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O PESQUISADOR

MAÇÔNICO
n.º 30 – maio/junho 2004
Ano IV

EDITORIAL ÍNDICE

Pág. 2
Ci orrupção! Por que esta palavra teima em não sair de moda,
 O que a imprensa
noticiou
principalmente no Brasil ,que é o que nos interessa diretamente?

E
Pág. 3
Sabemos que a corrupção não é uma característica exclusivamente  Notícia Relevante
brasileira; sabemos, também, que ela sempre existiu em todos os lugares e
Pág. 4
em todas as épocas. E mais ainda: ela sobreviverá, enquanto existir o
 Curiosidades
gênero humano.
A grande diferença está na omissão às suas diversas formas Pág. 5 a 9

(suborno, -ativo ou passivo- contravenção, tráfico de influência etc.), uma  Para pensar
vez que esta (a omissão) estimula a impunidade. Pág. 10
Em corporações, por exemplo, parece ser vergonhoso ser honesto;  Gr. Dic.Enciclopédico de
se você não “está no esquema” é considerado peça a ser descartada, pois Maç. e Simbologia
“atrapalha” etc. Daí advêm a incompetência, a morosidade, o “corpo (Nicola Aslan)
 Biblioteca
mole”... e “se não pagar, não anda”. Se você não “chega junto”, o serviço é
dado a outro etc. É lastimável! Pág. 11
Você trabalhar duro a vida toda, honestamente, amealhar alguns  Polindo a Pedra Bruta
 Pílulas Maçônicas
poucos bens para uma velhice mais justa... “não tá com nada!”
Pode isto? O “barato” é enriquecer em três, quatro ou cinco anos Pág. 12 à 21
no máximo...  Trabalhos Maçônicos
Mas, sabe por que isto ocorre? - porque não há punição adequada; Pág. 22 e 23
há omissão. Ê isto estimula mais ainda a corrupção.
 História pura
É preciso dar um basta nisto!
Pág. 24
Que o Grande Arquiteto do Universo nos auxilie e ampare.
 Viagem ao nosso interior

Carlos Alberto dos Santos/ M...M... Pág. 25 e 26


 Biografia do mês

Pág. 27 e 28
 O nosso planeta
O Pesquisador Maçônico Pág. 29
Fundação: Janeiro/2001 • Depoimento
Editor: Ir.: Carlos Alberto dos Santos/M.: M.:
Revisor: Ir.: Ítalo Barroso Aslan/ M.: M.:
Registrado na ABIM sob o n.º 060-J
Informativo Cultural da SOCIEDADE DE ESTUDOS ANTHERO
BARRADAS, e A... R...L...S... Renascimento n.º 08
Rua Nicola Aslan, 133
Braga – Cabo Frio (RJ) e-mail: opesquisadormaconico@cabofrio.psi.br
1
O QUE A IMPRENSA NOTICIOU

Descoberta na Guatemala mais antiga tumba maia que se conhece

CIDADE DA GUATEMALA - Arqueólogos guatemaltecos descobriram a mais antiga tumba


do império maia já achada, num observatório astronômico construído há 1.800 anos na região de
Takalik Abaj.
A divulgação da descoberta, na revista "National Geographic", foi feita poucos dias depois que
arqueólogos da Universidade de Vanderbilt, nos EUA, anunciaram que recentes achados na
Guatemala sugeriam que os maias tinha alcançado um alto grau de desenvolvimento cultural e
ritualístico quase um milênio antes do que se acreditava. A análise é compartilhada pelos
especialistas da revista, que assinalam que "a riqueza da tumba e a complexidade da arte e das
escrituras do sítio revelam que a civilização maia era muito mais avançada do que se imaginava”.
Outras descobertas feitas no local foram datadas de 200 a 150 anos antes de Cristo..

Fonte: O GLOBO ONLINE, de 10/05/2004.

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DIRETORIA DA COMAB

A COMAB, em Assembléia Geral realizada na 2ª quinzena de fevereiro, elegeu a sua


Diretoria, que tomará posse no dia 10 de junho no Rio de Janeiro, na sede do Grande Oriente
Independente do Rio de Janeiro/GOIRJ (N. E.: acréscimo nosso). Presidente: Ward de Souza
Gusmão (RJ); Vice-Presidente: Antônio do Carmo Ferreira (PE); Secretário: José Carlos Ribeiro de
Almeida (RJ); e Tesoureiro: José Ferreira Leite (MT).

N. R.: A todos maçons do Estado do Rio de Janeiro, e em especial aos Iir.: do GOIRJ, vamos prestigiar aos
nossos Irmãos Ward (Grão-Mestre do GOIRJ e José Carlos (Grão-Mestre Adjunto), que estarão assumindo a
Presidência e a Secretaria, respectivamente.

Fonte: INFORMABIM nº112, de 15/02/2004.

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CLÍNICO E CARDIOLOGISTA

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Noticia Relevante

No dia 9 de junho, no Templo da ARLS RENASCIMENTO Nº08 (GOIRJ / COMAB), situado


na Rua Nicola Aslan, 133, no Oriente de Cabo Frio, houve reunião conjunta com a ARLS AMIZADE
FRATERNAL II (GLMERJ) para tratar das definições da elaboração do VI FÓRUM MAÇÔNICO DE
CABO FRIO E REGIÃO.
As comissões das duas Lojas – a primeira como organizadora do FÓRUM e a segunda como a
anfitriã deste ano – fizeram as seguintes deliberações:

1. O FÓRUM realizar-se-á no dia 21 de agosto deste ano (sábado), das 14 às 19 horas;


2. O TEMA deste ano será LIVRE, observando-se que deverá ser de tal forma que
profanos possam assistir às palestras/trabalhos, uma vez que o convite será extensivo
à comunidade em geral;
3. Haverá um intervalo de 15 minutos para um lanche que será servido pela Loja anfitriã,
a ARLS AMIZADE FRATERNAL II;
4. O endereço da Loja anfitriã é: Rua Raul Veiga,631 - centro (Cabo Frio / RJ);
5. Como as Lojas incorporadas ao FÓRUM totalizam onze, neste VI FÓRUM foram
selecionadas para a apresentação de trabalhos as seguintes Lojas:
• AMIZADE FRATERNAL II;
• LUZES DE IGUABINHA;
• FRATERNIDADE IGUABENSE;
• NOVO HORIZONTE DE SAQUAREMA; e
• MONTES DE SIÃO.
6. As demais seis Lojas, abaixo relacionadas, participarão do FÓRUM, sem no entanto
apresentarem trabalhos; ficarão, entretanto, desde já pré-selecionadas para o fazerem
na sétima edição do FÓRUM:
• NICOLA ASLAN,
• UNIÃO DE CABO FRIO,
• PIONEIROS DO CABO;
• ALVORADA ,
• JAMIL KAUSS, e
• RENASCIMENTO.

Conclamamos a todos os maçons, que lerem esta notícia, a divulgarem este VI FÓRUM
MAÇÔNICO EM CABO FRIO E REGIÃO, para que um maior número de IIr.: possam estar presentes
(inclusive, com suas famílias), pois a divulgação da cultura maçônica é obrigação de todos nós
maçons, independente de a qual Obediência pertençamos (vejam o exemplo do FÓRUM: todas as três
Obediências ditas regulares – GOERJ , GOIRJ e GRANDES LOJAS – estão nele representadas).
Esta é a Maçonaria que devemos cultivar e amar (a Maçonaria UNIVERSAL, em seus
princípios, sem “donos”, e sim de todos e para todos).
Com as bênçãos do GADU, os aguardamos todos no dia 21 de agosto.

CARLOS ALBERTO DOS SANTOS / M.:M.:


Membro da comissão organizadora

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CURIOSIDADES
O Conde de Moira (1754-1826)

Ir.: NICOLA ASLAN

É inegável que foi do trabalho realizado por Lord Francis Rawdon, 2º Conde de Moira, e
posteriormente Marquês de Hastings, que a Maçonaria inglesa deve a sua pacificação e a sua
unificação. A Maçonaria Universal a ele também deve o futuro problema da Regularidade Maçônica.
O Conde de Moira era, na verdade, o homem talhado para tão magna tarefa, pois à sua
generosidade proverbial reunia brilhantes qualidades militares, e talentos de organizador e de
político. A sua estatura atlética impunha. Teve a coragem, muitas vezes, de denunciar, no
Parlamento, as crueldades praticadas na Irlanda e na Índia pela administração inglesa.
Em 1790, no final do seu mandato de Grão-Mestre dos “Modernos”, o Duque de Cumberland,
primeiro Grão-Mestre inglês de sangue real, designou o Conde de Moira para representá-lo como
Grão-Mestre executivo. O Príncipe de Gales, futuro Rei Jorge IV, seu sucessor naquele mesmo ano,
procedeu da mesma maneira, permanecendo assim o Conde de Moira, como “Pro Grand Master”, até
1813, ano da unificação.
Nomeado comandante geral da Escócia, neste posto, em 1806, foi eleito Grão-Mestre da
Grande Loja da Escócia. Segundo afirma o Freemason’s Pocket Reference Book, o Conde de Moira tinha
“encontrado meios de trazer, no ano anterior, aquela Grande Loja e os ‘Modernos’ dentro de uma
fraternal união”.
Designado, em 1813, para exercer o cargo de Governador Geral de Bengala, na Índia, o Conde
de Moira teve de deixar o cargo de Grão-Mestre executivo. Mas foi nomeado Grão-Mestre da Índia
Britânica. A sua vitória sobre os gurlas e os maratas valeu-lhe, em 1817, o título de Marquês de
Hastings. Em 1821, solicitou demissão do cargo que exercia na Índia, sendo então nomeado
Governador de Malta, falecendo no mar, perto de Nápoles, em 1826.
Tal foi o homem que conseguira para a Grande Loja da Inglaterra dos “Modernos”, o primado
sobre as suas co-irmãs da Escócia e da Irlanda, ao mesmo tempo que aplainava todas as dificuldades
que se erguiam contra a unificação da Maçonaria inglesa.
Em a nossa História da Maçonaria registramos duas efemérides; não nos lembrando, porém, de
mencionar a fonte. São as seguintes:
• “30/11/1803 – Visita do Grão-Mestre da Inglaterra, Conde de Moira, à Grande Loja da
Escócia, que teve como resultado uma aliança entre as duas Potências”.
• “23/11/1808 – O Grão-Mestre da Grande Loja da Inglaterra comunica, aos Maçons do
seu país, o recebimento de uma comunicação da Grande Loja da Irlanda, manifestando
a sua adesão aos princípios proclamados e afirmados na declaração da Grande Loja da
Inglaterra à Grande Loja da Escócia. A Grande Loja da Irlanda afirmou, outrossim, que
recusaria acolhimento e socorro a todo Irmão que tivesse recebido o anátema lançado
pela Grande Loja da Inglaterra.
A grande Loja da Irlanda reconhecia, implicitamente, à Grande Loja da Inglaterra, o
direito de determinar a regularidade de Maçons e Lojas”

As gestões empreendidas pelo Conde de Moira foram as bases da união maçônica britânica.
Fortalecida ainda pela unificação das duas frações, que até então se digladiavam, a Maçonaria inglesa
passou a ditar regras no mundo.
Ficou assim estabelecido o princípio da regularidade maçônica, sendo a Grande Loja da
Inglaterra guindada a uma autoridade que a transformaria, mutatis mutandi, em uma espécie de
“Papado Maçônico”, no que diz respeito ao princípio de regularidade.

N.R.: Extraído do livro “LANDMARQUES e Outros Problemas Maçônicos”, Editora Aurora.

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PARA PENSAR
O PODER DO OPUS DEI: ARMA SECRETA DO PAPA?
Ir.: Antônio René Iturra

“Desde que Karol Wojtyla assumiu o papado, em outubro de 1978, iniciou uma restauração das tradições
mais conservadoras da Igreja Católica, que se faz sentir com particular força na América Latina. A tradicional
influência da Companhia de Jesus sobre o papado foi substituída pela do Opus Dei, ponta de lança para
combater as correntes modernizadoras da Igreja” (Artigos de François Normand e Jaime Escobar M).
Com essa manchete, a edição chilena do Le Monde Diplomatique, nº 12, de setembro de 2001, inicia uma
interessante discussão sobre o pouco conhecido, porém influente, Opus Dei (OD) no mundo. Em 1995, o mesmo
Normand publicou artigo homônimo na versão francesa do jornal. Sobre essa base bibliográfica e com o auxílio da
Intenet procuraremos escrever este artigo buscando e aproveitando o maior número de fontes possíveis.

O que é e como atua:

O Opus Dei, ou Obra de Deus, conhecida simplesmente como “a Obra”, é uma organização criada na
Espanha, em 1928, pelo sacerdote Josemaría Escrivã de Balaguer e Albás (1902-1975). Segundo Normand,
destina-se a “restaurar” o poder temporal da Igreja Católica no mundo, utilizando todos os meios à sua
disposição, quais sejam doutrinários, disciplinares e, sobretudo, autoritários, com o auxílio de movimentos
tradicionalistas “duros”, em geral sectários e politicamente de direita, que lhe são totalmente ligados, e formam
parte da denominada “renovação carismática”. De outro ângulo, segundo a Oficina de Informação do OD na
Internet, “é uma prelatura pessoal da Igreja Católica que ajuda aos fiéis cristãos a buscar a santidade em e por
meio de suas atividades diárias, especialmente por meio do trabalho”. Complementando, Crônica, assegura que
“a Igreja Católica distanciou-se de seu caminho original e que o dever do OD consiste em difundir-se pelo
mundo por todos os meios. Não há outra forma de salvação”.
Surgido nos anos anteriores à Guerra Civil Espanhola, segundo Normand, o OD foi muito marcado por essa
conjuntura, fato que explica seu incondicional apego ao aparelho eclesiástico, seu ódio obsessivo ao comunismo e seu
gosto desmedido pela clandestinidade. O Opus Dei na Internet, entretanto, informa que “qualquer tipo de segredo
está expressamente proibido pelos estatutos que regulam o OD. Na prática, os colegas, amigos e conhecidos dos
membros sempre saberão de sua filiação porque eles mesmos o dão a conhecer, especialmente pelo sentido
apostólico que procuram dar a todas as coisas que fazem. Entretanto os fiéis da prelatura não possuem nenhuma
razão para destacar ou fazer pública sua filiação, porque a busca de santidade no OD é pessoal, uma característica de
sua vida privada. Contudo, segundo o mesmo Normand, na sua constituição secreta, redigida em 1950 (as edições
espanholas Tiempo S.A publicaram a constituição de 1950 em Latim e Espanhol, em 1986), o artigo 191 diz que “os
membros numerários e supernumerários deverão observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros
associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles mesmos pertencem ao Opus Dei.
Em 1982, redigiram novos estatutos e adquiriram sua personalidade jurídica. Anteriormente, segundo o padre
Rodriguez Vidal (entrevista com o motivo de sua designação de bispo titular de Los Angeles, no Chile, ao jornal La
Segunda, de 20.07.1998, “no início não foi fácil explicar o OD, porque sua situação jurídica não estava definida”.
De fato, mais preocupados com o direito canônico que com a teologia, os opusitanos buscaram conseguir que
se reconhecesse ao OD a condição jurídica mais conveniente. Inicialmente, definida como “união piedosa de
laicos”, a organização transformou-se em 1947 no primeiro “instituto secular” da igreja (criado por Pio XII, é uma
“associação de clérigos e de laicos que praticam no século os conselhos evangélicos, com a finalidade de alcançar a
perfeição cristã e de exercer plenamente o apostolado”). Posteriormente, em 1982, obtiveram o cobiçado título de
“prelatura pessoal” (ou prelatura nullius, de nenhum lugar, equivalente a uma diocese extraterritorial). Dessa
forma, atualmente o prelado do OD depende diretamente do papa, escapando à autoridade dos bispos
diocesanos, apesar da ficção de que os membros laicos da organização continuam a depender de seu bispo local.
Atualmente dirigido pelo prelado Javier Echevarria (ex-secretário de Escrivã, que segundo o sociólogo
Alberto Moncada cometeu a controvertida gaffe de assegurar em público que “as crianças que nascem disformes
são filhos de pais que foram promíscuos antes do casamento”), o OD continua praticando o segredo e
utilizando testas-de-ferro e sociedades fantasmas, sob o pretexto da “humildade coletiva” e da “eficácia
apostólica”. Dessa forma, converteu-se na força dominante dentro da Cúria Romana (um aparato burocrático
responsável pela direção da Igreja Católica). Essa característica, entretanto, recebe críticas até de dentro da
Igreja e desperta grande desconfiança, uma vez que se lhe acusa de ser uma Igreja dentro da Igreja, com sua
própria doutrina que pretende ser de inspiração divina. Ainda, é a única organização Católica Romana – fora da
própria Igreja – que acredita que foi criada por Deus. Contudo, o biógrafo de João Paulo II, Alain Vircondelet

