Você está na página 1de 29

O PESQUISADOR

MAÇÔNICO
n.º 44–Set. / Out.. 2006
Ano VI

EDITORIAL ÍNDICE

E Stamos em luto!
Pág. 2 e 3
 Nos Arquivos de Nicola
No dia 20/09/06, perdemos a presença física do nosso amado Irmão ANTHERO ANÍSIO
aslan
BARRADAS, que passou ao Oriente Eterno. Os Iir.: que o conheciam (e não eram poucos!)
perderam, com sua partida, a possibilidade de continuar a sorver – um pouco que fosse - de Pág. 4
sua sabedoria, adquirida não necessariamente nos ensinamentos dos livros, mas na
“ensinança” da vida; perderam os rotarianos; perdeu até a natureza, pois que ele era um
 Curiosidades
ambientalista dos mais aguerridos – amava e defendia há anos a Lagoa Araruama ;
perdemos todos, enfim, que tivemos o privilégio de conhecê-lo e desfrutar de sua amizade Pág. 5 à 8
sincera e desinteressada.  Para Pensar
Era de uma integridade tão incorruptível que, nos dias turbulentos e amorais que
atravessamos, soa-nos quase como uma exceção utópica (infelizmente!). Pág. 9 e 10
Durante mais de trinta anos, vestiu-se de Papai-Noel para alegrar as crianças em
Notícia Relevante
diversas parte do nosso Estado... Embora não tivesse tido filhos, tinha pelas crianças um
imenso carinho de avô. Pág. 11
Mas, se perdemos todos com a sua ausência física, ganhou o Grande Arquiteto do  Gr. Dic.Enciclopédico de
Universo, por estar recebendo o espírito imortal (a Maçonaria propugna como um dos Maç. e Simbologia
princípios basilares a crença na imortalidade da alma) desse ser iluminado. (Nicola Aslan)
Que ele ilumine-nos, a todos, e sirva-nos de exemplo.  Biblioteca
Como acreditamos na imortalidade da alma, terminamos este editorial, reproduzindo as
palavras abaixo (MEIMEI), que resume o nosso sentimento: Pág. 12

“Entre aqueles que se amam,


 Polindo a Pedra Bruta
 Pílulas Maçônicas
a morte aparece em vão;
pode plantar saudade,
mas nunca a separação” Pág. 13
 História Pura
Carlos Alberto dos Santos/ M...M...
Pág. 14
 Viagem ao nosso interior
O Pesquisador Maçônico
Fundação: Janeiro/2001 Pág. 15
Editor: Ir.: Carlos Alberto dos Santos/M.: M.:  Depoimento
Revisor: Ir.: Ítalo Barroso Aslan/ M.: I.:
Registrado na ABIM sob o n.º 060-J
Pág. 16 à 28
Os conceitos emitidos nos artigos aqui apresentados são de exclusiva responsabilidade
de seus autores. • CADERNO DE
Informativo Cultural da SOCIEDADE DE ESTUDOS ANTHERO BARRADAS, e TRABALHOS – De
A... R...L...S... e de Instrução Renascimento n.º 08 Estudos e Pesquisas
Rua Nicola Aslan, 133 / Braga – Cabo Frio (RJ) – CEP: 28.908 - 235
e-mail: opesquisadormaconico@ciclodagua.com.br
1
NOS ARQUIVOS DE NICOLA ASLAN

O FOGO E AS LUZES NA LITURGIA MAÇÔNICA


(1ª PARTE)
(O Fogo; O Fogo na Mitologia dos Povos Primitivos: A Lenda de Prometeu)
(Nicola Aslan)

O FOGO

O fogo é um dos quatro elementos através dos quais deve passar o Iniciado, nas provas às quais ele é submetido. Em
hebraico, esses elementos são denominados: Iam, a água; Nur, o fogo; Rush, o ar e Iabaschah, a terra. As iniciais dessas quatro
palavras hebraicas formam a famosa sigla I.N.R.I., para a explicação da qual correram rios de tinta. Segundo Aníbal Vaz de Melo, essa
inscrição simbolizava a ascensão do Logos através dos quatro planos e, nos Mistérios, que o Iniciado já havia vencido a água, o fogo, o
ar e a terra.
Para os antigos, o fogo não era somente um dos elementos da natureza. Era também o símbolo do Sol, por sua vez
considerado como o símbolo do Ser Supremo. E foi a este símbolo que, desde a mais alta antiguidade, todos os povos do mundo
prestaram o culto mais profundo, não somente pelo que ele representava do ponto de vista religioso, mas ainda pelo papel
transcendental por ele desempenhado na vida social dos povos primitivos.
É impossível, na verdade, saber-se quando se originou o culto do fogo, já que ele se perde na noite dos tempos; não
obstante, a razão desta veneração prende-se principalmente ao fato de ter sido o homem o único ser vivo a conseguir apropriar-se e a
dirigir o fogo. E, embora sem dominá-lo completamente, o homem conseguiu, por assim dizer, domesticá-lo, transformando um
elemento de destruição em precioso instrumento de progresso, em poderoso agente de civilização.
Dentro da liturgia de todos os povos, o fogo desempenhou um papel importantíssimo que até agora não diminuiu.
Procuraremos, portanto, fazer uma exposição sumária sobre o significado do fogo na simbólica e na liturgia da humanidade.

O Fogo na Mitologia dos Povos Primitivos

A mitologia dos povos primitivos é riquíssima em representações do fogo. Inúmeras divindades o simbolizam e, através dos
livros sagrados e da tradição, sabemos de que maneira a humanidade chegou a conhecer e a utilizar esse elemento e de que modo os
antigos imaginaram a sua invenção.
Contudo, o Antigo Testamento nada diz a esse respeito. Apenas existe uma breve referência, no Capítulo IV, a Tubal Caim -
Tubal, o Ferreiro - em que se diz ter sido ele “mestre de toda a obra de cobre e ferro”, sem contudo fornecer qualquer outra informação
a respeito do fogo, o elemento mais indispensável à arte do ferreiro. Por breve que fosse a referência, nem por isso ela deixou de ser
aproveitada pela Maçonaria que, com o significado de “Posse do Mundo”, a constituiu em palavra de passe de um dos seus graus.
A tradição indú atribui a criação do fogo ao deus da tempestade, a divindade que arremessa o raio. É assim que o poeta fala
num hino do Rig-Veda:
“Aquele que no embate de duas pedras engendrou Agni (o fogo), ó homens, é Indra!”
Indra é o criador, Agni é a criatura; esta nasce do Sol e do fogo, é portanto com fogo que lhe prestam culto.
Outra tradição indú diz que o deus Agni se refugiara entre as árvores. Esta alegoria tem a seguinte explicação: os homens
viam o raio destruir uma floresta, verificavam a seguir que, pelo atrito de dois pedaços de madeira de essências diferentes, conseguiam
tirar fogo. Naturalmente, esses homens primitivos imaginavam então que o deus Agni, filho celeste, refugiado dentro das árvores, pelo
atrito, era despertado e nascia.
Aliás, a tradição persa diz que os Yazatas celestes ensinaram aos homens a tirar fogo de duas árvores, Cunar e Samsir,
esfregando dois pedaços de madeira de essências diferentes. A imaginação dos povos primitivos admitia, portanto, que os pedaços de
madeira traziam em si o gérmen do fogo, porque o fogo morava dentro das árvores.
Outro mito contava outra maneira primitiva de fazer fogo, percutindo duas pedras entre si.

2
Entre os romanos, o fogo era objeto de um culto e de um ritual muito complexo. Como entre os gregos, toda casa de um
romano possuía um altar, no qual devia haver sempre restos de cinzas e de brasas. Era obrigação sagrada do dono de cada casa
conservar o fogo noite e dia, e desgraçada a casa onde o fogo se extinguisse! Ao anoitecer, cobriam-se os carvões de cinza para que
não se consumissem inteiramente. Ao despertar, o primeiro cuidado era o de avivar o fogo, que só deixava de brilhar quando toda a
família se tinha extinto.
Não se podia alimentar esse fogo com qualquer madeira; a religião regulava as árvores que podiam ser usadas e as que eram
proibidas. A religião dizia que esse fogo devia permanecer sempre puro. Não se permitia que se lançasse nele qualquer objeto sujo,
nem se devia cometer ação culposa em sua presença.
No dia 1º de março, esse fogo era apagado e outro era aceso em seu lugar, com ritos escrupulosamente observados. Não se
podia conseguir fogo usando-se ferro e pederneira. Os únicos métodos permitidos eram o de fazer incidir em um ponto o calor dos raios
solares, ou o de friccionar dois pedaços de madeira de determinada espécie e deles fazer saltar a faísca. Os romanos viam no fogo
mais do que a parte utilitária que lhes proporcionava.
“Esse fogo tinha algo de divino, diz Fustol de Coulanges em “A Cidade Antiga”; adoravam-no, prestavam-lhe verdadeiro culto.
Davam-lhe como oferenda tudo o que julgavam pudesse agradar a um deus: flores, frutas, incenso, vinho. Imploravam-lhe a proteção
que julgavam poderosa. Dirigiam-lhe fervorosas preces para dele conseguirem os fins desejados por todo homem:saúde, riqueza,
felicidade... Assim, via-se no lar de um deus benfazejo, conservador da vida do homem, um deus rico, alimentando-o com os seus
dons, um deus forte, protetor de sua casa e família. Em presença de qualquer perigo, procurava-se refúgio junto dele”.
A natureza do nosso trabalho não nos permite, infelizmente, nos alongarmos sobre tão interessante assunto. Digamos, não
obstante, para finalizar este capítulo, que o mito do fogo sagrado transformou-se na deusa Vesta, entre os romanos, e na deusa Estia,
entre os gregos, significando este nome Lar. Vesta era a deusa da ordem moral, tendo as vestais, suas sacerdotisas, o encargo de
manter aceso o fogo. Durante os trinta anos em que durava o seu ministério, as vestais deviam permanecer virgens, como a deusa.
Aquelas que violavam o seu juramento eram enterradas vivas; as que deixavam apagar o fogo eram chicoteadas.

A Lenda de Prometeu

Nada, porém, se iguala à lenda de Prometeu, que expressa bem o significado que o fogo tem na formação do próprio homem.
Os gregos consideravam o titã Prometeu como o amigo dos homens, para os quais entrou na luta contra os deuses,
sacrificando-se em seu benefício. Enganava Júpiter, destinando-lhe no holocausto os ossos, enquanto reservava a carne para os
homens.
Os gregos atribuíam-lhe a invenção do cálculo do tempo, da ciência dos números, do alfabeto, da domesticação e emprego
do boi e do cavalo, da navegação, da medicina, da ciência dos prestígios observados no vôo das aves, nas entranhas das vítimas, na
chama do sacrifício, da indústria dos metais, enfim, de todas as artes.
Como poderia realmente haver artes sem fogo? Mas o fogo pertencia aos deuses que o guardavam zelosamente. Prometeu
resolveu roubá-lo para beneficiar os homens. O herói dirigiu-se então para a ilha de Lemnos, e apanhando uma chama das forjas de
Vulcano, escondeu-a o oco de um funcho, o nartex. Outra versão diz que Prometeu aproximou-se ousadamente da roda do sol, nela
acendendo uma tocha... Júpiter vingou-se, condenando-o a ser acorrentado sobre um rochedo do Cáucaso, onde uma águia lhe roia,
sem cessar, as entranhas, que renasciam à medida que a águia as comia, mas ele, mesmo assim, continuava a desafiar e a censurar a
Júpiter.

(2ª PARTE)
(Simbolismo do Fogo; O Simbolismo do Fogo no Cristianismo; O Fogo na Liturgia Maçônica)

Obs: continua no próximo número.

N.R.: Artigo inédito. Para maiores esclarecimentos, ler explicações na edição de nº 39.

PONTO COM INFORMÁTICA


Uma Empresa Especializada em Soluções

Manutenção de Computadores / Monitores / Impressoras / Rede


Internet / Vendas de Equipamentos / Suprimentos / Cursos
AGORA CYBER BANDA LARGA + WEB CAM + FONE

Rua Itajuru, 267 Loja 103 Centro Cabo Frio Tel: (22) 9903 4445

3
CURIOSIDADES
O TERMO JEOVÁ NA BÍBLIA

Ninguém sabe, ao certo, como se pronuncia YHVH, o tetragrama, designação das quatro consoantes que
compõem o nome do Deus de Israel. É que em algum tempo antes da era cristã, para não sujarem com lábios humanos o
nome do seu Deus, os israelitas deixaram de pronunciá-lo, e assim as vogais desse nome foram esquecidas. Por ocasião
da leitura pública dos rolos nas sinagogas, ao chegar ao nome YHVH, uma nota marginal dizia: "Está escrito, mas não se
lê." E ali mesmo era indicada a palavra que deveria ser lida: "Leia-se ADONAY". O texto pré-massorético do Antigo
Testamento só tinha consoantes; as vogais eram transmitidas através dos séculos pela tradição. Só no sexto ou sétimo
século d.C. é que os massoretas colocaram vogais no texto hebraico. A palavra YHVH, então, era escrita com as vogais do
título ADONAY, e a palavra ADONAY era falada quando ocorria YHVH.
Acontece, também, que em algumas passagens do Antigo Testamento o título ADONAY (Senhor) vem seguido do
tetragrama YHVH, que nesse caso é pontuado com as vogais de ELOHIM (Deus), resultando na forma JEHOVIH (JEOVI),
como, por exemplo, em Sl 73.28 Is 50.4 Ez 3.11,27 Zc 9.14. Ou resultando na forma YEHVIH (JEVI), que ocorre, por
exemplo, em Is 25.8 Jr 2.22 Am 1.8 Ob 1.1 Mq 1.1 Sf 1.7. E em vinte e cinco passagens ocorre uma quarta forma de se
expressar o nome do Deus de Israel, e isso por meio do monossílabo YAH (JÁ), que é a primeira sílaba de YAHVEH
(JAVÉ). A Petrus Galatinus (mais ou menos 1520 dC.) atribui-se a fusão, pela primeira vez, das consoantes YHVH com as
vogais de ADONAY. Koehler-Baumgartner fala de 1200 dC. Dessa fusão surgiu um nome híbrido: YeHoVaH (Jeová). Esse
não é, portanto, o nome do Deus de Israel. O Jerome Biblical Commentary chama "Jeová" de um "não-nome" (77.11), e o
Interpreter’s Dictionary of the Bible o chama de "nome artificial" (s. v. Jehovah). O Lexicon in Veteris Testamenti Libros, de
Koehler-Baumgartner (s. v. YHVH), chama a grafia "Jeová" de "errada" e defende como "correta e original" a pronúncia
"Yahveh". Alguém poderia perguntar por que a primeira vogal de ADONAY, um "A," se tornou um "E." É que a palavra
ADONAY começa com uma gutural, um álefe, e sob gutural uma vogal esvaída deve ser um shevá composto. Ao se
colocar essa mesma vogal esvaída sob uma consoante não-gutural, ela passa a ser um shevá simples, que se representa
na transliteração por um "e" suspenso. No caso, sob o iode (Y) coloca-se a vogal "e": "Ye".
No Antigo Testamento traduzido por João Ferreira de Almeida e publicado em dois volumes quase sessenta anos
após sua morte (1748 e 1753), é empregada a forma JEHOVAH onde no texto hebraico aparece YHVH. Almeida fez isso
baseado na tradução espanhola feita por Reina-Valera (1602). Na Almeida conhecida como Revista e Corrigida (RC),
lançada em 1898 e que ainda hoje é usada, a comissão revisora substituiu JEHOVAH por "Senhor" nas passagens em que
esse nome ocorre, menos naquelas em que está junto com ADONAY (Senhor), e em algumas poucas passagens
esparsas. Nessas ocorrências a RC conservou JEHOVAH. Veja-se, por exemplo, Is 61.1: "O Espírito do Senhor (ADONAY)
JEOVÁ está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu" (RC). Este último SENHOR também é, no texto hebraico, YHVH. O
costume de usar "SENHOR" para indicar YHVH começou com a Septuaginta, a primeira tradução do Antigo Testamento, a
qual foi feita entre 285 e 150 aC. O texto hebraico foi traduzido em Alexandria para a língua grega. Nesse texto os
tradutores da Septuaginta reduziram a escrito uma tradição oral das sinagogas, onde geralmente se lia "ADONAY"
(Senhor) toda vez que ocorria o nome YHVH. Essa foi a Bíblia de Jesus, dos apóstolos e da Igreja Primitiva.
Seguindo o costume que começou com a Septuaginta, a grande maioria das Bíblias emprega o título "SENHOR"
(com maiúsculas) como correspondente de JAVÉ (YHVH). O título "Senhor" (com minúsculas) é tradução da palavra
ADON, que em hebraico quer dizer "senhor" ou "dono." No Novo Testamento "Senhor" traduz a palavra grega KURIOS,
que quer dizer "senhor" ou "dono".
Jesus não usou o termo "Jeová." Por exemplo, citando o Antigo Testamento em Dt 6.13, em que aparece YHVH,
ele disse: "Ao Senhor (Kurios) adorarás." {Mt 4.10} Tiago não fala de "Jeová." Discursando em Jerusalém {At 15.17} ele
disse: "o Senhor, que faz todas estas coisas," e isso é citação de Am 9.12, que tem YHVH como sujeito da ação. Paulo
também não usa "Jeová": em Rm 4.8, ele escreveu "Senhor," citando Sl 32.2, que tem YHVH.
São duas as razões que levaram os eruditos bíblicos a usarem a forma "Javé" como a mais provável para
designar, em português, o nome do Deus de Israel (YHVH). A primeira é de ordem gramatical e a outra, de ordem
documentária. Primeiro, a de ordem gramatical. De acordo com Êx 3.14, Deus se apresentou a Israel como AQUELE QUE
É, o Deus absoluto e imutável. A forma Javé (Yahveh, em hebraico), corresponde ao verbo ‘ehyeh, repetido em Ex 3.14:
EU SOU QUEM SOU (BLHoje). O verbo está no imperfeito, que em hebraico, por ser um verbo lâmede-he, termina com a
vogal e. O verbo "ser" aqui é hayah (com iode), que em sua forma arcaica era havah (com vave). A Bíblia de Jerusalém em
português transliterou esse nome de Deus e o grafou assim: Iahweh. Em inglês, a BJ traz Yahweh, cujo h médio os
americanos pronunciam com ligeira aspiração. Essa última forma é comum na literatura bíblico-teológica em inglês.
Observe-se que em Êx 3.14 o verbo está grafado ‘ehyeh, sendo que a vírgula suspensa significa que em hebraico há ali
uma letra álefe, que indica a primeira pessoa: EU SOU. Já o iode inicial indica terceira pessoa: AQUELE QUE É (Yahweh).

