contra que se confunde e se decepciona o coração da Humanidade.
Não obstante, a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa.
Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho regenerador das lágrimas, a Dor corrige, educa,
aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.
O diamante escravizado em sua ganga sofre inimagináveis dilacerações sob o buril do lapidário até poder ostentar toda a
real pureza do grande valor que encerra. Assim também será a nossa alma, que precisará provar o amargor das
desventuras para se recobrir dos esplendores das virtudes imortais cujos germens o Sempiterno lhe decalcou no ser desde
os longínquos dias do seu princípio!
A alma humana é o diamante raro que a Natureza – Deus – criou para, por si mesmo, aperfeiçoar-se no desdobrar
dos milênios, até atingir a plenitude do inimaginável valor que representa, como imagem e semelhança dAquele mesmo
Foco que a concebeu. Mas o diamante – Homem – acha-se envolvido das brutezas das paixões inferiores. É um diamante
bruto! Chega o dia, porém, em que os germes da imortalidade, nele decalcados, se revolucionam nos refolhos da sua
consciência, nele palpitando, então, as ânsias por aquela perfeição que o aguarda, num destino glorificador: - Foi criado
para as belezas do Espírito e vê-se bruto o inferior! Destinado a fulgir nos mostruários de esferas redimidas, reconhece-se
imperfeito e tardo nas sombras da matéria! Sonha com a sublimização das alegrias em pátrias divinais, onde suas ânsias
pelo ideal serão plenamente saciadas, mas se confessa verme, porquanto não aprendeu ainda sequer a dominar os
instintos primitivos!
Então o diamante – Homem – inicia, por sua vontade própria, a trajetória indispensável do aperfeiçoamento dos
valores que consigo traz em estado ignorado, e entra a sacudir de si a crosta das paixões que o entravam e entenebrecem.
E essa marcha para o Melhor, essa trajetória para o Alto denomina-se Evolução!
A luta, então, apresenta-se rude! É dolorosa, e lenta, e fatigante, e terrível! Dele requer todas as reservas de
energias morais, físicas e mentais. Dilacera-lhe o coração, tortura a alma, e o martírio, lógico, quase sempre segue com
ele, rondando-lhe os passos!
Mas seu destino é imortal, e ele prossegue! E prosseguindo, vence!... Então, já não é o bruto de antanho...
O diamante tornou-se jóia preciosa e refulge agora, pleno de méritos e satisfações eternas, nos grandes mostruários da
Espiritualidade – esferas de luz que bordam o infinito do Eterno Artista, que é Deus! A Dor, pois, é para o Espírito humano
o que o Sol é para as trevas da noite tempestuosa: - Ressurreição! Porque, se este aclara os horizontes da Terra,
levantando com seu brilho majestoso o esplendor da Natureza, aquela desenvolve em nosso ego os magnificentes dons
que nele jaziam ignorados: - fecunda a inteligência, depurando o sentimento sob as lições da experiência, educando o
caráter, dignificando, elevando, num progredir constante, todo o ser daquele em quem se faz vibrar, tal como o Sol, que
vivifica e benfaz as regiões em que se mostra. A Dor é o Sol da Alma... A criatura que ainda não sofreu convenientemente
carrega em si como que a aridez que desola os pólos glaciais e, como estes, é inacessível às elevadas manifestações do
Bem, isto é, às qualidades redentoras que a Dor produz. Nada possuirá para oferecer aos que se lhe aproximam pelos
caminhos da existência senão a indiferença que em seu ser se alastra, pois que é na desventura que se aprende a
comungar com o Bem, e não pode saber senti-lo quem não teve ainda as fibras da alma tangidas pela inspiração da Dor!
O orgulho e o egoísmo, cancerosas chagas que corrompem as belas tendências do Espírito para os surtos evolutivos que o
levarão a redimir-se; as vaidades perturbadoras do senso, as ambições desmedidas, funestas, que não raro arrastam o
homem a irremediáveis, precipitosas situações; as torpes paixões que tudo arrebatam e tudo ferem e tudo esmagam na
sua voragem avassaladora que infestam a alma humana, inferiorizando-a ao nível da brutalidade, e os quais a Dor, ferindo,
cerceia, para implantar depois os fachos imortais de virtudes tais como a humildade, a fé, o desinteresse, a tolerância, a
paciência, a prudência, a discrição, o senso do dever e da justiça, os dons do amor e da fraternidade e até os impulsos da
abnegação e do sacrifício pelo bem alheio – remanescentes daquelas mesmas sublimes virtudes que de Jesus Nazareno
fizeram o mensageiro do Eterno!
Ela, a Dor, é o maior agente do Sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana! É a retorta de onde o Sentimento
sairá purificado dos vírus maléficos que o infelicitam! Quanto maior o seu jugo, mais benefícios concederá ao nosso ego –
tal como o diamante, que mais cintila, alindado, quanto maior for o número dos golpes que lhe talharem as facetas! É a
incorruptível amiga e protetora da espécie humana:- zelando pela sua elevação espiritual, inspirando nobres e fraternas
20
virtudes! Ela é quem, no Além-Túmulo, nos leva a meditar, através da experiência, produzindo em nosso ser a ciência de
nós mesmos, o critério indispensável para as conquistas do futuro, de que hauriremos reabilitação para a consciência
conturbada. É quem, a par do Amor, impele as criaturas à comiseração pelos demais sofredores, e a comiseração é o
sentimento que arrasta à Beneficência. E é ainda ela mesma que nos enternece o coração, fazendo-nos avaliar pelo nosso
o infortúnio alheio, predispondo-nos aos rasgos de proteção e bondade; e proteger os infelizes é amar o próximo, enquanto
que amar o próximo é amar a Deus, pautando-se pela suprema lei recomendada no Decálogo e exemplificada pelo Divino
Mestre! Por isso mesmo, o coração que sofre não é desgraçado, mas sim venturoso, porque renasce para as auroras da
Perfeição, marcha para o destino glorioso, para a comunhão com o Criador Onipotente! Prisioneiro do atraso, o homem
somente se desespera sob os embates da Dor porque não a pode compreender ainda. Ela, porém, é magnânima e não
maléfica. Não é desventura, é necessidade. Não é desgraça, é progresso. Não é castigo, é lição. Não é aniquilamento, é
experiência. Nem é martírio, mas prelúdio de redenção! Notai que – depois do sacrifício na Cruz do Calvário foi que Jesus
se aureolou da glória que converterá os séculos:
- “Quando eu for suspenso, atrairei todos a mim”. – Ele próprio o confirmou, falando a seus discípulos.
Sob o seu ferrete é que nos voltamos para aquele misericordioso Pai que é o nosso último e seguro refúgio, a nossa
consolação suprema!
As ilusões passageiras da Terra, os prazeres e as alegrias levianas que infestam o mundo, aviltando o sentimento
de cada um, nunca fizeram de seus idólatras almas aclaradas pelas chamas do amor a Deus. É que – para levantar na
aridez das nossas almas a pira redentora da Fé só há um elemento capaz, e esse elemento é a Dor! Ela, e só ela, é
bastante poderosa para reconciliar os homens – filhos pródigos – com o seu Criador e Pai! Seu concurso é, portanto,
indispensável para nos aperfeiçoar o caráter, e inestimável é o seu valor educativo. Serena, vigilante, nobre, heróica – ela é
o infalível corretivo às ignomínias do coração humano! Nada há mais belo e respeitável do que uma alma que se
conservou serena e comedida em face do infortúnio. Palpita nessa alma a epopéia de todas as vitórias! Responde por um
atestado de redenção! Seu triunfo, conquanto ignorado pelo mundo, repercutiu nas regiões felizes do Invisível, onde o
comemoraram os santos, os mártires de todos os tempos, os gênios da sabedoria e do bem, almas redimidas e amigas que
ali habitam, as quais, como todos os homens que viveram e vivem sobre a Terra, também conheceram as correções da
Dor, ela é a lei que aciona a Humanidade nos caminhos para o Melhor até a Perfeição! Ó almas que sofreis! Enxugai o
vosso pranto, calai o vosso desespero! Amai antes a vossa Dor e dela fazei o trono da vossa Imortalidade, pois que, ao
findar dessa trajetória de lágrimas a que as existências vos obrigam – é a glorificação eterna que receberei por prêmio!
Salve, ó Dor bendita, nobre e fiel educadora do coração humano! E glória ao Espiritismo, que nos veio demonstrar a
redenção das almas através da Dor!