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(Jean Paul II, Julliard, Paris, 1994) afirma que “como se nega a hostilidade, despertando às vezes até fantasmas
de complô”.
Sua primeira perversão, entretanto, segundo o jornalista Normand, foi a clericalização das suas atividades,
que apesar de dizer-se laica, são os sacerdotes que possuem o verdadeiro poder e ocupam todos os postos de
comando. Os não religiosos, que representam 98% dos membros, são apresentados como “pessoas correntes que
vivem no mundo”, porém, pelos seus “votos” de pobreza, castidade e obediência (rebatizados “laços
contratuais”), se parecem mais com religiosos que com laicos. O Opus Dei compreende quatro categorias de
membros: os numerários (clérigos e laicos solteiros, que se comprometem à pobreza, à castidade, à obediência e
à vida em comum), os associados (com os mesmos compromissos, salvo a vida comunitária) os
supernumerários (laicos que vivem no mundo e que contribuem financeiramente) e os co-operantes
(simpatizantes, cristãos ou não). Segundo o anuário pontifício, o OD tem cerca de 80.000 membros,
pertencentes a 90 nacionalidades. Segundo a Oficina de Informações do Opus Dei na Internet, formam parte da
prelatura mais de 84.000 pessoas, das quais em torno de 1.800 sacerdotes (33 bispos e muitos cardeais, segundo
outras fontes). Do total de fiéis, metade são mulheres e metade são homens. A distribuição por continentes é,
aproximadamente, a seguinte: África, 1.600; Ásia e Oceania, 4.700; América: 29.000; e Europa, 48.700.
Segundo o próprio OD, não há votos a serem cumpridos, embora a vida deva ser vivida tendo em vista o
“materialismo cristão”, segundo ensinou Escrivá. Como organização, “ajuda às pessoas comuns a viver
conforme sua fé cristã na sua atividade diária, oferecendo-lhes ajuda espiritual e a formação que necessitam
para conseguí-lo. Lembra a chamada universal à santidade, a radical idéia de que cada pessoa está chamada
por Deus para santificar-se especialmente mediante o trabalho profissional e as atividades cotidianas. Para isso
oferece retiros espirituais, momentos de oração, cursos de filosofia e teologia, direção espiritual etc. A atividade
principal do OD é realizada por cada um de seus membros, atuando com iniciativa pessoal, com liberdade e
responsabilidade. São sempre iniciativas sem fins lucrativos que oferecem serviços educativos, de caridade ou
com um caráter social similar, e incluem centros culturais, colégios e universidades, residências de estudantes,
clubes juvenis, escolas agrícolas e centros médicos”... “Os fiéis fazem um compromisso com o Opus Dei
simplesmente por sua honra de cristãos”.
Num cenário abrangente, a revista chilena Que Pasa (Iglesia y Poder, 18/06/2000) lembra também que Jesus
diz aos romanos, antes de ser crucificado , que seu reino não é deste mundo, e seus representantes na terra, os
sacerdotes, sabem disso. Contudo, ainda que pareça paradoxo, ninguém tem exercido uma influência social,
cultural e política mais contundente no mundo ocidental que a Igreja Católica. No passado, esteve
indelevelmente vinculada ao obscurantismo. Atualmente, sua presença é indiscutível em diversos aspectos
político-partidários e, tudo indica, não existe assunto de importância que não seja consultado aos guias
espirituais. Os representantes do clero estão presentes nos parlamentos quando se votam as leis sobre o
divórcio, eutanásia, controle de natalidade, transição política etc., e muitos países reconhecem formalmente esse
poder especial da Igreja “sempre e quando não signifique desigualdade entre as religiões”.
De fato, na prática, a “Obra” mostra-se bem diferente do que predica, a ponto de ter levado uma comissão
parlamentar belga a colocar essa organização na lista de seitas religiosas perigosas. Existem também numerosas
iniciativas de familiares e amigos que tiveram seus filhos incorporados a essa instituição, como o Guia Para
Padres Sobre El Opus Dei, onde podem ser encontrados depoimentos contrários ao Opus Dei, como o do Ver.
James L. LeBar, Consultor Nacional sobre Cultos da Arquidiocese de Nova York: (“estou em completo
desacordo com as táticas violentas de manipulação e controle que utiliza o OD”), o do Ver. Kent Burtner,
Consultor Nacional sobre Cultos – ganhador, em 1983, do Prêmio Leo J. Ryan por suas contribuições no campo
de vigilância dos cultos – (“me uno a vocês na esperança de que o Santo Padre compreenderá a necessidade de
transformação nesse grupo”) e o de Carlos Alex Olivares da Cidade de Guatemala, em maio de 1995 (“posso
dizer com certeza que conheço a fundo o OD. Saí porque o OD ficou pequeno para mim. Nunca pude satisfazer
nele as aspirações da minha vida. Me afogava. Me fazia falta o oxigênio da liberdade, em que pese ao que tanto
predica-se dentro. Continuo lutando por alcançar minhas aspirações naturais e sobrenaturais, porém num
ambiente que nunca antes imaginei, e sem necessidade para nada do OD para crescer interiormente. Já se
passaram mais de dez anos desde que saí. Não foi fácil. Vinte e dois anos são muitos anos, uma vida inteira e,
ainda assim, quando decidi sair, me deixaram sozinho e sem dinheiro. Simplesmente deixei de existir para
eles...”). Dentro da própria Igreja, alguns sacerdotes asseguram que esse movimento está confeccionado à
medida dos que manejam o poder econômico; “representam uma fácil e pouco dolorosa maneira de satisfazer
suas necessidades espirituais imediatas, um modo de devolver a mão à sociedade por meio de uma
religiosidade que não lhes signifique aprofundar um questionamento sobre seu papel como cristãos”. O teólogo
espanhol Juan Martín Velasco, por exemplo, tem protestado pela prática desses métodos, e, defendendo que a
canonização de Escrivá debilitaria a credibilidade da Igreja, assinalou: “não podemos pôr como modelo de vida
cristã alguém que serviu ao poder do Estado e que usou esse poder para catapultar sua Obra, que dirigiu com

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critérios escusos – como uma máfia de luvas brancas – sem aceitar o magistério papal quando não coincidia com
sua maneira de pensar”.
Ainda, segundo Alberto Moncada no seu livro La Evolución Del OD hacia el Sectarismo, os dirigentes da
“Obra” modificam sua estratégia proselitista segundo as novas circunstância sociais. Antigamente, acreditavam
que “a vocação era coisa de homens”. Atualmente, resulta mais fácil aproveitar a rede de colégios próprios e o
calor dos lares dos supernumerários para convencer jovens de 15 anos e até menores, de que Deus os chama a
uma entrega total. Essa tarefa converte-se na obsessão dos “professores” de recrutar ao menos duas pessoas por
ano. “Que sejamos mais” é o objetivo. Seu fanatismo e perseverança no aliciamento, entretanto, fizeram surgir
organizações de defesa dos jovens em diversos países, como a Opus Dei Awareness Network Inc. (ODAN) nos
EUA e a catalã AIS, na Espanha, entre outras. Com efeito, Dianne Di Nicola, cuja filha Tammy logrou “escapar”
do OD, criou a ODAN com a finalidade de aconselhar aos pais e familiares de adeptos jovens
(http://w.w.w.odan.org). Segundo essa rede, sob o guarda-chuva do “espírito” do OD se escondem seus
abusos e “práticas questionáveis” aplicadas aos membros mais jovens, como a recomendação sistemática de não
informarem a seus pais detalhes sobre o compromisso de vida assumido com o OD, “porque eles não
compreenderiam”. Na Grã-Bretanha, o OD teve que baixar seu ímpeto depois das revelações de John Roche, ex-
diretor da organização e professor da Universidade de Oxford, que em 1981 publicou no The Times um duro
artigo sobre o OD, devidamente circunstanciado como documentos secretos da instituição, qualificando-a de
“igreja dentro da igreja” e de “psicologicamente perigoso para seus próprios membros”.
Na prática, segundo Que Pasa de 09/04/00, o OD está convencido de que a transformação da sociedade
deve partir da classe dirigente; “São seus líderes os que mudarão a sociedade”. Por isso, um de seus postulados
básicos é formar os homens que forjarão o futuro e a educação é essencial nesse aspecto. Por outro lado, “los
militares, por el solo hecho de serlo, tienen ya la mitad de la vocación al Opus Dei”, predicava Escrivá. Nesse sentido,
Camino joga um papel relevante. Editado em Valencia em 1939, já era conhecido, em parte importante, porque
havia sido apresentado em Cuenca uns anos antes com o título de “Consideraciones Espirituales”. Segundo a
revista Ecclesia de 23 de março de 2002 – que publicou uma resenha do que considera uma “edição histórico-
crítica, porque permite discernir o passo de Deus na pequena grande história que se encontra na obra de Jose
María Escrivá"- essa obra possui uma grande força de atração entre cristãos, evidenciada em 368 edições em 43
idiomas, com vendas de 4,5 milhões de exemplares. Ainda, segundo o próprio OD, as comemorações do
centenário do nascimento do seu fundador foram coroadas com o recentemente criado Instituto Histórico que
leva seu nome e “objetiva promover a investigação histórica sobre sua vida e sua obra bem como a promoção de
estudos de caráter teológico, canônico, pedagógico... sobre aspectos relacionados com o espírito, os
ensinamentos e o apostolado do beato Escrivá, que será canonizado no próximo 6 de outubro”. O primeiro fruto
desse centro de estudos é uma nova edição de Camino, de autoria de Pedro Rodríguez, “dedicado à obra de
Escrivá, onde se faz uma análise estrutural e literária de quem fora chamado o Kempis dos tempos modernos.
O peculiar estilo de aforismos, apotegmas e sentenças, lacônico, direto, sugestivo, como ditado ao ouvido,
fizeram dizer ao estudioso francês Gondrand que Camino representa o triunfo da oralidade”... Tudo dentro da
regra: a maioria das seitas praticam o culto ao seu fundador.
Particularmente violenta, ainda, tem sido a reação da hierarquia opusiana contra os sócios que abandonam
a instituição e não aceitam calar sobre sua experiência. Badalados têm sido os casos de duas espanholas, antigas
numerárias: Maria Agustias Moreno, que recebeu toda classe de calúnias e foi taxada de lésbica por sacerdotes
da “Obra”, por ter publicado um livro em que, a partir de seu catolicismo convencional, critica o culto à
personalidade de Escrivá e seus assessores (El Opus Dei, anexo a una historia, Planeta, 1976), e Maria Del Carmem
Tapia, antiga superiora da Seção feminina, que está sendo demonizada por seus ex-colegas por ter-se atrevido a
fazer um relato pormenorizado da maneira despótica e prepotente de governar que tinha Escrivá, a quem
serviu de ajudante em Roma (Traz el umbral, un viaje al fanatismo, Edições B, 1992). O certo é que a hierarquia
opusiana não aceita críticas baseadas na experiência pessoal e recorre com freqüência à velha fórmula estalinista
de taxar os dissidentes de loucos (In: La Evolución Del Opus Dei hacia el Sectarismo, de Alberto Moncada).
A 2ª perversão foi política, uma vez que, na época, o jovem fundador do OD viveu a guerra civil espanhola
como um enfrentamento entre católicos e comunistas, nestes via a encarnação do mal. Dessa forma , sua visão
do mundo foi deformada e do mesmo modo que Pio XII, minimizou o nazismo, tomando-o como um muro de
contenção providencial contra o comunismo. Vladmir Felzmann, ex-membro da organização conta ter ouvido
de Escrivá que o cristianismo tinha sido salvo do comunismo graças a chegada ao poder de Francisco Franco,
com apoio de Hitler (“Hitler contra os judeus, Hitler contra os eslavos, significa Hitler contra o comunismo”).
Essa indulgência para com o nazismo levou ao alinhamento do OD com o franquismo. Na biografia de
Franco, de Manuel Vazquez Montalbán (Yo, Franco, Planeta, 1999) encontra-se esta “pérola”: “Tendo
freqüentado durante quase vinte anos os membros desta instituição, pude comprovar a diversidade de suas
eleições concretas,. Porém, evidentemente, todos levam o selo de uma seita eleita para salvar o mundo desde o

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alto de sua localização”. Na prática, para sair da crise econômica, desde 1965 Franco se cercou
progressivamente de ministros pertencentes ao OD.
Mais para a frente, quando pensa em restabelecer a monarquia, o OD apoiou Juan Carlos de Bourbon, que
estava aos cuidados de um preceptor do OD: Anael López Amo. Em 1969, Franco proclama Juan Carlos
herdeiro da Coroa e em poucos meses se completa o triunfo do OD: dos 19 ministros do nono gabinete de
Franco, doze (12) são membros da “Obra de Deus”. O sacerdote Antonio Pérz, que dirigia na década de 50 o OD
na Espanha, deixou um testemunho impressionante de como planejou e executou a entrada da organização no
governo de Franco (Historia Oral Del Opus Dei, Plaza & Janes Editores, 1987).
A terceira perversão foi teológica. O acento posto na santificação pelo trabalho favorece e estimula o culto
ao sucesso material e o reinado do capitalismo liberal. Em efeito, a frase constantemente citada por Balaguer:
“Deus criou o homem para trabalhar” é uma interpretação caprichosa de um versículo do Gênesis, que disse:
“Deus tomou ao homem e o colocou no jardim do Éden para cultivá-lo”. Dessa forma, o OD caiu no
integralismo (l. Aplicação integral de uma doutrina ao sistema. 2. Movimento político de extrema-direita
baseado nos moldes fascistas). O teólogo Urs von Balthasar, um dos favoritos de João Paulo II, que não poderia
ser suspeito de progressista, descreveu o OD como “a mais forte concentração integralista da Igreja (...). O
integralismo se esforça em começar a assegurar o poder político e social da Igreja por todos os meios, visíveis e
ocultos, públicos e secretos”. (Integralismus, in Wort und Wahrheit, 1963). Por outro lado, segundo Rafael
Colindres, já citado, “não é nenhum mistério que há uma estreita ligação entre Vaticano, Governo dos EUA
(mediante a CIA), OD e “neoliberais”, sobretudo na política contra a esquerda, no interesse pelo poder político e
econômico, ainda que em outros aspectos possam estar em contradição... O caso exemplifica a aliança entre
conservadores-reacionários... como se tivesse sido preparado por um “manual dos inteligentes”.
Além de sua falta de transparência, outra característica desse movimento é sua pretensão de ser dono da
verdade. A revista interna do OD, Crônica, descreve a instituição como “o restante santo, imaculado, da
verdadeira Igreja e o papado”. Ao mesmo tempo, o fundador, deplorando uma época de erros da Igreja
apregoava: “o mal vem de dentro e do alto. Há uma real podridão e atualmente parece que o corpo místico de
Cristo é um cadáver em decomposição, que cheira muito mal”.

