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O PESQUISADOR

MAÇÔNICO
n.º 43–Julho/Ago. 2006
Ano VI

EDITORIAL ÍNDICE

H á um preceito maçônico de fundamental importância que é a proibição de


Pág. 2 e 3
 Nos Arquivos de Nicola
discussão de temas políticos e/ou religiosos em Loja. Mas devemos restringi-los às Lojas,
aslan
pois os maçons são, antes de tudo, cidadãos e cidadãos que, via de regra, influenciam
enormemente nos rumos de uma nação. Pág. 4
E, nessa qualidade de cidadãos, precisamos mais do que nunca (urgentemente)
influenciar para que a nossa política seja mais honesta e menos corrupta! Pois, quando se
 Curiosidades
pensa que já se viu de tudo, que acreditamos não ser possível que a “coisa” piore, remexem
no “mar de lama” fétida em que está atolada a política brasileira, e aí.. fede mais! Pág. 5 à 8
A honra da Pátria, sua integridade e suas instituições estão definitivamente ameaçadas!  Para Pensar
Como Maçons – e como cidadãos – temos o dever, no exercício pleno da democracia,
de exigir um mínimo de respeito às nossas instituições e ao povo brasileiro. E temos o Pág. 9 e 10
direito, no pleno exercício da liberdade de expressão do pensamento, de “gritar”, reclamar e
Notícia Relevante
exigir um “BASTA”!
Estamos em guerra... Sim, em guerra conosco mesmos – cidadãos conscientes que Pág. 11
somos – pois o povo (pasmo) vê se locupletarem os maus e corruptos políticos que  Gr. Dic.Enciclopédico de
elegemos para beneficiarem os cidadãos deste imenso e maravilhoso país chamado Brasil. Maç. e Simbologia
Estamos apáticos, inertes porque, sem forças para reagir, às vezes achando que ... não (Nicola Aslan)
tem jeito. Mas tem jeito, sim! Vamos reagir1  Biblioteca
Pelo “quadro” atual, não nos resta outra saída, que não pegarmos em “armas”. Mas –
apresso-me em explicar, estas “armas” só poderão ser as armas do voto inteligente, para Pág. 12
expurgarmos este câncer da corrupção da política brasileira.
Votemos conscientes, porque (não percamos as esperanças) ainda existem muitos
 Polindo a Pedra Bruta
 Pílulas Maçônicas
brasileiros honestos, que só querem ver progredir esta enorme Nação!

Pág. 13
Carlos Alberto dos Santos/ M...M...
 História Pura

Pág. 14
 Viagem ao nosso interior
O Pesquisador Maçônico
Fundação: Janeiro/2001 Pág. 15
Editor: Ir.: Carlos Alberto dos Santos/M.: M.:  Depoimento
Revisor: Ir.: Ítalo Barroso Aslan/ M.: I.:
Registrado na ABIM sob o n.º 060-J
Pág. 16 à 28
Os conceitos emitidos nos artigos aqui apresentados são de exclusiva responsabilidade
de seus autores. • CADERNO DE
Informativo Cultural da SOCIEDADE DE ESTUDOS ANTHERO BARRADAS, e TRABALHOS – De
A... R...L...S... e de Instrução Renascimento n.º 08 Estudos e Pesquisas
Rua Nicola Aslan, 133 / Braga – Cabo Frio (RJ) – CEP: 28.908 - 235
e-mail: opesquisadormaconico@ciclodagua.com.br 1
NOS ARQUIVOS DE NICOLA ASLAN

A LÓGICA
(Nicola Aslan)

Do ponto de vista filológico, a Lógica é, conforme definição que pode ser encontrada em qualquer dicionário, o
raciocínio encadeado que liga entre si as idéias, estabelecendo coerência entre os princípios e as conclusões.
Do ponto de vista filosófico, a Lógica é a parte da filosofia que estuda tão somente as leis do pensamento que se
relacionam com a Verdade, supondo-se o homem no gozo da razão; neste setor são expostas também as regras que devem ser
observadas na invenção e na exposição da verdade.
Na sua acepção mais usada, a palavra Lógica designa a ciência do raciocínio, quer dizer, dos processos por que
tiramos de uma proposição, as proposições que ela contém. Tem sido definido algumas vezes por “arte de descobrir a verdade”
ou mais geralmente ainda por “arte de pensar”, de acordo com a obra escrita por Arnaud e Nicole, membros da sociedade de
Port Royal, e por isso intitulada “Lógica de Port Royal” ou “Arte de Pensar”. Estevão Cruz a considera como a ciência da arte de
pensar, enquanto que o Almirante A. Thompson, em sua “Filosofia Contemporânea” define a Lógica como a ciência das leis do
pensamento e a arte de aplicá-las ao conhecimento da Verdade. De qualquer maneira, a Lógica é a ciência que estuda as
operações intelectuais que dizem respeito à pesquisa da verdade, impondo à razão e à lei (humana) o seu objetivo filosófico que
consiste no culto desta mesma Verdade.
Desde os tempos de Port Royal, a definição de Lógica sofreu, porém, uma evolução natural. Tomando a lógica de
Aristóteles de um ponto de vista cartesiano, os lógicos de Port Royal vulgarizaram as obras de Bacon e de Descartes,
esforçando-se por torná-la inteligível e simples. Mas a definição que deram compreendia-se perfeitamente numa época em que
se pensava que toda a ciência estava contida num pequeno número de verdades universais, das quais só se pensava em tirar
conseqüências corretas. Sob este ponto de vista, qualquer descoberta nunca era mais do que um raciocínio, e daí o lugar imenso
que a Lógica tinha na filosofia da escola. Mesmo então, entretanto, a Lógica supunha antes dela a ciência dos princípios,
também chamada metafísica. Nos nossos dias, o que se chama a invenção ou a descoberta parece freqüentemente superior às
próprias regras da lógica pelo que nela entra de intuição e de inspiração.
Para dirigir os processos do raciocínio, é preciso, de princípio, ter-lhe decomposto todos os elementos e ter-lhe notado
todas as formas; é a tarefa do que se chama a lógica formal. Ela investiga como a natureza das idéias se encontra nos termos
que a designam, e dos quais estuda a extensão e a compreensão; distingue os termos positivos e os negativos, os singulares, os
gerais e os universais. Passa em seguida às proposições simples ou compostas, complexas ou incomplexas, absolutas ou
condicionadas, convertíveis, ou não, umas nas outras. Estuda, enfim, todas as figuras e os modos do silogismo.Toda esta parte
da lógica poderia passar, em rigor, por um ramo separado da psicologia do entendimento.
A lógica aplicada regula o emprego destas diversas formas. Divide-se em duas grandes partes: a lógica dedutiva e a
lógica indutiva, segundo o sistema de John Stuart Mill.
A lógica dedutiva foi fundada inteiramente, quase de um só lance, por Aristóteles. Deu do silogismo, a sua expressão
mais característica, uma teoria inabalável. A questão freqüentemente debatida de saber se o silogismo é, ou não, um instrumento
de descoberta real, ultrapassa a lógica propriamente dita: envolve todo o problema do conhecimento.
Da mesma maneira, a lógica indutiva, sem pesquisar o fundamento da indução, toma-a tal qual o homem a pratica e
aplica-se a dirigir todos os seus processos. É sobretudo à experimentação e às experiências que ela se liga para dar as regras.
Aqui ainda, pode-se dizer que o trabalho foi feito, quase de uma só vez, por Bacon, ao qual Stuart Mill, todavia, felizmente
completou ou esclareceu alguns preceitos.
A filosofia subdividiu a Verdade (com V maiúsculo), para melhor analisá-la, em verdade moral, em verdade lógica e em
verdade metafísica ou verdade ontológica, sendo também classificadas estas subdivisões. Segundo o Almirante A. Thompson:
“A primeira é a subjetiva; a segunda, conquanto se derive dessa primeira, é a que é dada pelos
conhecimentos, nos quais a nossa inteligência se integra com o que é; a terceira, derivando-se em parte desta, dá na maior
parte o que o sistema racional matemático nos fornece”.
2
A Verdade é o Absoluto. Mas à verdade lógica pode opor-se o erro lógico, como à verdade ontológica se opõe a
falsidade. Por isso a Lógica se divide em duas partes: a lógica formal ou geral, que se ocupa dos pensamentos-forma, abstração
feita da matéria; a lógica especial ou aplicada (metodologia) que estabelece os métodos especiais, segundo os objetos a
conhecer para o emprego daquelas forma.
Á elas se acrescenta uma terceira, a criteriologia ou lógica crítica que, como o seu nome indica, trata da crítica,
esmiuçando a verdade e o erro.
É na lógica formal que se encontram as operações intelectuais para a pesquisa da verdade.
São estudadas, portanto, a idéia e sua expressão verbal, o termo; o juízo e sua expressão verbal, o silogismo.
É na lógica aplicada ou metodologia, que se aplicam os pensamentos aos fins especiais da ciência. Seus métodos são:
os da análise e da síntese.
Aristóteles dizia que a filosofia conhece a verdade; a dialética tenta conhecê-la; o sofisma simulá-la.
Há no homem sensato uma lógica natural, que se chama bom-senso. Ora, o bom-senso, devendo ser o justo equilíbrio
entre as qualidades dos intelectuais e dos atributos morais do indivíduo, é o melhor critério para julgar e comparar a verdade com
a mentira.
Não pode haver lógica sem o bom-senso e, assim, se todos os legisladores se guiassem, ao menos, pelo “bom” senso,
não haveria leis absurdas e desconexas com os princípios e as razões das coisas.
A lógica artificial se fundamenta na sabedoria popular que, aliás, tem muito de bom-senso.
Indubitavelmente, diz-nos Fonsegrive, os homens já raciocinavam corretamente, antes que Aristóteles descobrisse as
leis do raciocínio correto.
Quase sempre, para se chegar aos domínios do raciocínio, passa-se pelos caminhos da intuição e da imaginação.
E, com Estevão Cruz, dizemos que, se não se tivesse analisado o raciocínio, não se lhe teria descoberto as leis.
Em tudo, arremata o Almirante Thompson, a arte precede à ciência, e a prática à teoria.
Sobre a Lógica devemos, para finalizar, mencionar os trabalhos dos filósofos que se dedicaram ao seu estudo e
aprofundaram, estruturando-a, esta ciência do raciocínio. Tendo sido o primeiro a estudar a fundo a Lógica, a ele pertence a
primeira obra. O seu “Organon” dominou os espíritos da Idade Média, sendo o mais admirável monumento da ciência lógica. Esta
coleção dos tratados de Aristóteles sobre a lógica é um sistema verdadeiramente ordenado e compreende: 1º as Categorias,
distinção dos diversos pontos de vista para estudar os objetos; 2º a Hermenéia ou Interpretação, estudo da proposição e suas
partes constitutivas; 3º os Primeiros Analíticos, estudos das leis do raciocínio silogístico; 4º os Últimos Analíticos; 5º os Tópicos,
em oito livros, estudo do raciocínio dialético; 6º a Refutação dos sofistas, estudo sobre as causas dos falsos raciocínios.
Foi a obra que prevaleceu durante toda a Idade Média, até o ano de 1662, quando apareceu a obra de Arnaud e Nicole
“Lógica de Port Royal”, escrita para a educação do moço Duque de Chevreuse, à qual se seguiram a obra de Condillac “Lógica”,
em 1780, a de Hegel, com o mesmo título, em 1812-1816, e o “Sistema de Lógica Dedutiva e Indutiva” de John Stuart Mill, em
1843, tratados pioneiros sobre os quais assenta tudo o que se escreveu até nossos dias.
Eis, em síntese, o que poderíamos dizer sobre a Lógica para que dela se tenha uma idéia superficial e aproximada,
porque, para estudar a Lógica no ponto em que a colocaram os filósofos e os pensadores, necessitaríamos de vários volumes.

Niterói, 30 de junho de 1962.

N.R.: Artigo inédito. Para maiores esclarecimentos, ler explicações na edição de nº 39.

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CURIOSIDADES
JUDAS DE KERIOTH
Ir.: VALFREDO MELO E SOUZA(*)

Criado um suspense no destino de Judas Iscariotes na história das horas finais de Cristo no polêmico “A Paixão de
Cristo”, de Mel Gibson. Turbilhão de pensamentos . Evocação dos Evangelhos: Sou eu Mestre? Tu o disseste. Com um beijo
traís o Filho do Homem? O pacto da traição. O remorso do ato praticado. A devolução dos dinheiros. O suicídio por enforcamento
em uma árvore. O cenário sócio-cristão. A mensagem crítica. Profundidade psicológica.
De literatura rabínica e passagem histórica (apócrifa) da vida de Judas, colho traços de suas últimas palavras (o
testamento) aonde ele chega a afirmar: “Ninguém O amou como eu O amei. Ninguém dos que O seguiam, era como eu, um
fariseu de família nobre, homem de fortuna e ouro”; Judas, de fato, era o único discípulo de Jesus que não era da Galiléia.
Declara ele: “meu espírito ardia de alegria, ao encontrar os olhos d’Ele, e eu exultava e trocávamos sorrisos, embora o sorriso
d’Ele tivesse uma sombra de tristeza. Ele então desviava os olhos e um frio glacial me paralisava e eu ficava pensando: o que eu
teria feito para defendê-Lo, a Ele, o núcleo ardente de meu coração?” O ato de traição foi, na verdade, uma tentação demoníaca
que se apoderou do coração deste homem. E segue: “A glória de Seu semblante proclamava, em Sua radiosidade, que ali
estava o Messias, o sacerdote de todos os sacerdotes, o Deus do universo, o Rei dos Reis, vestido de poder e honra, divino e
elevado ao trono. Quando foi preso pelos romanos e pelos guardas do Templo, regozijei-me, pois eu disse em meu coração:
Agora Ele os repelirá. Agora Ele revelará. Agora Ele se expandirá em sua majestade e todos O conhecerão! Se O tocarem,
morrerão! As hostes dos anjos descerão para levá-Lo” ! Deus não permitirá que Seu Filho seja degradado pelas mãos dos
homens!” Mas Ele entregou-se obedientemente. Docemente. Judas Iscariotes, o filho de Simão, se enganara. “Que nenhum
homem ponha a morte d’Ele sobre a cabeça de Judas. Todos o mataram”. Diz mais, Judas: “Aquele que me chamar traidor,
primeiro procure examinar-se bem em seu coração, pois cada vez que um homem peca ele põe um cravo a mais naquela cruz
no morro do Gólgota”.
“Sigo em frente com esperança, pois o profeta disse que do aumento do Reino de Cristo não haverá fim. E assim
esperando unir-me a Ele, aguardo o dia em que a terra há de tremer, as montanhas tombar no mar e Seu sinal surgir no céu.
Então saberemos que Ele está conosco e toda a humanidade se regozijará, mesmo no meio da desolação. Pois então todos os
homens saberão que Ele subiu à cruz para salvação de nós todos para mostrar a vida eterna”.
“Esse é o meu último testamento, e se algum homem tirar alguma parte dele, outro tanto será tirado de sua própria vida.
Vou depressa, amado Deus, pois, assim foi Jesus. Aceitai-me, Senhor, pois pequei em meu orgulho, e nesse orgulho não sabia
o que fazia. Que Jesus Cristo esteja com todos, como estava comigo. Amém”. Escuto um eco vindo da cruz:Tudo está
consumado. Pai ! Em Tuas mãos entrego o Meu espírito !”
Fim da missão de Judas, filho de Simão, nascido em Kerioth, região da Judéia. Um espião do sinédrio ou um patriota
preocupado com a libertação de seu povo?
A Bíblia ou a Tradição? Que jogos sagrados serão necessários inventar para se entender a consciência deste homem?
E volto ao entendimento do “homem louco” de Nietzsche: Onde está o Homem? O Homem está morto. E fomos nós que o
matamos, vós e eu. O que nos limpará deste sangue? Com que água lustral haveremos de nos purificar?
Ecce homo! Faça o seu julgamento.
(*) Academia Maçônica de Letras do DF

Novos Tempos - Serviços & Contabilidade Ltda.

