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Livro do Professor

His tória
Volume 8
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)
(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)
C794 Cordeiro, Lysvania Villela.
História : ensino médio / Lysvania Villela Cordeiro ; reformulação dos originais de: Andréa
Maria Carneiro Lobo; ilustrações Jack Art, Quadrinhofilia Produções Artísticas – Curitiba :
Positivo, 2016.
v. 8 : il.
Sistema Positivo de Ensino
ISBN 978-85-467-0410-1 (Livro do aluno)
ISBN 978-85-467-0411-8 (Livro do professor)
1. História. 2. Ensino médio – Currículos. I. Lobo, Andréa Maria. II. Art, Jack. III. Quadrinhofilia
Produções Artísticas. IV. Título.
CDD 373.33
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Presidente: Ruben Formighieri
Diretor-Geral: Emerson Walter dos Santos
Diretor Editorial: Joseph Razouk Junior
Gerente Editorial: Júlio Röcker Neto
Gerente de Arte e Iconografia: Cláudio Espósito Godoy
Autoria: Lysvania Villela Cordeiro; reformulação de originais de Andréa Maria Carneiro Lobo
Supervisão Editorial: Jeferson Freitas
Edição de Conteúdo: Lysvania Villela Cordeiro (Coord.)
Edição de Texto: Shirlei França dos Santos
Revisão: Fabrízia Carvalho Ribeiro, Fernanda Marques Rodrigues e Mariana Bordignon
Supervisão de Arte: Elvira Fogaça Cilka
Edição de Arte: Tatiane Esmanhotto Kaminski
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Editoração: Rafaelle Moraes
Ilustrações: Jack Art e Quadrinhofilia Produções Artísticas
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Cartografia: Talita Kathy Bora e Luciano Daniel Tulio
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S u m ár io
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34 Brasil: Primeira República ............................ 4


República dos Marechais ................................................................................ 5
República do Café com Leite ........................................................................... 8
Movimentos sociais na Primeira República ..................................................... 12

35 Grande Guerra ............................................ 19


Origens ........................................................................................................... 21
O conflito ........................................................................................................ 26
Fim do conflito e a nova ordem mundial ........................................................ 30

36 Revolução Russa ......................................... 36


Rússia czarista ................................................................................................ 38
Industrialização e urbanização russas ............................................................. 39
Crise do czarismo ............................................................................................ 42
Revolução Russa ............................................................................................. 42

37 Mundo Entreguerras .................................. 48


Economia capitalista ...................................................................................... 50
Crise de 1929 .................................................................................................. 52
Ascensão do Nazifascimo................................................................................ 54
Arte no Entreguerras ...................................................................................... 59
34
1

meira República
Brasil: Pri

CALIXTO, Benedito. A Proclamação da República. 1893. 1 óleo sobre tela,


Pinacoteca Municipal de São Paulo/Fotógrafo desconhecido color., 123,5 cm × 198,5 cm. Pinacoteca Municipal de São Paulo, São Paulo.

Ponto de partida
2

Em frase que se tornou famosa, Aristides Lobo, o propagandista da República, manifestou seu desapontamento
com a maneira pela qual foi proclamado o novo regime. Segundo ele, o povo, que pelo ideário republicano deveria
ter sido o protagonista dos acontecimentos, assistira a tudo bestializado, sem compreender o que se passava, jul-
gando ver talvez uma parada militar.
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 9.

Após a análise dos documentos, faça, em seu caderno, o que se pede a seguir.
1. Pesquise no dicionário o significado da expressão “bestializado”.
2. Em sua opinião, o que representa a constatação de Aristides Lobo citada pelo historiador José Murilo de Carvalho?
3. Na representação do artista Benedito Calixto, de 1893, a República foi fruto de um movimento público? Justifique
sua resposta.
4
Objetivos da unidade:
ƒ resgatar os elementos que compuseram a crise rise do Segundo Reinado,
Reinado relacionando-os
relacionando os ao movimento
republicano;
ƒ conhecer as principais características políticas, econômicas e sociais da República dos Marechais
(1889-1894);
ƒ compreender as Revoltas da Armada e a Revolução Federalista;
ƒ conhecer as principais características políticas, econômicas e sociais da República do Café com Leite
(1894-1930);
ƒ analisar os principais movimentos sociais urbanos e rurais da Primeira República.

Nesta unidade, estudaremos a Primeira República, ou República Velha, que corresponde ao período inicial do
regime republicano no Brasil e se estende desde sua Proclamação (1889) até a Revolução de 1930.
Os primeiros anos do governo republicano no Brasil foram marcados por uma grande disputa pelo poder entre os
militares e a oligarquia cafeeira.

República dos Marechais


Após o período de transição denominado Governo Provisório – sob o comando de Deodoro da Fonseca
(1889-1891) –, a República brasileira viveu seu processo de consolidação com a elaboração da Constituição em
1891 e com o governo de outro militar, Floriano Peixoto (1891-1894). Muitos historiadores se referem a esse con-
texto como a República da Espada em razão do predomínio das forças armadas no controle do poder político.

Museu Republicano/Fotógrafo desconhecido


Museu Republicano/Fotógrafo desconhecido

SILVA, Oscar Pereira da. Marechal Deodoro da SILVA, Oscar Pereira da. Marechal Floriano
Fonseca. 1923. 1 óleo sobre tela, color., Peixoto. [s.d.]. 1 óleo sobre tela, color.,
84 cm × 72 cm. Museu Republicano, Itu. 57 cm × 46,5 cm. Museu Republicano, Itu.

Entre os elementos que diferenciam uma república de uma monarquia do tipo tradicional, ou de um governo des-
pótico, está a extensão da participação política para a maioria da população, garantida, em tese, por uma Constituição
elaborada pelos representantes da população reunidos em assembleia.

5
No Brasil, logo após a deflagração do movimento re-
publicano, uma Assembleia Constituinte foi formada, e a promulgada.
Uma Constituição pode ser outorgada ou
primeira Constituição foi promulgada no ano de 1891. a sem a participação
A Constituição outorgada é aquela elaborad
No entanto, isso não garantiu participação política para imposta à população. A
dos cidadãos ou de seus representantes e
a maioria: os segmentos que não poderiam votar nem o Primeiro Reinado, foi
Constituição de 1824, elaborada durante
ser eleitos compunham uma parcela considerável da D. Pedro I.
imposta ao povo brasileiro pelo Imperador
população brasileira e estavam excluídos da República. a com a participação
A Constituição promulgada é aquela elaborad
Logo, a “coisa pública” não se mostrou tão pública quan- es.
da população por meio de seus representant
to se podia esperar.

Interpretando documentos
Leia um fragmento da nossa primeira Constituição.

Art. 70 – São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei.
§ 1º – Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais ou para as dos Estados:
1º os mendigos;
2º os analfabetos;
3º as praças de pré, excetuados os alunos das escolas militares de ensino superior;
4º os religiosos de ordens monásticas, companhias, congregações ou comunidades de qualquer denomina-
ção, sujeitas a voto de obediência, regra ou estatuto que importe a renúncia da liberdade individual.
§ 2º – São inelegíveis os cidadãos não alistáveis. [...].

CONSTITUIÇÃO da República dos Estados Unidos do Brasil (de 24 de fevereiro de 1891). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
CCIVIL_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao91.htm>. Acesso em: 28 maio 2015.

Em que sentido as disposições constitucionais mencionadas contrariavam a ideia de um governo como “coisa
pública”?
As disposições constitucionais estabeleciam que somente os cidadãos maiores de 21 anos que não fossem mendigos, analfabetos,

militares ou religiosos poderiam alistar-se como eleitores. Some-se a isso o fato de que mulheres também não votavam. Isso significa que

uma pequena parcela da população brasileira tinha direito à cidadania.

Ainda nos primeiros tempos da recém-instalada República, as relações entre o Congresso Nacional (Legislativo) e a
Presidência (Executivo) se tornaram tensas, conforme relata o texto a seguir.

6 Volume 8
Deodoro havia convocado eleições, reunindo a Assembleia que o
elegera presidente da República, mas que não se lhe submete. E a 3 de Estado de sítio é um estado de exceção
novembro o voluntarioso comandante dissolve o Congresso, institui decretado em casos extremos (guerras e re-
estado de sítio, provocando um manifesto de protesto, redigido por voluções), quando o governo considera que
e
Campos Sales e tendo como primeiro signatário Prudente de Morais. a segurança nacional está ameaçada. Ness
-
Sua publicação no Correio Paulistano é impedida pela Polícia, sendo caso, os direitos dos cidadãos são tempora
então divulgado em boletins clandestinos. riamente suspensos e os poderes do Legis-
lativo e do Judiciário ficam submetidos ao
.
SILVA, Hélio. Governo Deodoro e Floriano. In: ______. O primeiro século da República. Rio de Executivo, que governa com plenos poderes
Janeiro: Jorge Zahar, 1987. p. 24.

Crise do Encilhamento
A posição autoritária e intransigente de Deodoro da Fonseca provocou a oposição de parlamentares vinculados aos
grandes produtores de café e ao alto comando da Marinha (este último se rebelou contra o governo). Ainda durante o
mandato de Fonseca, teve origem uma grave crise econômica, conhecida como Crise do Encilhamento.
Na tentativa de estimular o crescimento industrial, o então Ministro da Fazenda, o intelectual Rui Barbosa, tomou
uma medida extrema. Para acalmar os ânimos dos cafeicultores – que precisavam de dinheiro para pagar seus traba-
lhadores, visto que a escravidão havia acabado –, autorizou o aumento da emissão de papel-moeda em 75%.
O resultado foi uma enxurrada de dinheiro sem lastro na economia, o
que acabou motivando especulações na Bolsa de Valores. Empresários –
reais e “fantasmas” –, cafeicultores e profissionais liberais emprestavam di- A Bolsa de Valores é uma instituição finan-
nheiro dos bancos e investiam na Bolsa, pois consideravam essa uma forma ceira em que se pode comprar e/ou vender
mais rápida e fácil de enriquecer. ações de empresas de capital aberto (S.A.).
Os interessados em operar em bolsas de
De toda essa situação, surgiu a designação Crise do Encilhamento – o
valores só podem fazê-lo por meio de uma
barulho e a agitação que caracterizavam a euforia dos especuladores na corretora, que deve, por sua vez, possuir um
Bolsa de Valores se assemelhavam à agitação gerada pelos preparativos para título da referida bolsa.
o encilhamento de cavalos de corrida.
Empresas faliram e muitos trabalhadores ficaram sem emprego. Profissionais liberais e fazendeiros se endividaram
e um aumento generalizado de preços tomou conta da capital, Rio de Janeiro, e de outros centros urbanos do país.
Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, em
Fundação Biblioteca Nacional/Fotógrafo desconhecido

sua obra Os bestializados (1987), nos primeiros cinco


anos da República, enquanto os salários subiram, em
média, 100%, os preços subiram 300%.
Os problemas políticos e a crise econômica tornaram
o governo de Deodoro indesejável para aqueles que o ti-
nham apoiado. Assim, em 1891, ele renunciou em nome
de seu vice, o marechal Floriano Peixoto. Este terminou o
mandato de Deodoro e governou até 1894.

PEREIRA NETO. Febre do encilhamento. 1 charge. Revista


Illustrada, n. 595, jul. 1890.

Charge do fim do século XIX satiriza a corrida dos investidores


à Bolsa de Valores durante a Crise do Encilhamento

História 7
Abril S.A. Cultural/Nosso Século
Em 1893, a Marinha, sob a liderança do almirante Cus-
tódio de Melo e de Saldanha da Gama, rebelou-se contra
o governo em um episódio que ficou conhecido como
a Revolta da Armada. Durante o episódio, os revoltosos
chegaram a bombardear a cidade do Rio de Janeiro, que
mantiveram sob a mira de canhões por vários dias.

Rio de Janeiro. 1 fotografia, p&b. In: NOSSO


SÉCULO: 1900/1910 – a era dos bacharéis.
São Paulo: Abril Cultural, 1980. v. 1, p. 27.

A foto mostra o estado de parte da cidade


do Rio de Janeiro após um bombardeio
durante a Revolta da Armada

Os líderes da revolta não conseguiram angariar apoio de outros setores da política e das forças armadas da capital.
Após sofrerem dura repressão do Exército (que continuou fiel a Floriano), buscaram em vão alianças em Santa Catarina e
no Rio Grande do Sul. Floriano chegou a adquirir navios estrangeiros para fazer frente aos rebeldes, que foram finalmente
subordinados em 1894.

Revolução Federalista
Durante o governo de Floriano Peixoto, em 1893, Após dois anos de intensos combates e mais de 12
no Rio Grande do Sul, lideranças regionais adeptas do mil mortos, foi firmado um acordo com a promessa de
parlamentarismo e do federalismo – forma de governo que Prudente de Morais (primeiro presidente civil da Re-
em que os estados teriam mais autonomia em relação pública) daria anistia aos participantes do movimento.
ao governo central – rebelaram-se contra o governador
A partir de 1894, encerrava-se essa fase (também
Júlio de Castilhos – que apoiava a centralização de poder
conhecida como República dos Marechais) da Primeira
político do presidente Floriano – originando a Revolução
República e iniciava-se um período marcado pela domi-
Federalista.
nação das oligarquias regionais na política brasileira.
O primeiro presidente civil, o paulista Prudente de
©Wikimedia Commons

Morais, foi eleito em um contexto de grave crise políti-


ca, caracterizado pela oposição entre representantes das
oligarquias cafeeiras paulistas e partidários de Floriano
Peixoto, os chamados florianistas.
Com o apoio dos grandes cafeicultores paulistas, após
sofrer uma tentativa de atentado, Prudente de Morais
instituiu estado de sítio, centralizou as decisões no Poder
Executivo e eliminou a oposição representada pelos flo-
rianistas. Sob seu mandato, o país atravessou uma grave
crise econômica, mas os interesses das oligarquias que o
apoiaram, sobretudo das vinculadas ao setor cafeeiro pau-
Grupo de federalistas (também conhecidos como maragatos), 1893 lista, foram mantidos. Iniciava-se a República Oligárquica.

