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MAÇÔNICO
n.º 27 / Nov.-Dez./2003
Ano III
EDITORIAL ÍNDICE
Pág. 2 e 3
Ni o balanço do ano que finda, fica a certeza de ter sido
O que a imprensa
noticiou
E
partilhado com IIr.: e amigos um pouco de conhecimento, de alegrias Pág. 4
e, também, de tristezas; felizmente, mais aquelas do que estas. Curiosidades
Todos temos que ter prazer em viver, em lutar para sermos
Pág. 5 e 6
felizes, para mantermos a família harmoniosa, para podermos
Para pensar
trabalhar, para termos muitos amigos, para termos princípios fortes
de cidadania e convicção de que de certa forma estamos contribuindo Pág. 7
para tornar esse mundo melhor, em nossa efêmera passagem por ele. Gr. Dic.Enciclopédico de
“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que Maç. e Simbologia
fracassam”, disse certa feita Henry Ford (1863-1946); e, às vezes, com (Nicola Aslan)
Biblioteca
medo de fracassar, desistimos antecipadamente. Temos que vencer
nossa inércia e nossa preguiça, pois só seremos vitoriosos se, e quando, Pág. 8
Pág. 22
Carlos Alberto dos Santos/ M...M...
Biografia do mês
Pág. 23
O nosso planeta
Pág. 24 à 25
• Depoimento
O Pesquisador Maçônico
Fundação: Janeiro/2001
Editor: Ir.: Carlos Alberto dos Santos/M.: M.:
Revisor: Ir.: Ítalo Barroso Aslan/ M.: M.:
Registrado na ABIM sob o n.º 060-J
Informativo Cultural da SOCIEDADE DE ESTUDOS ANTHERO
BARRADAS, e A... R...L...S... Renascimento n.º 08
Rua Nicola Aslan, 133
Braga – Cabo Frio (RJ) e-mail: carlosalberto@cabofrio.psi.br
1
O QUE A IMPRENSA NOTICIOU
PADRE MAÇOM
Em 16 de Julho, foi Iniciado no Grau 33, no Supremo Conselho de Pernambuco, o Irmão Emi
Silva, que é o Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente Amapaense (COMAB). Na vida pública no
Amapá, nosso Irmão Emi é professor universitário aposentado e Padre Franciscano da Congregação
Irmãos Leão de Assis.
Galgar o último degrau da Escada de Jacó, sabemos que é sempre uma grande honra para nós
Maçons, eternos Aprendizes.
Parabéns Sereníssimo Irm.: Emi Silva.
Fonte: Revista “A TROLHA”, de novembro/2003 (nº 205)
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No dia 29 de outubro foi celebrada missa pelo 2º ano de sepultamento dos restos mortais do Padre
João Ribeiro Pessoa de Mello Montenegro, herói e mártir da Revolução Pernambucana de 1817. Antes da
celebração da missa, na Igreja Santa Isabel, cidade Paulista, fizeram palestra para os fiéis, a respeito do
herói e da Revolução, os Iir.: maçons Antônio Camarotti (Desembargador Presidente do TRE/PE) e Roldão
Joaquim (Conselheiro Presidente do TCE/PE).
Esteve presente o Irmão Antônio do Carmo Ferreira, Presidente da ABIM. Recordou-se que o Padre
João Ribeiro participou da Revolução de 1817, representando o clero, tornando-se Presidente da República
implantada pelo Movimento revolucionário, ao término do qual não se rendeu nem fugiu. Suicidou-se e
foi sepultado na Capela Nossa Senhora da Conceição do Engenho Paulista. As forças reacionárias o
desenterraram, e sua cabeça foi levada ao Recife e exposta no pelourinho por determinação de Rodrigo
Lobo, almirante que na oportunidade representava o Conde dos Arcos, da Bahia. Os restos mortais do
padre MAÇOM João Ribeiro se encontravam guardados, em urna, no Instituto Arqueológico, Geográfico e
Histórico de Pernambuco, de onde foram transladados, em 29 de outubro de 2001, para o túmulo
construído na Igreja Matriz de Santa Isabel, na cidade do Paulista, dando-se-lhes repouso eterno.
2
Fonte: Informabim- 105, de 31/10/2003..
O ARCEBISPO DOM DADEUS NO TEMPLO “CALDAS JÚNIOR”
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Alfredo P. Cunha
Cirurgião Dentista – CRO 4679
Dr. Wagner Buono
Glaicy M. Cunha Ginecologista e Obstetra
CRM 52.27620-8
Periodontia e Endodotia –
Acompanhamento Pré-Natal
Atendimento: Tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis
2ª, 3ª, 5ª e 6ª 8h às 11h – 14h às 17h Prevenção do Câncer de Colo
Prevenção do Câncer de Mama
Avaliação Hormonal na Peri-Menopausa e Menopausa
Hoje em dia, os caminhos terrestres, aéreos ou marítimos levam viajantes a qualquer lugar.
Porém, quando queremos dizer que todas as alternativas têm a mesma solução, dizemos que “todos
os caminhos levam a Roma”. A tradição vem, é claro, dos tempos da antiga Roma, quando a cidade
dos césares era o umbigo do mundo. “No século I, quando o Império ia da Bretanha (na atual
Inglaterra) à Pérsia (na atual Irã), Roma chegou a ter 80 mil quilômetros de estradas”, diz a
historiadora Maria Luiza Corassin, da Universidade de São Paulo.
Mas as vias romanas não eram como as atuais, nem os seus propósitos eram os mesmos. “Elas
não se destinavam ao transporte de pessoas e cargas. Chamadas de cursus publicus, eram muito mais
um meio de comunicação, por onde os mensageiros levavam ordens de um canto a outro do
Império”, afirma Maria Luiza. Segundo ela, esse correio era tão eficiente que podia percorrer 270
quilômetros em um dia, marca que não foi superada na Europa até o século XIX.
As estradas romanas eram verdadeiros prodígios para a engenharia da época. Eles usavam
pedras e cimento acomodados sobre leitos aplainados e aterrados. As vias eram traçadas sempre em
linha reta e passavam por cima de lagos, pântanos e montanhas. As pedras para o calçamento tinham
superfícies curvas para facilitar a drenagem, outra novidade para a época. Ao largo delas havia
postos de parada e descanso para guarnições militares.