4
Um fato que indica ser a vogal da primeira sílaba de YHVH é a forma abreviada desse nome, que é grafada Yah
(Já). Essa abreviação de YHVH ocorre vinte e cinco vezes no Antigo Testamento.. A American Standard Version (1901),
matriz da Versão Brasileira, nessas passagens põe "Jehovah" no texto, mas na margem há nota, assim: "hebraico: Jah."
Ver, por exemplo, Êx 15.2 e Sl 104.35. Nessa última passagem aparece a frase cúltica "Hallelu-Yah" (Aleluia). Ver também
a nota da Bíblia de Estudo de Almeida nessas duas passagens.
Como é que Yahweh se tornou Javé em português? Primeiro, o iode (Y) inicial hebraico dá j em português (como
em Yoseph - José). Segundo, o h inicial e final caem porque não soam em português. Terceiro, o w passa a ser v, que é
como transliteramos em português a letra vave. E aí temos Javé.
Agora a razão de ordem documentária. Teodoreto, pai da Igreja, da escola de Antioquia, falecido em 457 dC.,
afirma que os samaritanos, que tinham o Pentateuco em comum com os judeus como Escritura, transliterava "a palavra de
quatro letras" por Iaoué. Também os papiros mágicos egípcios, que são do final do terceiro século dC., dão como corrente
a pronúncia acima referida, a de Teodoreto.
Finalmente, convém notar que em duas traduções modernas da Bíblia está correta a vocalização de YHVH.. Uma
delas é a Bíblia de Jerusalém, que traz Yahweh (inglês e português), Yahvé (francês), Yahvéh (espanhol) e Jahwe
(alemão).
A Bíblia da LEB (Edições Loyola, 1989) usa o nome "Javé" como transliteração de YHVH. Em Gn 2.1 parte da
nota explicativa diz: "Aqui aparece pela primeira vez o sacrossanto Nome de JAVÉ (YHWH), cujo sentido na tradição
bíblica é "AQUELE-QUE-É." (...) Hoje o Tetragrama Sagrado, que se pronuncia em hebreu Yahweh, está devidamente
implantado na língua portuguesa em sua forma correta, que é JAVÉ." E acrescentamos, forma dicionarizada: ver o
Dicionário Aurélio e o Dicionário Michaelis, s. v. JAVÉ.

N.E.: Artigo enviado pelo Ir.: GILSON, através do site “REDECOLMÉIA(RIO).

RUA JONAS GARCIA, 161 CENTRO – CABO FRIO

Novos Tempos - Serviços & Contabilidade Ltda.

“Contabilidade Geral - Serviços de Despachante – Assessoria Fiscal


Certidões Negativas – Marcas e Patentes – Imposto de Renda”.

Av. Presidente Vargas, 633 - Sala 2214 - Centro - Rio de Janeiro/RJ


Tel.: (21) 2292-8568 - Telefax: (21) 2507-7947 - Cel.: 9627-0353
www.novostempos-rj.com.br - novostempos@novostempos-rj.com.br

Direção Ir ∴ Wilson Santos - Loja Adonai 1377 - GOERJ

5
PARA PENSAR
"A Mulher e a Maçonaria"
Ir.: Breno Trautwein (In Memorian)

Vivemos numa época de acentuadas transformações. No campo científico, vemos as conquistas da Física, da Química
e da Matemática superior, levando o homem além do horizonte terrestre. Os mesmos triunfos refletem-se na Medicina com as
modernas substâncias farmacológicas e técnicas cirúrgicas. Nossos conhecimentos no âmbito da genética trazendo
possibilidade de novas medidas profiláticas em relação às doenças hereditárias. No meio sócio-econômico, verificamos as
contínuas guerras fratricidas, a intolerância retrógrada religiosa, as crendices e superstições das velhas culturas a ditar condutas
atávicas, a violência urbana,... De um lado, a alta tecnologia proporcionando melhor qualidade de vida à minoria populacional
endinheirada, de outro lado, a maioria inculta, faminta, miserável tanto no aspecto cultural como orgânico.
Neste ambiente conturbado, há um fato novo: A conquista das mulheres à igualdade dos direitos cívicos dos homens,
exceto no mundo islâmico xiita, cujo direito, baseado no Corão, mantêm a mulher em posição subalterna.
Qual a origem da subordinação social da mulher durante tantos milênios?
No reino animal, os seres humanos são os que mais se parecem com os grandes símios (chimpanzés e gorilas) em
relação à estrutura anatômica básica e à semelhança da constituição genética. Possivelmente, como tentam demonstrar os
estudos antropológicos modernos, tais semelhanças foram herdadas de um ancestral comum que viveu, segundo cálculos
baseados em provas fósseis e pesquisa molecular, há cerca de 10 milhões de anos. Resultado das mudanças ambientais e
outros fatores desconhecidos, símios e seres humanos seguiram caminhos evolutivos diferentes entre 5 e 8 milhões de anos
atrás. Através dos tempos, algumas características do ancestral comum foram mantidas e outras mudaram para produzir a
espécie conhecida hoje.
Ossos fossilizados e pegadas mostram que a adaptação fundamental do homem do andar ereto (bipedalismo) ocorreu
na África há 4 milhões de anos. Mais notável foi a descoberta de pegadas, preservadas por cinzas vulcânicas, de dois
Australopitecíneos adultos acompanhados por uma cria em Laetoli. Essa descoberta mostra terem os ancestrais do homem
organizado núcleos familiares a 3,8 milhões de anos.
Sem nos preocuparmos com as discussões sobre as teorias da evolução cultural unilinear e multilinear, vamos restringir
o nosso trabalho às proposições de antropologia cultural moderna com as observações sobre o comportamento social dos
primatas não hominídeas em seu estado natural, com o desenvolvimento das teorias psicológicas, com os estudos sobre a
cultura e personalidade, que nos dão um ponto de partida mais fecundo para ampliar as fronteiras do conhecimento evolutivo
para além de um quadro de referência morfológica.
Por outro lado, são comuns as uniões poligínicas, quer nos macacos, quer nos antrópodos. Entre os
chimpazés e os gorilas, esse tipo de união parece fornecer as bases para a formação de grupos sociais independentes. Em
alguns macacos, como o babuíno, por exemplo, encontramos dentro de "tropas" ou "bandos", subgrupos semelhantes a um
"harém". Este núcleo padrão de indivíduos associados, quando considerado a luz da inter-relação de seus papéis, está ligado ao
ato do envolvimento de funções básicas como a geração, a proteção e a nutrição da prole; que nasce relativamente indefesa e é
dependente durante certo período de tempo, cabendo à fêmea, além da procriação, a coleta de alimentos para nutrição e os
cuidados iniciais de amparo, e ao macho a proteção e a caça do alimento.
Todavia, não podemos apreciar devidamente o significado evolutivo da organização social dos grupos primatas se
não considerarmos outros padrões de comportamento além daqueles diretamente ligados à reprodução porque a estruturação das
sociedades infra-humanas não é, de modo algum, simples função da diferenciação de papéis determinados pelo sexo e idade. A
existência de influências interpessoais na conduta, através de uma hierarquia social no grupo, ou seja, de um gradiente de dominância,
em muitos grupos até agora estudados, em sua totalidade, os machos exercem domínio sobre as fêmeas e as fêmeas a eles
associadas podem, às vezes, ocupar posições superiores a outras fêmeas. A diferenciação de papéis entre os primatas não
hominídeas, entre outros animais gregários e entre os homens, exemplifica um princípio básico na organização das relações sociais,
quer os determinantes sejam inatos, quer aprendidos, quer uma combinação de ambas as coisas. Portanto, a estrutura social pode ser
identificada como um dos traços característicos de um estágio protocultural da evolução hominida, cujas desigualdades como os
demais animais é resultante, como sabemos agora, mais da locomoção bípede do que o tamanho do cérebro, embora não possamos
minimizar o aumento cerebral na execução do comportamento humano.
Do exposto acima poderíamos concluir ter sido a situação de sujeição da mulher ao homem conseqüência de hábitos
adquiridos há milhões de anos atrás, os quais perduraram por toda a antigüidade, Idade Média, Moderna e Contemporânea.
Tudo indica que nos tempos proto-históricos, a mulher conseguiu alguma liberdade nos cultos agrários de fertilidade pela sua
importância no processo reprodutor e o enigma, para os primitivos, do ciclo ovariano (comum nos primatas) e a sua ligação com a vida.
Vemos este fato perpetuar-se nas prostitutas do Templo de Astarte, entre os babilônios, nas vestais romanas e nas pitonisas
de Apolo. Também nos achados arqueológicos das deusas negras apresentadas por estatuetas femininas em adiantado estado de
gravidez.
Porém, no Código de Hamurabi, encontramos historicamente leis em relação à mulher:
"Se alguém difama uma mulher...
e não o pode provar,
deverá ser arrastado perante o juiz
para lhe marcar com ferro a face.
6
Se a esposa de um homem, acusada por seu marido,
não for surpreendida no ato de adultério, ela, assim que jurar
por Deus, voltará à sua casa".
O homem só era penalizado com a perda da mulher, quando a esposa apresentasse provas de ser lesada. Entretanto, o
privilégio do marido perante a lei, assim mesmo, era inequívoco.
"Quando a esposa não estiver isenta de culpa por abandonar e esbanjar o lar e por negligenciar o marido, então dever-se-á
jogar essa mulher na água".
Entre todas as probabilidades plausíveis que a vida conjugal poderia acarretar, também a situação das esposas estéreis, sem
culpa, fora objeto de regulamentação legal.
"Quando alguém tomar uma esposa e ela levar uma serva ao seu amo e esta tiver filhos, não será permitido a ele tomar uma
esposa suplementar... a serva, porém, que lhe deu filhos, não deverá ser equiparada à esposa".
Hamurabi viveu de 1728 até 1686 A.E.C. e em seu código reconhece ser o matrimônio a base da família, concedendo
proteção legal não somente aos homens, mas também às mulheres casadas. Nessa época, a mulher era bastante respeitada. Não se
podia repudiar a esposa mandando-a embora, sem mais nem menos. A mulher deveria receber uma garantia de sustento sob a forma
de donativo de repúdio. Todavia, não se podia repudiar a cônjuge enferma.
O Código de Hamurabi era uma síntese dos povos que habitavam a Mesopotâmia.
Por outro lado, as migrações indo-européias trouxeram a predominância do homem pelo domínio patriarcal do dono da casa.
De resto, um homem, um chefe pelo menos, pode ter várias mulheres: a poliginia era encontrada entre os persas, na realeza védica, na
Grécia arcaica, nos germanos continentais e escandinavos, e na Rússia antiga entre os celtas. Como vemos, os primitivos
comportamentos animais perduram entre os povos semitas e indo-europeus e vêm desembocar na Grécia Clássica e na Roma antiga,
nas quais os costumes em relação às mulheres são os mesmos com a dominância do homem. Dentre esses povos havia a religião
doméstica, o culto dos deuses lares e a primeira instituição estabelecida pela religião foi o casamento, pela necessidade de manter o
culto dos antepassados e ao deus ou deuses de cada tronco familiar, cuja transmissão era patriarcal, ou seja, de só se transmitir de
linha masculina, porque a crença das eras primitivas como a encontramos nos Vedas, e de que restam vestígios por todo o direito
grego e no romano, foi o de o poder reprodutor residir exclusivamente no pai. Só o pai possuía o princípio misterioso do ser e
transmitirá essa cultura de vida. Em conseqüência desse antigo conceito, surgiu a regra que o culto doméstico passasse sempre de
varão para varão; a mulher só participava nesse culto por intervenção do seu pai ou de seu marido e, depois da morte, não receberá a
mesma parte que o homem no culto e nas cerimônias do repasto fúnebre.
A importância do casamento estava ligada à crença de que no além-túmulo era mantida a felicidade e a divindade do morto
pelas oferendas e refeições fúnebres feitas pelos vivos. Se estas oferendas cessassem, caía em infelicidade o morto, pois logo passava
à categoria de demônio. Daí derivou, como regra, deverem todas as famílias perpetuar-se para todo o sempre.
Em Atenas, a lei encarregava o primeiro magistrado da cidade de cuidar para que nenhuma família se extinguisse. Do mesmo
modo, a lei romana estava atenta para que não cessasse nenhum culto doméstico. Todos tinham, pois, enorme interesse em deixar um
filho convencido de que, com esse fato, tornavam feliz a sua mortalidade. Mas não bastava gerar um filho. O filho que perpetuaria a
religião doméstica devia ser fruto do casamento religioso. O bastardo, o filho natural, chamado pelo latino "spurius", não podia
desempenhar o papel pela religião determinada do filho. Assim, além do laço consangüíneo, era necessário o do culto.
O casamento era, portanto, obrigatório. Não tinha por fim o prazer, porém, a união de dois seres no mesmo culto doméstico, a
fim de perpetuá-lo. O nascimento de uma filha não cumpria a principal finalidade do casamento. Com efeito, a filha não podia continuar
com o culto, porque no dia em que se casasse, renunciaria à família e do culto de seu pai, passando a pertencer à família e à religião
do marido. Em conseqüência, a filha não era herdeira do pai e logicamente a mulher nunca receberia herança nem do pai e nem do
marido.
Todos os direitos pertenciam ao poder paternal. A esposa não tinha o direito de divorciar-se mesmo quando viúva, ela não
podia emancipar e nem adotar. Não podia ser tutora, nem de seus filhos. Em caso de divórcio, os filhos ficariam com o pai, inclusive as
filhas. A mulher nunca podia ter os filhos em seu poder. Não se lhe pedia o consentimento para os casamentos dos filhos.
Plutarco refere-nos, em Roma, não poderem as mulheres aparecerem em justiça, mesmo como testemunhas.
Na Idade Média, com a queda do império romano e as invasões bárbaras, foi por água abaixo também o corpo de leis que
formavam o Direito daquela civilização. As tradições dos invasores germânicos desempenhavam um papel importante na justiça
medieval.
Aproximadamente em 510, a lei sálica dizia:
"As mulheres permaneciam desde o seu nascimento até o fim da sua vida sob a tutela do pai, do marido ou do filho. Eram
punidas de morte por adultério. Os homens, por sua vez, poderiam cometer adultério impunemente. O marido podia divorciar-se
quando e por que lhe aprouvesse. E na ausência do direito da mulher, baseava-se no princípio: Nenhum pedaço de solo herdado pode
ser atribuído a uma mulher".
O cristianismo primitivo, cuja influência dos essênios, eremitas, celibatários, que desdenhavam o casamento, mas adotavam
filhos dos outros homens enquanto ainda eram maleáveis e dóceis, tratavam-nos como seus parentes e moldavam-se segundos seus
princípios.
De fato, eles não condenavam, por norma, o matrimônio e a propagação da espécie, porém desejavam se proteger da
libertinagem das mulheres, persuadindo-se de que nenhuma delas se mantém fiel a um só homem. Estes pensamentos levavam para o
cristianismo a condição de inferioridade da mulher. Também a influência de Paulo de Tarso, celibatário convicto, iria aprofundar mais
esta condição feminina.
Outra vertente seria a do judaísmo rabínico, também influenciada pelos essênios, cujas leis dos rabinos não davam permissão
para a mulher tornar-se rabina, estudasse o Tora ou rezasse em sinagoga. A religião de Deus tornou-se tão patriarcal quanto a maioria
das outras ideologias da época. O papel das mulheres era manter a pureza do ritual no lar. Embora os rabinos achassem a mulher
abençoada por Deus, ordenava-se aos homens que agradecessem a Javé na prece matinal por não os terem feitos gentios, escravos e
7
mulher. Na prática, isso significava que eram encaradas como inferiores. Talvez também houvesse uma certa influência islâmica,
apesar de Maomé pregar um ideal igualitarista entre os sexos, os seus seguidores tornavam à posição primitiva de inferioridade da
mulher que predomina até hoje.
Em nosso mundo cristão, nos seus primórdios, a nova religião também atraía as mulheres: suas escrituras ensinavam que em
Cristo não havia macho ou fêmea e insistiam que os homens tratassem com carinho suas esposas, como Cristo fazia com sua igreja.
Contudo, os enxertos judaicos, essênios e mesmo paulinos, vieram modificar a bondade, a tolerância de Jesus de Nazaré, através das
prédicas dos primitivos doutores da igreja. A severa doutrina de Agostinho pinta um quadro de Deus implacável:
"Expulso do paraíso após seu pecado, Adão comprometeu também sua progênie à pena de morte e a danação, aquela
progênie que, pecando, ele corrompera em si mesmo, como uma raiz, de modo que qualquer progênie que nascesse (através da
concupiscência carnal, pela qual uma merecida retribuição lhe fora atribuída) dele e sua esposa - que era a causa do seu pecado e a
companheira de sua danação - arrastaria pelas eras afora o fardo do pecado original, pelo qual ela própria seria arrastada por muitos
erros e sofrimentos, até o tormento final e interminável com os anjos rebeldes...".
Agostinho deixou às mulheres um legado difícil. Uma religião que ensina homem e mulher a verem sua humanidade
cronicamente impura pode aliená-los de si mesmo. Como afirmamos acima, embora o cristianismo fosse originariamente bastante
positivo em relação às mulheres, já havia desenvolvido uma tendência misógina no Ocidente na época de Agostinho. As cartas de
Jerônimo fervilham com uma antipatia pelas mulheres que parece, às vezes, demente. Tertuliano castigava as mulheres como
tentadoras e perversas, um eterno perigo para o gênero humano.
"Não sabeis que sois cada uma de vós uma Eva ? A sentença de Deus sobre esse vosso sexo permanece viva até hoje; a
culpa deve necessariamente viver também. Vós sois o portal do demônio; vós sois a violadora da árvore proibida; vós sois a primeira
desertora da Lei Divina; vós sois aquela que convenceu, aquela a quem o demônio não foi suficientemente valente para atacar. Vós
destruístes, de modo irresponsável, o homem, imagem de Deus. Por vossa culpa, até o filho de Deus deve morrer".
Este conjunto de fatores: comportamentos inatos e adquiridos, normas de direito, usos e costumes tradicionais e preceitos
religiosos errôneos, mantiveram a mulher no grau de inferioridade em relação ao homem até o nosso século, tanto no mundo cristão
como no islâmico, e mesmo nos descendentes a velha cultura indo-européia e também no judaísmo. Tal situação manteve-se estática
durante a Idade Média, até os séculos XIII e XVI, com a Renascença e o Humanismo surgindo na mesma época que determinou o
abandono das concepções escolasta-medievais e, junto com a reforma, introduziu a crítica dogmática eclesiástica. Revalorizou-se, de
acordo com os modelos antigos, a personalidade humana com sua responsabilidade individual, sua capacidade racional, sua liberdade
e sua história, ao mesmo tempo em que, em certo sentido, enfrentou-se as pretensões autoritárias da Igreja e do Estado. Mudou-se,
então, radicalmente, a concepção do mundo e da sociedade. Agora a verdade era buscada e encontrada também fora da revelação
cristã. Fomentou-se a livre investigação no âmbito da história do espírito e das ciências da natureza e se defendeu o direito à crítica das
tradições e das instituições tradicionais.
O homem renascentista já não espera favores divinos, porém procura aperfeiçoar seu trabalho pessoal, aplicando seus
instrumentos, sua habilidade e seu talento com nova mentalidade. O individualismo opõe-se ao misticismo medieval. Esse início de
pensamento sistêmico: múltiplas causas em relação dinâmica entre elas, levando a certas conseqüências, contrapondo-se ao
pensamento linear: causa e efeito numa relação simples, a causa sempre levando ao efeito. E nesse caso, a única causa era Deus e
sua revelação, quase sempre baseado no pecado de Adão e Eva.
Foi o solapamento do edifício do dogma, do autoritarismo, que veio explodir no filosofismo de Montesquieu, Voltaire,
Rousseau e mais especialmente os colaboradores da Enciclopédia, que em 3 de setembro de 1791, na Declaração dos Direitos e do
Cidadão, aprovado pela Assembléia Nacional da França, trazia em um dos seus parágrafos: "Os homens nascem livres e de direitos
iguais e assim se conservarão".
Em 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Nações Unidas anunciou a Declaração Geral dos Direitos Humanos
como ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações: "Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. São dotados de razão e consciência e devem encontrar-se mutuamente no espírito da fraternidade. Cada ser humano pode
reclamar para si os direitos e as liberdades anunciadas nesta declaração, nem nenhuma distinção, como seja, de raça, cor, sexo,
língua, religião, convicção política ou qualquer outra descendência nacional ou social, de posse, nascimento ou outras condições".
Eram os anseios humanos concretizados pela representante da maior parte dos países do mundo. Seria a carta de alforria da
espécie humana. Entretanto, muitas batalhas tiveram de ser travadas contra os preconceitos de sexo ou de cor. A mulher no mundo
contemporâneo, conseguiu quebrar quase todas as barreiras, e hoje elas exercem praticamente todas as atividades humanas, inclusive
prestam serviços às Forças Armadas. Contudo, há algumas entidades como a Maçonaria, Rotary Club, Lyons Club, o sacerdócio
católico e pastores da maioria das crenças protestantes que mantêm a proibição delas pertencerem a estas associações.
A suposta inferioridade da mulher, conforme já vimos, é resultado de um conjunto de fatores: comportamentais, legais,
tradicionais e religiosos e não podemos esquecer que a Maçonaria, e poderíamos juntar a Igreja Católica, são os remanescentes de
toda essa memória sagrada da humanidade e, portanto, não poderia fugir à sua herança atávica. Assim mesmo, a posição das
mulheres, no momento atual é a seguinte: apesar dos usos e costumes não permitirem a iniciação delas nos ritos tradicionais, elas são
lembradas nessas cerimônias com apreço e respeito. A origem mais recente dá-nos que os regulamentos das guildas medievais,
possivelmente o nascedouro da Maçonaria de ofício, a partir do século XIII prescrevem a proibição das mulheres na indústria, exceção
à esposa do Mestre, caracterizando, já naqueles tempos, a prática do nepotismo. Mas no caso da viúva, a corporação permitia a ela
continuar com os negócios, porém, não podia aceitar Aprendizes, por lhe faltarem conhecimentos profissionais.
Em seu livro das Constituições, em 1723, o pastor James Anderson, presbítero anglicano, no artigo 3º, diz ao final: "As
pessoas admitidas numa Loja devem ser boas, sinceras, livres, de idade madura; não são admitidos escravos, mulheres, pessoas
imorais e escandalosas, mas exclusivamente as que gozem de boa reputação".
Essa proibição é encontrada no 18º Landmarque de Mackey: "Que todo candidato à Maçonaria há de ser homem livre e de
mais idade".