“Contabilidade Geral - Serviços de Despachante – Assessoria


Fiscal
Certidões Negativas – Marcas e Patentes – Imposto de
Renda”.

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Direção Ir ∴ Wilson Santos - Loja Adonai 1377 - GOERJ


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PARA PENSAR
ESCRAVOS OU HOMENS LIVRES?
Jaricé Braga (*)

Em 1559, a Coroa Portuguesa deu autorização para que cada senhor de engenho comprasse, no máximo, 120
negros por ano. Na época os negros eram trocados, principalmente, por fumo ou aguardente. Pior que isso era a forma
como os escravos vinham para o Brasil. Isso é, quando chegavam vivos... E os pobres escravos nem adivinhavam que o
pior ainda estava por vir, em terra firme.
Muitas pessoas lutaram pela abolição da escravatura negra no Brasil durante a década de 1870. Essas pessoas,
chamadas de abolicionistas, eram principalmente intelectuais que viviam nas grandes cidades. Acredite se quiser, mas o
Brasil era o único país independente das Américas que ainda preservava a escravidão.
Todo os dias lembramos da libertação dos escravos; situação dos negros no Brasil; trabalho infantil; subemprego
etc. Colocamos em pauta essa questão que reflete sobre as formas de escravidão, não só do negro como também de todo
o cidadão brasileiro com a situação econômica a que somos submetidos todos os dias.
Desde os primórdios dos tempos, o homem tem escravizado outros homens, sejam eles brancos ou pretos. As
grandes civilizações tiveram a mão-de-obra escrava como seu principal meio de produção. Na antigüidade podemos citar
como exemplo mais claro, o Império Romano, que chegou a ter mais escravos do que cidadãos.
Podemos citar, ainda, nosso colonizador, Portugal, que desenvolveu o maior e mais lucrativo empreendimento
escravista da época. O sistema econômico implantado no Brasil e em outras colônias portuguesas fez do comércio de
negros africanos, homens e mulheres, um meio eficaz de atingir o lucro rápido e fácil, inclusive utilizando a riqueza do
nosso Brasil para pagar suas dividas externas.
ESCRAVIDÃO MODERNA - Será que hoje no ano 2006 podemos dizer que acabou a escravidão? O desemprego,
a falta de cultura do nosso povo, a fome e a miséria, crianças nas ruas, pais de família desempregados mendigando o seu
pão de cada dia, tudo isso é real.
Segundo dados oficiais, o desemprego chega a mais de 6 milhões de brasileiros, (entre eles, é claro, muitas
famílias maçônicas). Hoje o profissional não procura mais o salário desejado e sim o oferecido. Essa não seria isso mais
uma forma escravismo, além da escravidão física, isto é, utilização de mão-de-obra nas fábricas, nas usinas, no campo,
etc.?
A mídia desempenha diariamente um papel massificador. Através da propaganda ela ordena, consuma!!! “Faça
como as pessoas bem-sucedidas, seja uma delas.” Consuma e descarte. Quanto “custa” consumir? Para onde vai o que
você descarta e quais as conseqüências disso ao ambiente?
Isso é, ou não, escravidão? Moderna, mas escravidão.
DESEMPREGO NO TEMPLO - Ano 2006. Nasce uma criança um novo ser uma semente plantada na esperança
de um mundo melhor, de uma família de classe (digamos) média. Será que ainda existe a conhecida classe média? Não
sei! Digamos que sim, existe, e a felicidade chega naquele lar e toda a família tenta investir nessa criança para que no
futuro ela possa ao menos viver.
Outro dia estava em uma loja maçônica e um pai conhecido como classe média (ou seja: ele tem o seu carro do
ano, seu emprego com a cunhada também empregada, e os dois vivem com todo o conforto que a vida pode oferecer e se
dão ao luxo de ir ao supermercado não menos de duas vezes por mês.
A conversa continua e esse Irmão confessa: fui mandado embora da empresa onde trabalhava há mais de quatro
anos. Só a minha mulher continua trabalhando e recentemente fui chamado pelo meu filho de apenas 14 anos, que me
disse: ‘Pai, vou aproveitar essas eleições e distribuir santinho na rua que eles estão pagando 20 reais por dia, e isso pode
ajudar aqui em casa”. Neste momento, o Irmão, considerado classe média, observou que seus olhos se enchiam de
lágrimas sem uma resposta a dar para seu filho.
Recentemente, em minhas andanças, um Irmão por opção desabafou: “Irmão Braga, eu estou pedindo socorro!
Minha família está passando por necessidade. Estou empregado, ganhando 400,00 por mês e no meu último emprego eu
ganhava 2.500 reais. Estou completamente perdido. O que devo fazer?”
Em outro local, um Irmão me procura: “Irmão Braga, preciso de ajuda. Meu filho está cursando o terceiro ano de
Medicina, e vai ter que parar porque não tenho mais condições de pagar. O que posso fazer? Estou desempregado há um
ano e quatro meses. Ganhava 1.300 reais. Hoje estou empregado ganhando 450,00 reais. Preciso de ajuda.”
Um outro irmão conhecido e respeitado chega no seu trabalho e, no seu horário do almoço, resolve não mais ir
almoçar para dar o seu ticket-refeição a seu filho desempregado há um ano, com dois filhos e o desespero batendo na sua
5
porta. E o pai entrega ao filho o seu ticket e, com lágrimas nos olhos, volta ao seu local de trabalho para tentar cumprir
com sua missão.
Meus Irmãos, como todos sabem, continuamos a fazer filantropia externa. Pode isso? Vamos fazer filantropia, em
primeiro lugar, dentro de casa. Como diz a própria bíblia: “Mateus, primeiro os meus.” Vamos nos unir e verificar com todos
aqueles que sentam ao nosso lado e chamamos de Irmão. Procure conversar melhor com seus Irmãos em Loja e veja a
situação verdadeira de cada um e confirme o absurdo da vida de muitos de nossos Irmãos.
Nós, Maçons, somos homens livres e só com liberdade poderemos realizar a nossa generosa utopia de fazer a
humanidade feliz. Não podemos fazer isso sendo escravos da necessidade.
O povo brasileiro, e em particular a família maçônica, somos verdadeiros escravos da própria vida e a nossa única
esperança de salvação é a nossa Sacrossanta Instituição, por sua seriedade e grandes homens que nela existem. Para
isso não precisamos de grandes esforços. Basta apenas que seja feita a verdadeira união tão propalada entre nós. Vamos
criar objetivos concretos. Vamos continuar com o nosso esoterismo dentro dos nossos templos. Vamos unir essa força e
esse poderio, que é a nossa Instituição. Vamos unir A MAÇONARIA, e isso não importa que seja Grande Loja, Grande
Oriente ou Grande Oriente Independente, em nome de todos os Irmãos desempregados, ou subempregados, que passam
por dificuldades e sofrem a tristeza interior de distribuir cestas básicas sabendo que tem em casa a geladeira vazia.
Os políticos de hoje não falam em outra coisa a não ser em desemprego. Uns prometem oito milhões de novos
empregos, outros prometem empregos para a juventude, todos têm uma solução, mas na verdade não colocam nada em
prática por interesse pessoais. A grande verdade é que fazem discursos prometendo isso ou aquilo mas nunca fizeram
nada para o bem do nosso povo.Brincadeira!
Candidatos a senadores, deputados e presidente prometem salvar o Brasil desta grande lama. Todos fazem a
mesma crítica e ao mesmo tempo todos eles nunca fizeram nada para o bem daqueles que por opção chama de irmão. Ou
será que fizeram e eu não vi? Brincadeira!
Os egoístas, os trapaceiros e os gananciosos transformaram a saúde e o ensino público em um verdadeiro
comércio causando assim o início da destruição do nosso povo. Assistimos quase que diariamente que para um pobre
marcar uma consulta é preciso no mínimo 30 a 40 dias de espera, isso sem falar em uma cirurgia que chega ao absurdo de
oito meses a 1 ano de espera. Brincadeira!
Como podemos controlar a violência se o salário mínimo não passa de 300 reais e o traficante oferece ao seu filho
dez vezes mais? Como podemos controlar a violência quando é anunciado um concurso para o jovem recém-formado
ganhar 400 reais e ele tem que disputar cinco vagas com mais de 10 mil pessoas? Como podemos acabar com a violência
se o custo de um presidiário declarado na televisão é de mais de 1 mil reais por mês e o trabalhador assalariado ganha 300
reais? Como podemos acabar com a violência se a cada dia as marquises e os viadutos recebem novos moradores?
Brincadeira!
Me atrevo nesse contexto a fazer algumas perguntas. Se somos 15 mil, por que não temos um departamento
médico para atender aos nossos Irmãos e seus familiares? Por que não temos escolas para atender aos nossos filhos? Por
que não temos um departamento jurídico para atender a nossa família? Por que não criamos uma sociedade de
verdadeiros homens livres e de bons costumes que queiram trabalhar em prol da humanidade?
Uma coisa não podemos negar: na Maçonaria circula sem dúvida a nata da sociedade e é da nata da sociedade
que conhecemos os grandes e verdadeiros líderes, é da nata da sociedade que unida faz a humanidade feliz. Por que
estamos errando? Por que não estamos realizando a nossa missão?
Chega de ficar atrás da porta reclamando e criticando. Vamos fazer e isso quer dizer: vamos criar objetivos
concretos e não importa se é Grande Loja, Grande Oriente ou Grande Oriente Independente, isso é MAÇONARIA.
Não adianta! Podem reclamar à vontade mas continuarei dizendo que na Maçonaria existe, é claro, todo o seu lado
esotérico e isso é pessoal: cada um traz dentro de si todo o esoterismo existente em nosso rituais. Ser Maçom não é só
fazer ou praticar esoterismos. Ser maçom é, também e acima de tudo, lutar por um dia melhor para a nossa humanidade
como sempre foi feito no passado e não podemos deixar de fazer no presente.
Como podemos falar de MORAL e ÉTICA, se em pleno ano 2006 proibimos de circular um periódico como A VOZ
DO ESCRIBA. Brincadeira!
Que surjam das cinzas essas lideranças com o pensamento de fazer de nossa Sacrossanta Instituição um meio
para salvar a nossa humanidade.
Mas antes precisamos nos salvar a nós mesmos. Vamos esquecer o passado e agir no presente, salvando os
nossos Irmãos, salvando as nossas famílias, salvando as nossas crianças para que em um futuro bem próximo possamos
dizer: agora sim, somos Independentes, e não somos mais escravos.
Participe mande sua opinião!

(*)Editor de “A VOZ DO ESCRIBA”