LÉON DENIS

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21
DEPOIMENTO
A ABOLIÇÃO ESCRAVISTA EM MOSSORÓ
(Transcrição integral da Palestra, como Presidente da COMAB, proferida em 30 de setembro de 2005, na
Loja Maçônica “24 DE JUNHO”, em Mossoró / RN, referente à abolição da escravatura que se deu,
naquela cidade, em 30 de setembro de 1883).

Ir.: Antônio do Carmo Ferreira (*)

Estado de felicidade maior não pode haver, para mim, que este do qual estou possuído, formado pelos
ingredientes do estar aqui, integrando assembléia de meus Irmãos maçons, com a missão de proferir “a oração magna em
homenagem à data suprema desta emblemática cidade” de Mossoró, à qual a história da formação político-social do Brasil
deve um dos seus capítulos mais fecundos.
Fascinante esta oportunidade que me proporciona a Maçonaria da ARLS 24 DE JUNHO, em me convocar para
esta participação neste magno evento, podendo ter distinguido outros para esta função, pois que grandes oradores e,
certamente, mais bem versados sobre a efeméride, há-os às dezenas, nos quadros da Ordem em nosso país. Bondade e
risco dos valorosos Irmãos maçons da Loja 24 de Junho, oficina da arte real que exerce com inigualável desempenho o seu
papel neste oriente sob o marcante veneralato do respeitável Irmão José Geraldo Leite de Medeiros.
Agradeço ao Governo deste Município de Mossoró, que oficializou o convite, mercê do qual se viabilizou minha
participação nestas comemorações e nas condições em que compareço. A senhora Maria de Fátima Nogueira Rosado,
insigne e mui competente Prefeita, pode estar certa de que me fez bastante honrado com a deferência do convite. Rogo a
Sua Excelência permitir-me homenageá-la, homenageando todas as mulheres desta terra, especialmente, as que foram
pioneiras como Ana Rodrigues Braga (líder do movimento contrário à obrigatoriedade do alistamento militar de casados
para a Guerra do Paraguai), Celina dos Guimarães Vianna (a primeira mulher eleitora do Brasil)), Maria Gomes (primeira
Reitora de Universidade no Brasil), Rosalba Ciarlini (primeira mulher a ser eleita Prefeita de Mossoró), Sandra Rosado e
Ruth Ciarlini (primeiras mulheres que ocuparam cadeiras de Deputadas estaduais na Assembléia Legislativa deste Estado).
E, em relevo, Amélia Dantas de Souza Galvão, que se tornou daqui “anjo da paz”, a cujos merecimentos me reportarei no
curso desta palestra.
O Grande Arquiteto do Universo seja louvado, Que ELE nos abençoe a nós todos.
Fácil constatar, através da simples leitura, quão somítica foi a história geral do Brasil, deixando de registrar
acontecimentos e fatos, como os que deram vertente a esta cerimônia, de inestimável contribuição para a formação cívica
do povo brasileiro, e que tem servido de referência e orgulho das gerações pósteras das regiões em que eles se deram. A
constatação entristece, porque a história é a ressureição dos fatos. Como esta mesma constatação alegra, porque a
descoberta do acontecimento leva à sua inclusão com a largueza do reconhecimento. Consolo que o vate português –
Guerra Junqueiro – invocou tão bem, prefaciando seu livro “A VELHICE DO PADRE ETERNO”: “as grandes obras são
como as montanhas. De longe, vêem-se melhor”.
´É o fenômeno da miopia proposital dos escribas que tem atingido a muitos! Historiadores padecentes do mal dos
pruridos regionais ou envoltos de corrompidos costumes. Pernambuco foi uma de suas vítimas, em várias oportunidades,
sobretudo, quando se trata da Revolução Republicana de 1817. E pelo que vim a perceber em meus estudos recentes,
vítima também, e durante muito tempo, foi a gente maravilhosa desta heróica cidade, com referência à data magna que
hoje se comemora.
Como cheguei a descobrir o 30 de setembro de 1883?
Era um sábado de fevereiro, pela manhã. Brasília estava despovoada. Aqui e ali, aos longes, via-se algum
transeunte, a passos largos, imitando as amplidões de que se forma aquele mundo. De mais distante ainda, ouviam-se
gritos de pássaros, cantos que trazidos nas asas do vento nos chegavam esgarçados, dificultando a identificação do
emitente. As pessoas que povoam Brasília, durante a semana, haviam retornado, na tarde e noite anteriores, a seus
torrões de residência, para o reencontro com familiares e ou liderados.
Todavia a Confederação Maçônica do Brasil – COMAB, reunidos seus Grão-Mestres em Assembléia Geral,
permanecia no Distrito Federal. É o ritual de existência de nossa Confederação. No verão de fevereiro, em Brasília, preparo
de terreno, escolha das sementes, eleição da Diretoria. Inverno de junho, no oriente sede do Presidente eleito, semeadura
dos grãos selecionados, congraçamento do povo “obreiros da paz”, afloração dos sonhos – e “a vida é uma oficina de
sonhos”,. Disse-o Calderon de la Barca, dramaturgo do período barroco da literatura espanhola -, posse dos eleitos.
A COMAB já havia cumprido o ritual estabelecido para a eleição. A manhã do sábado estava reservada para uma
exposição a respeito da Revolução de 1817. Os Grão-Mestres desejavam saber tudo ou o máximo possível sobre aquele
tema, porque a história, ao ser escrita, foi e continua sendo omissa para com determinados fatos regionais, nada obstante