Testemunhas do poder, da tecnologia e do espírito conquistador dos romanos, essas estradas
não resistiram, porém, às invasões bárbaras a partir do século III. Anos depois da queda definitiva do
Império Romano do Ocidente, em 476, as pedras cortadas e polidas com precisão foram utilizadas
para erguer os castelos medievais. Mas vestígios de algumas dessas estradas ainda podem ser vistos
na Bretanha, por exemplo, ou em Roma, onde a principal delas, a Via Ápia, ainda recebe todos os
anos milhões de visitantes.
Administração de Condomínios
Venda e Aluguel
Passava do meio dia, o cheiro de pão quente invadia aquela rua, um sol escaldante convidava a
todos para um refresco. Ricardinho não agüentou o cheiro bom do pão e falou:
-Pai, tô com fome!
-O pai, seu Agenor, sem um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de um
trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede um pouco de paciência...
-Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome!
-Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, seu Agenor pede para o filho
aguardar na calçada enquanto entra na padaria a sua frente. Ao entrar,dirige-se a um senhor no
balcão;
-Meu Senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos aí na porta com muita fome, não tenho
nenhum tostão, pois saí cedo para buscar um emprego e nada encontrei. Eu peço que, em nome de
Jesus, me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino; em troca, posso varrer o
chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar.
Amaro, o dono da padaria, estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido, pedir comida
em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho. Seu Agenor pega o filho pela mão e o
apresenta ao Senhor Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde
manda servir dois pratos de comida do famoso P.F. (prato feito). Para Ricardinho era um sonho
comer após tantas horas na rua; para o Seu Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela comida
maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um
punhado de fubá... grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada. A satisfação de
ver o filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e a lembrança de
sua pequena família em casa, foi demais para o seu coração tão cansado de mais de 2 anos de
desemprego, humilhações e necessidades. Amaro se aproxima do Seu Agenor e, percebendo a sua
emoção, brinca para relaxar:
-Ó Maria!, sua comida deve estar muito ruim; olha o meu amigo está até chorando de tristeza
desse bife... será que é sola de sapato?
Imediatamente, Seu Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia
a Deus por ter esse prazer.
Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam
sobre o trabalho.
Mais confiante, Seu Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava
“nas costas”. Após o almoço, Amaro convida o Seu Agenor para uma conversa nos fundos da
padaria, onde havia um pequeno escritório. Seu Agenor conta, então, que há mais de 2 anos havia
perdido o emprego e, desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava
vivendo de pequenos “biscates aqui e acolá”, mas que há mais de 2 meses não recebia nada.
Amaro resolve, então, contratar o Seu Agenor para serviços gerais na padaria e, penalizado, faz
para o homem uma cesta básica com alimentos para, pelo menos, 15 dias. Seu Agenor, com lágrimas
nos olhos, agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte o seu início no trabalho.
Ao chegar em casa com toda aquela “fartura”, Seu Agenor é um novo homem, sentia
esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso; Deus estava lhe abrindo mais do que uma
porta, era toda uma esperança de dias melhores. No dia seguinte às 5 horas da manhã, Seu Agenor,
estava na porta da padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho. O Senhor Amaro chega logo em
seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque estava ajudando. Tinham a mesma
idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele chamava-o a ajudar aquela pessoa. E ele
não se enganou: durante 1 ano, Seu Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento,
sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres.
5
Um dia, Amaro chama o Seu Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a
alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Seu Agenor
fosse estudar. Seu Agenor, até hoje, não consegue esquecer seu primeiro dia de aula... a mão trêmula
nas primeiras letras e a emoção da primeira carta...
Doze anos se passaram, desde aquele primeiro dia de aula; vamos encontrar o Dr. Agenor
Baptista de Medeiros, hoje advogado, abrindo seu próprio escritório para seu cliente, e depois outro, e
depois mais outro. Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica
impressionado em ver o “antigo funcionário” tão elegante em seu primeiro terno.
Mais dez anos se passaram e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os
mais necessitados, que não podem pagar, e os mais abastados, que o pagam muito bem, resolve criar
uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e
carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço. Mais de 200 refeições
são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho, o agora nutricionista
Ricardo Baptista.
Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor,
impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um, conta-se; até que aos 82
anos, os dois faleceram no mesmo dia, quase que na mesma hora, morrendo placidamente com um
sorriso de dever cumprido.
Conta-se no céu que o próprio Mestre Jesus veio recebê-los com um sorriso e um coro de mil
anjos, entoando uma música que falava da vitória dos que sabem persistir.
Ricardinho, o filho, mandou gravar na frente da “Casa do Caminho”, que seu pai fundou com
tanto carinho:
Nota do Editor:
• Mesmo que você não acredite em lendas, pare e reflita, pois a nossa Ordem é
essencialmente simbólica, e, dentro desta ótica, SAIBA PERSISTIR EM SÓ FAZER O BEM,
POIS SERÁ RECOMPENSADO!
• Autor desconhecido
Praça Tiradentes 115, São Bento, Cabo Frio, RJ CEP. 28.906-290 Praça Porto Rocha, 37 - sala 109 – Centro – Cabo Frio - RJ
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e-mail: javs@levendula.com.br
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GRANDE DICIONÁRIO ENC. BIBLIOTECA
DE MAÇONARIA E
MANIAS E CRENDICES
SIMBOLOGIA Em Nome da Maçonaria
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SAÚDE É COISA SÉRIA
Uma laranja, por dia, pode impedir a manifestação de certos tipos de câncer; esta é a conclusão
de cientistas que participaram de um estudo na Austrália. O grupo do governo Organização de Pesquisa
Industrial e Científica da Comunidade Britânica (CSIRO – sigla em inglês) descobriu que consumir frutas
cítricas pode reduzir o risco de câncer de boca, laringe e estômago em mais de 50%.