6
PARA PENSAR II

A MAÇONARIA E A MULHER

"A entidade maçônica mais irregular do planeta é a Grande Loja Unida da Inglaterra – GLUI. Alguns de
seus critérios e Landmarks ferem a essência do humanismo e da democracia e violam a Constituição de quase
todos os países civilizados, assim como os princípios essenciais da ONU, da Unesco e dos proclamados Direitos
Humanos. A base disto é a sua discriminação à mulher e ao deficiente físico e a imposição da Bíblia judaico-
cristã nas lojas, que fere a universalidade e a isenção da Maçonaria e desrespeita a crença de cada um. É um
retrocesso na evolução humana, enfim. Portanto, a GLUI está na contramão da história, não tem moral alguma
para ditar regras maçônicas para a humanidade. A Grande Loja Unida da Inglaterra não é a mãe da maçonaria,
apenas a instituidora do moderno sistema de Potências ou federação de Lojas.
As lojas já existiam há séculos e até milênios se nos reportarmos à civilização egípcia; já existiam no mundo
greco-romano, desde Numa Pompílio, com seus "Collegia Fabrorum" (espécie de corporações, guildas ou sindicatos
profissionais da época), levados pelas legiões romanas e seus Pontífices para todo o mundo de então, e especialmente
para a Inglaterra onde fundaram as várias cidades com a terminação "chester", e a atual York, denominada Eboracum
pelos Romanos.
Para fazermos justiça, o máximo que se poderia dizer como autêntico mérito da GLUI foi organizar com mais
eficiência o sistema de potência administrativa, uma vez que antes dela já se conhecia e se usava a eleição de Grãos
Mestres mediante assembléias de representantes, por um ano, numa determinada região, sendo eles os porta-vozes de
toda a comunidade maçônica perante o mundo profano. Com estas palavras, respondemos em definitivo aos
questionadores e criadores de sofismas sobre a verdadeira regularidade maçônica.
As únicas Potências Maçônicas Regulares são aquelas que mais trabalham pela humanidade e cujas
instruções elevam o nível de seus obreiros; distinguem-se pela defesa de princípios essenciais da maçonaria universal, o
laicismo, o anti-dogmatismo e a isenção. Apóiam-se no bom senso, na civilização, na efetiva – e não apenas teórica e
proclamada – igualdade de direitos e na universalidade de seus conceitos.
O Brasil, ainda considerado um país do Terceiro Mundo, é no entanto, um dos mais avançados em matéria
de leis justas; nossa Constituição estabelece expressamente a igualdade de direitos entre os sexos. É, pois, uma violação
da Constituição Brasileira discriminar alguém por causa do gênero. Recentemente, tivemos a notícia da recusa por
Cartórios do Distrito Federal do registro do Estatuto de uma Loja onde constava o arcaico preceito de "iniciação
exclusivamente de homens". Os brasileiros começam a aplicar na prática com maior rigor as normas constitucionais!
Embora tradicionais, e no passado tenham prestado importantes serviços ao país e à humanidade, perante a conceituação
acima, são IRREGULARES todas as obediências maçônicas que violam e desobedecem a Constituição Brasileira, seja
discriminando a mulher e o deficiente físico, seja impondo livros religiosos exclusivos em suas Oficinas de Trabalho.
A Maçonaria não é uma religião, é uma Instituição laica, filosófica, humanística e social. Potência Maçônica
Regular – de acordo com a Constituição Brasileira -- é aquela que está isenta de preconceitos raciais, religiosos,
ideológicos, regionais ou de gênero, que trabalhem pelo aperfeiçoamento dos seres humanos e pelo progresso da
civilização. Os seres humanos devem ser julgados por seus atos e nunca por suas crenças.
Decorridos quase 300 anos, o mundo evoluiu consideravelmente, tanto em termos materiais como espirituais e
filosóficos. A mulher, por outro lado, deu sobejas provas de que pode ser tão competente quanto qualquer homem, em
qualquer atividade – mesmo naquelas que requeiram coragem e resistência física; neste século, ela alcançou, por seu
próprio mérito, sensibilidade e inteligência, as mais elevadas posições sociais, políticas, científicas, técnicas, esportivas,
militares e intelectuais na sociedade humana. A discriminação de que a mulher ainda é objeto no Brasil, para fins de
ingresso na Ordem, é absolutamente ilógica, ilegal, contrária à História e ao Progresso, e tem raízes numa educação
arcaica e no mais desprezível e vulgar preconceito.
A Maçonaria orgulha-se – com justa razão – dos movimentos e conquistas históricas dos quais participou e
proclama os méritos de seus mártires e heróis. Giuseppe Garibaldi foi um deles, tido como o herói de dois mundos, lutando
pela unificação italiana e nas lides revolucionárias da América Latina. O que nunca se menciona é que ele foi filiado a Lojas
MISTAS, sob o Rito de Memphis-Misraim, e que também fez iniciar sua esposa e companheira, a brasileira Anita Garibaldi.
Garibaldi, quando Soberano Comendador Grão Mestre da Maçonaria em Palermo, a 25 de maio de 1864, decidiu fundar
para o bem da Maçonaria italiana Lojas Femininas, na prática Mistas, já que os irmãos participavam normalmente de seus
trabalhos. Em seus Placets, constam as Iniciações de sua filha Teresita e de Luigia Candia, esposa do irmão do Grau 33º
7
Paulo de Michelis. Estes não foram fatos isolados, já que em 1867 o General Grão Mestre concedia o Placet de Exaltação
a Mestre Maçom à senhora Suzanna Helena Curruthres. Oswald Wirth, notável ocultista, maçom, astrólogo, alquimista e
hermetista, cujos símbolos decoram Lojas no mundo inteiro, (e todas no Brasil) e cujas Instruções profundas são um
precioso tesouro para os estudos de todo Mestre Maçom, foi membro de Lojas Mistas no Chile. Simón Bolívar, o grande
Libertador da América, era membro de Lojas Lautarinas – MISTAS; ele igualmente fez iniciar sua companheira Manuela de
Sáenz.Aldo Lavagnini, o popular Magister das nossas Instruções Simbólicas e Filosóficas, também foi filiado a Lojas
Mistas. A lista é longa e contém honrados nomes da História do mundo!
Em março de 1988, no IV Congresso de História e Geografia realizado em Londrina pela Academia Maçônica
Brasileira de Letras, a GLADA (Obediência Maçônica Mista), propôs a extinção sumária do Landmark nº 18 e a revogação
das restrições à Adoção de Lowtons das meninas, filhas de maçons: entre 274 presentes -- maçons representantes de
vários Estados brasileiros e de diversas Obediências -- nada menos que 270 votaram a favor da proposta ! Conclui-se que
o povo maçônico, em sua esmagadora maioria, é contrário à discriminação das mulheres e das meninas. Hoje, talvez em
função do árduo trabalho das diversas Organizações Maçônicas Mista, já se notam, nas Potências tradicionais,
movimentos, ainda que tímidos, para mudar este estado de coisas.
Pode-se dizer que a França é, desde o século XIX, um dos países do mundo que mais naturalmente aceitou a
participação da mulher nos trabalhos maçônicos. O Direito Humano foi aí fundado em 1893, por Georges Martin e pela
escritora Marie Deraismes. A Grande Loja Feminina da França, que hoje abriga mais de 9 mil filiadas, em 250 Lojas, foi
fundada em 1945, com apoio da Grande Loja da França. Mantém relações de amizade e mútuo reconhecimento com a
Federação do Direito Humano da França (misto, com 10 mil obreiros) e também com o Grande Oriente da França
(masculino, com 60 mil obreiros) e com a Grande Loja da França (masculina, cerca de 20 mil membros).Há entre essas
Obediências convênios de visitação recíproca, em reuniões mistas, e elas se reúnem conjuntamente pelo menos uma vez
por ano, em sessão regular, em grau de Mestre, para confraternização e principalmente para debater assuntos de interesse
comunitário e nacional. Em qualquer cidade francesa, é possível encontrar um "prédio maçônico", com vários Templos, e
em cada um deles funciona uma ou mais Lojas de diferentes Obediências. Tratam-se irmãos e irmãs com mútuo respeito e
profundo espírito de cooperação. "Nenhuma Loja nova – masculina, feminina ou mista -- fica sem teto" – garantem-nos
Irmãos franceses. Sempre uma Loja já existente a acolherá em suas instalações, cedendo espaço e comodidades para seu
funcionamento.Desde fevereiro do ano 2000, o Grande Oriente da França, embora permaneça uma obediência masculina,
praticamente aboliu o Landmark que alija as mulheres da Iniciação, e autorizou qualquer Loja de sua jurisdição a receber a
visita de mulheres maçons, dando-lhes irrestrita liberdade de pronunciar-se em Loja e participar dos trabalhos. Existem
hoje na França cerca de dez Obediências maçônicas, congregando aproximadamente 100 mil maçons, dos quais perto de
60 mil pertencem ao Grande Oriente da França. Entretanto, a única Potência francesa reconhecida pela Grande Loja da
Inglaterra é a Grande Loja Nacional Francesa, fundada em 1913 – masculina, é claro -- que congrega apenas 8 mil
membros. Todas as restantes Potências são consideradas irregulares !...É preciso considerar ainda o fato que os 92 mil
maçons franceses (ditos) irregulares são os mais ativos, os que mais participam dos eventos históricos do país, e os que
apresentam as mais importantes contribuições para a Paz e para o benefício da comunidade mundial -- como a União
Européia, o Parlamento Europeu, a Corte Européia, o reerguer da Maçonaria nos países do Leste Europeu e nos que foram
longamente dominados por ditaduras, a luta pelo laicismo e a defesa dos direitos da mulher em todo o mundo.
Qualquer mulher maçom que se faça reconhecer como tal, às portas do Grande Oriente da França, tem livre
entrada no grande prédio da Rue Cadet nº 16, em Paris. Identificando-se na rua como maçom, não somente na França,
mas em qualquer lugar da Europa, uma mulher receberá assistência fraternal, da mesma forma que qualquer homem, e o
Irmão que lhe prestar ajuda não terá qualquer expressão de estranheza, dúvida ou desdém, como é tão comum na América
Latina. Bem ao contrário do que ocorre tão freqüentemente em nosso País (principalmente no interior), não há em toda a
Europa um só maçom que desconheça a existência de lojas femininas ou mistas. Como não há um só que se atreva a dizer
que sejam "irregulares" ou "espúrias" – termos que ainda ouvimos aqui e ali da boca de incultos maçons brasileiros.
O grande compromisso da Maçonaria é com a Verdade e com o Ser Humano, e não com costumes próprios de uma
época ou de um lugar particular do mundo. "

N.: E.: O autor do texto é desconhecido, tendo sido o mesmo enviado à nossa redação, como colaboração, pela
Irmã MARIA F.V. RODRIGUES, da Loja ORION Nº 28, Oriente de Santos (São Paulo).

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NOTÍCIA RELEVANTE

UM MEMORÁVEL EVENTO DA CULTURA MAÇÔNICA FLUMINENSE


Ir.: e Confrade Francisco Feitosa da Fonseca

A Maçonaria fluminense, em noite de gala, perpetua em sua história o memorável dia 15 de julho de 2006, quando o
plenário da Câmara Municipal de Vereadores de Niterói se fez palco para instalação da egrégia Academia Niteroiense
Maçônica de Letras, História, Ciências e Artes e posse de seus valorosos acadêmicos:

Cadeira Patrono Acadêmico


01 Alaôr Eduardo Scisinio Jorge Tavares Vicente
02 Antônio Alves Vianna Reginaldo Santos Lopes de Oliveira
03 Belarmino Siqueira (Barão de São Gonçalo) Francisco Paulino Campelo
04 Hernani Pires de Melo Flávio Augusto Prado Vasques
05 Alfredo Augusto Guimarães Backer Daniel Pereira Vallado Filho
06 Benjamim Sodré João Galvíncio Ribeiro
07 José Navega Cretton Josemar da Silveira Reis
08 Nicola Aslan Aridelson Nunes de Oliveira
09 Mário Brasil de Araújo Edson Oliveira dos Santos
10 Octavio Kelly Leandro Ribeiro da Silva
11 Irineu Evangelista de Souza (Barão de Mauá) Roberto Ribeiro
12 Isaú de Almeida Lola Antonio Carlos Pereira
13 Cid Cabral de Melo Ítalo Barroso Aslan
14 Alfredo Lino Maciel de Azamor Carlos Alberto dos Santos
15 Raul de Oliveira Rodrigues Ubyrajara de Souza Filho
16 Rafael Rocha Hudson Ventura
17 Mathatias Bussinger Robson Rodrigues da Silva
18 Antônio Maria Seneno Belém Elmo Machado Azevedo
19 Celestino Gomes de Oliveira Marcos José Santos da Silva
20 Jamil Kauss Roosewelt Francisco Ferreira Jardim
21 Quintino Bocaiúva Francisco Feitosa da Fonseca
Mário de Araújo Lima - Presidente Vitalício de Honra

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Contando com cerca de trezentas pessoas prestigiando tão singular evento, dentre elas, autoridades maçônicas, civis e
militares, o histórico prédio da Câmara Municipal tornou-se pequeno apesar de sua grandiosidade como instituição e
cenário de memoráveis acontecimentos da história niteroiense.
Destacamos, fazendo parte da Mesa Diretora, as presenças do Presidente da Câmara Municipal de Niterói o Exmo. Senhor
Vereador José Tavares Vicente Filho; o Eminente Grão Mestre do GOIRJ Irmão Héliton Gomes Teixeira; do Irmão 2º
Grande Vigilante da GLMERJ José Mário da Silva Pinto e os Acadêmicos Jorge Tavares Vicente e Mário de Araújo Lima –
Presidente e Presidente Vitalício de Honra da Academia Niteroiense de Letras, História, Ciências e Artes, respectivamente.
Após a apresentação dos empossandos, deu-se início à cerimônia com a abertura cívica solene com a entoação do Hino
Nacional.
O presidente da Câmara Municipal o Exmo. Vereador José Tavares Vicente Filho, após passar a presidência dos trabalhos
ao Acadêmico Presidente – Jorge Tavares Vicente, proferiu um contagiante discurso enaltecendo a brilhante iniciativa da
fundação da Academia, de sua importância cultural para Maçonaria e para Sociedade fluminense e, em nome dos
Legislativos daquela Casa, agradeceu a honra de poder, tão nobre evento, ali se realizar. Ainda em suas palavras, disse o
nobre Vereador, que aquela egrégia Casa testemunhou e guardará em seus anais um dos maiores acontecimentos
culturais ali registrado. Ressaltou o alto grau intelectual dos acadêmicos e que a cidade de Niterói, a partir de então, abre
uma nova página em sua história.
Após dar posse aos valorosos literatos da Academia, o Acadêmico Presidente prestou justa e merecida homenagem aos
Irmãos Luiz Simplício Noya de Alencar, Sérgio Moreira Mendes e Maurice Hadad - ambos Veneráveis Mestres das
AA∴RR∴LL∴MM∴Liberdade, Igualdade e Fraternidade nº 5; Evolução nº 2 e Araribóia nº 1698 respectivamente, assim
como ao Irmão Luiz Romero Crespo Veloso – presidente do Palácio Maçônico de Niterói, materializando-a com a entrega
de diplomas. Em seguida, convidou os Acadêmicos Mário de Araújo Lima, Reginaldo dos Santos Lopes de Oliveira e Flávio
Augusto Prado Vasques que, junto com ele, foram idealizadores da Academia e os outorgou as três primeiras Comendas
da Ordem, que recebeu o nome do Ilustre Maçom Benjamim Sodré, no grau de Comendador.
Em suas considerações finais, fez um breve relato sobre a Academia, desde a idéia plasmada até hoje, sua concretização.
Maçom entusiasta e de uma visão ímpar, nosso Acadêmico Presidente se mostrou convicto de que a Academia se firmará
na história da Maçonaria fluminense e, quem sabe, brasileira, atingindo seus excelsos objetivos de resgatar, elevar e
difundir a cultura, sendo um novo Sol que surge iluminando com seus raios de sabedoria mentes e corações do povo
fluminense.
Em nome dos Imortais ora empossados coube ao Acadêmico Francisco Paulino Campelo a honra de agradecer, em bela
oratória, aos seletos convidados pelo brilho que deram a tão singular evento e ressaltou a importância da Academia no
resgate da história e como propulsora no cenário cultural fluminense.
A pedido, foi concedida a palavra a sra. Maria Ivone Valladares de Alburquerque – acadêmica, educadora, ex-vereadora
por Niterói, filha e irmã de Maçom – que, em uma retórica empolgante exaltou os valores de nossa sacrossanta Ordem
prestando uma calorosa homenagem aos nobres acadêmicos e recitando uma breve poesia à “Cidade Sorriso”.
Foi, de fato, uma noite memorável à altura dos maiores eventos culturais que a cidade já testemunhou e que o mundo
maçônico não se cansará de exaltar. Niterói, que se traduz em “O caminho que percorre o Sol”, vê surgir um novo Sol
irradiando cultura maçônica a partir das terras de Araribóia.
A Maçonaria regojiza-se com este novo rebento que não está ligado a uma Potência, mas a todas as Potências Regulares
de nosso Estado, onde através de seus nobres Imortais, comunga-se, harmoniosamente, os ensinamentos de vários Ritos
entoados em um só idioma, a igualdade, fazendo jus ao carinhoso tratamento dispensado aos membros dessa Academia –
os iguais.
Diante do momento atual em que vive a humanidade, onde é notória a total inversão de valores, a criação de tão nobre
Academia nos traz os ares da esperança, com o resgate da ética, do caráter e da cultura. A disseminação da cultura é o
único caminho de conscientização de um povo, a fim de revolucionar uma nação sem o uso da violência, extirpando,
conseqüentemente, as injustiças e desigualdades.
Entendemos que o surgimento de um movimento cultural transcende ao nosso querer, sendo uma ideação supra-humana
na sua origem e que, a nós cabe apenas sermos sustentáculos físicos dessa Vontade, verdadeiros canais para que se
firme a Vontade e toda a Glória do Grande Arquiteto do Universo.
Que os valores e exemplos deixados pelos ilustres patronos homenageados nas Cadeiras dessa Academia sejam
canalizados pelos seus respectivos acadêmicos em seus escritos em prol da cultura maçônica.
Que o GADU – Patrono Maior de todos os movimentos em prol da evolução da humanidade -, conduza os caminhos dessa
Excelsa Academia que ora desponta seus primeiros raios de Luz da Sabedoria sobre a Maçonaria fluminense e que almeja
aquecer e iluminar, como um verdadeiro Sol, os promissores dias de um Novo Tempo! Que isto se cumpra!
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GRANDE DICIONÁRIO ENC. DE BIBLIOTECA
ESTUDOS MAÇÔNICOS SOBRE O SIMBOLISMO
MAÇONARIA E SIMBOLOGIA Ir.: Nicola Aslan