22
terem sido eles decisivos para a formação política e social de nossa Nação. E quando estes fatos são lembrados, quando
são, atribuem-se os loiros do feito a outrem, não a seus heróis, muitas vezes até apresentados como arruaceiros.
A Revolução de 1817 foi um desses feitos gloriosos de nossa formação, com a qual se pretendeu dar uma pátria
aos brasileiros. Em 6 de março daquele ano, iniciou-se uma revolução que nos antecipou a República, com Presidente,
Ministério, Constituição. Não foi possível esconder tudo isto. No entanto, os turiferários de aluguel incensaram a quem não
merecia, numa tentativa desonesta de tirar o mérito de a quem era devido. A Revolução de 1817 não é um feito de outros.
É um feito de nossa Ordem, cuja doutrinação vem de 1796 com o Aerópago de Itambé – berço da maçonaria brasileira -, se
estendeu na conspirata de Suassuna em 1801, e se concretizou a partir de 6 de março de 1817, encontrando-se à frente
do movimento as Lojas Maçônicas Academia Suassuna e Academia do Paraíso. Rio Grande do Norte foi parceiro de
Pernambuco naquela busca de uma pátria para os brasileiros, não com monarquia – “planta esdrúxula nas Américas”,
registrou o Irmão Castellani, de saudosa memória -, mas com República – sonho de 10 de novembro de 1710, gritado por
Bernardo Vieira de Melo, daí dizer o hino de Pernambuco: “a República é filha de Olinda”.
A COMAB, após ouvir o relato que tive a honra de ser convocado para fazê-lo, aprovou-o e resolveu endereçar-se
aos órgãos nacionais da pertinência histórica, para sugerir reparo, de modo que as gerações futuras pudessem usufruir da
inteireza da verdade, sonegada durante séculos. Sem a Revolução de 1817, não teria havido o grito de 7 de setembro de
1822, em 1822.
Aquela exposição me rendera dois prêmios. Um, a COMAB incorporava a defesa do que eu vinha pregando fazia
muitos anos. E o outro prêmio? O conhecimento deste outro feito da Maçonaria, da maior importância para a história de
nossa Pátria, um dos mais fecundos no movimento da abolição da escravatura negra entre nós. É crédito manso e pacífico
a efetiva participação da Maçonaria nos processos da Independência, da Abolição e da República.
Após a exposição, procurou-me o Dr. Ticiano Duarte. Pesquisador, jornalista, orador fluente. Um líder da
Maçonaria potiguar, escolhido meses atrás para o honroso cargo de Grão-Mestre do Grande Oriente Independente do
Estado do Rio Grande do Norte, função que tem exornado com as virtudes da competência, do dinamismo, do alto
conceito, do perfeito descortino e, sobretudo, com a sapiente utilização da inteligência com que Deus o privilegiou. O Dr.
Ticiano Duarte depois de me sensibilizar, lembrando-me de que eu sucedera numa das Academias de Letras de
Pernambuco o Dr. Nilo Pereira que, por sua vez, ocupara a Cadeira patronada por Edgard Barbosa, ambos potiguares, o
Dr. Ticiano me indaga sobre a história da abolição, especialmente, de seus acontecimentos na região de Mossoró. E
fazendo de conta que não havia percebido o meu frágil saber sobre o assunto, passa a administrar uma verdadeira e
proveitosa aula sapientiae, dissertando com felicidade e precisão aquela página tão gloriosa e significativa para nossa
história que, infelizmente, esqueceram de incluir na história geral do Brasil.
Às vezes fico a pensar que essas omissões foram benéficas, porque tempos depois, constatada a sua ausência,
os nativos, feridos em seu brio, deram o grito da terra, e o feito foi narrado, em sua exata dimensão, passando a ocupar o
lugar que lhe era devido no “Panteon da História”. Há, nas entranhas de cada nativo, o DNA de suas raízes. Tatuagens que
não se apagam com o passar do tempo. Ao contrário, mais se avivam. Eu ouvia atento a aula do professor Ticiano Duarte,
rica em detalhes, veemente como o sangue que lhe enrubescia a face, dicção perfeita, narração num português escorreito
e harmônico com as tradições clássicas de nossa língua-mãe que ele cultiva com maestria, e me vinha à mente, naquele
instante, um lance literário do grande romancista, às vezes telúrico, Leon Tolstoi, quando colocara nas palavras de um dos
personagens de suas escrituras: “pinta a tua aldeia e ela será eterna”. Sem dúvida, Grão-Mestre Ticiano Duarte, esta
Mossoró –cidade heróica – com as tintas de sua narração e de tantos outros, será como a aldeia tolstoiana – heróica,
exemplar, eterna.
O 30 de setembro de 1883, era o cerne da abordagem. Preciso era fazer desta data um marco, também no
calendário cívico da Maçonaria nacional. E a COMAB, a partir dali, estaria convocada para inaugurar o movimento que hoje
traz aqui toda a sua Diretoria, para ver a importância deste dia e constatar como, nesta região, em que alta conta e com
que fascínio, se lembra e comemora a efeméride. A nossa presença, nesta festa inesquecível, poderia ser tida como obra
do acaso dos homens. O destino nos haveria trazido a este acontecimento. Porém, segundo Agostinho, o Bispo de Hipona,
dissertando em De Civitate Dei sobre tais coincidências, a ótica seria outra. Pois o que aos homens parece o destino,
pode ser, na realidade, a lógica de Deus. E eu acredito na hipótese do Santo, porque o que se fez, em Mossoró, que
culminou com o dia 30 de setembro de 1883, foi obra divina, da comarca do Novo Testamento – “amai-vos uns aos outros”.
E a Maçonaria o que é senão uma escola do amor ao próximo?! Guia Deus a sua força, para a alquimia da liberdade,
porque é somente provido desta liberdade que o homem (sem distinção de raça, cor ou patrimonial) disporá das condições
para o aperfeiçoamento, que é desejo de Deus e objetivo principal de nossa inigualável Fraternidade. Maçom e liberdade
existem de par, no construir e no comemorar.
José de Anchieta Fernandes, ex Grão-Mestre da Ordem, neste Estado, foi a Recife, participar do Encontro
Nacional da Cultura Maçônica e levou-me um presente que li e bastas vezes reli, e, maravilhado por sua importância,
incorporei a meu patrimônio sentimental, no lugar de maior destaque e visualização. Um livro de vinte e tantas páginas...
Título: “O Trinta de Setembro Nasceu na Maçonaria”. Autor: Vingt-Un Rosado. Resultante de seu discurso, proferido em 13

