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O PESQUISADOR

MAÇÔNICO
n.º 41–Março/Abr. 2006
Ano VI

EDITORIAL ÍNDICE

N o Talmude, Saabbat 31ª, o Judaísmo nos ensina: “O que é odioso para ti não o faças
Pág. 2 a 4

ao teu próximo. Essa é toda a Lei, todo o resto é comentário”.


 Nos Arquivos de Nicola
Na abertura de um dos Graus das sessões maçônicas é lido o Salmo 133: “Oh! Quão bom e Aslan
quão suave é que os Irmãos vivam em união...” Pág. 5 à 7
E tantas outras religiões ou ordens iniciáticas mencionam palavras tão sábias, tão desejáveis  Curiosidades
quanto reconfortantes, mas na prática elas não produzem, às vezes, os resultados almejados.
Menciono isto após ter travado um diálogo com um Irmão (de outra Loja e outra Obediência), que
sei estar “um pouco afastado” das sessões maçônicas. Sendo ele um freqüentador assíduo e Pág. 8 à 10
participativo, o questionamento foi naturalmente automático. E a sua resposta e seus comentários me  Para Pensar
levaram a aqui transcrever, na medida do possível, sua frustração e desencanto; não com a Ordem –a
qual ama – mas com a vaidade de alguns Irmãos – que igualmente aprendeu a amar.
Tudo começa – e não é só no seu caso particularmente, por isso generalizo – com o “desejo Pág. 11
ardente” por ser detentor dos principais cargos nas Lojas e o “choque’ quando iguais interesses de  Gr. Dic.Enciclopédico de
outros Irmãos entram em rota de colisão. Maç. e Simbologia
Primeiramente, devemos compreender que os cargos são, na realidade, Encargos, uma vez que (Nicola Aslan)
nos são conferidos – por votação ou delegação – para que sejamos uma das peças da “engrenagem”,  Biblioteca
que deve funcionar “azeitadamente”, tendo cada Irmão sua importância nesta engrenagem que só tem
importância como um todo e não isoladamente. Somos membros vários de um só corpo. E um
membro “doente” contamina ou prejudica o funcionamento adequado do corpo como um todo. Pág. 12
Quando os interesses são coincidentes, há que se buscar um consenso; e se ele (o consenso)  Polindo a Pedra Bruta
não puder ser alcançado, devemos ser democratas, cordatos e fraternos, deixando que um colegiado  Pílulas Maçônicas
decida pelo voto da maioria. E o mais importante: QUE SE RESPEITE O RESULTADO. Assim,
sempre reinará a harmonia na Loja, que é o objetivo primordial. O resto é asneira, é anti-Maçonaria, é
infraternidade. Pág. 13
Quando os ânimos se acirram, quase que invariavelmente, monta-se uma nova Loja. E...  História Pura
enfraquece-se a Maçonaria; tudo por que não se praticou a TOLERÂNCIA, princípio fundamental de
nossa Ordem, juntamente com a fraternidade. Pág. 14
E isto leva à tristeza de Irmãos dedicados, como o que mencionei no início, que –
 Viagem ao nosso interior
desestimulados – e não querendo desagradar aos Irmãos de ambas as correntes, por amá-los
de igual forma, tende a afastar-se desiludido.
Carlos Alberto dos Santos/ M...M... Pág. 15
 Depoimento
O Pesquisador Maçônico Pág. 16 à 26
Fundação: Janeiro/2001 • CADERNO DE
Editor: Ir.: Carlos Alberto dos Santos/M.: M.:
TRABALHOS – De
Revisor: Ir.: Ítalo Barroso Aslan/ M.: I.:
Registrado na ABIM sob o n.º 060-J Estudos e Pesquisas
Os conceitos emitidos nos artigos aqui apresentados são de exclusiva responsabilidade
de seus autores.
Informativo Cultural da SOCIEDADE DE ESTUDOS ANTHERO BARRADAS, e
A... R...L...S... e de Instrução Renascimento n.º 08
Rua Nicola Aslan, 133 / Braga – Cabo Frio (RJ) – CEP: 28.908 - 235
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e-mail: opesquisadormaconico@ciclodagua.com.br
NOS ARQUIVOS DE NICOLA ASLAN

A SEMANA SANTA
(Nicola Aslan)

A Semana Santa é uma herança que nos vem dos tempos do paganismo, quando o culto solar ligava-se intimamente ao
culto do fogo. No equinócio da primavera eram celebradas cerimônias especiais destinadas a celebrar a morte e a ressurreição
do Sol.
Numa obra volumosa que se tornou clássica, “Origine de tous les Cultes”, François Dupuis fez a análise das religiões e
principalmente do judaísmo e do cristianismo. Num resumo que publicou em 1798, Dupuis escreveu:
“Depois de mostrarmos sobre que base astronômica é sustentada a fábula da encarnação do Sol no seio de uma virgem,
sob o nome de Cristo, vamos examinar a origem daquela que o faz morrer, depois ressuscitar no equinócio da primavera, sob a
forma de cordeiro pascal.
“O Sol, único reparador dos males que produz o inverno, devia nascer, nas ficções sacerdotais, no solstício e permanecer
ainda três meses nos signos inferiores, nas regiões afeitas ao mal e às trevas, e lá estar submetido ao poder de seu chefe, antes
de atravessar o famoso passo do equinócio da primavera, que assegura o seu triunfo sobre a noite e que renova a face da terra.
Vão fazê-lo viver, portanto durante todo este tempo, exposto a todas as enfermidades da vida mortal, até que tenha retomado os
direitos da divindade em seu triunfo. O gênio alegórico dos mistagogos há de lhe compor uma vida e imaginar aventuras
análogas ao caráter que lhe dão, e que entram na meta que se propõe a iniciação...” (pp. 210-211)
Com a atrevida sinceridade de quem já lançou a batina às urtigas e que nada mais tem a esconder, mas demonstrando a
sua profunda decepção e também a sua irritação, em sua obra “La Faillite des Religions”, o Padre Jules Claraz faz a seguinte
declaração:
“A religião católica não se limitou só a copiar a maior parte das cerimônias do paganismo, adotou pouco mais ou menos o
mesmo Deus” (p. 248).
Não aprovamos muito o sistema de pisar naquilo que antes se adorou: também o silêncio é uma desaprovação. Mas é
assim que este padre desiludido se refere à semana santa:
“Dentro do paganismo, as festas duravam uma semana, que era a semana santa. Os antigos celebravam este
acontecimento da natureza por três dias de luto, emblemas dos três meses de inverno. Entre os fenícios, o primeiro dia era
consagrado a chorar a morte de Adonis (o Sol). Da mesma forma que na quinta-feira Santa, o ofício das trevas era consagrado à
morte do deus-luz. Apagavam sucessivamente todas as velas, até que não ficasse mais do que uma (o círio pascal) que iam
esconder atrás do altar e que não voltará a reaparecer senão no dia da Ressurreição.
“Durante o segundo dia, consagrado ao luto de Vênus, o altar dos sacrifícios não recebia vítimas, visitavam no vestuário o
deus estendido sobre o leito. Da mesma maneira o Messias expirava na sexta-feira (dies Veneris) durante o qual o sacrifício da
Missa é suprimido.
“Depois, a tristeza transformava-se de repente em alegria, e por cantos alegres (hilaries, aleluia) celebrava-se a
ressurreição, isto é, o Sol que ressuscitava (resurgere, levantar de novo) após os suplícios que os meses de inverno pareciam
infligir-lhe. Em Roma, acendia-se de novo sobre o altar o fogo sagrado, ao qual sucedeu o círio, símbolo da luz do Sol
renascente” (pp. 247-248).
Idênticas afirmações faz o famoso escritor Ragon ao tratar deste mesmo assunto, escrevendo em sua obra “La Misa y sus
Mistérios”:
“A Semana Santa, esta semana tão lúgubre e misteriosa, recorda-nos as mortes de Mitra, de Osíris, de Adonis, de Atys e
de outros deuses. Nela se comemora a passagem do Sol aos signos inferiores, simbolizando o triunfo de Ahriman, de Tifão e de
Satã, durante o reinado do inverno
“Os povos consagraram a este acontecimento da Natureza três dias de luto e de lamentações, durante os quais
recordavam os sofrimentos, a morte e a descida aos infernos de cada um dos personagens alegóricos do Sol. A morte de

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Adonis recordava aos fenícios a dor de Vênus, fato que tem sido esquecido pelos católicos, cujo Messias expira na sexta-feira,
dia de Vênus, ressuscita, e é comemorado no domingo, dia do Sol...” (pp243-244).
E ainda, mais adiante, este mesmo escritor Maçom escreve:
“Os antigos celebravam ao mesmo tempo a exaltação do Sol e a ressurreição de Mitra, Osíris, Adonis etc. Esta festa era
precedida por três dias de luto (símbolo dos três meses de inverno), durante os quais eram comemorados o sofrimento, a morte e
a descida aos infernos (lugares inferiores) destes personagens alegóricos do Sol...” (pp.245-246).

A Festa da Ressurreição e a Páscoa

A Festa da Ressurreição foi uma festa de todos os povos da antiguidade. Simboliza o renascimento do Sol após a sua
descida aos signos inferiores, ao qual, depois de cruzar o trópico de Câncer, “entra em sua fase gloriosa, que o levará ao poder
celestial do Verão. É a Ressurreição dos deuses, e também de Jesus, o filho da Virgem”.
Efetivamente, também acompanhando o pensamento dos autores anteriormente citados, Aníbal Vaz de Melo escreve, em
sua obra O Evangelho à Luz da Astrologia”, que Cristo é um Mito Solar astronômico e que Cristo representa o Sol. Diz ele a
seguir:
“A idéia de um Deus que ressuscita à chegada da primavera, é comum a todos os cultos antigos do Oriente. Retório
provou que os deuses Agni, Mitra, Osíris, Tamus, Adonis, Baco, Apolo e Buda percorreram o mesmo ciclo. Todos nasceram num
mesmo e determinado dia – 25 de dezembro – solstício de inverno, de uma Mãe Virgem, em uma gruta ou em uma estrela.
“Todos morrem e ressuscitam, pois o Sol, vencido periodicamente de noite e pelo inverno, renasce, ressuscita cada dia e a
cada primavera (p.58).
Este autor cita um articulista da “SaturdayReview”, ao qual se liga o nome do Cristo, escreveu:
“A maior homenagem poética que se poderia prestar a Jesus era simbolizar a sua carreira terrestre com a marcha do Sol,
e era por isso que ele devia ter um nascimento virginal no solstício de inverno e ser crucificado para ressurgir no Equinócio da
Primavera, quando o Sol cruza o trópico do Câncer.” (p.93)
E em outra passagem de sua obra citada, o mesmo autor declara:
“A festa da ressurreição é uma festa solar, pois simboliza o triunfo glorioso do Sol (a Luz, o Cristo) sobre as trevas do
eclipse (Judas), é também uma festa lunar, pois coincide sempre com o final da lua cheia. Na segunda metade do século II, esta
festa foi fixada para o primeiro domingo depois da primeira lua cheia que se segue ao equinócio da primavera. Pode cair de 22
de março, como aconteceu em 1818, até 25 de abril, como foi em 1943. A Paixão, por simbolizar o sacrifício do Sol, é festa
especificamente lunar, pois só pode cair em plenilúnio.”(pp. 45-46)
É o que dizia, ainda no século XVIII, Dupuis, no livro que já citamos, quando fazia o paralelismo entre as celebrações dos
antigos e dos cristãos:
“Ora, é precisamente no equinócio da primavera que o Cristo triunfa, e que repara as desgraças do gênero humano, na
fábula sacerdotal dos cristãos, chamada vida de Cristo. É a esta época anual que se ligam as festas que têm por objeto a
celebração deste grande evento. Visto que a Páscoa dos cristãos, como aquela dos judeus, foi necessariamente fixada na lua
cheia do equinócio, isto é, no momento do ano em que o Sol transpõe o famoso passo que separa o império do deus da luz
daquele do príncipe das trevas, e onde reaparece em nossos climas o astro que dá a luz e a vida a toda a natureza.
“Os judeus e os cristãos a chamam a festa da passagem; pois é então que o deus Sol, ou o senhor da natureza, passa por
nós, para nos distribuir as suas mercês, das quais a serpente das trevas e do outono nos tinham privado durante todo o inverno.
“Eis o belo Apolo, cheio de todas as forças da juventude, que triunfa da serpente Píton. É a festa do Senhor, pois que se
dava ao Sol este título respeitável. Visto que Adonis e Adonai designavam este astro, senhor do mundo, na fábula oriental sobre
Adonis, deus do Sol, que como o Cristo, saia vitorioso do túmulo, depois que se havia chorado a sua morte.
“Na consagração dos sete dias aos sete planetas, o dia do Sol chama-se o dia do senhor. Precede a segunda-feia ou o dia
da Lua, e segue o sábado ou o dia de Saturno, dois planetas que ocupam os extremos da escala planetária, da qual o Sol é o
centro, e forma a quarta. Assim o epíteto de Senhor convém, sob todos os aspectos, ao Sol.”(pp. 215-216)
Aqui, torna-se necessário, por evidência, o fato de que, das línguas ocidentais, talvez somente a portuguesa e a grega
chamam os dias da semana de segunda, terça, quarta, quinta e sexta-feira. Mas já na língua grega, este último dia é
denominado “preparação”; nas demais, a segunda é o dia consagrado à Lua, a terça a Marte, a quarta a Mercúrio, a quinta a
Júpiter, a sexta a Vênus, enquanto o sábado é o dia consagrado a Saturno e o domingo ao Sol ou ao Senhor.
Porém, Dupuis continua:
“Esta festa da passagem do Senhor foi fixada originalmente a 25 de março, ou seja, três meses, dia por dia, depois da
festa do nascimento, que é também a do nascimento do sol. Era então que este astro, retomando a sua força criadora e toda a
sua atividade fecunda, era tido por rejuvenescer a natureza, restabelecer uma nova ordem de coisas, criar, por assim dizer, um
novo universo, sobre os destroços do antigo mundo, e fazer, por meio do cordeiro equinocial, passar os homens ao império da
luz e do bem que sua presença restituía.” (p. 246)