8
Todos esses conceitos são do século XVIII e XIX e vimos que a Declaração dos Direitos Humanos torna clara a igualdade dos
sexos.
Alec Mellor, em seu livro Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons, analisa o problema com muita propriedade, e
vamos descrevê-lo em parte abaixo:
A iniciação da mulher é um tema importante em Maçonaria. Foi considerado, no curso da história, de maneiras diversas, e
continua a sê-lo. Deve-se iniciar a mulher? Para esse problema, são concebidas quatro soluções:
I - a exclusão;
II - a assimilação;
III - a reparação; e
IV - a adaptação.
A exclusão, conforme já vimos, tem a seu favor toda uma tradição, inclusive a maçônica. Na Maçonaria, a começar pela
Operativa, por definição, também não era possível existir "Pedreiras". Depois Anderson, Ramsay, Mackey e finalmente a Grande Loja
Unida da Inglaterra, em 1929, estabeleceram essa norma como um dos pontos para reconhecimento de uma Loja ou Potência. Ainda
pode-se alegar razões psicológicas e morais, como a pretensa inaptidão das mulheres para guardarem segredo, que é um absurdo
puro e simples. Entretanto, o mesmo não ocorre com as dificuldades de admitirem igualdade social entre elas, nem com a sensibilidade
e a emotividade delas, mais vivas do que as dos homens. Em um mundo fechado, onde a sensibilidade e a emotividade tornam mais
arrebatadas, a vivacidade de certas reações femininas duplicaria, prejudicando o espírito fraternal.
Enfatizou-se igualmente a hostilidade muito fácil que as mulheres nutrem umas pelas outras, sobretudo se são as idades
diferentes, assim como o perigo que o espírito fraternal proporcionaria eventuais adultérios e também das brigas entre os homens tão
caras às cônjuges. A argumentação em tela falha pelos outros exemplos sociais, como no trabalho e nos ambientes de lazer, onde os
dois sexos convivem em igualdade de condições, com o risco mínimo destes fatos acontecerem. Ainda poder-se-ia evitá-los com certas
normas para a Iniciação de ser a mulher de mais idade, ter uma conduta moral irrepreensível, meios decentes de manter a própria
subsistência, possuir cultura para entender e escrever sobre os princípios maçônicos, amar o progresso da humanidade e a prática das
virtudes.
Quanto ao risco de adultérios, é interessante notar-se que o relacionamento sexual sofreu profundas modificações da metade
do século para cá e, de um modo geral, o matrimônio é uma das instituições legais praticamente falida, chegando William Reich a
afirmar que oitenta por cento das uniões conjugais se desfazem através dos tempos, de fato e de direito.
A assimilação, já vamos encontrá-la na Ordem Mista Internacional O Direito Humano, fundado em 1893, sob a égide de Maria
Deraimes, onde o homem e a mulher convivem em pé de igualdade. O adágio gravado no frontão do Templo da Direito Humano, indica
bem as suas idéias:
"Na humanidade, a mulher tem os mesmo direitos que o homem. Ela deve ter os mesmos direitos na família e na sociedade".
No espírito das fundadoras da Potência, a Loja não passaria do protótipo da sociedade futura, conforme seu ideal de
fraternidade e paz. O Direito Humano foi o resultado das reivindicações feministas do final do século XIX e de uma vasta campanha
ideológica em favor da igualdade civil e política. Não tem lógica, o direito à Iniciação maçônica era, a partir disso, considerado legítimo,
e a recusa de receber as mulheres na Ordem, injustificável, enquanto se queria que elas fossem juridicamente capazes, eleitoras e
elegíveis.
Os partidos políticos da esquerda e da direita eram ferrenhos antifeministas e, além disso, estavam hipnotizados pelo temor,
posto em voga por Michelet, de que, caso se reconhecesse à mulher francesa direitos eleitorais, a ditadura "clerical" sobreviria por
intermédio delas.
Em seu livro O Padre, a Mulher e a Família, Michelet não hesitara em escrever:
"O confessor de uma mulher pode ser definido com ousadia como um invejoso do marido e seu inimigo secreto... Todo
trabalho do confessor consiste em isolar essa mulher, e ele o faz conscientemente".
A respeito dos esforços da pequena minoria favorável às reivindicações feministas, as obediências não acolheram mais do
que os sucessivos Parlamentos em que, após uma simulação na Câmara dos Deputados, em final de sessão, o voto das mulheres foi
sistematicamente rejeitado pelo Senado, dominado pelo Grupo da Esquerda Democrática, cujos membros pertenciam ao Grande
Oriente.
Em nossos dias, a mulher francesa adquiriu a igualdade civil e política, bem como em quase todo o mundo, exceto onde
predomina o Fundamentalismo Islâmico, mas não à igualdade maçônica e O Direito Humano, cujas idéias "profanas" triunfaram,
continua isolada e sendo considerada como irregular pelas próprias obediências também reputadas de irregulares.
A reparação é uma terceira solução, consistindo numa espécie da apartheid dos sexos, cada sexo possuindo sua própria
maçonaria. É a solução da Co-Masonry inglesa, na qual as mulheres se chamam de "Brother" (Irmão) e, na França, a da Grande Loja
Feminina Francesa, considerada, por essa razão, como irregular pelo Direito Humano. As "Irmãs" da Grande Loja Feminina Francesa
só definitivamente constituída em 1959, recusavam a fórmula "mista", estimando serem as qualidades femininas específicas e, por isso,
deverem as questões maçônicas serem examinadas por elas no campo feminino, fora das lojas masculinas.
A adaptação é um quarto sistema, que teve, historicamente, formas diferentes. Consiste em dar às mulheres um ritual próprio,
mas sem estabelecer uma divisão estanque entre Maçonaria feminina ou masculina.
Foi a forma usada no século XVIII e das Lojas de Adoção, enraizadas nas Lojas masculinas. As damas não mantinham
sozinhas as Lojas, porém eram assistidas pelos "Irmãos".
Essa espécie de Maçonaria, com os seus símbolos e sinais próprios, persistiu durante o Império ( a imperatriz Josephine foi
iniciada na Loja A Imperatriz, dos franco-cavaleiros), no século XIX e acabou por perecer e morrer no século XX.
Uma adaptação de outro tipo consistia na criação de Ordem que se assemelhasse à Maçonaria por sua estrutura, pela existência de
um ritual e por "segredos" próprios, todavia, que não tivesse o nome de Maçonaria. Desse gênero são a Ordem da Eastern Star, nos
Estados Unidos; a Maria Order, na Noruega e a Ordem das Fiandeiras, nos Países Baixos.
Termina Alex Mellor:
9
"Deve-se concluir que, se no último terço do século XX, agora que a igualdade dos sexos
é admitida em todos os países civilizados, a Franco-Maçonaria continua, a despeito dos
paliativos, sendo uma organização puramente masculina, e porque esta é, simplesmente,
a sua natureza. Transposição da arte de construir para o plano moral, ela permanece viril,
exatamente como nos tempos da Maçonaria Operativa. Essa natureza particular pela qual
ela se distingue das sociedades civis é, sem dúvida, arcaica, mas está longe de ser verdade
que todo arcaísmo seja um mal e que toda novidade seja um progresso. Não implica em
qualquer desrespeito à mulher, que o próprio ritual sublinha inúmeras vezes".
Ao contrário dessas proposições, citamos a de Joaquim Gervásio de Figueiredo, membro da Maçonaria Mista:
"E a julgar pelo que se observa em todas as religiões e igrejas, a admissão da cara-metade do homem nos templos
maçônicos, hoje tão vazios em toda parte, só lhes poderia dar mais colorido e vitalidade e enriquecer sua cultura, sua moral e sua
utilidade social. Tornaria a Loja Maçônica mais completa em seu significado filosófico-espiritual e mais autêntica em seu conteúdo
simbólico, a ser verdadeira (como o é) a lenda maçônica de que uma Loja é o símbolo do universo ou o universo em miniatura.
Ora, no universo de Deus não há nenhuma distinção entre os sexos; não existem leis masculinas e leis femininas, as leis são
iguais para todos, homens e mulheres, anjos e humanos, vivos ou mortos. Se esse é o exemplo que nos dá o Grande Arquiteto do
Universo, por que fazerem os homens coisas diferentes no mundo e, especialmente, na Loja Maçônica, que é reflexo desse universo?
Portanto, sob o critério filosófico, a Maçonaria destina-se tanto ao homem como à mulher, complementos que são um do outro
e destinados como estão a constituir a família como base celular de uma sociedade bem organizada".
Sentimos todos nós a diversidade de opiniões, conforme o enfoque seja tradicional, legal, social ou filosófico. A tradição na
Maçonaria, impropriamente, denominada de regular, enquanto sob os demais prismas há uma evolução, baseada nas conquistas
contemporâneas, que indicam nada impedir o ingresso delas na Ordem maçônica.
Existem motivos para reflexões e tomadas de novas posições. Não podemos prever quando chegaremos a uma solução mais
compatível com os tempos atuais. A sabedoria maçônica manda aguardar e esperar, contudo o progresso social e tecnológico não
pára, obrigando-nos a pensar sobre o tema bastante controvertido, para não sermos pegos na contramão da História.