Uma porção extra de frutas cítricas diariamente – além das cinco porções de frutas e vegetais
recomendadas por dia – também pode reduzir o risco de derrame em 19%. “As frutas cítricas protegem
o corpo por suas propriedades antioxidantes e por fortalecer o sistema imunológico, inibir o
crescimento de tumores e normalizar as células tumorosas” – diz o relatório de Kathrine Baghurst,
pesquisadora da CSIRO.
PÍLULAS MAÇÔNICAS
• A primeira Loja Maçônica do Estado de São Paulo, foi fundada em 19/08/1831, na cidade
de Porto Feliz, com o título distintivo de Inteligência, e nela foi Iniciado o famoso Regente
Feijó (Padre).
• A sociedade secreta “A Bucha” foi criada na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1831,
pelo estudante alemão JÚLIO FRANK, que, morto em 1841, seria sepultado no pátio da
Faculdade. Inspirada nas BURSCHENSEHATEN (corporações de estudantes alemães do
tempo das guerras napoleônicas). Tinha cerimônias e rituais semelhantes aos da
Maçonaria. Consta que dela participaram Ruy Barbosa, Affonso Pena, Rodrigues Alves,
Pinheiro Machado, David Campista e o Barão do Rio Branco.
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TRABALHOS MAÇÔNICOS
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A CONTEXTUALIZAÇÃO DA MAÇONARIA NO 1º QUARTEL DO SÉCULO XXI
Reitero meus agradecimentos pelo convite que me fez o Grande Oriente de Santa Catarina, para
participar deste Congresso de Maçonaria e, nesta 1ª assembléia plenária, proferir palestra a respeito da
“contextualização da Maçonaria no 1º quartel do século XXI”. Acompanhei a convocação pela
imprensa maçônica e já antevia o êxito a ser alcançado, diante do interesse da divulgação, repetidas
vezes, nos mais diversos periódicos de todos os quadrantes do Brasil. Agora me enche de ânimo o ver
aqui tantos maçons participando: do Rio Grande do Sul; de São Paulo; de Mato Grosso; do Rio de
Janeiro; das Minas Gerais; do Nordeste onde me incluo; e do Paraná, cuja delegação está chefiada pela
equipe da Editora Maçônica “A Trolha”, na direção da qual se encontra o jornalista e competentíssimo
editorialista Edenir Gualtieri, meu Vice-Presidente na ABIM. A presença de tantos e a efetiva
participação de todos confirmam o sucesso antevisto.
O Congresso da Maçonaria Catarinense se propõe a identificar e implementar os meios de
superação dos desafios que, naturalmente, decorrem da mudança que o hodierno traz e impõe. A
mudança, embora de certo modo inquietante, porque pega o homem desprevenido, é necessária e
indispensável, em face de demarcar uma fronteira mais avançada no processo evolutivo da
humanidade, em que a tecnologia é o fato propulsor.
Os princípios da Maçonaria definem a sua vocação: a disposição da Ordem para servir ao
próximo. Forma-se o Maçom para isto. No tempo dos “operativos”, preparava-se o construtor das
catedrais, aonde iam as multidões amar o seu Deus. Não havia, assim, missão mais sublime que esta –
construir “abrigos” pra as ligações dos fiéis com o seu Criador. No tempo dos “especulativos”, os
nossos tempos, prepara-se o construtor da sociedade. Antes, o cortador da pedra que se prestava para a
construção da catedral; agora, o construtor que se talha para ele mesmo ser a peça de construção do
monumento – a sociedade. Antes e agora, o Maçom – um ser que se faz, não exclusivamente para si,
mas, sobretudo, para o bem estar do próximo.
A sociedade se torna cada vez mais sofisticada. Paradoxalmente, nunca se dispôs de tantas
possibilidades, a própria evolução tecnológica nos inspira a isto, mas nunca se viu tanto sofrimento na
sociedade humana. Em muitas partes do mundo os estoques e mananciais estão abarrotados; em outras,
milhões de estômagos vazios, de padecentes de males curáveis sem o atendimento de cura, e de
desabrigados. Bilhões de dólares são gastos nas viagens interplanetárias à procura do mistério,
enquanto os milhões, aqui na Terra, definham. Tempos das desumanidades que levam à degradação
social em seus mais diversos, cruéis e abomináveis aspectos. A vigência do caos.
A Maçonaria, uma sociedade iniciática, no princípio, mas filantrópica na extensão, tem
compromisso com o ordenamento ético, moral e progressista da humanidade. Ela se propõe a laborar
no sentido de tornar feliz a pessoa humana, e um desses labores é o do melhoramento dos costumes.
Daí, uma de suas bandeiras: “Ordo ab Chao”. Meu Deus! Poderiam existir propósitos melhores? Então
esta sociedade era para ser muito benquista, admirada, requerida e até mesmo exigida. Quem se propõe
a fazer um benefício deste, realmente, não merece difamação, e sim a maior admiração por todos. E se
isto não acontece, por que não acontece? E “a messe continua grande e os operários tão poucos”!
O Padre Vieira dizia que “o maior de todos os sermões é o exemplo”. O Maçom terá que ser um
exemplo, desde a sua iniciação, momento em que ele confirma sua vocação de “construtor social”. A
Iniciação é o passo decisivo. Aí se exaure o profano e se dá o nascimento do Maçom, mediante um
teatro capaz de aguçar no candidato este sentimento. O atestado da percepção de que há em si um novo
homem deverá ser passado pela lágrima que lhe molha a face, quando à sua frente se abre a “luz” que
alumiará seus novos caminhos. A metáfora: eis que sois “ o sal da terra e a luz do mundo”.
É na clausura do Templo que ocorre esta transformação, e aí também se dará a formação
complementar do ser maçom, até a sua graduação de Mestre. Na Loja, o estímulo recíproco à prática da
virtude; na Loja, o treinamento do amor ao próximo; na Loja, a conspiração em detrimento do mal; na
Loja, a elaboração dos projetos para o fazimento do bem ao próximo; na Loja, o despertar para a
importância da leitura, cujo hábito contribui para o combate à ignorância, amplia o conhecimento e abre
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caminhos largos para o exercício da cidadania. A Loja é o lugar aonde se vai, não por obrigação, mas
por amor. O esposo – o Maçom; a esposa – a Dama da Fraternidade; a filha – a Filha de Jô; o filho – o
Jovem DeMolay. A Maçonaria é boa demais, para ser apenas do Maçom. Ela deve pertencer a toda a
família do Maçom. Como, aliás, ele faz com relação a sua igreja, a seu clube social, a seu clube de
futebol...