A Festa Judaica e o Signo do Cordeiro

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Segundo os escritores já citados, Moisés transportou para a sua legislação a festa da primavera dos egípcios, do Sol
entrando no signo do Cordeiro, que se tornou a maior das festas judaicas. De acordo com a Bíblia, o povo hebreu a celebrou,
pela primeira vez, no momento de deixar o Egito. Diz, então, a “Enciclopédia Ilustrada Portuguesa”, no artigo Páscoa:
“Por ordem de Moisés, na noite de 14, dia do primeiro mês da primavera, chamado nisan, cada família, ao por do sol,
imolou um cordeiro sem mancha escolhido antes, fê-lo assar e depois de ter pintado a casa com o sangue, comeu-o durante a
noite com pães ázimos.
“Esta cerimônia era chamada em hebreu Pesahh ou fase, isto é, passagens, porque marcava, por um lado, a passagem
do anjo que, ferindo os primogênitos dos egípcios, poupou os dos hebreus, cujas casas estavam marcadas com o sangue do
cordeiro, pelo outro, a passagem de Israel do cativeiro à liberdade.”
Esta data, porém, determinava o dia da primeira lua cheia do ano, ou seja, aquele que segue o equinócio da primavera.
Vejamos, contudo, o que diz, em sua obra “Les Fêtes Solaires”, Amable Audin:
“... os judeus não souberam descobrir o princípio cômodo que inaugura o ano sobre o mês equinocial. Acentuando
unicamente o encontro da lua cheia e da estação solar, determinaram que o Dia de Ouro seria aquele da lua cheia que segue o
equinócio. Desta maneira, o início do mês e do ano, colocado 14 dias mais cedo, encontrava a sua posição, seja antes, seja
depois do dia 21 de março, dia equinocial, mais exatamente entre 8 de março e 4 de abril do nosso calendário. O inconveniente
era que, no caso de uma Páscoa tardia, a primeira lunação de primavera não continha a parada solar que pretendia comemorar.
“Formulada esta restrição, digamos que a Páscoa judaica, celebrada a 14 de nisan marcava o dia da primeira luz do ano,
aquele da lua cheia que segue o equinócio da primavera. Não parece necessário insistir sobre o valor místico da Páscoa judaica
com relação à realização do destino humano”.(p. 39)
E por que razão esse dia tinha tão grande valor místico? É que, para os povos antigos, aquele dia de lua cheia depois do
equinócio da primavera era um dia sagrado. Os antigos esperavam a volta da Idade de Ouro, a qual, segundo eles, se daria no
dia em que os astros estivessem colocados na mesma posição em que estavam no dia em que foram criados. É o que nos
explica Amable Audin:
“A Idade de Ouro deverá recomeçar quando os astros voltarem a encontrar no céu a sua posição inicial, que será um dia
de lua cheia. Isto confere a todas as luas cheias uma espécie de santidade, mas entre todos os dias santos que resultam das
luas cheias, existe um particularmente sagrado, aquele em que a lua cheia corresponde ao equinócio da primavera. Neste Dia de
Ouro, os astros maiores voltam a encontrar, por um instante, a posição ideal em que os colocara o Criador. Dia duas vezes
sagrado, comemora o paraíso perdido e prefigura o seu restabelecimento.” (p. 37)
O que os babilônios chamaram o Grande Ano e Aristóteles o Ano Maior começou quando os sete astros estavam reunidos
no signo do Cordeiro, no ponto equinocial da primavera; terminará quando nele serão novamente reunidos. E será o fim do
mundo, segundo acreditavam.
Em sua obra “La Misa y sus Misterios”, Ragon escreve que o dia do Sol entrando no signo do Cordeiro de Deus, Agnus
Dei, dia de aniversário do advento, adventus, era celebrada pelos magos com oferendas de frutas; mas como a escravidão no
Egito tinha degradado aos israelitas, a ponto de deixa-los insensíveis à pureza de semelhante oblação, foi permitido que
acrescentassem a vítima (de victus – víveres) de um cordeiro recém-nascido, o emblema do signo Áries ou Carneiro, que é a
imagem do Sol fecundador da primavera.
Afirma ainda Ragon que os judeus reformadores e reformados precisaram de muito tempo e de grandes esforços para
chegarem a substituir a páscoa pela ceia, e a vítima do cordeiro pela hóstia de trigo. Diz ele, então, na obra citada:
“Segundo os evangelistas, Jesus restabeleceu a pureza da oferenda primitiva de frutos da terra, na ceia que precedeu a
sua morte, celebrada na páscoa mosaica: este é meu corpo, este é meu sangue, diz ele, enquanto distribui o pão e o vinho entre
os seus iniciados, que... se reuniam durante a noite para comer a Ceia do Senhor... Por volta de fins do século II, o ritual que
havia se enriquecido com segredos astronômicos, ordenou que a missa se celebrasse pela manhã, no dia seguinte ao sabá, para
não coincidir com o sábado judaico”. (p. 131)
Efetivamente, como o afirma Aníbal Vaz de Melo, os elementos védico e helênico entraram na parte cultual do cristianismo,
onde Jesus dá a beber do seu sangue e a comer de sua carne no sacrifício do altar, para obter a salvação eterna àquele que
comunga.
Em outro trabalho examinamos os elementos componentes da Ceia dos Cavaleiros Rosa-Cruzes. O simbolismo do
Cordeiro zodiacal do equinócio da primavera conduziu à instituição da Eucaristia, da qual a Ceia dos Cavaleiros Rosa-Cruzes é a
representação maçônica.

N.R.: Artigo inédito. Para maiores esclarecimentos, ler explicações na edição de nº 39.

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CURIOSIDADES
FATOS MAÇÔNICOS

Ir.: Fernando Barbosa(*)

Faz muitos sóis e luas encontramos uma gama de obras relativas à Ordem, de acesso público em todas as livrarias do
mundo.
A Maçonaria sempre despertou e seguirá causando sobeja curiosidade ao mundo profano, mercê da notória influência em
vários acontecimentos na história da civilização.
A presença da Ordem em movimentos políticos ou revolucionários demonstra em nossa Irmandade sua vocação e
influência em tais acontecimentos.
Pensamos – e logo existimos – que tal tendência deve permanecer como fator preponderante na união e prestígio da
Instituição. O corporativismo existente em certas camadas sociais, julgamos que deva ser baluarte de maior e melhor
aproximação entre irmãos.
Voltemos a comentar a curiosidade profana.
Todos se lembram do filme “A Lenda do Tesouro Perdido”, protagonizado por Nicolas Cage, apologia da liderança
cinematográfica dos EUA, adaptado a outros eventos épicos, porém eivado de equívocos históricos.
Recentemente, a última edição da revista “Super Interessante” consegue dissertar sobre o Ritual de Iniciação e várias
outras situações concernentes ao primeiro estágio de ingresso na Ordem, falhando em certas observações e sendo presunçosa
(a revista ou seu narrador), mas pouco ou nada falando sobre graus avançados. Porém, três milhões de leitores saborearam
informes pouco ou nada válidos que pudessem justificar qualquer abalo na pirâmide de sabedoria da Ordem.
Fizemos então dois recentes exemplos a par de muitos outros passados e de narrativa ociosa.
Os segredos continuarão intocáveis para caminhada e livre arbítrio de cada membro, revolvendo o passado como alavanca
propulsora do presente. Volvamos então nossas observações e comentários sobre fatos históricos inesquecíveis.
Faz-se necessário tecer algumas observações sobre a presença da Igreja Católica, através da presença de seus máximos
dirigentes: os papas.
Antes, porém, gostaríamos de registrar não ser intenção deste modesto colaborador narrar exaustivamente todos os fatos,
primeiro porque falta conhecimento histórico-maçônico e, segundo, poderia entrar na seara das enciclopédias e abusar da boa
vontade dos Irmãos.
Certos registros, no entanto, serão transcritos, sob advertência, julgados interessantes, salvo menor juízo, e oportunos.
Assim, do domínio de todos os Irmãos, as heresia a – por exemplo – comer carne às sextas-feiras, eram motivos para
exterminar não-católicos, confiscando-lhes, porém, todos os seus bens e haveres.
Insurgiu a Ordem Maçônica contra tal massacrante atitude, desagradando a força avassaladora da Igreja não glorificando o
Justo e Perfeito. Eram eles imperfeitos e injustos.
Citamos, para ilustrar o nosso trabalho, o pontificado do Papa Leão X, assumindo o cargo e afirmando: “Uma vez que Deus
nos conferiu o pontificado, vamos aproveitá-lo!”
Era ele filho de banqueiros.
Na sua festa de investidura no cargo, sob pomposa e atentatória exibição, mandou pintar, com ouro, um rapaz, vindo o
mesmo a falecer por sufocamento durante os festejos. A festa foi interrompida.
Seus desmandos seguiram-se até a venda de indulgências, pois ele havia falido o Vaticano.
Em sua época nasceu o Nepotismo e a revolta de Martin Lutero, inspirador máximo do Protestantismo no Universo.
Lutero bem assim como a Maçonaria foram excomungados. A citada excomunhão da Ordem prevaleceu por cerca de
trezentos anos, não impedindo o normal funcionamento e prestígio da Irmandade.
Tanto assim válido que, sob influência política de Maçons ilustres como Simon Bolívar, San Martin, Bernardo O’Highins e
até bispos e padres, pertencentes à Ordem, puderam decretar a independência dos países da bacia do Rio da Prata, em nosso
continente, obviamente libertando-os do jugo espanhol.
Durante a ditadura do General Franco, na Espanha, este não se cansou de culpar a Maçonaria pela perda das colônias na
América do Sul. A Maçonaria, por outro lado, não se desligava das defesas da liberdade de pensamento e o racionalismo de
princípios fundamentais, não se preocupando com a Igreja Católica, enquanto esta não ferisse objetivos colimados pela Ordem.
Mas, ao contrário, a igreja não aceitava e nunca aceitou a existência de sociedade secreta, emitindo bulas de autoria dos
papas Clemente XII, Bento XIV, Pio VII e Pio IX.. Ocioso e longo seriam transcrever as referidas bulas.
No entanto, outro papa, Leão XIII, prescreveu carta encíclica “Humanum Genus”, cuja transcrição parcial apomos abaixo:

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CARTA ENCÍCLICA
“A todos os Nossos Veneráveis Irmãos os Patriarcas, Primazes, Arcebispos e Bispos do orbe católico, em graça e
comunhão com a Sé Apostólica: sobre a Maçonaria.

LEÃO XIII.PAPA.

Veneráveis Irmãos, Saudação e Benção Apostólica.

As duas cidades
1. Desde quando, pela inveja do demônio, miseravelmente se separou de Deus, a quem era devedor do seu chamado à
existência e dos dons sobrenaturais, o gênero humano dividiu-se em dois campos inimigos, que não cessam de combater;
um pela verdade e pela virtude, o outro por tudo o que é contrário à virtude e à verdade. – O primeiro é o reino de Deus na
terra, a saber, a verdadeira igreja de Jesus Cristo, cujos membros, se lhe quiserem pertencer do fundo do coração e de
maneira a operar a sua salvação, devem necessariamente servir a Deus e a seu filho único, com toda a sua alma, com
toda a sua vontade. O segundo é o reino de Satanás. Sob o seu império e em seu poder se acham todos os que, seguindo
os funestos exemplos do seu chefe e de nossos primeiros pais, recusam obedecer à lei divina e multiplicam os seus
esforços, aqui para prescindir de Deus, ali para agir diretamente contra Deus. Esses dois reinos, viu-os e descreveu-os
Santo Agostinho com grande perspicácia sob a forma de duas cidades opostas uma à outra, quer pelas leis que as regem,
quer pelo ideal que colimam; e, com engenhoso laconismo, pôs em relevo nas palavras seguintes o princípio constitutivo de
cada uma delas: Dois amores deram nascimento a duas cidades: a cidade terrestre procede do amor de si até ao desprezo
de Deus; a cidade celeste procede do amor de Deus levado até ao desprezo de si.
A cidade dos maçons
2. Em toda a série de séculos que nos precederam, essas duas cidades não têm cessado de lutar uma contra a outra,
empregando toda sorte de táticas e armas mais diversas, posto que nem sempre com o mesmo ardor, nem com a mesma
impetuosidade. Na nossa época, os fautores do mal parecem haver-se coligado num imenso esforço, sob o impulso e com
auxílio de uma Sociedade difundida em grande número de lugares e fortemente organizada, a Sociedade dos Maçons.
Estes, com efeito, já não se dão o trabalho de dissimular as suas intenções, e rivalizam entre si em audácia contra a
augusta majestade de Deus. É publicamente, a céu aberto, que empreendem arruinar a Santa Igreja, a fim de, se possível
fosse, chegarem a despojar completamente as nações cristãs dos benefícios de que são devedoras ao Salvador Jesus
Cristo. Gemente à vista desses males, e sob o impulso da caridade, muitas vezes nos sentimos levados a clamar para
Deus: ‘Senhor. Eis que os vossos inimigos fazem grande bulha. Os que vos odeiam levantaram a cabeça. Urdiram contra o
vosso povo projetos cheios de malícia, e resolveram perser os vossos santos, Sem, disseram eles, vinde e expulsemo-los
do seio das nações (SI 82, 2-4).
3. Entretanto, em tão urgente período, em presença de um ataque tão cruel e tão obstinado desfechado contra o cristianismo,
é dever nosso assinalar o perigo, denunciar os adversários, opor toda a resistência possível aos seus projetos e à sua
indústria, primeiro para impedir a perda eterna das almas cuja salvação nos foi confiada, e depois a fim de que o reino de
Jesus Cristo, que somos encarregados de defender, não somente fique de pé e em toda a sua integridade, mas faça pela
terra toda novos progressos, novas conquistas.
4. Em suas vigilantes solicitudes pela salvação do povo cristão, nossos predecessores bem depressa reconheceram esse
inimigo capital no momento em que, saindo das trevas de uma conspiração oculta, se lançava ao assalto em pleno dia.
Sabendo que ele era, o que queria, e lendo por assim dizer no futuro, eles deram aos príncipes e aos povos o sinal de
alarme, e os alertaram contra os embustes e os artifícios preparados para surpreendê-los. O perigo foi denunciado pela
primeira vez por Clemente XII, em 1738, e a constituição promulgada por esse Papa foi renovada e confirmada por Bento
XIV. Pio VII seguiu as pegadas dos pontífices, e Leão XII, enfeixando na sua constituição apostólica Quo graviora, todos os
atos e decretos dos precedentes papas sobre essa matéria, retificou-os e confirmou-os para sempre. No mesmo sentido
falaram Pio VIII, Gregório XVI e, repetidas vezes, Pio IX.
5. O intuito fundamental e o espírito da seita maçônica tinha sido posto em plena luz pela manifestação evidente dos seus
modos de agir, pelo conhecimento dos seus princípios, pela exposição das suas regras, dos seus ritos e dos seus
comentários, aos quais, mais de uma vez, se haviam juntado os testemunhos dos seus próprios adeptos. Em presença
desses fatos, simplíssimo era que esta Sé Apostólica denunciasse, publicamente a seita dos maçons como uma
associação criminosa, não menos perniciosa aos interesses do cristianismo do que aos da sociedade civil. Decretou, pois,
contra ela as penas mais graves com que a Igreja costuma fulminar os culpados, e proibiu filiar-se a ela.
Irritados com essa medida, e esperando, já pelo desdém, já pela calúnia, poder escapar às condenações ou lhes atenuar a
força, os membros da seita acusaram os papas que as haviam lançado, ora de haverem proferido sentenças iníquas, ora
de haverem excedido a medida nas penas infligidas. Assim foi que se esforçaram por burlar a autoridade ou diminuir o
6
valor das constituições promulgadas por Clemente XII, Bento XIV, Pio VII e Pio IX. Todavia, nas próprias fileiras da seita
não faltaram associados para confessar, mesmo a contragosto, que, dadas a doutrina e a disciplina católicas, os pontífices
romanos nada haviam feito senão de mui legítimo. A essa confissão cumpre juntar o assentimento explícito de certo
número de príncipes ou de chefes de Estado que tiveram a peito ou denunciar a Sociedade dos Maçons à Sé Apostólica,
ou fulminá-la por si mesmos como perigosa, decretando leis contra ela, conforme foi praticado na Holanda, na Áustria, na
Suíça, na Espanha, na Baviera, na Sabóia e em algumas partes da Itália.