N.: E.: O texto foi enviado à nossa redação, como colaboração, pela Irmã MARIA F.V. RODRIGUES, da Loja ORION
Nº 28, Oriente de Santos (São Paulo).

Água pura é mais saúde

Estações de tratamento de água; Bombas dosadoras;


Filtros centrais; Dessalinização; Limpeza de caixas
d’água e cisternas
Visite nosso site: www.ciclodagua.com.br
Rua Itajurú, 267 / lojas 4 e 5 Centro - Cabo Frio (RJ)
Tel./Fax: (22) 2645-5059 / 2647-4895

10
NOTÍCIA RELEVANTE

SAUDADES DE ANTHERO ANÍSIO BARRADAS


Ítalo Aslan
M:. M:.

O artigo deste bimestre custou a sair. Ficou difícil parar e colocar alguma coisa no papel e mandar
para o “Pesquisador Maçônico”. Algo emperrava a mão e o raciocínio. Uma “enrolação” inexplicável. Um
artigo sobre Einstein, talvez? Começamos a coletar dados. Sim, sobre Albert Einstein, “o maior gênio
científico do século XX” e sua visão filosófica e mística, sua intuição e crença num ser superior e criador de
todas as coisas.
Dia 20 de setembro chegou e os dados sobre Einstein já se acumulavam. À noite desse mesmo dia
chega a notícia: morreu Anthero Anísio Barradas. Agora, passamos a entender o “porquê” do atraso na
elaboração do artigo do próximo número do “Pesquisador”: vamos falar sobre Anthero Anísio Barradas!
Que nos perdoem os possíveis leitores que, talvez, nem tivessem conhecido o Barradas. Mas, caso
queiram, podem passar para o artigo seguinte, virem a página. A fama de Anthero Anísio Barradas nem se
compara à de Albert Einstein, portanto nem deve interessar aos nossos leitores do “Pesquisador”., a não ser
àqueles que o conheceram, mas foi um grande homem também. Sem a genialidade científica daquele que
intuiu a Teoria da Relatividade, mas foi um grande homem, insisto. Portanto, que também nos perdoe o
gênio da ciência, mas é sobre Anthero Barradas que vamos falar hoje.
Foram quase contemporâneos. Einstein nasceu na Alemanha em março de 1879 e morreu em
Princeton, EUA, em abril de 1955. Barradas nasceu na cidade do Rio de Janeiro em fevereiro de 1924 e
morreu em Cabo Frio/RJ em setembro de 2006, aos 20 dias, 2 dias antes da primavera, é bom que se
ressalte.
Nada tinha de seu, a não ser uma humílima casinha, desarrumada, denunciando a presença
constante da solidão e um descaso muito grande com o próprio conforto. Só possuía o estritamente
necessário. Alimentação frugalíssima, vestuário modesto, mostrando o desinteresse pela banalidade. Tinha-
se a impressão que vestia suas roupas retiradas diretamente do varal. Fazia o que era possível com o parco
salário de aposentado do IBGE.
Exerceu, durante muitos anos, o relevante papel de Papai Noel. Atendia prazerosamente todos os
chamados, para a alegria da criançada e dele também. Mas já se queixava, ultimamente, da precariedade da
vestimenta, pois, de tão velhas e após muitos natais, já se esgarçavam ao menor esforço.
Escritor, sem livros publicados. Seus artigos, sempre preocupados com a ecologia, o meio ambiente
e a preservação da natureza, eram constantes nos jornais desta cidade de Cabo Frio. Falava sobre a
Amazônia e a presença, desde priscas eras (exagerando um pouquinho), dos “padres evangelizadores”
americanos na região e de como eles já conheciam a riqueza de sua biodiversidade e de seu subsolo.
Conhecia profundamente os problemas da Lagoa de Araruama que, para os que ainda não conhecem a
região, banha cinco municípios (Cabo Frio, Arraial do Cabo, São Pedro d’Aldeia, Iguaba Grande e

11
Araruama), tendo até fundado, em 1970, juntamente com outros idealistas, a Associação Protetora da
Laguna de Araruama. Fazia parte da Academia Cabofriense de Letras.
Rotariano atuante, iniciou suas atividades na cidade vizinha de Araruama e, ao se mudar para Cabo
Frio, deu continuidade ao seu trabalho. Foi presidente do Rotary e trabalhou como secretário por várias
gestões.
Presidiu também o Tamoyo Esporte Clube, agremiação social tradicional da cidade, tendo sido seu
secretário em algumas administrações do clube. Amava o esporte e fez dele uma constante em sua vida. Na
praia de Icaraí, em Niterói, jogava suas partidas de volibol e futebol, lá pelo final da década de 40 e início
da de 50, em disputas de campeonatos. O avanço da idade não o impediu de continuar a praticar esportes,
mas, evidentemente, sem se expor ao esforço exagerado que o “voley” e o futebol exigem.
Já morando em Cabo Frio, fazia as suas caminhadas, longas caminhadas pela Praia do Forte de São
Mateus, começando no Lido e se estendendo até quase a divisa de Cabo Frio com Arraial do Cabo, 5 a 6
km de ida e outro tanto de volta. Ia caminhando, passo normal. Voltava “trotando”, forçando as
panturrilhas, lentamente, sem pressa de chegar.
Não era difícil distinguir o Barradas no meio dos banhistas que, às 6 horas da manhã, já
começavam a encher a praia. Longilíneo, altura mediana, pêlos abundantes nas costas e tórax, cabelos
grisalhos, caminhava com passos firmes que desmentiam a idade daquele homem octogenário. Ao final da
caminhada fazia exercícios de ioga, hatha-ioga. Com freqüência era visto, em algum canto retirado da
praia, cabeça para baixo, peso do corpo sobre os cotovelos, pernas encolhidas. Permanecia assim por longo
tempo e, claro, sem que o quisesse, chamava atenção. Concluía sua manhã de exercícios com um bom
mergulho e ritmadas braçadas que mostravam as qualidades de bom nadador que era e a intimidade que
tinha com as coisas do mar, assíduo pescador que era.
Um fato jocoso, que ele mesmo contava, aconteceu com relação às chamadas “ondinas”. As
“ondinas” constituem um grupo de senhoras e senhores, meia-idade, caminhando para a faixa de idosos
que, orientados por um professor, fazem, ainda hoje, sessões de hidroterapia no recanto próximo ao Forte
de São Mateus, local de águas tranqüilas que admitem a prática desses exercícios. Algumas delas
conheciam o Barradas, tendo surgido entre eles uma camaradagem e um companheirismo que o esporte faz
brotar. Uma das “ondinas”, então, o convidou para que fizesse parte do grupo, convite do qual Barradas
gentilmente declinou, tendo a mesma, numa última tentativa, lhe dito que o considerava um dos “coroas”
mais charmosos da praia. Barradas narrava esse acontecimento com um sorriso nos lábios, de um jeito
meio maroto, meio acanhado.
Fazia parte da Irmandade encarregada de gerir os destinos do Hospital Santa Izabel, ainda nesta
cidade de Cabo Frio.
E, finalmente, mas não a última, era MAÇOM. Iniciado na Ordem em 2 de maio de 1982, aos 58
anos, portanto, foi Venerável Mestre de sua Loja-Mãe, a Augusta e Respeitável Loja Simbólica
Renascimento nº 8, também em Cabo Frio, no período de 1996/1998, tendo sido seu secretário por vários
anos.
Fez de sua Loja a sua casa, lá permanecendo a maior parte do tempo de seu dia. Arborizou o
entorno do Templo, dentro do terreno da Loja. No verão, as floradas das Acácias Imperiais por ele
plantadas, belíssimas, chamam a atenção dos transeuntes. Os vários hibiscos, de cores variadas, colorem o
espaço e o enchem de vida. Formou e cultivou uma pequena horta: cenouras, beterrabas, couves, alfaces
etc, crescidas com adubo orgânico, sem agrotóxico, regadas duas vezes por dia, de manhã e à tarde...
Como todos nós, nasceu para a vida nu. Entrou para a Maçonaria, como todo Maçom, nem nu nem
vestido, despossuído de todo bem material, e, sem qualquer pretensão de honrarias, levou ao pé da letra
esse despojamento. Resolveu ir embora deste mundo como chegou. Acharam-no em casa, sem vida, caído
num canto da sala... nu. Partiu para a morte como chegou para a vida.
Seu corpo foi velado no Templo da Loja. Estava vestido a caráter, “rigor maçônico”, como
costumamos dizer: terno preto, camisa branca, gravata preta, luvas brancas, meias e sapatos pretos, avental
de Mestre Instalado, todo coberto de flores, também brancas. Colocaram mais flores no esquife, rosas
brancas. Trouxeram um ramo de folhas de acácia, com o seu verde perene, nosso símbolo da imortalidade e
da inocência. E a Lorena, seis anos, também simbolizando a inocência, colocou ao lado do rosto do tio
Barradas, para ela vovô Barradas, um pequenino ramo de folha de cenoura. Dias antes, visitando a horta, o
vira retirar do seio da terra essa raiz e o ajudara a plantar algumas. Lorena não esquecera o presente do
ensinamento e retribuiu a gentileza.

12
Não houve “pompa fúnebre”, é bom que se diga. A “pompa” não fazia parte do seu jeito. Mãos
calosas, unhas com resquícios de terra que ele não conseguia limpar, porque no dia seguinte sujava outra
vez. Chapéu de palha esgarçado que pouco o protegia dos rigores do sol cujos raios, que passavam pelos
furos, lhe salpicavam o rosto com pequenas manchas claras. Sandálias tomadas de terra fértil que ficava
pelas salas que já estavam varridas. Calças imundas, manchadas, mas um “imundo limpo” de terra adubada
e restos de folhas e pequeninos galhos que se agarravam a ele parecendo não querer deixá-lo partir. Mas,
enfim ... ele partiu. Foi velado com simplicidade.
O administrador do cemitério informou: sepultamento às 13 horas, gaveta 36.
Para os que gostam do simbolismo dos números, 3+6=9. Nove, segundo Parmênides, é o número
concernente às coisas divinas. Segundo um autor, é o número dos Iniciados e dos Profetas. E, em
Maçonaria, é o símbolo eterno da imortalidade da alma. Pronto. Tudo a ver. Encaixa e não poderia ser de
outro modo.
A pontualidade não foi obedecida. Passou das 13 horas a chegada ao cemitério. Mas a gaveta 36
estava lá. Última morada do que restou do querido Irmão. Simples, também, como ele. Novinha em folha.
Caiada. Correu o boato de que não havia mais lugar no cemitério de Cabo Frio, que ele deveria ser
sepultado em outro lugar. Boato, apenas. Outras Lojas co-irmãs já começava a oferecer os seus jazigos.
Mas não foi preciso. Talvez o Barradas, caso pudesse escolher, preferisse a gaveta 36 mesmo. Intuiria ou
conheceria (quem sabe?) o valor do número nove.
E... pronto. Ponto final. As lágrimas que não se consegue controlar, os soluços rebeldes que não
admitem ser subjugados, os olhares meio perdidos sem um ponto de apoio para se pendurar, a fila da cal...
Gaveta 36: simplicidade e solidão. Símbolos da vida de Anthero Anísio Barradas, ou Anthero Barradas,
como preferia, ou Barradas simplesmente... simplesmente Barradas.
Os pedreiros do cemitério vão fechando lentamente a gaveta 36, tijolo a tijolo, reduzindo cada vez
mais a visão de seu interior. Há os parentes e amigos que permanecem até o final desse trabalho. Em
silêncio acompanham aquela obra. Parece, ainda, haver dentro de cada um a esperança, remota, mas
esperança, de ouvir um grito de voz conhecida, vindo lá de dentro, um”PAREM!”, e depois do susto, a
parede se quebrando e ele saindo, voltando à vida. Um sonho somente. A realidade mostra os pedreiros
terminando seu trabalho, os tijolos já assentados, o emboço concluído e a trolha passeando pela parede,
acertando as asperezas e as irregularidades que ainda permanecem, como toda trolha, dirigida por mãos
hábeis, sabe fazer. Lentamente, todos vão deixando o local, com um sentimento de perda irreparável e a
sensação de estar abandonando, contra suas vontades, o Irmão e amigo da gaveta 36. Saudades desse
querido Irmão. Muitas saudades. Anthero Anísio Barradas deixou sua marca por onde passou. É muito
natural que deixe saudades. “E nos corações, saudades e cinzas foi o que restou...” (Vinicius de Morais).
O Ir:. Anthero Barradas desapareceu de nosso convívio ocupando o cargo de Cobridor Interno da
Loja. Ninguém mais apto e capaz para exercer essa função tão importante. Zeloso e fiel cumpridor dos
preceitos da Ordem, nunca permitia que se esboçasse uma ameaça sequer de um possível risco de
transgressão às nossas leis e regulamentos. Ele não estará mais em seu posto, fisicamente. Mas a sua
lembrança, com tudo o que foi dito sobre ele nestas páginas, fará permanecer conservada entre nós a sua
memória, como um manto protetor, como sói acontecer com todo e fiel Guarda do Templo.

ADEUS, ANTHERO ANÍSIO BARRADAS!

P.S.:
Este Informativo Cultural “O Pesquisador Maçônico” tem a chancela da SOCIEDADE DE
ESTUDOS ANTHERO BARRADAS, observação gravada no frontispício deste jornal desde o seu nº
zero, de janeiro de 2001, não se constituindo, portanto, numa homenagem póstuma. É o preito e o
reconhecimento dos valores que se fez, há algum tempo, ao Ir:. Barradas, quando ele ainda em vida.
A seção “Pílulas Maçônicas” continuará constando deste Informativo, uma “colaboração do Ir:.
Anthero Barradas/M:.M:”., agora sim, “In Memoriam”.