República do Café com Leite


Esse novo período da Primeira República, que iniciou com a presidência de Prudente de Morais, foi denominado
República do Café com Leite, ou República Oligárquica, em decorrência dos grupos que dominavam o cenário político
nacional. Tais grupos eram frutos das alianças entre São Paulo e Minas Gerais – São Paulo era um grande produtor de
café e Minas Gerais se destacava na produção de leite.

8 Volume 8
Entre os anos de 1894 e 1930, esses dois estados con-
significa governo de
trolaram o país, alternando-se na Presidência da República. A palavra oligarquia é de origem grega e
política da Repú-
poucos. Nesse contexto, aplica-se à dinâmica
esentantes políticos
Nesse período, as oligarquias de São Paulo e de Minas blica do Café com Leite, em que apenas repr
Partido Republicano
Gerais elegeram a maioria dos presidentes da República. aliados ao Partido Republicano Paulista e ao
.
Mineiro chegavam à Presidência da República
3 Aprofundamento de conteúdo para o professor.

Interpretando documentos
4 Sugestão de análise da charge.
Observe esta charge.
Responda às questões a seguir.
1. Quais são os dois estados representados ao lado da
cadeira da Presidência da República? Por que estão ali
posicionados?
São Paulo e Minas Gerais estão ao lado da cadeira da

Presidência da República. Eles estão representados no alto e

ao lado do símbolo da Presidência porque eram os estados

que se intercalavam no maior cargo do Executivo de nosso


Fundação Biblioteca Nacional/Fotógrafo desconhecido

país.

STORNI, Alfredo. [Presidência da República]. 1 charge. Careta, Rio


de Janeiro, 1925.

Charge das primeiras décadas do século XX satirizando a


alternância entre políticos paulistas e mineiros na Presidência
da República do Brasil

2. O que os demais indivíduos representados na charge pretendem? Identifique as unidades da Federação que eles
representam.
Eles estão representados com os braços esticados e em posição de esforço para atingir o alto, ou seja, um lugar próximo à Presidência

da República. Os estados que aparecem na ilustração são Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Bahia, Alagoas, Rio Grande do

Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Ceará, Pará e Amazonas.

História 9
Pesquisa
Observe a linha do tempo que apresenta todos os presidentes da Primeira República brasileira. Nela estão representa-
dos os presidentes marechais da República da Espada e os presidentes da República do Café com Leite.
Em equipe, escolham um dos presidentes que governaram durante a República do Café com Leite e pesquisem a
biografia e as principais realizações desse governante. 5 Sugestão de abordagem da atividade.

Primeira República
(1889-1930) – presidentes

Marechal Manuel
Deodoro da Fonseca Marechal Floriano
Vieira Peixoto Prudente José de
1889-1891 Morais e Barros Manuel Ferraz de
1891-1894 Campos Sales Francisco de Paula
1894-1898 Rodrigues Alves
1898-1902
1902-1906
Biblioteca da Presidência da República/Fotógrafo desconhecido

Affonso Augusto
Nilo Procópio Moreira Penna
Marechal Hermes Peçanha
Wenceslau Braz da Fonseca 1906-1909
Pereira Gomes 1909-1910
1910-1914
1914-1918

Delfim Moreira da
Costa Ribeiro Epitácio da Silva
Pessoa Arthur da Silva
1918-1919 Bernardes Washington Luís
1919-1922 Pereira de Sousa
1922-1926
1926-1930

10 Volume 8
Política dos Governadores e Coronelismo
A política implantada por Prudente de Morais, primeiro presidente civil, que governou de 1894 a 1898, vigorou
durante toda a República do Café com Leite e foi denominada Política dos Governadores.
De acordo com essa política, o governo federal concedia apoio às oligarquias e às bancadas estaduais em troca do
apoio das unidades da Federação ao governo federal. Esse apoio aos presidentes se dava com base no mandonismo
local exercido sobre a população pelos coronéis.
Para garantir os interesses das lideranças regionais e nacionais, o voto era aberto (e não secreto) e as eleições eram
fraudadas: nas listas de eleitores, constavam, por exemplo, nomes de pessoas falecidas ou que nunca existiram. Espe-
cialmente nas regiões rurais, os eleitores se sentiam obrigados a votar em quem os coronéis determinavam, ou porque
dependiam deles para sobreviver, ou porque eram obrigados pelos jagunços. Era o chamado voto do cabresto.
Após o processo eleitoral, os candidatos eleitos precisavam ter o mandato reconhecido não pelo Judiciário, como
é atualmente, mas pelo Legislativo. Dessa forma, os candidatos da oposição que, porventura, conseguiam se eleger
eram impedidos pelo Congresso Nacional (de maioria governista) de tomar posse. Essa prática política de impedir que
os candidatos opositores chegassem ao poder ficou conhecida como degola.

Outras versões
Analise com atenção as charges produzidas durante a República do Café com Leite.
Biblioteca Digital do Senado Federal/Fotógrafo desconhecido

Fundação Biblioteca Nacional/Fotógrafo desconhecido


ELLA – É O ZÉ BESTA? ELLE – NÃO, É O ZÉ BURRO!

YANTOK. As próximas eleições. 1 charge. D. Quixote, 20 fev. 1918. STORNI, Alfredo. 1 charge. Careta, ano 20, n. 974, 19 fev. 1927.

Charge da época da República Velha satirizando um aspecto Na charge de 1927, do sul-rio-grandense Alfredo Storni, há uma
das fraudes nas eleições: o fato de constar o nome de pessoas crítica ao voto do cabresto
falecidas na lista de eleitores

De acordo com os documentos, faça, em seu caderno, o que se pede a seguir. 6 Gabarito.

a) Descreva as situações apresentadas nas charges.


b) Como o conteúdo desses documentos se relaciona ao contexto político e eleitoral da República do Café com Leite ou
República Oligárquica?
c) Aponte mudanças e permanências no processo eleitoral brasileiro, comparando o formato atual com o que existia na
época da República Oligárquica.

História 11
Você faz História
Em dupla, produzam uma charge retratando um aspecto do nosso processo eleitoral atual que, de alguma forma,
represente uma permanência do processo eleitoral da República do Café com Leite.
Após a produção das charges, apontem as práticas ou medidas que poderiam ser tomadas com o objetivo de tornar
o processo eleitoral mais transparente e democrático. Anotem as conclusões no caderno.
7 Orientação para a realização da atividade.

Movimentos sociais na Primeira República


Enquanto o destino da política brasileira era decidido pelas oligarquias estaduais aliadas ao governo central, a
maioria da população passava por sérias dificuldades – não tinha nenhuma assistência do governo com relação à
saúde, à educação e nem acesso a programas sociais que pudessem auxiliá-la em momentos de crise econômica.
Entretanto, os brasileiros não permaneceram “bestializados” diante de tal situação. Várias foram as movimentações po-
pulares que agitaram o cenário nacional nos primeiros 30 anos de República, tanto nas regiões rurais quanto nas urbanas.

Movimentos sociais rurais


Entre os movimentos rurais, alguns tinham caráter messiânico, como as movimentações religiosas de Canudos, no
Nordeste, e do Contestado, no Sul. Outros foram marcados pelo banditismo social e pela violência, como o Cangaço,
também no Nordeste. Ainda, há que se citar a extrema influência que líderes religiosos locais, excluídos pelo catoli-
cismo oficial, exerciam sobre inúmeros fiéis pobres e abandonados pelo poder público. Entre eles, recebe destaque o
padre Cícero Romão Batista, no Ceará. 8 Aprofundamento de conteúdo para o professor.

MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS


Luciano Daniel Tulio

Referente a messias, o termo mes-


siânico é empregado para designar
movimentos religiosos que pregam
o retorno ou a vinda de um messias,
um enviado de Deus, cuja missão é
libertar um povo (que se considera
escolhido) de determinada situação
de opressão.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel


Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de
Janeiro: FAE, 1978. p. 45. Adaptação.

12 Volume 8
A seguir, leia a respeito de alguns dos principais movimentos rurais ocorridos no período.

Canudos (1893-1897), Bahia 9 Sugestão de atividade.

Liderados pelo beato Antônio Conselheiro, milhares de sertanejos fun-


daram no interior da Bahia (Arraial de Canudos) a comunidade religiosa
Império do Belo Monte. Os habitantes de Canudos compunham uma
congregação religiosa que aboliu a propriedade privada e se recusava
a pagar os impostos. Condenavam a República e se preparavam para
o Juízo Final, que culminaria com a volta gloriosa do rei português D.

©Wikimedia Commons
Sebastião – o qual desapareceu na Batalha de Alcácer-Quibir, travada
em 1580 contra os mouros na África, e cujo retorno costumava ser
profetizado em tempos de grandes calamidades.
As tropas do governo, nas duas investidas em 1896, uma com 600
homens e outra com 1500 homens, foram vencidas pelos sertanejos, BARROS, Flávio. Quatrocentos jagunços. 1897. 1
fotografia,
g ,pp&b.
armados, principalmente, com paus e pedras. Somente em 1897, en-
frentando um contingente de 6000 homens fortemente armados, a A imagem apresenta 400 membros da
comunidade de Canudos feitos prisioneiros
comunidade de Canudos foi derrotada: centenas de sertanejos foram após o confronto final. Em sua maioria,
mortos, entre eles, Antônio Conselheiro. Mulheres e crianças foram mulheres e crianças doentes e desnutridas
aprisionadas. Era o fim de Belo Monte.

Contestado (1911-1915), Paraná/Santa Catarina 10 Aprofundamento de conteúdo para o professor.

Coleção particular da família Jansson


Movimento messiânico ocorrido no Sul do Brasil, na região conheci-
da como Contestado, em torno das pregações do monge José Maria.
O movimento recebeu essa denominação por causa das disputas de
terras entre Paraná e Santa Catarina. Na região, estabeleceram-se tra-
balhadores rurais expulsos de suas terras em virtude da instalação de
uma madeireira e de uma ferrovia. Esses trabalhadores se recusaram
a deixar o local e passaram a ser alvo de ataques de milícias estaduais
e de jagunços a serviço de coronéis locais.
A comunidade passou então a organizar uma resistência, tendo como JANSSON, Claro. Guerra com música, em Ouro Verde. 1917.
líder a figura de um beato que se identificava como José Maria. Após 1 fotografia, p&b. Coleção particular da família Jansson.

vários confrontos, foram finalmente derrotados pelas tropas do governo Sob o olhar do fotógrafo sueco Claro Jansson,
em 1915. caboclos guerrilheiros do Contestado ©Wikimedia Commons

Padre Cícero: o Beato de Juazeiro (1889-1934), Ceará 11 Aprofundamento de conteúdo


para o professor.
Cícero Romão Batista, conhecido como Padre Cícero, atraiu multidões de todas as partes do Ceará
para sua igreja, em Juazeiro, após os fiéis afirmarem que, durante suas missas, ocorriam milagres:
hóstias consagradas se tornavam sangue na boca de seus fiéis durante a comunhão.
Sua popularidade e suas práticas nada ortodoxas incomodaram as autoridades religiosas, que o
expulsaram da ordem e o proibiram de realizar cerimônias religiosas.
A popularidade de Padre Cícero, entretanto, só aumentou e ele chegou a assumir os cargos de prefei-
to de Juazeiro e de vice-presidente (equivalente a vice-governador
g na atualidade)) do estado do Ceará.
Padre Cícero Romão Batista retratado aos 80 anos de
idade, em foto de, provavelmente, 1924

História 13
Cangaço, Sergipe/Região Nordeste 12 Aprofundamento de conteúdo para o professor.

O termo cangaceiro era usado para designar grupos de bandoleiros que


atuavam nos sertões de regiões como Sergipe, Ceará e Bahia. Esses
grupos sobreviviam dos crimes que praticavam, eram temidos pela po-

tificado
pulação e procurados pelas autoridades policiais. Algumas vezes, che-

Local de custódia não iden


gavam a distribuir parte do que saqueavam para colaboradores de suas
ações, o que deu ao movimento um caráter de “banditismo social”.
O bando de cangaceiros mais famoso foi o liderado por Virgulino Ferreira
da Silva, o “Lampião”, e se tornou o mais procurado do Nordeste. O
governo baiano ofereceu altas recompensas pela sua captura. Em 28 de BOTTO, Benjamin Abrahão. Lampião e Maria
Bonita. [entre 1936 e 1937]. 1 fotografia, p&b.
julho de 1938, na fazenda Angico, Sergipe, Lampião foi vítima de uma
emboscada e, posteriormente, decapitado.

Movimentos sociais urbanos


Enquanto nos sertões multidões carentes de recursos e de atenção de seus representantes políticos se deixavam
levar pelas pregações de místicos locais ou sofriam com as atrocidades de cangaceiros e jagunços, nos grandes centros
urbanos, a industrialização se desenvolvia e, com ela, a proletarização da população urbana.
As péssimas condições de trabalho e de moradia estão entre os fatores que ocasionaram duas das mais significati-
vas movimentações urbanas ocorridas durante a Primeira República: a Revolta da Vacina e as greves promovidas pelos
operários de São Paulo.

MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS

Luciano Daniel Tulio

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1978. p. 45. Adaptação.

14 Volume 8
A seguir, leia a respeito desses importantes movimentos urbanos ocorridos no período.

Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro


Revolta da Vacina (1904), Rio de Janeiro
A urbanização desordenada do fim do século XIX no Rio de Janeiro
gerou a multiplicação dos cortiços. Em virtude das péssimas con-
dições de moradia, higiene e trabalho, doenças como varíola, cóle-
ra, diarreia e gripe alastravam-se rapidamente e preocupavam as
autoridades.
A Diretoria Geral de Saúde Pública, sob a administração do jovem mé-
dico Oswaldo Cruz, colocou em prática a lei da vacinação obrigatória. A
vacinação forçada, associada à demolição de cortiços (imposta pelo pro-
cesso de modernização da cidade), provocou a ira da população pobre MALTA, A. Cortiço no Rio de Janeiro. 1906. 1 fotografia,
p&b. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Rio
do centro da cidade do Rio de Janeiro, o que ocasionou um episódio de Janeiro.
conhecido como Revolta da Vacina (10 a 18 de novembro de 1904). Aspecto do interior de um cortiço no Rio de
Janeiro em 1906. “Habitações” desse tipo se
Apesar das amotinações e depredações, as reformas urbanas foram multiplicaram no centro de grandes cidades,
feitas, a população foi vacinada e duas das grandes endemias da capi- como Rio de Janeiro e São Paulo, entre o fim
do século XIX e o início do XX. As precárias
tal – a febre amarela e a varíola – foram, temporariamente, controladas. condições de higiene preocupavam as
13 Aprofundamento de conteúdo autoridades, pois poderiam dar origem a
para o professor. focos de doenças endêmicas como a febre
amarela.

14 Aprofundamento de conteúdo
Movimento operário – greve geral (1917), São Paulo para o professor.
No decorrer da Primeira República, circulavam jornais em prol da causa operária, os quais incitavam greves e parali-
sações. A maior delas aconteceu em São Paulo, em julho de 1917.
A chamada greve geral de 1917 caracterizou-se pela paralisação por completo do comércio e da indústria na cidade
de São Paulo e em outras regiões do estado e do Brasil. Contou com a participação de cerca de 40 mil pessoas.

Acervo Iconographia
Os grevistas reivindicavam a proibição do trabalho de meno-
res de 14 anos, o direito de associação, o aumento de salários
e a jornada de 8 horas. Os empresários se comprometeram a
analisar essas exigências e concederam aumento imediato de
salário para que os grevistas voltassem ao trabalho.
Operários em greve no centro de São Paulo em 1917. A greve geral,
convocada por lideranças ligadas ao anarcossindicalismo, iniciou em
uma indústria têxtil em julho de 1917. O movimento se expandiu,
congregando trabalhadores de diferentes categorias. O número de
adeptos chegou a 40 mil.

Movimento tenentista (1922-1926) 15 Aprofundamento de con-


teúdo para o professor.
Museu Aeroespacial da Aeronáutica/
Fotógrafo desconhecido

No dia 5 de julho de 1922, jovens oficiais do Forte de Copacabana, no


Rio de Janeiro, deram início a uma rebelião. Isolados, sofreram ata-
ques de tropas do governo por mar e por terra. Dezoito deles saíram
do forte com o intuito de enfrentar as tropas, mas só dois voltaram
com vida: Eduardo Gomes e Siqueira Campos. O episódio, que ficou
conhecido como “Os dezoito do Forte”, deu início a um movimento
maior, que entraria para a história com o nome de Tenentismo.
Os dezoito do Forte – denominação pela qual ficaram
conhecidos os que enfrentaram as tropas federais

História 15
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand/Fotógrafo desconhecido
Semana de Arte Moderna (1922), São Paulo
Entre 13 e 17 de setembro de 1922, literatos, pin-
tores, arquitetos, escultores e intelectuais expuse-
ram ao público, no Teatro Municipal de São Paulo,
uma concepção de arte renovada. Era a Semana
de Arte Moderna.
Os envolvidos no movimento artístico criticavam a
mera absorção de valores europeus e defendiam
a necessidade de criar uma arte genuinamente
brasileira.
Entre os participantes, destacou-se a presença de
artistas visuais, como Anita Malfatti e Di Cavalcanti,
e de escritores, como Oswald de Andrade e Mário
de Andrade.
MALFATTI, Anita. Uma estudante. [ca. 1915-1916].
1 óleo sobre tela, color., 76,5 cm × 60,5 cm. Museu
de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo.

Hora de estudo
16 Orientação para a distribuição das atividades como tarefa de
casa e gabaritos/comentários sobre as questões.
1. (UERJ)

EXÉRCITO AUMENTA APOIO À 


CAMPANHA DE COMBATE AO DENGUE
Brasília. (...) atendendo a solicitação do Mi-
nistério da Saúde, o Comando Militar do Leste
foi autorizado a aumentar o apoio dado aos
agentes da Fundação Nacional de Saúde (Fu-
nasa) que combatem a epidemia de dengue no
Rio de Janeiro. O Exército apoia os agentes em
transporte, alimentação e alojamento. Segun-
do a nota, é significativo o número de milita-
res que participam agora diretamente de ações
que objetivam conter a epidemia de dengue.
(Radiobrás, 19/02/02)

(J. Carlos. In: LEMOS, Renato (org). Uma história do Brasil através da
caricatura. Rio de Janeiro: Bom Texto, Letras e Expressões, 2001.)

Tanto a legenda da charge quanto a notícia atual evidenciam aspectos da atuação do poder público numa situação
de combate a epidemias. Comparando os dois contextos, essa atuação e essa intervenção no combate à epidemia
podem ser caracterizadas, respectivamente, pelos seguintes traços:

16 Volume 8
a) maior eficácia nas áreas rurais e menos habitadas – habitantes válidos dispostos ao combate. E as linhas
permanência e predomínio da iniciativa privada do telégrafo transmitiram ao país inteiro o prelúdio da
guerra sertaneja.”
b) ação ampla em bairros periféricos e menos atingidos
– responsabilidade das instituições beneficentes O trecho acima é parte do livro de Euclides da Cunha
que teve sua primeira edição em 1902 e relata o co-
c) maior competência em áreas privilegiadas e me-
tidiano de um conflito ocorrido nos primeiros anos da
nos afetadas – descentralização por instituições
República. O livro de Euclides e o conflito ao qual se
municipais
refere são respectivamente:
X d) autoritarismo sobre a população carente e menos
a) Inferno Verde, Caldeirão.
esclarecida – integração e aparato técnico de insti-
tuições federais b) Inferno Verde, Cabanagem.
2. (UFC – CE) X c) Os Sertões, Canudos.
d) Os Sertões, Caldeirão.
“Morte à gordura!
morte às adiposidades cerebrais! e) A guerra do fim do Mundo, Contestado.
Morte ao burguês-mensal! 4. (UFSC) Na década de 1920, política, economia e cul-
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! tura andaram muito próximas no Brasil e cada uma, a
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano! seu modo, propunha mudanças para o país.
‘– Ai, filha, que te darei pelos teus anos? Sobre este período, é CORRETO afirmar que:
– Um colar... – Conto e quinhentos!!!’
X (01) A Semana de Arte Moderna, em 1922, procurou
(...) Fora! Fu! Fora o bom burguês!...”
evidenciar uma arte com raízes brasileiras e de
compromisso com a nacionalidade, tendo ex-
O trecho acima, transcrito do poema Pauliceia Desvai- poentes intelectuais como Mário de Andrade e Di
rada, de Mário de Andrade, foi recitado na Semana de Cavalcanti, entre outros.
Arte Moderna, realizada de 11 a 18 de fevereiro de (02) Na política destacou-se o movimento tenentista,
1922, no Teatro Municipal de São Paulo. Sobre esse que procurava manter a ordem oligárquica atra-
movimento, é correto afirmar que: vés de várias revoltas, apoiando militarmente a
a) teve como princípio uma arte baseada na estética República Velha.
romântica e realista. (04) O Cap. Luís Carlos Prestes organizou uma coluna
X b) tentou traduzir a cultura e os problemas nacionais de combatentes, que percorreu o interior do Bra-
através da arte. sil em uma longa marcha, pregando a destituição
do governo golpista de Getúlio Vargas.
c) gerou uma valorização da arte europeia em detri-
mento da arte brasileira. X (08) A economia dependia basicamente da exporta-
ção do café. No entanto, o mercado internacional
d) foi uma tentativa de renovar as manifestações artís- não absorvia a superprodução brasileira, quadro
ticas no Brasil Império. agravado com a quebra da Bolsa de Nova York,
e) foi um grupo de poetas e escultores que reafirma- que paralisou o comércio, afetando profunda-
ram o parnasianismo no Brasil. mente a cafeicultura nacional.
3. (UFC – CE) “A travessia para o Juazeiro fez-se a mar- X (16) Foi notório o processo de industrialização e ur-
chas forçadas, em quatro dias. E quando lá chegou o banização do Brasil, o que facilitou a formação
bando dos expedicionários, fardas em trapos, feridos, de novos grupos sociais, tais como a burguesia
estropiados, combalidos, davam a imagem da derro- industrial, a classe média urbana e o operariado.
ta. Parecia que lhes vinham em cima, nos rastros, os Os capitais acumulados com a atividade cafeeira
jagunços. A população alarmou-se, reatando o êxodo. foram investidos no setor industrial, cujo marco
Ficaram de fogos acesos na estação da via-férrea significativo foi a criação do Centro das Indústrias
todas as locomotivas. Arregimentaram-se todos os do Estado de São Paulo.

História 17
5. (ENEM)
Em círculos concêntricos esse sistema vem
cumular no próprio poder central que é o sol
A serraria construía ramais ferroviários que do nosso sistema.
adentravam as grandes matas, onde grandes
locomotivas com guindastes e correntes gigan- PRADO, P. Retrato do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
tescas de mais de 100 metros arrastavam, para
A crítica presente no texto remete ao acordo que fun-
as composições de trem, as toras que jaziam damentou o regime republicano brasileiro durante as
abatidas por equipes de trabalhadores que an- três primeiras décadas do século XX e fortaleceu o(a)
teriormente passavam pelo local. Quando o
guindaste arrastava as grandes toras em dire- a) poder militar, enquanto fiador da ordem econômica.
ção à composição de trem, os ervais nativos b) presidencialismo, com o objetivo de limitar o poder
que existiam em meio às matas eram destruí- dos coronéis.
dos por este deslocamento. X c) domínio de grupos regionais sobre a ordem
federativa.
MACHADO, P. P. Lideranças do Contestado. Campinas: Unicamp,
2004. (Adaptado). d) intervenção nos estados, autorizada pelas normas
constitucionais.
No início do século XX, uma série de empreendimentos
capitalistas chegou à região do meio-oeste de Santa e) isonomia do governo federal no tratamento das
Catarina − ferrovias, serrarias e projetos de coloniza- disputas locais.
ção. Os impactos sociais gerados por esse processo 7. (FGV – RJ)
estão na origem da chamada Guerra do Contestado.
Entre tais impactos, encontrava-se:
“O florianismo foi no Brasil o primeiro mo-
a) a absorção dos trabalhadores rurais como trabalha- vimento político espontâneo centrado na figura
dores da serraria, resultando em um processo de de uma liderança política. Congregou parcelas
êxodo rural. significativas da população urbana em geral
b) o desemprego gerado pela introdução das novas deslocadas dos canais de decisão política. Flo-
máquinas, que diminuíam a necessidade de mão de riano Peixoto encarnou, na avaliação desse con-
obra. tingente social pequeno-burguês, as aspirações
X c) a desorganização da economia tradicional, que sus- mais substantivas do corolário da República.”
tentava os posseiros e os trabalhadores rurais da
(PENNA, Lincoln de Abreu. República brasileira. Rio de Janeiro:
região. Nova Fronteira, 1999.)
d) a diminuição do poder dos grandes coronéis da re-
Floriano Peixoto, o Marechal de Ferro, no poder entre
gião, que passavam a disputar o poder político com
1891 e 1894, foi acusado pela oposição de ser o “Ro-
os novos agentes.
bespierre brasileiro” e o “Marechal Vermelho”.
e) o crescimento dos conflitos entre os operários em-
Assinale a alternativa em que estão indicadas correta-
pregados nesses empreendimentos e os seus pro-
mente as duas ideias básicas que sustentam o chama-
prietários, ligados ao capital internacional.
do florianismo:
6. (ENEM)
a) catolicismo social e jacobinismo nacionalista e
social;
Nos estados, entretanto, se instalavam as b) socialismo reformista e nacionalismo econômico;
oligarquias, de cujo perigo já nos advertia
c) corporativismo social e federalismo;
Saint-Hilaire, e sob o disfarce do que se cha-
mou “a política dos governadores”. X d) ideal positivista da “coisa pública” e jacobinismo na-
cionalista e social;
e) liberalismo político e nacionalismo econômico.

18 Volume 8
35
1

Grande Guerra

nhecido
Estados Unidos/Fotógrafo desco
Biblioteca do Congresso dos
Museu Canadense de Guer
ra/Fotógrafo desconhecido
A VIDA no front. 1918. Museu Canadense de Guerra
(coleção George-Metcalf), Ontário. 1 fotografia, p&b.

Ponto de partida
2

Analise as fotografias e responda às questões a seguir.