A CONFIRMAÇÃO DOS FATOS

Importa sumamente fazer notar o quanto os acontecimentos deram razão à sabedoria dos nossos predecessores. As suas
solicitudes previdentes e paternais nem em toda parte nem sempre tiveram o êxito desejado: o que cumpre atribuir quer à
dissimulação e à astúcia dos homens alistados nessa seita perniciosa, quer à imprudente leviandade daqueles que, no
entanto, teriam tido o interesse mais direto em vigiá-la atentamente. Daí resulta que, no espaço do século e meio, a seita
dos maçons fez progressos incríveis. Empregando simultaneamente a audácia e a astúcia, invadiu ela todas as categorias
da hierarquia social, e começa a assumir, no seio dos Estados modernos, um poder que equivale quase à soberania.
Dessa rápida e formidável extensão resultaram justamente para a Igreja, para a autoridade dos príncipes, para a salvação
pública, os males que nossos predecessores desde muito haviam previsto. Chegou-se ao ponto de haver razão para
conceber pelo futuro os receios mais sérios; não, por certo, no que concerne à Igreja, cujos sólidos fundamentos não
podem ser abalados pelos esforços dos homens, mas com relação à secularidade dos Estados, no seio dos quais se
tornaram poderosíssimas ou esta seita da Maçonaria ou outras associações similares que se fazem suas cooperadoras e
seus satélites” (...).

Mas a Maçonaria volta a incomodar interesses do Vaticano, colocando-se, decididamente, contra a tentativa do
escandaloso negócio do Banco Ambrosiano do Vaticano que desejava vender seu controle acionário a poderoso grupo, contrário
aos interesses da Itália. Este fato também é conhecido como P2, em face da interferência policial.
Vamos finalizar nossa narrativa.
A revista “Super Interessante” convida três milhões de leitores a guardar segredo. Nós não precisamos pedir silêncio e
segredo que, através dos tempos ainda não “puderam” descobrir.
Lembramos somente os “Landmarks”, presentes em nossa Constituição, para “n” maçons espalhados pela face da terra.
Não poderíamos,também, despedirmo-nos sem render nossas homenagens a todos os historiadores maçônicos. A
história sempre pedirá passagem para nossas origens que se perdem em hipóteses do Rei Salomão à Hiram.
Mestre é aquele que está sempre preocupado em aprender.

(*) Irmão residente no Oriente de Poços de Caldas (MG).

Novos Tempos - Serviços & Contabilidade Ltda.

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Direção Ir ∴ Wilson Santos - Loja Adonai 1377 -


GOERJ

7
PARA PENSAR
MORAL E DOGMA

A Maçonaria possui em sua filosofia um ensinamento que pode ser expresso num simples ditame: “Proteja os oprimidos
dos opressores; e dedique-se a honra e aos interesses de seu País”.
Maçonaria não é especulativa nem teórica, mas experimental, não sentimental, mas prática. Ela requer
renúncia e autocontrole. Ela apresenta uma face severa aos vícios do homem e interfere em muitos de nossos
objetivos e prazeres. Penetra além da região do pensamento vago; além das regiões em que moralizadores e filósofos
teceram suas belas teorias e elaboraram suas esplendidas máximas, alcançando as profundezas do coração,
repreendendo-nos por nossa mesquinhez, acusando-nos de nossos preconceitos e paixões e guerreando contra nossos
vícios.
É uma luta contra paixões que brotam do seio dos mais puros sentimentos, um mundo onde preconceitos admiráveis
contrastam com práticas viciosas, de bons ditados e más ações; onde paixões abjetas não são apenas refreadas pelos costumes
e pelos cerimoniais, mas se escondem por trás de um véu de bonitos sentimentos. Este solecismo tem existido por todas as
épocas. O sentimentalismo católico tem muitas vezes acobertado a infidelidade e os vício. A retidão dos protestantes apregoa,
freqüentemente, a espiritualidade e a fé, mas negligencia a verdade simples, a candura e a generosidade; e a sofisticação do
racionalismo ultraliberal em muitas ocasiões conduz ao céu em seus sonhos, mas chafurda na lama de suas ações.
Por mais que exista um mundo de sentimentos maçônicos, ainda assim ele pode ser um mundo onde ela está ausente.
Ainda que haja um sentimento vago de caridade maçônica, generosidade e desprendimento, falta a prática ativa da virtude, da
bondade, do altruísmo e da liberalidade. A Maçonaria assemelha-se aí às luzes frias, embora brilhantes.
Há clarões ocasionais de sentimentos generosos e viris, um esplendor fugaz de pensamentos nobres e elevados, que
iluminam a imaginação de alguns. Mas não há o calor vital em seus corações.
Boa parte dos homens tem sentimentos, mas não princípios. Os sentimentos são sensações temporárias, enquanto os
princípios são como virtudes permanentemente impressas na alma para seu controle. Os sentimentos são vagos e involuntários;
não ascendem ao nível da virtude. Todos os têm. Mas os princípios são regras de conduta que moldam e controlam nossas
ações. Pois é justamente neles que a Maçonaria insiste.
Nós aprovamos o que é certo, mas geralmente fazemos o que é errado; esta é a velha história das deficiências humanas.
Ninguém encoraja e aplaude injustiça, fraude, opressão, ambição, vingança, inveja ou calúnia; ainda assim, quantos dos que
condenam essas coisas são culpados delas, eles mesmos.
Já nos foi dito: “Homem, quem quer que sejas, se julgas, para ti não há desculpa, porque te condenas a ti mesmo, uma
vez que fazes exatamente as mesmas coisas.”
É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam suas vidas nem por uma nem por
outra. A boca exprime o que o coração deveria ter em abundância, mas quase sempre é o reverso do que o homem pratica.
Os homens podem realmente, de um certo modo, interessar-se pela Maçonaria, mesmo que muitos deficientes em
virtudes. Um homem pode ser bom em geral e muito mau em particular: bom na Loja e ruim no mundo profano, bom em público e
mau para com a família.
Muitos desejam sinceramente ser bons Maçons. Mas é preciso que resistam a certos estímulos, que sacrifiquem certos
caprichos. Como é ingrato aquele que morre medíocre, sem nada fazer que o glorifique para os Céus. Sua vida é como árvore
estéril, que vive, cresce, exaure o solo e ainda assim não deixa uma semente, nenhum bom trabalho que possa deixar outro
depois dele! Nem todos podem deixar alguma coisa para a posteridade, mas todos podem deixar alguma coisa, de acordo com
suas possibilidades e condições.
Quem pretender alçar-se aos Céus, sozinho dificilmente encontrará o caminho.
A operosidade jamais é infrutífera. Senão trouxer alegria com o lucro, ao menos, por mantê-lo ocupado, evitará outros
males. Se temos liberdade para fazer qualquer coisa, devemos encará-la como uma dádiva dos Céus; se temos a predisposição
de usar bem esta liberdade, então é uma dádiva da Divindade.
Maçonaria é ação, não inércia. Ela exige de seus iniciados que trabalhem, ativa e zelosamente, para o benefício de seus
Irmãos, de seu país e da Humanidade. É a defensora dos oprimidos, do mesmo modo que consola e conforta os desafortunados.
Frente a ela é muito mais honroso ser o instrumento do progresso e da reforma do que deliciar-se nos títulos pomposos e nos
autos cargos que ela confere. A maçonaria advoga pelo homem comum no que envolve os melhores interesses da Humanidade.
Ela odeia o poder insolente e a usurpação desavergonhada. Apieda-se do pobre, dos que sofrem, dos aflitos; e trabalha para
elevar o ignorante, os que caíram e os desafortunados.
A fidelidade à sua missão será medida pela extensão de seus esforços e pelos meios que empregar para melhorar as
condições dos povos. Um povo inteligente, informado de seus direitos, logo saberá do poder que tem e não será oprimido. Uma
nação nunca estará segura se descansar no colo da ignorância. Melhorar a massa do povo é a grade garantia da liberdade
popular. Se isto for negligenciado, todo o refinamento, a cortesia e o conhecimento acumulado nas classes superiores perecerão
mais dia menos dia, tal como capim seco no fogo da fúria popular.

8
Não é a missão da Maçonaria engajar-se em tramas e conspirações contra o governo civil. Ela não faz propaganda
fanática de qualquer credo ou teoria; nem se proclama inimiga de governos. Ela é o apostolo da liberdade, da igualdade e da
fraternidade. Não faz pactos com seitas de teóricos, utopistas ou filósofos. Não reconhece como seus iniciados aqueles que
afrontam a ordem civil e a autoridade legal, nem aqueles que se propõem a negar aos moribundos o consolo da religião. Ela se
coloca à parte de todas as seitas e credos, em sua dignidade calma e simples, sempre a mesma sob qualquer governo.
A maçonaria reconhece como verdade que a necessidade, assim como o direito abstrato e a justiça ideal devem ter sua
participação na elaboração das leis, na administração dos afazeres públicos e na regulamentação das relações da sociedade.
Sabe o quanto a necessidade tem por prioridade nas lidas humanas. A maçonaria espera e anseia pelo dia em que todos os
povos, mesmo os mais retrógrados, se elevem e se qualifiquem para a liberdade política, quando, como todos os males que
afligem a terra, a pobreza, a servidão e a dependência abjeta não mais existirão. Onde quer que um povo se capacite à liberdade
e a governar-se a si próprio, ai residem as simpatias da Maçonaria.
A Maçonaria jamais será instrumento de tolerância para com a maldade, de enfraquecimento moral ou de depravação e
brutalização do espírito humano. O medo da punição jamais fará do maçom um cúmplice para corromper seus compatriotas nem
um instrumento de depravação e barbarismo. Onde quer que seja, como já aconteceu, se um tirano mandar prender um crítico
mordaz para que seja julgado e punido, caso um maçom faça parte do júri cabe a ele defendê-lo, ainda que à vista do cadafalso
e das baionetas do tirano.
O maçom prefere passar sua vida oculto no recesso da penumbra, alimentando o espírito com visões de boas e nobres
ações, do que ser colocado no mais resplandecente dos tronos e ser impedido de realizar o que deve. Se ele tiver dado o menor
impulso que seja a qualquer intento nobre; se ele tiver acalmado ânimos e consciências, aliviado o jugo da pobreza e da
dependência ou socorrido homens dignos do grilhão da opressão; se ele tiver ajudado seus compatriotas a obter paz, a mais
preciosa das possessões; se ele cooperou para reconciliar partes conflitantes e para ensinar aos cidadãos a buscar a proteção
das leis de seu país; se ele fez sua parte, junto aos melhores e pautou-se pelas mais nobres ações, ele pode descansar, porque
não viveu em vão.
A Maçonaria ensina que todo poder é delegado para o bem e não para o mal do povo. A resistência ao poder usurpado
não é meramente um dever que o homem deve a si próprio e a seu semelhante, mas uma obrigação que ele deve a Deus para
restabelecer e manter a posição que Ele lhe confiou na criação. O maçom sábio e bem informado dedicar-se-á à Liberdade e a
Justiça. Estará sempre pronto a lutar em sua defesa, onde quer que elas existam. Não será nunca indiferente a ele quando a
Liberdade, a sua ou a de outro homem de mérito, estiver ameaçada.
O verdadeiro maçom identifica a honra de seu país como a sua própria. Nada conduz mais à glória e à beleza de um país
do que ter a justiça administrada a todos de igual modo, a ninguém negada, vendida ou preterida.
Não se esqueçam, pois daquilo a que você devotou quando entrou na Maçonaria: defenda o fraco contra o truculento, o
destituído contra o poderoso, o oprimido contra o agressor! Mantenha-se vigilante quanto aos interesses e à honra de teu país! E
possa o Grande Arquiteto do Universo dar-lhe a força e a sabedoria para mantê-lo firme em seus altos propósitos!

Albert Pike
Soberano Grande Comendador
Escrito em 1871.