13
GRANDE DICIONÁRIO ENC. DE BIBLIOTECA
Por Dentro do ARCO REAL
MAÇONARIA E SIMBOLOGIA Ir.: Richard s. E. Sandbach

NICOLA ASLAN

EN-SOF– Palavra cabalística que, na Metafísica judaica,


indica o Absoluto, o Ser do qual nada pode ser dito nem
pensado. Dele emanam os dez Sefirot. Esta palavra é
escrita também sob a forma Ain-Suf e In-Sof. Em sua
obra “Le Grand Secret”, Maurício Maeternick escreve a
esse respeito:
 “Ao Jeovah da Bíblia, deus único, pessoal,
antropomorfo e criador direto do Universo, o
zohar substitui, ou antes, superpõe o En-Sof,
quer dizer o Infinito, o Ayin, isto é, o Nada, o
antigo dos Antigos, o Misterioso dos misteriosos,
o Rosto Comprido. O En-Sof, é Deus em si, tão
incognoscível, tão inconcebível como a causa ou
o Espírito supremo dos Vedas, do qual não é
mais do que uma réplica modificada pelo gênio
judaico. Ele mesmo é mais próximo do nada do
que o espírito dos hindus, a sua primeira
manifestação, a primeira Sefira, a “Coroa”, é O autor é membro da Loja Antiquity, atualmente a de nº
ainda o nada; é o Ayin dos Ayin, o nada do 2 e, também, da Quatuor Coronati nº 2.076,
nada. Não o chamamos nem mesmo “Isto”, famosíssima no mundo todo por sua excelência nas
como na Índia. pesquisas maçônicas.
“Quando tudo estava ainda envolto nele, diz o A Suprema Ordem do Santo Arco Real (seu nome
Zohar, Deus era o misterioso entre os completo), mais conhecida simplesmente como ARCO
misteriosos. Então, ele estava sem nome. O REAL, é, na realidade, um complemento aos três Graus
único termo que lhe convinha teria sido o da maçonaria Simbólica – um Capítulo à parte (A Grande
interrogativo: quem? loja Unida da Inglaterra não adota os Graus Filosóficos).
“Não se lhe pode dar outras descrições senão Sua história teve início com a fundação, em 1765, do
negativas e contraditórias. ‘Ele está separado “Excelente Grande e Real Capítulo” (The Excellent
visto ser superior, e não está separado. Tem Grand and Royal Chapter), culminando com a criação
uma forma e não tem forma. Tem uma forma do “Supremo Grande Capítulo”, em 1817.
enquanto estabelece o universo e não tem forma O autor escreveu o livro, baseado na compilação de
porque nele não está encerrado.” diversas palestras proferidas sobre o tema, não só nas
BASTÕES – Insígnias dos cargos de Mestre de Lojas maçônicas, como também nos meios profanos
Cerimônias e de Diáconos. Os bastões dos Diáconos (Universidades, sociedades civis e, até, no meio clerical).
estão encimados por uma pomba, que simboliza a sua Os membros do Arco Real se denominam
função de mensageiros do Venerável e dos Vigilantes. “Companheiros” e o consideram como uma Ordem à
Diz, Mackey, tratar-se de uma alusão à pomba enviada parte.
por Noé. Encarregados de manter a Ordem nas A Grande Loja Unida da Inglaterra e o Grande Capítulo
Colunas, o Bastão dos Diáconos é o emblema de sua do Arco real governam Ordens distintas e separadas.
autoridade, como é o cetro de um rei. Mas, apesar disso, a Maçonaria Simbólica e o Arco Real
O bastão do Mestre de Cerimônias é encimado por dois estão íntima e virtualmente ligados.
bastões cruzados. A origem deste emblema remonta Enfim, se você quer saber quase tudo (o quase parece-
aos duques de Norfolk, Grandes Mestres de nos óbvio), você precisa ler este livro, aumentando sua
Cerimônias hereditários da Inglaterra, e que, por isto, cultura maçônica.
usavam em seu brasão dois bastões cruzados.
Convém lembrar que um Duque de Norfolk, por sinal Editora Maçônica “MADRAS”
católico praticante, foi o 13º Grão-Mestre, da Grande São Paulo (SP) –
Loja da Inglaterra, no período de 1729 – 1730. 2005 (data da tradução. A data da primeira edição original é de
O bastão foi, em todos os tempos, insígnia de 1992).
autoridade, tanto na paz quanto na guerra, e na
Carlos Alberto dos Santos

14
polindo a pedra bruta
Landmarks, Lindeiros, Princípios Maçônicos, necessários à definição e à compreensão do sistema maçônico geral:
Para disciplinar o seu entendimento propomos dividi-los em 3 sub-sistemas:
1- De ordem ORGANIZACIONAL, institucional, jurídica, formal;
2- De ordem COMPORTAMENTAL, moral, social;
3- De ordem DOUTRINÁRIA, iniciática, atemporais, invariáveis.

1- A organização se liga à tradição original da corporação medieval dos pedreiros, embora esses princípios devam estar
submetidos à irrefreável evolução do mundo adequando-se permanentemente à essa mesma evolução;
Pontos chaves a serem lembrados:
Talhadores da pedra.
Construtores.
“Especulativos”.
Plano morfo-funcional da Loja.
2- Os princípios de ordem social: representados pelas grandes idéias gerais que propiciem uma convivência mais pacífica e
feliz.
Verdade e sinceridade;
Liberdade de pensamento; igualdade de direitos e do trato justo;
Culto às virtudes que conduzam à realização do ideal de felicidade individual e coletiva.
3- Elos doutrinários: “landmarks” na acepção mais abrangente do termo, estes sim, atemporais e inamomíveis.
Crença no Criador;
Imortalidade da alma;
Possibilidade do encontro da Luz;
Adstrição absoluta ao BEM;
Busca do entendimento da VERDADE, misteriosa;
Valorização incondicional do indivíduo;
Ferramentas da Razão e do Simbolismo.
Renato em Cabo Frio (*Membro da ARLS RENASCIMENTO Nº 08).
Extraído dos escritos do “Decifra-me ou te devoro” (em organização).

PÍLULAS MAÇÔNICAS
SOBRE A CADEIA DE UNIÃO

• A rigor, a Cadeia de União, deveria ser formada, exclusivamente, para transmissão da Pal.: Sem.;;entretanto, as
Lloj.: as fazem a miúde, para rogar por IIr.: enfermos, ou prantear pessoas falecidas;
• Não é procedimento correto o Ir.: M.: de Cer.: deixar seu lugar para conferir a Pal.: sem.: com o Ven.:, rompendo a
Cadeia. O mais correto seria que esse Ir.: arrastasse consigo a Cad.:, sem rompê-la, até o ouvido do Ven.:. desta
forma a Cad.: de Un.: de oval tornar-se-ia codiforme (formato do coração), voltando à sua formação original com o
retorno do M.: de Cer.: ao seu lugar. No Rito de Schroeder, isso é evitado, com o Ven.: transmitindo a pal.: ao 1º Ir.;
da direita e conferindo-a quando ela lhe chegar transmitida depois de circular por toda a Cad.: num só sentido, pelo
Ir.: da esquerda;
• A Cad.: de Un.:, não sendo parte integrante do Ritual, deve ser feita depois do encerramento ritualístico; por isso
que, durante a mesma, não deve ser feito nenhum sinal ou saudação;
• Um Ir.: que se encontrava ausente da Cad.: de Un.: em que o Ven.: transmitiu a Pal.: Sem.;, não poderá recebê-la
de outro Ir.;, mas tão-somente do Ven.:

Colaboração do Ir.: ANTHERO BARRADAS/ M.:M.(*)


(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO N º 08

Nota do Editor: “In Memoriam”

15
16
HISTÓRIA PURA
OS USTACHÍS DA CROÁCIA
Uma das sociedades secretas patrióticas nascidas nos Bálcans. Como a Orim (1), também foi organizada para lutar contra o
governo de Belgrado e seguindo os mesmos métodos dela, isto é, o emprego da violência.
Os Ustachis (2) surgiram em conseqüência de uma rivalidade política entre a Sérvia e a Croácia.
Depois da Primeira Guerra Mundial, os aliados, vencedores, resolveram desmembrar o derrotado Império da Áustria-Hungria,
não só por vingança, como para constituir um país forte, capaz de dominar a península balcânica e constituir um tampão contra a
expansão germânica.
A Alemanha tinha sido vencida mas os seus adversários bem sabiam que ela ressurgiria e era imperioso estar preparado para
contê-la. Que fazer?
Premiaram a sérvia, adicionando-lhe a Eslovênia, a Eslováquia, o Montenegro e a Croácia. Não tiveram agudeza de espírito
necessária para ver se havia antagonismo entre os povos que iam amontoar para constituir um país. Sentiram-se até no dever de juntar
dois nomes para indicar o novo país, porque um só seria inexpressivo.
Entre a Croácia e a Sérvia, grande era a rivalidade. Os croatas tinham-se por superiores sob o ponto de vista intelectual,
consideravam-se possuidores de uma civilização mais avançada e não tinham dúvida no tocante à superioridade de sua capital, Agram
(atualmente Zagreb) sobre Belgrado, então, uma cidade pequena de pouco mais de 1.000.000 de habitantes, antiquada, ao passo que
a capital Croácia apresentava aspectos modernos.
Havia outra divergência: os sérvios ortodoxos, de cultura eslava, usam o alfabeto russo, ao passo que os croatas são
católicos, tinham seu centro político e literário em Agram e cultura desenvolvida em contato com a Áustria.
Em 1928, vários parlamentares croatas foram assassinados e a Constituição foi riscada, anulada. Exasperou-se o povo da
Croácia, tendo como vanguardeiro, Anton Pavelitch, antigo deputado federalista. Em torno dele, agruparam-se patriotas ardentes e
fervorosos.
Nasceu então a sociedade secreta Ustachis, que tomou como modelo a dos Comitadjis (3). O seu programa era pela
violência, vencer a opressão, recorrer ao terrorismo.
Durante vários meses, os Ustachis, empregaram violência contra violência. Depois, já mais poderosa, passou a provocar
sublevações, a incursionar no território sérvio e a destruir colheitas e pontes.
Os seus membros reconheciam-se por meio de sinais e palavras, mas os estranhos não os identificavam. Praticados os
atentados, não deixavam vestígios, envolviam-se no povo. Resultado, o governo de Belgrado passou a adotar severas medidas
repressivas, cada vez mais terríveis.
Havia um mistério a esclarecer: de onde recebiam armamento e as bombas que arrojavam?
A Iugoslávia fez investigações e acusou a Itália, ou melhor, Mussolini, justamente numa quadra em que as relações entre elas
eram tensas, agravadas com a questão de Triestre.
A acusação parece que teve ressonância em parte do povo croata, que discordava dos métodos violentos dos Ustachis. Por
outro lado, apareceu no cenário, Dr. Matcheff, um croata de grande cultura, prestigioso, que tratou de encaminhar o povo em outro
sentido, promovendo uma espécie de revolta pacífica.
O rei terminou por ceder, diminuiu a pressão sobre a Croácia, melhorou-lhes as condições de vida, e, com isso, os Ustachis
impopularizaram-se. Decresceu o movimento dos Ustachis. Cessou a sua ação violenta na Iugoslávia, mas premeditaram um plano
terrível.
O príncipe regente Alexandre foi fazer uma visita oficial à França. Saiu do palácio real de Belgrado, em companhia do pai, o
rei Pedro I. Por via marítima, seguiu para Marselha.
Foi festivamente recebido no grande porto francês, do Mediterrâneo. Pouco depois de desembarcar, um grupo de ustachis
investiu contra o carro do príncipe Alexandre e o assassinou.
Foi a última façanha violenta de repercussão internacional da sociedade secreta croata.
1. Sociedade secreta política, fundada em 1893, na Macedônia;
2. Como eram chamados seus membros;
3. Como se denominavam os membros da Orim;
4. Extraído do livro “SOCIEDADES SECRETAS” , do autor ª Tenório de Albuquerque (Editora Aurora, Rio de Janeiro).

Telefax:
CRECI J3548
(22) 2643-3689
(22) 2623-1699

Casas e apartamentos. Alugamos fixo ou temporada.


Lojas e salas comerciais. Administração de imóveis ou condomínios com tranqüilidade e segurança.

Cabo Frio: Rua 13 de Novembro, 66 – Centro


Armação dos Búzios: Rua José Bento Ribeiro Dantas,
17
5400, loja 30 - Manguinhos
Viagem ao nosso interior
TRANSIÇÃO
D. Villela

Para imensa maioria da humanidade, a morte constitui um desagradável mistério, sendo, por isso, evitada em conversações e
cogitações como questão incômoda com que se vê obrigado a lidar esporadicamente, quando do falecimento de parentes e amigos.
Não raro, associada a idéias de perda e fim, a ela se liga também o medo do desconhecido, o que se deve, sobretudo em
nossa cultura ocidental, à falta de informações confiáveis sobre a sua significação, bem como às imagens sombrias e fantasiosas a ela
associadas durante largo período (inferno de punições materiais, seres demoníacos aguardando os pecadores etc.).
Não deixa de ser paradoxal que um fato obrigatório na vida de todos tenha merecido tão pouco estudo ao passo que sobre o
outro extremo da existência, o nascimento, dispomos, já há bastante tempo, de razoável conhecimento, que não cessa de se ampliar,
abrangendo o que acontece antes e depois que começamos – na realidade recomeçamos – a respirar o ar terrestre. Quanto ao
momento em que deixamos a vida, no entanto, as interrogações persistem mesmo em ambientes religiosos: Será ele doloroso? E a
nossa consciência? Estará desperta, permitindo-nos acompanhá-lo? Ou terá deixado de atuar face ao estado de nosso organismo?
Com a Doutrina Espírita essa experiência singular em nossas vidas foi cuidadosamente estudada graças aos esclarecimentos
dos orientadores espirituais, bem como aos depoimentos de inúmeros desencarnados, de condições as mais diversas – desde
criminosos até dedicados trabalhadores do bem - , mediante os quais foi possível estabelecer alguns pontos básicos. O primeiro deles
foi a ausência de um padrão geral para a morte, comum a todas ou a muitas pessoas, pois ocorre exatamente o oposto, não existindo
duas delas inteiramente iguais. Verificou-se, também, a influência decisiva de nossa conduta sobre o tipo de desencarnação que iremos
experimentar, que poderá ser suave ou angustiante, conforme a natureza boa ou má dos sentimentos cultivados durante a existência
material.
A literatura espírita posterior à Codificação veio ampliar aqueles dados que passaram, em época recente, a receber
confirmação por parte de pesquisadores leigos que se valeram, sobretudo, de pessoas que tiveram morte clínica, retornando à vida
graças aos modernos recursos da medicina e cujas descrições do que vivenciaram naquela situação coincidiam, de forma
impressionante, com as informações trazidas pelo Espiritismo.
Resumindo, a morte é uma transição da qual encontramos, numa seqüência natural da existência terrena, a vivência feliz do
bem entre corações amigos, a frustração pela consciência de valiosa oportunidade desperdiçada ou a colheita amarga das plantações
de egoísmo e leviandade.

Publicado no Boletim SEI, nº1781.