A personalidade do seu criador:

Segundo o Grupo Católico Oración Maria Auxiliadora, em seu texto na Internet “La Verdad Sobre El Opus Dei
– Una Secta Peligrosisima”, os contemporâneos de Escrivá o recordam como uma pessoa pouco dotada. Manuel
Mindán, o teria qualificado como “hombre obscuro, introvertido y côn notable falta de agudeza... No me explico como
un hombre de tan pocas luces pudo haber llegado tan lejos”. Sabe-se também que Escrivá gostava de violência da
guerra: “La guerra! La guerra tiene finalidad sobrenatural... Pero tendremos, al final, que amarla, como el
religioso debe amar sus disciplinas”. (Camino, máxima 311).
De acordo com uma biografia escrita por Peter Beglar (a qual tem o Imprimatur e o Nihil Obstat do
Arcebispado de Nova York), Escrivá esteve internado como paciente psiquiátrico por cinco meses num
manicômio para escapar da perseguição durante a guerra civil espanhola. Muitos duvidam, entretanto, que esse
tivesse sido o motivo real.
De todas as maneiras, sobre seu desequilíbrio mental, segundo seus biógrafos oficiais, em 1928, em um
artigo disse que, enquanto estava num ônibus: “... senti el obrar de Dios en mi, en mi corazón y en mis lábios, y côn
una fuerza arrolladora desarrolló el suave... De aí concluiu que “Dios se digno iluminarlo y tuvo una visión mística sobre
el OD y lo que el Señor quería con ‘la Obra’ a través de los siglos, hasta el final de los tiempos” (na realidade, ou teve
alucinações ou criou uma fantasia para parecer grande). É comum nos loucos acreditar que possuem a missão
de salvar o mundo. De fato, o bispo OD Xavier Laurizaca, que prologou Camino, terminou em um manicômio.
Outro aspecto singular é seu desprezo pela mulher. Para Escrivá as mulheres são inferiores e desprezíveis:
‘deveriam ser como um tapete onde as pessoas possam pisar’. Considera-as como um ser que não deve ilustrar-
se (máxima 946): ‘... Não faz falta que sejam sábias, basta que sejam discretas... ‘ Deu também o exemplo de
intolerância para com os outros credos e até para outras ordens católicas, e praticou a divisão de classes ao estilo
de castas da Índia, onde os pobres são considerados seres desprezíveis pelas classes mais abastadas. Quando
recrutam mulheres pobres as utilizam como empregadas domésticas. Outro sinal de megalomania é que se
comparou com Cristo ao recrutar 12 colaboradores, como os 12 apóstolos, para começar a sua “Obra”, a qual
sempre disse ser de origem divina.
Segundo Normand, essa inspiração inicial foi, na prática, rapidamente pervertida pela própria
personalidade do seu fundador: um pequeno burguês, nascido pobre, ambicioso, colérico e vaidoso, o que se
depreende de seu livro de máximas Camino e pelo fato de em fins dos anos 60 ter comprado o título de nobreza
de Marquês de Peralta. O segredo de seu sucesso, entretanto, segundo seus seguidores, foi o seu entusiasmo e

8
seu carisma pessoal. Além dos momentos históricos de pós Segunda Grande Guerra, em geral e da Guerra Fria,
em particular.

Seu Poder no Mundo:

Por trás da ficção de uma organização puramente espiritual, dessa “família pobre, cuja única riqueza são
seus filhos”, gravita uma nebulosa de sociedades, bancos e fundações, dirigidas de forma anônima por
membros do OD. De fato, nos anos 70, segundo ex-membros da organização o Opus Dei organizou uma rede
financeira que permite o manejo de milhões de dólares. Ao que tudo indica, a instituição mais importante nesse
campo é a Fundação Limmat, criada em Zurich, em 1972, vinculada a bancos e fundações da Espanha
(Fundação Geral Mediterrânea, que gerou um escândalo por ter sido desmascrada como um dos instrumentos
da “economia submersa” do OD), da Alemanha (Fundação Rin-Danúbio e o Instiotuto Lidenthal) e da América
Latina (Fundação Geral Latino-americana, na Venezuela).
Atualmente o OD possui um enorme poder no Vaticano e se infiltra em todos os escalões da hierarquia
católica, de tal maneira que muitos se perguntam se essa instituição é o exército secreto do Papa, na sua tarefa
de reconquista católica. Por isso, segundo Robert Hutchinson do The Guardian, devido a que constituem um
grupo fechado e disciplinado, guiado por uma ideologia autoritária, os estrategistas do OD estão colhendo
grandes êxitos. Sua ascensão foi coroada em 1992 com a beatificação de Escrivá de Balaguer por João Paulo II
(amigo de longa data da organização), apenas 17 anos após sua morte e logo após um processo onde somente se
tomaram em conta os testemunhos positivos. Para isso, o Papa tem como colaboradores próximos numerosos
membros e simpatizantes do OD, que controlam também algumas congregações romanas.
Na América Latina, em alguns países europeus e nos EUA o OD possui significativo poder econômico e
político, principalmente.

(*) Mestre Maçom e Escritor

N.R.: extraído na íntegra da Revista EGRÉGORA, de setembro/novembro de 2002.

LAVAJATO PARADA 33

Vilar dos Teles “Capital do Jeans”


 Lavagem de carros em geral
Direção: Ir.: ROSELMO
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Vilar dos Teles – Rio de Janeiro (RJ)  Aplicação de cera
Galeria São José Tel.: (21) 2751.8264  Polimento

9
Administrado pelos IIr,...
GRANDE DICIONÁRIO ENC. BIBLIOTECA
DE MAÇONARIA E Reflexos da Senda Maçônica
Robson Rodrigues da Silva
SIMBOLOGIA
NICOLA ASLAN
MERCÚRIO– Termo de alquimia, designando
ora o mercúrio vulgar (Hg) ora a Luz Astral.
Sobre ele, Oswald Wirth (O Simbolismo
Hermético) escreve:
• “Nenhum signo alquímico tem
importância igual à do mercúrio. De certo
modo, toda a doutrina hermética está nele
sintetizada. E está muito próximo de
possuir o segredo da Grande Arte, aquele
que chega a discernir o que os Filósofos
velaram sob este Símbolo que usam com Reflexos da Senda Maçônica tem por objetivo
tanta frequência.
passar, de forma clara e concisa, alguns estudos do autor a
• “O mistério, subtraído voluntariamente
do conhecimento do vulgo, esclarece-se respeito do simbolismo maçônico, sendo que, em alguns
de maneira notável quando é aplicada casos, sob novos ângulos e perspectivas, pois, afinal, os
uma análise metódica ao ideograma do
símbolos falam, mas, principalmente, devem falar à
mercúrio (círculo com uma cruz embaixo
e meia-lua deitada em cima). Pode-se realidade do maçom, ao seu cotidiano, às suas
distinguir nele, com efeito, o signo do necessidades mais imediatas, bem como às dos profanos.
Crescente (meia-lua deitada), signo do Sal O autor explica que, embora algumas referências
Álcali (círculo com meia-lua deitada em
cima) e o acréscimo da Cruz embaixo. sejam feitas, vez ou outra, a determinados Ritos, a maioria
• “No primeiro caso, Vênus indica uma dos temas aqui tratados foi desenvolvida dentro da
substância que encerra , como um germe, perspectiva do Rito Escocês Antigo e Aceito, até para que
as energias vitais destinadas a
desenvolver-se, e a superposição do um volume excessivo de informações não tornasse o livro
Crescente indica que a evolução deverá cansativo e extenuante e acabasse fugindo ao seu propósito
efetuar-se no domínio sublunar, isto é, na inicial, que é justamente o de facilitar e tornar o estudo
esfera da materialidade submetida a
transformações perpétuas.
maçônico o mais agradável possível a qualquer pessoa.
• (...) Importante , ainda, é se acrescentar que o livro
• “Os filósofos herméticos empregaram engloba nas suas três partes principais assuntos referentes
numerosos termos para designar o aos três Graus da Maçonaria Simbólica: APRENDIZ,
mercúrio, mas deram preferência à
palavra Azoth. Como mediador COMPANHEIRO e MESTRE.
universal, o mercúrio serve de vínculo aos
outros metais, representados pelos
hermetistas com os mesmos signos dos N.R.: Conforme informações do nosso Ir.:
planetas, sem manifestar nenhuma
Robson, toda a renda auferida com a venda
afinidade particular, daí o seu caráter
dos livros será revertida para a ARLS “Nova
neutro, ou mais exatamente andrógino. O
Estrela do Oriente”, no Or: de São
mercúrio dos sábios representa, portanto,
o estímulo de toda vitalidade, o fluído Gonçalo(RJ), da qual é obreiro atuante.
universal, que penetra em todas as coisas
e une a todos os seres com os laços de
uma secreta simpatia. Por seu intermédio,
realizam-se as operações mágicas e muito
particularmente os milagres da medicina
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POLINDO A PEDRA BRUTA

SOBRE O ESCLARECIMENTO – Organizações que buscam o esclarecimento)

Todo homem busca o esclarecimento. É um instinto de alma.


O homem é um ser que explica e se relaciona. Necessita “explicar”.
Necessita aclarar, clarear, esclarecer, iluminar, buscar a “LUZ”. O trabalho maçônico deve
conduzir à luz. Luz da racionalidade, como pensávamos enquanto participantes do Iluminismo
filosófico cientificista do século XVIII? Ou luz no sentido maior e pleno que, abrangendo àquele,
ultrapassa-o e o identifica como o fogo-luz de Prometeu, o fogo-luz zoroastriano, a luz egípcia de
Aton/Ra, a luz dos cultores da “gnose”, a luz bíblica joanina, enfim... LUZ no sentido de VERDADE e
BEM ansiados que, conquistada, nos resolva o dilema espírito/matéria que, irresoluto, ocasiona
permanente angústia/sofrimento ao homem de todos os séculos?
Maçonaria não é “uma” religião. É também religião. A Maçonaria que cultivamos está atrelada
aos conceitos “landmarkianos” de G.:A.:D.:U.: e da acaciana imortalidade da alma. Não se está
inventando uma nova religião, mas, atentos à visão psicológico/maçônica da trilogia formadora do
homem integral, ou seja, suas partes: material, psicológico/moral e espiritual, procura-se iluminar as
relações dessa trilogia que, uma vez compreendidas, visualizadas, determinem a realização do homem
integral que, luminoso, iluminará.

Renato em Cabo Frio.

Extraído dos escritos do “Decifra-me ou te devoro” (em organização).

PÍLULAS MAÇÔNICAS
A MAÇONARIA A SERVIÇO DO PRÓXIMO

Nas Lojas Maçônicas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, procuram fazer o que o Papa
pede e o que a ONU – como organismo mundial da paz – incentiva: conclamar seus membros a
produzir ações de ajuda mútua, de caridade e de fraternidade. Neste momento atual por que passa a
humanidade, em que a instabilidade, a insegurança, a violência, a marginalidade, o terrorismo, os
grandes conflitos religiosos e entre nações, o consumo de drogas e a fome, se disseminam
indiscriminadamente, é preciso que os Maçons não se mantenham omissos ou indiferentes, ante às
oportunidades de lutar por um mundo melhor, em suas Lojas, em seus locais de trabalho e em suas
comunidades. Inspiremo-nos nas palavras do Mahatma Ghandi, o grande líder pacifista: “A vida é
somente vida quando existe amor” e “Nada tenho de novo para ensinar ao mundo; a verdade e a não-violência
são tão antigas como as montanhas” e “Não existe caminho para a felicidade – a felicidade é o caminho” e “Se
queremos progredir não devemos repetir a História mas fazer uma História nova”... “Se um único homem atingir
a plenitude do amor, neutralizará o ódio de milhões”...

Colaboração do Ir.: ANTHERO BARRADAS/ M.:M.(*)


(*) Membro da ARLS RENASCIMENTO N º 08

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Trabalhos maçônicos
A COR PÚRPURA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO
--- José Castellani ---

A cor púrpura, principal do Rito Escocês Antigo e Aceito, é uma decorrência de suas origens mais
remotas, no século XVII, na França, e da aristocratização que lhe foi imposta, a partir do segundo quartel do
século XVIII, também na França.
Na realidade, os primeiros agrupamentos maçônicos de feição moderna --- dos maçons Aceitos --- na
França, surgiram na esteira do séqüito dos Stuarts, a partir de 1649, quando Henriqueta de França, viúva do rei
stuartista inglês Carlos I, que fora preso e decapitado após a vitória da revolução puritana de Oliver
Crommwell, aceitava, do Rei-Sol, Luis XIV, asilo no castelo de Saint-Germain-en-Laye. E haveria um sensível
aumento desses agrupamentos, a partir de 1688, quando da segunda queda dos Stuarts, com Jaime II, depois da
restauração de 1660; nessa segunda queda, novamente, o asilo político seria em Saint-Germain, concedido pelo
mesmo Luís XIV. Os Stuarts, que, a partir do século XIV, com Alan Fitzflaald, haviam ocupado os tronos da
Escócia e da Inglaterra, eram reis católicos e os seus seguidores, os jacobitas, eram chamados de “escoceses”,
por sua feição partidária stuartista e não pela sua origem nacional.
Já com um grande contingente maçônico desse sistema “escocês”, na França, um cavalheiro escocês, André
Michel de Ramsay, que havia sido corrido da Escócia, por querer implantar graus cavalheirescos na Maçonaria,
produziu um discurso, em 1737, onde ele pretendia demonstrar o seu agradecimento, por ter passado de plebeu a
nobre, depois de se tornar cavaleiro da Ordem de S. Lázaro. E nesse discurso --- que não lhe foi possível
pronunciar, por proibição do cardeal Fleury, mas que foi publicado no ano seguinte --- ele procura ligar as origens
da Franco-Maçonaria aos reis e príncipes das Cruzadas. Embora isso fosse apenas uma fantasia, o certo é que
renderia frutos duradouros, a partir de 1758, quando foi fundado, em Paris, o Conselho dos Imperadores do
Oriente e do Ocidente, ou Soberana Loja Escocesa de S. João de Jerusalém. A partir desse momento, o sistema se
tornava aristocratizado --- como Rito de Héredom --- ganhando a América do Norte, onde teria a sua roupagem
definitiva , a partir de 31 de maio de 1801, com a fundação, em Charleston --- por onde passa o paralelo 33 da
Terra --- na Carolina do Sul, do primeiro Supremo Conselho do Rito Escocês dos Maçons Antigos e Aceitos.
O que importa considerar, nesse apanhado bastante superficial dos primórdios do Rito, são os dois dados
principais: 1. o Rito nasceu no catolicismo; 2. o Rito foi aristocratizado.
O catolicismo possui cinco cores litúrgicas: branca, negra, verde, roxa e vermelha. Destas, a mais
importante é a VERMELHA, que é a cor do sangue e o símbolo da efusão do sangue por amor; por isso é a cor
dos mártires da Igreja, usada durante as celebrações em homenagem a esses mártires. Alem disso, ela é a cor
que distingue a alta dignidade cardinalícia; os cardeais, que, na hierarquia mundana, correspondem aos
príncipes, usam o chapéu --- ou solidéu --- vermelho e a faixa vermelha, como sinal de sua distinção.
E a cor da nobreza, da realeza, também é a vermelha. Todos os antigos reinantes, ao assumir o trono,
recebiam, sobre os ombros, um manto vermelho; famosa é a púrpura imperial, com que os imperadores romanos
--- os Césares --- eram revestidos, quando de sua ascensão ao trono imperial. A própria púrpura cardinalícia, já
referida, é um sinal de nobreza dos príncipes da Igreja.
Estabelecida a origem da cor vermelha no Rito Escocês Antigo e Aceito, podemos, então, lançar os olhos
sobre as instruções e resoluções do rito, antigas e modernas:
Havendo necessidade, na segunda metade do século XIX, de tomar algumas medidas que tornassem
consensual a prática do Rito Escocês Antigo e Aceito, inclusive no que se referia à cor do rito e aos aventais,
embora estes, em todas as instruções anteriores, fossem orlados de vermelho, realizou-se em Lausanne, em 1875,
um Congresso de Supremos Conselhos, que, em relação, especificamente, ao tema em pauta, resolveu:
1. O avental terá dimensão variável de 30/35 cm. por 40/45 cm. ;
2. O avental do Aprendiz Maçom é branco, de pele de carneiro, com abeta triangular levantada e sem nenhum enfeite;
3. O avental do Companheiro Maçom é branco, com a abeta triangular abaixada, podendo ter uma orla vermelha;
4. O avental do Mestre Maçom é branco, com a abeta triangular abaixada, orlado e forrado de vermelho, tendo,
no meio, também em vermelho, as letras M e B;
5. O avental é o símbolo do trabalho e lembra, ao obreiro, que ele deve ter uma vida laboriosa;
6. A cor do Rito Escocês Antigo e Aceito é a vermelha.
Alguns autores questionam as resoluções de Lausanne, porque este Congresso reuniu poucos
participantes. Ora, como em qualquer sociedade, os ausentes, que deixam de atender ao chamamento, devem
aceitar o que os presentes decidirem.