N. R.: Colaboração do Ir.: Luís A. Tapete

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9
PARA PENSAR 2
A UTILIDADE DO VIVER

Ir.: Antônio do Carmo Ferreira (*)

“Não viverei em vão, se puder


Salvar de partir-se um coração,
Se eu puder aliviar uma vida
Sofrida, ou abrandar uma dor,
Ou ajudar exangue um passarinho
A subir de novo no ninho...
Só assim não viverei em vão”.
(Emily Dickinson)

Ao homem, Deus lhe deu a vida. A vida pertence a Deus. A qualquer instante Ele a solicita de volta. É como
ensinava Dom Agostinho, o Bispo da Diocese de Nipona: “a vida é uma peregrinação de retorno à casa do Pai”. Da mesma
forma estabeleceu o Eclesiastes, ao advertir que um dia, “quando o corpo voltar à terra, o espírito retornará a Deus que o
deu”.
Mas há uma condição implícita nesta cessão da vida. É que ela não seja dedicada ao ócio. Ao não fazer, por mais
que sejam os bens possuídos e suficientes para a pessoa bastar-se materialmente a si própria. O apóstulo Paulo escreve
aos Tessalonicenses e lhes diz em sua segunda carta que “se alguém não quiser trabalhar, não coma”. Também parece
aquela história do Gênesis em que mesmo o casal Adâmico sendo senhor da mãe-natureza, onde aí poderia encontrar de
tudo para a sobrevivência, mesmo assim ainda se fazia necessário “ganhar o pão de cada dia com o suor do rosto”.
A vida, portanto, se destina à ação. Um instrumento do fazer. Uma oportunidade de produzir. O valor dela
transcendendo do ter, para se localizar no ser sendo. A parábola dos talentos faz lembrar tal assertiva. O Senhor, quando
fez a avaliação da distribuição dos talentos, elogiou os que haviam colocado em movimento os talentos recebidos,
enquanto puniu severamente aqueles que guardaram a prenda que lhes foi confiada.
Depois, vem-se a saber que a vida não se exercitará para o benefício apenas da pessoa em que ela está,. Como
se essa pessoa isolar-se em si própria, e tudo fizesse e de tudo dispusesse apenas para si. Jesus Cristo ensinou, e seus
discípulos deram repercussão a isto, que Ele veio para dar um novo mandamento: “o do amor ao próximo”. Mais tarde, em
Madri, o filósofo Ortega Y Gasset repetia o ensinamento, com a expressão – “eu sou eu e minha circunstância”. A pessoa
não se limita em si. Ela terá compromisso além desta comarca do si só – com “a circunstância”. Ou, na forma da letra
cristã, com “ o próximo”.
O filósofo Jeremy Bentham e seu contemporâneo Stuart Mill, economista, trataram do “utilitarismo” da vida e dos
bens. E, já recentemente, João Paulo II abordou o assunto, em seu livro “Memória e Identidade”. O Papa traz à baila
pensamentos de Tomás de Aquino respeitantes ao bonum honestum, ao bonum utile e ao bonum delectabile. Parece
querer ensinar que o bem, para ter um fim honesto, não será destinado apenas ao deleite do possuidor, mas, para alcançar
aquela condição, torna-se necessário ser útil a outros. Lembramos a sentença condenatória do avarento. Uma corda, muito
grossa pode até passar no orifício de uma agulha, ainda que muito fina, mas o avarento terá as maiores dificuldades em
conseguir ingresso na casa do Pai.
A Maçonaria absorve estes ensinamentos da utilidade da vida, tornando-se isto um dever para o maçom, ao dizer-
se ela não somente iniciática, mas também filantrópica. Pois a Ordem não se basta na atividade templária. A formação do
ser / maçom inclui seu exercício prático na comunidade, onde o alvo é a assistência ao carente e/ou a evolução que
recebe o trato de sua inteligência. O maçom estará voltado, sempre, para a felicidade da pessoa humana – “o próximo”.
Quem leu o ritual do Aprendiz haverá de ter se deparado com esta advertência de que “ a Maçonaria não é uma sociedade
comum. Ela tem responsabilidade e deveres para com a humanidade”. Tais condições serão, por conseguinte,
compromissos da Loja e de seu quadro, o qual “toda ocasião que perde de ser útil, pratica infidelidade e em cada socorro
que recusa comete perjúrio”, sendo a utilidade da vida, portanto, um inquestionável dever.

(*) Grão-Mestre do Grande Oriente Independente de Pernambuco e Presidente da ABIM.

N.R.: Discurso proferido na abertura do ENCONTRO DO RECIFE, em 29/01/2006, com os Veneráveis, Grandes Secretários e Assessores do
GOIPE, preparando a agenda da Obediência e de suas Lojas para o ano de 2006.

10
GRANDE DICIONÁRIO ENC. DE BIBLIOTECA
REFLEXÕES MAÇÔNICAS - CRÔNICAS
MAÇONARIA E SIMBOLOGIA Ir:. Jorge Tavares Vicente
NICOLA ASLAN

O “OLHO QUE TUDO VÊ”– Segundo Ralph M. Lewis,


nos tempos modernos, o olho pode ser usado para
representar o G.:A.:D.:U.:. Esta é, porém, uma forma
limitada da interpretação que tantos místicos do
passado, como os atuais, deram a este símbolo.
Para eles o olho é o símbolo da vista, porém
especialmente desta visão clara que dá a compreensão.
Quando se adotou o olho como símbolo do Supremo
Regente do Universo, foi com o objetivo de representar
a mente onisciente de Deus, que tudo vê e que,
portanto, tudo conhece. Neste sentido, o olho veio a
Conheci o Ir:. Jorge Tavares Vicente há pouco tempo.
ser o símbolo da Consciência Divina ou da Foi ontem, praticamente. Visitava a ARLS “Verdadeira Luz”,
Consciência Cósmica (chamada por alguns místicos GOERJ, Rito Adoniramita, Oriente de Cabo Frio, quando nos
modernos a Consciência Universal). apresentaram. Foi generoso na demonstração da “grande
Por isso se diz que este Olho governa o Sol, a Lua, os alegria do encontro”, palavras que usou na dedicatória de seu
cometas e as estrelas, e igualmente o coração do livro a mim presenteado. Falou com entusiasmo do escritor
homem. Estes não obedecem ao olho sempre vigilante, Nicola Aslan e de suas obras, demonstrando satisfação em ter
como o filho que obedece temeroso aos olhos sido iniciado e pertencer ainda à ARLS Evolução nº 2,
observadores do pai, mas isto não significa que toda a GLMERJ, Oriente de Niterói, também Loja-Mãe de Nicola
natureza se manifesta de acordo com um plano divino Aslan.
Li, então, “Reflexões Maçônicas – Crônicas”. E o fiz
concebido na mente de Deus e todas estas
prazerosamente. “Caminhei” pelas ruas de Niterói, minha
manifestações são sempre as mesmas, sempre fiéis cidade. “Banhei-me” nas águas da Praia de Icaraí, que
àquele princípio, porque o Olho da Consciência Divina freqüentei em minha adolescência e juventude. “Embarquei” no
dirige o funcionamento de todas as Leis Cósmicas. catamarã, em minhas idas constantes ao Rio. “Assisti” reuniões
Sobre o mesmo símbolo, Mackey escreve: na Loja Evolução nº 2, a Loja-Mãe de meu pai, onde realmente
_ “É um símbolo importante do Ser Supremo, tirado estive algumas vezes, numa época em que não podia e nem
pelos maçons das nações da antiguidade. Ambos, pensava em ser Maçom. “Ouvi” o saudoso Ir:. Isaú de Almeida
hebreus e egípcios, ao que parece, fizeram derivar o Lola, freqüentador assíduo de minha casa, na Alameda São
seu uso da inclinação natural das mentes figurativas de Boaventura, no Fonseca, saudar o Pavilhão Nacional... Enfim,
escolher um órgão como símbolo da função que se foram páginas de lembranças e saudades.
“Reflexões Maçônicas – Crônicas”, como o próprio
entende estar desempenhando particularmente. Assim,
título já o define, e sem querer ser redundante, são crônicas.
o pé é amiúde adotado como o Símbolo da velocidade, São fatos interessantes e pitorescos passados na vida
o membro da força, e a base da fidelidade. Nos maçônica do Ir:. Jorge Vicente, que ele aproveita para realçar a
mesmos princípios, o olho aberto foi escolhido como o grandeza e a beleza da nossa Instituição. E o faz com mestria,
Símbolo da vigilância e o olho de Deus como o Símbolo pois conhece os meandros do vernáculo, autor que é, também,
da divina vigilância e da proteção do universo. O uso do de mais de uma dezena de livros, muitos deles sobre a língua
Símbolo, neste sentido, é encontrado repetidamente pátria.
nos escritores hebraicos. Assim, o Salmo XXXIV, 15 Enfim, ler as crônicas das “Reflexões Maçônicas” é
diz: ‘Os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e um prazer, um aprendizado e um reforço na alegria em
os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor’, o que pertencer à Maçonaria.
Ítalo Aslan/ M:. M:.
explica a seguinte passagem do Salmo CXXI, 4, em
(Loja Renascimento/GOIRJ)
que se diz: ‘é certo que não dormita nem dorme o Como pedir:
guarda de Israel...’ Por e-mail: jtvicente@globo.com e
O olho que tudo vê pode ser considerado como símbolo jorgetvicente@ibest.com.br
de Deus manifestado em sua onipresença – seu guarda Pelos telefones: (21)8187-1997 e (21)2240-7071
e protetor – ao qual alude Salomão no Livro dos Ou LIVRARIA LERFIXA: Rua Pedro Lessa, 31 – Centro – Rio
Provérbios (XV, 3), quando diz: ‘Os olhos do Senhor de Janeiro/R
estão em todo o lugar, contemplando os maus e os Todos os pedidos podem ser feitos pelo Reembolso Postal, por
bons’. apenas R$ 19,00.

11
POLINDO A PEDRA BRUTA
DO TEOR DAS REUNIÕES MAÇÔNICAS

Em termos de momento histórico, a maçonaria é o resultado das idéias “iluministas”, laicas, de cunho social, dos
séculos XVI e XVII e dos endo-movimentos hermetistas, cabalistas, alquimistas e rosacrucianos, secretos, buscadores da
VERDADE, sendo então essas duas diretrizes adotadas pela guilda de talhadores de pedra da Idade Média quando passou a
admitir os “maçons aceitos”.
Há dois trabalhos distintos, portanto, do homem que pertence à Instituição Maçônica: tradicionalmente, o encontro
nas tabernas, palco na época de reuniões as mais diversas incluindo apresentações teatrais, e dentre elas, a reunião dos
componentes da agremiação dos pedreiros; e há o trabalho em loja, nos adros das igrejas, de polimento da pedra bruta. O
primeiro trabalho é exotérico; o segundo, esotérico.
Daí, creio, as reuniões maçônicas devem ser: ABERTAS (como abertas eram todas as tabernas), onde se pode
discutir todo e qualquer assunto, não religioso ou político partidário, pautados contudo pelas RÍGIDAS NORMAS
MAÇÔNICAS de disciplina e por seus princípios inamovíveis (como por exemplo os conceitos de LIBERDADE, IGUALDADE
e FRATERNIDADE). Dessa participaria todo homem que se sujeitasse ao malho do presidente da Loja, reflexo da Lei
Maçônica, obediência essa semelhante ao que acontece nos nossos Tribunais profanos. Seriam “clubes maçônicos”.
O segundo trabalho, FECHADO, seria simbólico e veiculado, por sua própria natureza a um ritual. Nessas reuniões
tratar-se-ia apenas da procura do entendimento dos mistérios da vida, secreta, quer dizer, permitida apenas àqueles julgados
aptos à participação no drama proposto pela maçonaria. Para este trabalho seria exigida uma INICIAÇÃO; para o outro, não,
apenas um compromisso de obediência às regras estatuídas.

Renato em Cabo Frio (*Membro da ARLS RENASCIMENTO Nº 08).


Extraído dos escritos do “Decifra-me ou te devoro” (em organização).

PÍLULAS MAÇÔNICAS
OS SUMERIANOS

Os Sumerianos - que habitaram a Mesopotâmia - são considerados o mais antigo povo civilizado do
mundo.
A eles é atribuída a criação do Pavimento Mosaico que consideravam como terreno sagrado que somente
podia ser pisado pelo sacerdote de Chamarch (o deus Sol).
Foram também os sumerianos os primeiros a estudar os astros (astrologia) com a elaboração do primeiro
sistema cosmológico.
Sucederam-nos no estudo da Astrologia, os gregos que a racionalizaram e os árabes que a consolidaram.