NICOLA ASLAN

CHOVE– Os Maçons ingleses dos meados do século


XVIII adotaram a palavra chove para indicar que um
profano se aproximava, devendo, portanto, ser suspensa
a conversa sobre assuntos da Ordem. Este costume foi
aceito por maçons de outros países com expressões
equivalentes. Quando se tratava de uma mulher não
iniciada, nas organizações que as aceitam, costuma dizer-
se neva.
Esta é uma tradição que remonta ao tempo dos
Maçons Operativos. Quando era surpreendido um O objetivo primordial desta seção do nosso informativo é
intruso que não pertencia à profissão, um cowan, recomendar a leitura de bons livros sobre a Maçonaria. E,
como os chamavam os ingleses, os pedreiros, então quase sempre, a tendência é a indicação de lançamentos. No
muito ciosos dos seus segredos profissionais, depois entanto, essa não é uma premissa absoluta, conquanto o
de dar-lhe uma boa surra, colocavam-no debaixo de mercado editorial maçônico possui verdadeiras “pérolas”que
uma “goteira” para ser encharcado pela chuva, ou não podem deixar de ser lidas (ou relidas), uma vez que são
então davam-lhe um banho com roupa e tudo. fontes de pesquisas e consultas permanentes, dado que
Em “Les Francs-Maçons Écrasés”, livro antimaçônico encerram em si “verdades” ainda não alteradas pelos estudos e
publicado em 1746 e atribuído ao Padre Larudam, pesquisas mais recentes. E este é o caso deste magnífico livro
do saudoso Irmão escritor Nicola Aslan, cujo supracitado livro
narra-se como este eclesiástico e seu colega padre
encerra um estudo simples mas completo para todo aquele que
Perau, a quem também se atribui um livro contra a deseja compreender o simbolismo maçônico.
Maçonaria, conheceu as Palavras de Passe, Toques e Se você acha difícil entender os símbolos e todo
Sinais, se introduziam nas Lojas Maçônicas. Porém, ensinamento que eles contêm, para que possamos realmente
certa vez o Padre Perau foi descoberto, e o Padre ser um Iniciado, leia o livro e dissipará enormemente suas
Larudan narra o episódio, falando da pena reservada dúvidas! (Não se esqueça que somos uma entidade Iniciática,
pelos maçons aos intrusos, da seguinte maneira: em que o simbolismo é de fundamental importância).
• “O castigo consiste em colocá-los por baixo de O tema “simbolismo” é um tema que – abordado nos
um cano, de onde, por meio de uma bomba tempos de estudos das Lojas – sempre gera algum “frisson”,
posta em funcionamento, lhes é dado um banho porque embora o verdadeiro significado dos símbolos tenha
até que estejam molhados da cabeça aos pés. cunho estritamente pessoal, há que se procurar entender o
“Tive a oportunidade de ver alguns exemplos em básico para que nos aprofundemos (aí introspectivamente,
Berlim, Francoforte e Paris, e entre outros, no individualmente). E iniciar a compreendê-los, a diferenciá-los
dos emblemas e afins.
ano passado, nesta última cidade e no Hotel de
Embora seja um tema bem erudito, o autor consegue
Soissons (sede primitiva da Maçonaria
discorrer sobre o tema com simplicidade tornando-o um livro
francesa).
fácil de se ler e compreender. Difícil é parar de ler, depois que
“O Sr. Padre Perau quis, apesar de ser profano, se começa.
freqüentar esta Loja de Maçons, como o tinha Alguns tópicos abordados:
feito em vários lugares em Paris; mas um dos • Estudos sobre os Três Pontos Maçônicos;
Irmãos presentes certificara-se de que o Sr. • O Círculo com um Ponto Central;
Perau não passava de um falso Maçom, e • O Templo Maçônico;
descobriu-o por uma palavra destinada pela Loja • Os Três Pilares e as Ordens Arquitetônicas;
em casos desta natureza; isto foi feito dizendo: • O Método Iniciático;
chove; mal tinham sido pronunciadas estas É um trabalho que tem que ser lido por todo maçon que se
palavras, que o Mestre (Venerável) disse aos interessa por aprender a Arte Real.
Vigilantes para verificarem quem poderia ser É um livro que não pode faltar na sua estante e que deve
o culpado. Logo o falso Irmão foi descoberto, ser fonte de consultas permanente.
porque embora conhecendo os Sinais, Toques e
Palavras não pode dar nenhuma certeza a Editora Maçônica “A TROLHA”
respeito do lugar onde tinha sido recebido Londrina, PR – 1997.
(Iniciado); foi, portanto, molhado sob o cano da
bomba e regado completamente”. Carlos Alberto dos Santos

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POLINDO A PEDRA BRUTA
AS CINCO CÂMARAS – Análise Funcional

Vejo o edifício maçônico dividido funcionalmente em 5 câmaras que são definidas como os
“aposentos” de uma determinada construção:
1- CÂMARA DOS PASSOS PERDIDOS – espaço simbólico onde em confusão labutamos pelo
equilíbrio na relação com o mundo exterior, objetivo, lapidador. Ainda sem rumo; marcha sem
oriente. O joio está misturado com o trigo;
2- CÂMARA VESTIBULAR – transição purificadora;
3- CÂMARA DA REFLEXÃO – onde pensamos, raciocinamos sobre o homem e a sua condição.
Reflexão é a capacidade que mais nos aproxima da semelhança com a Divindade. O homem
reflete a luz divina, totalizante;
4- CÂMARA DO MEIO – a da realização espiritual. A completude do homem integral. Sua
ligação com o TODO, o divino que cabe a cada homem;
5- CÂMARA TEMPLÁRIA ou COMUM – SÍNTESE. A câmara onde se reúnem, solidária e
sinteticamente os homens realizados. É o templo místico. Templo é “tempus”; donde observo.
Templo é ação onde exerço e aprimoro as relações; Templo é mediação, meditação, onde
ilumino e me ilumino. Onde estou, tendo ultrapassado os umbrais das quatro câmaras.
Renato em Cabo Frio (*Membro da ARLS RENASCIMENTO Nº 08).
Extraído dos escritos do “Decifra-me ou te devoro” (em organização).

PÍLULAS MAÇÔNICAS
OS SUMERIANOS

Os Sumerianos - que habitaram a Mesopotâmia - são considerados o mais antigo povo civilizado do
mundo.
A eles é atribuída a criação do Pavimento Mosaico que consideravam como terreno sagrado que somente
podia ser pisado pelo sacerdote de Chamarch (o deus Sol).
Foram também os sumerianos os primeiros a estudar os astros (astrologia) com a elaboração do primeiro
sistema cosmológico.
Sucederam-nos no estudo da Astrologia, os gregos que a racionalizaram e os árabes que a consolidaram.

Colaboração do Ir.: ANTHERO BARRADAS/ M.:M.(*)


(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO N º 08

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HISTÓRIA PURA
A CRISE DA MAÇONARIA FRANCESA

A Maçonaria Francesa atravessou, por volta de 1745, uma crise gravíssima. Assim a situação de decadência em
que resvalara exigia reformas dramáticas.
Pensou-se inicialmente em afastar da Fraternidade todos os que dela não fossem dignos. Contudo, o temor de
que os excluídos cometessem indiscrições, relativamente aos mistérios maçônicos, fez com que ficassem retardadas as
providências saneadoras.
Uma publicação antimaçônica propalava que “iam excluir do corpo considerável número de Irmãos que a
desonravam pela baixeza do seu caráter e pelo vil interesse que os anima: das vinte e duas Lojas de Paris, apenas doze
seriam conservadas”. Mas, apesar de tais declarações, surgidas em “A Ordem Maçônica Traída”, ninguém teve a
necessária energia para dar início à reforma.
Entretanto, segundo descreve R. Le Forrestier em “L’Occultisme et la Franc-Maçonnerie Écossaise”, um grupo de
Irmãos resolveu, com a criação de um novo Grau, empreender a moralização da Maçonaria, sem dar a menor satisfação
aos incapazes dirigentes legais da ordem:
• “A Maçonaria Escocesa, diz ele - cuja data de nascimento não pode ser fixada com exatidão – começou a existir a
partir do dia em que um quarto Grau veio sobrepor-se aos três Graus importados da Inglaterra.
“Esta inovação, prenhe de conseqüências, foi provavelmente a obra de Maçons pertencentes à elite dos
irmãos...Desejosos de reformar uma sociedade à qual estavam ligados e da qual deploravam a decadência... os
autores do quarto Grau, mais realistas e céticos quanto ao alcance de uma pregação puramente moral, pensaram
que o melhor meio de trazer novamente a ordem e a dignidade nas Lojas seria de restituir ao segredo maçônico,
desacreditado pelas revelações da polícia e as publicações divulgadoras dos segredos, o prestígio perdido,
redobrando-lhe o mistério, e de restabelecer nas sessões a disciplina, velando na escolha dos recrutas e
excluindo os indesejáveis.
“Esta fiscalização não podia ser exercida de maneira eficaz a não ser pela virtude de uma autoridade que as
intenções mais puras e a mais profunda convicção eram incapazes de conferir, se não tivesse por apoio um
princípio hierárquico. As funções do censor cabiam naturalmente ao Grão-Mestre e à Grande Loja, porém estas
autoridades supremas, que designavam os Veneráveis ao entregar-lhes as patentes de constituição de suas
Lojas, preocupavam-se muito pouco da maneira como os beneficiários se desincumbiam de suas funções e, na
realidade, não exerciam qualquer controle sobre a administração dos agrupamentos maçônicos e a fiscalização
das assembléias. Os reformadores foram, portanto, obrigados a desempenhar o papel que os chefes legais da
Maçonaria se mostraram incapazes de exercer, legitimando a sua intervenção pela outorga, que a si mesmos
fizeram, de um Grau superior ao possuído pelos Mestres de Lojas (Veneráveis).
“A história dos princípios do quarto Grau, sendo muito mal conhecida, é impossível determinar se a iniciativa foi
tomada por um pequeno grupo que compôs um Grau uniforme, recrutando aderentes por uma propaganda ativa,
ou talvez – e é a hipótese mais verossímil – estejamos em presença, como dizem os historiadores ao falarem do
novo Grau, de produtos polimorfos de uma vegetação espontânea que se manifestou, por volta de 1740, em datas
e lugares diferentes”.

Inicialmente, os possuidores do quarto Grau chamaram a si mesmos de Reformados, Pacíficos, Silenciosos, como
assinala, em 1746, o libelo antimaçônico “Les Francs-Maçons écrasés”, e também Perfeitos. Mas denominaram-se
sobretudo Arquitetos e Mestres Escoceses, designações que sobreviveram por expressarem claramente as intenções e
pretensões dos reformadores.
A primeira convinha perfeitamente àqueles que se atribuíam o direito de dirigir os trabalhos de todos os Maçons
(Aprendizes, Companheiros ou Mestres). A segunda inspirava-se diretamente no famoso Discurso de Ramsay, no qual se
afirmava que a Ordem Maçônica tinha conservado todo o seu esplendor na Escócia, nos mesmos períodos em que em
outros lugares caíra na mais profunda decadência. Na verdade, nenhuma diferença existia entre os dois termos e, segundo
afirma o livro “Lês Francs-Maçons écrasés”, o título de Arquiteto “é perfeitamente sinônimo ao de Escocês”. Contudo, este
último foi preferido.

N.: E.: Extraído do livro “LANDMARQUES e Outros Problemas Maçônicos” , do autor Nicola Aslan (Editora Aurora, Rio de
Janeiro).