23
de maio de 1988, durante Sessão Magna Pública levada a efeito pela Augusta e Respeitável Loja Simbólica União
Mossorense.
Disse, então, Vingt-Un Rosado: “Um dia, nos idos de 1953, pedi ao Prefeito Vingt Rosado para mandar afixar na
Loja Maçônica 24 de Junho uma placa de bronze com a legenda: AQUI NASCEU A ABOLIÇÃO. Em 1936, Luís da Câmara
Cascudo, o Mestre da Inteligência Potiguar, ensinou-me o gosto pela pesquisa histórica, numa admirável, que o grande
Diretor do Santa Luzia, Jorge O’Grady de Paiva, organizara. Aos vinte anos, publiquei o meu primeiro livro: MOSSORÓ; e,
então, já estava convencido de que o Movimento Abolucionista da minha cidade fora uma verdadeira conjuração
tipicamente maçônica, gerada e tornada vitoriosa dentro dos muros sagrados da 24 de Junho. O velho Jerônimo Rosado
transmitiu aos filhos um respeito quase religioso pela Maçonaria, de cujos quadros fora um dos grandes no chão de
Mossoró. Nem teria sido este sentimento que me ditara a sugestão ao dirigente da cidade, mas uma inabalável convicção
de que aquela era realmente a verdade histórica. Atendo, com emoção, ao vosso chamamento, pelo duplo prazer de falar
da Saga Maior dos Mossoroenses e cumprir o mandato que me outorgaram aqueles que fazem a nobre instituição, cuja
meta é o bem da Humanidade”.
Como é fácil depreender, de quem quiser se sair bem numa fala pública sobre o Dia da Cidade de Mossoró, basta
seguir a trilha indicada pelo historiador Ving-Un Rosado, onde se encontram as vertentes da Abolição, 5 anos antes da Lei
Áurea, localização dos seus grandes momentos, vultos que a fizeram, o significado e suas 24anifesta24ias. Um discurso de
intransigente respeito aos fatos. Um canto de amor, de sublime amor, à terra natal. A bandeira alçada por Vingt-Un
Rosado, em seu livro/discurso “O Trinta de Setembro Nasceu na Maçonaria, gera um clube, ao qual todos os historiadores
do Brasil que realmente amam a verdade e com ela têm compromisso, deviam pedir inscrição. Aquela Obra do historiador
Rodado lembra-me de uma passagem do romanceiro universal, trazida à colaboração pelo poeta Dante Milano. Registra o
poeta que um Cavaleiro, chamado Fernando, querendo demonstrar à cidade de Granada que falava até demais a seu
respeito, porque a amava muito; e menos havia dito sobre as suas amadas mulheres, juntou a seguinte justificativa: “amor
maior, muito maior que amar uma mulher, é amar sua cidade”. Por todo este amor à sua cidade, o Professor Vint-Un
Rosado vai muito além do âmbito de “grande intelectual”, para ser considerado “ícone, representação e mentor da cultura
mossoroense”.
Se a gratidão é a memória do coração, como é, Mossoró deve ser alçada ao topo desse sentimento e da
admiração de todos, porque tão auspicioso foi o resultado da abolição a que se propôs, quão cruéis foram os embates e as
circunstâncias adversas que teve de enfrentar. O movimento emancipacionista no Brasil era procedido de forma
equivocada, gradual e lerda. Aborda este tema o historiador Frederico Guilherme Costa, dissertando tese de mestrado, em
que foi aprovado e laureado pela Universidade do Rio de Janeiro. (Há um livro do referido historiador que inclui a tese,
publicado pela Ed. “A Trolha”, de Londrina / PR). A cada pressão interna ou do exterior, o Governo do Império do Brasil
respondia com um mimo – proibição do tráfico negreiro; libertação dos sexagenários; ventre livre, ou melhor dizendo: quase
livre. Não havia nestes atos o sincero brado de liberdade, o cabal respeito à dignidade da pessoa humana, sem importar a
cor ou a condição patrimonial. Era como se a vida não fosse uma dádiva do Grande Arquiteto do Universo. Fosse
simplesmente uma coisa de troca. A vida é a deificação do homem, e como tal haverá de ser respeitada. O Apóstulo João
nos ensina que quem não ama o próximo, não ama a Deus. E se insistir em dizer que ama a Deus e não ama ao próximo,
deve ser chamado de mentiroso (I João 4;20). Ressalto que quem não reconhece e ama um ser Supremo, não ingressa na
Maçonaria.
“Não era segredo para ninguém que o Imperador Pedro II tinha sentimentos abolicionistas, mas sem manifesta-los
em ação, pois o seu poder era mantido pela força da economia cafeeira de São Paulo e, em parte, pelos engenhos de
açúcar do Nordeste”. Mossoró, não. Em Mossoró, o movimento era ostensivo. Queria apagar a mancha na sua totalidade e
de uma só vez. Era preciso e urgente extirpar o mal nefando que maculava a história de nossa Pátria. Mossoró libertadora
aceitava o desafio e partia para a “luta esboçada pelos senhores de escravos, que nos vários pontos da Nação tentavam
provocar desordens e perturbar a segurança nacional, ora no Parlamento, através da palavra de seus representantes na
esfera governamental, ora violentando o papel da imprensa, amordaçada pelo vil metal, para manter o estado servil da
exploração de pessoas escravizadas pela força do dinheiro de uma gente desumana, que tratava aqueles infelizes como
bestas, simplesmente como animais selvagens”. (Raimundo Nonato, obra citada, página 113).
O Doutor Carlos Newton Pinto, falando aqui desta tribuna, em 30/09/2002, deixa transparecer em seu discurso (e
com muita propriedade) que a abolição neste “País de Mossoró” jamais poderia ser gradual. A magia da palavra
impulsionava os filhos da terra noutro sentido:a abolição teria que ser um rompimento como status quo, ação de uma vez
por todas. É o que se pode deduzir de suas palavras – “Inoculada na mente do nativo e daquele que conhece, MOSSORÓ
torna-se ícone de luta e de resistência, produz a magia da ruptura, do corte, da transformação naquilo que está a viver”.
O professor Wilson Bezerra de Moura, oriundo destas paragens, e numa das reuniões da Diretoria da Associação
Brasileira da Imprensa Maçônica, da qual é um dos mais brilhantes componentes, ao encarecer-me a leitura do livro
“História Social da Abolição em Mossoró” do memeorialista Raimundo Nonato, adverte-me de que o quartel-general do
movimento abolicionista em Mossoró se instala com o advento da SOCIEDADE LIBERTADORA MOSSOROENSE, em 6
de janeiro de 1883. Idéia que veio a lume, durante homenagem a Romualdo Lopes Galvão, em Sessão Pública da Loja 24
24
de Junho, da qual era Venerável o Ir.: Frederico Antônio de Carvalho que Presidente inicial e, em caráter permanente,
Secretário da Libertadora Mossoroense.
Falava o professor Wilson, em seu depoimento oral, às vezes em tom ríspido, quando lembrava os atos
desumanos dos negreiros, às vezes emocionado com a ação dos maçons e dos profanos, através da Libertadora
Mossoroense.. De voz pausada para a melhor apreensão de todos nós que o ouvíamos., lembra os gestos da Senhora
Sinhá Galvão, esposa do abolicionista Romualdo Lopes Galvão, que liderou o grupo de senhoras a seviço da Sociedade
Libertadora, e nesta condição visitava as casas, arrecadava recursos e, não raras vezes, chegava a ajoelhar-se e beijar os
pés dos resistentes proprietários de escravos, comovendo-os à alforria imediata dos mesmos. Consta que, na festa de seu
casamento, entregou carta de alforria a duas escravas e beijou-lhes a fronte, dizendo: de hoje em diante você é tão livre
como eu. Dona Sinhá idealizou e bordou o estandarte da Sociedade Libertadora Mossoroense. Denominada de “anjo da
paz”, morreu por doença adquirida (tuberculose) na luta incessante em prol da Abolição da Escravatura em Mossoró. E daí
se torna possível aquilatar quão árdua foi a campanha que hoje comemoramos.
Movimento fecundo e “germinal” (título de um dos romances de Émile Zola) de que, infelizmente, “em nenhuma
das Histórias do Brasil, vimos a menor referência à atitude admirável de solidariedade humana de Fraternidade,
demonstrada pelo Município de Mossoró no tocante ao drama dos negros no Brasil. Nem Gustavo Barroso, nem Pedro
Calmon... não aludiram ao que fizeram os mossoroenses em prol dos escravos” (Raimundo Nonato, obra citada acima,
página 92). Isto é, como todos hão de convir comigo, uma omissão imperdoável e uma grave injustiça na História da
Libertação dos Escravos no Brasil, que a honestidade dos historiadores atuais tenta redimir e a cujo grito de reparo a
COMAB se associa. Liberdade, Igualdade e Fraternidade jamais serão enfeites de discurso em Mossoró. Porque aqui,
neste “solo bravo da Brasileira Nação”, estas palavras passaram a ser o indicativo da vocação de seu povo.
Quando me reportei a Vingt-Un Rosado, transcrevi parte de seu discurso em que ele sugerira uma placa para a
Loja 24 de Junho, alusiva à Abolição da Escravatura em Mossoró. Registro que o pleito foi atendido. Em 30 de setembro de
1952, o Prefeito Vingt Rosado inaugurou-a, com os dizeres solicitados: AQUI NASCEU A ABOLIÇÃO. A abolição,
pensamos nós, não somente a da escravatura das pessoas de cor, mas também de todas as escravidões que contrariem e
prejudiquem o exercício da ética, da moral, dos bons costumes, que deverá ser um movimento permanente, antanho, agora
e no porvir, para o fortalecimento da cidadania. O próprio Vingt-Un Rosado alertou para isto ao findar de seu discurso,
tratando do significado do “30 de setembro”: “Os políticos que mantiveram a pureza de suas mãos, e são quase toda a
história da minha valorosa cidade, quando uma parcela do Brasil mergulha, no tempo e no espaço, numa dolorosa noite
de corrupção, poderiam pertencer ao Panteon dos abolicionistas, se tivessem vivido em 1883”.
Palavras atualíssimas, quando esta virose inquietante acontece no Planalto Central, fragilizando o respeito à coisa
pública e insinuando-se em enfermizar as instituições, contra o que têm protestado veementemente o Grande Oriente do
Brasil , a Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil e a COMAB – Confederação Maçônica do Brasil.
Amanhã é outubro, cujos espaços, naturalmente, começa a requisitar, mesmo que, agora, seja setembro e
estejamos no melhor de seus instantes. Também, a noite, no exercício de suas possibilidades, inventa os últimos passos
do dia. Então, enquanto a oportunidade ainda me faculta esta nesga de tempo, dela me valho para expressar as
considerações finais em torno destas idéias que vinha expondo até aqui.
Desejo fazer o registro das saudades da COMAB a quantos se incorporaram à campanha vitoriosa de 1883, que
culminou com a abolição da escravatura, em 30 de setembro daquele ano, neste “País de Mossoró” (Grifo do editor).
Apresento os cumprimentos a Maçonaria Potiguar, representada por esta Augusta e Respeitável Loja 24 DE
JUNHO, pela beleza com que realiza esta Sessão Magna Pública, com a qual comemora o que marcará o dia mais augusto
da Cidade e do Município de Mossoró.... A libertação está feita e ninguém apagará da história a notícia... Os
mossoroenses são dignos de ser olhados com admiração e respeito, hoje e daqui a muito tempo, por cima dos
séculos”.