Colaboração do Ir.: ANTHERO BARRADAS/ M.:M.(*)


(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO N º 08

12
13
HISTÓRIA PURA
JAMES ANDERSON
Ir.: KURT PROBER

James Anderson, habitualmente denominado de "pai da Maçonaria Especulativa", nasceu na cidade de Aberdeen,
(Escócia), por volta do ano de 1680. Estudou teologia em sua cidade natal, no "Marischal College", onde acabou recebendo o
seu título de "Doutor em Teologia", naturalmente presbiteriano, religião então predominante na Escócia.
Ainda antes de 1710, Anderson veio fixar residência em Londres, onde ele, mais tarde, comprou os direitos de vicariato de
uma Capela Presbiteriana, situada em "Swallow Street" (Rua das Andorinhas), onde ainda em 1735 o encontramos fazendo as
suas pregações.
Em sua qualidade de vigário presbiteriano ele se tornou muito conhecido do povo londrino, em face de suas inúmeras
pregações, muitas das quais chegou a publicar em folhetos avulsos. As que mais admiração causaram foram as cinco seguintes:
1. "Nós esperamos a paz, que não veio; Dia da Saúde" (Jeremias 8-15), pronunciada em 16/01/1712 na Igreja de Swallow
Street.
2. A pregação de 30/01/1714, teve como título: "Assassinos de Rei, não", um nome assaz curioso. Tratava-se de uma
pregação a favor do Rei George I, recentemente coroado, contra as falcatruas e confabulações do partido católico do
pretendente Jacobus III.
3. "Crença nos Santos", pronunciada em 01/08/1720 teve intenções de caráter puramente religiosos, e representava a
interpretação que os presbiterianos davam a este tema.
4. Esta foi uma pregação fúnebre no dia do 1º aniversário do falecimento do padre William Lorinzer, um ministro
presbiteriano que tinha feito a sagração de Anderson.
5. E finalmente, merece destaque ainda a pregação de 03/07/1737, pronunciada sobre o tema "A Prisão dos Devedores",
onde analisou a legislação concernente à "insolvência financeira".
E não há duvidas que Anderson, ao abordar este assunto, falava de experiência própria, pois consta que por volta de 1720
tinha perdido todo o seu patrimônio, e a sua situação financeira estivera tão precária, que os seus credores o lançaram na "torre
dos devedores", de onde o tiraram os seus Irmãos Maçons, depois de terem pago as suas dívidas.
Exemplares destas cinco pregações existem ainda hoje na biblioteca dos advogados, de Edinburgh.
No ano de 1732, Anderson traduziu para o inglês as "Taboas Genealógicas" do historiador e geógrafo alemão "Hans
Hubner", que chegou a reeditar em 1736 de forma ampliada.
Logo no ano seguinte, de 1733, publicou o livro: "A Unidade na Trindade, e a Trindade na Unidade". Em 1739 editou o livro
"Notícias de Elysium" e "Conversas com os Mortos" e, finalmente, em 1742, ainda surgiu, em edição póstuma a "História
genealógica da Casa Nobre de Ivery" uma antiga estirpe irlandesa, cujo membro vivo na ocasião era o Conde de Egmont.
Mas incontestavelmente a obra mais importante de Anderson foi a conhecida "Constituição Maçônica, de Anderson", que
publicou às suas expensas no ano de 1723, época em que era Venerável da Loja nº 17.
Nunca se soube em que Loja Anderson fora iniciado, mas é provável que ainda tenha sido na Escócia, de modo que já era
Maçom feito a filiar-se a uma Loja em Londres.
Na reunião da Grande Loja de 29/09/1721, onde 16 Lojas estiveram representadas, o Irmão James Anderson A. M.
(Magister Artium) foi encarregado de estudar as cópias das antigas constituições góticas, consideradas falhas e fundi-las numa
Carta Magna mais concisa e clara.
Deve ter trabalhado com incrível rapidez, a não ser que já tenha feito os estudos preliminares, pois já em 21/12/1721,
apresentou o Manuscrito Projeto, que foi entregue a 14 Irmãos competentes, e esta mesma comissão depois de feitas as
resolvidas emendas consideradas necessárias, aprovou a nova Constituição em 25/03/1722.
Em 17/01/1723 a Grande Loja aprovou a Constituição já impressa, e nomeando Anderson para seu Grande Vigilante. Em
1723 o nome Anderson também consta dos registros da Loja: "Horne Tavern", de Westiminster e em 1725 no da "Lodge of
Salomon's Temple" de Hemmings Row.
A autorização da impressão da Constituição e sua venda criou grande celeuma, e por isto, o Irmão Anderson parece ter
ficado afastado dos trabalhos durante quase 10 anos das Lojas. Mas em 24/02/1735 Anderson apresentou-se novamente à
Grande Loja, pedindo licença para imprimir uma Edição da Constituição aumentada, cujo novo texto foi finalmente aprovado em
sessão de 25/01/1738, pelos representantes das 56 Lojas presentes, sendo impressa logo em seguinda.
Mas já no ano seguinte, em 01/06/1739, Anderson transportou-se para o Oriente Eterno, sendo enterrado com Honras
Maçônicas no Cemitério de Bunhills Fields. O esquife foi carregado por 5 prelados presbiterianos e o Reverendo Desaguliers,
considerado colaborador de Anderson na feitura da Constituição, sendo o caixão seguido por apenas uns 10 ou 12 maçons
paramentados.
Desapareceu assim o Maçom quem mais serviços prestou à Ordem, que em vida nunca mereceu o menor apoio, prestígio
e agradecimento, e que pelo contrário foi atrozmente combatido, mas que acabou sendo o único, cujo nome nunca foi e nem
será esquecido.

14
N.R.: Colaboração enviada pelo Ir.: Ronaldo Costa, M.I. da ARLS ANTÔNIO MONTEIRO MARTINS Nº 139 (GLMERJ), do Oriente do Rio de
Janeiro.

15
Viagem ao nosso interior
OBJETIVO DA ADORAÇÃO
D. Villela

Adorar significa prestar culto, amar intensamente e, em filosofia, reconhecer a nossa dependência de Deus.
A idéia quanto à existência de um poder superior é inata na criatura, acompanhando-a desde o alvorecer de sua
consciência. Suas manifestações iniciais, contudo – e compreensivelmente -, foram de caráter exterior consistindo nas oferendas
e rituais que caracterizavam as religiões dos povos antigos. A finalidade da adoração era igualmente externa: ela deveria
propiciar colheitas fartas, êxito nos combates ou prosperidade nos negócios, pois não se cogitava, então, de valores íntimos
como fé, renúncia ou humildade. Essas mesmas características, aliás, se observam nos grupos primitivos da atualidade.
Jesus, nosso modelo e guia, desvinculou a relação com o Poder Supremo de toda conotação material, dirigindo-se a Deus
com simplicidade e absoluta confiança, chamando-O de Pai. Nas passagens em que aparece orando, Ele o faz sem recorrer a
quaisquer posturas ou utensílios, apenas, algumas vezes, retirando-se para lugares mais tranqüilos, como podemos observar em
Matheus, 14:13. Apesar disso, o Cristianismo adotou, posteriormente, ritual complexo, com objetos e paramentos, inclusive
imagens, a fim de atrair mais seguidores e na suposição de assim facilitar a convergência de pensamentos e sentimentos
durante os atos religiosos. Voltou a ser, também, preponderantemente material e imediata a finalidade da oração, entendida
como apelo a forças sobrenaturais para a solução de nossas dificuldades na Terra.
A Doutrina Espírita retoma a tradição cristã original, definindo a adoração como a elevação do pensamento a Deus,
independentemente da hora, local ou qualquer outra circunstância. Ela oferece, por outro lado, um panorama coerente da
existência, proporcionando a fé raciocinada no Supremo Poder.
Sem qualquer crítica aos que sinceramente praticam a adoração exterior, o Espiritismo não a adota por considerá-la
desnecessária, lembrando, a propósito, a afirmação do próprio Mestre que, quando indagado sobre o lugar mais conveniente
para adorar a Deus, se Jerusalém ou o Monte Garizim, respondeu categórico: “... vem a hora em que nem neste Monte nem em
Jerusalém adorareis o Pai...Deus é Espírito e aqueles que o adoram devem adorá-Lo em Espírito e verdade” (João, 4: 21 e 24).
A visão comum considera os templos, poeticamente, como as moradas do sagrado. Os Centros Espíritas são também
casas de oração mas, igualmente, escolas e oficinas para a aprendizagem e vivência – dentro e fora deles – das leis de nosso
Pai.

Publicado no Boletim SEI, nº1784.

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16
DEPOIMENTO
IRMÃO COM PONTINHOS
Ir.: Luís Carlos Evangelista (*)

A palavra irmão, tal como se encontra no dicionário, significa pessoa que descende de um ou dos dois pais comuns. Essa
definição baseada na origem biológica da pessoa, embora bastante simples e precisa não é suficiente para definir a palavra
irmão no sentido mais amplo do termo.
Muitas religiões, notadamente os evangélicos no Brasil, utilizam o termo irmão para definir aquele que professa a mesma
religião que a sua, esse sentido deriva da crença que todos somos filhos de um único Deus e, portanto a humanidade formaria,
segundo esse entendimento, uma grande família, sendo todos irmãos. É sem dúvida uma bela e filosófica visão e talvez seja um
fim a ser alcançado.
Nos Estados Unidos da América, os índios Sioux, tinham uma tradição que era a seguinte: todo menino nascido na tribo,
durante os primeiros meses era amamentado por todas as mulheres da tribo, dessa forma esse menino ao tornar-se um
guerreiro, considerava todas as mulheres da tribo como suas mães e todos os velhos como seus avós, destarte todos os outros
guerreiros eram seus irmãos e, estando em batalha, cada um cuidaria da sua vida e da vida de seus irmãos, sendo esse um
sentimento tão forte que jamais um irmão seria abandonado no campo de batalha, se tivessem que morrer morriam juntos,
irmãos na vida e na morte.
Na Maçonaria temos o costume de tratar-nos como irmãos, demonstrando dessa forma o caráter fraternal de nossa
organização. Quando um profano recebe a luz em um templo, durante o ritual de iniciação, a primeira coisa que ele vê são seus
irmãos armados com espadas, jurando protegê-lo sempre que for preciso.
A partir desse momento todos que a ele se referem o tratam por irmão, os filhos de seus irmãos passam a tratá-lo como tio
e as esposas de seus irmãos passam a ser suas cunhadas. Forma-se nesse momento um elo firme entre o novo membro da
ordem e a família maçônica.
É difícil precisar, no entanto, como esse vinculo se cria e se mantém. Por que? Ao sermos reconhecidos como Maçons o
outro lado prontamente abre um sorriso amigo e te abraça, como se já te conhecesse de toda a vida. Que força é essa que nos
une e faz com que homens de diferentes, raças, credos, profissões e classes sociais, tenham um sentimento de irmandade mais
forte entre eles, que entre irmãos de sangue ?
A Maçonaria, que passou por várias fases em sua existência desde a Maçonaria operativa até as atuais Lojas Simbólicas,
foi refinando a maneira pela qual seus membros são escolhidos e convidados para integrar nossas colunas, o possível candidato
sem saber está sendo observado em seus atos e na forma de conduta na vida profana, sendo que ao ser formalmente
convidado, parte de sua avaliação já foi concluída, bastando agora cumprir os regulamentos da respectiva potência maçônica,
para levar a cabo o ingresso do novo membro.
Talvez devido ao fato que todo o Maçom sabe dos rigores dessa seleção, em que pese o fato de que algumas vezes
cometemos erros, iniciando irmãos que nem de longe mereceriam essa honra, nós temos a tendência a confiar em um irmão
porque sabemos que ele é livre e de bons costumes.
Aquele que, ao apor sua assinatura em uma folha qualquer acrescentar os três pontinhos, deve saber que está dizendo ao
mundo, "Sou Livre e de Bons Costumes". E como tal será cobrado em suas ações e atitudes tanto dentro dos templos como no
mundo profano.
Creio que muitos irmãos adentram à nossa ordem sem a devida reflexão da responsabilidade que isso lhes impõe, repetem
os juramentos sem entender a verdadeira abrangência de suas palavras, o fazem porque isso faz parte do ritual, da mesma
forma que pessoas que jamais freqüentam a igreja se casam e juram amor eterno e fidelidade diante do sacerdote sem, no
entanto ter a menor intenção de cumprir esse juramento.
É compreensível que muitos irmãos entrem na Ordem sem o devido conhecimento da mesma, até porque esse
conhecimento é pouco divulgado e muitas vezes os padrinhos e aqueles que fazem as sindicâncias não esclarecem o profano
devidamente sobre as responsabilidades que estará assumindo. O que não é aceitável é que, depois de ingressar e conhecer
nossas normas e formas de conduta exigidas, o irmão continue agindo como antes do ingresso, ou seja, o irmão transforma-se
naquilo que costumamos chamar de "Profano de Avental". É aquele irmão que embora imbuído de boas intenções não permeou
seu espírito com os ensinamentos da Maçonaria e mesmo que permaneça na Ordem por toda a vida, jamais será um Maçom no
mais completo sentido da palavra.
Nossa ordem necessita de irmãos que tenham entre si aquele sentimento de fraternidade e solidariedade, tal qual os
guerreiros Sioux, que sendo filhos genéticos de pais diferentes se sentem irmãos, porque participam de algo que é maior que
cada um deles individualmente.Nossas Lojas precisam de irmãos de verdade, aqueles que têm orgulho de pertencer a essa
instituição e estão dispostos a sacrifícios pessoais em benefício da mesma.
Ele deve lembrar-se sempre que ele não escolheu a Maçonaria, mas foi por ela escolhido por reunir as condições
necessárias para tal. No entanto ele escolheu ficar e deve ser fiel aos seus juramentos.
Precisamos, portanto de Irmãos com três pontinhos de verdade.