14
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Viagem ao nosso interior
OBJETIVO DA ADORAÇÃO
D. Villela

Adorar significa prestar culto, amar intensamente e, em filosofia, reconhecer a nossa dependência de Deus.
A idéia quanto à existência de um poder superior é inata na criatura, acompanhando-a desde o alvorecer de sua
consciência. Suas manifestações iniciais, contudo – e compreensivelmente -, foram de caráter exterior consistindo nas oferendas
e rituais que caracterizavam as religiões dos povos antigos. A finalidade da adoração era igualmente externa: ela deveria
propiciar colheitas fartas, êxito nos combates ou prosperidade nos negócios, pois não se cogitava, então, de valores íntimos
como fé, renúncia ou humildade. Essas mesmas características, aliás, se observam nos grupos primitivos da atualidade.
Jesus, nosso modelo e guia, desvinculou a relação com o Poder Supremo de toda conotação material, dirigindo-se a Deus
com simplicidade e absoluta confiança, chamando-O de Pai. Nas passagens em que aparece orando, Ele o faz sem recorrer a
quaisquer posturas ou utensílios, apenas, algumas vezes, retirando-se para lugares mais tranqüilos, como podemos observar em
Matheus, 14:13. Apesar disso, o Cristianismo adotou, posteriormente, ritual complexo, com objetos e paramentos, inclusive
imagens, a fim de atrair mais seguidores e na suposição de assim facilitar a convergência de pensamentos e sentimentos
durante os atos religiosos. Voltou a ser, também, preponderantemente material e imediata a finalidade da oração, entendida
como apelo a forças sobrenaturais para a solução de nossas dificuldades na Terra.
A Doutrina Espírita retoma a tradição cristã original, definindo a adoração como a elevação do pensamento a Deus,
independentemente da hora, local ou qualquer outra circunstância. Ela oferece, por outro lado, um panorama coerente da
existência, proporcionando a fé raciocinada no Supremo Poder.
Sem qualquer crítica aos que sinceramente praticam a adoração exterior, o Espiritismo não a adota por considerá-la
desnecessária, lembrando, a propósito, a afirmação do próprio Mestre que, quando indagado sobre o lugar mais conveniente
para adorar a Deus, se Jerusalém ou o Monte Garizim, respondeu categórico: “... vem a hora em que nem neste Monte nem em
Jerusalém adorareis o Pai...Deus é Espírito e aqueles que o adoram devem adorá-Lo em Espírito e verdade” (João, 4: 21 e 24).
A visão comum considera os templos, poeticamente, como as moradas do sagrado. Os Centros Espíritas são também
casas de oração mas, igualmente, escolas e oficinas para a aprendizagem e vivência – dentro e fora deles – das leis de nosso
Pai.

Publicado no Boletim SEI, nº1784.

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DEPOIMENTO
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Ir.: Antônio do Carmo Ferreira (*)

No dia 24 de junho, completei 41 anos de iniciado na Maçonaria. Talvez por isto alguns Veneráveis tenham ne
abordado sobre qual seria minha mensagem para as 52 Lojas que povoam o GOÍPE que dirijo. Excluindo-se daí a
responsabilidade com a formação, sabidos o cuidado e a dedicação com que se exercita esta atividade no seio da Obediência. E
eu lhes respondo:
1. Longa vida operante
As Lojas devem cuidar, no sentido de motivarem o maçom de seu quadro a permanecer o maior tempo possível, em
atuação. Uma vida longa, nos serviços da Ordem. O Venerável Mestre da Oficina terá que realmente ser um líder. Ensejar os
meios de reinvenção, de modo que o obreiro esteja motivado a comparecer e a participar. Ter prazer de ser maçom. Ir à Loja
não por obrigação, mas por amor. As grandes reclamações quanto à precocidade no “vestir do pijama”, da inatividade, giram em
torno da mesmice. Bater malhete, ouvir a ata, discutir a eleição da próxima diretoria... A Loja tem que ter um projeto que envolva
a todos, na discussão e na execução. Será um veículo motivador de longevidade atuante na Ordem. É como dizia Camões –
“Não se aprende, senhor, na fantasia // Sonhando, e sim lutando e pelejando”.
2. Melhoramento na comunicação social
A Loja não é uma autarquia, que se abastece a si própria. Ela deve compromissos a comunidade, onde está, aonde vai
buscar os seus integrantes. A comunidade está com os olhos fitos na Loja. A Loja não é somente templária; é também (e talvez
mais ainda) comunitária, pois a Maçonaria é iniciática e filantrópica. É esotérica e exotérica. Então é preciso interagir. Comunicar.
Para alguns, bastava que a Loja fosse apenas para os maçons. A Maçonaria é boa demais, para ser somente nossa, e nós,
nestes tempos de tantos desafios, não podemos nos dar a um luxo desse. Seria danoso o egocentrismo. Ensina João – o
Padroeiro – que a “ candeia acesa não é para ser colocada sob a cama, mas para ser alçada ao centro da sala, de modo que a
muitos possa clarear”. Sugere-se que cada Oficina tenha o seu veículo de comunicação social. Um jornalzinho, por exemplo. Que
as Oficinas mais opulentas tenham até coluna, nos jornais não maçônicos. E, se possível, para os mais arrojados, programas de
rádio e de televisão.
Sua Santidade, o Papa João Paulo II, deixou um livro muito significativo, intitulado “ Memória e Identidade”. Diz, num
dos capítulos da obra, interpretando Santo Tomás de Aquino que “ o mal é a ausência do bem”. Então, vamos preencher o
espaço, comunicando o que a Maçonaria realmente é e o que tem feito e está fazendo em favor da humanidade, tudo voltado
para o bem. Nós não dizemos isto, e abrimos espaço para que se insinuem, nas revistas profanas, o que têm insinuado de
errado contra a Ordem. A Associação Brasileira da Imprensa Maçônica (ABIM) está à disposição, para orientar na criação desses
novos periódicos. Recordemos a sociologia do “velho guerreiro”, que marcou uma época como fenômeno da comunicação social
– “quem não se comunica, se trumbica”.
3. A paz da convivência
Quero ressaltar que onde a Maçonaria esteve unida, maiores têm sido os resultados alcançados com o seu labor, tanto
no que diz respeito ao repovoamento de seus quadros e instrumentos disponíveis à formação dos mesmos, quanto no volume de
trabalho que empreende em favor de todos – maçons e comunidade. Cito como exemplo de operosidade a Maçonaria unida do
Maranhão, a Maçonaria unida do Rio Grande do Norte, a Maçonaria unida de Mato Grosso, a Maçonaria unida do Rio Grande
do Sul.
Outro dia publiquei artigo com o título “Por que não correspondemos?”, falando sobre os aspectos auspiciosos da PAZ
DE CONVIVÊNCIA. Aí, eu fazia referência a pronunciamentos dos Grão-Mestres do Rio Grande do Sul ( Ir.: Juracy Vilela de
Souza) e do Rio Grande do Norte (Ir.: Wilton de Carvalho Costa). Eles alertam que sem a paz da convivência, a Maçonaria
brasileira dos sistemas administrativos do GOB, CMSB e COMAB está desperdiçando força e vigor.
Nesta direção, desejo apontar para ensinamentos de nossos antepassados – e nós somos o pó de várias gerações.
Para o profeta Isaías, “só aos ímpios é impossível a paz”. E o maçom não é um ímpio. David, mostrou os benefícios da
convivência harmônica que os maçons tanto sacam – a fragrância do bom e do agradável que perfuma os irmãos vem da união..
João Evangelista – um dos Padroeiros – é afirmativo, quando registra que é “para sermos um só”. O Pastor James Anderson
seguindo a mesma trilha, colocou na parte vestibular das “Constituições” que “ a Maçonaria é um centro de união”.
Então, peço aos irmãos para que envidem esforços neste sentido. Sem a paz da convivência estaremos na contramão.
E (quem sabe!), em poucos anos, em vez de lermos nos pórticos de nossas Lojas: “aqui se constrói templo à virtude”, não
estaremos lendo a legenda dantesca: “vós que aqui entrais, perdei a esperança”.
A Maçonaria, aqui, agora, deverá ser sensível ao “espírito do tempo”. O processo evolutivo exige de cada geração
melhores resultados que os alcançados pela antecessora. E se o maçom realmente entende de seu ofício, deverá até influir no
fazimento do futuro, dado que ele é um construtor de amanhãs. Neste mister não faltará espaço para os usos. O que pode estar
faltando é a adequação dos costumes. Há chamamentos por toda parte. Pois “a messe é grande’. E os maçons se motivam nos
desafios, embora estes sejam muitos, diante dos “obreiros que são poucos”.
A Loja, para o maçom, não deve ser o limite. É a vertente.

17
(*) Presidente da ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica.

CADERNO DE
TRABALHOS

18
O CÍRCULO, A TANGENTE E O PONTO CENTRAL
(A Sincronicidade e o “Self” jungueanos)

Ítalo Aslan / M.:I.: (*)

Este é, também, um outro símbolo relegado ao esquecimento e poucas são as Lojas que o exibem em seus
Templos. Para os Irmãos que já o conhecem, não há novidade alguma, no seu aspecto tradicional, o que estamos
apresentando neste artigo. Existe, apenas, a intenção de nos lembrarmos de um símbolo rico, herdado pela Maçonaria,
oriundo das sociedades místicas que existiram num passado bastante remoto.
O Painel Alegórico do Aprendiz, pintado originalmente pelo desenhista inglês Ir:. John Harris, em 1846, por
encomenda da “Loja de Emulação e Melhoramento para Mestres Maçons”, uma Loja de Instrução de Londres, apresentava
o desenho do círculo com o ponto central e as tangentes verticais estampado na parte frontal do Altar dos Juramentos,
constituindo o ritual dos Maçons Antigos, Livres e Aceitos, chamado de Ritual de York, por ter sido terminado e aprovado
na cidade do mesmo nome, na Inglaterra.
O círculo com um ponto central representavam, para os antigos, o Sol e o Universo, Deus e o Todo, a Unidade e o
Zero, uma representação que ligava sempre a idéia de Deus e a Criação.
As duas tangentes ao círculo, traçadas verticalmente, admitem dois conjuntos de princípios doutrinários: o primeiro
deles considera essas paralelas representando os dois santos João, o Batista e o Evangelista, cujas datas, como sabemos
correspondem aos dias 24 de junho e 27 de dezembro, respectivamente, santos esses festejados pelos antigos Maçons
Operativos, marcando esses dias as duas grandes reuniões anuais. As Lojas do Rito Escocês Antigo e Aceito que iniciam
os seus trabalhos mantendo o Livro da Lei aberto no Evangelho de São João l, l-5 – “O Triunfo da Luz sobre as Trevas”-
(Novo Testamento), consideram as duas paralelas representando os dois santos.
O outro considera que as duas paralelas correspondem a Moisés e Salomão. Moisés, o libertador e condutor dos
israelitas em direção à “Terra Prometida”. Salomão, o construtor do Templo. Pelo que os dois significaram para a formação
daquele povo, eles detêm, no simbolismo maçônico universal, em especial, no Grau de Aprendiz, nas Lojas que mantêm os
seus trabalhos com o Livro da Lei aberto no Salmo 133 – “A Excelência do Amor Fraternal”- (Velho Testamento) uma
importância ímpar, sacramentada nas duas tangentes verticais componentes do símbolo em estudo. A “tangente Moisés”
lembra o líder, o guia que rompe o caminho e conduz seu povo, exemplo de perseverança e determinação, modelo para
todo maçom. A “tangente Salomão” sugere a figura do construtor dotado de Sabedoria, Força e Beleza no trabalho de
lapidação da pedra que compõe o arcabouço do edifício social. Moisés e Salomão, líder e construtor, respectivamente,
características inerentes ao Maçom.
Outra interpretação maçônica dessas duas linhas paralelas que tangenciam o círculo com o seu ponto central é o
referente aos dois trópicos, o de Câncer e o de Capricórnio. Este situado ao sul da linha do Equador e aquele ao norte
dessa linha. O círculo representa o curso aparente do sol através das doze constelações ou signos, sendo o ponto central a
representação da Terra.
Ligado a esse movimento aparente do Sol está o rito da circum-ambulação, movimento que se praticava na
antiguidade em torno de um altar, de um objeto ou animal sagrados. A Maçonaria adotou essa maneira de proceder,
fazendo dessa forma esse deslocamento, sempre com o lado direito voltado para o Altar dos Juramentos, um movimento
dextrógiro, portanto, em alusão aos poderes benéficos a ele conferido, em oposição aos maléficos do lado esquerdo,
sinistro (do latim “sinistru”= esquerdo).
Nessa circulação dextrógira, o Sol, representado pelas três dignidades da Loja, ocupa as suas respectivas
posições: ao levantar-se, Oriente (Ven:. M:.), ao Meio-Dia (2º Vig:.) e ao se pôr, Ocidente (1º Vig:.).
Movimentando-se dessa maneira, obedecendo a esse trajeto circular em torno do Altar dos Juramentos e tendo
como limites as duas linhas paralelas, as Colunas do Norte e do Sul, onde têm assento os Obreiros da Loja, o “Maçom não
poderá errar”.
Este é um trecho (“o Maçom não poderá errar”) constante da explicação do símbolo e que o completava
literalmente, quando de sua criação desenhada pelo Ir:. John Harris. Ela compõe e ajuda a explicá-lo e estimula-nos a uma
permanente vigilância. A força impositiva da frase não “exige” e não espera que sejamos perfeitos no seu atendimento,
haja vista as frágeis condições a que todo ser humano está sujeito e quem a cunhou sabia perfeitamente disto, achamos
nós. Talvez a substituição do “poderá” por “deverá”, abrandasse um pouco mais o rigor dessa exortação e a colocasse
mais ao nosso alcance. Mas a frase está aí: “não poderá errar”; e entendemos com exatidão a sua mensagem. De modo
inconsciente, relaxamos um pouco diante da severidade de sua asserção e da incapacidade de atendê-la de pronto e em
todo o seu rigor, mas sem perder a consciência da vigilância com que ela nos encoraja e anima. “Hay que endurecer sin
jamás perder la ternura” (“Che” Guevara). E acrescentaríamos nós a esta frase já perfeita: “... e o bom senso também”.
Para finalizar, reportamo-nos ao conceito de Processo de Individuação elaborado pelo médico suíço Carl Gustav
Jung (1875-1961), criador da psicologia analítica, com base nas projeções oníricas de seus pacientes e no afã do
entendimento dos mistérios contidos nos escaninhos secretos de seus inconscientes. Essa idéia foi ensaiada à luz dos
19
trabalhos, figuras e desenhos, quase sempre confusos, deixados pelos alquimistas. O Processo de Individuação
fundamenta-se num movimento circular que leva a um novo centro psíquico, o “self” (si mesmo), de Jung, “centro” este ao
qual o ego deve submeter-se. Ao ordenarem-se, consciente e inconsciente, em torno desse “centro”, completa-se a
personalidade, alcançando, assim, a chamada “Totalização Psíquica”, que consiste em conviver com as tendências
opostas que existem em cada um de nós, num mecanismo de aceitação e tolerância. Esse “centro psíquico” (ponto central)
nos conduz à simbologia maçônica do “ponto dentro do círculo”, símbolo místico e sagrado de vários povos da Antiguidade
e redivivo pela Maçonaria.
Jung teve em seus estudos a atenção despertada para os círculos, esferas e formas quadráticas sempre
constantes nos desenhos que seus pacientes faziam ou viam em seus sonhos, chamando-as “mandalas” (“círculo sagrado”
em sânscrito), pois intuía serem elas a representação da totalidade do “self”.
Essas mesmas formas geométricas estavam incluídas num antiqüíssimo texto alquímico chinês, “O Segredo da
Flor de Ouro”, e nele constava um método para, através da meditação, levar a alma à sua plenitude.
A coincidência na utilização dessas formas geométricas por duas civilizações culturalmente distintas, e tão
distantes no tempo, corroborou a validade de um termo cunhado, anos antes, por Jung que o batizou de sincronicidade ,
um “princípio de coincidência a-casual”. E, baseado nessa similitude, atravemo-nos a especular sobre a possível
sincronicidade também estendida ao nosso maçônico círculo com um ponto central.
Com que intenção circulamos nós em torno do Altar dos Juramentos que não seja o desejo inconsciente de atingir
a “totalização psíquica” junguana, num abnegado esforço de aceitar e tolerar, buscando um convívio fraterno com as
diferenças, numa comoção de amor fraternal? Sem nos esquecermos também que, obedecendo aos limites do círculo e
das tangentes, “o Maçom não poderá errar”.
Perdoem-nos. Puras especulações que têm a utilidade de nos libertar um pouco de uma possível visão cristalizada
do significado de um símbolo e que nos leva a estar sempre atentos aos sinais à nossa volta. Ajuda-nos a entender os
ensinamentos da doutrina maçônica, usando uma interpretação muito particular e pessoal. É o que alguns psicólogos
chamam de “assincronia produtiva”. Um exercício somente, um saudável exercício, convenhamos.
Penetremos em nosso “labor-oratorium” e oremos; oremos e especulemos!