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Mas, alem disso, aí estão rituais e instruções anteriores e posteriores à Convenção de Lausanne,
mostrando qual é, na realidade a cor do Rito. Para ficar só nos nacionais, podemos citar os seguintes trechos, de
publicações anteriores a 1875:
“As paredes do templo, cortinas, mezas, docel, etc., são forradas de encarnado no rito escocês e de azul nos ritos
moderno e adoniramita; nestes dous últimos, os galões e franjas dos paramentos devem ser de prata ou de fazenda de cor
branca, e no primeiro, de ouro” (Guia dos Maçons Escossezes, ou Reguladores dos Três Graus Simbólicos do
Rito Antigo e Aceito, do Grande Oriente Brasileiro - Rio de Janeiro - 1834 - página 46) --- os grifos são meus.
“Grau 3º. - Fita azul orlada de escarlate a tiracollo da esquerda para a direita, suspensa em baixo a jóia, que é um
esquadro e um compasso de ouro entrelaçados. A jóia pode ser cravejada de pedras. Avental branco de pelle forrado e
orlado de escarlate, com uma algibeira abaixo da abeta, sobre a qual estão bordadas as letras M.: B.:” (no mesmo
Guia dos Maçons Escossezes, capítulo referente a insígnias e jóias - página 49) --- os grifos são meus.
“O encarnado é o característico do escossismo” (Regulador Geral do Rito Escossez Antigo e Aceito para o
Império do Brasil - Rio de Janeiro - 1857 - pág. 46) --- os grifos são meus. O mesmo regulador, na mesma página,
para estabelecer as diferenças com os outros dois ritos então praticados no país, Moderno e Adoniramita, , destaca
que, para esses ritos “o azul é o característico, razão porque são estes dous ritos chamados azues” (os grifos são
meus). “A Loja é decorada com estofo ou tapeçaria encarnada” (Manual Maçônico ou Cobridor dos Ritos
Escossez Antigo e Aceito e Francez ou Moderno - 4a. ed. - Rio de Janeiro - 1875 - pág. 1) --- os grifos são meus.
“No Oriente há um doce de estofo encarnado com franjas de ouro” (no mesmo Manual Maçônico - pág. 2) -- os
grifos são meus. “Avental branco, forrado e orlado de encarnado, com uma algibeira por baixo da abeta. No meio do avental
estão pintadas ou bordadas em encarnado as letras M.: B.: (no mesmo Manual Maçônico - pág. 11) -- os grifos são
meus”
Como se pode ver, portanto, o Congresso de Lausanne não fixou novas regras; ele, apenas, regulamentou
os costumes já vigentes, desde os primórdios do rito.
Posterior a 1875, pode-se citar, pelo menos, uma publicação brasileira, que confirma a resolução de Lausanne:
“Fita azul, orlada de escarlate, a tiracollo da esquerda para a direita, suspensa em baixo a jóia, que é um compasso
e um esquadro de ouro entrelaçados. Avental branco de pelle, forrado e orlado de escarlate com uma algibeira abaixo da
abeta, sobre a qual estão bordadas as lettras M.: B.: (Regulamento Geral da Ordem Maçônica no Brasil - Rio
de Janeiro - 1902 - pág. 165, no capítulo que trata das insígnias e jóias do REAA) --- os grifos são meus.
( Nota do Autor: as letras M e B são referentes a uma palavra do grau de Mestre Maçom e não às asneiras
chulas divulgadas por anencéfalos ociosos.
No caso específico do Brasil, o que se vê, hoje em dia, é a fuga às tradições e às origens do Rito Escocês,
com a padronização de todos os paramentos de acordo com o Rito de York. Sim, pois aventais de orla azul, com
roseta --- e de orla azul, com bolinhas de prata e níveis de metal para o Venerável Mestre --- são paramentos do
Rito de York (Emulation)! Esta “inovação” surgiu com a cisão de 1927, no Grande Oriente do Brasil, com a
conseqüente criação das Grandes Lojas estaduais brasileiras, sob a liderança de Mário Behring; copiando os
paramentos usados pelas Grandes Lojas de Nova York --- que trabalha no Rito de York --- as novas Obediências
passaram a adotá-los e a decorar os seus templos totalmente em azul, sem nenhum detalhe --- dossel, cortinas,
almofadas, estofos --- que lembre a cor do rito.
O Grande Oriente do Brasil, todavia, até ao início de 1966, mantinha-se fiel às origens e à tradição do rito.
Nessa época, lamentavelmente, ouvindo “conselhos” de obreiros egressos de Grande Loja, a Obediência
começava a alterar os seus paramentos escoceses do grau de Mestre, colocando, nos aventais, inicialmente, uma
fita azul junto à orla vermelha e rosetas azuis com botão central vermelho. Isto era uma aberração inominável,
pois não existem ritos com orlas bicolores nos aventais. Alguns anos depois, porém, provavelmente por
influência de alguém com mais imaginação do que conhecimentos, o Grande Oriente sepultava,
definitivamente, a cor vermelha do rito, “azulando”, totalmente, os aventais e retirando a orla escarlate das
faixas. Copiava, assim, infelizmente, o erro perpetrado em 1928 pelas Obediências dissidentes. E os Grandes
Orientes Independentes, surgidos de uma dissidência do G.O. do Brasil, em 1973, acabariam, de início,
copiando os aventais de orla bicolor.
E a coisa chegou a ponto de gerar situações absurdas, para não dizer ridículas, como a que me foi narrada por
um querido amigo de Brasília: um candidato, funcionário do Ministério das Relações Exteriores, foi iniciado e, logo
depois, teve que cumprir missão na Itália, onde deveria permanecer, pelo menos, um ano, o que fez com que sua Loja
autorizasse suas elevações em uma co-irmã italiana, também do Rito Escocês. Pois bem, cerca de dois anos depois, o
obreiro retornou, já colado no grau de Mestre e com o seu avental de orla vermelha; com ele se apresentou em
reunião de sua Loja e foi impedido de ingressar. Ou seja: o único que estava com paramentos escoceses corretos, foi
impedido de ingressar em Loja escocesa, por um bando de obreiros com paramentos do Rito de York!
E mais dois casos podem ser citados, não absurdos como o primeiro, mas esclarecedores. O primeiro:
fazendo palestra em Santana do Livramento (RS), na fronteira com o Uruguai, em 1989, constatei a presença ---
e chamei a atenção para isso --- de diversos obreiros de Rivera, da Grande Loja do Uruguai, com seus
paramentos de orla vermelha. O segundo: falando em Londrina (PR), em 1991, em sessão não litúrgica (sem
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paramentos), sobre a cor dos aventais e templos escoceses, fui interrompido por um Irmão do Equador, recém
chegado, o qual me perguntava, diante disso, qual era a cor usada no Brasil, no Rito Escocês; quando lhe disse
que era a azul, ele reagiu com um riso de mofa, que valeu por mil palavras, e, puxando uma maleta, de lá tirou
--- e mostrou --- o seu avental de orla vermelha.
Apesar de todos esses rituais já terem sido mostrados e publicados diversas vezes, sempre existem os que
não pesquisam, não estudam, não procuram, mas “acham”. Apenas “acham” que a cor do rito deve ser a azul e
ainda inventam que a cor vermelha foi uma criação brasileira do século passado, atribuindo-a a Cairu
(Henrique Valladares), que só pontificou na Maçonaria nacional no fim do século XIX, muito depois dos rituais
de 1834, 1857 e 1875.
Para esses, nada melhor do que “matar a cobra e mostrar o pau”, pois, em termos de rituais
ESTRANGEIROS, podem ser citados pelo menos dois:
O primeiro é um ritual do Grau de Mestre Maçom, editado em 1912, em Lisboa, pelo Grande Oriente
Lusitano Unido e pelo Supremo Conselho da Maçonaria Portuguesa, ambos reconhecidos mundialmente, na
época. Nesse ritual, à página 10, pode-se ler:
INSÍGNIAS - 1o. - Avental branco orlado de carmezim, tendo bordadas no meio as letras M.: B.:,
também da mesma côr. --- 2o. - Banda de “moiré” azul orlada de carmezim, lançada do ombro direito para o
flanco esquerdo, tendo na parte inferior uma roseta vermelha, da qual pende a jóia formada por um compasso
aberto 45 graus, cruzado com um esquadro. A jóia tambem pode ser um triplo triângulo coroado.
O segundo, é um ritual do Grau de Aprendiz Maçom, editado em 1971, pela Grande Loja Nacional
Francesa, que é a única Obediência francesa reconhecida em todo o mundo, inclusive, evidentemente, pela
Grande Loja Unida da Inglaterra e pelas Grandes Lojas norte-americanas. Nesse ritual, impresso à rue
Christine de Pisan, 12, em Paris, pode-se ler, á página 1 --- Decoration de la Loge --- o seguinte:
La tenture des parois doit être en principe rouge. O que significa:

A tapeçaria (estofo, forro) das paredes deve ser principalmente vermelha.


Mais adiante, na mesma página, quando aborda o trono e o altar, o ritual especifica:
Au-dessus du trône est un dais rouge avec franges en or. O que significa:

Acima do trono há um dossel vermelho com franjas douradas.

E, para finalizar, uma instrução mais recente e também européia, em uma obra aprovada pelo Supremo
Consiglio del 33.: per l’Italia, reconhecido pelos demais Supremos Conselhos do mundo. Trata-se do livro “GLI
EMBLEMI ARALDICI DELLA MASSONERIA DI RITO SCOZZESE ANTICO ED ACCETTATO” (Os
Emblemas Heráldicos da Maçonaria do Rito Escocês Antigo e Aceito), editado em 1988, por Convivio-Nardini Editore,
de Firenze, e que traz o timbre do Supremo Conselho da Itália, para mostrar a procedência oficial.
A obra foi realizada sob a supervisão de Giordano Gamberini, que foi Grão-Mestre do Grande Oriente da
Itália, durante nove anos, e Membro Efetivo do Supremo Conselho do 33o. e Último Grau Escocês. O valor deste
maçom é destacado no seguinte trecho introdutório: “A competência e autoridade de Gamberini, nesse específico
terreno, é reconhecida e merecidamente apreciada, não só na Itália, mas em todo o mundo, a partir da cúpula da Grande
Loja Mãe da Inglaterra até ao Supremo Conselho “Mãe do Mundo”, da primeira jurisdição Escocesa dos Estados Unidos da
América”.
O texto referente aos emblemas heráldicos e aos paramentos dos 33 graus é de Gamberini e existe um
texto complementar de Giovanni Pica e Giovanni Ghinazzi, respectivamente Soberano Grande Comendador do
Rito Escocês do Palazzo Giustiniani e da Piazza del Gesú, que haviam passado, recentemente, para o Oriente
Eterno. Segundo o texto introdutório, os dois Irmãos participaram dessa obra, “não só para proporcionar ao leitor a
sua iluminada palavra de mestres e de iniciados, mas também para reafirmar, em seu nome, a unidade indissolúvel dos
universais princípios do Rito Escocês, independentemente de toda humana e profana dissensão no campo da realidade
contingente”.
Pois, neste livro, sobre emblemas heráldicos dos 33 graus escoceses, há uma parte complementar que
descreve os paramentos e jóias de cada grau. E, no de Mestre Maçom (Maestro Massone), há a seguinte descrição:
“Grembiale bianco foderato e orlato di rosso. Nel mezzo vi sono le lettere M.B. . Il gioiello è un triplice
triangolo coronato, attaccato al Cordone bleu con una rosetta rossa”. (os grifos são meus).
O que, vertido para o nosso vernáculo, significa:
“Avental branco forrado e orlado de vermelho. No centro estão as letras M.B. . A jóia é um tríplice
triângulo coroado, atado ao Cordão azul por uma roseta vermelha”
Esse é o uso, em Obediências regulares e reconhecidas e não é, como disse um “entendido” desentendido,
“coisa de Potência irregular, como o Grande Oriente da França e a Grande Loja da França”. Não! É de regulares,

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embora o conceito de regularidade, a meu ver, seja subjetivo e altamente discutível. Que argumento usarão os
que apenas “acham”, depois disso?

OBS. - Rituais e documentos aqui citados, estão à disposição de quem desejar examiná-los.

ADENDO:
A COR DO REAA

"Simbolo del trabajo, a que el masón está obligado por deber y por virtud así intelectual como
naturalmente, el mandil es la divisa que nos acompaña a través de todo el proceso de nuestra vida masónica, en
todas las ocasiones, em modesta o elevada jerarquia, em todo el pais y ante masones de cualquier rito. (...) La
primera condición es la de ser blanco, y blanco de absoluta nitidez. (...) La otra condición ineludible para que
este distintivo corresponda com justeza al propósito educador que la Orden se impone, es la de que sea de piel
blanca, y especialmente de piel de cordero. Ninguna otra sustancia, tal como seda, hilo, satín, puede sustituirlo
sin destruir su carácter emblemático, ya que el cordero es considerado como simbolo de inocencia. Así lo
estabelece nuestro ritual, y cabe agregar algunas particularidades que informen la homogeneidad del atributo
que nos ocupa.
El mandil de piel blanca debe tener un ancho de 35 a 40 centímetros por 30 a 35 de altura, unido a una
cinta también blanca, en el primer grado. Una orla de cinta roja de 3 a 4 centímetros da al mandil de 2º grado el
significado del celo y constancia com que el masón prosigue la senda de su perfeccionamento ; y la misma orla
y cinta roja con las iniciales M. B., constituirá el de Maestro". (os grifos são meus)
Cuadernos Docentes de la Gran Logia de Chile - Primer quadrimestre, Año 1992 - Primer Grado - pag. 50 e 51.

N.R.: Colaboração (por e-mail) do Ir.: Eidivino P.·. de Carvalho.·.