(*) Presidente da COMAB

Nota do editor:
 Independentemente da admiração pelos belos escritos do nosso Irmão ANTÔNIO DO CARMO FERREIRA e
sua importância (muito grande) na história da Maçonaria Brasileira contemporânea, dois motivos outros
nos dão o prazer e a honra de reproduzir esta palestra proferida em Mossoró:
1. A concordância que temos com o autor, com relação à omissão de nossos historiadores,
relativamente em divulgar os feitos heróicos e verdadeiros dos membros da Maçonaria em
diversos acontecimentos de nossa história; e
2. Por conseguinte, o DEVER de divulgar isto e contribuir para que se modifique este status quo.

25
CADERNO DE
TRABALHOS
-
De Estudos;

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JIDDU KRISHNAMURTI
Ítalo Aslan / M.:M.: (*)

A figura desse hindu, sua filosofia, seu conceito de liberdade, sua independência, sempre nos causaram, desde que o lemos
pela primeira vez, forte impressão.
Consumiu parte de sua existência tentando levar ao homem o entendimento da vida. Seu olhar, de expressão profunda,
“gritava” o que para o mundo era difícil entender.
Nasceu de uma família de brâmanes, de prole numerosa (10 filhos), e recebeu de sua mãe, Sanjeevamma, a formação
espiritual inicial que o levaria a se tornar o pesquisador inquieto e revolucionário das coisas do espírito. O Bramanismo tem por tradição
homenagear o deus Krishna dando-lhe o nome ao 8º dos filhos nascidos. Assim o fez Sanjeevamma. Seu filho estava predestinado:
peregrino incansável, levou suas idéias a todos o lugares e às principais cidades do mundo ocidental. Buscou fazer entender, de modo
livre, as coisas simples do cotidiano, coisas acerca da imortalidade, da sociedade, do sexo e do amor, da mente, dos desejos do
homem, de Deus etc., enfim, da vida. Tentou, através de suas palavras, em muitos auditórios do mundo, esclarecer e ajudar a libertar o
homem, reeducando-o, fazendo-o raciocinar, mexendo em sua estrutura mental, completamente voltada para o consumo, para o
material, para a felicidade fugaz e passageira, em que o ter sempre foi sinônimo de uma suposta segurança futura. Tentou arrancá-lo,
o homem, dos tentáculos poderosos do medo que o mantinham, e ainda mantem, prisioneiro numa gaiola aberta da qual não se atreve
a sair.
Nasceu aos meados de 1895, em Madanapalle, Madrasta, sul da Índia. Antes de completar 6 anos, perde sua mãe da qual
herdou sua vocação espiritual. Por volta de 1904, Annie Besant, presidente da Sociedade Teosófica, conhece-o, juntamente com seu
irmão mais novo, Nityananda. Impressionada com as qualidades das duas crianças, protegeu-as e dirigiu os seus estudos, mandando-
as posteriormente para Londres. Nesta época, 1911, é fundada a Ordem da Estrela do Oriente pelos chefes da Sociedade Teosófica. O
objetivo dessa Ordem era reunir os espiritualistas do mundo inteiro. Aos 15 anos de idade, Krishnamurti é declarado chefe da Ordem.
Um pouco antes, não havia completado 15 anos, escreve seu primeiro livro, um pequeno livro, um pouco ainda dependente
dos ensinamentos de seus mestres. Nesse primeiro livrinho, no entanto, deixa já gravada a sua marca: “a superstição é um dos
maiores flagelos do mundo, um dos entraves dos quais é preciso se libertar inteiramente”. Aos 16 anos escreve seu 2º livro, “O Serviço
na Educação”. Em pleno período que antecedia a Primeira Guerra Mundial, deixou gravado: “Um crime não deixa de ser um crime
porque é cometido por muitas pessoas”. Em outro livro, “A Vida Liberta”, declara: Eu me revoltei contra tudo, contra a autoridade dos
outros, contra o ensinamento dos outros, contra o conhecimento dos outros, nada querendo aceitar como verdadeiro até que eu
mesmo pudesse encontrar a verdade e, menino ainda,... eu já escutava, observava, procurava qualquer coisa além das ilusões das
palavras”. Krishnamurti “nunca aceitou nenhuma idéia pronta”.
Em dezembro de 1925 morre seu irmão Nityananda. O desaparecimento desse irmão querido transformou sobremaneira o
espírito de Krishnamurti: “Meu irmão está morto. Nós éramos como duas estrelas num céu aberto”. Apesar do grande sofrimento interior
que aquela perda lhe causava, krshnamurti compreendeu que “ao se identificar com todos e sentir, não só de uma maneira intelectual,
mas também com o coração, que não existe separação real, encontrei minha felicidade”. Krishnamurti “morreu” quando descobriu sua
natureza irreal enquanto permanecesse separado dos outros. “Morto” ele se tornou todos os outros, pois compreendeu que ele era todo
o resto da Humanidade. Disse mais tarde: eu sou todas as coisas porque eu sou a vida”.
Em agosto de 1929, após 18 anos de existência, Krishnamurti dissolve a Ordem da Estrela do Oriente, para impedir a criação
de uma nova seita, fazendo com que cada um seguisse seus próprios passos, sem chefes, sem gurus, sem guias espirituais, pois
“sabia que é muito mais fácil seguir cegamente do que compreender e tornar-se assim verdadeiramente livre”.
Para que se tenha idéia do que significou a dissolução da Ordem da Estrela do Oriente, basta dizer que ela possuía milhares
de adeptos, livros e publicações em mais de uma dezena de línguas diferentes, lugares de conferências espalhados em várias partes
do mundo etc., etc. “Meu único desejo é tornar os homens livres”.Todos os bens que a Ordem possuía foram devolvidos aos doadores.
Krishnamurti morreu aos 90 anos, 17 de fevereiro de 1986, vítima de câncer.
Krishnamurti, um Maçom? Claro que não! Tinha apenas as qualidades que se espera de um Maçom: amor à liberdade acima
de tudo, não só para si, como para a Humanidade como um todo; fazer com que essa Humanidade entenda a Humanidade e se torne
una e indivisível, como um todo; buscar a verdade sem ter absoluta certeza dela, convicção (“A maior inimiga da verdade não é a
mentira, mas a convicção”- Nietzche); lutar contra a superstição, a ignorância e o fanatismo; pensar e fazer pensar; buscar a Deus, sem
intermediários, rejeitando seitas e fórmulas prontas que prometem encontrá-l’O; fazer prevalecer o espírito sobre a matéria e,
finalmente, “last not least” entender a vida, o que somos, de onde viemos e para onde vamos.
Krishnamurti, claro, não foi Maçom, mas ele era MAÇOM!

Consulta:

1) Krishnamurti; vários autores; Edições Planeta; Editora Três.


2) Internet: Trechos do livro “Vida e Morte de Krishnamurti”, de Mary Lutyens.

(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO Nº 08

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BEM-VINDO À MAÇONARIA - 4ª PARTE
COMO ENCONTRAR DEUS!