CLÍNICO E CARDIOLOGISTA

Dr. Renato Figueiredo de Oliveira


ANUNCIE CRM 52 / 02130-7

AQUI Horário de Atendimento – 15 horas


Marcar consulta a partir de 14 horas pelo telefone
(22) 2643.3741

Consultório:
Rua Silva Jardim, 78 Centro - Cabo Frio - RJ

18
DEPOIMENTO
DESABAFO: PORQUE SOU MAÇOM?
O que aqui me traz hoje, para além de uma integral devoção à Maçonaria Universal, a que me orgulho de pertencer, é a
resposta ao convite do meu querido e ilustre Irmão Jeter, no sentido de tecer, para o mundo maçônico e profano, algumas das
reflexões pertinentes, na minha qualidade de Maçon.
Pois meu desabafo pelo desamparo, que vários irmãos causam a outros irmãos!
Pelo rabo preso de irmãos, junto a autoridades tiranas e de reputação duvidosa!
Pelos ideais não da Maçonaria que não vem sendo seguido!
Pelos irmãos perjuros que não defendem os irmãos e a ordem!
Num momento histórico em que os valores do Universalismo se começam a esboçar, melhor ou pior, em particular
através da destruição das barreiras da informação, da globalização do conhecimento e das atitudes, e, para nós, do emergente
espaço comunitário brasileiro, é urgente explicar aos outros “porque sou Maçom”.
Numa época em que a temática do Universalismo deixou de ser apanágio quase exclusivo da comunidade maçónica,
em que os valores profundos da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ou da Fé, Esperança e Caridade se desmaterializam e
desconstroem, em que a virtualidade dos valores reais se confunde com a realidade dos valores virtuais, em que tudo o que é
imaginável se demonstrou realizável, mas em que persistem todos os erros e vícios e desigualdades e preconceitos e
intolerâncias que sempre definiram e marcaram a história da humanidade e das suas sociedades, não é redundante um Maçom
questionar-se e procurar definir o seu próprio contexto espacial e conceptual.
De construtor de catedrais a construtor de sonhos e fantasias vai um passo de gigante, vai um imaginário de formiga. O
convívio entre a sumptuosidade mítica das catedrais e a miséria, a fome e a intolerância, acompanha ainda a
contemporaneidade. A injustiça, os preconceitos e os erros são tão atuais como a internet e as sondas no espaço. Por cada lauto
banquete numa qualquer cidade do Brasil, há milhões de miseráveis que anseiam que lhes caia do céu um saco de comida
despejado por um avião do governo, ou de outra qualquer organização de solidariedade. A cada humano solidário continuam a
corresponder milhões de umbigos solitários. A realidade que se nos oferece neste século 21. É apenas um instrumento de
medida como tantos outros, se quisermos, um instrumento de medida da nossa inoperância, da nossa incapacidade.
Na minha qualidade de nível universitário, e profissional que venho exercendo, paralelamente com outras, há mais de
duas décadas, tenho assistido ao nascimento e ao enterro de muitos heróis. Todos eles contribuíram para a diferença, nenhum
deles pôs termo ao sofrimento, à intemperança, à injustiça. A Humanidade Sofredora de hoje mantém-se idêntica à Humanidade
Sofredora de todos os tempos. À cura para uma doença fatal sucede sempre uma doença fatal sem cura. A cada passo dado no
sentido do conhecimento corresponde uma avalanche exponencial de dúvidas. Se calhar é mesmo para ser assim, o que não é
impeditivo do nosso inconformismo....
É nesta esteira de preocupações que parto em demanda dessa questão que me traz aqui hoje: porque sou Maçom?
Como sou Maçom? Para que é que isso serve? Como pode a Maçonaria contribuír para um mundo melhor, mais humanista,
mais solidário, mais fraterno, mais equilibrado, enfim, será que pode? É óbvio que não vou dar resposta a estas inquietações,
porque à medida que vou crescendo, são maiores as dúvidas do que as certezas, o que, provavelmente, tornará irrelevante para
o futuro da humanidade esta minha intervenção. Gostaria, contudo, de partilhar convosco estas mesmas inquietações, se isso
me for permitido.
Afirmar hoje que sou Maçon, pode sugerir várias significações e não menos enquadramentos. Nenhum deles será,
contudo, suficientemente explícito para designar porque sou Maçon. Há uma certa tendência para se caír neste tipo de falta de
clareza quando não se sabe bem o que dizer. No entanto, eu lancei o meu bote à deriva, e tenciono colher-lhe a trajetória.
Volto ao início: Porque sou Maçom?
A primeira resposta pertinente que me surge é: porque sim!
(Não chega, não é suficiente).
Sou Maçon porque acredito, sigo, milito nas Constituições de Anderson! Sou Maçon, porque fui iniciado numa Loja
Regular - Justa e Perfeita. (Aproximo-me da razão)... Sou Maçom, porque os meus Irmãos me reconhecem como tal... é isso: há
um grupo de gente, que eu não escolhi - uns, já lá estavam; outros, chegaram depois - que me reconhecem no seu seio, me
acompanham, até me ajudam, até contam comigo, conto até com eles..?. Há um grupo de gente, que eu reconheço de modo
diferenciado, e que me reconhece de modo diferenciado. De quê? De todo o resto que indiferenciadamente me não reconhece...
Existe um grupo de pessoas, espalhado pelo universo, capaz de me acolher, de me reconhecer, de me identificar,
apenas porque sou Maçon. Num acervo infinito de gente, há gente que me reconhece. Há gente que me responde a um
telefonema, porque me apresento na qualidade de Maçon. Há gente que eu nunca teria conhecido, mas que conheço, apenas
porque sou Maçon. Haverá, eventualmente, gente que, se eu não fosse Maçon, nunca me teria conhecido ou reconhecido, na
imensa mole de gente que, não sendo Maçon, também é gente.
No entanto, a Maçonaria não se esgota nisto, mas é também isto. Isto é, não é bem isto, mas é sobretudo isto.
O que é que eu espero de um mundo que me reconhece como Maçon? O que é que o mundo espera de mim, enquanto
Maçon? Que tenho eu para dar, ou para receber, por esse fato? Um abrigo? Um qualquer espaço recôndito de reconhecimento
mútuo? Medalhas, condecorações, não, seguramente! Um olhar imaculado, virginal, sobre o acidente a que se chama
quotidiano?
19
Volto à origem: sou Maçom, porque os meus Irmãos me reconhecem como tal. Reconheço os meus Irmãos porque há
um segredo que nos liga. O segredo, pelo simples fato de o ser, não é desvelável nem é desvendável!
Este mundo está dominado por aqueles que, de entre nós, são mais atuantes: não necessariamente mais
consequentes, não necessariamente mais honestos nos seus desígnios. Antes, até, pelo contrário.
Este mundo que nós conhecemos ou pensamos conhecer, no âmago da nossa pueril inteligência, tem muito pouco a
ver com a nossa / minha qualidade de Maçon. Existe-se para consumir e não para consumar. É triste, mas é verdade, aquilo que
nos liga, na inércia do sistema de estarmos vivos, é a ânsia daquilo que nos separa. Juntamo-nos, corporativamente, para
encontrar abrigos para o que nos separa. Afirmamos a diferença mais do que a semelhança. Esgaravatamos o inferno para
provar que somos deuses. Que Olimpo este, tão cheio de ceticismo, de hipocrisia, de auto afirmação. Que céu este, tão cheio de
núvens, de cavaleiros sem cavalo, de Quixotes sem moínhos...
Sou Maçom porque sim, e disse!!!!
Ou não disse, porque a segurança das minhas afirmações não acompanha a segurança dos meus atos.
Ser Maçom, significa, se calhar, aquele imaginário que eu persigo, mas não alcanço. Ou pior, perseguir aquele
imaginário que serve de escudo à minha impotência. Ou, se calhar, ser aquilo que o sendo, não o é... na perspectiva em que eu
coloco a vontade, mas que a possibilidade recusa... Ser Maçom é, porventura, tentar sê-lo... ou dizer-se que se é...
E os lóbis inconfessáveis? E essas pequeninas e grandes ânsias de poderes... e, eventualmente, de poderes
consumados? Maçons de rabo preso?
Porque ser Maçon, hoje, quando se pode ser tantas outras coisas? Por quê ser aquilo que se deseja ser, mas que se
receia não ser suficientemente?
Mas, ..., ser Maçon, ..., é também, e, sobretudo, escolher, no mundo labiríntico que nos enforma, uma forma de traçar
caminhos, eventualmente tão labirínticos como aqueles que traçam a necessidade de os percorrer...
Ser Maçom, é também ser lúcido, ou seja, admitir a Luz que nos ilumina quando nos consideramos sábios. Melhor, a
Luz que, sem o sabermos, despeja em nós o calor que nos energiza. Não há nada de místico na Luz que nos ilumina. A leitura
esotérica da nossa realidade reflete apenas a lucidez pragmática da nossa realidade esotérica.
A Liberdade viaja com o sonho, à velocidade da Luz. A Igualdade é o mito apócrifo de todo o imaginário humano. A
Fraternidade reside no extremo do mutualismo, no fundo do túnel da esperança que mantém vivas as nossas paixões, os nossos
sonhos, a puerilidade das nossas emoções mais sinceras...Encontrar um Irmão, é recuperar uma peça perdida da nossa
identidade, é recorrer ao regaço de uma mãe eterna, protetora, coadjuvante dos nossos receios, porque são também estes que
nos ligam, é a dúvida que nos mantém unidos. A certeza é apanágio de quem não sabe.
Se nascer é sofrer, renascer é reencontrar um curso para o sofrimento, ou seja, reciclar o sofrimento em felicidade. Eu,
sou Maçon, porque sim! Admito, contudo, que os meus Irmãos me reconheçam como tal....
Outra questão que se pode colocar, neste âmbito de reflexões, é: o que deve o Mundo à Maçonaria? O que deve a
Maçonaria ao Mundo?
É tradicional o sentimento do Maçon que, ao fim de três ou quatro anos de frequência da sua Loja, se interroga: o que é
que ando aqui a fazer? Como e de que modo poderá ser a Maçonaria, ou o meu trabalho como Maçon, útil à Sociedade e ao
Mundo? E criam-se guildas e associações e sociedades de pressão, e intenções que se transformam em negócios e negócios
que se vêm a confundir com todos os outros negócios do mundo profano. Passem-se os juízos de valor... A vontade de exercer
um qualquer protagonismo, consentâneo com os valores intrínsecos da Maçonaria, é uma vontade legítima. A operatividade da
Maçonaria é notória em todas as formações, transformações e convusões do mundo ocidental, nos últimos séculos. A História da
modernidade atesta-o.
Mas a questão de fundo é esta: será mais urgente e consequente a ação no mundo exterior, profano, ou a ação,
determinada e constante sobre cada um de nós, pedra obviamente constitutiva do edifício universal? Por outras palavras,
admitindo que a cada Maçon assiste uma participação no mundo profano -familiar, profissional, etc.- não será mais profícuo o
trabalho sobre a pedra bruta que cada um de nós constitui, na sua essência, do que essa urgência, por vezes histérica e mesmo
histriónica de agir por agir, de mostrar serviço, quantas vezes mau, na sociedade civil? Esta, meus senhores, é uma das
questões, porventura, mais polemicas e complexas que assistem a um Maçon. Tenho-me deparado e confrontado com ela, ao
longo de mais de uma década, na minha qualidade de Maçon.
É usual ouvir-se dizer, no Brasil, que foi a Maçonaria que instituíu o regime republicano no país. Será, contudo, a
Maçonaria, uma instituição republicana? É claro que qualquer pessoa que conheça minimamente a história dos povos e das
civilizações sabe responder que não. Muitos aristocratas e monárquicos notáveis preencheram e preenchem o painel das
personalidades diferenciadas no quadro da Maçonaria brasileira, e da Maçonaria Universal, como é natural. Claro que também é
natural que, tratando-se o corpo maçônico de um acervo de homens livres e de bons costumes, no seu seio se tenham
notabilizado alguns dos mais ilustres republicanos da história dos povos em geral, e da república brasileira, em particular.
O mesmo poderá ser referido, no respeitante à dicotomia laicismo-religiosidade, por exemplo. Será o laicismo um
apanágio da Maçonaria? Estou convencido que não. É claro que a Maçonaria acredita numa sociedade laica, em que os valores
da cidadania e do humanismo se sobreponham aos interesses e aos valores de uma qualquer comunidade religiosa. Mas, em
toda a história da Maçonaria, mesmo na história contemporânia, encontramos cidadãos laicos e cidadãos membros do clero,
cidadãos agnósticos e cidadãos de grande profundidade religiosa, a partilhar os trabalhos de Loja, unidos na mesma cadeia de
união. Isto significa que os valores que nos ligam constituem elos de metal mais sólido e forte do que os que eventualmente nos
separam. Os credos religiosos, as militâncias políticas, as idiossincrasias culturais que definem a individualidade de cada Maçom,
subjazem aos elevados valores humanos e sociais que os religam nessa sólida cadeia de união universal.
20
E esta reflexão leva-nos a uma última questão: o fato de haver, dentro do mesmo país, diversas Obediências
maçônicas, por vezes com adjetivações diferentes, significa que existem sectarismos ou rivalidades maçônicas? A História, neste
aspecto, também é clara: a Maçonaria é uma Ordem Universal. Os homens, por vezes, apesar de partilharem os mesmos valores
e objetivos, encontram-se conjunturalmente divididos. É humana a diferença de opinião e a afirmação da diferença. Contudo, no
universo da Maçonaria, são mais fortes os valores de religação do que os de rotura. A Ordem Maçônica Universal tende para o
reconhecimento da diferença e da especificidade cultural de cada Obediência. O mesmo se passou, na Idade Média, com as
diversas Ordens Religiosas: a força religadora era mais forte do que a diferenciadora.
Ouve-se, por vezes, falar, nos salões do mundo profano, como em certos meios maçônicos, de uma divisão entre uma
Maçonaria dita regular e uma outra dita liberal, ou adogmática. A primeira, mais conservadora e enfeudada aos valores da
religiosidade, ou da crença numa verdade revelada, liderada pela Inglaterra e pela anglofilia, e a segunda, mais progressista,
eventualmente ateia e aberta à mudança, liderada pela França e pela francofilia. É certo que existem obediências que se
reclamam da exclusividade dos princípios (landmarks) maçônicos, e outras, que procuram uma maior adequação às mutações
sociais do nosso século. Aquilo que as separa é o que separa dois irmãos desavindos, mas que continuam a reconhecer-se
como irmãos nos momentos chave da sua existência e convivência. É a perspectiva do universalismo maçónico que todos os
Maçons perseguem e invocam, quando procedem, no encerramento dos seus trabalhos de Loja, à Cadeia de União.
Volto a afirmar, no mais íntimo da minha convicção: a Maçonaria não é, não será, nem foi nunca regular, liberal,
adogmática, operativa, especulativa, republicana, laica, monárquica, anarquista, socialista, mista, feminina, ecológica, verde ou
libertária.
Ela foi, e será sempre, Universal, atenta às mutações culturais, motor dos ideais vertentes sobre os valores que persegue, em
cada momento histórico, em função de metas que vai atingindo e transpondo, fora de toda a estanqueidade, de todo o
enquistamento que o mundo profano determina. Se hoje, o dogma é, ainda, e por não ter ainda sido ultrapassado: Liberdade,
Igualdade, Fraternidade; Sabedoria, Força, Beleza; amanhã será aquilo que aqueles que viermos a iniciar vierem a perseguir, se
conseguirmos que estes valores se tornem, entretanto, redundantes, no sentido da Perfeição do Homem e da Sociedade que o
abriga e obriga.
Ao julgarmos perseguir a essência dos valores iniciáticos da Nobre e Augusta Ordem Maçônica, que se fundam, entre
outros, em conceitos como os de Fraternidade e de Tolerância, deixamos de parte os epítetos e as adjetivações sectárias, e
fixamo-nos nos valores que nos ligam, aprofundando as razões do acervo simbólico iniciático que nos informa, sob pena de
deixarmos que a ânsia cega de modernidade contribua para o esvaziamento dos valores estruturais da Tradição.
Liberdade, Igualdade, Fraternidade; Paz, Amor, Humanismo; etc., para além de sons agradáveis ao ouvido, são valores
insofismáveis e inquestionáveis para um Maçon; serão, porventura, dogmas irrecusáveis. Penso que ainda é cedo para se falar
de uma Maçonaria Quântica, ou mesmo Cosmogenética, que tome por premissas a dinâmica não-linear, a teoria dos fractais ou
a da auto-similaridade. No equilíbrio entre a exacerbação da ordem e a exacerbação do caos, situa-se, penso, a Maçonaria
Universal, ou seja, nesse sempre humano equilíbrio entre a arritmia do cérebro e o pulsar seguro do coração, nessa sempre
necessária fecundação da emoção pela razão, e vice-versa, que reciprocamente se estimulam em espiritualidade e ação
criativa.
As diferenças de rito, a maior ou menor abertura às idiossincrasias do mundo profano, a mais rápida ou mais lenta
adequação à mudança em termos de superestrutura, não constituirão entrave, mas antes incentivo ao apertar dos laços entre
todos os homens livres e de bons costumes que, pela iniciação ritual e simbólica, se tornaram Maçons. E este objetivo dirige-se a
toda a Humanidade.
Regresso ao tema inicial desta comunicação e pergunto-me: porque sou Maçom? A resposta é inevitável: por todas
estas razões e por outras, eventualmente inconfessáveis ou inexprimíveis, mas a razão primeira e, certamente a mais segura é
PORQUE SIM! Disse.