1. Qual é o tema retratado em cada uma das fotografias?
2. Explique os fatores presentes na Bela Época (Belle Époque) que podem ter ocasionado a Grande Guerra.

19
Objetivos da unidade:
ƒ relacionar as transformações ocorridas naa Europa durante o fim do século XIX e o início do
século XX à Revolução Industrial e ao Imperialismo;
ƒ compreender as relações entre o Imperialismo, o nacionalismo e as rivalidades das potências
industrializadas;
ƒ analisar os fatores que ocasionaram a eclosão do conflito mundial;
ƒ conhecer as principais fases do conflito da Grande Guerra;
ƒ estabelecer relação entre os desenvolvimentos tecnológicos e as armas utilizadas no conflito,
com destaque para as novas estratégias de guerra aplicadas;
ƒ compreender o desfecho do conflito e identificar os países vitoriosos, os derrotados e as de-
cisões estabelecidas pelos principais acordos de paz firmados ao fim da guerra;
ƒ compreender as modificações que ocorreram na sociedade e nas produções artísticas como
fruto das mudanças geradas pela Grande Guerra.

Para compreender a Grande Guerra, é importante recordar o avanço imperialista das potências europeias sobre
territórios da Ásia, da África e da Oceania.
As disputas por territórios situados nesses continentes estiveram relacionadas à expansão do capitalismo industrial
e ao objetivo de explorar novos mercados, fontes de matéria-prima e de energia e de expandir os domínios dos Estados
europeus sobre o mundo.

Organize as ideias 3 Gabarito.

Vamos relembrar um dos aspectos do Imperialismo, também denominado Neocolonialismo, o qual marcou o fim
do século XIX.
Sobre a missão civilizatória europeia, verifique as questões a seguir.
1. (UERJ)

A palavra “imperialismo”, no sentido moderno, desenvolveu-se primordialmente na língua inglesa,


sobretudo depois de 1870. Seu significado sempre foi objeto de discussão, à medida que se propunham
diferentes justificativas para formas de comércio e de governo organizados. Havia, por exemplo, uma
campanha política sistemática para equiparar imperialismo e “missão” civilizatória.
Adaptado de WILLIAMS, Raymond. Um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo: Boitempo, 2007.

No final do século XIX, os europeus defendiam seus interesses imperialistas nas regiões africanas e asiáticas, justifi-
cando-os como missão civilizatória. Uma das ações empreendidas pelos europeus como missão civilizatória nessas
regiões foi:
a) aplicação do livre comércio c) padronização da estrutura produtiva
b) qualificação da mão de obra X d) modernização dos sistemas de circulação

20 Volume 8
2. Observe a charge.
Considerando a missão civilizató-
ria uma das principais justificati-
vas do Imperialismo europeu na
África, produza, em seu caderno,
um texto interpretativo sobre a
Quadrinhofilia Produções Artísticas. 2012. Digital.

charge.

Origens 4 Aprofundamento de conteúdo para o professor.

Desde o fim do século XIX, a Alemanha vinha des- fornecimento de matérias-primas e a expansão do mer-
pontando como um estado em ascensão, que ameaça- cado consumidor. No âmbito social, a legislação alemã
va a hegemonia de grandes potências como a Rússia e era, ao menos em tese, exemplar para a época.
a França. Teorias sobre uma suposta superioridade da
Desprezando as diferenças e desigualdades internas,
“raça” germânica circulavam entre alguns meios acadê-
no fim do século XIX e início do século XX, predominava
micos da época. Julgando-se superiores, muitos jovens
na produção cultural alemã a alusão a um sentimento
alemães pensavam na guerra contra outras nações como
nacionalista. Este estava pautado em uma hereditarieda-
uma forma de subjugar os que consideravam inferiores e,
de comum, ligada à ascendência germânica que enalte-
assim, aumentar o próprio poder.
cia a guerra como demonstração da força de um povo.
Uma nascente e poderosa indústria colocava o impe-
Nesse período, via-se florescer toda uma geração de
rialismo alemão em igualdade de condições na partilha
jovens, nascidos entre 1880 e 1890, criada em um am-
das regiões da Ásia e da África. Com abundantes reser-
biente político impregnado de conceitos influenciados
vas de minério de ferro e carvão, o Império investiu na
pelo darwinismo social e que enalteciam a raça ariana e o
indústria pesada, ultrapassando, em 1914, a Grã-Bretanha
mito de sua superioridade racial. Ao mesmo tempo, eram
em reservas de ferro e aço. A indústria bélica, que havia
dados os primeiros passos em direção à ideia de expurgo
ajudado a garantir a vitória sobre a França no conflito
de outros povos do território alemão, uma vez que o im-
franco-prussiano (1870-1871), era outro fator a fazer da
pério estabelecido em 1871 defendia uma língua, uma
Alemanha um poderoso rival na corrida imperialista.
nação, uma raça.
©Flickr/Alfredo Grados Rivero

Economicamente, a expansão do comércio ultra-


marino e a exploração de colônias possibilitavam o

ESTUDANTES de Berlim saúdam a entrada da Alemanha na guerra. 1914.


1 fotografia, p&b.

No início do século XX, o sentimento ultranacionalista, incentivado pelos Estados


europeus em ascensão, como o Império Alemão, ajudou a disseminar a ideia de
que a guerra afirmaria o patriotismo e a soberania. Desde o fim do século XIX,
potências europeias vinham desenvolvendo a estratégia de mobilizar milhares,
e depois milhões, de homens por centenas de quilômetros de frentes de guerra.
Isso só foi possível graças à aceitação da sociedade de que grande parte de seus
recursos materiais – e humanos – fosse sacrificada em nome da segurança do
território e da sobrevivência da população. Associado à inferiorização do “outro”
justificada por preceitos raciais, à intolerância e ao ódio a inimigos em potencial,
um nacionalismo exaltado passou a ser difundido nos meios escolares e pela
imprensa, mobilizando a população para a necessidade da guerra.

História 21
Pesquisa
O ideário nacionalista exacerbado, com conotações racistas, acabou sendo apropriado por movimentos como o
pangermanismo na Alemanha e o pan-eslavismo na Rússia. Pesquise esses dois movimentos e explique as prin-
cipais características de cada um.
Pangermanismo: liderado pela Alemanha, esse movimento político apregoava a necessidade de unir todos os povos que tinham

ascendência germânica, expulsando dos territórios por eles ocupados pessoas de outros grupos étnicos. Pan-eslavismo: movimento

político que defendia a necessidade de unir todos os povos que tinham ascendência eslava sob a proteção da Rússia.

Interpretando documentos
5 Orientação para a realização da atividade e gabarito.
A respeito das transformações pelas quais o continente europeu passou nas últimas décadas do século XIX e início
do século XX, leia o documento a seguir.

A Europa de 1914 era muito diferente daquela de meados do século XIX, quando somente a Grã-Bretanha
e a Bélgica poderiam ser consideradas Estados industrializados, no sentido de que os estabelecimentos fabris
e o comércio eram o sustentáculo principal da economia. Por volta de 1914, isso ocorreria com quase todo o
norte da Europa.
Juntamente com a industrialização ocorreu um forte aumento populacional na região como um todo. Isso
começara no século XVIII, e fora causado por um determinado número de fatores, inclusive uma melhora no
suprimento de comida. Desenvolvimentos tecnológicos na agricultura haviam levado a um aumento na pro-
dução de alimentos, assim como melhorias nos sistemas de transporte permitiram que os alimentos fossem
transportados facilmente. Pessoas melhor nutridas viviam mais e tinham mais filhos que sobreviviam até a
idade adulta.
Na segunda metade do século XIX, as populações dos Estados europeus continuaram a crescer rapida-
mente acompanhando a rápida disseminação da industrialização. A exceção foi a França, que, em 1871, era o
Estado mais populoso da Europa, fora a Rússia. A Alemanha recém-unificada assumiu aquela posição, e sua
população aumentou 50% nos quarenta anos subsequentes, enquanto a da França continuou estagnada. Em
1914, com exceção da Itália, a França era a menos populosa das potências.
A Grã-Bretanha foi também superada pela Alemanha, e não apenas em termos de população. Por mais de
cem anos, a Grã-Bretanha fora a nação industrial líder. No entanto, quarenta anos depois da unificação em
1871, a Alemanha tomara a liderança. (Nenhum desses países, contudo, podia competir com os Estados Uni-
dos, que por volta de 1900 emergira como a nação mais industrializada do mundo.)

WILLMOTT, H. P. Primeira Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. p. 16-17.

Após a leitura e a análise do texto, responda às seguintes questões em seu caderno.


a) De que maneira a industrialização pode ter cooperado para o aumento da produção de alimentos?
b) De que modo o aumento da população contribui para o desenvolvimento de um país?
c) Por quais mudanças a Alemanha passou após a unificação ocorrida em 1871?

22 Volume 8
O Imperialismo foi produto da expansão do capitalismo industrial e parecia não ter limites. Em decorrência disso,
acirraram-se as tensões entre os Estados europeus, o que envolveu a disputa por territórios situados na África, na Ásia
e no Leste Europeu.
Entre o fim do século XIX e o início do século XX, os antagonismos se agravaram, sobretudo em virtude do desen-
volvimento e da expansão do Estado alemão e da disputa entre os impérios Austro-Húngaro e Russo por territórios na
região dos Balcãs.
Os Estados europeus passaram a investir mais na indústria bélica e na formação de contingentes militares. Políticas
de alianças foram desenvolvidas e opunham, basicamente, um bloco franco-russo à aliança formada pela Alemanha
e pela Áustria-Hungria. Em 1882, a Itália se uniu ao bloco da Alemanha e da Áustria originando a Tríplice Aliança. Em
1907, foi a vez da Grã-Bretanha de se juntar ao bloco franco-russo formando a Tríplice Entente.

Estopim: a crise nos Balcãs 6 Sugestão de abordagem do conteúdo.

A região dos Balcãs esteve durante séculos sob a dominação do Império Turco-Otomano, que, desde 1878, passou
a apresentar sinais de crise e decadência, o que favoreceu sublevações internas e investidas externas.
Os reinos da Romênia, Sérvia, Bulgária e Grécia viam na derrota dos turcos-otomanos a possibilidade de alargar os
próprios territórios.
No início do século, as tensões se acirraram e se transformaram em conflitos armados. Em 1912, ocorreu a Primeira
Guerra dos Balcãs, na qual a Grécia e a Sérvia e Montenegro se aliaram contra os turcos. Em 1913, foi a vez da Grécia e da
Sérvia de se aliarem aos turcos em movimentações militares contra territórios búlgaros, dando origem à Segunda Guerra
dos Balcãs.
Os conflitos nos Balcãs esti-
PENÍNSULA BALCÂNICA: início do século XX
mularam as tensões entre o Im-

Talita Kathy Bora


pério Austro-Húngaro, o Império
Turco-Otomano e o Império Russo,
visto que disputavam territórios na
região.
Observe o mapa.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE,
1988. p. 145. Adaptação.

História 23
As sublevações eslavas, lideradas pela Sérvia, tinham o apoio do Império Russo, que estava interessado em estender
seu domínio na região e enfraquecer, assim, o poder dos impérios Turco e Austro-Húngaro.
A Áustria se aliou à Alemanha para enfrentar as constantes rebeliões. A Rússia se aproximou da Sérvia.
Para tentar minimizar as tensões, o herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro – o arquiduque Francisco Ferdi-
nando – planejou uma visita à Sérvia em junho de 1914.
No dia 28 do mesmo mês, quando passava

©Wikimedia Commons
pela capital Sarajevo, o Arquiduque foi assassina-
do por Gavrilo Princip, jovem militante do grupo
nacionalista radical sérvio denominado Mão
Negra. Esse fato, aparentemente local, acabou se
transformando no estopim para uma guerra de
dimensões extracontinentais: a Grande Guerra,
que se arrastou até 1918.
O Império Austro-Húngaro, um dos mais
poderosos do século XIX, havia sido intimado à
guerra depois que o herdeiro do trono foi assassi-
nado pelo jovem sérvio. A Sérvia, nação localizada
na região dos Balcãs, era dominada pelo Império
Austro-Húngaro e foi apoiada pela Rússia, ao
passo que a Áustria-Hungria recebeu apoio da CORTEJO fúnebre do Arquiduque Francisco Fernando da Áustria, em
Sarajevo. 5 jul. 1914.1 fotografia, p&b.
Alemanha.

Interpretando documentos
Analise o texto a seguir.

Telegrama do Chanceler do Império Alemão ao Embaixador em Petersburgo


Berlim, 31 de julho de 1914
Apesar das negociações de mediação ainda em curso e apesar de não termos até o momento tomado
nenhuma medida de mobilização, a Rússia mobilizou todo o seu exército e sua frota, então também con-
tra nós. Essas medidas russas nos obrigaram, para garantir a segurança do Império, a declarar o estado
de ameaça de guerra, que não significa ainda a mobilização.
Mas a mobilização deverá seguir-se, no prazo de doze horas, se a Rússia não suspender toda medida
de guerra contra nós e a Áustria-Hungria, e não nos fizer uma declaração precisa neste sentido. Peço-lhe
comunicar isto imediatamente ao Sr. Sazanoff e telegrafar a hora em que foi feita a comunicação [...].

HOLLWEG, Bethmann. In: SCHMITT, B. E. Comment vient la guerre. Tradução de Française de Cp. Appuhn. Paris: Costes, 1932. p. 231-232
apud MATTOSO, Kátia Maria de Queirós. Textos e documentos para o estudo da história contemporânea: (1789-1963). São Paulo: Hucitec-Edusp,
1977. p. 156-157.