Há dois mil anos um homem veio ao mundo para pregar uma Há dois mil anos um homem veio ao mundo para pregar uma
doutrina de amor, bondade e humildade de espírito. doutrina de amor, bondade e humildade de espírito.
Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos.
Salmo 19,1

A 4ª Instrução do 1º grau é aberta com a interrogação: “QUE É A MAÇONARIA”?


A resposta: “Uma associação íntima, de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o Grande Arquiteto do
Universo, que é Deus; como regra: a Lei Natural; por causa: a Verdade, a Liberdade e a Lei Moral; por princípio: a Igualdade, a
Fraternidade e a Caridade; por frutos: a Virtude, a Sociabilidade e o Progresso; por fim, a felicidade dos povos que,
incessantemente, ela procura reunir sob a bandeira da paz. Assim, a Maçonaria nunca deixará de existir, enquanto houver o
gênero humano”.
O objetivo deste trabalho é fornecer subsídios nessa direção, proporcionando ao recém-iniciado elementos de
reflexão através dos quais possa, de forma consciente, trabalhar os seus sentimentos e a sua razão, seja racionalizando
sentimentos por intermédio do bom senso e da lógica, seja iluminando a inteligência e os pensamentos com as luzes dos bons
sentimentos.
Lapidar os próprios sentimentos é tarefa árdua, mormente para os Aprendizes.
Restringido a três páginas, nestas tentaremos mostrar o que de mais importante representa a base de nossa
doutrina, embora sabendo que ninguém pode definir o Grande Arquiteto do Universo.
Entre todos os landmarks anglo-saxões, existe um de extrema importância pelas discussões que provocou. É a
crença na existência de Deus, considerado como o Grande Arquiteto do Universo.
Wirth comenta esse landmark nos seguintes termos: “Que esta crença esteja implicada pelo caráter religioso
fundamental da Franco-Maçonaria é algo que não contestaremos. O Iniciado que compreende a Arte jamais será um ateu
estúpido ou um libertino irreligioso. (“Libertino” tem aqui o sentido antigo: “Livre da disciplina da fé religiosa”). Essa certeza deve
levar-nos a confiar em quem procura a luz com sinceridade. Não temos de exigir dele um credo determinado, que o obrigue a
aceitar uma concepção teológica necessariamente discutível. Não erigimos o Grande Arquiteto do Universo como um objeto de
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crença, mas vemos Nele o símbolo mais importante da Maçonaria, símbolo que deve ser estudado como os demais, a fim de que
se compreenda a Maçonaria e se construa, cada um por si, num desafio ao egoísmo, o santuário de suas convicções pessoais.
A noção do Grande Arquiteto do Universo, na Maçonaria, é ao mesmo tempo mais ampla e mais limitada que a do
Deus das diferentes religiões. (Note-se que não suprimimos a palavra “Deus”, mas que lhe acrescentamos o epíteto de “Grande
Arquiteto do Universo”).
A Franco-Maçonaria desde sua origem, adotou a expressão “O Grande Arquiteto do Universo”, mostrando
assim a sua concepção da divindade em suas relações com o mundo e com o homem.
Sendo Deus o Ser Supremo admitido em todas as religiões, é a existência Suprema, Superior, Criadora e
Indefinível, cujo estudo constitui uma das bases da Maçonaria.
O Cristianismo prega o amor, pedindo que seja feito ao próximo o mesmo que se almeja para si; Jesus de
Nazareth, aquele que deu sua vida pela salvação dos homens, respondeu aos Fariseus: “Amar a Deus com todas as forças e
a seu próximo como a si mesmo, é da lei e dos profetas; não há maior mandamento”. Aos que perguntaram qual o caminho
para o Reino dos Céus, declarou: “Procurai em primeiro lugar a Justiça e o resto vos será dado em abundância”.
O Judaísmo quer que o nocivo não seja feito aos outros. Moisés, tirou da escravidão os filhos de Israel, ditou:
“Tu venerarás somente o DEUS único e não talharás imagens a sua semelhança; respeitarás o dia de descanso; não jurarás em
vão; honrarás Pai e Mãe; não cometerás adultério; não roubarás os bens de outrem; não levantarás falso testemunho; não
cobiçarás a mulher, nem os bens do próximo”.
O Islamismo ensina que, para ser um crente, é preciso desejar ao próximo o que se quer para si mesmo; Maomé,
o Profeta por excelência, do Islam dita: “Deus é Deus e não há outro Deus”. “Ninguém pode ser chamado verdadeiro crente se
não desejar a seu irmão o que para si deseja”;
O Confucionismo dirige o pensamento para não fazer aos outros o que não se quer para si mesmo. Sua doutrina
consiste, inteiramente, em ensinar a retidão do coração e o amor ao próximo. Há uma regra universal de conduta que se contém
na palavra RECIPROCIDADE. “Tu que não és capaz de servir aos homens, como poderás servir, aos deuses? Não
conheces a vida, como poderás conhecer a morte”?;
O Budismo quer que não seja feito ao semelhante aquilo que lhe pudesse magoar. Gautama, o Buda renunciou
os direitos de nascimento e de fortuna. Sua lei é a lei do perdão para todos.
Crenças e religiões de toda ordem existem e devem ser respeitadas. É admitido pelo Alto que cada um busque o
Criador em sua própria concepção teológica. O homem está ligado a Deus pela alma, que é sua essência e seu universo maior
de compreensão, raciocínio e sentimento. Não necessita de representantes e intermediários para tanto.
Tantas outras seitas existem, tantos outros mandamentos escritos de diversas outras formas permanecem, mas,
acima de tudo, se há vínculos com a essência do Amor, da Bondade, da Justiça e da Sabedoria, ligados a Deus, apesar da
variedade de suas revelações falam a mesma linguagem, porque ela corresponde às necessidades universais e aspirações
permanentes da Natureza humana.
Jamais utilizar a religião e a fé para o embrutecimento dos bons sentimentos, o cultivo da riqueza material ou o
fanatismo que pode levar até à exaltação que impele o fanático a praticar atos criminosos em nome da religião.
Hoje se fala muito de espiritualidade e, com freqüência, o que se quer dizer é: “Não pertenço a nenhuma religião
organizada”. A religião em si, não consegue eliminar completamente o lado mais tenebroso da humanidade. Não pode acabar
com as guerras, a crueldade, a ganância e o sofrimento dos pobres, mas alivia tudo isso e dá uma visão perene de nosso eu
melhor e mais puro, e do mundo melhor que a Maçonaria almeja criar, oferecendo um antídoto ao medo que a morte desperta
em nós e que nos transporta com fé e esperança há dias melhores para a Humanidade.

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O Maçom tem como dever honrar e venerar o Grande Arquiteto do Universo e cumprirá todos esses deveres
porque tem a Fé, que lhe dá coragem; a Perseverança, que vence os obstáculos; o Devotamento que o leva a fazer o Bem e a
Justiça, mesmo com risco de sua vida, sem esperar outra recompensa, que a tranqüilidade de consciência.
Precisamos estar mais presentes em nossas Lojas, porque lá os Irmãos, pela união e pelo pensamento se
aproximam de Deus, buscando a esperança. Lá nos reeducamos para superar o individualismo e, diante de Deus, abrir o
coração para aprendermos que o Grande Arquiteto do Universo é a autoridade final, e, que nós, Seus filhos temos o dever de
seguir pelos caminhos que nos levam a Ele, que são sempre os mesmos que nos levam uns aos outros.
Ir.’. Valdemar Sansão
E-mail: vsansao@uol.com.br
Fone: (011) 3857-3402

A MAÇONARIA NADA FAZ...


