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O PESQUISADOR

MAÇÔNICO
n.º 28 – Jan/Fev 2004
Ano IV

EDITORIAL ÍNDICE

Pág. 2
Ci om esta edição do 1º bimestre, estamos dando continuidade aos
 O que a imprensa
noticiou
nossos trabalhos maçônicos. Mas existe o recesso maçônico (férias?); e, muitos

E
de nós, com frequência, nos questionamos se o mesmo é ou não necessário.
Por quê interromper os trabalhos? Para quê descanso maçônico; etc.
Pág. 3
 Curiosidades
Pegando, no entanto, um “gancho” no SAHBAT judaico, que é o
conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, Pág. 4 e 5
inspirado no descanso divino no sétimo dia da Criação, poderemos considerá-  Para pensar
lo (o descanso) como necessário.
Pág. 6
Vejamos algumas considerações:
 Gr. Dic.Enciclopédico de
• A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa.
Maç. e Simbologia
Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue; (Nicola Aslan)
• Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece  Biblioteca
não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram
Pág. 7
por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta
de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta;  Esoterismo Maçônico
• O futuro é tão rápido que se confunde com o presente.  Pílulas Maçônicas
Parar não é interromper. Muitas vezes, continuar é que é uma Pág. 8 à 17
interrupção. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não  Trabalhos Maçônicos
haverá maior sábio do aquele que souber quando algo terminou e quando vai
começar. Pág. 18
Afinal, por que o Criador descansou? – Talvez porque, mais difícil do  História pura
que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído. Pág. 19
Um bom retorno às atividades maçônicas a todos os IIr.: e que, com a  Viagem ao nosso interior
bênção do GADU, tenhamos forças para continuar nossa obra.
Pág. 20 e 21
Carlos Alberto dos Santos/ M...M...  Biografia do mês

Pág. 22 e 23
 O nosso planeta
Pág. 24
• Depoimento
O Pesquisador Maçônico
Fundação: Janeiro/2001
Editor: Ir.: Carlos Alberto dos Santos/M.: M.:
Revisor: Ir.: Ítalo Barroso Aslan/ M.: M.:
Registrado na ABIM sob o n.º 060-J
Informativo Cultural da SOCIEDADE DE ESTUDOS ANTHERO
BARRADAS, e A... R...L...S... Renascimento n.º 08
Rua Nicola Aslan, 133
Braga – Cabo Frio (RJ) e-mail: carlosalberto@cabofrio.psi.br
1
O QUE A IMPRENSA NOTICIOU
DOZE ANOS DE ABIM

A ABIM (com M) completou, no dia 13 de Novembro, seus 12 anos de fecunda existência. Foi
fundada em encontros realizados pelos IIr.: Antônio do Carmo Ferreira (PE), Francisco de Assis
Carvalho (PR), José Carlos Pacheco (SC) e José Castellani (SP), na sede da AIP – Associação da
Imprensa de Pernambuco, cidade do Recife, à tarde, e, à noite, em Olinda, no Templo da Loja 10 de
Novembro de 1710, que fica a 33 metros das ruínas do Senado da Câmara, em que Bernardo Vieira de
Melo, naquela data, deu o primeiro grito de “República” nas Américas, sendo, por isto, preso e
enviado aos calabouços do Limoeiro (Portugal), onde veio a falecer. A ABIM tem sido muito
solicitada para registro de novos associados, e conta com filiados em todos os Estados da Federação.
Foram seus presidentes os Irmãos Fernando Salles Paschoal, José Carlos Pacheco e Antônio do Carmo
Ferreira.

FonteINFORMABIM nº 106 de 15/11/2003

Nota do Editor: A Maçonaria tem muito a comemorar nesta data, pois o trabalho sério que a ABIM
vem fazendo, tem ESTIMULADO a apresentação de muitos e sérios veículos de informações
Maçônicas, o que mostra a pujança da nossa Ordem; dá mais seriedade às publicações Maçônicas
apresentadas e ESTIMULA , com isto, aos Maçons brasileiros (e estrangeiros). E ESTÍMULO é o
que mais precisamos para vencermos a nossa inércia,

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REUNIÃO ANUAL

Maçons do Brasil inteiro encontrar-se-ão em Goiânia, em março de 2004, durante quatro dias,
para participarem da Reunião Anual do Supremo Conselho do Grau 33.
O evento acontece a cada ano em um Estado diferente. Em 2001, foi na Capital Paulista. Em
2002, foi a vez dos paranaenses receberem Irmãos de todo o Brasil, em Curitiba. No ano de 2003,
Fortaleza sediou a reunião. Agora, em 2004, é a vez de Goiânia fazer as honras da casa.

Fonte: jornal “ÁGUIA DO PLANALTO”, ed. Dez./2003 à Março/2004.

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Alfredo P. Cunha
Cirurgião Dentista – CRO 4679
Dr. Wagner Buono
Glaicy M. Cunha Ginecologista e Obstetra
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(tarde)

2
CURIOSIDADES
O MAPA DA DISCÓRDIA

Em 1950, um mapa-múndi representando uma única massa de terra, visão típica do século XV,
causou reboliço no meio científico. Não por estar completamente superado, mas porque o que ele
mostrava era inédito: era um mapa da América, com inscrições num antigo idioma nórdico, e no
canto esquerdo havia uma ilha assinalada com o nome Vinland. Se fosse autêntico, ele seria a prova
da descoberta da América pelos vikings. As primeiras datações com carbono radioativo realizadas
pela Universidade do Arizona caíram como uma bomba: ele seria do início do século XV, antes,
portanto, da viagem de Colombo.
Durante os últimos 50 anos, no entanto, sua legitimidade nunca foi um consenso. Em agosto
passado, um novo estudo reacendeu a polêmica. Robin Clark e Katherine Brown, químicos da
University College de Londres, na Inglaterra, afirmaram que a tinta usada no mapa contém dióxido
de titânio, uma substância descoberta no século XX. “Uma convincente fraude foi realizada. Alguém
pegou um pergaminho muito antigo e desenhou o mapa de Vinland”, diz Katherine. Thomas Cahill,
especialista em documentos antigos da Universidade da Califórnia, no entanto, discorda. Ele analisou
o mapa nos anos 80 e afirma que centenas de documentos medievais apresentam as mesmas
características. Para ele, o dióxido de titânio pode ter se originado a partir do ferro, comum nas tintas
da Idade Média.
A ironia disso tudo é que, se a polêmica sobre a autenticidade do documento está longe de
chegar ao fim, aquilo que o mapa mostra não está mais sob suspeita. Sobre a chegada dos vikings na
América, há cerca de mil anos, não restam mais dúvidas. Nos anos 60, arqueólogos descobriram
vestígios de casas no estilo dos povos nórdicos da Europa na região de Terra Nova, no Canadá. Eles
provaram que os vikings mantiveram contatos com índios da região por cerca de 300 anos.
Mas a briga sobre a legitimidade do mapa não é mera picuinha entre acadêmicos. Se for real,
ele é o primeiro documento escrito a citar a existência da América. O que não é pouco.

N.R.: texto extraído da edição nº 3 (novembro) da revista “Aventuras na HISTÓRIA”.

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PARA PENSAR
O HÁBITO DA LEITURA
Ir.: Antônio do Carmo Ferreira (*)

Xico Trolha alimentava a idéia de que cada Loja se devia munir de uma biblioteca. Falou disto
comigo reiteradas vezes. E tanto falou e com tanto entusiasmo que me inspirou a premiar-lhe com a
indicação de seu nome, para designativo da Biblioteca Central do Grande Oriente Independente de
Pernambuco, que foi inaugurada dentro dos festejos comemorativos do bicentenário do Aerópago de
Itambé, com a presença do próprio Xico e de uma legião de IIr.: e amigos seus, vindos de todos os
recantos do Brasil.
Certa vez, quando apresentei os dois óbices que entendia inibir a concretização de sua idéia, ele
refutou, com a cara de irritado, mas sem estar, porque o Xico, realmente, me considerava e me ouvia,
demonstrando prazer em me consultar. Ele acreditava no proveito que uma biblioteca pode
proporcionar ao maçom e à Maçonaria, no que estava certo, certíssimo.
O seu projeto contemplava o combate às duas barreiras, que eram o preço proibitivo de
aquisição de livros e a inexistência do hábito de ler. A primeira parte, disse-me ele: “os altos preços
dos livros, eu resolvo, criando o Círculo do Livro Maçônico, que colocará os livros no mercado a custo
de fatores. E a outra parte – o fomento ao hábito da leitura – você toma conta”.
Não esbarrou aí. O CLM veio a ser realidade. O Xico o criou e tem cumprido a sua finalidade.
Todo mês, se edita um novo título, que o leitor recebe em casa, a precinho fraternal, para pagamento
muito depois. Obras da lavra dos mais destacados maçonólogos do País. O Xico foi “bendito” nisto,
como poetava Castro Alves, porque livros os “semeou à mão cheia”. Ninguém acreditou mais que ele
no “audaz guerreiro”. Na sua crença e do Irmão baiano, fomentar o amor ao livro era “salvar o
futuro, fecundando a multidão”.
As bibliotecas, uma em cada Loja, Xico migrou para o oriente eterno, clamando por isto em seus
editoriais na revista A TROLHA. Ainda não foi possível alcançar este sonho, mas a idéia é tão boa que
passou ao mundo profano, no domínio da administração pública, onde se pretende instalar pelo
menos uma biblioteca em cada município. Deus apresse. Xico Trolha, rogai por nós!
Agora, quanto à outra parte – a de fomentar o hábito da leitura – esta é mais difícil colimar,
porque depende de um universo, em que cada um tem uma razão diferente. Pesquisas recentes
indicam que o brasileiro lê muito pouco, ao contrário do japonês que tem este gosto acentuado. É o
povo que mais lê no mundo. Comenta-se que eles lêem até dormindo. Não vamos esquecer isto, nem
perder de vista que a leitura alarga nossos horizontes, amplia nossas possibilidades e alavanca a
prática do exercício da cidadania.
Tenho me valido dos instrutores das Lojas Maçônicas, sugerindo que eles, no processo de
“aumento de salário”, indiquem à leitura pelo menos um livro (afora o ritual), seguida da
apresentação de uma “peça de arquitetura” sobre o que tenha lido, naturalmente que tudo esteja
vinculado à mudança de grau em referência.
Todavia o desabrochar do hábito de ler está na leitura do jornal, na leitura da plaqueta, na
leitura da revista. Só depois... o livro, preferentemente de poucas folhas, assim em torno de cem
páginas. Os calhamaços desestimulam e aborrecem. A criação da ABIM também esteve nesta linha de
raciocínio. Mais boletins e mais jornais à disposição para a leitura.
Aliás, neste particular, louvamos a colaboração dos editores de revistas, pelo padrão
convidativo – de material de luxo e beleza de apresentação – com que são produzidas e nisto tendem
sempre a melhorar. Quem lê, por exemplo, Astréia, Consciência, Engenho & Arte, GOP em Revista, O
Maço, Mosaico, O Prumo, A TROLHA, A Verdade (e muitas outras de igual qualificação), não fica
num exemplar. Solicita assinatura e vai ganhando o hábito de ler. Com muita satisfação, tenho ouvido
apreciação elogiosa à evolução da revista maçônica A TROLHA, não somente à linha editorial que o
grupo empresarial adota, mas também à modernidade com que a revista é produzida e à
pontualidade com que se recebe.