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A FREQÜÊNCIA AOS TRABALHOS


Ir.: Luís Carlos Brito (*)

As parábolas sempre ilustram com muita força e até com certa dramaticidade os ensinamentos morais. A
freqüência dos irmãos aos trabalhos é um dos itens constantes de todas as pautas das reuniões.
Há os que não vão aos trabalhos da oficina, porque acham que a mesma nada mais tem a lhes ensinar.
São os presunçosos. Se forem telhados, não sabem fazer o sinal de Aprendiz. Há os que não vão à Oficina
porque acham que as reuniões se tornaram desinteressantes e monótonas. Estes fazem parte daquele grande
grupo que entraram para a Maçonaria, mas a Maçonaria não entrou neles. Acham as reuniões desinteressantes
mais nada fazem para torná-las melhores. São os reformistas e críticos de palavras, nada fazem porque faltam-
lhes luzes para fazer, ou porque são egoístas, não querem dividir os seus conhecimentos, quando raramente
possuem algum, são os verdadeiros inoperantes da Ordem.
Os argumentos, de todos os grupos de faltosos, são extremamente frágeis e na realidade se baseiam,
também com a Maçonaria em três colunas, ou melhor, três ante-colunas: a ignorância, o desinteresse e o
perjúrio. Ser perjúrio não é somente quem revela os nossos segredos Iniciáticos, mas também é perjúrio aquele
que não cumpre com as obrigações contraídas para com a sublime Ordem no Cerimonial da Iniciação.
Outro dia encontramos um destes pseudo- irmão e perguntei-lhe: por que não tens mais ido à Loja? – ao
que ele me respondeu de pronto: para que, só para bater malhetes? – Então lhe repliquei: sabes o que significa
“bater malhetes”? – Ele se coçou todo, gaguejou, desculpou-se e escafedeu-se, deixando atrás de si a poeira
ofuscante da sua ignorância.
Aprendemos com um Mestre, a quem respeitamos e admiramos, uma parábola que vamos aqui tentar
reproduzir aos irmãos.
Londres, fria, úmida, nevoenta e cinzenta, havia num bairro um templo religioso, possivelmente
Anglicano, no qual pregava um mesmo pastor há mais de vinte anos. E os Londrinos, como os ingleses de um
modo geral, são extremamente tradicionalistas e naquele Templo, vinham fiéis das redondezas, sempre os
mesmos, sempre ocupando os mesmos lugares, a sucessão de cada semana e desta forma todos já se conheciam
pelos nomes conforme devem ser os Maçons em Loja.
Num certo final de semana, o pastor notou ausente, uma cadeira que estava vazia e era a cadeira de um
dos mais assíduos fiéis.
O pastor preocupou-se, mas passado o culto, o fato foi esquecido, absorvido que foi o pastor pelas suas
outras atividades.
15
Nova semana, novo culto, e novamente a mesma cadeira vazia, o pastor perguntou aos fiéis: alguém viu
o fulano, estaria doente, estaria acontecendo alguma coisa? – Ninguém soube responder.
Na semana seguinte o fato se repetiu pela terceira vez e o pastor, após o culto resolveu visitar o fiel.
Chegando lá, encontrou-o à beira da lareira, em frente ao fogo. Então o pastor lhe perguntou:
- Estás doente?
O fiel lhe respondeu:
- Não, estou muito bem de saúde.
E o pastor replicou:
- Estás com algum outro problema?
O fiel lhe respondeu:
- Não, não estou com problema nenhum, muito pelo contrário, estou muito bem:
Então o pastor lhe admoestou:
- Mas não tens ido mais ao culto...
Dito isso o fiel dirigindo-se ao pastor disse:
- Eu freqüento aquele culto há mais de vinte anos, sento naquela cadeira, efetuo as orações e
entôo os mesmos hinos, durante todo este tempo eu já aprendi tudo de culto, sei todo o livro do culto de cor.
Então eu acho que não preciso mais ir lá, por isso não estou indo.
Atônito, o pastor pensou um pouco, dirigiu-se à lareira, atiçou o fogo e de lá retirou a maior das brasas
que se encontrava na lareira, colocando-a sobre a saleira de mármore da janela, ante o olhar curioso do fiel.
A brasa, em questões de minutos, perdeu o brilho, se revestiu de uma túnica cinzenta, transformando-se
em carvão e cinza, fora do convívio com as outras brasas.
O fiel levantou-se colocando as mãos na cabeça, disse:
Por favor, homem para com isso, eu compreendi a lição.
Doravante não mais faltarei ao culto.
Tornando-se, a partir daquele dia, a cadeira, novamente ocupada.
Meus irmãos, os Maçons são como as brasas, para manterem a luz dos conhecimentos, o calor da
fraternidade e a chama do ideal, necessário é, que estejam no convívio permanente das outras brasas.
Não se faz Maçonaria fora do Templo. A Maçonaria que se pratica na vida profana é uma obrigação do
iniciado e é reativada a cada Sessão, como uma espécie de bateria que precisa ser recarregada.
Se algum irmão acha que nada mais tem aprender, então ele dever ter atingido a Gnose perfeita e é
chegado o momento dele começar a ensinar.

N.R.: Colaboração do Ir.: ROBERTO GOMES, da Grande Loja Symbólica do Rio de Janeiro.

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ABERTURA DO LIVRO DA LEI


- Salmo 133 ou Evangelho Segundo São João ?
Ir.: XICO TROLHA (*)

Essa pergunta costuma freqüentar a cabeça dos Irmãos, espalhados pelo Brasil – muito especialmente
no Brasil. Em que local devemos abrir o Livro da Lei, ou o Volume da Lei Sagrada? Em Salmos ou São João?
Entre nós, brasileiros, abre-se tanto num, como no outro, dependendo da Obediência a qual a Loja esteja
subordinada. Mas, qual o correto? Nós não vamos simplesmente dizer – este ou aquele. Vamos relatar um
histórico e depois os Irmãos tirarão suas próprias conclusões.
Até 1930, todas as Lojas brasileiras abriam o Livro da Lei, no nosso caso e Rito - a Bíblia - no Evangelho
São João; e se lia os versículos de 1 a 5. A partir dessa data, as Grandes Lojas Brasileiras passaram a abrir o Livro
da Lei no Salmo 133 – costume trazido da Grande Loja do Estado de Nova York (USA). De um determinado
tempo em diante, o Grande Oriente do Brasil, também, passou a imitar as Grandes Lojas e se pôs a abrir o Livro
da Lei Sagrada em Salmos – 133 ou 132, conforme a versão bíblica. Com a cisão acontecida em 1973, os Grandes
Orientes Independentes passaram ou continuaram a abrir o Livro no Salmo 133.
Após longos anos, numa cruzada iniciada por Theobaldo Varoli Filho, José Castellani, Assis Carvalho e
Hércule Spoladore, o Grande Oriente do Paraná, através de seu Grande Secretário de Liturgia e Ritualística,
Irm.: Antônio Dorival dos Santos, fez o retorno ao Evangelho de São João, versículos 1 a 5. E seria uma injustiça
citar apenas Antônio Dorival dos Santos – seu Grão-Mestre, Areli da Silva Corrêa, foi quem lhe deu carta branca
para trabalhar. E, assim, a partir de 1988, São João voltou aos Rituais do Grande Oriente do Paraná. Foram 15
anos de boa luta, onde prevaleceu a Tradição – os nossos Usos e Costumes.

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Mas, para responder às interrogações iniciais, ou pelo menos para colocar na mesa das opções, duas ou
mais opções, foi necessário uma busca mais aprofundada, mais minuciosa. E fomos bater às portas da Loja de
Pesquisas “QUATUOR CORONATI” e pedir arrêgo. E a “Quatuor Coronati” e seus membros, nos forneceram
grandes subsídios para este nosso trabalho.
Esses subsídios, com o beneplácito da “Quatuor Coronati”, é como um Selo de Garantia, de
autenticidade.
Para melhor entender o que se passa nesse campo da Pesquisa Maçônica é preciso nos enveredarmos
pelo caminho das interrogações. Alguém fez essas perguntas à “Quatuor Coronati”:
• (A) Perg.:Por que e quando o Livro da Lei Sagrada (Bíblia) veio fazer parte da Maçonaria?
• (B) Perg.: Como os Irmãos de outras religiões aceitam o Livro da Lei Sagrada, dos Cristãos?
São questões que parecem ter pouco significado, que nos parecem sinceramente desnecessárias. No
entanto, existe toda uma História, uma Tradição, entrelaçada a essas interrogações.
Se a Maçonaria não é uma Religião (e não é); se a Maçonaria se auto-proclama Universal (e é)...., por
que, então, adotar um Livro Sagrado como uma Peça Chave de seu Cerimonial – um livro pertencente a uma
facção religiosa? E, dentro desse Livro, cotejar uma determinada corrente?
Vamos às respostas dadas às duas perguntas acima – A e B.
“Não se sabe ao certo, por falta de elementos, de documentos, quando o “LIVRO DA LEI SAGRADA”, entrou
para a Maçonaria, o que se sabe é que, desde o primeiro, ou o mais antigo Documento “escrito” e conhecido sobre a
Maçonaria – O POEMA RÉGIUS (1390) – lá estava a primeira evidência do ‘Volume da Lei Sagrada’, na Maçonaria”.
• “E todos prestavam seus compromissos
De Maçons, sobre ele.
Estando eles, ora desejosos, ora
Relutantes...”
Está bem claro que em quase todas as 138 versões das “OLD CHARGES” – Antigas Obrigações – que os
Compromissos dos Maçons eram tomados sobre um “Livro Sagrado”. Muitas das “Old Charges” prescreviam a
maneira de como o Volume da Lei Sagrada, ou Livro Sagrado devia ser usado nas Cerimônias Maçônicas.
Embora o Documento Maçônico mais antigo date de 1356, a Old Charge mais antiga – O POEMA RÉGIUS –
data de 1390.
Outro dado muito importante para este tema é que o Rei Eduardo I, da Inglaterra, no ano de 1290,
baixou um Édito, expulsando todos os judeus, de toda Grã-Bretanha. Os judeus foram banidos de todo o Reino
Unido. E esse Édito só foi revogado em 1756 – portanto, após um longo período de 466 anos. Desde um século,
antes da Maçonaria Operativa até um século e meio após o início da Maçonaria Operativa; o que nos leva a
afirmar que – durante todo o período de formação da Maçonaria – os judeus estavam banidos da Inglaterra. Se
os judeus estavam banidos, o Velho Testamento, que é parte da História do Povo Judeu, também estava banido.
E que a cristianização da Maçonaria era feita através do NOVO TESTAMENTO. E dentre dos 4 Evangelhos que
compõem o Novo Testamento , o usado na Maçonaria inglesa, irlandesa, escocesa e galense, era o 4º Evangelho
escrito Segundo São João.
A Igreja Católica, até 1540, usava em seus Estudos os dois Livros – o Novo e o Velho Testamento – em
público somente o Novo. Depois da implantação da Igreja Anglicana, por Henrique VIII, nada mudou a esse
respeito.
São pequenos detalhes históricos que parecem sem importância; todavia, quando sabemos que a
Maçonaria - Especulativa e Operativa - nasceu, cresceu e floresceu na Inglaterra; que a Maçonaria Especulativa
que praticamos hoje está cheia, está impregnada de Hebraísmo; e, quando voltamos a pensar que o Hebraísmo
foi banido de toda a Grã-Bretanha – a partir de 1290 – verificamos que há qualquer coisa fora de lugar nessa
história.
Por quê? É sabido que a Bíblia é dividida em DOIS LIVROS, DUAS PARTES distintas – o Primeiro Livro
é conhecido como sendo o VELHO TESTAMENTO – onde é relatado a história, as lendas e os mitos do Povo
Judeu, assim como o Gênesi da Humanidade, segundo uma versão hebraica, onde está estruturada a nova e a
antiga religião do Povo de Israel; o Segundo Livro, composto dos quatro Evangelhos – São Marcos, São Mateus,
São Lucas e São João – Livros esses até hoje ainda não muito aceitos pela comunidade hebraica, por propagar a
Doutrina, Vida Paixão e Morte de Jesus Cristo – também conhecido como NOVO TESTAMENTO. Se os judeus
foram banidos da Inglaterra, quase um século antes do Advento da Maçonaria – se o Volume da Lei Sagrada -
hoje – é composto de DOIS LIVROS – um Judaico e um Cristão; se a Maçonaria desenvolveu-se primeiro na
Inglaterra e se os Maçons Primitivos adotaram um Livro da Lei, para os altares primitivos de suas Lojas – Qual
Livro da Lei adotaram? Não há como duvidar de que fosse o NOVO TESTAMENTO.
Ma aí ainda entra uma outra questão muito importante: até 1534, todas as duas partes – Velho e Novo
Testamento – eram manuscritos e em LATIM e GREGO clássicos – fruto dos Velhos Copista.

17
Se o Livro da Lei (Bíblia), hoje, impresso em corpo 8 ou 6, possui, aproximadamente, 1.500 páginas,
quantas páginas teriam, então, sendo manuscritas? Não saberia dizer, mas não seria menos de 10.000, portanto,
um volume descomunal. E com uma agravante muito importante: 95% dos Pedreiros (Maçons) daquele período
eram analfabetos; em seu idioma natal, não teriam condições, de espécie nunhuma, de lerem em Latim ou em
Grego. Resultado: para que um descomunal Livro desses sobre o Altar da Loja? Qual a sua finalidade?
Todos os Estatutos feitos até agora só encontraram evidências de que o Livro da Lei, usado na
Maçonaria Primitiva, era o 4º Evangelho (Segundo São João), daí a Maçonaria ter sido cognominada de
MAÇONARIA DE SÃO JOÃO, ou LOJAS DE SÃO JOÃO.
Abrindo o livro de Samuel Pritchard, publicado em 1730 (N.R.: “Masonry Dissected”), em uma parte
de seu catecismo, encontramos esta passagem:
1. Perg.: - FROM WHENCE CAME YOU? (DE ONDE VOCÊ VEM?);
2. Resp.: - FROM THE HOLY LODGE OF ST. JOHN’S (DE UMA LOJA CONSAGRADA A SÃO
JOÃO).
Em diversos outros documentos – manuscritos – anteriores a Samuel Pritchard, nós encontramos
sempre essa observação: “DE UMA LOJA CONSAGRADA (DEDICADA) A SÃO JOÃO. E, deduzindo que
sendo o Livro da Lei o Evangelho de São João – e não o Livro de Salmos de Davi – a parte que se lia era parte da
primeira página do Evangelho, onde estava escrito: “No começo era o VERBO, e o VERBO estava com Deus, e o
VERBO era Deus”. Não havia nem a necessidade de se ler. Era só decorar essas palavras, sem mistério algum.
São João não era e não é o Padroeiro da Inglaterra – o Padroeiro da Inglaterra era e ainda é SÃO JORGE.
São João não era o Padroeiro da Irlanda – o Padroeiro da Irlanda é SÃO PATRÍCIO.
São João não é o Padroeiro da Escócia – o Padroeiro da Escócia é SANTO ANDRÉ.
Portanto, São João era e é o Padroeiro da Maçonaria; o Volume da Lei Sagrada era o Evangelho Segundo São
João. Em Maçonaria, não é suficiente dizer EU ACHO; é preciso justificar com fatos os seus USOS E COSTUMES.

N.R.: Texto extraído do livro “A MAÇONARIA – Usos e Costumes”, volume 1 (1994), editado pela Editora
Maçônica “A TROLHA” Ltda.