(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO Nº 08 e membro da ACADEMIA NITEROIENSE MAÇÔNICA DE LETRAS, HISTÓRIA, CIÊNCIAS E ARTES.

Para saber mais:


• Varoli (Fº), Theobaldo; “ Curso de maçonaria Simbólica – Ed. “A GAZETA MAÇÔNICA S/A” (são Paulo /SP)
• Aslan, Nicola: “Estudos Maçônicos sobre Simbolismo” – Ed. Maçônica “A TROLHA” Ltda (Londrina / PR)
• “VIVER MENTE 7 CÉREBRO” (Coleção ‘Memória da Psicanálise’); JUNG: “A Psicologia Analítica e o
Resgate do Sagrado”.

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e-mail: labolagos@uol.com.br
e-mail: javs@levendula.com.br

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ÉTICA E VIRTUDE
Ir.: Valdemar Sansão

O homem deve submeter-se a uma moral que lhe


diga o que deve e o que pode fazer, e o que não deve e
não pode fazer.

Ética é o estudo filosófico de natureza


e dos fundamentos do pensamento e das
ações morais. As teorias éticas, no sentido
puro do termo, são marcadamente diferentes
dos sistemas ou doutrinas morais, que têm
por objetivo a elaboração de conjuntos
específicos de regras de conduta que
orientem a vida (por exemplo, a moral cristã
facilita a possibilidade de retribuir à sociedade
em bens os males que praticou). Também se
distingue pela prática aplicada, que analisa os
argumentos empregados para embasar
determinadas premissas ou conclusões
morais (por exemplo, a condenação ou
aceitação do aborto).
A Maçonaria é uma sociedade onde os homens devem viver como Irmãos, respeitando, cada um, os direitos dos
outros e se compenetrando que toda a humanidade é filha de Deus, que cada ser humano é tão caro ao Pai como todos os
outros, procura levar estes conceitos para a sociedade em geral. Isso leva à conclusão de que, na organização designada,
genericamente, como Maçonaria, ou Franco-Maçonaria, deve prevalecer a harmonia e reinar a união ou convivência como
de Irmãos.
A Maçonaria, como Fraternidade, deve ser uma Instituição fundamentalmente ética. Sendo até, pela sua definição,
uma organização ética, de rígidos códigos de moral e alto o sistema de valores que orientam a conduta dos Maçons, e a
quantos queiram ter um comportamento ético-maçônico:
* Reconhecer como Irmão todo Maçom e prestar-lhe, em quaisquer circunstâncias, a proteção e a ajuda de que
necessitar; principalmente contra as injustiças de que for alvo;
* Haver-se sempre com probidade, praticando o Bem, a Tolerância e a solidariedade humana;
* Não são permitidas polêmicas de caráter pessoal nem ataques prejudiciais à reputação de Irmãos, nem se admite
o anonimato.
* Sobretudo, a mais importante regra ética do Maçom é a prática do Bem. É a prática efetiva da Virtude. A Virtude
é o hábito de praticar o Bem.
O comportamento ético-maçônico deve constituir o nosso modo de ser e de agir em todas as circunstâncias éticas
da vida. Ao Maçom compete manter uma conduta ética no cotidiano, e que estabeleça com o seu semelhante e a
sociedade ainda que em detrimento de seu interesse pessoal. Para isso deve consultar sempre sua consciência, onde está
escrita a lei de Deus.

21
Aristóteles (384-322 a.C.) não separava a ética da virtude. Todos os atos virtuosos são éticos e bons. Pelos atos
que pratica pode-se conhecer se uma pessoa é virtuosa ou não. Pelo modo de se portar, logo ficamos sabendo se um
irmão é ou não, um bom Maçom.
Kant, faz do conceito de dever o ponto central da moralidade (chamada “deontologia”, ou seja, o estudo dos
princípios, fundamentos e sistemas de moral). Kant dizia que a única coisa que se pode afirmar que seja boa em si mesma
(e não apenas boa como meio ou instrumento) é a “boa vontade” ou boa intenção, aquela que se põe livremente de
acordo com o dever.
Existe, para todos os homens, uma força inspiradora absoluta, universal que se chama DEVER – a obrigação moral
que cada um de nós tem, de fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Para o Maçom, como homem honesto, é simples e
fácil; requer honestidade, sinceridade, simplicidade, lealdade, estudo e a disposição de ensinar, o que é capaz de fazer,
bastando a compreensão de nós mesmos como limitados e ignorantes. Quando temos a força e a sabedoria de Deus,
cumprimos nosso dever recebendo d’Ele aquilo que é necessário e está acima de nossas forças.
O conhecimento de dever, segundo Kant, é conseqüência da percepção, pelo sujeito, de que ele é um ser racional
e que portanto está obrigado a obedecer ao que Kant chamou “imperativo categórico”: a necessidade de se respeitar
todos os seres racionais na qualidade de “fins em si mesmos”. As idéias de Kant acerca da moralidade estão
estreitamente ligadas à sua visão do livre arbítrio. O homem possui o livre arbítrio, podendo escolher o seu destino – O
Bem ou o mal. Os atos morais são livres, podem ser escolhidos. Assim sendo, quem os pratica, é responsável por seus
efeitos. A responsabilidade é moral, quando o individuo responde por seus atos perante a sua própria consciência, e
social, quando responde por eles perante a sociedade que o julgará pelas leis que regem o grupo, levando-o a formular e
praticar uma nova filosofia de vida, uma nova conduta ética.
O terceiro sistema dentro da ética é o utilitarismo – sistema ou modo de agir do individuo utilitário que conhece
seus deveres, desfruta do gosto de fazer o Bem, conhece o atrativo da Pura Virtude, segundo o qual o objetivo da moral é
o de proporcionar “o máximo de felicidade ao maior número de pessoas”. Pensado verdade, uma mentira não acha
sitio em sua mente; pensado amor, o ódio não poderá turbá-lo; pensado sabedoria, a ignorância não poderá paralisá-lo. O
homem que aprende esta lição prática, encontrará pronto seu valor e descobrirá que, pelo reto pensar, a vida pode fazer-se
mais nobre, bela e ditosa.

ÉTICA MAÇÔNICA

O conceito maçônico de Ética se confunde com o de Moral. Sendo a moral em resumo a regra de bem proceder,
isto é, de distinguir o Bem do mal, fundamenta-se na observância da lei Divina. O homem procede bem quando tudo faz
pelo bem de todos.
Depende da vontade de cada um praticar a Virtude, isto é, qualidade própria do homem, o que implica força,
coragem. As virtudes seriam, portanto, as “forças que ornam o caráter”. Para a Maçonaria, a Virtude é a disposição
habitual para o bem e para o que é justo e, por isso, nela vê a prova da perfeição e o próprio ideal do Maçom. Ela nos
ensina, em seus Rituais, que devemos erigir templos à Virtude e cavar masmorras ao vício.
Entenda-se o Bem (Virtude) tudo o que é conforme a lei de Deus; o mal (vício), tudo o que lhe é contrário. Assim,
fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la. Daí vê-se a importância que a Maçonaria dá
a essa questão.

22
A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal em favor do próximo, sem pensamento
oculto.
Na fase histórica que vivemos, a sociedade, graças ao rompimento de sua estrutura familiar e o avanço avassalador
da imoralidade, enfrenta uma das maiores crises éticas, quando a vida humana sofre enorme violência, quando crescem a
miséria e a exclusão social e quando aumenta a desilusão diante das promessas de bem-estar econômico, quando a
solidariedade é moeda em baixa; o respeito às demais pessoas é praticamente inexistente; o acatamento da lei e da ordem
vai escorrendo pelo ralo; a deslealdade no sentido de auferir vantagens, vai de vento em popa, quem está por cima pisa na
cara de quem está por baixo e quem está por baixo tenta puxar quem está por cima.
A Maçonaria conclama os Maçons a enfrentar com coragem os desafios cotidianos, a não esmorecer no empenho
da justiça social, reconhecendo em cada pessoa a dignidade de filho de Deus.
Devemos combater o erro, ser tolerantes, mas nunca coniventes, fingindo não ver ou encobrindo o mal praticado por
outrem.
Os Maçons devem dar exemplos de moral, de ética e de virtudes. Afinal nossa Sublime Instituição afirma ser: –
educativa, filantrópica e filosófica que tem por objetivo os aperfeiçoamentos morais, sociais e intelectuais do
Homem por meio do culto inflexível do Dever, da prática desinteressada da Beneficência e da investigação
constante da Verdade.
Afinal, reconhece-se o verdadeiro Maçom pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar
suas inclinações más.

Valdemar Sansão
E-mail: vsansao@uol.com.br
Fone: (011) 3857-3402

Consultamos:
- Nova Enciclopédia Ilustrada FOLHA;
- Rituais Maçônicos.

A ética é a arte de criar um caráter moral, de contrair hábitos de que resulte, naturalmente, um porte
conforme as leis do dever. Esta concepção da moral, que liga a virtude com o caráter e os costumes, um
tanto distante de certas concepções modernas, tendendo, no entanto, a predominar cada vez mais sobre
todas as outras.

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Delinqüência, Perversidade e Violência
Ir.: Sérgio Magalhães(*)

A onda crescente de delinqüência que se espalha por toda a Terra assume proporções catastróficas,
imprevisíveis, exigindo de todos os homens probos e lúcidos acuradas reflexões. Irrompendo, intempestivamente, faz-se
avassaladora, em vigoroso testemunho de barbárie, qual se loucura de procedência pestilencial se abatesse sobre as
mentes, em particular grassando na inexperiente Juventude, em proporções inimagináveis, aflitivas.
Sociólogos, educadores, psicólogos e religiosos preocupados com a expressiva mole de delinqüentes de toda
lavra, especialmente os perversos e violentos, aprofundam pesquisas, improvisam soluções, experimentam métodos mal
elaborados, aderem aos impositivos da precipitação, oferecem sugestões que triunfam por um dia e sucumbem no
imediato, tudo prosseguindo como antes, senão mais turbulento, mais inquietador.
Os milênios de cultura e civilização parece que em nada contribuíram a benefício do homem , que , intoxicado pela
violência generalizada, adotou filosofias esdrúxulas, em tormentosa busca de afirmação, mediante o vandalismo e a
obscenidade, em fugas espetaculares para as "origens".
Numa visão superficial das conseqüências calamitosas desse estado sócio-moral decorrentes, asseveram alguns
observadores que a delinqüência, a perversidade e a violência fluem, abundantes, dos campos das guerras sujas e cruéis,
engendradas pela necessidade da moderna tecnologia em libertar os países super-desenvolvidos do excesso de
armamentos bélicos e dos equipamentos militares ultrapassados, gerando focos de conflitos a céus abertos entre povos em
fases embrionárias de desenvolvimento ou subdesenvolvidos, martirizados e destroçados às expensas dos interesses
econômicos alienígenos, dominadores arbitrários, no entanto, transitórios...
Indubitavelmente, a Humanidade vê-se compelida a responder por esse pesado ônus, fruto do egoísmo de
homens e governos impenitentes, que fomentam as desgraças imediatas, geratrizes de males que tais. . .
O homem condicionado à técnica da matança desenfreada e selvagem, atormentado pelo medo contínuo,
submetido às demoradas contingências da insegurança, incerteza e angústia disso resultantes, adestrado para matar antes
e examinar depois, a fim de a si mesmo poupar-se, obrigando-se a cruciais situações. ingerindo drogas para sustentar-se,
açular sensações, aniquilar sentimentos, só, mui dificilmente, poderá reencontrar-se, mesmo que transladado dos campos
de combate para as comunidades pacíficas e ordeiras.
A simples injunção de uma paz assinada longe do caos dos conflitos onde perecem vidas, ideais e dignidade,
jamais conseguirá transformar de improviso um "veterano" num pacato cidadão.
Além desse fator odioso, com suas intercorrências, referem-se os estudiosos aos da injustiça social vigente entre
as diversas classes humanas, de que padecem os proletários e os menos favorecidos sempre arrojados às posições
subalternas ou nenhures, mal remunerados, ou sem salário algum, subnutridos, abandonados. Atirados aos redutos
sórdidos das favelas, guetos e malocas, vivendo de expedientes, dependentes uns dos outros, em aventuras, urdem na
mais penosa miséria econômica, da qual se derivam as condições mesológicas deploráveis — causas de enfermidades
orgânicas e psíquicas de diagnose difícil quão ignorada; geradoras de ódios, brutalidades e sevícias, nos quais se
desarticulam os padrões do sentimento, substituídos por frieza emocional resultante de inditosa esquizofrenia paranóide—
os desforços contra a Sociedade indiferente que os relega a estágio primitivo, sub-humano.
Ás vezes sobrevivem alguns descendentes, vítimas inermes do meio-ambiente, cujos hábitos e costumes
arraigados jungem-nos a viciações de erradicação difícil, quando não perturbante, de que não se conseguem libertar,
estiolando-se, mais tarde...Todavia, devemos considerar, à margem das respeitáveis opiniões dos técnicos e especialistas
no complexo problema, as condições morais das famílias abastadas—tendo-se em conta que a delinqüência flui, também,
abundante e referta, assustadora e rude, em tais meios assinalados pela linhagem social e pela tradição—cujos exemplos,
nem sempre salutares, substituem o cumprimento dos retos deveres pelo suborno ou os transferem para realização a
servos e pedagogos remunerados, enquanto os pais se permitem desconsiderações recíprocas, desprezo a leis e
costumes, impondo seus caprichos e desaires como normas aceitas, convenientes, sobre as quais estatuem as diretrizes
do comportamento, agindo de maneira desprezível, apesar da aparência respeitável.. .
A leviandade de mestres e educadores imaturos, não habilitados moralmente para os relevantes misteres de
preparação das mentes e caracteres em formação, contribui, igualmente, com larga quota de responsabilidade no capítulo
da delinqüência juvenil, da agressividade e da violência vigentes, ameaçadoras, câncer perigoso a dizimar com crueldade o
organismo social do Planeta.
24
Experiências em laboratório com ratos hão demonstrado que a superdensidade de espécimes em área reduzida
torna-os violentos, após atravessarem períodos de voracidade alimentar, de abuso sexual até a exaustão, fazendo-os,
depois, perigosos e agressivos, indiferentes às outras faculdades e interesses. Crêem os especialistas em demografia, que
o problema é semelhante no homem que vive estrangulado nos congestionados centros urbanos, onde as cifras da
delinqüência se fazem superlativas, cada dia ultrapassando as anteriores.