Ir.: Raul H. Aidar (*)

“...é preciso irmos para o mundo profano, criar associações políticas, ligas de ensino, indústrias, etc. - É aí que o
Maçom maneja suas armas de combate...” (trecho de um ritual)

Porque a Maçonaria teve atuação visível e importante em diversos episódios históricos do século passado, há
quem sustente a afirmação de que, atualmente, nossa Sublime Instituição “não está fazendo nada”...
Equivocando-se, essas pessoas chegam a pregar a necessidade de assumirmos, em nome da Maçonaria,
diversas tarefas no mundo profano, seja a criação de creches, hospitais, entidades assistenciais em geral, seja até mesmo
a criação de instituições educacionais ou órgãos de comunicação de massa.
Nunca é demais lembrar que a criação de nossa Sublime Instituição, que se perde na poeira dos séculos, resultou,
inicialmente, da necessidade que os chamados “pedreiros-livres” sentiam, de promover o seu inter-relacionamento,
transmitindo uns aos outros os conhecimentos que detinham, conservando em sigilo aqueles que reputavam não devessem
ser divulgados, e, notadamente, se auto-protegendo contra os inimigos comuns, e se auto-ajudando, através de rígidos
princípios de solidariedade grupal. Desde o início, trata-se, portanto, de uma organização de fraternidade, baseada na
liberdade de que gozam os que entre si possuem igualdade.
Inúmeras instituições profanas, e mesmo algumas de cunho religioso, acabaram por desaparecer, depois de entrar
em crescente decadência, por terem se afastado dos princípios básicos em que se assentou sua criação. Não podemos
cometer o mesmo erro...
A Maçonaria não foi criada para substituir as instituições profanas, nem para ocupar o seu lugar. Surgiu, tão
somente, para reunir homens livres, e portanto iguais, em torno de princípios de fraternidade, dos quais não podemos nos
afastar em hipótese alguma. Se, para alcançarmos determinados resultados práticos, ainda que louváveis, tenhamos que
olvidar tais princípios, estaremos nos afastando das primeiras e mais importantes razões de nossa criação e nos
condenando, inexoravelmente, ao ostracismo, à decadência, ao desaparecimento.
Por mais sublime e perfeita que seja nossa Instituição, ela é composta de seres humanos e, consequentemente,
falíveis. Justamente por isso, cabe-nos uma constante e inarredável vigilância, para que nossos irmãos não se afastem dos
princípios que nos norteiam e, quando deles se desviarem, deixando de ser verdadeiros irmãos, terão que ser afastados,
por mais doloroso que nos pareça esse afastamento, para que nossa Ordem permaneça de pé.

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Todas essas reflexões levam-nos à conclusão de que a Maçonaria trilha pelo caminho de um autêntico
humanismo, de caráter ecumênico. Se o homem é o centro de nossa Instituição, que busca seu aperfeiçoamento, que
promove a sua aproximação com o Ser Supremo, trata-se, sem dúvida, de um organismo humanista.
Vale aqui fazer uma ressalva, antes que uma leitura apressada deste trabalho resulte em lamentável engano. Não
se pode colocar a questão dentro da ótica político-partidária. Já aprendemos que:
“Se a indiferença política é um flagelo que acarreta a ruína da liberdade, o exagero é outro flagelo, a
produzir a turbulência, a instabilidade e a divisão de forças, impedindo as grandes obras.” (trecho de um ritual)

Não tem, portanto, qualquer sentido lógico a afirmação da existência de inércia ou omissão por parte de nossa
Instituição, que aparentemente deixa de assumir a condução de determinadas tarefas no mundo profano. Se afirmarmos
que a Maçonaria nada faz, devemos levar em conta que a Maçonaria somos nós, os Maçons. Portanto, seria mais
apropriado dizermos que nós mesmos é que nada fazemos. Só que essa afirmação não pode ser aceita como verdadeira.
Aí estão, para desmenti-la, as inúmeras realizações de nossos Irmãos, em todos os setores da atividade humana. Estão
presentes em instituições assistenciais, em clubes de serviço, em entidades educacionais, em partidos políticos, em
conselhos e órgãos profissionais, em órgãos de comunicação de massa, em empresas públicas e privadas, enfim, em
todos os segmentos da sociedade profana. Essa presença é universal. Anotem-se, como significativas, as presenças de
Maçons nos mais diferentes movimentos democráticos do mundo, desde a Argentina, Portugal, França, Grécia, até mesmo
naqueles países que ainda vivem sob o jugo de governos autoritários. Diversos historiadores registram as perseguições de
que a Maçonaria foi vítima em regimes totalitários. E nem poderia ser diferente, em se tratando de uma instituição que
adota a liberdade e a igualdade como instrumentos da fraternidade.
Antes que se argumente a desnecessidade do trabalho maçônico, já que a participação no mundo profano poderia
ser feita sem ele, é bom registrarmos que a fraternidade praticada em nossos Templos, e os sãos princípios de moral, de
retidão de caráter e de amor ao próximo ali ensinados, representam, exatamente, o húmus que fertiliza o coração de
nossos Irmãos, possibilitando-lhes encontrar forças para levantar aquelas mesmas obras. Sentindo-se apoiado e
fortalecido, inclusive espiritual e moralmente, o Maçom não sente dificuldades em cumprir, no mundo profano, as mais
duras e cansativas missões que dele esperam os seus semelhantes e a Pátria. O verdadeiro Maçom é humanista e, como
tal, não se omite em nenhum dos trabalhos para os quais é convocado. Mas não se pode pretender que a Sublime
Instituição, criada para aperfeiçoar o homem, venha a substituí-lo naquelas obras. Através das inúmeras entidades
profanas, que muitas vezes são criadas, dirigidas, orientadas, estimuladas ou simplesmente assistidas por nossos Irmãos,
o mundo pode beneficiar-se dos nossos valores e princípios. Enfim, quem diz que a Maçonaria nada faz, é simplesmente
porque nada sabe...

Laboratório Indústria e Comércio Ltda.

Análise de
(*)Membro da Loja Maçônica água, produtos
“Perfeita
JAVS – Assessoria Contábil
Amizade” nº 37 e da Academia Paulistana Maçônica de Letras
químicos de processos e para
tratamento de águas industriais Escritório Contábil
(Biocidas, dispersantes, anti-
incrustantes, inibidores de
corrosão, alcalinizantes,
floculantes, etc.) José Augusto Vieira dos Santos
TC – CRCRJ 28.476-2
Ildo Aranha de Souza
Diretor 31

Praça Porto Rocha, 37 - sala 109 – Centro – Cabo Frio - RJ Praça Tiradentes 115, São Bento, Cabo Frio, RJ CEP. 28.906-290
Cep: 28.905-250 - Tel/fax: (22) 2643.2633
(22) 2647.2931 Fax: (22) 2647.4285
e-mail: labolagos@uol.com.br
A CORDA DE 81 NÓS
Ir.: Júlio César Pires / M.:M.: (*)