Todavia o grande papel de fomentar o amor à Loja deve estar incluído nas atribuições do seu
Venerável. Ele é o líder e tem por mister a motivação. O maçom precisa ser motivado. É necessário, para
isto, que haja um plano reitor, na Oficina, discutido e aprovado, em que todos estejam envolvidos, do
qual todos se sintam inerentes e não apenas uma circunstância. Sem esta motivação, o maçom se sentirá
um estranho fora do ninho, sem ter o que fazer no vazio, e vai embora. A duração da vida maçônica não
será medida pelo tempo, mas sim pela utilidade em favor da Ordem e do próximo.
E quando se fala em plano reitor, não espero que alguém levante a mão e peça sugestões. O
maçom não deve gostar do repetitivo. O filósofo alemão, Hegel, dava destaque, em sua “arte de
pensar”, ao “pensamento pensante”, contrário ao “pensamento pensado”. Ouvir e repetir, para ele, era
um fato medíocre, sem qualquer contribuição para a evolução (o pensamento pensado). Seu elogio
estava na apreciação crítica do que se ouvia e aprendia; no melhoramento dos conceitos, no fato
inovador, no estabelecimento de uma nova fronteira (o pensamento pensante).
Outro dia, perguntei a um líder como ia a sua Oficina, ao que ele me respondeu: “sobrevivendo,
Mestre!” Deixou-me triste a sua resposta e, meses depois, sua Oficina abatia colunas. Porque, neste caso,
a sobrevivência é a acomodação, é a esclerose, é a inércia, é a aceitação do fim. A organização, como a
pessoa, precisa, em cada dia, renascer. A sua vida precisa ser reinventada em cada amanhecer.
O Professor Schüler Sobrinho, em magistral artigo publicado na revista O Prumo, edição nº
142/2002, fala com veemência que “o trabalho maçônico é uma maneira que os obreiros escolheram
para participar do mundo; se não for assim a Maçonaria passa a ser um clube de serviço. A Maçonaria
precisa contribuir para o progresso e desenvolvimento da humanidade. A vida é uma entrega e o
maçom precisa contribuir, entregar alguma coisa”. E neste procedimento, convenhamos, a repetição
será de pouca ou nenhuma valia. O progresso estará ao lado da inovação, do “pensamento pensante”.
Nossa geração não deve passar à história como a geração dos omissos. Porque os costumes de
hoje não são os costumes do passado. Há os que melhoraram, mas também está aí o nosso mundo
povoado de maus costumes, de costumes corrompidos e degradados. A sociedade clama a ação da
Maçonaria. As organizações têm, cada uma, o seu papel. Recordo aqui a parábola dos “talentos”: os que
receberam e colocaram em funcionamento, perdendo ou ganhando, foram considerados pelo Senhor; os
que guardaram na botija, foram taxados de covardes ou omissos.
A Maçonaria, não devemos esquecer, (que) não é apenas iniciática, esotérica, templária. Ela é,
igualmente, filantrópica e progressista, exotérica, comunitária. Tratei deste assunto no capítulo
“isolamento insuportável” de meu livro “Artesanatos Maçônicos”, publicado através da Editora “A
Trolha Ltda”, de Londrina. Naquele capítulo registrava os ensinamentos do apóstolo Lucas, na
passagem em que ele dizia assim: “a candeia cheia de azeite e acesa não se coloca sob a cama, mas se
pendura no centro da sala, para que muitos sejam iluminados”. Se em seu plano reitor, uma Loja
significa pouco e tem apenas a candeia, se associe a outras que têm o azeite; seus maçons se dêem as
mãos. O trabalho maçônico não é competidor; é uma atividade eminentemente cooperativa, pois “bom
e suave é que os irmãos vivam em união”.
Finalizo arrimado em palavras do respeitável Mestre Octacílio Schüler Sobrinho, insertas em
artigo publicado na revista O Prumo, edição nº 149. Diz ele que “não é lícito pensar que a Maçonaria é
um negócio. Não, Maçonaria não é um negócio, mas um pensar contínuo e ascendente que transfere
conhecimento do estoque de cada Obreiro para todos; uma Loja que não é comercial, mas presta
serviços para seus obreiros e para a humanidade. O nosso valor é conseqüência de um bom trabalho
que realizamos em Loja e na comunidade, onde podemos nos projetar como sócios”. Entendo que a
Loja, para o maçom, não é o limite. É a vertente.
Então? Se os costumes dos nossos dias são outros, como são, cabe-nos, mantendo a essência de
nossa querida Maçonaria, ser sensíveis às mudanças que se impõem e praticarmos os meios de
superação dos desafios emergentes.
12
Na condução do bem, não haverá caminhos, para o maçom, que pareçam longos ou pedregosos a
seus pés, pois o que em muitos é uma qualidade rara, “não passa, nele, do simples cumprimento do
dever”.
A CARTA DE COLÔNIA
13
reconstrução do conjunto ou, se apenas houver desvio de seus objetivos principais, ela poderá revificar o seu
verdadeiro espírito.
Por este escrito, dirigido a todos os verdadeiros cristãos, redigido conforme os mais antigos
documentos e de acordo com os altos ideais dos propósitos, usos e costumes da nossa antiga e Misteriosa Ordem,
nós, Mestres Eleitos, guiados por nossas aspirações em direção à verdadeira luz, pelas razões expostas,
concitamos, pelos nossos mais sagrados votos, a todos os Companheiros em cujas mãos, agora e no futuro,
caírem esta circular que jamais abandonem estes indícios da Verdade.