N.E.: Material enviado pelo nosso Ir.: ANTÔNIO KALAF, segundo origial recebido de: Luis Conceição es M:. M:. de la
Resp:. L:. Convergência, n.º501, al Oriente de Lisboa. Gran Canciller del Gran Oriente Lusitano

Quer comprar, vender ou alugar um imóvel ?


Nós temos as melhores opções, para que você só se preocupe com a praia, o mar, o sol...
Insatisfeito com a administração de seu condomínio ?
Procure-nos.

Administração de Condomínios
Venda e Aluguel

Belo Horizonte www.portorealimoveis.com.br


Av. Assunção, 680 –
Av. Nossa Senhora do Carmo,
1650 – Sl. 11/13 Centro (22) 2643-
(31) 3286-3099 3220

21
CADERNO DE
TRABALHOS

22
A MAÇONARIA E O QUADRO POLÍTICO BRASILEIRO ATUAL
Ir.: Carlos Alberto dos Santos

INTRODUÇÃO:

É de fundamental importância, a nosso ver, admitirmos que o maçom, como formador de opinião, é
um ser político por excelência.
É de conhecimento geral, também, que as insatisfações atuais, de um expressivo número de maçons
com o afastamento (ou não-engajamento) da Maçonaria nas decisões políticas nacionais são notórias.
Mas a discussão sobre o envolvimento dos maçons na política (assim como nas discussões de
cunho religioso) vem desde os tempos da Constituição do Reverendo James Anderson, nos idos de 1723. E
a nossa Ordem vem, sabiamente , mantendo o equilíbrio, afastando estes temas desagregadores de dentro
de suas Lojas.
Obviamente, devemos separar a “posição” política (ou religiosa) do seu sentido Aristotélico (para
Aristóteles, sendo o Homem um ser eminentemente social, é naturalmente político, isto é, vinculado à
Polis (à cidade, à comunidade, ou seja: à nação e à humanidade). E, nesse sentido, o Homem ( e o maçom,
por conseguinte) não pode deixar de ser político sem se tornar um ser socialmente alienado.
Baseando-nos no axioma Aristotélico, se somos “essencialmente” seres sociais e,
conseqüentemente, políticos, “todas” as nossas ações são necessariamente” sociais e políticas.

O QUADRO POLÍTICO ATUAL:

De há muito, que a Nação Brasileira passa por uma grave crise, mas antes de ser econômica,
financeira e social é – primordialmente – uma crise moral.
A instrumentalização do poder em benefício próprio (ou de um “grupelho” qualquer), às do bem
comum, como temos assistidos incrédulos e com sentimento de impotência, não é política; é politicagem; é
um desserviço ao povo brasileiro; é um crime de uma minoria dominante contra toda uma população
estupefata , ou mesmo indiferente – a depender do nível de esclarecimento ou de favorecimento
clientelístico.

OS MAÇONS POLÍTICOS:

Mas, o que fazem os políticos maçons, ou seja, os que já detêm cargos políticos (seja no âmbito
municipal, estadual ou federal), atualmente?
Não existe um levantamento preciso, mas estima-se que os maçons têm representação de menos de
5% da classe política. E não é de se espantar, uma vez que os maçons brasileiros representam apenas –
aproximadamente – 0,1% da população (ou algo em torno de 180.000 Irmãos).
Nas eleições do dia 1º de outubro deste ano (1º turno), os votos dados nas urnas aos candidatos
maçons – salvo alguma honrosa exceção, que desconheço – foram irrisórios, pífios mesmo!
E por que isto ocorre? Porque há um desestímulo coletivo e, em especial no caso da Maçonaria, um
entorpecimento (e mesmo dúvida) se deve prevalecer a máxima: “maçom vota em maçom”.

CONCLUSÃO:

Na dúvida , se o maçom pode ou não fazer política, afirmamos: Ele DEVE fazer política! Política
de qualidade, em que sejam destaques: o bem comum, a partir dos “bons costumes”, com Liberdade,
Igualdade e Fraternidade.
O fato é que, a despeito dos fatos narrados na introdução deste trabalho, desde o início do século
XX – em particular no caso do Brasil, onde a Maçonaria nasceu primordialmente com fins políticos (anti-
escravagista, emancipacionista etc.) – esta vocação norteia os destinos de nossa Sublime Instituição.
Apesar dos longos anos de totalitarismo, nos quais foi notório o imobilismo da Ordem, além do –
apesar de bem-intencionado – zelo de alguns Irmãos mais conservadores, é inadiável começarmos a
praticar Maçonaria também (e cada vez mais) fora dos Templos, sem falsos pudores.
23
É óbvio que a Maçonaria não precisa da política para se promover como instituição, ou projetar
seus membros, porquanto este trabalho é feito dentro de suas Lojas, formando cidadãos que – em tese –
sirvam de exemplo: sejam construtores sociais. No entanto, é a política que precisa da Maçonaria e de seus
obreiros, porque temos muito ainda a fazer por esta Pátria, posto que, sob a égide extraordinária de seus
princípios, não nos permitimos qualquer tipo de sectarismo; somos patriotas em essência; possuímos um
elevado espírito cívico.
Temos, pois, que nos engajar mais, nos mobilizar mais.
O maçom e/ou o profano eleito com os créditos da Ordem Maçônica terá que, obrigatoriamente, ter
um perfil que se coadune com os pressupostos maçônicos, ou seja: libertários, igualitários e fraternos, além
de, precipuamente, ético e de elevado conceito moral.
Podemos até priorizar o voto no maçom político, mas sem nos esquecermos de priorizar
essencialmente o nosso voto no político compromissado com os preceitos éticos, morais, de justiça, de
probidade e humanitários, mesmo sendo ele profano.
Acredito num Brasil melhor! Expurguemos, através do voto consciente, estes párias que sugam as
riquezas deste maravilhoso país!

Fontes e Bibliografia:

• COSTA, FREDERICO GUILHERME - “MAÇONS E MAÇONARIA – Uma Análise”. Ed. “A


TROLHA” Ltda.; Londrina, 2004;
• CASTELLANI, JOSÉ – “A AÇÃO SECRETA DA MAÇONARIA NA POLÍTICA MUNDIAL”
Ed. “A TROLHA” Ltda.; Londrina, 2001;
• PUCCI, FRANCISCO CÉSAR DE L. – “PEDRA POR PEDRA” Ed. “A TROLHA” Ltda.;
Londrina, 2004;
• SANSÃO, VALDEMAR – Trabalho intitulado: “POLÍTICA E POLITICAGEM”;
• “SOUZA, AILTON ELISIÁRIO – Trabalho intitulado “MAÇONARIA: UMA SÍNTESE DE
SUA AÇÃO POLÍTICA”

Laboratório Indústria e Comércio Ltda.

Análise de água, produtos


químicos de processos e para
tratamento de águas industriais
JAVS – Assessoria Contábil
Escritório Contábil
(Biocidas, dispersantes, anti-
incrustantes, inibidores de
corrosão, alcalinizantes,
floculantes, etc.) José Augusto Vieira dos Santos
TC – CRCRJ 28.476-2
Ildo Aranha de Souza
Diretor

Praça Porto Rocha, 37 - sala 109 – Centro – Cabo Frio - RJ Praça Tiradentes 115, São Bento, Cabo Frio, RJ CEP. 28.906-290
Cep: 28.905-250 - Tel/fax: (22) 2643.2633
(22) 2647.2931 Fax: (22) 2647.4285
e-mail: labolagos@uol.com.br
e-mail: javs@levendula.com.br

24
DONOS DA VERDADE
Ir.: Valdemar Sansão

A estrela que me pedes, está em ti mesmo! Cuida de que


nunca se apague o seu divino fulgor!

Os três graus simbólicos, comuns a todos os ritos, representam, na realidade, a essência total de toda a doutrina maçônica.
Síntese do universo maçônico, eles mostram a evolução racional da espécie humana, ou seja: intuição (Aprendiz), análise
(Companheiro) e síntese (Mestre).
O Aprendiz, ainda inexperiente, embora guiado por seus Mestres, realiza seu trabalho de forma empírica, através apenas da
intuição, representando o alvorecer das civilizações, marcadas pelo empirismo. O Companheiro, já tendo um método de trabalho
analítico e ordenado, simboliza uma fase mais avançada da evolução da mente humana. E o Mestre, juntando, através da síntese, tudo
o que está disperso, para a conclusão final da obra, representa o caminho derradeiro da mente, na busca da perfeição.
Ser mestre não significa se considerar juiz dos defeitos e erros dos outros mas saber compreender e perdoar, tendo sempre
em mente o fato de que nada mais somos do que simples aprendizes no Grande Mistério, mesmo que nos denominemos Mestres.

Ao Mestre Maçom cabe o trabalho espiritual determinado claramente, na sua


missão de espalhar a Luz, de partir do simples para o composto, da causa
para o efeito, do princípio para as conseqüências.
O grau de Mestre Maçom é consagrado aos homens honrados que sempre
souberam cumprir com os seus deveres, Maçons reconhecidos como cultores
da sabedoria, dedicados a amar os seus Irmãos e integrados ao culto para
com o Grande Arquiteto do Universo. Deve possibilitar ao Maçom, plena
consciência do seu dever para pesquisar e ir à procura da Verdade. Isto não
lhe confere autoridade sobre seus companheiros de graus inferiores.
Se um maçom possui um grau mais elevado, isto se deve simplesmente
porque ele se dispôs a avançar mais seus estudos filosóficos sobre a
Maçonaria e sua doutrina. Assim, mesmo que um irmão possua o grau 32 ou
mesmo o 33, tal fato não lhe dá ascendência ou autoridade sobre seus
companheiros. Aliás, se assim fosse, estaríamos contrariando os princípios
básicos da Maçonaria onde todos os homens são iguais, inexistindo doutores,
patentes militares, autoridades civis ou outras. Na Maçonaria, todos são
“irmãos” não se justificando que em seu meio se formem hierarquias de
graus.
Só existe na Maçonaria um grau realmente importante, esse grau é o 3°. É o
grau de Mestre Maçom, pois, ao atingir esse grau, o maçom adquire a
plenitude de seus direitos, sendo aceito e acolhido como tal em todo o
mundo. Sem ter o grau 3, o maçom não pode aspirar, evidentemente, os
graus superiores. O maçom portador de graus superiores da chamada
Maçonaria Filosófica, quer tenha o grau 4 ou 33, não o fará mais maçom do que o Mestre Maçom de grau 3. Ele poderá ser mais
“maçom” no sentido de seus estudos sobre a filosofia maçônica o terem tornado mais conhecedor dos ensinamentos filosóficos da
doutrina contidos nas instruções dos graus 4 a 32.
Entretanto, não importa o grau que possua, para se intitular maçom é preciso assumir as obrigações, postura e conduta
exigidas e esperadas de um membro da Ordem.
A Maçonaria Filosófica, assim chamada a que o Rito Escocês Antigo e Aceito administra, dos graus 4 ao 33, acrescenta aos
conhecimentos litúrgicos e filosóficos da Ordem e aumenta o interesse dos maçons nesses estudos mas, não pode tornar mais
completo aquilo que já é perfeito. Nada na Maçonaria é superior ao Sublime Grau de MESTRE MAÇOM!
O trabalho no 3° grau, tem por objetivo mostrar, pelo estudo da vida e da morte, que a inteligência é a única coisa que
constitui o homem, e para conservá-la em toda a sua integridade torna-se necessário resistir sempre com todas as forças aos ataques
mortais da Ignorância, da Hipocrisia e da Ambição.
Morrendo, simbolicamente, para os vícios, para os erros e para as fraquezas humanas, o Mestre renasce com o espírito limpo
e puro, no Amor, que lhe dá energia, na Virtude, que engrandece, e na Verdade que dignifica, para que possa, cumprindo o seu dever
de iniciado, que conheceu a Verdadeira Luz, dar o seu quinhão de trabalho pela evolução da Humanidade.
Embora o Mestre Maçom tenha no nove o emblema da sua imortalidade, no Ritual de 3° grau, todo constante da 3ª
instrução, tem relação com o número sete, onde os pecados capitais são revelados, para nos recordar da inutilidade da vaidade
exagerada que nos leva à pretensão que nos supõe donos da verdade:
1°) Orgulho, prejudicial quando oriundo de uma vaidade frívola, ligada ao Sol, porque, com ele, ofusca os fracos.
2°) Preguiça, proveniente da passividade lunar, enlanguescida em inércia abusiva.
3°) Avareza, vício essencial dos saturninos, previdentes e prudentes em excesso.
4°) Gula, própria dos jupterianos, indivíduos hospitaleiros e generosos, que cuidam muito do próprio eu
5°) Inveja, tormento dos mercurianos, agitados, que jamais se satisfazem e não podem deixar de ambicionar aquilo que não
possuem..
25
6°) Luxúria, proveniente do exagero das qualidades de Vênus.
7°) Cólera, enfim, que é o defeito de Marte que exalta a violência e os transportes.
Se fosse suprimido um só desses pecados capitais, o equilíbrio do mundo material romper-se-ia. Nada demonstra melhor a
importância do setenário, tal como o concebem os Iniciados.
O avental tendo três rosetas, duas no corpo e uma na abeta formando, entre si um triângulo eqüilátero. Os três lados do
triângulo somado com os quatro lados do avental formam o número sete, número perfeito, porque está escrito: “Deus abençoou e amou
o número sete mais do que todas as coisas debaixo de Seu trono” , o que significa que o homem é um ser sétuplo e o mais querido de
todos os trabalhos do Criador. E daí também a Loja ter sete Oficiais principais e que, para ser perfeita, precisa da presença de sete
irmãos. Através desse significado é que o homem, em virtude de sua constituição sétupla, constitui em si mesmo a Loja perfeita, se ele
conhecer e analisar sua própria natureza.
À luz da Ciência, esse número (7) é muito importante: Um número de átomos compõe uma célula. A soma de células compõe
um órgão e a soma destes perfaz um corpo. O maior tempo de duração de um corpo para a troca de todos os bilhões de átomos que o
compõe, demorará um máximo de sete anos. Assim de sete em sete anos, o corpo humano estará inteiramente renovado.
O que deverá sentir um verdadeiro M∴ ao contemplar em Loja as lacunas deixadas por aqueles AApr∴ e CComp∴ que um
dia, cheios de entusiasmo, aqui chegaram e num outro dia desertaram?
Procurando matizar essa seqüência de idéias com as cores sombrias de uma realidade que muito nos preocupa, falamos da
euforia que sentimos nas freqüentes sessões magnas de Iniciação a que assistimos e, tempos depois, da triste constatação da
ausência de muitos daqueles Aprendizes que desertaram dos seus assentos da Coluna do Norte e de alguns CComp∴ que deixaram
de reforçar a Coluna do Sul. Aludimos aos MM∴, decorrido pouco tempo da Exalt∴, sem um pedido formal ou qualquer satisfação,
nunca mais aparecem na Loj∴; e convém não esquecermos daqueles IIr∴ que, cingidos com o Av∴ de M∴ e julgando-se “donos da
verdade”, só aparecem na Loja nos dias de festas e às vezes até aproveitam essas oportunidades para discursarem palavras
inflamadas de críticas violentas e “sábios conselhos”. Infelizmente, essas cores sombrias são uma constante em tantas LLoj∴
Pensando na redobrada responsabilidade da Exalt∴, já que podemos entender o M∴ como aquele que ensina, como guia,
como exemplo, e, naturalmente, como aquele que na prática do método iniciático burila a mente, tornando-a mais aberta e predisposta
para estudar e assimilar novos conhecimentos, lembrando-nos que é no trabalho profícuo e nas virtudes sublimadas dos seus MM∴,
dentro e fora da Loj∴, que se baseia o sucesso da atuação da Maçonaria. Assim, em todas as Loj∴ os AApr∴ e os CComp∴ estarão
sempre olhando para os MM∴.
Nessa ordem de idéias, julgamos válida a preocupação que sentimos visitando uma Loj∴, ao saber que o Ex-Ven∴ou Past
Master Imediato ( título que se dá ao último Ven∴, pelo período que durarem as funções de seu sucessor, junto ao qual, geralmente,
atua como assessor e conselheiro experimentado, para ajudá-lo no desempenho de suas delicadas atribuições), “desertou” após a
passagem do malhete sem cumprir essa honrosa missão.
A Franco-Maçonaria espera que o mestre, tendo vencido as trevas da morte, não é mais amedrontado por ela (morte), pois
quando o Homem extirpa o temor das coisas, cessa também a crença em seu poder e dela se liberta. Agora está apto a espargir luz
em todos aqueles que se lhe aproximam. Espalha as mais claras visões da vida imortal, ensinando que existe algo superior às pátrias,
às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Oferece a contribuição do idealismo e a riqueza da esperança. O importante são os valores
com os quais pode fecundar e dinamizar a sociedade. No mundo de hoje, com o recrudescimento da injustiça e da violência, urge
superar esta situação caótica e demonstrar que um outro mundo é possível.
Esta é a missão da Maçonaria e mais ainda dos Mestres Maçons, pelo senso da fraternidade e da paz, compreendendo a
verdadeira solidariedade, na comunidade universal.
Meus Irmãos! O Grande Arquiteto do Universo vos conceda muita paz!