4
A direção da ABIM tem insistido no apelo a seus associados (e tem sido correspondida), para
que levem ao leitor uma quantidade cada vez maior de seus boletins, jornais e revistas. Decerto isto é
uma valiosa contribuição ao que pretendemos.
Não sei se os Irmãos já observaram. Existe uma campanha voltada ao fomento do hábito de ler
no meio desportista. Para os que praticam o esporte e para os que assistem. Nos intervalos, entre os
tempos dos jogos, a televisão apresenta um atleta lendo e fazendo um comentário sobre os benefícios
que a leitura proporciona. O slogan é “Ler também é um exercício”. Louvável a iniciativa. Parabéns!
Recordo que na década dos anos 40, ainda se aprendiam as primeiras letras num livreto
chamado de “Carta de ABC”. De suas últimas folhas, guardo, viva na lembrança, a seguinte
declaração ao pai, feita por um filho que se revelava gratificado e empolgado com a descoberta da
leitura, através das possibilidades que lhe facultara aquele livreto: “Meu pai, eu vou ler. Faz mui bem.
Vou ler mais”. Espero que todo maçom brasileiro, em breve, deixe-se possuir deste entusiasmo.

(*) Presidente da ABIM

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5
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REX DEUS
SIMBOLOGIA O Verdadeiro Mistério de Rennes-le-
Château e a Dinastia de Jesus.
NICOLA ASLAN
Autores: Marilyn Hopkins, Fraham Simmans & Tim
Wallace-Murphy.

SALOMÃO– Terceiro rei dos judeus,


segundo filho de Davi e de Betsabé, que REX DEUS é uma moderna busca do
reinou em Israel e Judá cerca de 970-930 a. C., Santo Graal, com todos os elementos de
segundo a cronologia bíblica. Tornou-se mistério, documentos codificados e histórias de
muito renomado por sua magnificência e sociedades secretas (Criação dos Templários,
justiça e, sobretudo, pela sua ciência e
da Maçonaria etc), perseguição e genocídio
sabedoria. A rainha de Sabá, na Arábia,
atraída pela sua reputação, deixou o seu país, (Cátaros etc.).
a fim de vê-lo e ouvi-lo. Atribuem-se-lhe três Todos os fios da busca conduzem a
livros da Bíblia: os Provérbios, o Cântico dos Rennes-le-Château, uma aldeia francesa no
Cânticos e o Eclesiastes, e também os Salmos topo de uma colina, com uma turbulenta
LXXII e CXXVII. história há muito associada a intrigas políticas e
Este personagem desempenha importante religiosas (a não-morte de Jesus na cruz, por
papel na Maçonaria, a qual, segundo alguns
exemplo), segredos e casos de tesouros
escritores, teria tido a sua origem na
construção do templo que aquele rei mandara enterrados. Muita coisa se afirmou sobre os
erigir em Jerusalém à glória de Jehovah. seus segredos, mas o verdadeiro mistério é a
Esta crença tem como principal fundamento a mais improvável das afirmações – a existência
lenda alegórica do Terceiro Grau, à qual de um grupo de famílias descendentes dos
foram acrescidas, posteriormente, outras vinte e quatro sumos sacerdotes do Templo de
narrativas mais ou menos novelescas,
Jerusalém.
segundo a expressão de Frau Abrines.
A história do REX DEUS é o primeiro
A maior parte das lendas maçônicas é de
origem bíblica. Em I Reis, VII, 13-14, o Rei exame completo dessa dinastia de sombras,
Salomão fez vir de Tiro a Hiram, homem cujos membros repetidas vezes conspiraram
cheio de sabedoria, inteligência e saber, para para alterar o curso da história, e do papel que
confiar-lhe a execução dos trabalhos do desempenhou na sucessão da Casa de Davi ao
Templo. É por causa desta velha lenda dos trono de Jerusalém após a primeira Cruzada. A
“construtores” que o nome do monarca foi
obra revela a verdadeira influência dessa
misturado aos “mistérios” do
“companherismo” como nos da Maçonaria. tradição no desenvolvimento da cultura
Existem muitos Graus, na Maçonaria, européia e na constituição americana; e mostra
chamados bíblicos solomônicos, em que é como as verdadeiras doutrinas de Jesus Cristo
destacada a figura de Salomão. Estes Graus foram mantidas em confiança para nós nos
pertencem a vários Ritos, e principalmente ao perturbados tempos que assinalam o começo
REAA, Graus Inefáveis, e ao Real Arco, e são do terceiro milênio.
rodeados de numerosas lendas relacionadas
É um livro de leitura imperdível!
com a construção do Templo e com os atos do
famoso rei-profeta, servindo de base,
principalmente, ao Grau de Mestre Maçom. Editora IMAGO
Schlomoh, em hebraico, ou Salomoh
significa “homem pacífico”.
6
ESOTERISMO MAÇÔNICO

Toda organização que busca o esclarecimento de cada homem, busca o SILÊNCIO (o estado de
silêncio).
Algo que diferencia o movimento dito maçônico de outras entidades é que na orientação
maçônica o silêncio se abre no mistério enquanto que em entidades “padrão religioso”, o fim, fim
intelectual do silêncio, é pré-definido e antropomorfizado.
Acreditando que o homem integral não é a sua parte intelectual, lógica, racional; que o homem
para conhecer e entender o processo divino da vida deve achegar-se a essa vida de “corpo e alma”, o
método maçônico apela para uma ritualística que objetiva ao entendimento, à realização dessa
integralidade.
Assim, o ritual, processo inicial, iniciático sem conclusão final definida, em plena ebulição, em
vaivém dinâmico, envolve necessária e subitaneamente a noção do segredo, secreto, silêncio, sagrado.
A organização profana administrativa, definida, alberga o germe da sua própria autodestruição.
“O maçon que é maçon, não é maçon”. Ouroboros!

Extraído dos escritos do “Decifra-me ou te devoro” (em organização).

Colaboração: Ir.: RENATO FIGUEIREDO DE OLIVEIRA (*)


(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO Nº 08

PÍLULAS MAÇÔNICAS
LOJAS DE PESQUISAS

A mais famosa e mais antiga Loja de Pesquisas do mundo é a “Quatuor Coronati Lodge”, de
Londres, fundada em novembro de 1884, com o objetivo de estudar a história, os símbolos e as lendas
da Maçonaria. Tem seu quadro limitado a 40 membros, selecionados entre maçons altamente
qualificados, por seu valor literário, artístico ou científico. Possui em todos os países do mundo,
membros correspondentes (aproximadamente 10.000). Além de imensa biblioteca, tem também um
completo museu, à disposição de seus membros.
Os trabalhos apresentados em Loja são anualmente publicados nas famosas Atas Ars Quatuor
Coronatorum (trabalhos dos Quatro Coroados). Publica, ainda, discursos, críticas de livros,
reproduções de documentos antigos, ilustrações e retratos, tudo em papel da melhor qualidade
(couchê). É, segundo Alec Mellor e Nicola Aslan, a maior fonte de pesquisas maçonológicas existente.
Outras, igualmente importantes, Lojas de pesquisas, são a Villard de Honnecort e Phoenix – de Paris -
a Quatuor Coronati – de Bayreuth, Alemanha.
N.:R.: - No Brasil, podemos destacar a LOJA DE PESQUISAS NICOLA ASLAN.

Colaboração do Ir.: ANTHERO BARRADAS/ M.:M.(*)


(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO N º 08

7
TRABALHOS MAÇÔNICOS

NUVENS PREOCUPANTES NOS HORIZONTES DA MAÇONARIA


Ir.: Darley Worm, Oriente de Porto Alegre (RS)

O título acima é – intencionalmente – provocativo, pois não nos alinhamos nos lugares comuns
cultivados pela imprensa maçônica em geral que, nitidamente, desvia o pensamento dos seus leitores,
para problemas evasivos, bem como descompromissados para realidades prenhes de letalidades que,
mais cedo ou mais tarde, baterão às portas da Instituição para cobrar irresponsabilidades pretéritas. É
para tais problemas que devemos dirigir nossos olhos e as nossas ações. Já e agora.
Comecemos com uma breve digressão histórica, cuja intenção é facilitar uma visão panorâmica
da Instituição e que nos permita atingir conclusões úteis para – se ela não estiver já morta – fazê-la
sobreviver.
E é como Instituição que devemos voltar ao passado sem esquecermos que ela nasceu operativa,
sob o incentivo da então Igreja Católica Apostólica Romana que a inspirou e financiou já que, até o
aparecimento do Imperador Constantino, ela (a Igreja) era clandestina (no período das Catacumbas,
quando então era severamente perseguida pelo Estado Romano). Em 325 d.C., Constantino convoca o
I Concílio Ecumênico de Nicéia (Ásia Menor), legalizando-a como novel religião que deixaria a
situação anterior de cristianismo primitivo para se transformar na Igreja Católica Apostólica Romana.
E, sob Theodosius, a Igreja conquista a confortável posição de ver as outras religiões (o mitraísmo
etc.) se tornarem ilegais. A partir desse momento, imperioso se tornava criar um corpo auxiliar para
construir igrejas, capelas e, finalmente, catedrais, na busca angustiada de ocupar os espaços- todos os
espaços possíveis – antes ocupados pelas religiões pagãs em toda Europa e no mundo conhecido de
então. Inicialmente, esta premente necessidade era atendida pelos próprios monges mas,
posteriormente, eram utilizados homens, simplesmente batizados, para não desviar o clero de suas
verdadeiras funções. Além do que, urgia aumentar consideravelmente o número de colaboradores
especializados nas técnicas construtivas e que, gradualmente, iam melhor se organizando e
conquistando condições ótimas de liberdade numa Europa assolada pelo escravismo feudal. É
quando surgem no continente europeu as “campagnonnage” (na França), as “Guildas (na Inglaterra)
e as “Steinmetzen” (na Alemanha) etc., tendo São João por padroeiro (São Jorge, na Inglaterra).
Esta maneira de conduzirmos o raciocínio, nos leva a compreendermos que a Instituição não
pode ter mais do que 1.672 anos e, assim mesmo se tivesse acontecido a fundação de uma só
confraria de construtores na mesma data da legalização da Igreja Católica o que, obviamente, não
aconteceu mas, diferentemente do presumido, os operativos se institucionalizaram alguns anos mais
tarde.
Quando?
Alguém tem conhecimento bastante para assegurar a idade da organização maçônica? Esta a
razão para tanta diversidade de opiniões, entre os historiadores.
Esta a razão pela qual o professor Dr. Eduardo Phillipe Muller, na obra CURSO DE
DOCÊNCIA PARA INSTRUTORES MASONES, na página 143, editada pela Grande Loja do Chile,
diz:
Quem busca algo é porque tem uma noção clara do que procura. Se não tem esta
noção, é provável que confunda qualquer coisa com o que estava buscando.