Além disso, damos as seguintes instruções ao mundo maçônico e ao mundo profano, cuja
felicidade também nos preocupa e nos estimula para o trabalho:
a) A Irmandade ou a Ordem dos Franco-Maçons, unidos entre si pelas sagradas regras de São
João, não tem suas origens nos Cavaleiros do Templo nem em outra Ordem eclesiástica ou secular, não surgiu
de uma Ordem, nem de várias Ordens distintas.
Não tem, com nenhuma delas, direta ou indiretamente, comunicação ou relação. É mais antiga
que todas elas e existiu na Palestina, na Grécia e em todos os domínios do Império Romano muito antes das
Cruzadas, isto é, antes que os Cavaleiros do Templo tivessem se apresentado na Palestina. Inúmeros
documentos antigos, de cuja autenticidade não se pode duvidar, atestam estes fatos.
Nossa Irmandade nasceu em uma época em que alguns iniciados, possuidores da autêntica
doutrina da Verdade e da justa explicação da Santa Doutrina, afastaram-se do resto dos homens que ensinavam
o Cristianismo através de numerosos e desencontradas seitas. Nesse tempo, estes homens instruídos e
esclarecidos, proclamaram aquilo que havia sido preservado dos erros do paganismo, agindo como verdadeiros
cristãos.
Uma religião eivada de erros, que promove polêmicas em matéria de fé, em lugar de buscar a paz;
que engendra horríveis guerras, em lugar de buscar a tolerância e o amor.
Por isso, aqueles homens iniciados foram obrigados a conservar, através de um sagrado
juramento, a pureza e a correção das doutrinas fundamentais da religião que inspira a virtude e que é inata ao
espírito humano; consagraram-se, inteiramente, a ela para que, assim, a Verdadeira Luz dissipe, cada vez mais
as trevas, para combater a superstição e para, solidamente, estabelecer entre os homens a paz e o bem-estar,
graças à prática de todas as virtudes humanas. Neste início promissor, os Mestres desta Irmandade foram
denominados Mestres de São João, porque elegeram, como exemplo e como símbolo, a São João Batista, o
mensageiro avançado da Luz Nascente.
Além disso, estes homens, cujas palavras e escritos se constituíam em um verdadeiro
ensinamento, foram chamados de Mestres no idioma daqueles tempos. Estes Mestres elegeram como ajudantes
os aprendizes mais experimentados, que passavam a ser chamados de Companheiro.
Os outros eram escolhidos mas não eram eleitos, continuavam sendo aprendizes ou alunos,
segundo os costumes dos filósofos hebreus, gregos e romano.
b) Antes como agora, nossa Irmandade consiste em três Graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre.
Este último Grau se compõe de Mestres, Mestres Eleitos e Muito Altos Mestres Eleitos
Portanto, todas as Sociedades ou Irmandades que surjam o nome de Irmãos e de Franco-Maçons e
pretendem seguir as santas prescrições de São João, mas que toleram maior número de divisões e denominações
para estes Graus, que lhes dão origens diferentes, que se associam a movimentos políticos e religiosos, ou que
juram ódio ou inimizade a algum Irmão, não podem pertencer à nossa Ordem e serão expulsos e excomungados
como cismáticos.
c) Graças a estes Doutores e Mestres da Ordem, que se dedicavam ao estudo das ciências
matemáticas, astronômicas e outras, houve uma troca de conhecimentos e de luzes, depois que eles se
dispersaram pela face do globo terrestre.
Elegeram, dentre os Mestres já eleitos, um deles com autoridade sobre todos os outros, que era
considerado e respeitado como Grão-Mestre Eleito ou patriarca dos Maçons Eleitos. Ele era visto e reverenciado
como o Chefe Diretor visível de toda a nossa Ordem.
De acordo com esta tradição, ainda hoje existe este Grão-Mestre Eleito ou Patriarca, embora seja
conhecido, apenas, por um pequeno número de pessoas.
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Depois de esclarecer este fato, que consta dos mais antigos pergaminhos e documentos,
decretamos e legislamos com a aprovação, assentimento e consentimento do nosso Patriarca e em virtude da
minuciosa observação de seus santos atos que, desde o princípio foram confiados ao nosso Chefe e a seu sucessor.
d)A direção de nossa Sociedade estabelece a maneira com que os raios da estrela flamígera devem
ser distribuídos e estendidos aos Irmãos ilustrados e à humanidade não iniciada.
Há que se cuidar para que os Irmãos, de que classe ou estado sejam, não empreendam nada que
contrarie os verdadeiros princípios da Irmandade. Ao mesmo tempo, incumbe à Direção defender a Associação,
mantê-la intacta e protegê-la em todos os casos e circunstâncias. Deve, também, sempre que a necessidade o
exija, sustentar e defender a Ordem, embora arrisque sua vida e seus bens, e repelir, portanto, a todos os ataques
que lhe dirijam qualquer inimigo.
e) Em nenhum lugar encontramos justificativa convincente de que nossa Ordem existiu, antes de
1440, com outro nome que não o de Irmãos de São João. Como tivemos oportunidade de ver em vários
documentos, somente a partir desta data começou a aparecer o nome de Irmandade Franco-Maçônica,
especialmente em Valencienes, Flandres e em outro ponto de Hainut, quando sob os auspícios e à custa destes
Irmãos , começaram a ser construídos hospícios e casas de asilo para os pobres atacados pela doença chamada de
Fogo de Santo Antônio.
f) Embora no cumprimento dos nossos deveres de caridade não tenhamos, jamais, tido em conta
nem as religiões, nem os países, sem dúvida, consideramos, até agora, ser necessário e conveniente não admitir
em nossa Ordem nenhuma pessoa que na vida profana ou no mundo ignorante não seja reconhecido como
cristão.