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A ANTI-MAÇONARIA QUE VEM DO NORTE


Ir.: ANTÔNIO DO CARMO FERREIRA (*)

O doutor Peters, um sudestino das plagas do Paraná, a quem tive a felicidade de ser apresentado, em
Florianópolis, pelo Comendador José Carlos Pacheco, deixa uma obra inolvidável, que escreveu e publicou,
onde coloca seu profundo conhecimento a respeito da Ordem Maçônica, da qual era integrante e pela qual deu
provas de acendrado amor.
Escreveu ele, e pregava isto, que a Maçonaria deveria merecer de todos o maior respeito e acentuada
gratidão, por tudo que fez em prol da humanidade e em virtude do empenho a que se propõe em favor da
dignidade das pessoas, premissa maior de sua razão de existir.
Em seus ensinamentos, ressalta as injustiças e as calúnias levadas a efeito contra a Instituição, divulgadas
à mancheia, em livros e outros meios, cujas edições e autores teriam contado com o apoio confesso de grande
corporação religiosa e até de governos a ela obedientes, como se a Ordem Maçônica fosse um centro infernal,
desencaminhador de almas e desestruturador de governos.
O doutor Peters combate este surto difamador, em seus livros, com o antídoto do conhecimento, dos
instrumentos da história, e da verdade. As suas cobranças de respeito à Ordem e a honesta defesa que
apresenta, tenho a satisfação de transcrever, pinçando uma nesga de um de seus livros:
• Há um interesse geral das Igrejas cristãs em manter viva a tradição antimaçônica, para manter seus fiéis
longe da Maçonaria. A Maçonaria é uma ORDEM merecedora do respeito da sociedade, tanto por sua presença
marcante na história deste milênio, como por sua contribuição substantiva no avanço das liberdades individuais do
mundo ocidental. A Maçonaria, a par de seu lugar destacado na História, tem uma filosofia alicerçada em sólidos
princípios morais. A questão das atividades sociais reprováveis não resistiu à globalização do mundo moderno
deste final de século, dominado pelos órgãos de informação que nada deixam oculto ao conhecimento público. Isso
fez, felizmente, perderem sentido as tradicionais e infundadas acusações assacadas contra a Maçonaria, como a de
oposição à Igreja e ao Papado, eliminação de membros dissidentes, convênios com espíritos malignos, propósitos de
dominar o mundo etc. etc. Se houvesse algum foro de verdade na origem dessas calúnias tudo certamente já teria
sido revelado pelos repórteres e jornalistas sempre tão incansáveis em sua faina de esclarecer as dúvidas da
sociedade. Os detratores da Maçonaria não a conhecem o suficiente para poder julgá-la sem isenção de ânimo e
que, quando a condenam, o fazem sempre com terceiras intenções. Condenar sem motivos justos o que se não

18
conhece é uma atitude desleal e egoísta, totalmente contrária ao nobre sentimento de fraternidade humana que
tanto engrandece os que o têm ‘. (Ambrósio Peters, em Maçonaria História e Filosofia)
Conhecer esses ensinamentos do doutor Peters deve fazer parte da formação do mestre maçom, embora
este seu trabalho de tantos méritos tenha motivação em documentos de origem remota, digamos de dois
séculos, vindos sobretudo do mundo europeu, mas que, ainda hoje, alimentam difamadores na mediocridade
desses gestos.
Os homens que participam da Ordem Maçônica, na abertura deste século 21, todavia, encontram-se sob
uma pressão muito mais intensa que os IIr.: do início do século anterior, que padeceram das aleivosias
emergentes no velho mundo, a que o doutor Peters se referiu.
O caluniador hoje é muitas vezes mais potente, dispondo da mídia, da velocidade da comunicação e de
rios de dinheiro para custear esta sanha. Está em curso um movimento antimaçônico estruturado em moldes de
maior modernidade, com um corpo de missionários sediado no norte do novo mundo, integrado por dirigentes
religiosos da igreja predominante naquele país.
O mestre maçom que realmente desejar comprometer-se com a Ordem, deve ler o diagnóstico desse
“neoantimaçonismo”, apresentado, em livro, pelo respeitável pesquisador Descarte de Souza Teixeira,
sudestino de São Paulo, Iniciado maçom em 1962, e conhecedor da Maçonaria, como se esta fosse a palma de
sua mão.
Conclama aquele escritor todos os que amam a arte real e com ela têm compromisso a pesquisarem,
veloz e aprofundadamente, quem está por trás deste movimento e quais seriam os detalhes e o cronograma de
sua ação. O doutor Descarte documenta fartamente o seu trabalho, tornando-o respeitável e dotando-o da
melhor credibilidade. Não faz arrodeios, nem teme represália.É um maçom intimorato. Define o movimento,
mostra a partir de quando tomou intensidade, identifica a sua origem. E, num largo gesto de humildade, pede a
reflexão de todos sobre os mentores e alimentadores deste horrendo vírus que marcha em direção da
Maçonaria. O livro ANTIMAÇONARIA, GLESP, do doutor Descarte é rico neste diagnóstico, do qual
transcrevo o seguinte:
• Antimaçonaria, neologismo, ... que quer dizer... movimentos ou formas organizadas de oposição à Ordem
Maçônica... observados no fim do século XX, representados por ostensivas campanhas veiculadas na
mídia, respaldadas em poderosas organizações com muitos recursos... concentra atenção nos dias atuais,
nos EUA e no Brasil... não parte neste fim de século, de católicos mas de grupos evangélicos. O
crescimento da chamada neoantimaçonaria tem em 1985 uma data-chave, mas sua expansão, proliferação
de seu ativismo, vem sendo mais facilitada após 1995... há hoje muito dinheiro aplicado para difundir,
via Internet e por outras mídias, acusações infundadas, pueris, fantasiosas e intelectualmente desonestas
contra a Ordem. 1995 constituiu-se no ano do lançamento no Brasil de quatro obras antimaçônicas de
autores evangélicos americanos. Estimo que ao longo deste último decênio do século XX cerca de vinte e
cinco obras antimaçônicas foram editadas nos EUA, evidenciando o recrudescimento de posição latente
em algumas facções das sociedades modernas ou um novo fenômeno cujas origens precisam ser
entendidas por todos nós”.

O maçom sabe que a Ordem Maçônica não merece esta perseguição. Então por que tal acontece? Quem
está por trás desse movimento? Por que tanta estupidez? Participar da Maçonaria é ser um adepto da prática do
bem. Os maçons se reúnem, em Loja, para se estimularem reciprocamente na prática da virtude. Amar ao
próximo, como aliás foi uma recomendação de Cristo Jesus, é o cerne da formação do homem que ingressa na
Maçonaria e a escolhe como uma forma alternativa de sociabilidade. Para o melhor proveito, remetemos o leitor
ao diagnóstico do doutor Descartes de Souza Teixeira, um protestante batista, de sólida e vasta cultura, bacharel
em Direito e mestre na “Arte Real” (maçom), como na arte literária (admirável escritor).

(*) Presidente da ABIM

N.R.: Publicado no INFORMABIM –116, de 15/04/2004

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Adquirimos, recentemente, o “livrinho” intitulado “RELIGIÃO?! VOCÊ PRECISA TER UMA? Do Padre
Aloísio Guerra, editado pela Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda. Chamamos de “livrinho” devido ao seu
pequeno tamanho, feito em formato “de bolso”, com 120 páginas apenas,mas é na verdade um grande livro que,
sem nenhuma pretensão a crítico literário, sem tampouco conhecermos pessoalmente o autor, o recomendamos
devido à sinceridade de suas palavras, à honestidade de suas observações e à pureza de seu raciocínio.
Eis uma pequena apresentação do autor, muito sucinta, que transcrevemos do citado livro: “O Pe. Aloísio
Guerra nasceu em Sergipe no dia 7 de setembro de 1930. Cursou Filosofia e Teologia no Seminário Maior de Viamão, Rio
Grande do Sul, como aluno fundador. Foi ordenado sacerdote em 20 de dezembro de 1959. Em 1966, por motivos particulares,
solicitou à Sé Romana seu afastamento do exercício sacerdotal, tendo em 1986, sido recebido na Igreja Católica Ortodoxa
Antioquina. Foi então nomeado pároco para o Recife e Adjacências. Tem 4 livros publicados e mais de 800 artigos para jornais
do RS, PB e PE, tendo atuado como conferencista em diversas Faculdades e Sindicatos de SP, CE, PE, RJ e MG”.
Logo no início do livro, no capítulo intitulado “Religião e Religiosidade”, o Pe. Aloísio Guerra diz: “Para ser
um bom cristão não precisa, necessariamente, entrar para um religião, porque é mais importante SER uma pessoa religiosa
do que TER uma religião”. Começa assim e vai ao longo do livro fazendo observações, analisando comportamentos,
tecendo comentários muito claros e límpidos sobre a sua visão de religião e religiosidade.
Consegue transmitir, através de suas serenas palavras, a sua revolta, revolta talvez não, mas a sua tristeza
ou comedida indignação com a maneira de ser das grandes religiões, principalmente dessas que se formaram em
torno da figura de Jesus Cristo e de seus ensinamentos, considerando-se cada uma delas a verdadeira detentora e
intérprete das palavras do Mestre.
Ecumênico por excelência, o Pe. Aloísio Guerra defende o espaço de sobrevivência de todas as religiões,
todas, e afirma, de modo singelo, o que vez por outra escutamos da boca de pessoas simples nas ruas, no dia-a-dia:
“todos os caminhos levam a Deus”.
Dedica um capítulo à Maçonaria: “Religião e Maçonaria”, onde se honra por ter recebido, em 1998, das mãos
do Grão-Mestre do Grande Oriente de Pernambuco, o Irmão Antônio do Carmo Ferreira, a “Medalha do Mérito
Maçônico de Pernambuco”. E diz, lá no finalzinho do capítulo: “Se você, prezado leitor, é um homem de bem, acredita
em Deus, deseja fazer o bem e praticar a Fraternidade, na Maçonaria você terá campo para crescer. Se você procurar conhecê-
la, estudá-la, tenho certeza, terminará por amá-la. Pode até não se decidir se tornar um Maçom, mas ficará com a certeza de
que tudo que se diz de ruim da Maçonaria é uma deslavada mentira”.
Não sabemos se existem outros sacerdotes, principalmente da Igreja Católica, Romana ou não, que têm pela
nossa Instituição tamanho respeito e admiração, mas veio-nos à lembrança a figura do também padre, este
pertencente à Companhia de Jesus, Valério Alberton, lá do Rio Grande do Sul, que afirmou várias vezes que, caso
pudesse, seria Maçom. Escreveu muito sobre Maçonaria, sendo de sua autoria os livros “O Conceito de Deus na
Maçonaria” e “Maçonaria e Igreja Católica, Ontem, Hoje e Amanhã”, este último em parceria com os também
padres José A. Ferrer Benimelli e Giovanni Caprille, além de vários outros artigos sobre a Ordem Maçônica.
“Eunucos pelo Reino de Deus” é o título do livro da Drª Uta Hanke-Heinermann (“a maior teóloga do mundo,
atualmente”, segundo o Pe. Aloísio) publicado pela Editora Rosa dos Tempos e, entre outros, muito recomendado
pelo nosso Padre. Diz ele, baseado no que lera no citado livro: “O que diziam os teólogos romanos das mulheres é para
não se acreditar, não tivessem deixado por escrito tantas infâmias à dignidade da mulher”. Como sabemos, o assunto
“mulher” é ainda um tema polêmico na Ordem e o impedimento de elas pertencerem à Maçonaria dita “regular”,
determinado por um Landmarque anacrônico, o de nº18, daqueles ditos de Mackey, tem motivado posições
antagônicas acirradas que levam por vezes a serem escritas “preciosidades” como as que se seguem, publicadas
em uma revista maçônica paulistana, cujos nomes (da revista e do autor) reservamo-nos o direito de preservar:
“A mulher não tem a próstata (uma glândula seminal, própria do homem) de poder criador e de função indispensável
no KUNDALINI (o fogo serpentino dos Indus, ou seja a energia sexual criadora que fecunda a matriz ou o seio, o mesmo que
os órgãos de fecundação da mulher, esse mesmo KUNDALINI, ou seja a energia sexual, é o elemento que sobe para suprir as
células cerebrais, através de seus neurônios sensitivos, quando o homem se concentra ou desprende energia mental. Vejam IIr.:
a importância do que se segue: A MULHER quando se concentra, também desprende a energia mental e essa vai toda
impregnada da qualidade de sua natureza sexual passiva, sujeita às influências de seu catamênio (regras), por força das quatro
fases da lua a que está ela sujeita.

20
Somente este último informe, referente às contaminações vibratórias, já seriam mais que suficientes para justificar o
impedimento à mulher dentro de uma Loja Maçônica, que, movimentando campos de forças magnéticas imponderáveis, seria
danificado, somente pela presença, sem contar que, após o ingresso, iriam elas pleitear a direção, o comando”. (Este trecho foi
transcrito ‘ipsis litteris’, sem alterar nada, nem uma vírgula sequer, parecendo-nos até que faltou um fechamento
de parênctesis em algum lugar do período).
Puxa vida! Nem seria bom ter esse tipo de ser (a mulher) por perto, dentro de nossos lares. Mãe, esposa,
filhas... seriam..., seriam..., bem ... deixemos aos Irmãos leitores as reflexões acerca dessas mediévicas ponderações,
no mínimo, digamos, “corajosas”.
Bem, meus Irmãos, eis aí algumas observações rápidas sobre esse pequeno grande livro do “Santo” Pe.
Aloísio Guerra. “Santo”? Explicamos o porquê do “Santo”. Ao longo do livro, o autor chama várias grandes
figura dotadas de religiosidade de Santo, não necessariamente aquelas canonizadas pela Igreja Romana. Então
temos, segundo o Pe. Aloísio Guerra, o Santo Huberto Rohden, Santo Gandhi, Santo Chico Xavier e outros nem
tão conhecidos, mas que, no conceito do Pe. Aloísio, são merecedores do termo.
Ah!, já íamos nos esquecendo, em um dos capítulos, querendo citar um ponto comum entre as religiões
ditas cristãs, o Pe. Aloísio narra a estória, ou piada, como queiram, de alguém que resolvera visitar um hospital
para doentes mentais. Acompanhado do diretor do manicômio, o visitante observou com atenção as suas
dependências, sua estrutura e os pacientes ali internados. Ao final da visita, demonstrando alguma preocupação
quanto à sua segurança pessoal com relação aos doentes, indagou ao diretor se não haveria o risco de eles se
unirem e tentarem atacá-los e agredi-los fisicamente. O diretor respondeu-lhe que não, que ficasse tranqüilo, não
haveria esse perigo pois “os loucos nunca se unem”. Interessante, não? Teria sido uma indireta para nós, maçons?
Claro que não! Padre Aloísio nos tem em alta conta. Mas a carapuça encaixa direitinho, não?
Finalizando, tornamos a sugerir: leiam esse “livrinho”; vale a pena.

(*) Pertencente ao quadro da ARLS RENASCIMENTO nº 08.