Para obtermos a idade da Maçonaria, temos de distinguir a Instituição dos seus conteúdos –
estes sim, milenares, conforme alguns autores; eternos segundo outros - os conteúdos que a
Maçonaria assumiu já eram milenares quando Salomão nasceu na Casa de Davi e é puro delírio febril,
alguns historiadores falarem em Maçonaria Arcaica, Antiga ou Arqueológica. Os conteúdos com que
lidamos hoje, já eram veneráveis para as Escolas de Mistérios (Elêusis etc.), para os teosofistas, para os
rosacruzes, para os gnósticos, para os alquimistas, para os Collegia Fabrorum; ainda que tenhamos

8
um grande número de pontos em comum mas ... nem Pitágoras, nem Jesus, nem Platão etc., eram
Maçons, pela simples razão de que a Maçonaria (como Instituição) nem havia sido criada.
A bem da verdade, devo observar que nossa Ordem (como Instituição) tem crescido
satisfatoriamente, materialmente; pois ninguém discorda que aumentou acentuadamente o número
de Obreiros, multiplicam-se Templos, publicações maçônicas e congressos –diria até – bem mais do
que seria de esperar, mas, me parece, a qualidade dos recursos humanos captados ... fica muito
aquém do desejado. É claro que se trata de opinião estritamente individual, baseada na minha
vivência maçônica durante 20 anos. Aceito e compreendo que todas as instituições humanas cruzam
uma rota cíclica entre os ideais de suas fundações, passando por suas maturidades e, finalmente,
encontrando seu ocaso, uma fatalidade (seu nadir) que se localiza após cruzar seu próprio zênith.
Assim aconteceu com pitagóricos, com os aristotélicos, com os carbonários (mais preocupados com os
Bourbons, com Napoleão, com a Unificação Italiana do que com os conteúdos iniciáticos que haviam
cultivado na Grande Floresta Negra que cobria a Europa Central), com os templários, com os
albigenses, com os gnósticos. Assim continuará sendo com qualquer instituição humana que vier a se
criar; assim foi no passado, não apenas com os já citados mas também o foi com vedas, egípcios,
gregos e com outros de quem nem sequer temos memória.
No caso da Maçonaria, é a própria dinâmica da vida; é o materialismo arrebatador influindo no
desvio e desvirtuamento dos ideais que a levaram desde a sua criação até 1717 e de lá até os presentes
dias. Isto não quer dizer que aceitamos a fatalidade do seu nadir, como ocorrera nas correntes de
pensamento e escolas iniciáticas citadas. Mas o importante é conscientizarmos o que está realmente
acontecendo para redirecionarmos nossos passos no sentido de preservarmos o grande legado dos
nossos antepassados, levando-o tão intocado quanto nos for possível, para as mãos dos nossos
pósteros e gerenciando as alternâncias das influências espiritualistas/materialistas com
discernimento e vigilância, ora esquecidos e relegados, conforme tentaremos mostrar.
Mas, voltando ao núcleo desta exposição: os companheiros operativos praticavam alta
disciplina e os segredos tecnológicos da arte da construção que envolvia, da parte dos seus arquitetos
construtores – um elevado conhecimento da geometria sagrada – ou a expressão formal que inspirava
a planta, as elevações e a decoração do edifício religioso e que, por isto mesmo – esta a minha opinião
– constituíam os seus especulativos. Em outras palavras: a “teoria” orientando o canteiro de obras.
Mas deixando esta questão polêmica de lado, para os nossos pesquisadores, avancemos na
particularidade de várias catedrais da Europa estarem apinhadas de símbolos alquímicos (os
labirintos das naves, as rosáceas, os atanores etc., como podemos ver hoje em Notre-Dame, Chartres,
Ravena, Reims, Milão e outras), deixando à mostra as influências do reconhecimento iniciático
(atualmente denominado especulativo), inexplicavelmente negligenciados pela maioria dos nossos
historiadores. Eis por que discordo que algumas influências místicas da baixa e da alta Idade Média
somente ocorreram na transição operativo/especulativa.
Vejamos agora, alguns fatos que, a meu ver, ameaçam gravemente o futuro da Maçonaria no
entendimento dos seus conteúdos e que permitem pensarmos que tais DEGRADAÇÕES têm um
caráter mundial e fazer como que, mais uma vez, nos perguntemos se a Maçonaria estaria morta, ou
se apenas está em processo de acelerada decadência generalizada e irreversível.
Vamos aos fatos!
Fato A – Desde que entrei na Maçonaria (1977) ouço, generalizadamente, restrições à
sistemática de seleção dos novos Irmãos e nossa própria Grande Loja tentou, sem sucesso, aumentar
os níveis de exigência para as indicações dos Neófitos. Um problema deixado de lado, mas sabendo-
se que a Ordem não é nem pode ser elitista, porém, deve assegurar a qualidade dos candidatos, os
quais devem ser qualificados para lidar com conhecimentos e conteúdos que exigem alto grau de
percepção sob pena de não estarmos preservando o futuro da Instituição.
Fato B – As Lojas, em geral (é provável que existam exceções), não estimulam o equivalente aos
Programas de Docência Maçônica pois, eu, como Diretor do Departamento de Atividades Culturais
da minha jurisdição, tive escasso – para não dizer ridículo – sucesso quando tentei implantar o
embrião de um P.D.M. no Estado do Rio Grande do Sul, um opúsculo de 17 páginas, quando sabemos
que a Grande Loja do Chile, por exemplo, tem um similar de mais de 1.700 páginas com seus
CADERNOS DE ESTUDOS para os três Graus. Neste particular, seria injustiça se deixássemos de
9
citar as Lojas de Pesquisas, uma Maçonaria dentro da Instituição formada por D. Quixote, lutando
abnegadamente contra moinhos de vento da nossa ignorância.
Fato C – Definido o item anterior, citemos a conhecida inapetência dos Obreiros, em geral, para
elaborar trabalhos ou Peças de Arquitetura. Não ignoramos que os conteúdos maçônicos devem ser
absorvidos pela leitura, pela pesquisa, pela meditação e pelos exercícios de conduta mas, se as
dificuldades começam com a leitura, é fatal que se propaguem as etapas sucessivas, desqualificando
os esforços dos Recipiendários.
Fato D – A Maçonaria passa por uma fase, que eu chamaria de acentuada PROLETARIZAÇÃO
dos seus quadros em decorrência, provavelmente, do caracterizada em “A”, que gera, suponho, uma
rebaixa ou degradação cultural dos seus Neófitos. Temos conhecimento que, no passado – e de fato
especialmente dos séculos XVII, XVIII, atingindo o XIX – quando ingressavam na Ordem, a
aristocracia cultural e política (fato que também aconteceu, em certa medida, no Brasil). Neste caso,
deixemos que as Oficinas racionalizem suas próprias autocríticas.
Fato E – Fato conhecido pelos nossos pesquisadores é que, na conversão dos operativos nos
especulativos, a nossa Instituição se transformou num caldeirão comandado por dissidências,
controvérsias, brigas surdas, modificações comprometedoras e intempestivas, numa enorme Babel de
Ritos (ver dicionários) e alterações feitas por pessoas inabilitadas para fazê-las, quando só deviam
mexer em nossos Rituais Irmãos que dominassem (o que é, de fato, raríssimo) a desconhecida
MAGIA CERIMONIAL que se relaciona com o SIMBOLISMO – uma regra de ouro – de qualquer
escola iniciática do mundo. Não está proibido que se mexam em Rituais, mas para fazê-lo só por
pessoas que dominam os seus segredos. A complexa operação de modificar Rituais é o delito
predileto de Profanos de Avental, um universo constituído de achólogos e palpiteiros.
Fato F – Acrescentemos neste panorama o hábito (ou, se quiserem, o vício) de promover
aumentos de salários sem o acompanhamento de proporcionais aumentos de percepção. Fatos
decididos na maioria das vezes por critérios burocráticos ou, meramente, administrativos. Somente
neste pequeno apanhado já teríamos mais do que o suficiente para avaliarmos onde estamos
REALMENTE atirando nossa Ordem: escolhendo mal os Candidatos, instruindo-os mal ou
insuficientemente, aumentando injustamente os salários e operando mal o remanejo dos Rituais
teremos uma carga mais do que letal para nos implodir.

N.R.: Extraído, na íntegra, de artigo publicado no livro “CADERNOS DE PESQUISAS Nº 20”, editado pela
“A TROLHA”, em 2003.

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JOSÉ MARIANO e a Tribuna da Liberdade


Irm. Antônio do Carmo Ferreira (*)

Por iniciativa do Vereador José Alves de Oliveira, tive a honra de receber o Título de Cidadão
do Recife, que me foi entregue em sessão especial do dia 20 de novembro(2003), realizada pela
Câmara Municipal da Capital do Estado, que tem José Mariano, como Patrono.
Em virtude do acontecimento e do nome que identifica o local em que este ocorreu, entendo que
passei a dever a publicação, sobretudo para conhecimento dos IIr.: maçons, de alguns dados que
venho pesquisando, a respeito do doutor José Mariano Carneiro da Cunha, ilustre pernambucano
que atuou de forma veemente e intimorata nos ciclos da abolição e da questão religiosa. Nilo Pereira,
diz: “José Mariano, embora não nascido em Recife, recifccizou-se a tal ponto que a cidade de sua adoção ficou
sendo o núcleo mariano das liberdades públicas”.
Como se percebe, José Mariano viveu num período de intensa agitação social, mas de
afirmação de caráter cívico, que foi a segunda metade do século XIX, não somente aqui em
Pernambuco, mas também em todo Brasil, ensejando movimentos que resultaram na queda do
Império e no advento da República. Dois deles, a Abolição da Escravatura e a Questão Religiosa, de