Email: vsansao@uol.com.br

Alfredo P. Cunha
Cirurgião Dentista – CRO 4679
Dr. Wagner Buono
Glaicy M. Cunha Ginecologista e Obstetra
CRM 52.27620-8
Periodontia e Endodotia –

 Acompanhamento Pré-Natal
Atendimento:  Tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis
2ª, 3ª, 5ª e 6ª  8h às 11h – 14h às 17h  Prevenção do Câncer de Colo
 Prevenção do Câncer de Mama
 Avaliação Hormonal na Peri-Menopausa e Menopausa

Rua Prof. Miguel Couto, 257 Centro - Cabo Frio - RJ


Consultório:
Tel: (22) 2643.1786
Tel: (22) 2647.2164
(manhã)Clínica Santa Helena:
Tel: (22) 2643.3504
(tarde)

26
LIBERDADE, IGUALDADE E REALIDADE
Ir.: Valfredo Melo e Souza (*)

Morre Karol Wojtyla, o papa polonês, em 2005. Assume o novo Pontífice, o papa alemão, Joseph Ratzinger, que por escolha
própria assume o nome de Bento XVI. Era antes, o Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, nome moderno do Santo
Ofício. A Santa Inquisição! Aí sua visão de teólogo conservador revela que a estrutura da Maçonaria é anticristã; seus princípios,
inconciliáveis com a doutrina da Igreja. Sua eleição para o alto cargo, portanto, oculta surpresas e dúvidas.
Bento XIV, o italiano Prospero Lambertini (1740-1758), tido por Maçom entre o público, para abafar tal suspeita, reedita em 14
de maio de 1757, a Bula de excomunhão maçônica do também italiano Lorenzo Corsini, o papa Clemente XII (1730-1740). Seu
sucessor, o italiano Giacomo Della Chiesa, o papa Bento XV, é omisso a respeito. Depois, Pio VII, Barnaba Chiaramonte , italiano
(1823-1829) e Leão XII, Annibale Dela Genga, italiano (1823-1829) reeditam, também, a Bula punitiva de 1738 de Clemente XII, que
entre outras coisas, condena maçons às galés. Fiquemos tranqüilos . Chega ! Deixemos Ratzinger com as questões do aborto, das
células-tronco, clonagem de seres humanos, , terrorismo, celibato de padres, homossexualidade, pedofilia no clero, ordenação de
mulheres, fundamentalismo, enfim, com a perda de fiéis para outras denominações religiosas. Realidades palpáveis. Chega ! Os
Maçons não irão às galés, tenho certeza. Não seremos escravos de comentários sobre seqüelas pessoais. Nada de análises lesivas
aos interesses da Maçonaria. Aproveitemos a ocasião para glorificar e exaltar as patrióticas batinas de nosso clero defensor e
participante das lutas libertárias em nosso país.
Para citar alguns, a revolução Pernambucana (1817), inflamada pela ação maçônica é palco desses heróis. Os banquetes
nacionalistas onde se comia pirão de mandioca e se bebia cachaça; nada de pão de trigo (a farinha de trigo era importada) e vinho,
nem pensar, pois era procedente do Reino. Viva a Pátria! Mata Marinheiro! Insultos aos portugueses. O governador foge do palácio e
se refugia numa fortaleza. Era o governo de Caetano Pinto de Miranda Montenegro. (tido pelos adversários políticos como, Caetano no
nome; Pinto, na coragem; Monte, nas alturas e Negro, nas ações). Sátira política da época. Instala-se o governo provisório. Padre
Roma é preso e fuzilado na Bahia. Padre José Martiniano de Alencar é encarcerado no Ceará. Padre João Ribeiro, membro do governo
revolucionário, suicida-se. Pagam, também, com a vida, padres Miguelinho, Pedro Tenório, Antonio Pereira. Tantas foram as execuções
que o rei mandou suspender os poderes da comissão militar encarregada dos processos.
O espírito popular acirrado levanta outro movimento, a chamada Confederação do Equador (1824). O padre Mororó é
executado no Ceará e no Recife, a maior perda, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, é fuzilado em praça pública. Morte que comove
pela serenidade elevação: o povo todo da cidade freme de dor e compaixão. Por onde passa o cortejo as mulheres rezam nas portas e
janelas das casas. O preto Agostinho Vieira, réu de pena de morte e cuja sentença será comutada após servir de carrasco de Frei
Caneca, se recusa a executar o patriota. Os soldados ofendidos com a recusa do preto, abatem-no a coronhadas. O ajudante do
carrasco, também recusa-se à nefanda missão. Retarda-se a execução. O padre espera serenamente a hora da morte. Manda-se
buscar qualquer outro condenado para servir de carrasco. Ninguém aceita. Em vez, então, de ser garroteado, o frade será arcabuzado.
Um soldado do pelotão desmaia. Frei Caneca quer falar mas seu confessor lhe pede que guarde silêncio. Ele apenas dirá aos
soldados, no momento em que é dado o comando de “sentido!”: Amigos peço que não me deixem padecer por mais tempo...
Dezenas de famosas batinas revolucionárias estão inscritas na história da Maçonaria (Padres Oliveira Rolim, Antonio Bento,
José da Silva, Almeida Martins ...). Centenas no dizer do jesuíta historiador Ferrer Benemelli . Esta é a nossa semeadura de esperança.
No mais, são conversas antimaçônicas que espantam a fraternidade. Tangem para longe os ideais maçônicos. Atingem negativamente
a Sublime Ordem.

(*) Pertencente à Academia Maçônica de Letras do DF.

Consultoria Jurídica
Causas cíveis, trabalhistas e vara de família
Vilar dos Teles “Capital do Jeans”

Direção: Ir.: ROSELMO


Gilberto de Souza Jotta
Av. Automóvel Clube, 2560 Advogado
Vilar dos Teles – Rio de Janeiro (RJ)
Galeria São José Tel.: (21) 2751.8264
Rua Raul Veiga, 708 - grupo 102 Centro - Cabo Frio
27
Tel: (22) 2647.2457 Cel: (22) 9971.3805
MAÇONARIA E IGREJAS PROTESTANTES: UMA VISÃO PANORÂMICA DAS
RELAÇÕES ENTRE MAÇONS E PROTESTANTES NO BRASIL

Ir.: Robson Rodrigues (*)

A maioria dos evangélicos no Brasil que hoje atacam a Maçonaria desconhece o fato de que, há bem pouco tempo – cerca
de duzentos anos --, protestantes e maçons tinham um relacionamento bastante estreito e amistoso. Não só muitos dos
missionários americanos que aqui chegaram eram maçons como também parte significativa da membresia das igrejas recém
fundadas. Até então a Maçonaria só sofria ataques da Igreja Católica. Não havia qualquer conflito entre a Maçonaria e as Igrejas
Evangélicas, até porque evangélicos e maçons tinham, em alguns aspectos, interesses comuns, tais como a liberdade religiosa e
de culto e a separação entre a Igreja e o Estado, para destacar apenas três deles.
No século XIX a hegemonia católica no Brasil é abalada não só pela chegada da Maçonaria, mas também pelas dezenas
de novas crenças que aqui começaram a se instalar, trabalhar e colher nos roçados do catolicismo. Positivistas, anglicanos,
luteranos, além de metodistas, congregacionais, presbiterianos, batistas e episcopais, somados aos espíritas e aos esotéricos,
são alguns dos grupos que invadem o país e rapidamente multiplicam o número dos seus adeptos. Além disso, “os maçons, os
políticos liberais e intelectuais estavam entre os que formavam a trincheira em defesa das liberdades, da tolerância religiosa e da
separação entre a Igreja e o Estado...”.1
As missões protestantes, quando chegaram ao Brasil, logo esbarraram na reação da Igreja Católica – religião oficial do país
durante a monarquia --, através do clero ultramontano e de camadas conservadoras da sociedade brasileira aliadas a este.
Ultramontanismo foi um termo usado desde o século XI para descrever cristãos que buscavam a liderança de Roma (“do
outro lado da montanha”), ou que defendiam o ponto de vista dos papas, ou davam apoio à política dos mesmos.2
Inúmeras perseguições foram encetadas contra os protestantes. Em muitos casos, católicos, incentivados por padres,
jogaram pedras nos chamados ”crentes”, além de destruírem templos e até assassinarem pregadores e líderes protestantes.
No entanto, são justamente maçons, como Saldanha Marinho e Aureliano Tavares Bastos – dentre tantos outros --, que
partem em defesa dos protestantes. Tavares Bastos tem papel preponderante nos esforços da Sociedade Internacional de
Imigração para trazer os veteranos confederados para o Brasil, bem como para intensificar a imigração protestante da Europa. O
mesmo deputado alagoano e maçom foi quem influiu no estabelecimento de escolas protestantes no Brasil.
Outro problema enfrentado pelos protestantes no Brasil era o relacionado aos casamentos dos não católicos. Como não
havia casamento civil no Brasil os protestantes tinham algumas dificuldades para legalizar os casamentos realizados pelos
pastores. São os maçons que conseguem aprovar a legalização do matrimônio dos não católicos e, em 1864, obtêm autorização
para que fosse publicada a “Imprensa Evangélica”. São, assim, principalmente os maçons que não só apóiam como possibilitam
a expansão do protestantismo no Brasil.
Mesmo depois de proclamada a República os protestantes ainda vieram a sofrer perseguições.
Nas últimas duas décadas do século XIX era visível a simpatia dos protestantes com a Maçonaria, os intelectuais liberais,
os anti-clericais e os republicanos, embora fosse “uma simpatia típica de um grupo de minoria”, como registra João Dias de
Araújo.3
Apesar disso, em 1903 a Maçonaria foi motivo de acirradas polêmicas dentro da Igreja Presbiteriana do Brasil, as quais
terminaram contribuindo para a divisão desta. Muitos pastores -- e leigos de renome --, eram maçons – o que uma facção
protestante considerava uma traição à lealdade exclusiva que se devia ao Evangelho.
Na realidade, o entendimento que a Igreja Presbiteriana do Brasil tinha em relação à Maçonaria era de que a mesma não
constituía uma organização religiosa , mas apenas social e cultural. O próprio Sínodo da Igreja entendia que o maçom era livre
para ser ou deixar de ser maçom. E reconhecia o direito de cada membro ter a sua opinião, mas julgava prejudicial à Causa do
Evangelho qualquer propaganda pró ou contra a Maçonaria no seio da Igreja.
No entanto, o pastor Eduardo Carlos Pereira e seus partidários – um grupo de sete pastores e 11 presbíteros que
defendiam propostas sobre questões missionárias, educativa e maçônica --, durante a reunião do Sínodo da Igreja, vendo-as
derrotadas, depois de acaloradas discussões em torno das questões envolvendo principalmente a Maçonaria, resolvem deixar a
Igreja e formar a Igreja Presbyteriana Independente Brazileira, hoje Igreja Presbiteriana Independente.
Pelo que ficou registrado, em relação à Maçonaria o inconformismo do grupo liderado por Eduardo Carlos Pereira girava
em torno do fato de a Igreja Presbiteriana do Brasil não se opor a que seus membros e pastores fossem maçons.
Mas na verdade o que estava por trás de toda a querela envolvendo a Maçonaria era uma luta política não declarada pelo
controle da própria Igreja.
2

28
Após o Cisma de 1903 nenhum outro fato digno de consideração teve registro envolvendo protestantes e maçons no
Brasil.

A segunda década do século XX, com a fundação da Congregação Cristã no Brasil, em 1910, e da Assembléia de Deus,
em Belém (Pará), registra o início da presença dos evangélicos pentecostais entre nós. Dois outros importantes grupos ainda
vêm para o Brasil depois de 1950: a “Cruzada Nacional de Evangelização” e “O Brasil para Cristo”.
A partir da segunda metade de 1950 um fenômeno novo é percebido no seio das igrejas históricas: Presbiteriana, Batista,
Congregacional, Metodista): a “Pentecostalização do Protestantismo Histórico” ou “Renovação Carismática”. Esse movimento
religioso, com ênfase no batismo do Espírito Santo, cura divina, glossolalia, profecias e outros dons espirituais expande-se pelo
país e começa a influenciar as chamadas igrejas históricas e causar cismas ou divisões.
Além do sectarismo uma outra característica marca esse neo-pentecostalismo : o fundamentalismo. São antiecumênicos e
evitam qualquer relacionamento com o Catolicismo Romano ou qualquer outro grupo evangélico que não tenha suas mesmas
características.
Nas três últimas décadas do século XX grupos evangélicos ainda mais radicais (neofundamentalistas) começam a surgir
nos EUA e a partir de 1995 chegam ao Brasil, publicando livros com ataques à Maçonaria, eivados de inverdades, sofismas,
preconceitos e desinformações.
De tão forte é praticamente impossível negar a influência desses grupos fundamentalistas e neofundamentalistas já há
algum tempo em quase todas igrejas evangélicas no Brasil.
Hoje, depois de sucessivos estudos e debates internos, a Igreja Presbiteriana do Brasil re-avaliou suas decisões e o
envolvimento de presbiterianos e a maçonaria foi condenado no seu último Supremo Concílio, ocorrido de 16 a 22 de julho de
2006.4
(*) Membro da ACADEMIA MAÇÔNICA DE LETRTAS, HISTÓRIA, CIÊNCIAS E ARTES DE NITERÓI

Descartes de Souza Teixeira, ANTIMAÇONARIA e os movimentos fundamentalistas do fim do século XX, Edições GLESP, p.ág. 264.
2
David Gueiros Vieira, O Protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no Brasil, Brasilía, Editora Universidade de Brasília, ppag.
32.
3
João Dias de Araújo, Igrejas Protestantes e Estado no Brasil, in Cadernos do ISER, Instituto Superior de Estudos da Religião, nº 7.
4
Disponível em www.ipb.org.br

ANUNCIE AQUI

O PESQUISADOR
MAÇÔNICO

29

Você também pode gostar