No exame e na inspeção naqueles que se apresentam para serem admitidos no primeiro Grau, isto
é, no Grau de Aprendiz, não se empregará sofrimentos corporais, mas, somente meios que possamos provar a
força da alma, as tendências e os sentimentos do Neófito.
g) Aos deveres aos quais expressamente obrigados através de um juramento solene, inclui-se,
também, o de fidelidade e obediência à autoridade temporal estabelecida legalmente.
h)Os princípios que regulam todas as nossas ações e esforços, mesmo em lugares tão distantes
quanto forem possíveis, se exprimem nas seguintes prescrições: ‘Ama e olha a todos os que é de Deus e a César o
que é de César’.
i) Os mistérios e as doutrinas secretas que servirão para que nossas obras permaneçam ocultas,
servem, também, para que possamos cumprir nossas obrigações sem fausto e para que possamos executar nossos
projetos sem perturbação alguma.
k) Essas Cerimônias de nossa Ordem e outras que se relacionam e se agregam a elas, diferem por
completo dos usos eclesiásticos; os Irmãos devem externar os costumes da Ordem ou por Sinais, ou por palavras
de ordem, ou de outra maneira qualquer.
l) Aqui, só será reconhecido como Irmão de São João ao Franco-Maçom que tenha sido Iniciado de
maneira legal, com a ajuda e sob a presidência de um Mestre Eleito e com a cooperação de pelo menos sete outros
Irmãos; e estará em condições de provar sua admissão pelos Sinais e Palavras de Reconhecimento de uso de
todos os demais Irmãos. Estes Sinais e estas Palavras incluem, também, as que estão em uso na Loja de
Edimburgo ou em suas Lojas e Oficinas filiadas, bem como nas Lojas de Hamburgo, Roterdã e Veneza. As
funções e os Trabalhos nestas Lojas são realizados de acordo como o Rito Escocês mas, sob o ponto de vista de
origem, objetivos e constituição fundamental, não diferem muito dos Ritos que estão em uso entre nós.
m) Assim, nossa Ordem deve ser dirigida, como um todo, por um só Chefe Geral e pelas
Assembléias de Mestres que a compõem nos diversos países e Estados. É necessário que haja uma certa
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uniformidade entre todas as Lojas espalhadas pelo globo terrestre, pois que todas são membros de um só corpo.
Também é indispensável que uma constante correspondência estabeleça uma harmonia entre todas as Lojas e
entre todas as suas doutrinas.
Por este motivo, este documento que revela a natureza e o espírito de nossa Sociedade será
enviado a todos os Colégios de Mestres que, atualmente, compõem a nossa Ordem.
Desta circular, redigida pelos motivos expostos, serão feitas dezenove cópias exatamente iguais,
justificadas e autorizadas com nossas firmas e nossas rubricas.
Em Colônia, sobre o Rhin, no ano de mil quinhentos e trinta e cinco, no dia vinte e quatro de
junho , segundo o que se conhece por Era Cristã.”
NOTAS DO REDATOR :
• Este texto foi integralmente transcrito das páginas 177 à 184, do livro “Nas
Tabernas dos Antigos Maçons” (Luis Gonzaga da Rocha), publicado pela Editora
“A Trolha Ltda.”;
• Pela seriedade da editora, temos que acreditar que o texto foi traduzido do latim
integralmente;
• Indicações mais hodiernas indicam, por exemplo, que o Grau de Mestre Maçom
só surgiu oficialmente no século XVIII;
• Enfim... é um documento “considerável” e que, certamente, trará mais Luz
àqueles que constantemente pesquisam.
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SOIS MAÇOM?
Colaborou: Ir.: Humberto Bertola de Almeida(*)
Só me lembrava daquela dor no peito. Como eu viera parar aqui? O ambiente me era familiar.
Já estivera antes, mas, quando?
Caminhava sem rumo. Pessoas desconhecidas passavam por mim, contudo não tinha coragem
de abordá-las.
Mas! Espere! Que grupo seria aquele reunido e de terno preto?
Lógico! Não estaria indo ou vindo de enterro; hoje em dia não é tão comum pessoas irem a
velório com roupa preta. É claro! São Irmãos!
Aproximei-me do grupo. Ao me verem chegar, interromperam a conversa. Discretamente
executei o sinal de Aprendiz (fui correspondido). A alegria tomou conta de mim. Estava entre amigos.
Identifiquei-me. Perguntei ansioso, o que estava acontecendo comigo.
Responderam-me com muito cuidado, fraternalmente: Havia desencarnado.
Fiquei assustado; e a minha família, os meus amigos, como estavam?
- Estão bem; não se preocupe, no devido tempo você os verá, responderam.
Ainda assustado, indaguei o motivo de suas vestes.
- Estamos nos encaminhando ao nosso Templo maçônico, foi a resposta.
- Templo maçônico?- Vocês têm um?
- Senti-me mais à vontade, afinal, eu um “Grande Inspetor Geral” com certeza
receberia as honras devidas do meu Grau.
Pedi para acompanhá-los. Fui atendido.
Ao fim de pequena caminhada, divisei o Templo. Confesso que fiquei abismado. Sua
imponência era enorme. As colunas do Pórtico, majestosas . Nunca vira nada igual. Imaginei como
deveria ser seu interior e como me sentiria tomando parte nos trabalhos.
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Caminhamos em silêncio. Ao chegar no salão de entrada, verifiquei grupos de Irmãos
conversando animadamente, porém, em tom respeitoso.
O que me parecia líder do grupo, que me acompanhava, chamou um Irmão que estava adiante:
-Irmão Experto! Acompanhai o Irmão recém chegado e com ele aguarde.
Não entendi bem. Afinal, tendo mostrado meus documentos, esperava, no mínimo, uma
recepção mais calorosa. Talvez, estivessem preparando uma surpresa à minha entrada; para um Grau
33, não se poderia esperar nada diferente.
Verifiquei que os Irmãos formavam um cortejo para a entrada no Templo. À distância, não
pude ouvir o que diziam, contudo, uma luminosidade esplendorosa cercou a todos. Adentraram
silenciosamente no Templo. Comigo ficou o Irmão Experto. De tanta emoção não conseguia dizer
nada. O tempo passou... não pude medir quanto. A porta do Templo se entreabriu e o Irmão Mestre
de Cer.: encaminhando-se a mim, comunicou que eu seria recebido. Ajeitei o paletó, estufei o peito,
verifiquei se as minhas comendas não estavam desleixadas e caminhei com ele.
Tremia um pouco, mas quem não o faria em tal circunstância? Respirei fundo e adentrei
ritualisticamente no Templo.