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cujo teatro Pernambuco participou, não apenas com o elenco principal, senão também porque os
movimentos se inseriram na sua vocação.
Foi em solo pernambucano, conforme registra Mário Melo, em que primeiro se ergueu, no
Brasil, inverno de 1796, um templo maçônico – o Aerópago de Itambé – em cujo seio se forma o
homem com destinação à prática da liberdade, igualdade e fraternidade. E estas, reparando bem, são
os ideais pelos quais os pernambucanos sempre lutaram e se sacrificaram, mas imprimindo sua marca
na formação política e social de nossa Pátria.
O papel de José Mariano naqueles ciclos deve ser valorizado com muita estima, porque ele
como Nabuco, a se ver do ponto de vista do berço em que vieram ao mundo, o destino deles ambos
ganharia outra direção, diferente do caminho que seguiram homens feitos.
José Mariano nasceu em 8 de agosto de 1850, na casa grande do engenho Caxangá, no distrito, hoje
cidade, de Ribeirão. Os pais – Cel. Mariano Xavier Carneiro da Cunha e dona Aurélia – eram senhores de
engenho e, como tal, utilizadores de mão-de-obra escrava. Portanto, combater o status quo significava
sacudir o patrimônio pela janela. Aqueles foram o cenário e os costumes de sua infância e adolescência.
Em 11 de agosto de 1870, com vinte anos de idade, José Mariano recebia o seu diploma de
Advogado, formando-se, na mesma turma de Nabuco, na Faculdade de Direito do Recife. E, a partir
daí, como escreve Nilo Pereira: “é o próprio Recife em suas ansiedades liberais e revolucionárias”.
No ano seguinte, era sancionada a Lei do Ventre Livre que fora projeto do Visconde do Rio
Branco, e isentava da escravidão quem de pais escravos nascesse dali em diante. A Maçonaria fez
uma grande festa, no Palácio do Lavradio, para comemorar o feito, considerando que o autor era o
seu Grão-Mestre, sendo orador do evento o Padre Almeida Martins, que, em face de seu
pronunciamento, foi punido pelo Bispo do Rio de Janeiro. Era apenas um arrepio.
Em 1872, o Bispo de Olinda/Recife, ao assumir o comando da Diocese, afasta dos cargos de
direção das instituições beneficentes vinculadas à Igreja os respectivos ocupantes. A medida não teve
eficácia, considerando que para isto era preciso o referendo do Império. Alertado para o fato, o Bispo
não revogou a sua decisão, instalando-se, em conseqüência, uma crise entre o altar e a Coroa, vencendo
esta, com a prisão do Bispo por quatro anos, e sua transferência para cumprir a pena no Rio de Janeiro,
onde permaneceu apenas por dois anos, graças a gestões desenvolvidas pelo maçom Duque de Caxias.
Naturalmente, que um acontecimento desse teor não poderia correr em brancas nuvens e sem
que toda a comunidade se envolvesse, sobretudo num tempo em que a religião oficial do Estado era
o catolicismo e quase totalidade da população se declarava praticante do mesmo. Acontece que
grande parte dos demitidos era de maçons, como maçons eram Padres, Militares, Ministros,
Magistrados, a elite gerencial do Império; o próprio Conselheiro João Alfredo, tio do Bispo, e seu
padrinho na indicação ao Imperador, para nomeação ao cargo, quando ainda tinha apenas 26 anos de
idade. A reação de alguns dos maçons à ação discriminatória do Bispo, colocou a Maçonaria numa
contenda que não era sua e sim do altar e da Coroa.
Doutor José Mariano que é um tribuno, põe esta sua qualidade, dádiva de Deus, a serviço da
liberdade, da igualdade e da fraternidade e conduz o povo. Tem carisma, e com sua palavra
eloqüente e convincente, conquista a multidão. Nilo Pereira ressalta esta condição em José Mariano,
ao registrar que “chegou mesmo a se colocar à frente de uma passeata de solidariedade ao Deão Faria, suspenso
de ordens, pelo fato de não ter abjurado a Maçonaria. Essa rebelião terminou por invadir a redação do jornal
católico “A União”... e o Colégio dos jesuítas, o famoso São Francisco Xavier,... com a multidão fanatizada pelo
prestígio e pela figura carismática de José Mariano”.
Queremos mostrar com esta passagem, não qualidades anti-clericais em José Mariano, pois
faleceu recebendo os últimos sacramentos das mãos do Padre Júlio Maria, mas para realçar o seu
envolvimento com os propósitos maçônicos de liberdade, igualdade e fraternidade, que predominam
exuberantemente na vocação do Recife e se revelaram antes nos sonhos de Frei Caneca, de Abeu de
Lima, o “Padre Roma”, do Vigário Tenório, de João Ribeiro, de Teotônio Jorge, de Domingos José
Martins e de tantos outros mártires e heróis.
Doutor José Mariano foi um dedicado obreiro da Arte Real. Um laborioso e atuante construtor
social. Participou da fundação do Grande Oriente do Norte do Brasil (independente), em 29 de
outubro de 1884, para o qual foi eleito Grão-Mestre. Esse Grande Oriente teve sua sede na rua do
Imperador, 14, Recife, sendo fundadoras as Lojas ALLIANÇA, CONCILIAÇÃO e SEGREDO E
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AMOR DA ORDEM, das quais eram Veneráveis, respectivamente, os IIr.: Modesto do Rego Batista,
Joaquim José Gonçalves Beltrão Jr. E Silvino Antônio Rodrigues.
A Loja Alliança resultou, em 23/10/1882, da composição de todos os IIr.: da Loja Philotimia e
de alguns IIr.: dissidentes da Loja Conciliação. A Loja Segredo e Amor da Ordem, que havia abatido
colunas em 1883, foi reerguida para integrar a nova Potência.
Registra Kurt Prober que “a ojeriza de todos esses fundadores ao GOB vinha desde o famoso Decreto nº
13, de 16/9/1882, baixado pelo Visconde do Rio Branco, então Grão-Mestre do GOB, declarando írrita e nula a
fusão do GOB-Lavradio com o corpo dissidente GRANDE ORIENTE BENEDITINOS, de Saldanha Marinho,
sentindo-se prejudicados principalmente os IIr.: portadores de altos Graus”.
A diretoria do Grande Oriente do Norte do Brasil ficou assim constituída: Grão-Mestre – José
Mariano Carneiro da Cunha; Grão-Mestre Adjunto – Joaquim José Gonçalves Beltrão Jr.; Grande
Orador – Antônio de Siqueira Carneiro da Cunha; Grande Secretário- Thomaz Garcez Paranhos
Montenegro; Grande Secretário Adjunto – José Monteiro Pessoa; Grande Tesoureiro – Manoel dos
Santos Vilhaça.
Esse Grande Oriente se extinguiu coincidentemente com o século XIX.
E a Abolição? Sim, a Abolição... Nabuco e José Mariano são os grandes recifenses da Abolição.
Foram abolicionistas desde os bancos da Faculdade de Direito até o momento em que entrou em
vigor a Lei Áurea – 13 de maio de 1888 – que punha termo ao cativeiro.
Nessa campanha abolicionista é preciso distinguir o fato muito importante, a que já me reportei
neste artigo, de que José Mariano era filho de senhor de engenho, portanto dependente da força
escrava para realizar o trabalho do canavial e da produção do açúcar. A extinção do cativeiro lhe
representava grave prejuízo material e patrimonial. Entretanto, José Mariano, ao colocar o respeito à
vida humana acima dos seus interesses pessoais, ficou com a Abolição.
Pertenceu a várias sociedades recifenses que se dedicavam à causa da emancipação dos cativos,
dentre elas o Clube do Cupim, abrigo em que ele e sua esposa, dona Olegarinha, fizeram esconderijo
de escravos, de onde os mesmos eram enviados ao Ceará e daí ganhavam a liberdade. Fuga de muitos
riscos e de grandes cuidados, sendo os escravos embarcados em canoa, altas horas da noite, envoltos
em folhas de bananeiras, para com isto despistar o vigilante serviço de fiscalização. A prática do amor
ao próximo compensava o esforço e superava o desafio.
Todavia a campanha abolicionista não se cingiu apenas a esses gestos práticos. Era necessário a
voz nas praças, nos teatros, nos palanques, no parlamento. E José Mariano era talhado para esses
misteres.
A esse respeito, declara Jordão Emerenciano em seu livro “José Mariano ou o Elogia da Tribuna”:
‘ele era o tribuno-político por excelência. Nos seus lábios a palavra tinha um poder, uma magia capaz de fascinar
um auditório, desarmar inimigos e adversários, arrastar toda uma massa. Na tribuna ele tomava o caráter de
poderoso senhor a cujo aceno se moviam corações, dedicações, entusiasmos e inteligências. Para ele a tribuna era
um altar cívico onde, através da sagrada liturgia da eloqüência, levantava os homens contra opressões, atirava
as massas contra as ditaduras e fazia combater, ardendo de cólera e de entusiasmo, a opinião pública pela
autonomia de sua província e do seu estado. Nos seus lábios, vibrantes de calor, sinceridade e eloqüência, a
palavra valia como uma voz de comando, um gesto de império. A sua palavra movia os homens como um bastão
de guerreiro, dominava-os como um cetro, abrasava-os como a sarça ardente’.
José Mariano fez por onde ser um político querido pelo povo e, certamente, como líder, em sua
trajetória política, deve ter tido momentos de glória e também de dificuldades. Foi o primeiro Prefeito
do Recife, conquistando o cargo pelo voto popular. Eleito e reeleito Deputado ao Parlamento
Nacional, chegou a ter o seu diploma depurado. Certa vez disputou o pleito, recolhido à prisão,
contudo, mesmo assim, se elegeu e foi solto por exigência do mandato. No entendimento do povo:
seria paradoxal manter na prisão um libertador.
O liberal republicano José Mariano veio a falecer aos 8 dias do mês de junho de 1912, em sua
casa do Cosme Velho, no Rio de Janeiro, em pleno exercício do mandato de Deputado. Hoje, seu
corpo repousa com os mortos no Cemitério de Santo Amaro, no Recife, enquanto o seu exemplo
convoca os vivos, no mundo inteiro, para as permanentes jornadas em prol da liberdade.

(*) Presidente da ABIM (Associação Bras. de Imprensa Maçônica)

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VOCÊ É MAÇOM OU DIZEM QUE VOCÊ É MAÇOM?