A Corda de 81 Nós é um dos ornamentos de um Templo Maçônico e é encontrada no alto das paredes, junto ao teto e
acima das Colunas Zodiacais ( nos Ritos que as possuem).
O nó central dessa corda, deve estar sobre a cabeça do Venerável, acima do dossel, se ele for baixo, ou abaixo dele e
acima do Delta, se o dossel for alto, tendo de cada lado quarenta nós, que se estendem pelo Norte e pelo Sul; os externos da
Corda terminam em ambos os lados da porta Ocidental de entrada, em duas borlas, representando Justiça (ou Equidade) e
Prudência (ou Moderação).
A Corda poderá ser natural ou esculpida nas paredes, más os nós deverão ser equidistantes e, sempre em número de
oitenta e um, coisa que nem sempre acontece na maioria dos Templos, tirando todo o seu simbolismo.
Há três razões para que A Corda tenha realmente os 81 nós:
1. O número 81 é o quadrado de 9, que, por sua vez, é o quadrado de 3, Número Perfeito e de alto valor
místico, para todas as antigas civilizações:
Três eram os filhos de Noé (Sem; Cam e Jafé - Gênese, 6,10).
• Três os varões que apareceram a Abraão (Gênese 18,2).
• Três os dias de jejum dos judeus desterrados (Esther, 4,6).
• Três as negações de Pedro (Matheus, 26,34).
• Três as virtudes teolegais (Fé; Esperança e Amor - Corintos I, 13,13).
Além disso, as tríades divinas sempre existiram, em todas as religiões:
• Shamash, Sin e Ichtar, dos Sumérios.
• Osiris, Isis, Horus, dos Egípcios.
• Brahma, Vishnu e Siva, dos Hindus.
• Yang, Ying e Tao, do Taoismo.
• Pai; Filho e Espírito Santo, da Trindade Cristã.
• etc...
O número 40 ( quarenta Nós de cada lado, extraindo-se o nó central) é o número simbólico da Penitência e da
Expectativa:
• Quarenta foram os dias que durou o Dilúvio (Gênese, 7,4).
• Quarenta dias passou Moisés no Sinai (Êxodo, 34,28).
• Quarenta dias durou o jejum de Jesus (Mateus, 4,2).
• Quarenta dias Jesus esteve na Terra, após a ressurreição (Atos dos Apóstolos, 1,3).
O Nó Central representa o Número UM, a unidade indivisível, o símbolo de Deus, princípio e fundamento do Universo;
o número um, desta maneira, é um número sagrado. Esotericamente, a Corda de 81 Nós simboliza a união fraternal e espiritual,
que deve existir, entre todos os Maços do mundo; representa, também, a comunhão de idéias e objetivos da Maçonaria, que
evidentemente, devem ser os mesmos, em qualquer parte do planeta.
Embora alguns autores afirmem que a abertura da Corda, em torno da porta de entrada do Templo, com a formação
das borlas, simboliza o fato de que a Maçonaria está sempre aberta para acolher novos membros, novos profanos que desejem
receber a Luz Maçônica, a realidadeQuer é quecomprar, vender
essa abertura ou alugar
significa um imóvel
que a Ordem Maçônica? é dinâmica e progressista, estando
portanto, Nós temos as melhores opções, para que você só se preocupe com
sempre aberta à novas idéias, que possam contribuir para o progresso racional da ahumanidade,
praia, o mar, o sol...
já que não pode ser
Maçom aquele que rejeita as Insatisfeito
idéias novas, em benefício de um conservadorismo
com a administração de seu condomínio ?rançoso, muitas vezes dogmático e, por isso
mesmo, altamente deletério. Procure-nos.
(*) Membro da ARLS PRIMEIRO DE MAIO Nº 2264

Administração de Condomínios
Venda e32Aluguel

Belo Horizonte www.portorealimoveis.com.br


Av. Assunção, 680 –
Av. Nossa Senhora do Carmo,
1650 – Sl. 11/13 Centro (22) 2643-
(31) 3286-3099 3220
MAÇONARIA E RELIGIÃO.CONEXÃO PERIGOSA
Ir.: Valfredo Melo e Souza (*)

Da idéia do “espaço Hilbert” (David Hilbert, 1862-1943), isto é, um espaço matemático cujo número de
dimensões é infinito, infiro que a religião é uma imagem fractal que, ampliada pode atingir o todo nesse “espaço
Hilbert”. A parte contém o todo, prega a filosofia oriental. A religião é um fragmento (fractus) nesse imenso espaço
universal que é a humanidade se levarmos em conta as estruturas dos sistemas religiosos. São numerosas as
religiões em todos os tempos. Foram os homens que as criaram. E como invenção humana tem trazido, por vezes,
sérios conflitos, derramamento de sangue, ódio e genocídio. Mentalizem as dezenas desses conhecidos conflitos
intermináveis. Observem que igrejas, templos, sinagogas, mesquitas, centros espíritas, cabem, em idéias, dentro de
uma Loja Maçônica. Neste aspecto, conflito, intolerância e escuridão têm ocorrido na Maçonaria ao longo dos anos. A
cizânia da Maçonaria é a cizânia das idéias. Somos todos religiosos. A Luz e a espiritualidade são a nossa direção.
Aspecto notável e cuidadoso, portanto, esta conexão velada, de Maçonaria e Religião. As religiões mudaram a
humanidade e neste contexto, a Maçonaria. A religião é a mais antiga prática cultural do homem. A história da
humanidade se confunde com a prática religiosa desde o início dos tempos. Por isto alguns escritores proclamam o
início da Maçonaria nessa época. Por volta do Século VII a.C o povo sumeriano tinha uma Biblioteca, na cidade de
Tello, contendo manuscritos em “tijolos” com a epopéia do dilúvio babilônico, contada por Utnapistim (semelhante ao
de Noé). Cerca de 30.000 “livros de tijolo” empilhados, contam histórias épicas, lendas de naufrágios, parábolas,
fábula e provérbios. Ensinamentos que se confundem, tantas vezes , com o simbolismo maçônico. Os princípios
gerais e postulados ficaram plantados nas diversas civilizações. Vejamos:
O Budismo adotado como religião em grande parte da Ásia. O Dhammapada, um de seus livros contém os
provérbios de Sidharta Gautama, o Buda (560-480 a.C). “Jamais se extingue o ódio com ódio. O ódio só se extingue
com o amor; esta é a Lei eterna”.
O Confucionismo, a religião de o Kung-Fu-Tsu (551-479 a..C) pregada nos Anacletos, conjunto de normas e
comportamentos. Um código de ética. “Existe uma palavra que sintetize a base de toda a boa conduta ?” Resposta de
Confúcio: “Não será a reciprocidade esta palavra ? O que não desejas para ti, não o faças aos demais”.
O Cristianismo, com dezenas de derivações, encontra na Bíblia os fundamentos de todas. “Um novo
mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros” .
Hinduismo. Fundamentado nos Upanishads (Vedantas) vindo do mais antigo texto hindu (os Vedas). Junto
com o Mahabharata e o Ramayana são os pilares da cultura hindu. “Amar todas as coisas, grandes ou pequenas, tal
como Deus as ama, eis a verdadeira religião” (Hitopadexa).
Jainismo. Uma reforma do Bramanismo, (tal qual o Budismo). Os Agamas, tornaram-se as escrituras
sagradas dessa religião. Seu criador : Vardamna ou Mahavira – o Grande Herói. “Todos os seres amam a vida e
abominam a dor; logo, não se deve maltratá-los nem matá-los. Eis a quinta-essência da Sabedoria: Não se deve
matar nada”.
Judaísmo. Sua base é o Velho Testamento. Basicamente repousa em três colunas: A Lei (Tora), A Repetição
da Lei (Mishnah) e o Estudo da Lei (Gemara). “Não faças aos outros o que te é detestável. Nisto está toda a Lei; tudo
o mais são comentários” (Talmude).
Maometismo. Dividido em duas seitas: Sunitas e Chiitas. Suas doutrinas estão no Corão ou
Alcorão.”Ninguém é verdadeiro crente enquanto não almejar para seu irmão o que para si mesmo almeja”. (Hadith).

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E por aí vai. Taoismo: “Apto para governar está quem ama ao seu povo tanto quanto a si próprio”. Xintoísmo:
“Não se deve ser sensível ao sofrimento em sua própria vida e negligente ao sofrimento na vida dos outros”.
Zoroastrismo: “Atentai sempre para três coisas excelentes: bons pensamentos, boas palavras e bons atos”. (Vendidad
XVIII, 17).
Maçonaria não é religião, temos afirmado, porém convive com este pluralismo religioso.
A Instituição é laica e democrática; demonstra uma postura de neutralidade e independência. Sua laicidade é o
símbolo da liberdade, igualdade e fraternidade abraçado pelos pedreiros livres na construção do Templo da
Humanidade.
(*) Membro da Academia Maçônica de Letras do DF.
O PESQUISADOR
MAÇÔNICO

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