Você está na página 1de 3

Universidade Estadual do Maranhão

Curso de Direito
Antropologia Jurídica
Manoel Cleber Sampaio Silva

RESUMO: LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14. Ed. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2001.

Para facilitar a leitura, vou optar por resumir em duas partes. A primeira
demonstra como a cultura se estabelece em determinados grupos de forma
heterogênea. Na segunda, será feito apontamentos de teóricos, históricos e premissas
construídas ao longo das épocas.

Para o autor as premissas construídas por diversos estudiosos ao longo do


tempo são insuficientes para explicar os aspectos culturais: como pode o homem ter
um origem comum (aspectos genéticos, fisiológicos, somáticos) e possuir traços
culturais diferentes. A partir daí, o autor se convence que o determinismo biológico
não é suficiente para explicar a heterogeneidade cultural. De mesma forma, os
aspectos da hereditariedade não determinam as heranças culturais. Ou seja, o
determinismo biológico não influencia o aprendizado nem a construção de
determinada cultura. Para ele o que se convencionou chamar de endoculturação,
trata-se de um processo que se inicia ao nascimento até a morte e, que, por um
processo de aprendizagem e experiências adquiridas ao longo da vida se forma cultura.

Em relação ao determinismo geográfico, o autor descontrói o argumento de


que o local, em termos geográficos, determinaria a cultura de determinados grupos. É
completamente refutável. Pois foi possível observar por diversos estudos que grupos
situados em mesmo local possuíam traços culturais diferentes, bem como grupos
situados em locais diferentes, possuíam algumas similaridades culturais. Logo,
compreendemos que a cultura age seletivamente e não casualmente.

Por se tratar dessa seletividade, o autor descreve cultura como a


diferenciação de determinados grupos humanos em relação aos demais, amparado por
Taylor, que conceitua cultura como o conhecimento, hábito experimentado e
adquirido por homens de determinadas sociedades.

Indo além o autor trata da visão de Taylor ao equiparar a Antropologia


Cultural às ciências naturais. Ele a chama de ciência, por possui um objeto de estudo e,
que, as diferenças culturais podem ser explicadas por diferenças e pela evolução
desigual de cada sociedade, mas que embora isso aconteça, as sociedades possuem
traços semelhantes por surgirem de pontos comuns ( conceito evolutivo).

Para Kroeber, o homem cria seu próprio processo evolutivo. Não pode mudar
o aparato biológico, mas cria adaptações culturais que permitem a transformação do
ambiente, pela endoculturação, com a intenção de se perpetuar, criando habilidades a
partir de suas necessidades. O homem é um ser criador que utiliza a linguagem, a
comunicação como processo de produção e transmissão de cultura. Por fim,
reconhece que a cultura é um atributo exclusivo da condição humana.

O autor reconhece que a cultura influencia os aspectos biológicos. Mas nega o


inverso. Admite que os papéis desempenhados por determinados indivíduos em uma
cultura, pode ser desempenhado por outros em culturas diferentes. E reconhece que o
individuo necessita se englobar no sistema cultural que faz parte. Deve haver a ideia
de pertencimento para que se possa viver em harmonia consigo e com os outros.

O ser humano vive em processo de mudança. Se ele constrói a cultura através


de suas ações e conhecimentos e experiências, é natural que a cultura também seja
dinamizada por essa lógica. Ela se modifica e se ajusta, principalmente, pelo fato de o
homem ser capaz de refletir sobre seus atos, ações praticadas. Logo, o homem é capaz
de se adaptar a qualquer cultura, apreender qualquer cultura. Não existindo, portanto,
cultura superior ou inferior, mas diferentes.

Indagações.

Podemos considerar que construção do homem enquanto ser que pensa,


reflete, analisa e cria se relaciona diretamente com sua cultura?

O homem é produto do meio, momento e raça (Hipólito Taine). Trata-se de


uma afirmação determinista dita por um positivista. Nesse livro, desconsideramos
duas delas (genética e geografia) segundo Laraia. Podemos considerar que o momento
influencia o homem a produzir cultura?

Você também pode gostar