Ir.: Carlos Alves Rodrigues (*)

É comum ouvirmos na abertura dos nossos trabalhos, o 1º Vig.: dizer: “pelo sinal que fazem,
todos os IIr.: das colunas do sul e do norte são maçons, Venerável Mestre’. E este, complementando o
ritual, diz: “eu respondo pelos do Oriente”. É tudo muito significativo ritualisticamente. Mas será
espiritualmente significativo para cada Irmão presente, ou será apenas mais uma sessão da qual
participamos apenas materialmente ou obrigatoriamente, porque aceitamos pertencer à Sublime
Ordem? Este, meus IIr.:, é o âmago da questão em que estamos vivendo atualmente.
Temos muitos IIr.: com boa vontade, solidários, fraternos e tolerantes. Mas, dentre estes, que
deixaram a essência da Sublime Ordem guiar seus espíritos e demonstrar materialmente essa benesse,
que a Ordem sempre teve como base de sua existência, temos aqueles que se sentem desiludidos; por
acontecimentos que geram dúvidas em seu ser, como exemplo, cito; discussões frívolas, que não levam
a lugar nenhum; desentendimentos porque um Ir.: não soube observar com diplomacia um percalço
qualquer de outro Ir.:; vaidade por cargos em Loja; agir como homem comum e não como um
verdadeiro maçom, que deve ouvir atentamente o Ir.: e depois argumentar com ponderação para que
haja um entendimento sadio, e por conseqüência o reforço de uma amizade que a Maçonaria em si
sempre fez questão de que seja primordial entre IIr.: . Eu mesmo, que tive a ousadia de escrever estas
ponderações, já me vi muitas vezes intolerante e achando que o Ir.: não devia fazer isso ou aquilo, ao
invés de pensar um pouco mais, e analisar friamente os motivos que faz uma pessoa ser autoritária,
arrogante, impertinente e às vezes até agressiva, sem uma aparente motivação. Será que este Ir.: (ou
pessoa comum) não tem lá em sua vida particular seus motivos para irritação?
Será que você, que praticamente não tem dificuldades, não poderia tentar conversar mais com
este Ir.:., ou pessoa comum, e tentar entender porquê esse ser se irrita à-toa por qualquer motivo? Aqui
entre nós, eu sei que é muito difícil dialogar com pessoa em dificuldades, porque, quer queiram ou não,
todo mundo tem amor próprio e orgulho, até às vezes ferido pelas nuances da vida, tornando-o de
espírito fechado e não admitindo que ninguém, segundo seu modo de ver, dê palpites em sua vida,
mesmo que se tenha a melhor das intenções. Assim sendo, no meu modo de entender, nós, seres
humanos, não estamos nos relacionando como IIr.: , tanto aqui como lá, deixando que cada dia que
passa, cada um construa seu mundo particular, ao ponto de até nos distanciarmos da própria família,
porque não precisamos deles materialmente e o nosso espírito de amizade, que Deus nos deu de graça,
morreu dentro de nós, antes mesmo do inexorável chamado do Grande Arquiteto do Universo, para o
acerto de contas definitivo.
E, dentro destes parâmetros da atual conjuntura em que vivemos, notamos que praticamente
ninguém consegue se concentrar espiritualmente e se irmanar em um pensamento uníssono positivo,
para derrubarmos as barreiras da desconfiança, do mal entendido, do eu estou com pressa, tenho
compromisso e assim por diante. É, meus IIr.:, sei que estou provocando muitas perguntas fáceis de
responder, mas difíceis de se explicarem; no entanto, façamos como o Beija-Flor que sabia que só não
apagaria o incêndio da floresta, mas continuou a jogar pingos d’água nas labaredas que consumia o seu
habitat.

(*) Pertencente aos quadros da ARLS Noroeste do Brasil, Oriente de Avaí (SP)
(**) Estraído de artigo publicado na edição nº 151 da Revista “O PRUMO”

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OS SÍMBOLOS DO TRABALHO E DA PUREZA
Ir Oswaldo Barroso de Costa (*)

Ao pé do ara, fomos criados e constituídos Aprendiz Maçom e membro efetivo do Quadro da Loja
Nicola Aslan nº 61. Soara a hora de recebermos o nosso AVENTAL.
Ao cingir em nós o AVENTAL, o Ven. Mestre explicou: “Recebei este AVENTAL. É o distintivo Maçom,
É o símbolo do trabalho, que é fonte de todos os bens e o primeiro dever do homem. É a posse dele, que vos dá direito
de sentar-vos entre nós e sem ele não podeis permanecer em Loja. Deveis usá-lo e honrá-lo; ele nunca vos desonrará.
Ele é, na verdade, a verdadeira veste do Maçom. No Rito Escocês Retificado, a entrega é acompanhada do seguinte
comentário: Eu vos revisto com a insígnia distinta do Maçom. Ela é mais antiga que o Tosão de Ouro e a Águia
Romana, mais honrosa do que a Ordem da Jarreteira, ou qualquer outra Ordem do Mundo, porque é o símbolo da
inocência e representa o vínculo da amizade”.
Nosso AVENTAL deve ser de pele de carneiro, ou de seda animal, de cor branca e sem qualquer
ornamento.
Afirma-se que o AVENTAL de Aprendiz, com abeta levantada, é uma insígnia de cinco ângulos,
representando os cinco sentidos, por meio dos quais entramos em relação ao mundo material. E
acrescenta-se: que a abeta triangular, no alto, representa a alma, a qual está ligada com o corpo
quadrangular do AVENTAL, que representa o nosso corpo físico. Assim, a associação dos dois forma o
número sete (7), associação do material com o espírito, que é o número perfeito. A sua cor branca,
simbólica do Iniciado, visa lembrar-lhe constantemente a condição que deve gozar sua alma, se quiser
fazer progressos na Maçonaria, isto é, a pureza e a candura. Tem, portanto, caráter misterioso e sagrado e é
o seu emprego que permite aos membros de uma Loja a prática de um esforço comum, enquanto cada um
deles permanece fiel a si próprio, sem perturbar, nem ser perturbado pelas radiações dos demais membros
presentes.
Diante do exposto, pergunta-se: - pode um Maçom entrar em Loja sem o seu AVENTAL? Pode o
AVENTAL ser de uso coletivo? A resposta é um retundante NÃO!
Como misturar radiações diferentes, talvez antagônicas, podendo criar condições que uma Loja se
veja, subitamente, envolvida pela discórdia e mergulhada em desarmonia.
O seu papel protetor, nos antigos canteiros, durante o lavrar das pedras, os protegia de lascas e
estilhas da pedra que desbastavam. Nós não somos trabalhadores manuais, mas precisamos de proteção,
embora de maneira diferente. O AVENTAL do Aprendiz, com a abeta erguida, destina-se a proteger o
baixo-ventre e o epigastro, isto é, dois (2) chacras, de quem o usa. O chacra do sacro, do qual dependem os
desejos e as paixões; e o chacra umbilical, do qual dependem os sentimentos e as emoções.
Durante os trabalhos maçônicos, o AVENTAL carrega-se, pouco a pouco, naturalmente, por uma
espécie de osmose simpática, das radiações psíquico-físicas do seu usuário, daí a necessidade de ser de uso
pessoal, a fim de que não se torne carregado de forças diversas, que se acumulem, ou pior, entre em
conflito entre si. Não devemos entrar em Loja sem AVENTAL, porque ele é uma dupla proteção: protege a
nós de radiações dos outros e protege aos outros das nossas radiações, livrando-nos de vibrações psíquico-
físicas que vêm dos outros assistentes.
O AVENTAL é a verdadeira veste do maçom. É o símbolo do trabalho e amizade fraternal e também
uma das ferramentas do maçom.
Funciona, ao mesmo tempo, como isolador e condensador.
Além disso, o AVENTAL nos recorda a nossa materialidade terrestre. Quando nos cobre, separa e
protege das influências nocivas e impede que possamos influir negativamente nos outros, pois protegidos
pelo AVENTAL, só a parte superior do nosso corpo, sede de nossas faculdades racionais e espirituais,
participa do trabalho maçônico de aperfeiçoamento recíproco.
EM MAÇONARIA NADA EXISTE QUE NÃO TENHA RAZÃO DE SER.
O AVENTAL deve ser usado bem a mostra, para não ter o seu papel protetor prejudicado.
Como fica evidente, o AVENTAL é a verdadeira e única veste do maçom. Ele assegura que só o
espírito, no qual reside a vontade de agir, participe do trabalho maçônico.
O AVENTAL do Aprendiz é branco, exclusivamente branco, porque o branco é a soma de todas as
cores do espectro solar e, portanto, simboliza a soma de todas as virtudes. É o branco a cor dos Iniciados,
porque simboliza a pureza. Papel semelhante exercem as luvas brancas, por isso devem, também, ser de
pele ou de linho. Como símbolo, lembra-nos, constantemente, que não devemos manchar nossas mãos no
lodo do Vício e fazem papel de ferramentas, evitando que nossas mãos espalhem seu fluído magnético,
14
perturbando a harmonia dos trabalhos e dirigem seu magnetismo para a extremidade dos dedos, de onde
ele flui de modo benéfico para todos.
CONCLUSÕES:
O AVENTAL e as luvas são dois símbolos importantes, mas ao mesmo tempo, são duas (2)
ferramentas indispensáveis no trabalho do maçom. Ambos concorrem para a harmonia dos trabalhos e
para a proteção dos Obreiros. Ambos ficam carregados de radiações dos usuários e, portanto, devem ser
de uso individual, pois as radiações dos OOb. Podem ser conflitantes. Muitas Lojas têm abatido colunas
por não observar estas regras de conduta.
PARA REFLEXÃO:
Meus IIr.:: ao entrar para a Maçonaria, fomos admitidos numa Loja Regular, Justa e Perfeita.
Passamos pelo psíquico drama iniciátio; fomos declarados Neófitos, isto é, “recém-nascidos”, porque,
depois de simbolicamente purificado pelo fogo sagrado, nada mais deve restar do homem Profano. Pela
cerimônia de Iniciação, morremos para renascermos para uma vida melhor. Revistamo-nos, portanto, da
simplicidade de uma criança, a fim de que a vivência maçônica possa, então, elaborar em nós a obra
espiritual, que temos direito de exigir dela.
Meus IIr.: a vida é um tecido de pensamentos e de ações, de alegrias e lutas dolorosas, que se
processam dentro das limitações de cada um de nós. Precisamos de uma fé e de um ideal. A fé é o tônico
que sustenta e conduz nossa ação. O ideal de nossa Ordem é o combate ao Vício, à Perfídia e ao Erro. É o
autodomínio de nossas paixões, pela submissão de nossa vontade, para que nossa ação na vida seja guiada
por pensamentos puros, palavras sensatas, comportamento reto.
É isto que é chamado de “cavar masmorras ao Vício e edificar Templos às Virtudes”. É isto que
denomina-se “lavrar a pedra áspera, que somos, para transformar-nos na pedra esquartejada e polida, que
desejamos ser”.
A nossa Ordem exige de cada um de nós, energia, dedicação e desassombro. Só cabe bem o alimento
material que conquistamos com o nosso suor; só é saudável o alimento espiritual que advém de nosso
amor pela Virtude.
O homem é uma tríplice unidade, composto de corpo, alma e espírito. Para realização de nossa
personalidade, havemos de gozar da saúde do corpo, da pureza do espírito, da liberdade da alma.
Bendita seja a misteriosa, inefável e inesgotável fonte da VIDA, que anima e regenera, todas cousas,
a que nós maçons chamamos “o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO”.
Encerrando este trabalho, lembro que uma das palavras mais usadas pelo maçom, principalmente
nos Rituais é IRMÃO. Ela não pode ser vulgarizada e nem deve ser empregada indistintamente.
Aproveitando a oportunidade, ouso incluir a SIGNIFICAÇÃO DA PALAVRA IRMÃO:
Não basta dizer Irmão; esta palavra tem sentido iniciático e assim o maçom deve usá-la.
Marco Aurélio, Imperador dos romanos, praticante da filosofia estóica, assim precisou o sentido
iniciático da palavra IRMÃO:

“Todas as manhãs fazei a interrogação e a ti mesmo respondeis: Hoje como todos os dias, sei que vou encontrar
indiscretos, velhacos, ingratos e insolentes. Estes infelizes têm todos os defeitos porque ignoram o que é o bem, mas eu
que aprendi que o bem consiste no que é honesto, sei que ele é meu Irmão, não pela carne, nem pelo sangue, mas por
nossa comum participação no espírito emanado de Deus.
Portanto, o seu procedimento não pode me ofender.
Com efeito, é impossível que possa zangar-me com um Irmão e que o odeie, porque nós dois fomos criados para
agir de conformidade um com o outro, do mesmo modo que acontece com nossos dois pés, as nossas duas mãos, as
nossas duas pálpebras e as nossas duas fileiras de dentes, que, por isso, uma é superior e a outra inferior, contudo, não
podem funcionar isoladamente.
Assim, a imperfeição do meu Irmão é tão perdoável quanto a invalidez de um cego, que não pode distinguir o
branco do preto”.

Portanto, não basta dizer Irmão. Temos de dar à palavra o alto significado que implica, no plano
físico e no plano sentimental: UM GENEROSO E DEVOTADO AMOR FRATERNAL.
Você entrou para a Maçonaria, agora deixe que a Maçonaria entre em você.

(*) Pertencente ao quadro de obreiros da Loja Nicola Aslan nº 61.

(N. R.: Trabalho de pesquisas apresentado quando, o hoje Mestre, era Aprendiz)
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RITOS MAÇÔNICOS EM PORTUGAL

Simultaneamente à introdução inglesa da Maçonaria em Portugal, na primeira metade do


século XVIII, o ritual em funcionamento efetivo no seio das Lojas Simbólicas, começou a apresentar
determinadas características de especificidade litúrgica, face a outras intervenções não britânicas,
ocorridas posteriormente.
É assim que os três Graus Simbólicos universais de Aprendiz, Companheiro e Mestre
(complementados pelo do Real Arco), foram seguidamente adicionados de outros (no futuro, geridos
por organismos soberanos, independentes das Lojas), constituindo ritos ou sistemas litúrgicos
distintos, veiculando tradições iniciáticas de origens diferentes, quer relacionadas com a História e
Mitologia das Origens medievais de cavalaria, quer com as antigas corporações de artífices, quer
ainda com as outras confrarias herméticas ocidentais ou orientais, como a Ordem Rosa + Cruz.
Desta forma, a Maçonaria inglesa introduz em Portugal o seu Rito de York (surgido nas Ilhas
Britânicas, na primeira metade do século XVIII e aludindo especificamente à mitologia arquitetônica
da gênese e funcionamento litúrgicos do Templo de Salomão) e, no final do século, surge o Rito de
Adoção, para funcionamento nas Lojas maçônicas femininas portuguesas (também de origem
francesa setecentista e vigente até à primeira metade do século XX).
Com a aproximação civilizacional face à Franca e o conseqüente afastamento progressivo do
colonianismo britânico, no início do século XIX, a Maçonaria portuguesa introduz o Rito
Adhoniramita (criado no fim do século XVIII na França, pelo Barão de Tschoudy e baseando-se na
mitologia construtiva do Templo de Salomão), que, quando da gênese do Grande Oriente Lusitano,
em 1802, é substituído pela adoção oficial do Rito Francês (ou Moderno),- igualmente surgido na
mesma época, sob o patrocínio oficial do Grande Oriente de França. Nas décadas de 1830 e 1840,
introduz-se em Portugal o Rito Escocês Antigo e Aceito (fundado nos E.U.A., em 1801, com base na
pretensa organização do rei Frederico II – o Grande – da Prússia, de síntese litúrgica da diversidade
de altos graus arquitetônicos e cavalheirescos existentes no Ocidente no fim do século XVII, que
adquire uma clara predominância hegemônica sobre os outros, desde meados do século XIX –
radicando, de certa forma, no funcionamento em Lisboa de um antecessor direto, o Rito de Heredom
e Kilwinning (originado em França na mesma época), de 25 graus, apenas durante alguns anos ainda
antes da fundação do Grande Oriente Lusitano.
Na segunda metade do século, surge o Rito Eclético Lusitano (criado com elementos comuns
sintetizados do Rito Francês ou Moderno e do REAA, baseados nos valores simbólicos do
Cristianismo hermético e no liberalismo social – representado na cruel execução do General Gomes
Freire de Andrade, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, em 1817), em 7 graus e com total
independência institucional nacional.
Atualmente, com a criação de outras Obediências maçônicas em Portugal nas décadas de 1980 e
1990, cumpre destacar essencialmente a re-introdução do Rito de York e a implantação do Rito
Escocês Retificado (surgido na França e na Alemanha no fim do século XVIII, por transmissão de
linhagens iniciáticas maçônico-templárias alusivas à mitologia cavalheiresca).

(*)Trabalho de pesquisas na Internet, feita pelo


Ir.: Carlos Alberto dos Santos /M.: M.:

16
QUEM SOU EU?

Colaboração do Ir.: ANTHERO BARRADAS (*)

Vou me apresentar: Nasci não sei quando; em meu nome ergueram templos de pedra e os
encheram com os que não me compreendiam. Em meu nome, se fantasiaram e se engalanaram;
fizeram-se falsos homens de bem; buscaram o poder pelo poder; delegaram-se sapientes e iniciados;
fizeram-se donos da verdade; perseguiram mais do que ajudaram; ludibriaram e enganaram. Em meu
nome, me dividiram como se eu não fosse uma só; retiraram dos meus rituais a essência dos
ensinamentos do meu criador; criaram graus e degraus, como forma de serem importantes por estas
conquistas e não pelo trabalho interior e exterior de cada um. Em meu nome, criaram e criam vários
ritos, tudo no grito; fazem leis e normas para os favorecer, ou para tentar calar o meu grito através
dos que tentam me defender; ganham a vida criando estórias e arregimentando seguidores para estas,
para mais tarde se desmentirem. Em meu nome, usam a ORDEM para proveito próprio e de seus
apadrinhados ou cúmplices; criam até rituais onde o iniciado não necessita crer em Deus, coitados;
não sabem nem ao menos o que é uma iniciação. Em meu nome, iniciam sem jamais iniciar; colocam-
se como maçons, sem jamais se preocuparem em um deles verdadeiramente um dia se tornarem;
relegam a um segundo plano o verdadeiro sentido da iniciação; fazem sessões rápidas,
maquinalmente, sem propósito algum, para sobrar mais tempo para a sessão gastronômica. Em meu
nome, sim, em meu nome, fazem tantas coisas erradas, que até fico constrangida em aqui me
apresentar. Eu sou justa, sou perfeita, nasci para ajudar o homem a se aproximar do nosso Criador,
que é Deus. Eu sou justa, sou perfeita, dei os símbolos como meio didático para o homem melhor me
compreender e praticar; criei o ritual para poderem melhor aos símbolos compreenderem; pensei que
o homem poderia, através dos símbolos e dos rituais, interagir melhor com as forças energéticas
positivas do universo. Eu sou justa, sou perfeita, chamei o homem de pedra bruta para que ele
sentisse e compreendesse a necessidade de se lapidar; mostrei ao homem que o templo físico deveria
ser uma representação do universo, só que alguns não entenderam que tudo ali é sagrado, é uma das
moradas do meu Pai; ali não há lugar para a inveja, o ciúme, a disputa, a vaidade, a intemperança, a
raiva, a injúria e o juízo de valor. Eu sou justa, sou perfeita, até deixo o homem dizer que eu tenho
segredos, estes, se existem, são administrativos, como qualquer sociedade que um dia foi ou é
perseguida, tem como forma de proteger os seus membros. Eu sou justa, sou perfeita, nasci para
ajudar todos, independentemente de sexo, raça, cor, religião ou posição social, a se transformar em
iniciado, ou seja, num homem e, consequentemente, num espírito de LUZ, que será onde toda
humanidade terá, forçosamente, que chegar.
Assim está escrito e assim se cumprirá. Eu sou justa, sou perfeita, a todos e a tudo levo meu
perdão, mas, por favor, não me maltratem e me socorram.
O meu nome, sim, o meu nome é MAÇONARIA.

(*)N.R.: Artigo extraído da Revista “ A VERDADE”, nº 422 – jan/fev./ 2001

17
HISTÓRIA PURA
ORDEM DOS MOPSES –
Uma Dissidência da Maçonaria

Em 28 de abril de 1738, o papa Clemente XII, condenou a Maçonaria com a bula Eminente
Apostolatus Specula.
Alguns maçons, destituídos de convicção maçônica, acovardados ou por obediência passiva
religiosa, resolveram afastar-se da Maçonaria.
Dentro em pouco, sentiram falta das festividades maçônicas e constituíram uma sociedade
separada, a que deram a denominação de Ordem dos Mopses.
Tomaram esta denominação porque adotaram como emblema o cão, que é o símbolo de
fidelidade e a palavra mopse, alemã, significa cãozinho.
A Ordem dos Mopses era andrógina, isto é, aceitava homens e mulheres nos seus quadros.
Instituíram uma série de cerimônias ridículas, com um ritual que não podia ser, de boa fé,
levado à sério. Apesar de tudo, faziam revestir as suas reuniões de um caráter secreto; como se
fossem sessões maçônicas.
O clero considerou a Ordem dos Mopses inofensiva e não tomou em consideração a sua
existência, além do mais, todos os componentes dela deviam ser católicos romanos.
Na Ordem dos Mopses, não havia iniciação. O neófito fazia um juramento de fidelidade sob
palavra de honra e era o bastante. Depois da sessão, realizava-se uma festa de confraternização.
Na Ordem dos Mopses, havia um só grau. Os cargos eram preenchidos por meio de eleição e
qualquer um era elegível.
Não se sabe ao certo se foi fundada em Colônia, na Alemanha, ou em Viena, na Áustria.
O objetivo principal da Ordem dos Mopse era a beneficência. Como era constituída de elementos
de amplos recursos, a Ordem pôde prestar grandes benefícios.
Para maior prestígio, a Ordem dos Mopses colocou-se sob a proteção de um dos homens mais
poderosos da época, o eleitor eclesiástico Clemente Augusto, duque da Baviera.
Clemente Augusto era um admirador apaixonado do belo sexo, de sorte que, com prazer
concedeu o seu patrocínio, pois bem sabia que iria participar de um novo gênero de festas com o
comparecimento de damas e senhoritas.
Rapidamente a Ordem dos Mopses desenvolveu-se, através da Áustria, da Alemanha, das
Províncias Unidas e da França.
Transformou-se, porém, em clube social, perdendo o seu característico de sociedade secreta. Em
seu lugar, surgiram as Lojas de Adoção, que até hoje existem.