De acordo com a análise do documento e nossos estudos, responda às seguintes questões em seu caderno.
7 Gabarito.
a) Identifique o documento transcrito, bem como sua data, seu local e os personagens envolvidos.
b) Qual é o conteúdo central do documento?
c) Que relação existe entre as tensões na região dos Balcãs e as alianças firmadas por Estados europeus no fim do
século XIX e início do século XX?

24 Volume 8
Entre junho e julho de 1914, as antigas alianças se firmaram e as mobilizações militares iniciaram: as Potências
Centrais (Alemanha e Áustria-Hungria) declararam guerra à Sérvia, cuja aliada era a Rússia.
A Alemanha passou a atacar a Rússia e a França ao mesmo tempo e, para evitar a estruturação da defesa francesa,
atacou também a neutra Bélgica objetivando invadir o território francês pelo norte e chegar mais facilmente a Paris.
A invasão da Bélgica provocou a entrada da Grã-Bretanha na guerra, comprometida em defender a neutralidade do
território belga no conflito.

Organize as ideias
Analise o mapa com o objetivo de compreender a dinâmica do conflito.

EUROPA: divisão política em 1914 e Grande Guerra

Luciano Daniel Tulio

Fonte: WILLMOTT, H. P. Primeira Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. p. 15. Adaptação.

De acordo com a análise do mapa, responda às seguintes questões.


a) Quais países formaram a Tríplice Entente?
França, Inglaterra e Rússia. Portugal, Romênia, Sérvia e Grécia ingressaram no grupo durante o conflito.

b) Quais países formaram a Tríplice Aliança?


Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. Bulgária e Império Turco-Otomano ingressaram no grupo durante o conflito.

c) O que aconteceu com a Itália em 1915?


A Itália, que no início do conflito estava ao lado da Tríplice Aliança, passou a apoiar a Tríplice Entente.

História 25
O conflito
Constituindo-se como a maior potência da Frente Ocidental, a Alemanha iniciou uma guerra em dois pontos: que-
ria liquidar a França no Ocidente (Frente Ocidental) e a Rússia no Oriente (Frente Oriental).
Entre 1914 e 1917, forças alemãs avançaram sobre a França e atravessaram a Bélgica. Os britânicos se juntaram às
tropas francesas. Os dois lados se organizaram, então, em linhas paralelas e avançaram lentamente por meio de trin-
cheiras cavadas no solo.
Leia, a seguir, as principais etapas do confronto armado nas Frentes Ocidental e Oriental.

• 1914 – A Alemanha declarou guerra à Rússia e à França e invadiu a Bélgica. A Grã-Bretanha declarou guerra
à Alemanha. A Áustria declarou guerra à Rússia. Grã-Bretanha, França e Rússia declararam guerra à Turquia.
Alemães avançaram sobre a França e sobre a Rússia. Tropas britânicas chegaram à França. Teve início a guerra
de trincheiras na Frente Ocidental.
• 1915 – Anúncio do Bloqueio Naval da Grã-Bretanha contra a Alemanha, que respondeu com um bloqueio sub-
marino à Inglaterra. Os alemães utilizaram, pela primeira vez, gás venenoso em Yprès. A Itália se juntou à Tríplice
Entente, e a Bulgária passou a apoiar as Potências Centrais.
• 1916 – Na Frente Oriental, ocorreu a ofensiva alemã na Batalha de Verdun, causando muitas baixas de ambos
os lados. França e Grã-Bretanha fizeram um acordo secreto para a partilha do Império Turco. Ocorreu a Batalha
de Jutlândia entre britânicos e alemães. Em julho, na Batalha de Somme, ingleses usaram pela primeira vez blin-
dados; foi registrado mais de um milhão de baixas. Romênia e Portugal entraram no conflito contra a Alemanha.
• 1917 – Teve início a Revolução de Fevereiro na Rússia. Ingleses tomaram Bagdá, anteriormente ocupada pela
Turquia, e passaram a apoiar a criação de um Estado judaico na Palestina. Em virtude dos torpedeamentos ale-
mães a navios mercantes, os Estados Unidos entraram na guerra ao lado dos aliados (Tríplice Entente). Italianos
sofreram pesada derrota na Batalha de Caporetto.
• 1918 – Pelo tratado de Brest-Litovsk, firmado entre Rússia e Alemanha, a Rússia se retirou da guer-
ra. Em julho, na Segunda Batalha do Marne, a ofensiva alemã falhou e as tropas germânicas se
retiraram da Frente Ocidental. Na Batalha de Vittorio Veneto, as tropas italianas obtiveram a rendição austro-
-húngara. Foi instituída a República na Alemanha, sediada na cidade de Weimar. O imperador alemão Guilher-
me II foi obrigado a abdicar. Em novembro, a Alemanha assinou a rendição e colocou fim à Grande Guerra.

O conflito foi dividido em duas fases distintas: a Guerra de Movimento e a Guerra de Trincheiras.
A Guerra de Movimento durou cerca de um ano e caracterizou-se pelo deslocamento das tropas que estavam
tomando posição nas fronteiras de seus países.
A Guerra de Trincheiras foi marcada pela guerra estática, em que os soldados cavavam trincheiras nas frentes de
batalha. O avanço tecnológico possibilitou a fabricação de armamentos mais potentes que impediam a luta em campo
aberto como era tradição nos conflitos anteriores. Dessa forma, as trincheiras passaram a servir de proteção contra os
ataques inimigos e, ao mesmo tempo, de base para os ataques que procuravam tomar a trincheira adversária. Nesse
tipo de guerra, os avanços e recuos são lentos e imprevisíveis.
Na Frente Ocidental, a guerra de trincheiras se arrastou por três anos e é considerada, por alguns historiadores, a
fase mais trágica da Grande Guerra.

26 Volume 8
Troca de ideias 8 Sugestão de abordagem do conteúdo.

Com um colega, analisem os documentos a seguir que descrevem as condições de luta nas trincheiras da Grande
Guerra.

Estamos no outono. Dos veteranos, já não há muitos. Sou o último dos sete colegas de turma que
vieram para cá.
Todos falam de paz e armistício. Todos esperam. Se for outra decepção, eles vão se desmoronar, as es-
peranças são muito fortes; é impossível destruí-las sem uma reação brutal. Se não houver paz, então haverá
revolução.
Tenho catorze dias de licença, porque engoli um pouco de gás. [...]
Se tivéssemos voltado em 1916, do nosso sofrimento e da força de nossa experiência, poderíamos ter
desencadeado uma tempestade. Mas, se voltarmos agora, estaremos cansados, quebrados, deprimidos, va-
zios, sem raízes e sem esperança. Não conseguiremos mais achar o caminho.
E as pessoas não nos compreenderão, pois, antes da nossa, cresceu uma geração que, sem dúvida,
passou esses anos aqui junto a nós, mas que já tinha um lar e uma profissão, e que agora voltará para suas
antigas colocações e esquecerá a guerra... e, depois de nós, crescerá uma geração, semelhante à que fomos
em outros tempos, que nos será estranha e nos deixará de lado. Seremos inúteis até para nós mesmos. En-
velheceremos, alguns se adaptarão, outros simplesmente resignar-se-ão e a maioria ficará desorientada; os
anos passarão e, por fim, pereceremos todos.
Levanto-me.
Estou muito tranquilo. Que venham os meses e os anos, não conseguirão tirar mais nada de mim, não
podem me tirar mais nada. Estou tão só que posso enfrentá-los sem medo. [...]

Tombou morto em outubro de 1918, num dia tão tranquilo em toda a linha de frente, que o comunicado
se limitou a uma frase: ‘Nada de novo no front’.
Caiu de bruços e ficou estendido, como se estivesse dormindo. Quando alguém o virou, viu-se que ele
não devia ter sofrido muito. Tinha no rosto uma expressão tão serena que quase parecia estar satisfeito de
ter terminado assim.
REMARQUE, Erich Maria. Nada de novo no front. Porto Alegre: L&PM, 2008. p. 221-222.

Certa noite, na segunda semana de novembro, houve uma forte tempestade, com relâmpagos cortando
o céu em meio aos clarões das explosões. A chuva cobriu a terra de ninguém com uma camada de água de
uns 25 centímetros, mas não parou de cair. Tamanho volume de chuva acabou interrompendo a primeira
batalha de Yprés, que avançava devastadoramente para o norte. Nosso setor ao norte de Armentières foi
0

arrasado. Pode-se imaginar as condições das latrinas.


Latinstock/Corbis/DPA/united archives/9104

O terreno à nossa frente estava cheio de soldados


mortos. Com a chuva ainda caindo, chafurdávamos
em uma argila amarelenta. Nossas trincheiras, com
um pouco mais de 2 metros de profundidade, esta-
vam cobertas com um lençol de água com cerca de
1,20 metro. Movimentávamo-nos ou nos arrastáva-
mos lentamente através da marga lamacenta ou de
um lamaçal amarelento, o que era muito diferente.

SOLDADOS britânicos saem da trincheira para atacar o inimigo


marga: calcário argiloso, ou argila com maior ou durante a Batalha do Somme. Somme. 1916. 1 fotografia, p&b.
menor teor em calcário.

História 27
Quando a noite chegou e pudermos sair dali, levamos quase uma hora para escalar as paredes. Alguns dos
nossos companheiros voltaram a escorregar para dentro das trincheiras e se afogaram. Não conseguimos nem
sequer vê-los, mas alguns de nós chegaram a pisar os corpos depois.

A
ARTHUR, Max. Vozes esquecidas
d dda Primeira G d l uma história
Guerra Mundial: h contada
d por homens
h e mulheres
lh que vivenciaram o primeiro grande
d
conflito do século XX. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. p. 68.

Após analisar os documentos e debater com seu colega, respondam às questões a seguir.
a) A guerra correspondeu às expectativas dos jovens soldados de lutar pela honra? Justifiquem a resposta.
Os jovens soldados se alistaram com o ideal de defender a família e a pátria. Entretanto, a dureza da guerra acabou por desencantá-los

e mostrar que a guerra era uma estupidez promovida pelas autoridades que não experimentavam as péssimas condições

vivenciadas nas frentes de batalha.

b) A guerra trouxe novas oportunidades para os jovens que sobreviveram ao conflito? Justifiquem a resposta trans-
crevendo, nas linhas a seguir, um fragmento de um dos textos.
Não. “E as pessoas não nos compreenderão, pois, antes da nossa, cresceu uma geração que, sem dúvida, passou esses anos aqui

junto a nós, mas que já tinha um lar e uma profissão, e que agora voltará para suas antigas colocações e esquecerá a guerra... e,

depois de nós, crescerá uma geração, semelhante à que fomos em outros tempos, que nos será estranha e nos deixará de lado.

Seremos inúteis até para nós mesmos. Envelheceremos, alguns se adaptarão, outros simplesmente resignar-se-ão e a maioria ficará

desorientada; os anos passarão e, por fim, pereceremos todos.”

c) Com base nas informações dos documentos, descreva as condições de sobrevivência nas trincheiras.
Espera-se que os alunos expliquem que as trincheiras eram lugares insalubres e que causavam a morte dos soldados em pouco tempo

em decorrência da fome, dos ferimentos e das doenças contagiosas ou provocadas pela umidade. O segundo texto descreve as

condições de sobrevivência nas trincheiras quando as estações das chuvas inundavam toda a frente de batalha. Além disso, durante

o inverno, ocorria o congelamento do corpo, o que implicava a morte do indivíduo ou a amputação de pés, pernas e mãos.

Guerra de Trincheiras
Observe na ilustração a posição dos exércitos francês e alemão, a disposição
das trincheiras e a denominada "terra de ninguém".
Retaguarda Segunda Primeira Zona minada Primeira Segunda
Trincheira Trincheira Trincheira Trincheira
Túnel de
comunicação

Arame Arame
10 Km farpado farpado
Terra de
Zona da Tríplice Entente Ninguém Zona da Tríplice Aliança
Jack Art. 2015. Digital.

28 Volume 8
os) foram
Além das batalhas na Frente Ocidental, as Potências Centrais, en- Os primeiros a utilizar gases letais (venenos
abril de
cabeçadas pela Alemanha, avançaram também sobre a Rússia e os os alemães na Batalha de Yprés, no dia 22 de
direção às trinc hei-
Balcãs na chamada Frente Oriental. Nessa região, os combates não 1915. O gás cloro foi lançado em
, amb os
foram menos sangrentos. ras francesas. Após essa primeira utilização
entes
os lados da guerra passaram a fazer uso de difer
Milhões de soldados, de ambos os lados, morriam nos combates, o fosgê-
tipos de substâncias químicas. O gás cloro e
de frio ou de fome. Submarinos alemães, com o objetivo de matar perío do de
nio matavam os soldados por asfixia no
o mais
os inimigos por inanição, interceptavam e impediam navios de levar 24 horas após a inalação. O gás mostarda foi
to, pois
alimentos à Grã-Bretanha. O avião, inventado há poucos anos, esta- utilizado e era o que gerava mais sofrimen
externo do corpo
va sendo usado como uma poderosa “arma de matar”. Gases letais causava o apodrecimento interno e
soldados
eram lançados nos campos de batalha pelos militares alemães. e produzia bolhas em toda a pele. Muitos
morrer.
agonizavam por até cinco semanas antes de

Imperial War Museums


BROOKE, John Warwick. Soldados ingleses operando metralhadora durante a Batalha do Somme. Somme. 1916. 1 fotografia, p&b.

Tão logo surgiram os gases tóxicos como armas de guerra, foram criados equipamentos de proteção contra essas substâncias.
Máscaras, óculos e luvas passaram a fazer parte dos uniformes dos soldados.