(*) Oriente de Ferraz de Vasconcelos (SP)


17
CADERNO DE
TRABALHOS

18
AS QUATRO BORLAS
Ítalo Aslan / M.:I.: (*)

Muito pouco se tem ouvido falar desse ornamento e, muitas vezes, sequer é mencionado como tal na composição de um
Templo Maçônico. Muitos Maçons nunca dele tiveram notícias, relegado que está ao esquecimento. Outros tantos até duvidam
de seu valor e exatidão simbólicos, quando, por acaso, o encontram compondo uma Loja. Outros ainda, com muita coragem,
reconhecemos, afirmam ser esse ornamento de caráter espúrio no simbolismo maçônico do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Mas, por muita sorte nossa, digamos assim, encontramos fazendo parte dos ornamentos do Templo de nossa Loja, esse
símbolo riquíssimo, de valor inquestionável, sem dúvida alguma. Lá está ele, o símbolo, e elas, as quatro borlas, uma em cada
canto da Loja, pujantes e modestas ao mesmo tempo, lembrando com clareza, para qualquer quadrante que se olhe, que a
Temperança, a Justiça, a Prudência e a Fortaleza são algumas das virtudes que dão norte à vida do Maçom.
Se já são difíceis de serem encontradas fazendo parte dos ornamentos do Templo, é raro também que sejam citadas em
rituais. Ocorre, por vezes, uma incongruência: quando são mencionadas, não são colocadas nos seus devidos lugares. Alguns
outros rituais fazem referência às borlas como fazendo parte do “Pavimento Mosaico, composto de quadrados alternadamente
brancos e pretos, cercados pela Orla Dentada, terminando nos quatro cantos desta com uma borla representando a corda de 81
nós ou voltas” (Ritual do Aprendiz Maçom – REAA- Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro; 1995). Já o “Ritual e
Instruções de Aprendiz-Maçom” do Grande Oriente Independente do Rio de Janeiro faz, desde 1988, alusão a esses ornamentos
nos seguintes termos: “Pendentes dos cantos da Loja, vemos quatro borlas colocadas nos pontos extremos da mesma, para nos
lembrarem as quatro virtudes – Temperança, Justiça, Coragem e Prudência, que, diz nossa Tradição, foram, sempre, praticadas
por nossos antigos IIr:.”.
Essas quatro virtudes, representadas pelas quatro borlas, são denominadas Cardeais, Virtudes Cardeais. Provém do
latim Cardinalis, oriundo de cardo, -inis com o sentido de “ponto capital” de um determinado assunto. É o gonzo ou dobradiça em
torno do qual gira alguma coisa. Assim as classificavam os antigos, principalmente os escolásticos que, coordenando a Teologia
e a Filosofia, reconheciam a autoridade dos padres da Igreja e de Aristóteles. As obras deste último tornaram-se conhecidas em
princípios do século XII, não sem antes, provocarem certa resistência, mas que não impediram, posteriormente, que a filosofia
aristotélica se tornasse, durante um certo período, o ponto fulcral de toda a concepção teólogo-filosófica da escolástica.
A Maçonaria, e não poderia ser diferente, preocupa-se com que os seus adeptos tenham um entendimento completo e
definitivo sobre o significado da virtude de modo a que seja ela valorizada e aperfeiçoada e que haja um limite bem definido de
compreensão entre ela e a deformidade moral e psíquica acarretada pelo vício. Logo nos primeiros momentos de contato do
futuro Maçom com a Ordem, o Ven:. M:. inquire o ainda recipiendário acerca de o que vem ele a entender sobre o significado da
virtude e do vício. Ouvidas as respostas, que o desconforto psicológico da ocasião freqüentemente torna confusas, o Ven:. M:. as
define para os aspirantes de maneira clara e concisa de modo a não deixar dúvidas quanto ao foco principal a que se destina a
Ordem: aprimoramento dos princípios da moral e dos bons costumes, bem como combate incessante a “tudo o que avilta o
homem” e “o arrasta para o mal.”
Pronto! Definido! Por enquanto é o suficiente para o instante desordenado e angustiante que está sendo vivido, em que a
cegueira momentânea e o receio do desconhecido causam dificuldades e qualquer possibilidade de compreensão e raciocínio nítidos.
Virtus, -tutis (latim), substantivo feminino significando força (própria do vir), vigor. Para se entender melhor: Vir, viri (latim),
substantivo masculino, com o sentido de homem, indicando qualidades másculas e em oposição a mulier, -eris (latim),
substantivo feminino, mulher, símbolo da fraqueza (física) e da timidez.
Esse substantivo masculino Virtus, -tutis, inerentes às qualidades físicas do homem (vir) chegou até nossos dias
expressando características morais, as virtudes, que atendem, evidentemente, tanto ao homem quanto à mulher.
A repetição freqüente de um ato que encerra boa prática moral, constante vigilância no comportamento, magnanimidade no
julgar, excelência no domínio das paixões e discernimento no raciocínio conduz ao aprimoramento e engloba o que
habitualmente denominamos de virtude.
Desde a Antiguidade, estendendo-se até os tempos mais próximos, os filósofos sempre se preocuparam em conceituá-la.
Sócrates, Platão, Aristóteles, Kant e outros vários o fizeram. Os estóicos também. Toda a doutrina dessa época tinha como objetivo
principal a felicidade do homem com a prática da virtude, sem permitir qualquer fragilidade ante os sentimentos e as paixões.
Para Sócrates, essa prática da virtude implica no conhecimento do bem através da razão. Segundo ele, o que há de
comum entre todas as virtudes é a sabedoria, é o poder da alma sobre o corpo, é o domínio de si mesmo. Só assim a alma pode
realizar as atividades que lhe são inerentes, isto é, a prática da ciência do bem. Como os homens buscam a felicidade, ela só é
possível com o exercício do bem, Sendo o vício conseqüência da ignorância, o mal não pode ser feito de modo espontâneo.
A Escola Estóica (cuja filosofia era ensinada sob os pórticos, “stoá”, de Atenas) perdurou desde o século IV a. C. até o
século III d. C. e nela se destacaram, entre outros, Sêneca e Marco Aurélio, o imperador filósofo (121 – 180).
Os antigos dividiram as virtudes em 2 grandes grupos: Virtudes Naturais ou Cardeais e Virtudes Teologais.
As Virtudes Naturais ou Cardeais englobavam toda a Moral. Inicialmente foram classificadas em Temperança, Justiça,
Sabedoria e Coragem. Posteriormente foram reordenadas em Temperança, Justiça, Prudência e Fortaleza.
Já as Virtudes Teologais, assim denominadas por terem sido ensinadas na teologia de São Paulo, foram assim
selecionadas: Fé, Esperança e Caridade. Estas sim, bastante evidentes em sua exposição no Painel Alegórico do Grau de
Aprendiz, onde se vê sobre a Escada de Jacó, símbolo religioso e iniciático, e que presume ser o caminho do Maçom em busca
de seu aperfeiçoamento moral, a Cruz, representação da Fé, a Âncora a da Esperança e o Cálice (ou Graal) simbolizando a
Caridade, o amor ao próximo.
19
Forma, portanto, o conjunto um total de sete virtudes.
Essas palavras, que resumem toda uma diretriz, não são estranhas ao Maçom, freqüentador assíduo aos trabalhos e
preocupado com os ensinamentos da Ordem. Ele as ouve com bastante freqüência, tanto nas diversas instruções constantes dos
rituais, quanto nos trabalhos apresentados em Loja. É justíssimo, portanto, que elas estejam representadas no Templo, que
sejam presentes e visíveis, que lembrem constantemente toda uma filosofia que não pretendemos ser exclusividade das
ensinanças maçônicas, mas que são heranças que vêm permeando ensinamentos e doutrinas de várias escolas e religiões
através dos séculos, desde que o homem intuiu a presença do sobrenatural e superior, sentindo, então, a necessidade de se
aproximar do que julgara ser mais perfeito. É através da prática das virtudes que ele consegue se aninhar no seio do grande
espírito universal.
As quatro borlas colocadas em cada canto do quadrilongo que dá formato ao Templo Maçônico lembram, portanto, com
discrição e persistência as quatro Virtudes Cardeais.
A primeira delas, a Temperança, não por destaque de importância, mas para ordenação de um início, lembra a
sobriedade, a moderação, a parcimônia nos atos, a disciplina e a contenção nos exageros, o equilíbrio e o discernimento na
vigilância dos apetites e prazeres que, em excesso, fazem sucumbir o homem e o degradam moral e espiritualmente.
Outra, a Justiça, constante e exaustivamente lembrada nos símbolos maçônicos, desde os ensinamentos do 1º grau,
mostra a importância com que a Maçonaria se empenha em dotar seus adeptos de um senso profundo da qualidade do justo a
que todos têm direito, independentemente de condição social, de raça, de religião etc, demonstrando sobejamente não ser
possível a convivência, em qualquer âmbito, sem Justiça.
Alguns autores defendem que, pela importância que têm, as duas borlas representativas dessas duas primeiras virtudes, a
Temperança e a Justiça, devem ficar no Oriente, nos ângulos do quadrilongo que ladeiam o trono do Ven:. M:., pois são
fundamentais no êxito da condução dos trabalhos à frente dos destinos da Loja.
A Prudência, do latim Prudencia, -ae, é a previdência, a previsão; é o bom senso que conduz ao saber e à competência; é
o discernimento das coisas boas ou más. A figura misteriosa do deus romano Jano, filho de Apolo e Creuza, dotado de face
bifrontal, dirigidas uma para trás e outra para frente, isto é, para o passado e para o futuro, exorta a não se deixar de aproveitar
as experiências já vividas em proveito dos procedimentos que estão por acontecer. Não é por acaso e em vão que a Maçonaria
mostra aos seus afiliados, desde os primeiros passos, o cultivo dessa virtude cujos benefícios, e por ser virtude, os ajudarão a
errar menos.
Finalmente a última, mas não menos importante, a Fortaleza, nos induz a resistir e lutar contra as vicissitudes e as
alternâncias dos acontecimentos bons e maus. Mostra o valor da persistência em conseguir o que é nobre e justo.
Encerrando este artigo, vale a pena reproduzir alguns trechos, salteados, do poema “SE...” , do contista e poeta britânico,
nascido em Bombaim, na Índia, Rudyard Kipling, que, como Maçom que fora, conhecia muito bem o valor dessas virtudes e,
especialmente desta última, a Fortaleza:

“Se és capaz de manter a tua calma quando


Todo mundo em redor já a perdeu e te culpa,
De crer em ti quando estão todos duvidando
E para esses, no entanto, achar uma desculpa;
...................................
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma esses dois impostores;
...................................
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . . . . . .
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes;
E, entre Reis, não perder a naturalidade etc,etc,etc.
(Tradução de Guilherme de Almeida)

BIBLIOGRAFIA

1) ASLAN, Nicola; “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia”; Ed. Maçônica “A Trolha” Ltda.; Londrina/PR; agosto de
1996.
2) MACKEY, Albert G.; “An Encyclopaedia of Freemasonry and its Kindred Sciences”; The Masonic History Company; Chicago, New York,
London; 1925.
3) Enciclopédia Mirador Internacional; Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda – São Paulo – Rio de Janeiro. Brasil, 1976.
4) VAROLI FILHO, Theobaldo; “Curso de Maçonaria Simbólica”; Ed. A Gazeta Maçônica SA; São Paulo, SP – Brasil.
5) Dicionário Latino-Português, organizado por Ernesto Faria; 3ª Edição; 1962; MEC.
6) MONDIN, Battista; “Introdução à Filosofia”; Tradução de J. Renard; Ed. Paulinas; 6ª Edição; S. Paulo; 1987.

(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO Nº 08


20
BEM-VINDO À MAÇONARIA
6ª PARTE

AS COLUNAS DO TEMPLO MAÇÔNICO

Cada membro de uma Loja é Coluna de seu Templo, como é


por si mesmo uma Coluna espiritual.

A sexta instrução menciona que na entrada dos


Templos Maçônicos encontramos, as duas Colunas “B” e
“J”, e as doze lindas CCol.’. seis de cada lado que
representam os doze signos do Zodíaco, isto é, as doze
constelações que o Sol percorre no espaço de um ano
solar. O lugar exato dessas Colunas, por sua vez, não
vem estabelecido; alguns Templos apresentam as
Colunas “inseridas” na parede, aparecendo, apenas, a
metade das mesmas; outros apresentam as Colunas
destacadas da parede para formar um corredor para a
circulação dentro do Templo.
PILAR – Este vocábulo é aplicado muitas vezes
como sinônimo de coluna e de pilastra. Pilastra é um pilar
de quatro faces uma das quais, geralmente, adere à
edificação. Pilar é uma coluna que sustenta uma
edificação. Coluna pode servir de apoio e de
ornamentação a uma construção, mas, no caso dos obeliscos e das Colunas B e J, que são soltas, não se pode dizer que
sirvam de apoio a alguma coisa.
Próximas à porta de entrada de todas as Lojas simbólicas, designam, principalmente, o lugar que deve ser
ocupado na loja, respectivamente, pelos Aprendizes e Companheiros. No R.E.A.A., a coluna B.’. está à esquerda de quem
entra e a coluna J.’. à direita. Os assentos colocados de cada lado da Loja, e em que tomam parte os Irmãos, chamam-se
por isto: Coluna do Norte e Coluna do Sul. No Rito Moderno, a posição das colunas é invertida.
Simbolicamente, as Colunas que se encontram à entrada do Templo maçônico são ocas. São destinadas a
guardar em seu interior as ferramentas de trabalho, quando este termina, simbolizando que as mesmas não podem ser
usadas, senão por Maçons; e que devem permanecer ocultas, até que se iniciem de novo os trabalhos. As duas Colunas
simbolizam a ciência e as virtudes; o amor e o progresso; as flores dos campos e o sistema solar. Simbolizam também o
Poder e a Justiça.
Em Maçonaria, as Colunas das três ordens arquitetônicas Jônica, Dórica e Coríntia, sobre as quais os Maçons
operativos faziam repousar as suas construções, são consideradas, simbolicamente, como sustentáculos da loja, pois,
representam o Venerável e os dois Vigilantes, sobre os quais repousa o progresso de uma Loja, e que, por sua vez,
representam a Salomão, Rei de Israel; Hiram, Rei de Tiro; e Hiram Abi, o arquiteto do Templo. Por isso, estas Colunas
devem ser denominadas Pilares.
Não há, portanto, uma razão plausível para a existência dessas Colunas, a não ser como mero adorno. Diz
também que a Loja tem outros apoios que são três fortes pilares, Sabedoria, Força e Beleza que denominamos colunetas.
Querem alguns autores que essas Colunas representem as doze ordens acima referidas, para representar os doze
meses do ano; a divisão das estações e, por fim, os “fundamentos” do ensino maçônico, sob o ponto de vista astronômico.
Preferimos dizer que essas Colunas são meramente simbólicas e que representam o sustentáculo do Templo
como adorno, podendo o seu conjunto representar todo o Quadro da Loja.
Dentro do Templo temos, ainda, outras Colunas que não obedecem a nenhuma ordem arquitetônica, mas que
expressam uma presença real: as Colunas do Sul e do Norte, formadas pelos Aprendizes e pelos Companheiros; a
Coluna da Harmonia, representada pela música que se executa; e a Coluna da Eloqüência, que é a palavra do Orador, ou
Guarda da Lei.
Finalmente, temos a constante presença das três Colunas mentais: Sabedoria, Força e Beleza.
A SABEDORIA – Orienta-nos no caminho da vida. Representa também SALOMÂO. É representada, em Loja, pelo
Ven.’. Mestre.
A FORÇA – Anima e sustenta-nos em todas as dificuldades. Representa também HIRAM, rei de Tiro. É
representada pelo 1º VIG.’..
A BELEZA – Adorna todas as nossas ações, nosso HIRAM ABIB. É representada pelo 2º VIG.’..
21
Essas colunas são interdependentes e complementares, isto é, adquirem significado e expressão uma em função
das outras, pouco representando isoladamente.
Portanto, há dentro dos Templos, de qualquer forma, a presença de Colunas que não são consideradas de
mármore ou bronze, mas que vibram, são quentes e espirituais.
Não se deve confundir de acordo com o Rito Escocês, os três “Pilares” com as duas “Colunas” situadas à entrada
do Templo. Dizemos “Pilares” a fim de que não se faça confusão com as “Colunas”.
O nome dos três Pilares, sustentáculos misteriosos de nossos Templos, são Sabedoria (para inventar), Força
(para dirigir) e Beleza (para adornar).
Cada um dos três Pilares corresponde a um dos principais Oficiais da Loja: a Sabedoria, ao Venerável; a Força, ao
Primeiro Vigilante; a Beleza ou Graça, ao Segundo Vigilante.
Existe uma evidente confusão entre Pilares e Colunas. Cada um dos três Pilares também poderia representar uma
das três principais ordens de arquitetura grega: a dórica, a jônica e a coríntia. A coluna dórica corresponde à Força; a
coluna jônica à Sabedoria; a coluna coríntia à Graça.
Sucintamente podemos descrever as características das colunas dessas ordens arquitetônicas:
- A coluna dórica é curta e maciça; ela evoca a idéia de força e de grandeza; sua altura é igual a oito vezes o
diâmetro de sua base; seu contorno é cavado de vinte caneluras formando arestas vivas; seu capitel, pouco elevado,
mostra uma secção retangular. Seu nome, de acordo com Vitrúvio, viria de Dorus, filho de Heleno, rei da Acaia e do
Peloponeso.
- A coluna jônica é mais esbelta e graciosa: sua altura é igual a nove vezes o diâmetro de sua base; ela tem vinte
e quatro caneluras separadas por um filete e não por uma aresta viva; seu capitel é caracterizado por um duplo
enrolamento em espiral, chamado voluta.
- A coluna coríntia é a mais bonita; sua altura é igual a dez vezes o diâmetro de sua base; seu fuste é liso e
canelado; seu capitel é uma corbelha de folhas de acanto. De acordo com Vitrúvio, seria devida ao escultor Calímaco, de
Corinto.
Costuma-se considerar a coluna dórica como o símbolo do Homem, enquanto a coluna jônica simboliza a Mulher.
Às três ordens de arquitetura acima definidas, acrescentam-se às vezes a ordem compósita, ou romana, e a ordem
toscana. Essas ordens são “modernas” e participam das outras três; não devem ser levadas em conta no simbolismo
maçônico.
Os Pilares figuram em miniatura sobre as plataformas dos Oficiais, para representar o efetivo exercício da
autoridade. Quando se abre a Loja, o primeiro Vigilante levanta seu Pilar, o segundo Vigilante abaixa o seu e vice-
versa. Isso indica a preeminência de um princípio sobre o outro no transcorrer dos trabalhos, ou seja, abate-se a
coluna do segundo Vigilante, porque nos trabalhos, este nada faz senão receber as ordens do Primeiro Vigilante.
Porém quando se suspendem os trabalhos para um descanso, a fim de continuá-los depois, o Primeiro Vigilante
abate a sua coluna para significar que a Vigilância e o governo dos obreiros, durante a recreação , corresponde ao
Segundo Vigilante.
Os três Pilares devem ser colocados exatamente em seus lugares e, se possível, no estilo apropriado. Não se
confunda o simbolismo dos três Pilares com o das duas Colunas.