(*) Fonte: O livro “SOCIEDADES SECRETAS” (A. Tenório de Albuquerque) – Editora Aurora.

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18
Viagem ao nosso interior
NÃO SAIBA A MÃO ESQUERDA
D. Vilela

O ensino de Jesus acerca do bem é completo, pois, além de recomendar a sua prática, contém
indicações e, sobretudo, exemplos sobre como fazê-lo corretamente.
Sabia o Mestre que as imperfeições ainda tão presentes em nosso comportamento iriam dificultar
ou desfigurar possíveis gestos de solidariedade de nossa parte, diminuindo-lhes ou mesmo anulando-
lhes o valor.
A doação ou a providência fraterna, efetivadas de conformidade com a Boa Nova, procuram
sempre preservar a suscetibilidade de quem é auxiliado evitando qualquer exposição de suas
dificuldades, pois isso, certamente, aumentaria seu sofrimento. O orgulho, pelo contrário, não tem
essa preocupação, enquanto a agressividade fere e desencoraja aqueles a quem ajuda.
Devemos ser fraternos sem pieguismo, usando energia e franqueza quando necessário, sem
excessos e sem sermos rudes.
Precisamos igualmente de cuidado para não ajudar apenas os amigos ou aqueles que adotam a
mesma orientação política ou religiosa que nós, pois a beneficência exclusiva se ressente do espírito
de seita que tantos prejuízos nos tem causado.
Sempre que possível, nosso auxílio não deve se restringir ao campo material, estendendo-se
também ao campo espiritual, evitando-se, ainda, a criação de hábitos de dependência nas pessoas
ajudadas que devem ser incentivadas à iniciativa pessoal e à autonomia.
A recomendação evangélica “mas quando derdes esmola, que a vossa mão esquerda não saiba o
que faz a vossa mão direita, a fim de que a esmola fique em segredo...” (Mateus, 6:3 e 4), refere-se,
sobretudo, à nossa vaidade. Realmente, não é errado sentirmo-nos bem, experimentarmos alegria,
porque compreendemos, ajudamos ou servimos desinteressadamente. Pelo contrário, trata-se da
conseqüência natural de estarmos agindo segundo as Leis Divinas que estabelecem o amor como
norma para o nosso relacionamento. A vaidade, contudo, associa-se àquelas atitudes, que, na
verdade, constituem simples obrigações – o egoísmo é que é doentio e transitório – falsas suposições
de superioridade nossa em relação aos demais, comprometendo, então, aqueles gestos.
Jesus e legiões de cooperadores seus têm ajudado, anonimamente, há incontáveis milênios, sem
cansaço ou impaciência, aguardando, otimistas, que as sementes do bem finalmente germinem em nossos
corações.
Os espíritos amadurecidos, despreocupam-se de quaisquer considerações ou aplausos humanos,
interessados exclusivamente na aprovação da própria consciência, jubilosos por se sentirem na
condição de Irmãos do próximo e agentes promotores da sua felicidade, na vivência, plenificadora,
das Leis de Deus.
Publicado no boletim semanal “SEI”, nº 1864 (20/12/2003)

Laboratório Indústria e Comércio Ltda.

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BIOGRAFIA DO MÊS
HERMES DA FONSECA (Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca)

Nascido em São Gabriel, na Província do Rio Grande do Sul, em 12/05/1855, sendo filho do
Marechal Hermes Ernesto da Fonseca e de D. Rita Rodrigues da Fonseca, e sobrinho do Marechal
Deodoro da Fonseca.
Fez seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios e no Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, formou-se
Bacharel em Letras.
Em setembro de 1871, Hermes da Fonseca matricula-se na Escola Militar, de onde sai com o
Curso de Armas.
Foi promovida a Segundo Tenente, em 13/06/1876; a Primeiro Tenente, em 18/01/19]878; e a
Capitão, em 30/07/1881.
Hermes da Fonseca é iniciado, provavelmente na Loja Rocha Negra, de São Gabriel, na qual
também fora iniciado o seu tio Deodoro da Fonseca, em 06/10/1886.
De tendência republicana, Hermes da Fonseca faz parte do Estado Maior do General Deodoro,
no Campo de Santana, em 15/11/1889; Em seguida (07/01/1890) foi promovido a Major, por serviços
relevantes prestados à República, continuando como ajudante de Deodoro, Chefe do Governo
Provisório.
Em 08/10/1890, foi promovido a Tenente-Coronel e nomeado para o 2º Regimento de
Artilharia de Campanha, vindo, em seguida, a exercer o cargo de Diretor do Arsenal de Guerra do
Estado da Bahia.
Em 03/09/1894, promovido a Coronel, por merecimento, Hermes da Fonseca continua, por
algum tempo, no comando do 2º Regimento de Artilharia da Campanha, quando de sua volta para o
Rio de Janeiro.
Em 13/07/1900, foi promovido a General de Brigada.
Foi, quatro anos após(1904), promovido a General de Divisão, passando a comandar o 4º
Distrito Militar, com sede na Capital da República, que compreendia, ainda, os Estados do Rio de
Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
Em 06/11/1906, foi elevado ao posto de Marechal do Exército Brasileiro.
Em 27/05/1909, foi indicado à Presidência da República, deixando o Ministério da Guerra, que
chefiava nesta época. Apoiada pelo Exército e pelo próprio Governo, a candidatura de Hermes da
Fonseca provocou violenta oposição. A campanha foi das mais árduas, enfrentando-se, de um lado,
Rui Barbosa, apoiado pela Bahia e por São Paulo, e do outro Hermes. Eram os ruistas contra os
hermistas, o civilismo contra o militarismo. Dessa violenta campanha eleitoral, saiu vencedor o
Marechal Hermes.
Nota: Após a campanha presidencial de 1909, na qual Rui Barbosa foi derrotado, Rui
escreveu aos Senadores Francisco Glicério a Antônio Azeredo estas palavras que ilustram as
qualidades do sobrinho e Ajudante de Ordens do Presidente Deodoro:Naquela época,
naturalmente assinalada pelo desequilíbrio e pelas ambições, vi sempre destacar-se, entre os
parentes e amigos de Deodoro, um tipo, que me chamava a atenção, me cativava a simpatia pela sua
discrição, pela sua modéstia, pelo seu desinteresse, pela sua severidade precoce, pela correção de sua
atitude civil e do seu porte militar. Era o jovem oficial, em quem não conheci nunca uma pretensão,
nem soube jamais envolvido numa intriga. Dir-se-ia que da sua consagüinidade próxima com o Chefe
do Estado não se lembrava ele, senão para ser o tipo de virtude não comuns.
Elas atraíram e ficaram até hoje na minha estima, que as suas manifestações de apoio, em
momentos de grave perigo meu durante os períodos tumultuosos do regime, elevaram ao de amizade
verdadeira e reconhecida. Muito me prezava e prezo de a cultivar”.
A Loja Capitular Amor ao Trabalho, do Rio de Janeiro, à qual estava filiado o Marechal Hermes
da Fonseca, realiza no Salão Nobre do Grande Oriente do Brasil uma sessão solene em sua

20
homenagem. Durante a sessão, presidida pelo Grão-Mestre Dr. Lauro Sodré, Hermes da Fonseca
recebeu os títulos de Filiando Livre e de Benemérito daquela Loja.
Em 15/11/1910, o Marechal Hermes da Fonseca toma posse do cargo de Presidente da
República, tendo como Vice-Presidente o Irmão Venceslau Brás Pereira Gomes.
Logo no início do seu governo, Hermes da Fonseca teve de enfrentar a revolta dos marinheiros,
chefiada por João Cândido, a 24 de maio de 1910. Em seguida, a rebelião do Batalhão Naval e várias
agitações políticas no norte do Brasil. Obrigado pelas circunstâncias, depôs os presidentes dos
Estados de Pernambuco, Alagoas e Bahia, embora contrariando dispositivos constitucionais.
Em “Formação Histórica do Brasil”, Pandiá Calógeras escreve a seu respeito:
“Desde o seu início, foi uma decepção a presidência do Marechal Hermes. Coisa curiosa, o
malogro decorreu das qualidades do digno militar, muito mais adaptadas a uma existência de caráter
privado, do que à vida pública.
Um dos aspectos característicos era o desejo intenso de agradar e servir a todos, combinando à
sua incapacidade de recusar a quem quer que fosse ou de resistir a solicitações, principalmente
acompanhadas de lágrimas ou de cenas emocionantes. Os amigos, ou os que se pretendiam tais,
sabiam dessa fraqueza e abusavam dela...
Um elemento novo, entretanto, havia surgido: ambições obscuras e apetites injustificados por
parte de quantos tinham tomado parte na campanha, e, pelo lado dos oficiais, desconfiança e
malquerença para tudo quanto era paisano e político...”
Concorreram para a situação precária do seu governo, suas próprias deficiências de preparo
político e seus auxiliares de administração.
Em 15/11/1914, após um governo agitado, durante o qual foi dado início às obras de
saneamento da baixada fluminense, foi duplicada a linha da Estrada de Ferro Central do Brasil e
decretada a lei orgânica do Ensino Fundamental e Superior, o Marechal Hermes da Fonseca entrega a
presidência ao Dr. Venceslau Brás.
O Marechal Hermes da Fonseca faleceu no Rio de Janeiro em 1923.