Alfredo P. Cunha
Cirurgião Dentista – CRO 4679
Dr. Wagner Buono
Glaicy M. Cunha Ginecologista e Obstetra
CRM 52.27620-8
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21
HISTÓRIA PURA
HISTÓRIA DA ARLS PIONEIROS DO CABO
Ir∴ Humberto Bertola, MI (*)

Durante muitos anos, conhecia-se, na região, somente a Loja Maçônica Amizade Fraternal II, sediada na
Cidade de Cabo Frio, a qual acolhia os maçons residentes em Cabo Frio e os municípios adjacentes, bem como
os que passavam pela região e sentiam o desejo de assistir aos trabalhos desenvolvidos pelos maçons da Região
dos Lagos.
Tudo começou no final da década de 60. Havia, em Arraial do Cabo – então distrito de Cabo Frio – um
grupo de maçons e no coração deles fervilhava o desejo de fundar uma Loja Maçônica nesta cidade.
O movimento foi encabeçado pelo Pastor Paulo Mainhard; sim, o Irmão Mainhard era Pastor da 1ª Igreja
Batista de Arraial do Cabo. Logo, vieram as adversidades, refletidas por idéias contrárias ao seu ideal. Mas o
Irmão Mainhard manteve-se firme no seu propósito, mesmo diante de fortes oposições eclesiásticas.
O maçom é assim: não recua quando o caminho é matizado pela honra, pela dignidade e pela luz que
rompe as trevas. O maçom sempre se impôs pela sua firmeza, pela sua determinação, pela sua coragem, desde
os tempos em que a Maçonaria empunhava a Bandeira pró-independência do Brasil. Desde os tempos em que a
Ordem Maçônica determinou que se cortasse os elos das correntes que cerceavam a liberdade dos negros neste
país.
O Pastor Paulo Mainhard, não fugiu à regra de bravura e de determinação que norteia os atos do homem
maçom, e com a sua habilidade arregimentou outras pessoas e fortaleceu a idéia de se fundar a Loja, a
PIONEIROS DO CABO. Tudo isso, enfrentando, como um guerreiro, as forças que se lhe opunham, as forças
que se lhe oprimiam, pois a causa era nobre, de justiça e de direito.
Assim, o Pastor Paulo Mainhard conseguiu reunir treze pessoas com o mesmo propósito, com o mesmo
ideal, e assumiu a liderança desse grupo. Eis os nomes dos precursores maçons desta cidade e, por conseguinte,
fundadores da Loja Pioneiros do Cabo: Pastor PAULO MAINHARD, MODESTO DE CARVALHO,
FRANCISCO GIMENES CALDERIM, JOSÉ CAMPANATE, WALMIR GUERSON DE MEDEIROS, JAIR
MENDES, THEODORICO COELHO DE OLIVEIRA, JOSÉ NETO DO VALLE, WILSON SIMAS DE
MENDONÇA, JOELCIO LUIZ SOARES, JOAQUIM MARTINS FIALHO JÚNIOR, JOSÉ RIBEIRO DA SILVA e
CELSO EMERICH DO ESPÍRITO SANTO.
O grupo estava coeso, determinado; com isso, no dia 19 de abril de 1970, reuniram-se os treze Irmãos na
residência do Pastor Mainhard e formalizaram a fundação desta Loja Maçônica em Arraial do Cabo, elegendo,
na oportunidade, a sua primeira diretoria, assim constituída:

 Presidente: PAULO MAINHARD;


 1º vice-presidente: MODESTO DE CARVALHO;
 2º vice-presidente: JAIR MENDES;
 Orador: FRANCISCO GIMENEZ CALDERIM;
 Secretário: JOELCIO LUIZ SOARES;
 Tesoureiro: WALMIR GUERSON DE MEDEIROS;
 Chancelaria: JOSÉ NETO DO VALLE;
 Mestre de Cerimônias: JOSÉ CAMPANATE.

Na ocasião, ficou também acordado que as reuniões seguintes seriam realizadas quinzenalmente, às
segundas-feiras, na residência do Pastor Paulo Mainhard, até que se conseguisse um local para instalar a sede
da Loja. Todo esse registro consta da Ata da Sessão nº 01. Nas reuniões seguintes, os assuntos versaram sobre a
concretização dos atos organizacionais da Loja.
Na sétima reunião, porém, realizada em três de agosto de mil novecentos e setenta, foi escolhido o nome
da Loja: o Irmão Jair Mendes propôs denominá-la PIONEIROS DO CABO e o Irmão José Campanate propôs
intitulá-la VIGILANTES DO CABO; colocadas as propostas em votação, prevaleceu a proposta do Irmão Jair
Mendes, passando a nova Loja a denomInar-se AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA MAÇÔNICA PIONEIROS
DO CABO .
As reuniões obedeciam o cronograma pré-estabelecido e, durante dois anos, os membros da Loja se
mantiveram firmes no propósito de amealhar recursos para iniciar as obras de construção da sede da recém

22
fundada Loja, num terreno cedido pela Prefeitura. Enquanto isso, o grupo crescia mais e mais, em face de novas
admissões ao quadro de obreiros maçons, que vinham transferidos de outras co-irmãs.
Em dezesseis de setembro de mil novecentos e setenta e dois, reunindo-se ainda na residência do Pastor
Paulo Mainhard, foi realizada a Sessão Magna de Instalação da Loja, devidamente reconhecida pelo Grande
Oriente do Brasil, por meio da Carta Constitutiva, expedida sob o nº de registro 1821.
Há que se destacar que o Mestre Instalado que presidiu aquela sessão foi o honorável Irmão Nicola
Aslan, homem dedicado à Maçonaria e autor de uma verdadeira biblioteca maçônica. Contando-se, ainda, com
a presença de valiosos Irmãos das Lojas AMIZADE FRATERNAL II, UNIÃO ITALVENSE, ALVORADA Nº33
entre outras.
Em dois de dezembro de mil novecentos e setenta e dois, a Loja Pioneiros do Cabo, reuniu-se no Templo
da Loja União Italvense, em Italva, para uma Sessão Magna de Iniciação de seis novos membros, a saber: Abner
Francisco da Silva, Antônio de Almeida, Antônio Viana Filho, Edésio Lopes dos Santos, Eisenhower Dias
Mariano e Valdemar Simões.
No ano seguinte, foram iniciadas as obras de construção do Templo, tendo o mesmo sido sagrado em 18
de junho de 1981, quase dez anos após o início da construção. Pode-se destacar como um grande colaborador
para a Loja alcançar os seus objetivos, no que concerne a obra do Templo, o atual Prefeito da cidade de Arraial
do Cabo, Dr. Henrique Melmann.
Apesar da Loja Pioneiros do Cabo nunca ter feito alarde de suas realizações, trabalhando sempre no
anonimato, é importante que se comente sua decisiva atuação no movimento de emancipação de Arraial do
Cabo.
Destacaram-se , então, nesse movimento, vários Irmãos da qualidade de Abiud Alves de Andrade e José
Gomes Talarico (então, líder do Governo na Assembléia Estadual Legislativa). Na época, estes dois Irmãos
convenceram vários outros maçons que exerciam funções proeminentes na estrutura governamental a irem, em
comitiva, ao Palácio Guanabara para solicitar o empenho político do então Governador do Estado, Leonel de
Moura Brizola, no processo de emancipação do Arraial do Cabo.
O Governador, percebendo a força da Maçonaria ali representada, prometeu determinar que a bancada
do governo “fechasse” em torno do projeto de emancipação. Assim, Arraial do Cabo tornou-se um novo
município, em 13 de maio de 1988, graças à participação decisiva dos membros desta Loja e de outros maçons
de Lojas da Capital deste Estado.

(*) Baseado no trabalho de pesquisas apresentado por este Irmão, por ocasião da comemoração do aniversário de 34 anos
de fundação da Loja.

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Aflições provindas de cruéis indecisões, imaturidades, fugas e desesperos que levam ao suicídio ou
às drogas, na adolescência e mesmo na vida adulta, têm sua origem na ausência de experiências que
construíssem na infância os sentimentos que formam a maturidade. Expliquemo-nos.
Na orientação religiosa, por exemplo, alguém que apenas ouviu para simplesmente decorar – muitas
vezes sem entender e também porque não recebeu explicações que o fizessem compreender - , como
poderá sair-se de uma situação difícil ou enfrentar os embates existenciais sem apelar para a violência, as
drogas e até para o suicídio? Falta-lhe o essencial, a base construída no afeto, nos sentimentos das
experiências vividas.
Isto não é apenas na questão religiosa. A construção da honestidade, da ética, do dever, do respeito
ao próximo, da solidariedade, entre outras virtudes, é feita a partir de experiências vividas e não somente
de teorias. O exemplo dos pais e educadores, a convivência com situações que ensejem experimentar esses
valores é que marcam definitivamente a personalidade do futuro adulto seguro de si mesmo. Não há
dúvida que os filhos já trazem uma bagagem do passado, mas é evidente que cabe aos pais incutir hábitos
saudáveis que irão, inclusive, compensar eventuais tendências negativas de que sejam portadores.
Pais que socorram necessitados, com os filhos ou à frente deles, estão a lhes demonstrar o valor do
amor ao próximo; instituições religiosas que estimulem o debate das idéias estão construindo pessoas que
enxergam o cotidiano com a visão do bom senso; familiares que exemplificam a honestidade estão a
ensiná-la às suas crianças. Ao mesmo tempo famílias que valorizam a religião, encarando-a com a
seriedade e responsabilidade de conduta que caracteriza o comportamento cristão, estão a formar cidadãos
conscientes e responsáveis. Há milhões de outros exemplos...
O fato é que toda teoria moral é bela, mas é a prática que forma a consciência. Por esta única razão é
que pais, educadores, administradores, autoridades e lideranças – inclusive religiosas – devem estimular e
favorecer a construção desses valores através de experiências reais. Para jovens e crianças. É a única
maneira de transformar o planeta.
Esta a razão pela qual o Espiritismo, estimulando o estudo aliado ao aprimoramento moral pelo
esforço diário do adepto – do qual a consciência é o único juiz - , inspira atividades diversas de integração
para todas as idades, de socorro aos necessitados e indica que é muito grande a responsabilidade dos pais
na formação moral dos filhos. E nesta formação, mais do que levar os filhos ao templo religioso – seja de
que crença for – é ir com eles e, ainda mais: viver em família os ensinos da religião. Inclusive através do
diálogo sobre as questões fundamentais da vida humana: quem sou? De onde vim? Para onde vou? Que
faço aqui? Qual a finalidade de viver?

Publicado no boletim semanal “SEI”, nº 1846 (16/08/2003)

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Direção Ir ∴ Wilson Santos - Loja Adonai 1377 - GOERJ


24
BIOGRAFIA DO MÊS
BENITO JUAREZ

Pablo Benítez Juarez nasceu ao ar livre, sem que sua mãe, Búgida Garcia, tivesse qualquer tipo de ajuda.
Como seu marido – Marcelino Juarez – a mãe de Benito Juarez era índia pura, da grande nação dos
ZAPOTECAS. O casal habitava a Aldeia de San Pablo Gueletão, nas montanhas, próximo a Oaxaca.
Consta que, no dia seguinte ao nascimento do garoto, seu pai o levou para uma Aldeia próxima – Santo
Tomás IXTLAN – onde o menino foi batizado e teve seu nome inscrito no Livro da Vida (da Paróquia). Os padrinhos
do garoto foram seus avós paternos, Pedro Juarez e a mulher de um irmão de Búgida – Apolônia Garcia.
No dia em que Juarez nasceu (21 de março de 1806), San Pablo de Gueletão não passava de um pequeno
agrupamento de casebres. Não possuía nem Igreja e nem Escola.
É importante contar uma boa parte da vida desse Índio espetacular que, em que pese sua condição tão
humilde, de nascimento, conseguiu chegar a Presidente dos Estados Unidos Mexicano. De pastor de ovelhas, ele
estudou e tornou-se advogado. De advogado, foi eleito Deputado e chegou ao mais alto posto de sua amada Pátria.

Benito Juarez – Maçom

No vetusto e austero local que fora outrora utilizado como capela, por D. Carlota, Embaixatriz do México,
no Palácio dos Vice-Reis, apresentava na noite de 15 de janeiro de 1847, um aspecto inusitado.
A disposição do mobiliário apresentava aspectos extraordinários. Três estrados foram colocados: um no
Oriente, outro no Ocidente e o terceiro no Meio-Dia; dominavam outras tantas partes do Salão nas quais haviam
sido colocadas mesas e assentos laterais para receber uma extraordinária Assembléia; extraordinária pela
qualidade intelectual, política e social de seus membros, que vinham assistir uma estranha cerimônia da
Augusta Instituição Maçônica.
A insólita existência de dois pedestais na parte central do Salão e, sobre esses pedestais, um estrado e
sobre esse estrado havia: um Esquadro, um Compasso, um exemplar da Constituição Mexicana que, dez anos
depois, 5 de fevereiro de 1857, seria substituída. Um turíbulo fumegante e aromático e alguns outros
instrumentos e ferramentas próprios de trabalhadores em construção, indicavam claramente, aos “Iniciados”,
que uma Cerimônia importante seria levada a efeito nessa noite.
Mas quem seria o Candidato à Iniciação? Quem merecia as honras de ser o ator principal daquela
cerimônia que, por si só, dignificava o recinto onde ia realizar-se? Quem seria o Neófito a receber a Luz da
Verdade, pela primeira vez em sua vida maçônica? Luz que irradiaria até os mais remotos confins da Pátria,
fazendo estremecer o mundo inteiro iluminando campos e montanhas com a luz cegante de seus raios abatendo
a serpente tricéfala – A Ignorância – O Fanatismo e A Ambição?
No local destinado improvisadamente para servir de “Câmara de Reflexões”, estava um homem de meia
idade – andava pela quarta década de sua existência.
Esse homem, de origem humilde, tez escura, aspecto severo, que esperava pacientemente o momento de
ser admitido nos mistérios da Iniciação Maçônica, era o Deputado Benito Juárez.
Assim como a chama da vela que iluminava o papel triangular, colocado sobre a pequena mesa, parecia
elevar-se e cobrar brios em sua luta contra as trevas do reduzido recinto, ao refletir nos rotundos conceitos de
Juarez, candidato a APRENDIZ MAÇOM, a chama que ilumina a mente desse novo Maçom se agigantaria e
iluminaria as grutas escuras do obscurantismo, como uma nova fogueira bíblica.
A ARLS “INDEPENDÊNCIA” Nº 2 – do Rito Nacional Mexicano, sob o malhete do Venerável Irmão
VALENTIM GOMES FARIAS, abriu seus trabalhos... o tempo passou...
O Aprendiz Maçom, Benito Juarez, já havia conhecido e feito uso de diversas ferramentas simbólicas da
Ordem Maçônica; já havia trocado o Esquadro pelo Compasso; já ostentava o Avental do 3º Grau da Maçonaria e,
também, já fora eleito, pelo povo mexicano, para o mais alto cargo da República – o de Primeiro Magistrado da Nação.
E, não obstante encontrar-se às voltas com os problemas e dificuldades que caracterizaram uma das épocas
mais turbulentas da história do México Independente, do jovem país que apenas vislumbrava o glorioso papel que o
destino lhe reservara, o Mestre Maçom Benito Juarez assistia regularmente e pontualmente os trabalhos de sua Loja.
Ele percorria, invariavelmente a pé, desde sua residência até sua Loja, sem nenhuma escolta ou segurança a não ser
Camilo, seu fiel amigo – índio zapoteca – a quem professava um profundo carinho, amplamente correspondido.
A chegada do Ir.: Benito ao Templo não causava nenhuma alteração; não havia exclamações alvoroçadas
de “aqui está o Presidente da República!” Ele entregava a capa e o chapéu ao índio Camilo, entrava no Templo
de sua Loja e ali saudava afavelmente os Iir.: presentes, colocava seu Avental e o Colar, pegava a Espada que,
simbolicamente, servia para defender a porta do Templo, pois o Ir.: Benito Juarez era o GUARDA DO TEMPLO
de sua Loja , cargo que desempenhava com toda responsabilidade. Ele havia recusado o cargo de Venerável (às