Valdemar Sansão
E-mail: vsansao@uol.com.br
Fone: (011) 3857-3402

A Coluna quebrada simboliza o Irmão que morreu.


O homem pode tornar-se Coluna Quebrada, sem morrer, quando ele abandona a
trajetória iniciática e comporta-se como um insensato, quando dá as costas ao que
anteriormente jurava serem os seus básicos princípios.
Busque o maçom conhecer o significado das Colunas para cientificar-se de que
ele é o sustentáculo de alguma coisa.
Nem que seja o sustentáculo de seu próprio Irmão!

22
A DOUTRINA DA MAÇONARIA

1 - DEFINIÇÃO DE DOUTRINA
Doutrinar significa ensinar, indicar, apontar alguma coisa, instruir educar.
No sentido etimológico, doutrina é o ensino, é a educação, é a cultura ou sistema de conduta.
Segundo Aurélio Buarque de Holanda, "Doutrina é o conjunto de princípios que servem de base a um sistema
Religioso, Político, Filosófico, Científico etc".
Na Filosofia, tomou o sentido do conjunto de Dogmas ou dos princípios nos quais se baseia uma crença religiosa ou
um sistema filosófico, ou política etc.
Ressaltamos que, "Dogma" significa em Filosofia "opinião explicitamente formulada como verdadeira", isto é, ponto
fundamental e indiscutível numa doutrina. Revelando-se aqui, característica "autoritária". Como a Maçonaria não professa
nem impõe Dogmas Maçônicos, visto que ela não se proclama depositária de nenhuma Revelação, pois que, ela só tem
Princípios, " Não condena o pensamento dogmático em si, deixando a cada Maçom o direito de ser dogmatista. Entretanto,
devemos como Maçons todo o cuidado com o "ser dogmatista", que significa: partidário do dogmatismo; pessoa de idéias
autoritárias; intolerante.
Finalmente, Doutrina é o conjunto de teses e noções que constituem um sistema Religioso, Filosófico, Político, ou de
qualquer ramo do conhecimento humano, que se pretende divulgar; é aquilo que é objeto de ensino, de instrução.
2 - CONTEÚDO DA DOUTRINA MAÇÔNICA
A Maçonaria é depositária de Doutrinas Morais, Religiosas e Filosóficas, originárias de uma tradição multissecular,
contidas nos antigos documentos dos Maçons Operativos medievais e nas constituições de Anderson. Como estes
documentos destinavam-se a incultos operários medievais, as doutrinas por sua vez, são muito simples.
2.1 - AS DOUTRINAS MORAIS
Têm como base a Fraternidade, os ensinamentos de bondade e os deveres do Maçom para com o seu próximo. Seus
ensinamentos são transmitidos através de símbolos, cujas interpretações sempre estarão ao nível intelectual e moral do
iniciado.
" O escopo moral da Maçonaria baseado sobre seu caráter social, é de fazer homens melhores de que quaisquer outros;
de cultivar o amor fraternal, e inculcar a prática de todas aquelas virtudes que são essenciais para a perpetuação de uma
fraternidade" (Mackey).

2.2 - AS DOUTRINAS RELIGIOSAS


Limitam-se na Maçonaria, na crença de Deus e na imortalidade da alma.
2.3 - AS DOUTRINAS FILOSÓFICAS
Sendo bastante modestas, elas têm apenas o propósito de fazer Maçons zelosos, que, segundo Mackey, "Aquele
que nada conhece a respeito da Filosofia da Maçonaria sempre estará apto a torna-se indiferente e desinteressado, mas
aquele que lhe dedicar maior atenção encontrará crescente entusiasmo no estudo".
As Doutrinas Filosóficas acham-se desenvolvidas no Simbolismo.

N.R.: Extraído do site: Aprendiz – Maçom (aprendizmacom@yahoo.com.br )

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BOYLE, O QUÍMICO CÉTICO
Ir.: Valfredo Melo e Souza (*)

Robert Boyle (1627-1691), físico-químico, teólogo, pensador político, descrente de verdades feitas, publicou em 1661 um
livro chamado “O Químico Cético” (ou “Dúvidas e Paradoxos Físico-Químicos), o tratado mais conhecido do século XVII, e o livro
mais importante de sua extensa obra. Aí ele realiza uma análise das duas teorias mais conhecidas de seu tempo: a de
Aristóteles (384-322 a.C.) e a de Paracelso (1493-1541). Belos estudos aplicados à Alta Maçonaria. Trata-se de um diálogo entre
um aristotélico, que acredita ser toda matéria composta de quatro elementos (terra, água, ar e fogo) e um alquimista (espargírico)
que apóia os três princípios de Paracelso (enxofre, mercúrio e sal), num completo abandono aos silogismos e sutilezas dialéticas.
Menos para exibir inteligência; mais para aumentar conhecimento e dirimir dúvidas dos buscadores da verdade. As dúvidas
sobre a constituição da matéria. O culto medieval da alquimia era vinculado ao misticismo e ao ocultismo e dominava as
inteligências mais sofisticadas da época. A possibilidade de transmutar metais não preciosos em ouro e prata e panacéias
diversas. Pesada herança que ainda hoje influencia as chamadas “sociedades secretas”. Por final, venceu a ciência.
Boyle demonstra a flexibilidade da teoria alquímica procedendo várias análises com diversas substâncias disponíveis e
conclui: compostos (ou misturas) são as substâncias que podem ser separadas. Elementos são as que permanecem inalteráveis
(não podem ser decompostas). Aquelas qualidades ocultas das substâncias passaram a ser um “santuário de ignorância” para os
cientistas.
Um ano antes de sua morte (1690) eis o que aparece num escrito de Boyle, sobre a natureza do mundo:
“Em primeiro lugar, um engenho assim imenso, assim tão belo e assim bem arquitetado, em uma palavra, assim admirável
como o mundo, não pode ser efeito do simples acaso ou das tumultuosas colisões dos átomos ou de seu encontro fortuito, mas
deve ter sido produto de uma causa extremamente poderosa, sábia e providente. Em segundo lugar, este potentíssimo autor e –
se assim posso dizer – artífice do mundo não abandonaria uma obra-prima assim tão digna de si, mas a sustenta e a conserva
ainda, regulando os movimentos estupendamente velozes das grandes esferas e das vastas massas de matéria terrestre, em
modo tal que este mundo, por causa de qualquer notável irregularidade, não turbe o grande sistema do universo e não reduza a
uma espécie de caos ou a um estado de coisas confusas e corruptas. Em terceiro lugar, como não está além da habilidade do
divino autor das coisas, ainda que seja um ser singular, conservar e reger todas as suas obras visíveis, porquanto sejam grandes
e numerosas, assim não é inferior à sua dignidade e à sua grandeza estender o seu cuidado e seu benefício a corpos
particulares e até mesmo às criaturas mais vis, provendo não só pela sua nutrição mas até mesmo pela propagação das aranhas
e das formigas. De fato, pois que a verdade dessa assertiva, isto é, que Deus governa o mundo que fez, surge – se não surgisse
de outras provas – da constância da regularidade e dos movimentos surpreendentemente rápidos dos grandes corpos celestes e
da longa série de artifícios tanto admiráveis quanto necessários que são empregados para a propagação das várias espécies de
animais, sejam mamíferos, sejam ovíparos, não vejo por que a Providência Divina não possa atingir as simples obras daqui de
baixo, especialmente a mais nobre entre elas: o homem.”
Neste contexto e desde o nascimento de Boyle (1627), Copérnico já publicara sua teoria sobre o heliocentrismo, Brahe
documentara os movimentos dos planetas, Kepler mostrara que os planetas giravam em órbitas elípticas ao redor do sol,
Magalhães circunavegara a terra, já havia sido publicada a “metodologia científica” de Baco. Em todos os lugares rapidamente
expandia-se o campo das ciências atingindo todos os ramos do pensamento, revolucionando os movimentos contra o
dogmatismo científico, ignorando fronteiras nacionais. Os Maçons tiveram participação em diversas oportunidades.

(*) Pertencente à Academia Maçônica do DF.

Consultoria Jurídica
Causas cíveis, trabalhistas e vara de família
Vilar dos Teles “Capital do Jeans”

Direção: Ir.: ROSELMO


Gilberto de Souza Jotta
Av. Automóvel Clube, 2560 Advogado
Vilar dos Teles – Rio de Janeiro (RJ)
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HERMES TRISMEGISTRO (O MITO E A REALIDADE)