Destaquemos, aqui, a falência das implicações morais e da ética religiosa do passado, que depois da constrição
proibitiva a todos os processos evolutivos viam-se ultrapassadas, sentindo necessidade de atualização para a
sobrevivência, saltando do estagio primário da proibição pura e simples para o acumpliciamento e acomodação a pseudo
valores novos, não comprovados pela qualidade de conteúdo. A permissividade total concedida por alguns receosos
pastores, em caráter experimental, contribuiu para a morte do decoro e a vigência da licenciosidade que passou a
vulgarizar a temática evangélica em indesculpável servilismo das paixões dominantes...
O delinqüente, no entanto, padece, não raro, de distúrbios endógenos ou exógenos que o impelem ou predispõem
à violência, que se desborda ante os demais contributos sociais, econômicos, mesológicos...
Sem qualquer dúvida, a desarmonia endócrina, resultante da exigência hereditária, as distonias psíquicas se
fazem vigorosos impositivos para a alienação e a delinqüência. Muitos traumas psicológicos e recalques que procedem do
próprio espírito aturdido e infeliz espocam como complexos destrutivos da personalidade, expulsando-os para os porões do
desajuste da emoção e para a rebeldia sistemática a que se agarram, buscando sobreviver, não raro enlouquecendo pela
falta de renovação e pela intoxicação dos fluidos e miasmas psíquicos que cultivam.
Além disso, os distúrbios orgânicos, as seqüelas de enfermidades várias, os traumatismos ocasionados por golpes
e quedas são outra fonte de desarranjos do discernimento, ensejando a fácil eclosão da violência e da agressividade.
Pulula, ainda, nos complexos mecanismos da reencarnação em massa destes dias, o mergulho no corpo somático
de Espíritos primários nos quadros da evolução. necessitados de progresso e ajuda para a própria ascensão que, não
encontrando os estímulos superiores para o enobrecimento, são, antes, conduzidos à vivência das sensações grosseiras
em que transitam, desbordando os impulsos agressivos e os instintos violentos com que esperam impor-se e usufruir mais
fogosas cargas de gozos em que se exaurem e sucumbem. Aderem à filosofia chã de viver intensamente um dia. a lutarem
e viverem todos os dias.
A simples preocupação dos interessados—e a questão nos diz respeito a todos nós—, não resolve, se medidas
urgentes e práticas, mediante uma política educativa generalizada, não se fizerem impor antes da erupção de males
maiores e das suas conseqüências em progressão geométrica, apavorantes. Teríamos, então, as cidades transformadas
em imensos palcos para o espetáculo cada vez mais rude da delinqüência e dos seus famigerados comparsas.
Tem-se procurado reprimir a delinqüência sem se combaterem as causas fecundas da sua multiplicação. Muito
fácil, parece, a tarefa repressiva, inútil, porém, quando não se transforma em um fator a mais para a própria violência.
A terapêutica para tão urgente questão há de ser preventiva, exigindo dos adultos que se repletem de amor nas
inexauríveis nascentes da Doutrina de Jesus, a fim de que, moralizando-se, possam educar as gerações novas,
propiciando-lhes clima salutar de sobrevivência psíquica e realização humana.
A valorização da vida e o respeito pela vida conduzirão pais, mestres, educadores, religiosos e psicólogos a uma
engrenagem de entendimento fraternal com objetivos harmônicos e metódicos—exemplos capazes de sensibilizar a alma
infantil e conduzi-la com segurança às metas felizes que devem perseguir.
Por coerência, espiritualmente renovado e educado, o homem investirá contra a chaga vergonhosa da injustiça
social, contra os torpes métodos que fomentam a miséria econômica e seus fâmulos, contra o inditoso e constritivo meio-
ambiente pernicioso, contra o orgulho, o egoísmo e a indiferença.
Os portadores de perturbação psíquica de qualquer procedência e violentos serão amados e atendidos por uma
Medicina mais humana e mais interessada nos pacientes que preocupada em auferir lucros e homenagens com que muitos
dos seus profissionais se envilecem, na tortuosa correria para a fama e o poder. . .
O homem iluminado interiormente pela flama cristã da certeza quanto à sobrevivência do Espírito ao túmulo e da
sua antecedência ao berço, sabendo-se herdeiro de si mesmo, modifica-se e muda o meio onde vive, transformando a
comunidade que deixa de a ele se impor para dele receber a contribuição expressiva, retificadora.
Os homens são, pois, os seus feitos.
A sociedade são os homens que a constituem.
A vida humana resulta dos Espíritos que a compõem.
Com sabedoria incontestável elucidou Jesus, o Incomparável Psicólogo, que prossegue vitorioso, não obstante os
séculos transcorridos: "Busca, primeiro, o reino de Deus e Sua Justiça e tudo mais te será acrescentado", demonstrando
que, em o homem se voltando para a Pátria Espiritual—a verdadeira— e suas questões, de fundamental importância, os de
mais interesses serão resolvidos como efeito natural das aquisições maiores.
Nesse cometimento todos estamos engajados e ninguém se pode omitir, porquanto somos igualmente
responsáveis pelas ocorrências da delinqüência, perversidade e violência—esses teimosos remanescentes da natureza
25
animal do homem em luta consigo mesmo para insculpir o bem e libertar dos grilhões do primarismo terreno a sua natureza
espiritual.
Toda contribuição de amor como de paciência, toda dádiva de luz como de saber são valiosa oferenda para o
amanhã de paz e ventura que anelamos.

SUPERSTIÇÃO E MAÇONARIA
Ir.: Valfredo Melo e Souza (*)

O combate à superstição constitui um dos princípios da Instituição Maçônica.


Aquele que não se apercebe de que está indo por falsos caminhos ao professar “crendices advinhatórias” pode até se
tornar fanático, outro malefício duramente contestado por maçons visando preservar no homem, o equilíbrio físico-mental. A
prática é milenar e reiterada nas Leis de Moisés para o culto e conduta do povo de Israel. Encantamentos, augúrios,
adivinhações ou magia sempre foram ações abominadas pelo Senhor Deus; diz a Bíblia: os que se entregam a semelhantes
práticas serão castigados.
A Maçonaria recomenda a divulgação de sua doutrina pelo exemplo e pela palavra, e combate, terminantemente, os
inimigos da Humanidade (as paixões, os hipócritas, os pérfidos, os corruptos, os fanáticos e supersticiosos etc). Observo, porém,
que nos rituais contemporâneos, andam a se esquecer do tratamento à “superstição”.
Superstição (latim superstitione; super , acima, e stare, ficar: coisa sobrenatural) é falsa crença e prática infundada, cultural
ou religiosa, que faz emudecer a razão no indivíduo; característica sagrada dada a fatos sem nenhuma transcendência. É um
apego exagerado ou descabido a seres, coisas e eventos absurdos ou irreais. É um presságio enganoso extraído de acidentes
ou circunstâncias puramente fortuitas. É um sentimento de credulidade negativo e contrário à razão e à lógica. A superstição
quando distorcida e fora da realidade induz o ser humano a criar e temer falsas obrigações ou depositar confiança em quimeras.
Apoiada na ignorância ou no medo, conduz à execução de falsos deveres, ao receio de fatos fantasiosos e à crença em
acontecimentos fundados em idéias abstratas ou coisas ineficazes que não podem ser traduzidas com exatidão científica.
Envolve sentimentos contrários à índole maçônica, logo, um culto errado, mal compreendido, cheio de terrores infundados,
contrário à razão e às idéias que se deve ter de Deus, o Grande Arquiteto do Universo. De outro modo: a superstição é a religião
dos ignorantes, das almas medrosas. Paradoxalmente as religiões, crenças ou seitas produzem, de certo modo, estes
sentimentos supersticiosos. Vestígios de velhos cultos desaparecidos ou mesmo deturpação psicológica de místicos e religiosos,
condicionados à cultura popular. O primado do inconsciente. Folclore exacerbado (as “benzeções”, por exemplo). Idiossincrasia
nossa de cada dia. Subjetivações do sentimento religioso. Transferência do sagrado para o profano (transcendem-se sujeitos e
objetos do mundo profano para erguê-los à sacralidade). São procedimentos tais como, uso de figas, patuás, fitinhas, amuletos,
sal grosso, proteção de duendes, de gnomos, fazendo parte do dia-a-dia de milhões de pessoas que acreditam em seus poderes
de cura ou para afastar “mau-olhado”, “maus espíritos”, olho gordo, quebranto, encosto e outros males. Não precisamos recorrer
a um princípio transcendente e externo para explicar o surgimento da superstição. Não há momento na História sem sua
participação. Faz parte do conteúdo e da essência humana. É como um ritual de proteção, cura e resolução de aflições
cotidianas através de rezas, orações e as conhecidas jaculatórias (fórmulas de pedidos repetidas três vezes). Assim é comum se
ver “fazer três pedidos quando se avista uma estrela cadente”; dizer “isola’ e dar três pancadas na madeira para não dar azar;
levantar da cama com o pé direito; fazer uma “figa” com os dedos para dar sorte; dar três saltos invocando “São Longuinho” para
achar objeto perdido; não passar por debaixo de uma escada (a escada é uma imagem de subida, de elevação, de acesso
social. Passar por debaixo dela é simplesmente renunciar ao progresso; é má sorte). São sentimentos que habitam o homem e
nele aparece com toda a intensidade. Tudo através de informações sem nenhuma profundidade ou análise criteriosa. Ninguém
deixa de chegar ao Grau 33 por ter passado por debaixo da Escada de Jacó e sim por falta de estudo perseverante.
Combatamos a superstição. Não precisamos mentir. Nem vender sonhos. Nem comerciar erros. Precisamos passar do discurso
à prática.

(*) Pertencente à Academia Maçônica de Letras do DF.

Consultoria Jurídica
Causas cíveis, trabalhistas e vara de família
Vilar dos Teles “Capital do Jeans”

Direção: Ir.: ROSELMO


Gilberto de Souza Jotta
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HERMES TRISMEGISTRO (O MITO E A REALIDADE)