Estranho... esperava encontrar luxuosidade esplendorosa, muito ouro e riquezas. Verifiquei,
rapidamente, no entanto, uma simplicidade muito grande. Uma luz brilhante vindo não sei de onde,
iluminava o ambiente.
Cumprimentei o Venerável Mestre e os VVig.: na forma usual. Ninguém se levantou à minha
entrada. Mantinham-se calados e respeitosos.
Não sabia o que fazer... aguardava ordens... e elas vieram na voz firme do Venerável:
- S.: M.:?
- Reconhecendo a necessidade do trolhamento em tais circunstâncias, aceitei
respondê-lo. Estufei o peito, empertiguei o corpo e respondi:
- M.: I.: C.: T.: M.: R.:
- Aguardei, seguro, a pergunta seguinte. Em seu lugar, o Venerável Mestre,
dirigindo-se aos presentes, perguntou:
- Os Irmãos aqui presentes, o reconhecem como maçom?
Assustei-me. O que era isso? Por que tal pergunta?
O silêncio foi total.
Dirigindo-se a mim, o Venerável emendou:
- Meu caro Irmão visitante: os Irmãos aqui presentes não o reconhecem como
Maçom.
- Como não? Disse eu. Não vêem as minhas insígnias? Não verificaram os meus
documentos?
- Sim, caro Irmão, retrucou solenemente o Venerável.
Contudo, não basta ter ingressado na Ordem, ter diplomas ou insígnias para ser
Maçom. É preciso, antes de tudo, ter construído “seu Templo”; e verificamos que tal
não ocorreu com o Irmão. Observamos ainda, que, apesar de ter tido todas as
oportunidades de estudo e de ter galgado ao maior dos Graus, não absorveu seus
ensinamentos. Sua passagem pela “Arte Real” foi superficial.
Não pude agüentar mais, retruquei:
- Como superficial? Vocês, que tudo sabem, não observaram minhas atitudes
fraternas? (fui interrompido)
- Irmão, vejamos então sua defesa.
Automaticamente desenhou-se na parede algo parecido como uma tela imensa de televisão e na
imagem reconheci-me junto a um grupo de Irmãos tecendo comentários desairosos contra a
administração de minha Loja. Era verdade; envergonhei-me.
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E, mudando a imagem, como se trocasse de canal, vi-me colocando a mão vazia no tronco de
beneficência. Era fato costumeiro que o fazia, por pensar que o óbolo não seria bem usado. Vi-me
também, por diversas vezes, me escusando de prestar ajuda a Irmãos que necessitavam da
fraternidade que eu lhes negava.
Por não ter o que argumentar, calei-me e lágrimas de remorso brotaram-me nos olhos. Iniciei a
retirar-me cabisbaixo e estanquei ao ouvir a voz autoritária e ao mesmo tempo fraterna do Venerável:
- Meu Irmão, reconhecemos suas falhas quando na orbe terrestre e na Maçonaria;
contudo, reconhecemos também que o Irmão foi iniciado em nossos augustos
mistérios. Prometemos em nossas iniciações protegê-lo e o faremos. Irmão terá a
oportunidade de consertar seus erros. Afinal, todos nós aqui presentes já os
cometemos um dia. Descanse o tempo necessário e, após, nós o encaminharemos
novamente para a Ordem, onde sua nova caminhada, com certeza, será mais
promissora e útil.
Saí decepcionado, mas, estranhamente aliviado. Aquelas palavras parecem ter me tirado um
grande peso. Com certeza, ali eu desbastara uma parte de minha pedra bruta.
Acordei sobressaltado e suando, o coração disparado... levantei-me assustado, mas, com certa
alegria no peito. Havia sonhado. Dirigi-me ao guarda-roupas. Meu terno ali estava.
Instintivamente, retirei do paletó as medalhas e insígnias e guardei.
Ainda emocionado e com os olhos molhados de lágrimas, dirigi-me à minha mesa e com as
mãos trêmulas e cheio de uma alegria enlevante, retirei o Ritual de Aprendiz, e voltei a lê-lo!
Consultoria Jurídica
Causas cíveis, trabalhistas e vara de família
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As primeiras cerimônias realizadas pela Loja foram, respectivamente, a Elev.: dos Iir.: Belfort e
Adelson, em 17/06/1981; e a Inic.: dos Iir.: Eliasib, Rocha, Célio Guimarães e Fernando Wermelinger, em
05/09/1981; além da Exalt.: dos Iir.: Belfort e Adelson em 14/10/1981.
Em 12/01/1982, a Câmara Municipal aprovou, através da Lei nº 430, por indicação do Vereador (e
Ir.: da Loja Pioneiros do Cabo), Álvaro Rosa, da “doação” (* na realidade, houve todo um processo
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jurídico de venda, através de edital público, e finalizando através de escritura de compra e venda) do
terreno onde se encontra hoje a sede da Loja RENASCIMENTO.
Transcorrido o primeiro ano de vida da Loja RENASCIMENTO, no dia 2 de Maio de 1982, numa
data da mais alta significação para a Loja, aconteceu a inauguração da Rua Nicola Aslan (Antiga Rua “A),
em homenagem ao saudoso e culto Maçom, além do Lançamento da Pedra Fundamental no terreno do.
então, futuro novo Templo da Loja, com a presença de uma Comitiva de Iir.: do GOIRJ, captaneada pelo
Grão-Mestre Adjunto, Luiz Alves Barbosa e pelo Gr.: Secr.: da G.: dos S.:, Ir. Pedro Bianco.
Nesta data, há que se destacar, foi ainda Iniciado o nosso querido Ir.: Anthero Barradas, cerimônia
acontecida ainda no Templo da casa do Ir.: Renato.
Envolvidos num clima de muita emoção, todas as cerimônias foram encerradas com um lauto
banquete, realizado no salão da Casa da Amizade de Cabo Frio, pertencente ao Rotary Club.