Ir.: Antônio Rocha Fadista

Filho de Zeus e de Maia, a mais jovem das Plêiades da mitologia grega, Hermes nasceu num dia quatro (número que
lhe era consagrado), numa caverna do monte Cilene, ao sul da Arcádia.
Divindade complexa, com múltiplos atributos e funções, Hermes foi no início um deus agrário, protetor dos pastores e
dos rebanhos. Um escrito de Pausânias deixa bem claro esta atribuição do filho de Maia: “Não existe outro deus que
demonstre tanta solicitude para com os rebanhos e para com o seu crescimento”.
Mais tarde, os escritores e os poetas ampliaram o mito, como por exemplo, Homero, nos seus poemas épicos Ilíada e
Odisséia. Na Odisséia, por exemplo, o deus intervém como mago e como condutor de almas (nas Rapsódias X e XXIV).
Protetor dos viajantes, Hermes é também o deus das estradas. Nas encruzilhadas, para servir de orientação, os
transeuntes amontoavam pedras e colocavam no topo do monte a imagem da cabeça do deus. A pedra lançada sobre um
monte de outras pedras, simbolizava a união do crente com o deus ao qual elas estavam consagradas. Considerava-se
que nas pedras do monte estavam a força e a presença do divino.
Para os gregos, Hermes regia as estradas porque andava com incrível velocidade, por usar as sandálias
providas de asas. Deste modo, tornou-se o mensageiro dos deuses, principalmente de seu pai, Zeus. Conhecedor
dos caminhos, não se perdendo nas trevas e podendo circular livremente nos três níveis (Hades ou infernos, Terra
ou telúrico e Paraíso ou Olimpo), Hermes tornou-se um deus condutor de almas.
A astúcia, a inventividade, o poder de tornar-se invisível e de viajar por toda a parte, aliados ao caduceu com o qual
conduzia as almas na luz e nas trevas, são os atributos que exaltam a sabedoria de Hermes, principalmente no domínio
das ciências ocultas, que se tornarão, na época helenística, as principais qualidades do deus.
A partir deste ponto, Hermes se converteu no patrono das ciências ocultas e esotéricas. É ele quem sabe e quem
transmite toda a ciência secreta. O feiticeiro Lúcio Apuléio declara em seu livro de bruxaria (De Magia) que invocava
Mercúrio – o Hermes dos romanos – como sendo aquele que possuía os segredos da magia e do ocultismo.
Hermes Trismegistos é o nome grego dado ao deus egípcio Thoth, considerado o inventor da escrita e de todas as
ciências a ela ligadas, inclusive a medicina, a astronomia e a magia.
Segundo o historiador Heródoto, já no séc. V a.C. Thoth era identificado e assimilado a Hermes Trismegisto, i.e., ao
Três Vezes Poderoso Hermes.
A pedra de Roseta, gravada no ano 196 a.C também identifica Hermes como Thoth. A tradução dos hieróglifos das
câmaras mortuárias do Vale dos Reis permitiu dividir os escritos atribuídos a Hermes-Thoth em dois tipos principais: o
Hermetismo “popular” que trata da astrologia e das ciências ocultas, e o Hermetismo para os “cultos”, que trata de Teologia
e de Filosofia.
Do renascimento até ao final do século XIX pouca atenção foi dispensada aos Escritos Herméticos populares.
Estudos recentes mostraram, no entanto, que a literatura popular hermética é anterior ao Hermetismo do dito culto, e
reflete as idéias e convicções dominantes no império romano.
Os Escritos Herméticos sobre Teologia e Esoterismo constam de dezessete tratados, que compõem o Corpus
Hermeticum. Este conjunto de Escritos reúne as compilações feitas por Stobaeus e por Apuleius. A compilação de Apuleius
for traduzida para o Latim por Asclepius.
Estes escritos são datados dos três primeiros séculos da era cristã e foram escritos em língua grega, embora os
conceitos neles contidos sejam de origem egípcia.
O Corpus Hermeticum reúne a Hermética e a Tábua de Esmeralda. Estas duas obras são trabalhos estritamente
herméticos sobre os quais se fundam a ciência e a filosofia alquímicas. A Hermética consta de uma série de livros, dos
quais o mais importante é Livro I, Pimandro, que é um diálogo de Hermes consigo mesmo.
O Hermetismo foi durante séculos estudado pelos árabes e por seu intermédio chegou ao Ocidente, onde influenciou
homens como Albertus Magnus. Em toda a literatura Medieval e do Renascimento são freqüentes as referências a Hermes
Trismegistos e aos Escritos Herméticos, estudados e aprofundados, principalmente, pelos Alquimistas e pelos Rosacruzes.
Para os Rozacruzes, Hermes Trismegistos foi um sábio. O Dr. H. Spencer Lewis, escritor e Grande Mestre da Ordem
Rosacruz, se referia a Hermes como uma pessoa real.
No mundo greco-latino, sobretudo em Roma, com os gnósticos e neoplatônicos, Hermes Trismegisto se converteu
num deus cujo poder varou os séculos. Na realidade, Hermes Trismegisto resultou de um sincretismo com o Mercúrio
latino e com o deus egípcio Thoth, o escrivão no julgamento dos mortos no Paraíso de Osíris, e patrono de todas as
ciências na Grécia Antiga.
Em Roma, a partir dos primeiros séculos da era cristã, surgiram muitos tratados e documentos de caráter religioso e
esotérico que se diziam inspirar-se na religião egípcia, no neoplatonismo e no neopitagorismo. Esse vasto conjunto de
escritos que se acham reunidos sob o nome de Corpus Hermeticum, coleção relativa a Hermes Trismegisto, fusão de
filosofia, religião, alquimia, magia e astrologia, tem muito pouco de egípcio.
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Desse Corpus Hermeticum muito se aproveitou a Gnose (conhecimento esotérico da divindade, transmitido através
dos ritos de iniciação).
Os gnósticos, com seu sincretismo religioso greco-egípcio-judaico-cristão surgido também nos primeiros séculos da
nossa era, procuraram conciliar todas as tendências religiosas e explicar-lhes os seus fundamentos através da Gnose.
As sandálias, e as de Hermes eram dotadas de asas, separam a terra do corpo pesado e vivente, e daí vem a
importância simbólica das sandálias depostas, rito maçônico que evoca a atitude de Moisés no monte Sinai, pisando
descalço a terra santa. Descalçar a sandália e entregá-la ao parceiro era, entre os judeus, a garantia de cumprimento de
um contrato.
Para os antigos taoístas, as sandálias eram o substituto do corpo dos imortais, e seu meio de deslocamento no
espaço. Em Hermes e Perseu, as sandálias aladas são o símbolo da elevação mística.
O caduceu significa em grego bastão de arauto. Símbolo dos mais antigos, sua imagem já se acha gravada, desde o
ano 2.600 a.C., na taça do rei Gudea de Lagash. São várias as formas e múltiplas as interpretações do caduceu.
Insígnia principal de Hermes, é um bastão em torno do qual se enrolam, em sentidos inversos, duas serpentes.
Enrolando-se em torno do caduceu, elas simbolizam o equilíbrio das tendências contrárias em torno do eixo do mundo, o
que leva a interpretar o bastão do deus de Cilene como um símbolo de paz.
Também se pode interpretar o caduceu como sendo o símbolo do falo ereto, com duas serpentes acopladas. Esta
interpretação do caduceu é uma das mais antigas representações indo-européias, sendo encontrado na Índia antiga e
moderna, associado a numerosos ritos, bem como na Grécia, onde se tornou a insígnia de Hermes.
Espiritualizado, esse falo de Hermes penetra no mundo desconhecido em busca de uma mensagem espiritual de
libertação e de cura. Hoje em dia o caduceu é o símbolo universal da ciência médica.
O esoterismo maçônico, com a sua tradução em rituais, símbolos e ensinamentos, é criação de grandes
pesquisadores, colecionadores de livros e de manuscritos raros, e grandes estudiosos das culturas da antiguidade.
Elias Ashmole, Desaguilliers e Francis Bacon formam alguns destes homens, Rosacruzes e grandes conhecedores
do hermetismo e da transmutação alquímica dos metais, através da Pedra Filosofal.
Eles introduziram na Maçonaria os mesmos conceitos filosóficos, utilizando agora os instrumentos da arte de
construir, como símbolos da regeneração e do aperfeiçoamento moral e espiritual do Homem.
Hermes Trismegisto foi, na Mitologia Grega, o deus que reuniu os atributos que todos os grandes pensadores e
iniciados desejaram transmitir às futuras gerações. Ele foi um deus tão importante que, em Listra, a multidão, ao ver o
milagre realizado pelo apóstolo Paulo, tomou-o por Hermes e gritou entusiasmada, pensando estar diante de um deus sob
forma humana.

Obras consultadas:
Hermes Trismegisto - Ensinamentos Herméticos AMORC Grande Loja do Brasil;Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e
Simbologia – Nicola Aslan; La Franc-Maçonnerie Rendue Intelligible à Ses Adeptes – Oswald Wirth; Encyclopaedia Britannica – Volume XI; O Vale dos
Reis – O Mistério das Tumbas Reais do Antigo Egito – John Romer; A Doutrina Secreta – Volume V – H.P.Blavatsky; Odisséia - Homero.

Alfredo P. Cunha
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EGOÍSMO E ORGULHO

Não posso ouvir o que dizes porque aquilo que és


troveja muito alto”.

O orgulho é sentimento de dignidade pessoal; brio,


altivez no bom sentido. Mas o orgulho a que me refiro é o
conceito elevado de si próprio; soberba, vaidade, egoísmo,
máculas que podem levar o ser humano à penosas
desventuras. As ilusões desfeitas obrigam a pessoa
soberba e egoísta a palmilhar caminhos difíceis.
O egoísmo, sendo o amor excessivo ao bem
próprio, não considera os interesses alheios.
Há pessoas que se julgam superiores às outras sob
variados aspectos. Ensoberbados de si mesmas se
esquecem das carências alheias. Os princípios universais
e maçônicos de fraternidade, de solidariedade e outros
não são presentes no íntimo de suas almas insensíveis. É
a consideração da prevalência do egoísmo sobre o altruísmo.
A intensidade ou o tamanho do egoísmo e do orgulho não são fáceis de serem avaliados, não há medida para medi-
los. Contudo, são tão manifestos em certos casos que se tornam mais acentuados do que todas as demais expressões.
Deparamos com pessoas que não se relacionam com outras porque julgam que estas não estejam à altura de
entender os conhecimentos que lograram adquirir. Pensam que podem ser compreendidas apenas por quem usufrui de
igual nível intelectual, por isso se isolam, ficam confinadas em seus castelos de ilusões. Tornam-se incapazes de descer de
sua cultura arrogante. Tomadas pelo egoísmo, são incapazes de amar a outro, de ver o outro, de saber que ele existe.
Para o egoísta, o mundo foi feito só para ele. Eles não são maus; apenas não conseguem ouvir, não conseguem aprender
a ser generosos, não conseguem dar, dividir nada, nem seus conhecimentos, seus bens materiais e muito menos amor.
Ignoram totalmente que o iletrado e o sábio, as pessoas que habitam moradas humildes e os palácios são todas irmãs e
devem desfrutar, mutuamente, do respeito, da atenção, da complacência, do afeto e estima, uma das outras. Desses
devemos nos afastar porque só nos trazem desânimo e desalento. Não revelam e nem cultivam humildade. Esquecem que
em Maçonaria a participação de todos é indispensável; mesmo não tendo grandes conhecimentos, podemos estudar e
progredir. Admiramos, e com razão, os grandes letrados, porém, podemos sempre dar algo de nós em favor da literatura
maçônica. Na tolerância e serenidade podemos aprender, ampliar nossos conhecimentos, apesar das críticas de homens
conhecidos publicamente que destroem os que começam a desenvolver seus primeiros passos. Isto sim não é maçônico.
Eles, intolerantes, intransigentes, apesar de seus conhecimentos culturais, estão longe de compreender o que é Maçonaria
e quais são os seus objetivos que estão estampados no amor, na humildade, no perdão...
Muito mais grave, porém, é quando deparamos com os que rejeitam com evasivas o que juraram aos Irmãos: o amor
fraternal, que segundo o Ir.’. Antônio do Carmo Ferreira, Presidente da ABIM é o amor que irmana, o amor que aproxima,
o amor que une. Ele ainda nos adverte sobre a necessidade de como “Construtores Sociais” derrubarmos os muros que
possam se interpor entre nós, construindo pontes que nos aproximem para que trabalhemos unidos partilhando e
perdoando, para a grandeza da Maçonaria e a Glória do Grande Arquiteto do Universo que nos fez todos iguais, Irmãos
que se devem ajudar mutuamente.
A verdadeira sabedoria consiste em absorvermos integralmente os ensinamentos de nossa Sublime Instituição,
praticando seus postulados, ajudando os fracos, os pequenos e oprimidos; combatendo todos os vícios, assim como os
privilégios e monopólios, amando o próximo como a si mesmo. Enquanto não observarmos isso apesar de nossa pretensa
intelectualidade, não seremos nada mais do que cativos da ignorância. Os sinais que melhor demonstram a nobreza da
criatura humana são as manifestações da sua humildade e não suas faculdades intelectuais, seu predomínio, num sistema
ou num tipo de cultura.
Em quase todas as atividades da pessoa orgulhosa constata-se a presença de desejos inferiores, a busca de
evidência, de ostentação. É a ânsia de sobrepujar os semelhantes. A verdadeira liderança provém do trabalho digno e
edificante, do esforço e da luta pelo bem comum, da vontade de progredir em sabedoria para melhor servir seus
semelhantes pelo amor ao Grande Arquiteto do Universo.
Os bens mais cobiçados do mundo estão, muitas vezes, envoltos sob camadas subterrâneas. Quase sempre os que
afluem à superfície são de pouco valor. Assim também ocorre com as pessoas. As que revelam valores morais elevados
não buscam a evidência e o aplauso, pois estão envolvidas pela benção da simplicidade. Um dos postulados e principais
objetivos da Maçonaria é o permanente combate a todos os vícios e más tendências.

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Mas, o posicionamento pretensioso parece ser o das pessoas que se intitulam intelectualizadas. Elegem-se guias do
pensamento de seus Irmãos. Muitas vezes ocorre que essas pretensas lideranças acham-se tão afastadas da verdade que
chegam a se embaraçar em seus próprios erros.
Alguns entendem enganosamente que dominam a inteireza de suas doutrinas colocando-se em pedestais. O desdém
para com os semelhantes chega a ser afronta ridícula. Não aprendem a partilhar, perdoar. Será que, verdadeiramente, os
que regulam a conduta pela autoridade de que escreve, não correrão o risco de se perderem?
Acredito que tudo quanto um homem pode realizar, todos podem fazê-lo. O que escrevemos ou fazemos de bom,
deve ser difundido aos olhos de todos, e não penso que este fato possa trair ou diminuir o seu valor.
Alguma coisa está errada no egoísta, no orgulhoso. O que o faria mudar para a vida que valha a pena ser vivida?
Com certeza precisaria rir, chorar, dividir, perdoar e também irmanar e abraçar.
A Maçonaria é a luz que ilumina a evolução. Adverte que o egoísmo e o orgulho constituem as principais chagas
morais que nos impede que aprendamos a servir, amar e alcançar a perfeição.
Sabemos, no entanto, que em oposição ao orgulho temos a humildade, tão importante ao nosso progresso! A
humildade que faz com que o individuo se apague, não procurando demonstrar poder e posição.
Como maçons, nada devemos realizar com a finalidade de causar espanto, conflitos ou envaidecimentos. A
humildade não permite melindres. A humildade nos conduz ao perdão – o verdadeiro perdão – que é a mais lídima
demonstração de amor. Quem perdoa não se preocupa com atitudes de reconhecimento de quem o recebe. O perdão faz
esquecer o mal e volta àquele que age dessa forma para o bem, cooperando com o próximo, jubilando-se com seu sucesso
e, desse modo, capacitando-se a subir mais um degrau na Escada de Jacó.
Não podemos ignorar o exemplo das árvores: “As que mais crescem são as que sempre juntas se protegem,
entrelaçando seus galhos, como se fossem mãos dadas, e desta união vem a resistência quase invencível”.
Lutemos, pois, contra o orgulho, a inveja, o egoísmo e todos os vícios, procurando cultivar a humildade,
comportamento digno daquele que absorveu os postulados proclamados pela nossa Sublime Instituição.

Valdemar Sansão
E-mail: vsansao@uol.com.br
Fone: (011) 3857-3402

O orgulho e o egoísmo perturbam a ação dos indivíduos, constituindo-se


nos geradores das misérias da vida. A partir deles, outros vícios surgem
propiciando o aumento das angústias e misérias humanas.

O PESQUISADOR
MAÇÔNICO

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