Ir.: Antônio Rocha Fadista

Filho de Zeus e de Maia, a mais jovem das Plêiades da mitologia grega, Hermes nasceu num dia quatro (número que
lhe era consagrado), numa caverna do monte Cilene, ao sul da Arcádia.
Divindade complexa, com múltiplos atributos e funções, Hermes foi no início um deus agrário, protetor dos pastores e
dos rebanhos. Um escrito de Pausânias deixa bem claro esta atribuição do filho de Maia: “Não existe outro deus que
demonstre tanta solicitude para com os rebanhos e para com o seu crescimento”.
Mais tarde, os escritores e os poetas ampliaram o mito, como por exemplo, Homero, nos seus poemas épicos Ilíada e
Odisséia. Na Odisséia, por exemplo, o deus intervém como mago e como condutor de almas (nas Rapsódias X e XXIV).
Protetor dos viajantes, Hermes é também o deus das estradas. Nas encruzilhadas, para servir de orientação, os
transeuntes amontoavam pedras e colocavam no topo do monte a imagem da cabeça do deus. A pedra lançada sobre um
monte de outras pedras, simbolizava a união do crente com o deus ao qual elas estavam consagradas. Considerava-se
que nas pedras do monte estavam a força e a presença do divino.
Para os gregos, Hermes regia as estradas porque andava com incrível velocidade, por usar as sandálias
providas de asas. Deste modo, tornou-se o mensageiro dos deuses, principalmente de seu pai, Zeus. Conhecedor
dos caminhos, não se perdendo nas trevas e podendo circular livremente nos três níveis (Hades ou infernos, Terra
ou telúrico e Paraíso ou Olimpo), Hermes tornou-se um deus condutor de almas.
A astúcia, a inventividade, o poder de tornar-se invisível e de viajar por toda a parte, aliados ao caduceu com o qual
conduzia as almas na luz e nas trevas, são os atributos que exaltam a sabedoria de Hermes, principalmente no domínio
das ciências ocultas, que se tornarão, na época helenística, as principais qualidades do deus.
A partir deste ponto, Hermes se converteu no patrono das ciências ocultas e esotéricas. É ele quem sabe e quem
transmite toda a ciência secreta. O feiticeiro Lúcio Apuléio declara em seu livro de bruxaria (De Magia) que invocava
Mercúrio – o Hermes dos romanos – como sendo aquele que possuía os segredos da magia e do ocultismo.
Hermes Trismegistos é o nome grego dado ao deus egípcio Thoth, considerado o inventor da escrita e de todas as
ciências a ela ligadas, inclusive a medicina, a astronomia e a magia.
Segundo o historiador Heródoto, já no séc. V a.C. Thoth era identificado e assimilado a Hermes Trismegisto, i.e., ao
Três Vezes Poderoso Hermes.
A pedra de Roseta, gravada no ano 196 a.C também identifica Hermes como Thoth. A tradução dos hieróglifos das
câmaras mortuárias do Vale dos Reis permitiu dividir os escritos atribuídos a Hermes-Thoth em dois tipos principais: o
Hermetismo “popular” que trata da astrologia e das ciências ocultas, e o Hermetismo para os “cultos”, que trata de Teologia
e de Filosofia.
Do renascimento até ao final do século XIX pouca atenção foi dispensada aos Escritos Herméticos populares.
Estudos recentes mostraram, no entanto, que a literatura popular hermética é anterior ao Hermetismo do dito culto, e
reflete as idéias e convicções dominantes no império romano.
Os Escritos Herméticos sobre Teologia e Esoterismo constam de dezessete tratados, que compõem o Corpus
Hermeticum. Este conjunto de Escritos reúne as compilações feitas por Stobaeus e por Apuleius. A compilação de Apuleius
for traduzida para o Latim por Asclepius.
Estes escritos são datados dos três primeiros séculos da era cristã e foram escritos em língua grega, embora os
conceitos neles contidos sejam de origem egípcia.
O Corpus Hermeticum reúne a Hermética e a Tábua de Esmeralda. Estas duas obras são trabalhos estritamente
herméticos sobre os quais se fundam a ciência e a filosofia alquímicas. A Hermética consta de uma série de livros, dos
quais o mais importante é Livro I, Pimandro, que é um diálogo de Hermes consigo mesmo.
O Hermetismo foi durante séculos estudado pelos árabes e por seu intermédio chegou ao Ocidente, onde influenciou
homens como Albertus Magnus. Em toda a literatura Medieval e do Renascimento são freqüentes as referências a Hermes
Trismegistos e aos Escritos Herméticos, estudados e aprofundados, principalmente, pelos Alquimistas e pelos Rosacruzes.
Para os Rozacruzes, Hermes Trismegistos foi um sábio. O Dr. H. Spencer Lewis, escritor e Grande Mestre da Ordem
Rosacruz, se referia a Hermes como uma pessoa real.
No mundo greco-latino, sobretudo em Roma, com os gnósticos e neoplatônicos, Hermes Trismegisto se converteu
num deus cujo poder varou os séculos. Na realidade, Hermes Trismegisto resultou de um sincretismo com o Mercúrio
27
latino e com o deus egípcio Thoth, o escrivão no julgamento dos mortos no Paraíso de Osíris, e patrono de todas as
ciências na Grécia Antiga.
Em Roma, a partir dos primeiros séculos da era cristã, surgiram muitos tratados e documentos de caráter religioso e
esotérico que se diziam inspirar-se na religião egípcia, no neoplatonismo e no neopitagoricismo. Esse vasto conjunto de
escritos que se acham reunidos sob o nome de Corpus Hermeticum, coleção relativa a Hermes Trismegisto, fusão de
filosofia, religião, alquimia, magia e astrologia, tem muito pouco de egípcio.
Desse Corpus Hermeticum muito se aproveitou a Gnose (conhecimento esotérico da divindade, transmitido através
dos ritos de iniciação).
Os gnósticos, com seu sincretismo religioso greco-egípcio-judaico-cristão surgido também nos primeiros séculos da
nossa era, procuraram conciliar todas as tendências religiosas e explicar-lhes os seus fundamentos através da Gnose.
As sandálias, e as de Hermes eram dotadas de asas, separam a terra do corpo pesado e vivente, e daí vem a
importância simbólica das sandálias depostas, rito maçônico que evoca a atitude de Moisés no monte Sinai, pisando
descalço a terra santa. Descalçar a sandália e entregá-la ao parceiro era, entre os judeus, a garantia de cumprimento de
um contrato.
Para os antigos taoístas, as sandálias eram o substituto do corpo dos imortais, e seu meio de deslocamento no
espaço. Em Hermes e Perseu, as sandálias aladas são o símbolo da elevação mística.
O caduceu significa em grego bastão de arauto. Símbolo dos mais antigos, sua imagem já se acha gravada, desde o
ano 2.600 a.C., na taça do rei Gudea de Lagash. São várias as formas e múltiplas as interpretações do caduceu.
Insígnia principal de Hermes, é um bastão em torno do qual se enrolam, em sentidos inversos, duas serpentes.
Enrolando-se em torno do caduceu, elas simbolizam o equilíbrio das tendências contrárias em torno do eixo do mundo, o
que leva a interpretar o bastão do deus de Cilene como um símbolo de paz.
Também se pode interpretar o caduceu como sendo o símbolo do falo ereto, com duas serpentes acopladas. Esta
interpretação do caduceu é uma das mais antigas representações indo-européias, sendo encontrado na Índia antiga e
moderna, associado a numerosos ritos, bem como na Grécia, onde se tornou a insígnia de Hermes.
Espiritualizado, esse falo de Hermes penetra no mundo desconhecido em busca de uma mensagem espiritual de
libertação e de cura. Hoje em dia o caduceu é o símbolo universal da ciência médica.
O esoterismo maçônico, com a sua tradução em rituais, símbolos e ensinamentos, é criação de grandes
pesquisadores, colecionadores de livros e de manuscritos raros, e grandes estudiosos das culturas da antiguidade.
Elias Ashmole, Desaguilliers e Francis Bacon formam alguns destes homens, Rosacruzes e grandes conhecedores
do hermetismo e da transmutação alquímica dos metais, através da Pedra Filosofal.
Eles introduziram na Maçonaria os mesmos conceitos filosóficos, utilizando agora os instrumentos da arte de
construir, como símbolos da regeneração e do aperfeiçoamento moral e espiritual do Homem.
Hermes Trismegisto foi, na Mitologia Grega, o deus que reuniu os atributos que todos os grandes pensadores e
iniciados desejaram transmitir às futuras gerações. Ele foi um deus tão importante que, em Listra, a multidão, ao ver o
milagre realizado pelo apóstolo Paulo, tomou-o por Hermes e gritou entusiasmada, pensando estar diante de um deus sob
forma humana.

Obras consultadas:
Hermes Trismegisto - Ensinamentos Herméticos AMORC Grande Loja do BrasilGrande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e
Simbologia – Nicola AslanLa Franc-Maçonnerie Rendue Intelligible à Ses Adeptes – Oswald WirthEncyclopaedia Britannica – Volume XIO Vale dos
Reis – O Mistério das Tumbas Reais do Antigo Egito – John Romer A Doutrina Secreta – Volume V – H.P.BlavatskyOdisséia - Homero

Alfredo P. Cunha
Cirurgião Dentista – CRO 4679
Dr. Wagner Buono
Glaicy M. Cunha Ginecologista e Obstetra
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(tarde)
O MITO DA MAÇONARIA QUE MATA

Ir.: Robson Rodrigues (*)

Há muito circula veladamente pelo mundo em geral a idéia aterrorizante de que a Maçonaria elimina
aqueles que são contrários à sua doutrina ou que, de alguma forma, cometeram atos contrários à Instituição, sendo considerados
traidores e, em conseqüência, perseguidos implacavelmente, para, por fim, serem penalizados com a morte.
Embora destituído de maiores fundamentos, segundo a mente fértil de alguns fantasistas, tudo ocorre de forma
sigilosa, misteriosa e acobertada sob o manto da impunidade, uma vez que os maçons, além do juramento de mútuo auxílio a
que estão submetidos, seriam pessoas que ocupam na sociedade cargos de poder e influência nas mais variadas esferas do
poder político e administrativo.
O que há, afinal, de falso e de verdadeiro em tudo isso?
Dizer simplesmente que se trata de uma mentira ou uma invenção dos detratores da Ordem, evidentemente,
não é uma resposta satisfatória.
Alguns acontecimentos, aliados ao desconhecimento da história pelos próprios maçons, têm servido para
alimentar a imaginação de muitas pessoas, a maioria delas de boa fé, mas incautas o suficiente para serem facilmente seduzidas
por outras, de má fé, interessadas muito mais em denegrir a boa imagem da Ordem do que propriamente na verdade dos fatos.
As ações da então temida Carbonária é um deles. A Cabonária teria surgido aproximadamente no século XV,
em Hanover, como uma Associação pacífica, formada por carvoeiros e lenhadores, espalhando-se por quase toda a Europa.
Suas reuniões eram realizadas secretamente nas florestas, tendo posteriormente se transformado em uma sociedade justiceira.
Seu ponto alto de atividades se deu principalmente nos séculos XVIII e XIX, desempenhando um papel de fundamental
importância na campanha de unificação da Itália. Esta, sim, por força das circunstâncias e o momento político que vivia utilizava
ações violentas e matava mesmo, fosse quem fosse, independentemente do título que possuísse.
Durante muito tempo a Carbonária foi confundida com a Maçonaria devido ao grande número de maçons que a
ela se filiaram e mesmo pelos seus fins e ideais libertários, comuns em grande parte às duas sociedades. É assim que ainda hoje
há quem, de forma inocente e com ares de saudosismo, clame pela volta do que chama indevidamente “Maçonaria Cabonária”.
É preciso cuidado também para não confundir a Maçonaria com as ações violentas da Santa Vehme, outra
sociedade igualmente secreta surgida na Europa, numa Idade Média marcada por anarquia e banditismo. A SantaVehme, assim,
é instituída para fazer a justiça que faltava, através de tribunais secretos, julgando, com rigor, os crimes contra “Deus, a Lei e a
Honra”, em substituição às autoridades judiciárias inoperantes da época. Só existia uma pena: a morte.
Segundo Adelino de Figueiredo Lima, “A Vehme aparecera pela primeira vez no século XII como entidade
secreta vingadora de crimes que perturbavam a paz nos vastos domínios do Império do Ocidente”.
No século XIV a Vehme já contava com milhares de filiados e poderes ilimitados. Temida e poderosa, passou a
cometer abusos, com muitos dos seus juízes, movidos por ódios e paixões pessoais, cometendo abusos e matando inocentes.
Sua extinção, todavia, só ocorre em 1811, quando as tropas napoleônicas invadem a Alemanha.
No Grau 31, do R.E.A.A. a Maçonaria consagra a idéia de Justiça e lembra a Santa Vehme, através de um
Tribunal montado para tanto. O Templo é denominado Tribunal e é composto por duas salas, intituladas “CORTE DOS VVERD.:
JUÍZES e “TEMPLO DA JUSTIÇA”. Mas não é um Tribunal instituído para julgar e condenar quem quer que seja à morte. É
importante ficar claro, assim, que nele não há exaltação às execuções praticadas pela Santa Vehme, muito menos aos
desmandos e abusos dos seus franco-juízes e sim a decisões dela advindas, inspiradas por uma Justiça rude mas igualitária.
A idéia de uma Maçonaria que mata -- e mata de forma assustadora -- também é fruto das penalidades
impostas aos perjuros em nossos juramentos.
Não é mais nenhum segredo que dentre as penalidades contidas no juramento maçônico está a de ter os
perjuros a língua e o coração arrancados, a garganta cortada e outras terríveis penas. Embora não se saiba de uma única vez
em que essas penalidades tenham, de fato, sido aplicadas pela Maçonaria (até porque elas são simbólicas e não penalidades
físicas reais), sua divulgação só serviu para desinformar e aterrorizar o vulgo e alimentar a sanha maledicente de grupos
antimaçônicos.
Essas penalidades acabaram instigando a mente fantasiosa de Stephen Knigth, autor do livro “Jack, o
Estripador: A solução final”, publicado em 1976. Nesse livro, o autor levanta a hipótese bastante criativa de que os assassinatos
de algumas prostitutas, praticados por um serial killer não identificado, no bairro de Whitechapel, em Londres, em 1888, teriam
sido obras de maçons. Os crimes foram verdadeiros, as vítimas tinham a garganta cortada e mutilações no abdômen ou em
outras partes do corpo, mas a identificação do autor jamais foi conhecida, o que acabou dando margem a muitas teorias,

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especulações fantasiosas e muito lucro financeiro. Recentemente, a mesma idéia mirabolante foi reproduzida para as telas dos
cinemas sob o título “Do Inferno”.
Na realidade, Stephen Kingth, mutatis mutandis, está para “Jack, o Estripador” como Dan Brown está para
“O Codigo Da Vinci”. Muito folclore e pouca verdade.
O suposto assassinato de William Morgan, em 1826, nos Estados Unidos, para não revelar segredos da
Maçonaria em um livro é outro fato que serviu para alimentar o mito de uma Maçonaria que mata. Digo suposto porque, na
verdade, ele desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado. Portanto, não há que se falar tecnicamente em assassinato ou
homicídio.
À época não foi suficientemente levado ao conhecimento da opinião pública americana o fato de que, na
realidade, William Morgan não passava de um obscuro aventureiro, mal pagador, alcoólatra, além de impostor que se fazia
passar por maçom, cujo desaparecimento só ocorreu após sofrer várias condenações.
No entanto, o desaparecimento de Morgan, a acusação de maçons por assassinato e a falta de provas
suficientes que pudessem levar à condenação qualquer pessoa fizeram com que a Maçonaria passasse a ser vista como “um
segregado grupo de escolhidos, com acesso privilegiado aos poderes locais e nacionais, gozando de facilidades de ajuda e
mútua proteção”1, a ponto de encobrir seus crimes.
Estes e outros acontecimentos, ao que muito indica, serviram para criar e ainda alimentam o Mito da Maçonaria
que Mata. Na verdade, a Maçonaria é uma instituição pacífica; pugna pela justiça, mas não é justiceira. Seus membros, através
da história, participaram de muitos movimentos revolucionários de libertação e, por força do próprio momento político da época,
chegaram de fato a matar, assim como a morrer, como por ocasião da Revolução Francesa. No entanto, nunca, enquanto
sociedade organizada regular, esteve envolvida em crimes ou utilizou seus representantes em cargos de poder para encobrir
atividades ilícitas ou criminosas. Ela não mata nem nunca mandou matar quem quer que seja. Talvez se assim agisse já teria
sido extinta há muito tempo. A não ser que alguém tenha morrido de susto em alguma iniciação.

(*) M.:M.: da ARLS Nova Estrela do Oriente e Membro da Academia Niteroiense Maçônica de Letras, História, Ciências e Artes.

Bibliograia:

ALBUQUERQUE, A. Tenório de, “Sociedades Secretas”, Editora Aurora.


ASLAN, Nicola, “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia”, vol. I e IV, Editora Maçônica “A Trolha”, 1996.
CARVALHO, Assis, “O Mestre Maçom”, Editora Maçônica “A Trolha”, 1997.
CASTELLANI, José, “Dicionário Etimológico Maçônico”, Editora Maçônica “A Trolha”, vol. I, 1990.
COSTA. Frederico Guilherme, “A Maçonaria Dissecada”, Editora Maçônica “A Trolha”, 1995.
MELLOR, Alec, “Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons, Martins Fontes, 1989.
TEIXEIRA, Descartes de Souza, Antimaçonaria e os Movimentos Fundamentalistas do Fim do Século XX”, Edições GLESP, 1999.

Teixeira, Descartes de Souza, Antimaçonaria e os Movimentos Fundamentalistas do Fim do Século XX, Edições GLESP, 1999.

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