9 Aprofundamento de conteúdo para o professor.

Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos/Fotógrafo desconhecido


Rendição da Alemanha
O ano de 1917 trouxe mudanças decisivas para o conflito. Nesse ano,
dois acontecimentos ajudaram a definir os contornos que a história do con-
flito – e do mundo – passaria a ter a partir de então.
Na Rússia, o governo czarista renunciou e duas revoluções ocorreram.
Os bolcheviques chegaram ao poder em outubro desse ano e uma das pri-
meiras decisões foi a retirada do país do conflito mundial. Foi assinado o
Tratado de Brest-Litovsk entre Alemanha e Rússia, segundo o qual a Rússia
perdia 32% das terras aráveis e 69% de sua indústria, além de pagar uma
alta indenização à Alemanha.
FLAGG, James Montgomery. Convocação dos Estados Unidos para a Grande Guerra. 1917.
1 cartaz, color.

O cartaz utilizado para convocar jovens estadunidenses em 1917 apresenta a


caricatura do presidente Abraham Lincoln apontando para o observador com a
frase: Eu necessito de você nas forças armadas.

História 29
Ainda no ano de 1917, os Estados Unidos declararam guerra às Potências Centrais após o torpedeamento de navios mer-
cantes estadunidenses por submarinos alemães. Para muitos historiadores, essa foi a desculpa dos Estados Unidos para entrar
no conflito e auxiliar os aliados (Tríplice Entente), que corriam o risco de serem derrotados.
A partir de então, ao longo de um ano, pesadas derrotas foram infringidas às Potências Centrais, culminando com a
derrota da Áustria e da Alemanha. Os alemães assinaram a rendição em 11 de novembro de 1918. Era o fim da Grande
Guerra.

Fim do conflito e a nova ordem mundial


Entre as consequências do conflito, contabilizam-se 9 milhões de mortos, a devastação do continente europeu, a
ascensão dos Estados Unidos, a criação da Liga das Nações (organização internacional voltada a evitar novos conflitos),
a entrada das mulheres no mercado de trabalho e a liberalização dos costumes.
Quanto à Alemanha, às baixas sofridas pelo seu exército, somaram-se a derrota e a humilhação imposta pelo Tra-
tado de Versalhes assinado em 1919. O documento determinou inúmeras punições, entre elas, a perda dos territórios
invadidos na Europa e das possessões imperiais alemãs em outros continentes.

Interpretando documentos
Leia, neste fragmento de texto, algumas cláusulas do Tratado de Versalhes.

(...) Art. 119 – A Alemanha renuncia, a favor das Principais Potências aliadas e associadas (Estados
Unidos, Império Britânico, França, Itália e Japão), a todos os seus direitos e títulos de além-mar (...)
Art. 160 – o exército alemão não deverá compreender mais de 7 divisões de infantaria e 3 divisões de
cavalaria (...) Art. 168. – O fabrico de armas, munições e material de guerra (...) não poderá ser efec-
tuado senão em fábricas (...) sob a aprovação dos governos das Principais Potências aliadas e associadas
(...) Art. 171 – São igualmente proibidos o fabrico e a importação pela Alemanha de carros blindados,
tanques ou outros engenhos similares (...) Art. 198 – As forças militares da Alemanha não deverão
compreender nenhuma aviação militar nem naval (...) Art. 231 – Os Governos aliados e associados de-
claram e a Alemanha reconhece que a Alemanha e seus aliados são responsáveis, por tê-los causado, por
todas as perdas e danos, sofridos pelos Governos aliados e associados e seus naturais, em consequência
da Guerra (...) Art. 233 – O montante dos ditos prejuízos (...) será fixado por (a Comissão de Repara-
ções) (...) Art. 434 – A Alemanha obriga-se a reconhecer pleno valor dos Tratados de Paz e Convenções
adicionais que serão concluídos (...) com as Potências que combateram ao lado da Alemanha (...) e a
reconhecer os novos Estados com as fronteiras que lhes forem fixadas.

VOILLIARD, O. et al. Documentos de História: 1851-1971. [197-] apud FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa:
Plátano, 1976. v. 3, p. 273-274.

De acordo com o texto, em seu caderno, faça o que se pede a seguir.


a) Cite as principais sanções impostas à Alemanha pelas potências aliadas.
b) A Alemanha foi considerada a grande culpada por todos os prejuízos causados e, por esse motivo, foi obrigada
a aceitar um tratado com cláusulas tão duras. Em sua opinião, as cláusulas aplicadas à Alemanha foram justas?
Justifique sua resposta. 10 Gabarito e aprofundamento de conteúdo para o professor.

30 Volume 8
Organize as ideias
A saída da Rússia do conflito, a rendição da Alemanha e a destituição do Império Austro-Húngaro foram fatores
que redefiniram a organização geopolítica da Europa. Novos países surgiram, conforme é possível observar por meio
do mapa a seguir.

EUROPA: divisão política após a Grande Guerra (1921)

Luciano Daniel Tulio


Fonte: WILLMOTT, H. P. Primeira Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. p. 299. Adaptação.

Que novos países surgiram em 1921 após o término da Grande Guerra?


Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Iugoslávia, Islândia e Irlanda.

A Alemanha após o conflito


As disputas imperialistas levaram o poderoso exército alemão à guerra, mas ele saiu perdedor.
O esforço de guerra, as destruições causadas ao território alemão e as cláusulas do Tratado de Versalhes foram
elementos que tornaram ainda mais sofrida a situação das massas alemãs.
Durante a Grande Guerra, diferentes grupos se mostraram insatisfeitos com o governo imperial alemão centralizado
na figura do kaiser. Essa insatisfação só veio a piorar com as baixas sofridas no conflito realizado em duas frentes.

História 31
Enquanto o exército alemão acumulava derrotas externas, em 1918, uma revolução social explodiu na Alemanha.
Segmentos oriundos de diferentes categorias sociais se uniram para derrubar o kaiser e organizar uma forma mais
democrática de governo. A República de Weimar constitui-se em um governo de conselhos populares, formado por
socialistas, comunistas, ligas camponesas e liberais social-democratas de origem burguesa.
Entre 1918 e 1919, o governo dos Conselhos perdeu o apoio dos camponeses e as suas lideranças comunistas
passaram a ser perseguidas e assassinadas. Entre elas, destaca-se Rosa Luxemburgo (1871-1919), uma das mais
importantes militantes do comunismo na Alemanha da época.
A república burguesa que se seguiu não conseguiu reverter a grave crise econômica e social que abalou a Alemanha no
pós-guerra nem o sentimento de revanche que se acentuou entre o povo alemão diante das humilhantes cláusulas do
Tratado de Versalhes.
Esses fatores, aliados à grande crise do capitalismo mundial iniciada nos Estados

Mu
Unidos em 1929 e que atingiu todo o Ocidente nos anos 1930, de certa forma, rela-

se u
cionavam-se ao crescimento de grupos políticos de extrema direita, que defendiam

H ist
ó r i co
e exaltavam o nacionalismo alemão e a possibilidade de uma revanche armada

Ale mã o/F
contra as nações que humilharam a Alemanha em 1919.

otógrafo descon
ROSA de Luxemburgo. 1905. 1 fotografia, p&b. 17,3 cm x 11,4 cm.

hecid
A filósofa polonesa de origem judia foi uma das principais responsáveis pela

o
disseminação do ideário socialista na Alemanha. Participou do Partido Social-
-Democrata da Alemanha e ajudou a fundar o que mais tarde seria o Partido
Comunista da Alemanha. Sua presença se tornou indesejável na república
instalada pelo Partido Social-Democrata, que ordenou seu sequestro e sua
morte em 1919.

A guerra contribuiu para uma série de mudanças sociais, com destaque para as que ocorreram na vida das
mulheres.
Durante o conflito, as mulheres assumiram os postos de trabalho deixados pelos homens que partiram para as
frentes de batalha. Era necessário manter a produção do país. Mesmo após o conflito, o grande número de mortos e
feridos exigiu que muitas mulheres continuassem trabalhando.
O recebimento do próprio salário estimulou certa autonomia das mulheres, que, agora, podiam se sustentar sem
necessariamente depender de um marido.
Nesse período, o movimento feminista se fortaleceu e passou a reivindicar direitos para as mulheres.

Arte e guerra
Durante as primeiras décadas do século XX, movimentos artísticos e literários floresceram em vários países europeus.
Apesar de suas diferentes orientações, esses movimentos tinham em comum a busca pela ruptura com os padrões
estéticos estabelecidos no século XIX. O conjunto dessas movimentações foi denominado Modernismo pelos teóricos.
Entre as movimentações artísticas modernistas, destacam-se a arte e a literatura expressionistas. Estas se caracteri-
zaram pela tentativa de ultrapassar as percepções dos sentidos, evocando, por meio da abstração, a expressão eterna
e absoluta dos objetos e dos fatos, a essência para além da aparência. Em virtude disso, as obras expressionistas são
carregadas de tensão – cores vibrantes, linhas distorcidas e personagens inquietantes.

32 Volume 8
Tal movimento atingiu seu apogeu na Alemanha nos anos anteriores à deflagração da Grande Guerra. Jovens ex-
poentes do expressionismo alemão atuaram nos campos de batalha; alguns não retornaram. A experiência da guerra
marcou profundamente o desenvolvimento da arte expressionista, tanto nas artes plásticas quanto na literatura.

Museu de Arte Moderna de Nova Iorque/Fotógrafo desconhecido


É o que se pode perceber pelas obras a seguir.
Analise-as com atenção.
11 Sugestão de abordagem do conteúdo.

DIX, Otto. Ofensiva de soldados com máscaras de gás.


1924. 1 água-forte, água-tinta, ponta-seca,
19,3 cm × 28,8 cm. Museu de Arte Moderna de
Nova York, Nova York.

Essa obra representa o estilo expressionista do


pintor alemão, que lutou na Grande Guerra

12 Sugestão de abordagem do conteúdo.


“Confrontada com o espetáculo de uma luta científica na qual o Progresso é usado para o retorno à
Barbárie, e com o espetáculo de uma civilização que se volta contra si mesma para se destruir, a razão
fraqueja”, escreveu Louis Mairet. Para o artista Paul Nash, os instrumentos normais de sua arte eram
insuficientes: “Nenhuma pena ou desenho pode expressar esta região”, escreveu ele à sua mulher sobre
a paisagem de Flandres. A Rejeição da forma tradicional na arte parecia ser a única reação honesta. Nash
e muitos dos outros artistas oficiais britânicos da guerra, que em sua maioria tinham tido uma formação
tradicional e provinham de um meio convencional e de um ambiente cultural que antes da guerra era
em geral hostil a inovações artísticas, voltaram-se cada vez mais para modos experimentais de compo-
sição. Enfrentavam alguma oposição, mas recebiam sobretudo aplausos.
Até nos círculos oficiais havia em 1917 um reconhecimento relutante de que a guerra tinha introdu-
zido uma nova era, uma era que exigia uma nova sensibilidade.

EKSTEINS, Modris. A sagração da primavera. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. p. 276.

Alguns artistas tiveram obras censuradas por retratar uma realidade cujos temas eram considerados, pelas auto-
ridades militares, humilhantes para as tropas, além de atingirem negativamente o moral dos pelotões. Um exemplo
é o artista John Singer Sargent e sua obra Um grupo de soldados, que foi considerada ofensiva às tropas inglesas. Essa
obra foi comprada pelo exército britânico por 100 libras e guardada em um depósito. Na atualidade, está exposta no
Imperial War Museum, em Londres.
Imperial War Museums/Fotógrafo desconhecido

SARGENT, John Singer. Um grupo de soldados (Gassed). 1918. 1 óleo sobre tela, color., 231 cm × 611 cm. Imperial War Museums, Londres.