25
vezes, nós vemos a vaidade predominando na Ordem, na disputa de cargos e honrarias); Benito Juarez se
contentava em ser o Cobridor da Loja. Essa era a marca do caráter desse homem, desse Maçom.
Um dos muitos generais que encabeçavam, esporadicamente, rebeliões contra o governo constituído, que
Juarez presidia, havia sido capturado quando combatia e trazido para a capital como prisioneiro e submetido a
Conselho de Guerra, sendo condenado à pena de morte e seria executado ao amanhecer do dia seguinte.
Na véspera, Benito Juarez assiste, como de costume, os trabalhos de sua Loja. Ocupa, como sempre, o seu
cargo de Cobridor. O ambiente nesta noite, habitualmente tranqüilo, está eletrizado, de profunda excitação,
devido aos acontecimentos políticos que culminariam com o fuzilamento do general prisioneiro, ao amanhecer.
Três Mestres Maçons pedem ao Venerável para que os trabalhos daquela noite tomem força e vigor em
Câmara do Meio. Vários Iir.: reforçam o pedido. O Venerável defere o pedido.
Com um só golpe de malhete, tomam “força e vigor” os trabalhos da Câmara do Meio. Os Iirr.: que
solicitaram a transformação explicam seus motivos. Tarefa difícil, pois se trata de pedir a comutação da Pena
Capital imposta pelo Tribunal Militar ao general cabeça da Rebelião, quando já haviam fracassado todas as
gestões efetuadas pelos mais significativos setores políticos e sociais da Capital; recursos de amizades,
parentescos, companheirismo, tudo em vão. A marcha inexorável do tempo e os ditames da Justiça já
aproximavam dos umbrais de onde se encontrava o condenado. As ordens militares estavam ditadas. Os
dispositivos para a execução foram cuidadosamente revisados.
Só um homem poderia comutar a pena do sentenciado; só um funcionário tem o poder de salvar-lhe a
vida. Esse homem é o Ir.: Benito Juarez. Mas esse homem está sentado tranqüilamente do lado direito da porta
que dá entrada no Templo, ocupando seu posto em Loja. Lá fora, no Átrio da Loja, juntamente com sua
indumentária profana ele deixou sua alta função de Presidente da República. Escuta atentamente o pedido de
clemência, a petição formulada por seus Iir.: e, como se fosse uma estátua, nem um músculo de seu rosto se
move, se contrai.
Os IIr.: 1º e 2º Vigilantes, reforçam a petição dos três Mestres. O Ir.: Orador dá suas conclusões, falando
sobre a inviolabilidade da vida humana como sendo um dos postulados que estruturam a filosofia da Doutrina
Maçônica – e, portanto, pede, em nome do povo maçônico, ao Ir.: Juarez que perdoe a vida do réu.
O Ir.: Juarez se põem de pé. A estátua se anima...! Levanta a mão e pede a palavra ao seu Vigilante. A
palavra lhe é concedida de imediato. Expectativa. Silêncio angustioso, mortal. A estátua, não somente se
movimenta, como vai falar. “O Mestre Maçom, Benito Juarez, principia dizendo : - “Se sente honrado em
pertencer à Augusta Instituição Maçônica. E é membro ativo da Loja Independência nº 2 e é seu Guarda Interno
do Templo. Porém, não tem faculdade para conceder a vida a um cidadão que foi legalmente condenado à
morte e pede permissão para Cobrir o Templo definitivamente”.
Desilusão total! Desencanto! Desesperação! “O senhor Presidente da República, entretanto – continua
Juarez – encarregado do Poder Executivo da Nação, os espera em seu gabinete de trabalho no Palácio do
Governo, dentro de uma hora e verá se, dentro das faculdades que a lei lhe concede, poderá ser poupada a vida
que solicitais”.
Uma hora mais tarde, no uso das prerrogativas de que estava investido, concede a vida ao rebelde, como
uma graça de sua Loja Mãe. Mais uma vez a inviolabilidade da vida humana foi respeitada pelos MMaç.: , que,
vêem na mesma, um desígnio do GADU e que a ninguém é permitido destruir.
Que o exemplo dado pelo Ir. Benito Juarez seja semente lançada em terra fértil para que a humanidade
tenha dias mais felizes e mais tranqüilos.
Benito conseguiu, com sua fleugma de Índio incorruptível, ser respeitado pela grande Nação do Norte –
mesmo inimigo em potencial.

Fonte: Retirada do livro “A MAÇONARIA – Usos & Costumes,”, volume 1, publicado pela Editora Maçônica “A TROLHA”
Ltda (1994)

AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA SIMBÓLICA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS DO


ESTADO DO RIO DE JANEIRO “NICOLA ASLAN”

(Fundada em 25/08/1995)
LOJA ITINERANTE
Reuniões trimestrais (meses de : Março, Junho, Setembro e Dezembro)

26
O Nosso Planeta
LENÇÓIS FREÁTICOS EM DECLÍNIO NA CHINA
PODERÃO BREVEMENTE CAUSAR ELEVAÇÃO
MUNDIAL NOS PREÇOS DOS ALIMENTOS
Lester R. Brown

Em 1999, o lençol freático sob Beijing caiu 2,5 metros. Desde 1965, o
lençol freático sob a cidade caiu cerca de 59 metros, alertando os líderes
chineses para a escassez futura à medida que os aqüíferos do país são
exauridos.
Hidrologicamente, existem duas Chinas – a do sul, úmida, que inclui a
bacia do Rio Yangtzé e tudo ao sul dela, e a do norte, que inclui toda a
região ao norte da bacia do Yangtzé. O sul, com 700 milhões de habitantes,
possui um terço da área agrícola da nação e 4/5 de sua água. O norte, com
550 milhões de habitantes, possui 2/3 da área agrícola e 1/5 da água. A
água por hectare de terra agrícola no norte é 1/8 da água do sul.
A região norte do país está secando à medida que a demanda hídrica
ultrapassa a oferta. Lençóis caem. Poços estão secando. Cursos d’água
estão se exaurindo e rios e lagos desaparecendo. Abaixo da Planície Norte,
uma região que se estende do norte de Xangai até o norte de Beijing e que
produz 40% dos grãos, o lençol freático está caindo a uma taxa média de
1,5 metros por ano.
Os fazendeiros do norte enfrentam perdas de água de irrigação tanto pela exaustão dos aqüíferos quanto
pelo desvio da água para as cidades e indústrias. De hoje a 2010, quando a população da China deverá ter
crescido em 126 milhões, o Banco Mundial prevê que a demanda urbana de água aumentará de 50 bilhões de
metros cúbicos para 80 bilhões, um crescimento de 60%. A demanda industrial, entretanto, está projetada para
aumentar de 127 bilhões de metros cúbicos para 206 bilhões, uma expansão de 62 por cento. Na maior pare da
região norte, essa demanda crescente por água só poderá ser atendida através do desvio da água de irrigação.
Tudo que acontece com a água de irrigação afeta diretamente as perspectivas agrícolas da China. Enquanto
menos de 15% da produção americana de grãos provém de terras irrigadas, na China isto chega a quase 70%.
Na disputa pela água entre cidades, indústrias e agricultura, a análise econômica não favorece a
agricultura. Na China, mil toneladas de água produzem uma tonelada de trigo, valendo talvez US$200. A
mesma água utilizada na indústria ampliará a produção em US$14.000 – 70 vezes mais. Num país que busca
desesperadamente o crescimento econômico e, mais ainda, os empregos que gera, o ganho no desvio da água da
agricultura para a indústria é óbvio.
O Rio Amarelo, o mais setentrional entre os dois maiores rios, está superexplorado. Após fulir
ininterruptamente por milhares de anos, este berço da civilização chinesa secou em 1972, deixando de chegar ao
mar durante cerca de 15 dias. Nos anos seguintes, secou alternadamente até 1985. Desde então, tem secado
durante parte de cada ano. Em 1997, um ano de seca, o Rio Amarelo deixou de alcançar o mar durante 226 dias.
Na realidade, durante a maior parte de 1997, ele não chegou à Província de Shandong, a última das oito
que atravessa em direção ao mar. Shandong, que produz 1/5 do milho da China e 1/7 do trigo, é mais
importante para a China do que os estados de Iowa e Kansas são, juntos, para os EUA. Metade da água de
irrigação da província vinha do Rio Amarelo, todavia este suprimento está agora diminuindo. A outra metade
vem de um aqüífero que está caindo 1,5 metros por ano.
Enquanto mais e mais água é desviada para a indústria e cidades a montante, menos resta a jusante. Beijing
está permitindo que as províncias assoladas pela pobreza rio acima desviem água para seu desenvolvimento
em detrimento da agricultura nas partes baixas da bacia.
Entre centenas de projetos para desviar água do Rio Amarelo, há na cabeceira um canal que já leva água para Hohhot,
a capital da Mongólia Central, desde o final de 2003. Essa água adicional ajudará a atender às necessidades
urbanas crescentes, como também das indústrias em expansão, inclusive da importante indústria de lã que é
suprida pelo imenso rebanho ovino da região. Outro canal desviará água para Taiyuan, capital da província de
Xangai, uma cidade com cerca de 4 milhões de habitantes que recentemente se viu forçada a racionar água.
A pressão crescente sobre o Rio Amarelo significa que um dia ele não mais chegará à Província de
Shandong, privando-a de aproximadamente metade de sua água de irrigação. A perspectiva de importação

27
maciça de grãos e a crescente dependência do grão norte-americano, em particular, causa grande inquietação
aos líderes políticos em Beijing .
Imediatamente ao norte da bacia do Rio Amarelo está a bacia do Rio Hai, com mais de 100 milhões de
pessoas, que inclui Beijing e Tianjin, ambos grandes centros industriais. O consumo de água da bacia
atualmente totaliza 55 bilhões de metros cúbicos ao ano, enquanto o suprimento sustentável totaliza apenas 34
bilhões de metros cúbicos. Este déficit anual de 21 bilhões de metros cúbicos está sendo atendido em grande
parte pela extração de água subterrânea – através de bombeamento excessivo. Logo que o aqüífero esteja
exaurido, o bombeamento da água naturalmente cairá para o rendimento sustentável, reduzindo o suprimento
em quase 40%. Considerando o rápido crescimento urbano e industrial na região, a agricultura irrigada na bacia
poderá praticamente desaparecer até 2010, forçando um retorno para uma agricultura menos produtiva,
alimentada por chuva.
Enquanto isso, com a economia da China se expandindo a uma taxa anual de 7%, sua população crescendo
em 12 milhões de pessoas por ano e os chineses comendo mais carne alimentada por grãos, a necessidade
nacional de grãos continuará a crescer. Isto, coincidindo com a queda na produção de grãos nas principais
regiões produtoras, decorrente da maior escassez de água, poderá transformar a China rapidamente no
principal importador mundial de grãos, ultrapassando até mesmo o Japão (N.R.: e isto é muito bom para o
Brasil).
A escassez de água poderá ser amenizada através de um uso mais eficiente, porém na China isto não é
simples. Um documento recente de estratégia governamental mostra que isso significa elevar os preços da água
para um nível “adequado”, mais próximo do valor de mercado. Para Beijing, esta opção é cheia de riscos
políticos, pois a reação pública à elevação dos preços da água na China é semelhante a da elevação dos preços
da gasolina nos Estados Unidos.
A China não está sozinha nesse confronto com a escassez da água. Em outros países também a escassez da
água está elevando as importações de grãos, ou ameaçando fazê-lo: Índia, Paquistão, Irã, Egito, México e muitos
outros países menores. Porém, apenas a China – com cerca de 1,3 bilhões de habitantes, uma economia em
ritmo acelerado e um superávit comercial de mais de US$ 40 bilhões com os Estados Unidos - tem o potencial
de perturbar os mercados mundiais de grãos.
Em resumo, a queda dos lençóis freáticos na China poderão significar, em breve, a elevação mundial dos
preços dos alimentos.

Fonte: ÁGUA ONLINE.

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28 e-mail: javs@levendula.com.br
DEPOIMENTO
O velho e mau Imposto de Renda
Osiris Lopes Filho

Encerrou-se no fim de abril a sofrida ritualística de apresentação da declaração do Imposto de Renda das
pessoas físicas. O velho Imposto de Renda aumentou os seus tentáculos sugadores sobre as parcas
disponibilidades do povo brasileiro. Não é mais tributo aplicável apenas aos rendimentos da classe média.
Proletarizou-se, no pior sentido. Saltou sobre os salários da classe trabalhadora.
Perdão, assaltou, pois está a alcançar decisivamente os trabalhadores do País. Verdade seja dita, os que ainda
têm emprego formal e ganham razoavelmente, por exemplo, os metalúrgicos.
Outro dia, o presidente Lula visitou uma montadora multinacional e um dos cartazes de reivindicação do
reajuste das Tabelas de Incidência do IR, em 53%, proclamava: salário não é renda.
No protesto e crueza dessa síntese, há muita verdade. A chamada Tabela Progressiva do IR aplica-se
fundamentalmente aos rendimentos do trabalho. Constitui dado histórico: cerca de 90% dos rendimentos
submetidos à tal progressividade são decorrentes do trabalho; dos quais algo em torno de 70% são oriundos do
trabalho assalariado; 20%, do trabalho sem vínculo empregatício; e os 10% restantes constituem miscelânia,
rendimentos da atividade agrícola, e alguns parcos rendimentos do capital (aluguéis e royalties).
Daí, a afirmativa farisáica, que se repete a cada ano, feita por gente da direção da Receita Federal: a de que,
entre os 18 milhões de contribuintes do IR, apenas cerca de 100 mil ganham mais de R$ 12 mil por mês. Tal
declaração evidencia a miséria do arrocho salarial que esmaga quem trabalha neste País. Poucos têm
rendimentos do trabalho acima desse valor.
Todavia, em relação ao universo abrangido pelo IR, o argumento é falso, pois envolve uma generalização
que não corresponde à realidade. É que os rendimentos do capital não estão, regra geral, submetidos à Tabela
Progressiva: os lucros e dividendos recebidos pela pessoa física não pagam o imposto; os ganhos de capital
estão sujeitos à alíquota de 15%, em caráter definitivo na fonte; o mesmo ocorre com os rendimentos derivados
de títulos de renda fixa ou variável, submetidos à incidência definitiva e exclusiva na fonte de 20%. Dito
claramente - a progressividade aplica-se aos rendimentos do trabalho. Os rendimentos do capital são
tributados, quando o são, na fonte, com exclusividade, em alíquota mais baixa do que a mais elevada prevista
para os rendimentos do trabalho (27,5%).
A rigor, constitui escárnio chamar a Tabela do IR de progressiva. A duas faixas de incidência estão fixadas
em valores tão baixos que a tendência é a de alíquota efetiva aplicável se aproximar de 27,5%. Ela tem uma
perversão que os metalúrgicos estão a padecer. É pesada para os que têm renda baixa, posto que se lhes aplica a
alíquota máxima (caso dos metalúrgicos) e benigna para os que auferem rendas elevadas (os 100 mil ditos pela
autoridade tributária). Em realidade, não se observa a Constituição que determina a progressividade desse
tributo (art. 153, § 1º).
A ausência de uma correção dessa Tabela acumulou tantas distorções, que se impõe, para cumprir a
Constituição, uma reforma real do Imposto de Renda, criando Tabela Progressiva unitária, com várias classes
de renda e alíquotas, englobando os rendimentos do capital e do trabalho, tornando razoáveis as atuais deduções,
estabelecidas em limites mesquinhos que estão a tornar, potencialmente, esse imposto inconstitucional.
Tão pequeno é o elenco de deduções e tão ínfimos seus valores que, em realidade estão sendo tributados
rendimentos brutos. Renda consiste em resultado líquido. Espanta-me que os tribunais não tenham ainda advertido
de que, a continuar a atual dinâmica, em breve, o IR será nitidamente inconstitucional. Dito de outra forma, a
Constituição autoriza a se tributar a renda, e o que está ocorrendo é a efetiva incidência sobre rendimentos brutos,
dada a insignificância das deduções e dos valores das 2 faixas de incidência.
Por outro lado, a Tabela de Fonte tem sido utilizada como indisfarçável e inconstitucional empréstimo
compulsório. Cobra-se muito mais na fonte do que será exigido na declaração anual de ajuste. A lentidão nas
devoluções do que foi pago a maior, o suplício da espera da restituição, conceituem claro empréstimo
compulsório inconstitucional, posto que, para tanto, exige-se lei complementar, em casos especiais, um dos
quais é a calamidade pública, não aplicável à espécie.
Calamitoso é o tratamento que o Executivo confere ao nosso cidadão-contribuinte, posto que se omite em
ajustar a tabela de fonte à de ajuste, em postura meramente arrecadatória, desleal e indecente.
A reforma do Imposto de Renda, e não apenas a correção das tabelas, se impõe. O preço de se adiar essa
reforma são as vaias e os protestos, como os dos antigos camaradas do presidente, os metalúrgicos. Por mais
gordo que o presidente Lula fique, vai ser cada vez mais difícil continuar com a extorsão tributária atual,
empurrando com a barriga a realização da reforma do Imposto de Renda, de sorte a torná-lo alinhado com a
Constituição, e, portanto, justo, leal e decente.
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O PESQUISADOR
MAÇÔNICO
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