Em 19/11/1983, passados exatamente 1 ano, 6 meses e 17 dias da cerimônia de lançamento da pedra
fundamental, teve lugar o magno acontecimento que marcava definitivamente a consumação do grande
sonho – A INAUGURAÇÃO DO TEMPLO PRÓPRIO E DEFINITIVO DA LOJA RENASCIMENTO –
após um período de luta e perseverança, na busca do ideal, afinal conseguido.
Entre tantos fatos que marcaram a ainda curta existência da Loja RENASCIMENTO, um
particularmente ficou profundamente gravado no íntimo e na lembrança dos Iir.: que dela participaram: a
Pompa Fúnebre, realizada em 04/09/1986, em que, em cerimônia transcorrida sob profunda emoção, a
Loja reverenciou a memória de seu inesquecível membro fundador – o saudoso e querido Ir. SARAIVA.
Nestes vinte anos (2003), diversos Iir.: se revezaram na administração da nossa querida Loja, tendo
a administração atual a seguinte composição:
Com certeza, muitos capítulos de glória ainda se escreverão sobre a RENASCIMENTO... Fica aqui,
até a presente data, esta nossa contribuição, divulgando uma história de sucesso de uma idéia, que só tem
feito crescer e dar bons frutos.
N. R.:(*) Este trabalho só foi possível com a colaboração do nosso Ir.: ANTHERO BARRADAS.
Em religião chama-se ritual o conjunto de cerimônias e fórmulas por meio das quais se procura
homenagear o Criador, agradecer benefícios recebidos ou pedir proteção para novos empreendimentos,
para a saúde etc. Trata-se de atos externos que não dependem da prática de preceitos morais, estes, por
sinal, muito semelhantes nas diferentes escolas de fé cujo cerimonial, pelo contrário, varia profundamente.
Sempre foi generalizada a idéia de identificar vivência religiosa com essa parte exterior, imaginando-
se os fiéis quites com suas obrigações espirituais apenas por freqüentarem o templo, participando
regularmente de cultos e celebrações.
Ao tempo de Jesus era essa a preocupação dominante, apresentando as narrativas evangélicas diversas
passagens em que Ele dialoga com adeptos exaltados de tais observâncias, alertando-os quanto ao seu papel
secundário ante as diretrizes de conduta, também, constantes dos textos sagrados, mas negligenciadas por
eles que, por isso, foram certa vez comparados pelo Mestre a túmulos pintados de branco por fora mas por
dentro cheios de matéria em decomposição. Na verdade, a mensagem de Jesus é essencialmente
comportamental e era desta forma entendida e praticada pelos seus primeiros seguidores.
Ainda assim, com o tempo, aquela postura equivocada progressivamente se instalou no movimento
cristão, que se tornou apático, dominado pela rotina e pela indiferença, apesar do brilho de suas cerimônias,
algumas das quais adquiriram caráter mais social do que religioso. Os próprios ensinamentos evangélicos
tornaram-se desconhecidos dos cristãos, satisfeitos em apenas participar das cerimônias.
Considerando-se a situação da imensa maioria da humanidade, a pureza de coração apresentada no
Sermão da Montanha como condição para a felicidade parece algo inatingível, mas não é assim. Jesus falava
para o espírito imortal que, ao longo de sua trajetória evolutiva – pela Lei de progresso – vai superar suas
atuais limitações, atingindo um ponto em que não mais terá qualquer inclinação para o mal, prosseguindo
em sua evolução sem jamais afastar-se das Leis Divinas. Jesus conhecia perfeitamente as dificuldades que
assinalam esse processo, tendo mesmo afirmado que viera chamar os pecadores e não os justos (Mateus,
9:13), cabendo-nos, contudo, aceitar-lhe o convite amoroso.
Retomando o modelo cristão em sua forma inicial, o Espiritismo não possui rituais e suas atividades,
sejam de estudo, intercâmbio mediúnico ou dedicadas à promoção social, têm sempre um cunho de trabalho
e nelas somos invariavelmente lembrados acerca de dois temas essenciais: a vida espiritual e a necessidade
de nosso comprometimento com o bem.
(Fundada em 25/08/1995)
LOJA ITINERANTE
Reuniões trimestrais (meses de : Março, Junho, Setembro e Dezembro)
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BIOGRAFIA DO MÊS
NICOLA ASLAN
Uma Pequena Biografia de Um Grande Maçom
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O Nosso Planeta
WWF alerta para derretimento acelerado de geleiras
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DEPOIMENTO
EFEITOS DO MESSIANISMO
Olavo de Carvalho (*)
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Não se deve acusar esses raciocínios de simples erros de lógica. Seria um desrespeito a seus
autores, homens inteligentes. O problema deles não é de raciocínio: é de percepção. Se prestarem
atenção ao mundo da experiência vivida, veriam que não é como o imaginam.
Mas só o vêem através do espelho profético do mundo futuro, e aí ele fica parecendo uma
daquelas telas de Escher em que uma mão se desenha a si própria ou uma escada em caracol termina
de volta no primeiro degrau. Quer você chame isso de “dialética”, de “holismo”, de “enfoque
sistêmico”, de “desconstrucionismo” ou do que quer que seja, uma coisa é certa: o caso é grave.
Não se trata, é claro, de psicose no sentido clínico do termo. Alguns dos melhores estudiosos do
assunto, como Henri de Lubac, Albert Camus, Norman Cohn e o próprio Eric Voeglin, enfatizam o
caráter puramente espiritual da enfermidade, que pode se manifestar em almas cujo funcionamento
permanece normal fora do horário do expediente acadêmico. Qualquer que seja o diagnóstico, porém,
nenhum dos afetados pela doença tem a mínima consciência da sua anomalia, mas todos sentem, por
causa dela, um profundo descontentamento com a realidade em que vivem: como esta jamais se
comporta da maneira que esperavam, acreditam que o erro é dela, e abominam ainda mais o mundo
presente e passado, recusando-lhe o direito de existir, exceto como prólogo irreal da realidade futura.
É um mecanismo de retroalimentação que agrava formidavelmente a maluquice toda.
CLÍNICO E CARDIOLOGISTA
Consultório:
Rua Silva Jardim, 78 Centro - Cabo Frio - RJ
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O PESQUISADOR
MAÇÔNICO
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