História 33
Hora de estudo
13 Orientações para a distribuição das atividades como tarefa
de casa e gabaritos/comentários sobre as questões.
1. Leia o poema a seguir.
b) a guerra de trincheiras, cenário que dominou todo o
Quando durmo, sonhando, agasalhado e em paz, curso da Primeira Guerra Mundial;
eles vêm – os sem-lar, os mortos silenciosos.
x c) a guerra de movimento, adotada no início da Pri-
Enquanto no alto bramem, rugem em lamentos
meira Guerra Mundial pelos alemães, estratégia que
as negras ondas, a investir, da tempestade, fazia parte do chamado Plano Schlieffen;
eles surgem da treva e cercam minha cama:
falam-me ao coração; são meus seus pensamentos. d) a primeira batalha em que se registrou o emprego
“Por que não montas mais guarda e agora aqui estás? do gás como arma, recurso utilizado pelos alemães;
De Ypres a Frise, que é nossa linha de frente, e) o sucesso do plano escolhido pelos alemães para
procuramos-te.” Acordo, livre do perigo derrotar rapidamente a França, pois com a vitória na
(ah! com quanta amargura!) e sem um só amigo... Batalha do Marne os alemães conquistaram Paris.
E enquanto raia a aurora e a chuva cai, cortante, 3. (FUVEST – SP)
penso em meu batalhão chafurdando na lama...
“Quando é que irás unir-te a eles novamente? Quando a guerra mundial de 1914-1918 se
Eles não são, por nosso sangue, teus irmãos? iniciou, a ciência médica tinha feito progressos tão
SASSOON, Siegfried. Meditação do soldado convalescente. 1917. grandes que se esperava uma conflagração sem a
In: JUNQUEIRA, Ivan. Conferência proferida na Academia Brasileira interferência de grandes epidemias. Isso sucedeu
de Letras. Disponível em: <http://www.academia.org.br/abl/cgi/
cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=4248&sid=530>. Acesso em: 25 na frente ocidental, mas a leste o tifo precisou de
jun. 2015. apenas três meses para aparecer e se estabelecer
De acordo com as informações do poema e da refe- como o principal estrategista na região (...). No
rência, quando e por quem esse texto foi escrito? Qual momento em que a Segunda Guerra Mundial está
é o assunto central do texto “Meditação do soldado acontecendo, em territórios em que o tifo é endê-
convalescente”? mico, o espectro de uma grande epidemia consti-
tui ameaça constante. Enquanto estas linhas estão
2. (ESPM)
sendo escritas (primavera de 1942) já foram recebi-
Foi um período caracterizado por rápidas inves- das notificações de surtos locais, e pequenos, mas a
tidas. Os alemães invadiram a Bélgica, cuja resis- doença parece continuar sob controle e muito pro-
tência heroica, notadamente em Liège, possibilita- vavelmente permanecerá assim por algum tempo.
ria a plena mobilização dos franceses e dos russos.
Apesar dos esforços franceses, 78 divisões germâ- Henry E. Sigerist, Civilização e doença. São Paulo: Hucitec, 2010, p.
130-132.
nicas armadas com artilharia pesada chegaram às
vizinhanças de Paris. Graças à extrema habilidade O correto entendimento do texto acima permite afirmar
do general Joffre, os alemães foram obrigados a re- que
cuar até o vale do Rio Marne, onde em setembro a) o tifo, quando a humanidade enfrentou as duas
foi disputada a primeira batalha do Marne com a grandes guerras mundiais do século XX, era uma
participação de 2 milhões de homens. ameaça porque ainda não tinha se desenvolvido a
(Luiz Cesar Rodrigues. A Primeira Guerra Mundial) biologia microscópica, que anos depois permitiria
identificar a existência da doença.
A primeira batalha do Marne tratada no texto deve ser
relacionada com: b) parte significativa da pesquisa biológica foi abando-
nada em prol do atendimento de demandas milita-
a) a Blitzkrieg, estratégia de guerra alemã que combi- res advindas dessas duas guerras, o que causou um
nava o rápido avanço de tropas de infantaria com o generalizado abandono dos recursos necessários ao
apoio aéreo e de blindados; controle de doenças como o tifo.

34 Volume 8
c) as epidemias, nas duas guerras mundiais, não d) a extinção da Alemanha e o fortalecimento da Fran-
afetaram os combatentes dos países ricos, já que ça e da Inglaterra, sendo que a França passou a do-
estes, ao contrário dos combatentes dos países po- minar terras da Alemanha, e a Inglaterra fortaleceu
bres, encontravam-se imunizados contra doenças seus laços com a Rússia.
causadas por vírus.
6. (ENEM)
X d) a ameaça constante de epidemia de tifo resultava
da precariedade das condições de higiene e sanea- Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o sé-
mento decorrentes do enfrentamento de populações culo XIX – que terminou com a corrida dos países
humanas submetidas a uma escala de destruição
europeus para a África e com o surgimento de mo-
incomum promovida pelas duas guerras mundiais.
vimentos de unificação nacional na Europa – do
e) o tifo, principalmente na Primeira Guerra Mundial, século XX, que começou com a Primeira Guerra
foi utilizado como arma letal contra exércitos inimi- Mundial. É o período do Imperialismo, da quie-
gos no leste europeu, que eram propositadamente
tude estagnante na Europa e dos acontecimentos
contaminados com o vírus da doença.
empolgantes na Ásia e na África.
4. (PUC-SP) O fim da Primeira Guerra Mundial trouxe,
entre outras consequências: ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras,
2012.
a) A unificação política do Oriente Médio, sob a lide-
rança do Egito. O processo histórico citado contribuiu para a eclosão
X b) O aparecimento de numerosos novos Estados, em da Primeira Grande Guerra na medida em que
virtude da desintegração dos Impérios Otomano, a) difundiu as teorias socialistas.
Austro-Húngaro e Russo.
X b) acirrou as disputas territoriais.
c) A ampliação do território alemão, em detrimento
com [sic] a Polônia. c) superou as crises econômicas.
d) A simplificação do mapa político da Eurásia pelo de- d) multiplicou os conflitos religiosos.
saparecimento de numerosos pequenos Estados. e) conteve os sentimentos xenófobos.
e) A dominação da Alemanha pelas forças de ocupa- 7. Sobre a Grande Guerra (1914-1918), assinale a alter-
ção aliadas.
nativa correta.
5. (UEMG) Em 2014, completaremos [completamos] 100
a) Foi um conflito que durou pouco meses e foi ven-
anos do início da primeira guerra mundial. Esta teve
como força motivadora o assassinato de Francisco Fer- cido pelas Potências Centrais. Como recompensa
dinando, que era o príncipe herdeiro do império Austro- pela vitória, os seus integrantes receberam vastas
-Húngaro. Com o fim da guerra, foram assinados vários colônias na África.
acordos de paz, que, entre outras consequências, leva- b) Foi provocada pelo desejo da Rússia de atacar a In-
ram ao desmembramento desse império, criando uma glaterra e ocupar a Grã-Bretanha, que era rica em
nova estrutura geográfica na Europa. Essa nova estru- carvão mineral. Os russos necessitavam do carvão
tura geográfica estabeleceu
para o aquecimento das casas durante o inverno.
a) o surgimento do império Russo como consequência
X c) Foi causada pelas disputas imperialistas entre os
do pós-guerra, determinado pelo Tratado de Versa-
países industrializados europeus. As disputas por
lhes, o que garantiu a hegemonia do capitalismo na
Europa. colônias acabaram gerando o Período da Paz Arma-
da, que apressou o início do conflito.
b) a extinção da Romênia do cenário político, cujo terri-
tório foi incorporado pela Inglaterra, que teve direito d) Após o fim do conflito, ocorreu o congraçamento
de explorar suas minas e sua economia. entre todos os povos europeus, que se esqueceram
das rivalidades causadoras da guerra.
X c) o surgimento da Tchecoslováquia, Polônia, Iugoslá-
via, Hungria, Lituânia, Letônia, Finlândia e Estônia, e) Os tratados de paz, assinados ao fim do conflito,
bem como o desaparecimento da Sérvia, Bósnia e isentaram os países perdedores do pagamento de
Montenegro. indenizações aos países vencedores.

História 35
36
1

Rev ol u ç ã o Ru s s a
Museu Hermitage/Fotógrafo desconhecido

Galeria Tretyakov/Fotógrafo desconhecido

NICOLAU II e sua família. São GERASIMOV, Aleksandr Mikhailovic.


Petersburgo. 1913. 1 fotografia, p&b. Lenin em uma tribuna. 1947. 1 óleo sobre
tela, color. Galeria Tretyakov, Moscou.

Ponto de partida
2

Analise as imagens e pesquise as respostas para as questões a seguir. Faça seus registros no caderno.
1. Que família é retratada na primeira imagem? Qual foi o destino final dessas pessoas?
2. Quem é o líder retratado na segunda imagem? Qual é a importância dele para a história da Rússia?

36
Objetivos da unidade:
ƒ conhecer a situação geral da Rússia no fim
m do século XIX e início do século XX;
ƒ compreender as principais características da Rússia czarista;
ƒ relacionar o aumento da crise econômica e o descontentamento do povo russo com a monar-
quia à participação do país na Grande Guerra (1914-1918);
ƒ compreender o processo revolucionário que ocorreu em duas etapas no ano de 1917;
ƒ conhecer as principais medidas adotadas pelo governo bolchevique para consolidar o gover-
no socialista;
ƒ compreender as disputas políticas entre os líderes bolcheviques após a morte de Lenin.

Na unidade anterior, estudamos a Grande Guerra contexto, os Estados Unidos apareceram no cenário inter-
(1914-1918), conflito armado de grandes dimensões nacional como uma grande potência.
motivado por disputas imperialistas entre potências
Com a Grande Guerra, a estrutura política e econô-
europeias.
mica que caracterizou o século XIX, segundo Hobsbawm
Com o fim do conflito mundial, a geopolítica europeia em sua obra Era dos extremos, chegou ao fim. Iniciava-se
sofreu grandes mudanças. Os impérios Austro-Húngaro, o que o historiador denominou de “o breve século XX”,
Turco-Otomano e Russo perderam parte significativa de marcado por inúmeras guerras e revoluções. Entre essas
seus territórios. No Leste Europeu, novos países surgiram: revoluções, a primeira (e talvez a mais intensa) foi a Re-
Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Tchecoslováquia, Po- volução Russa, processo revolucionário que eclodiu em
lônia, Hungria e Iugoslávia. 3 Sugestão de retomada de 1917 e transformou a teoria socialista em uma proposta
conteúdos estudados.
política. 4 Sugestão de retomada
Além das mudanças ocorridas no mapa político da de conteúdos estudados.
Europa, a fragilidade das potências europeias gerada pela Antes de conhecermos as origens e os desdobramen-
destruição e pelas mortes tornou mais difícil a manuten- tos da Revolução Russa, vamos agora relembrar o que
ção das colônias em outros continentes. Nesse mesmo estudamos sobre a Grande Guerra?

Organize as ideias 5 Gabarito.

1. Para relembrar alguns dos aspectos mais significativos da Grande Guerra, retome textos e anotações referentes a
esse conteúdo anteriormente estudado e marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas.
Para concluir esta atividade, reescreva, em seu caderno, as afirmativas falsas de forma que se tornem verdadeiras.
a) ( V ) França, Inglaterra, Rússia e Estados Unidos fo- e) ( V ) O conflito na Europa pode ser dividido em duas
ram os principais países integrantes da Tríplice fases: Guerra de Movimento (fase inicial em
Entente. que os exércitos estavam tomando posição nas
frentes de batalha) e Guerra de Trincheiras (pe-
b) ( V ) Alemanha, Itália e Áustria-Hungria desejavam a
ríodo mais estático e mortal do conflito).
ampliação territorial na Europa e a aquisição de
novas colônias. f) ( F ) A capacidade de produção de armamentos e
munição não foi de grande importância para um
c) ( V ) O conflito armado teve início com o assassinato
conflito em que foram utilizados cavalos e ar-
do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro
mas brancas.
do trono da Áustria.
g) ( V ) O ano de 1917 foi decisivo para o conflito,
d) ( F ) A Rússia permaneceu ao lado dos integrantes
pois foi quando os Estados Unidos entraram na
da Tríplice Aliança até o ano de 1918, quando
terminou o conflito.

37
guerra e a Rússia assinou com os alemães o
Tratado de Brest-Litovsk. O motivo era que essa guerra, ao contrário
das anteriores, tipicamente travadas em torno
h) ( V ) As Potências Centrais não resistiram aos anos de objetivos específicos e limitados, travava-se
de conflito e à entrada dos Estados Unidos por metas ilimitadas. Na Era dos Impérios a
como aliados da França e Inglaterra e conse-
política e a economia haviam se fundido. A ri-
quentemente renderam-se uma a uma.
validade política internacional se modelava no
i) ( F ) A Rússia, como vencedora do conflito, recebeu crescimento e competição econômicos, mas o
indenização de guerra e colônias na Ásia. traço característico disso era precisamente não
j) ( V ) A Alemanha foi considerada a nação culpada ter limites.
por todos os prejuízos causados e foi obrigada
HOBSBAWM, Eric. A era da guerra total. In: ______. Era dos
a aceitar as cláusulas do Tratado de Versalhes extremos: o breve século XX – 1914-1991. São Paulo: Companhia
(1919). das Letras, 1995. p. 37.

k) ( V ) Os Estados Unidos foram os grandes vencedo- Segundo o historiador, a Grande Guerra se apresen-
res do conflito, pois sua economia e seu prestí- tou como uma guerra total, porque, diferentemente de
gio internacional saíram fortalecidos. conflitos anteriores,
l) ( F ) Na Rússia, após o conflito mundial, a situação a) foi planejada minuciosamente pelos diplomatas dos
dos camponeses melhorou consideravelmente. países envolvidos, que calcularam os efeitos econô-
2. Leia o fragmento do texto de Eric Hobsbawm. micos e os ganhos políticos de um confronto arma-
do travado em solo europeu.
Se algum dos grandes ministros ou diplo- b) foi travada em torno de objetivos específicos e limi-
matas do passado [...] se levantasse da cova tados, entre os quais estava a rivalidade econômica
para observar a Primeira Guerra Mundial, cer- internacional, motivada por questões políticas.
tamente se perguntaria por que estadistas sen-
X c) se caracterizou pelas pretensões ilimitadas dos paí-
satos não tinham decidido resolver a guerra por ses envolvidos; no contexto do Imperialismo, dispu-
meio de algum acordo, antes que ela destruísse tas econômicas modelavam as rivalidades políticas.
o mundo de 1914. [...] Por que, então, a Pri-
meira Guerra Mundial foi travada pelas princi- d) as tentativas diplomáticas de evitar o conflito fa-
lharam em decorrência da incompetência dos re-
pais potências dos dois lados como um tudo ou
presentantes dos governos dos países envolvidos
nada, ou seja, como uma guerra que só poderia
em encontrar uma saída amigável para as disputas
ser vencida por inteiro ou perdida por inteiro?
imperialistas.