Fonte: “Biografia de Grandes Maçons Brasileiros”, de NICOLA ASLAN

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21
O Nosso Planeta

Por: Talita Pires

Em novembro de 1999, o governo boliviano decidiu que precisava fazer algo em relação aos
40% da população de Cochabamba, terceira maior cidade do país, desprovida de abastecimento
adequado de água. Os tempos já não eram muito criativos e a solução, comum entre países latino-
americanos, foi a privatização. A Águas Del Tunari, subsidiária da norte-americana Bechtel Corp –
grupo de empresas de água, geração de energia elétrica, telecomunicações e outros setores –
negociava o pagamento de 320 milhões de dólares por concessão de 40 anos, enquanto os pequenos
sistemas tradicionais tinham, até então, direito a apenas 5 anos de exploração e abastecimento. O
valor final fechado foi 20 milhões de dólares, dezesseis vezes menos que a pedida inicial.
O “bom negócio” prometia melhorar. Para a empresa, é claro. Em menos de seis meses, as
contas de água sofreram aumentos de até 250%, comprometendo em até 60% a renda das classes mais
pobres. A população foi às ruas protestar. Numa semana do mês de fevereiro de 2000, milhares de
manifestantes foram recebidos nas ruas com gás lacrimogênio e muita repressão policial. No episódio,
que ficou conhecido como Guerra da Água, o governo decretou estado de sítio, mas, diante da
pressão popular, revogou a concessão da multinacional em abril. Ainda assim, a empresa recorreu a
um órgão de negociações do Banco Mundial e foi indenizada em 25 milhões de dólares pelo Estado
boliviano.
Esse é um dos exemplos da mercantilização de um bem público que deveria ser de acesso
universal. Segundo dados do Banco Mundial, aproximadamente 1 bilhão de pessoas (um sexto da
população mundial) não tem acesso à água potável e 2 bilhões não contam com saneamento básico.
Para o problema, a solução proposta pelo organismo internacional é simples, privatizar. A magnitude
do mercado de água justifica a avidez que algumas grandes corporações têm apresentado em relação
ao precioso líquido: estima-se que a água movimenta 400 bilhões de dólares anuais em todo planeta, e
a maioria das previsões de expansão está concentrada nos países em desenvolvimento. “A água é
listada como um bem na Organização Mundial do Comércio e no Acordo de Livre Comércio da
América do Norte (Nafta). Foi também incluída como serviço em negociações da própria OMC e a
Área de Livre Comércio das Américas (Alca)”, explica Maude Barlow, diretora do Fórum
Internacional sobre Globalização.
22
A indústria do setor é dominada por grupo reduzido de empresas transnacionais, sendo que
duas francesas, Vivendi e Suez, controlam 70% do mercado privado. A privatização dos serviços
relacionados à água é problemática por variados motivos. As empresas agem como se fossem donas
do recurso, o que faz com que o consumo por parte da população mais pobre não seja assegurado.
Quem não tem dinheiro não pode comprar o serviço e fica com as torneiras secas. Além disso, não há
garantia de qualidade no serviço prestado, o meio ambiente nem sempre é devidamente protegido e
não há compromisso nos contratos de concessão com a manutenção das reservas de água, que podem
ser exploradas até o esgotamento.
Ainda que normas para esses aspectos sejam estabelecidas, há pouca fiscalização e muitas
brechas para práticas abusivas. Bom exemplo ocorreu na África do Sul em 2001. A falta de grandes
rios e lagos e a alta desertificação do país tornam a água especialmente mais cara. Os subsídios pagos
pelo governo às empresas Ondeo (subsidiária da francesa Suez) e Biwater foram reduzidos. Como era
de se esperar, a diferença foi transferida para as contas residenciais. Sem poder pagar, 10 milhões de
sulafricanos tiveram o abastecimento cortado, de acordo com o grupo de pesquisas Municipal Services
Project. Sem receber água em casa, a população pobre se viu obrigada a recorrer aos rios e lagos
poluídos. O resultado foi uma forte epidemia de cólera, que atingiu 100 mil pessoas.
E o Brasil ?
A privatização no setor por aqui ainda não é regra, mas as gigantes do mercado já olham o
Brasil com olhos de cobiça. Em 2000, a Ondeo arrematou em leilão a Manaus Saneamento, subsidiária
integral da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), que passou a se chamar Águas do
Amazonas S.A.. Foi a primeira privatização do setor de saneamento em uma capital brasileira. O
contrato de concessão é de trinta anos pelos serviços de água e esgoto (N.R.: nos dois últimos anos,
várias outras empresas foram privatizadas, notadamente em cidades do Estado do Rio de Janeiro,
que não a capital). Assim como o Banco Mundial apóia e financia projetos de multinacionais do setor,
no início de 2003 o BNDES resolveu dar uma mão à companhia e liberou empréstimo de 65,7 milhões
de reais para que possa recuperar e expandir a rede de distribuição de água e coleta de esgotos da
cidade de Manaus.
Mas essa presença das multinacionais já preocupa parte da sociedade. “Aqui colocaram cercas
nas terras e falaram que eram donos. Não pode acontecer o mesmo com a água, ela não pode deixar
de ser um bem de acesso público”, alerta Odair Cunha, deputado federal (PT/MG). Para alguns
ambientalistas, a legislação também seria outro obstáculo para a preservação dos recursos hídricos.
“No nosso país, o problema é que a responsabilidade está muito dividida nas três esferas do poder,
assim torna-se muito mais fácil driblar a fiscalização”, garante Leonardo Morelli, coordenador da
rede de ONG’s Grito das Águas. No Brasil, os municípios são responsáveis pelo tratamento e
abastecimento de água, enquanto Estados e União dividem responsabilidades como concessão de
licença para exploração e captação de água sobre rios e bacias hidrográficas. No entanto, João Bosco
Serra, Secr. Nac. de Recursos Hídricos, esclarece que essa divisão é necessária. “É possível que haja
conflitos, mas existem instâncias para julgá-los. As decisões sobre a água devem acontecer nas três
esferas para que se respeitem as especificidades de cada lugar”.
“A legislação precisa ser adaptada a seu tempo. A questão das águas subterrâneas e das águas
minerais pode ser mais bem tratada”, assegura Cunha.
E, quando se fala em adequação, existe outro aspecto, que é a questão dos aqüíferos
subterrâneos, ou lençóis freáticos, reservas passíveis de exploração para consumo humano. O
aqüífero Guarani, por exemplo, que fica sob o território do Paraguai, Uruguai, Brasil e Argentina, é o
maior do mundo. Estima-se que contenha 40 mil quilômetros cúbicos de água, mais que a contida em
todos os rios e lagos do planeta. Apesar disso, não existe regulamentação sobre o seu uso (N.R.: já
está em fase de regulamentação, desde o 2º semestre de 2003). Leonardo Morelli acredita que em
breve a água extraída dos aqüíferos será explorada e vendida por empresas privadas. “Pode ser que a
água siga o exemplo do setor energético. Há grandes produtoras e as distribuidoras”, diz. “Isso
encareceria ainda mais o acesso por parte da população”, completa.

Fonte: Revista FÓRUM, nº 15

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DEPOIMENTO
MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA
(Socióloga, escritora e professora universitária.) mlucia@sercomtel.com.br

MATRIX 2003
A propaganda gerada pelo governo foi de tal modo intensa, que não posso deixar de recordar
Matrix, pois a ficção política em que se vive parece a alienação mantida pela “pílula azul”.

Matrix foi uma das melhores obras cinematográficas a que assisti em toda minha vida. Para a maioria
dos que viram os efeitos especiais e as seqüências rápidas das cenas de luta, pode ter restado apenas a
perplexidade e a sensação de muita violência, Entretanto, o filme é riquíssimo em significados, nele não
faltando temas, por certo antigos, mas que relembram velhas dúvidas do ser humano: somos regidos pelo
destino ou possuímos livre arbítrio? É este mundo pleno de ilusões criadas para que possamos suportar a
realidade? Essas e muitas outras considerações filosóficas, místicas e políticas permeiam toda a trama da
fantástica estória onde não falta a luta do bem contra o mal, a figura do redentor, a temática da liberdade
ou da submissão a um poder mais alto.
Neste ano de 2003, a propaganda gerada pelo governo foi de tal modo intensa, que não posso deixar de
recordar Matrix, pois a ficção política em que se vive parece a alienação mantida pela “pílula azul”. Nem o
desemprego recorde, nem o crescimento da violência nos meios rural e urbano, nem a queda da renda, nem o
sucateamento da ciência e da tecnologia, nem a deterioração da Saúde e da Educação, nem os desacertos
sempre presentes nos ministérios, nem o loteamento de cargos entre os que “tem lado”, nem as “maldades”
cometidas contra os mais velhos, nem as várias greves havidas, nem a insatisfação latente e crescente de muitos
e importantes grupos de interesse, nem a “compra” desvairada de votos no Congresso por parte do governo,
nem a inoperância havida nos programas sociais, nem o crescimento quase zero do PIB, foram assimilados
como fatos negativos pelo grosso da população.
No dia de Natal, como presente régio aos brasileiros, apareceu na tela encantada da Internet o balanço
do Palácio do Planalto. Em 138 páginas foram contadas as glórias e as vitórias de um governo onde só existem
acertos. Quem leu tal relatório deve ter terminado com a impressão de que nossa história é dividida em duas
partes: a.L (antes de Lula) e d.L (depois de Lula). Antes, o caos, depois, a plenitude paradisíaca. Em nosso reino
de maravilhas não há mais fome, miséria, corrupção, injustiça. Os “gols contra” não passaram de episódios
engraçados, que devem ser debitados à inexperiência dos que agora dirigem os destinos da Nação do alto do
Poder Executivo. As práticas antes criticadas com rigor passaram a ser aceitas como naturais. Tudo é
justificado. Tudo é perdoado. Tudo é perfeito e o Brasil, através de um salvador, se impõe ao mundo que
prazeroso se curva diante do colosso da América do Sul.
No Brasil-Matrix todos são felizes, assimilando a felicidade que se irradia do líder máximo que,
exuberante de poder, contente da vida, realizado no luxo da corte, a todos energiza com sua alegria,
independentemente do aumento de taxas e impostos, da queda do poder aquisitivo, do tormento do
desemprego.
“O tempo da incerteza passou”, disse o presidente da República, para afirmar logo depois: “2004 não
será o ano de meus sonhos”. Diferentemente do filme, porém, falta-nos um oráculo, que mesmo de maneira
velada possa indicar o futuro ou pelo menos traduzir a dubiedade da fala presidencial. Mas mesmo sem um
píton, é provável prever que nem em 2020 teremos evoluído muito mais do que agora. Nossa “embriogenia
defeituosa” ainda pesará e continuaremos presos a nossa visão de mundo que se compraz como a
dependência do pai Estado cada vez mais avantajado; que aceita como natural o patrimonialismo, o
clientelismo e o nepotismo contidos na esfera estatal; que se inclina com prazer aos sistemas ditatoriais, pois
necessita de um salvador que aparente resolver todos os problemas de seus amados filhos. Seguiremos
atribuindo nossos males a fatores externos e jamais aos nossos próprios comportamentos e atitudes.
Afetaremos cordialidade sabendo sermos violentos. Conviveremos com Poderes ineptos por comodismo ou
covardia. Finalmente, compartilhando com a raça humana o irracionalismo que caracteriza o homem,
preferiremos sempre a ilusão à realidade, a mentira à verdade, a sujeição à liberdade.

O PESQUISADOR
MAÇÔNICO

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