Rússia czarista
Nas primeiras décadas do século XX, a Rússia era caracterizada como um
O termo czar se originou de uma alteração
império essencialmente agrícola, com grande diversidade de povos e cul-
da palavra “César”, que, no Império Romano,
turas. Sua política era marcada pela monarquia absoluta, em que o czar se
significava imperador. Com a expansão do
dizia escolhido por Deus. território desse Império, no Leste Europeu,
As dimensões territoriais da Rússia eram um complicador para a ad- região de línguas eslavas, a palavra "césar"
O
ministração do Império e para a implantação de novas políticas. Observe passou a ser pronunciada como “czar”.
o
no mapa a seguir que a linha vermelha representa a dimensão do Império feminino de czar é czarina (imperatriz), e
vocábulo relativo a príncipe é czaréviche.
Russo no continente europeu no ano de 1900.

38 Volume 8
EXPANSÃO DO IMPÉRIO RUSSO EM 1900

Luciano Daniel Tulio


Fonte: FERRO, Marc. A Revolução Russa de 1917. Rio de Janeiro: Perspectiva, 2004. Adaptação.

Industrialização e urbanização russas


O czar Alexandre II (1855-1881) deu início a um processo de modernização que foi marcado pela abolição da ser-
vidão em 1861. Os camponeses passaram a ser cidadãos livres com direito à propriedade pessoal de bens e serviços,
além do direito de recorrer à justiça. 6 Sugestão de análise da obra.
Museu Hermitage/Fotógrafo desconhecido

As medidas para acabar com o sistema


feudal ainda vigente na Rússia almejavam
inserir o país na conjuntura internacional da
produção industrial e do Imperialismo. Dessa
maneira, as reformas realizadas pelo czar ti-
nham como objetivo abolir as antigas rela-
ções patriarcais e facilitar a passagem para o
desenvolvimento burguês.

ZICHY, Mihály. Coroação de Alexandre II. 1857.


1 aquarela sobre papel, color., 52,7 cm × 70 cm.
Museu Hermitage, São Petersburgo.

Na cena que apresenta a coroação do czar


Alexandre II, é possível observar a relação
entre a Igreja Ortodoxa e a monarquia russa

História 39
A industrialização e a urbanização trouxeram mudanças sociais. Assim, um imenso contingente formado pelo
operariado nascente, soldados e marinheiros passou a compor as populações urbanas, que, como os camponeses,
estavam excluídas dos privilégios políticos desfrutados pelo clero ortodoxo, pelos altos funcionários do governo e
pela nobreza. Era significativo também o setor médio da população, formado, sobretudo, por profissionais liberais
comerciantes, intelectuais e artistas.
Delinearam-se, dessa forma, os contornos de uma nova sociedade, ainda que o czar permanecesse como represen-
tante das elites, privilegiando a classe dominante no âmbito político.
Diante dessa realidade, boa parte da população desejava a modernização política da Rússia com a ruptura do des-
potismo e a transição para um governo mais democrático (constitucional e parlamentar) nos moldes do que ocorria
nos demais países europeus.
O assassinato de Alexandre II em 1881 por um grupo de terroristas interrompeu o processo de transformação. Os
reinados dos soberanos seguintes foram marcados pelo retrocesso antirreformista. Em decorrência disso, sucederam-se
atentados, greves operárias e reivindicações para se chegar a um governo representativo. Na virada do século, o absolutis-
mo russo demonstrava evidentes sinais de falência.

Oposição ao governo do czar


7 Aprofundamento de conteúdo para o professor.
Apesar das reformas políticas instituídas no século XIX e influenciadas pelo Iluminismo, na Rússia imperial, uma
rigorosa censura, aliada à repressão militar e à coerção religiosa, dificultava a ampla divulgação de ideias e valores que
representassem algum perigo à ordem estabelecida. Entretanto, mesmo nessa situação, surgiram grupos políticos de
oposição ao czar. Leia a respeito dos principais.
• Partido Populista – defendia o socialismo agrário e um governo mais democrático.
• Partido Constitucional Democrata – era formado por integrantes da nobreza liberal e da burguesia; defendia a
implantação de um regime constitucional e parlamentar.

Biblioteca Nacional da França/Fotógrafo desconhecido


• Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) – defen-
dia o estabelecimento do socialismo. Em 1903, durante o Con-
gresso de Unificação, o partido se dividiu em duas facções em
razão de divergências quanto à implantação do socialismo:
• Menchevique (minoria) – liderado por Martov, defendia a
passagem moderada para o socialismo.
• Bolchevique (maioria) – liderado por Lenin, defendia a pas-
sagem revolucionária para o socialismo.

Domingo Sangrento
Entre 1904 e 1905, durante as disputas imperialistas na região do
Pacífico, a Rússia se envolveu em uma violenta guerra contra o Japão
pela região da Manchúria. A guerra russo-japonesa foi vencida pelo
Japão. A situação socioeconômica da Rússia, que já era delicada, agra-
vou-se ainda mais e aumentou a insatisfação popular.
Diante da crise, lideranças populares organizaram uma passeata
CHARMET, J. L. Capa do suplemento Le Petit Parisien.
com milhares de pessoas, em sua maioria, trabalhadores de origem 1905. 1 gravura, color.
humilde. A passeata se dirigiu ao palácio de inverno do czar na cidade Esta imagem retrata o Domingo Sangrento em
São Petersburgo, ocorrido em 22 de janeiro de
de São Petersburgo, capital do império, no dia 9 de janeiro de 1905. 1905 (conforme o calendário gregoriano).
8 Aprofundamento de conteúdo para o professor.

40 Volume 8
A marcha tinha o propósito de manifestar para o czar Nicolau II algumas das principais reivindicações da população
pobre e excluída do país, apoiada por lideranças intelectuais envolvidas com projetos liberais ou socialistas.
Famílias inteiras estavam presentes e marchavam de forma pacífica, certas de que seriam ouvidas por Nicolau II.
Contudo, não foi o que aconteceu. Temendo que o movimento resultasse em uma revolução, o czar ordenou uma
repressão extremamente violenta. Como consequência, mais de 500 pessoas desarmadas morreram e outras tantas
ficaram gravemente feridas.
O episódio, conhecido como Domingo Sangrento, provocou forte reação entre a população russa, obrigando o
czar a permitir a legalização dos partidos políticos e as eleições para uma Assembleia Nacional, porém, com poderes
limitados.

Interpretando documentos
As reivindicações dos manifestantes de São Petersburgo foram condensadas em um documento intitulado “Petição
dos Operários ao Czar”. Leia, a seguir, alguns trechos desse documento.

Majestade! Nós, operários da cidade de São Petersburgo, nossas mulheres, nossos filhos e nossos velhos
pais inválidos, viemos a V. Majestade procurar justiça e proteção. Caímos na miséria, oprimem-nos, sobrecar-
regam-nos de trabalho esmagador, insultam-nos; ninguém reconhece em nós o homem. Somos tratados como
escravos, que devem aguentar pacientemente seu amargo e triste destino e calar!
E aguentamos o destino! Porém, somos compelidos cada vez mais para o abismo da miséria, da ausência
de direito, da ignorância. O despotismo e a arbitrariedade nos esmagam, e estamos nos afogando. Chegamos
ao fim de nossas forças, Majestade. O limite da paciência foi ultrapassado, pois chegamos nesse momento
terrível em que é preferível morrer a ver prolongarem-se sofrimentos insuportáveis. E então abandonamos
o trabalho e declaramos aos nossos patrões que não começaremos a trabalhar antes que tenham satisfeito os
nossos pedidos.
O que nós pedimos é pouca coisa. Só desejamos aquilo sem o qual a vida não é vida, mas prisão de força-
dos e tortura infinita. [...]
Majestade! Somos aqui mais de 300.000, todos homens somente pela aparência, pelo aspecto [...] Qual-
quer de nós que se atreve elevar a voz para a defesa dos interesses da classe operária é encarcerado, mandado
para o exílio [...] Majestade! Será que isto é conforme as leis divinas, pela graça das quais V. Majestade reina?
Pode-se viver debaixo de tais leis? Não seria preferível morrermos todos, nós, trabalhadores de toda a Rússia?
Que os capitalistas e os funcionários somente, então, vivam, e que eles se regozigem. [sic] [...]
A Rússia é muito grande, suas necessidades mui variadas e importantes para que os funcionários possam
governar para eles sozinhos. [...] Ordene imediatamente a convocação dos representantes da terra russa, de
todas as classes e de todas as ordens [...] E para isto, ordene que as eleições à Assembleia Constituinte se façam
baseadas no sufrágio universal, secreto e igual.

PETIÇÃO redigida em 8-21 de janeiro de 1905. Journal L’Européen, 4 février 1905 apud MATTOSO, Kátia Maria de Queirós. Textos e documentos
para o estudo da história contemporânea: (1789-1963). São Paulo: Hucitec-Edusp, 1977. p. 140-141.

Responda, em seu caderno, a estas questões. 9 Gabarito.

a) O texto representa quais setores da sociedade russa? A quem se dirige?


b) Como é descrita a condição dos trabalhadores russos? A quem é atribuída a responsabilidade por essa condição?
c) Qual é a principal reivindicação apresentada? Por que essa reivindicação pode ser considerada prioritária?

História 41
Crise do czarismo
Para tentar conter os ânimos da população após o Domingo Sangrento, Nicolau II, em abril de 1906, decretou a
convocação de eleições gerais para a Duma (Parlamento russo) com a finalidade de discutir e propor reformas políticas
e elaborar uma Constituição para a Rússia.
Com a convocação das eleições gerais e a organização de uma Assembleia Constituinte, os trabalhadores espe-
ravam ver atendidas suas reivindicações, entre as quais estavam jornada de trabalho regulamentada em oito horas
diárias, salários dignos, liberdade de pensamento, de imprensa e para a formação de sindicatos.
A Duma teve uma função muito limitada, sem grande poder de decisão sobre o governo, pois seu papel era apenas
o de ser consultada pelo czar quando ele assim desejasse. Além disso, a maior parte dos grupos políticos que compu-
nham a Duma era formada por pessoas que pertenciam à elite russa, como industriais e proprietários de terras.
A partir de então, partidos políticos já existentes na Rússia, como o Partido Populista e o POSDR (divididos em bol-
cheviques e mencheviques), cresceram e passaram a formalizar projetos e ações para a destituição do czarismo e a
instituição de um novo sistema político. As principais lideranças desses partidos, bem como do grupo dos populistas,
passaram a ser perseguidas pelo czar, sendo então condenadas à prisão ou ao exílio.

Galeria Tretyakov/Fotógrafo desconhecido

BRODSKY, Isaak Izrailevich. Vladimir Lenin


em Smolny. 1930. 1 óleo sobre tela, color.,
190 cm × 287 cm. Galeria Tretyakov,
Moscou.

Lenin, líder dos bolcheviques, pregava


a implantação de uma sociedade
igualitária de forma revolucionária.

Revolução Russa
A participação da Rússia na Grande Guerra aumentou ainda mais a crise econômica e a penúria das classes tra-
balhadoras. Lutando ao lado da Tríplice Entente, o Império Russo foi obrigado a convocar grande parte da população
masculina produtiva para lutar e, dessa forma, a produção de alimentos e de outros gêneros de primeira necessidade
ficou ainda mais comprometida.

Revolução de Fevereiro de 1917


Foi nesse contexto que, em fevereiro de 1917, teve início um grande movimento de massa contra o czarismo.
Esse movimento começou com uma marcha de mulheres russas em homenagem ao Dia Internacional da Mulher
(8 de março no nosso calendário) na capital São Petersburgo, que, desde 1914, era chamada de Petrogrado.

42 Volume 8
Organizados em grupos denominados

fo desconhecido
sovietes, camponeses, operários, soldados
e intelectuais passaram a compor um poder

Museu de História Política da Rússia/Fotógra


paralelo em praticamente todos os bairros e
cidades russas e rebelaram-se contra as tropas
imperiais exigindo a extinção do czarismo.

DEMONSTRAÇÃO dos trabalhadores da fábrica de Putilov.


Petrogrado. Fev. 1917. 1 fotografia, p&b.

Nos cartazes que os manifestantes carregavam, havia


mensagens como “Alimente os filhos dos defensores da pátria".
O movimento instigou uma grande mobilização promovida
pelos sovietes (comitês de trabalhadores), obrigando o czar a
renunciar. Tinha início a Revolução Russa.

Nicolau II foi obrigado a renunciar. Um governo provisório de caráter liberal foi organizado. A denominada Repúbli-
ca Democrático-Burguesa, governada pelo príncipe Lvov, manteve os exércitos russos na guerra contra a Alemanha e
acabou gerando a insatisfação de operários e camponeses.
Uma grande quantidade de soldados começou a desertar dos campos de batalha, pois se recusavam a combater
contra operários e trabalhadores de outros países. Conselhos sovietes espalhavam-se por todo o país na tentativa de
pressionar o governo a tomar as medidas necessárias para a retirada da Rússia da Grande Guerra e para a contenção da
grave crise financeira pela qual o Império passava.
©Wikimedia Commons

Durante o governo menchevique, em abril de


1917, Lenin apresentou suas Teses de Abril aos
bolcheviques, que estavam reunidos em assem-
bleia geral. Lenin criticava o governo menche-
vique e exigia todo o poder aos sovietes. Desse
discurso de Lenin, surgiu o slogan “paz, terra e
pão”, cujas palavras representavam as princi-
pais reivindicações: a saída imediata da Rússia
da Grande Guerra, a realização de uma reforma
agrária e a produção e distribuição dos alimentos
básicos à população.

Lenin discursa ao povo russo sobre suas propostas, que ficaram


conhecidas como Teses de Abril. Os bolcheviques foram
duramente perseguidos por ordem do Governo Provisório,
e Lenin teve de se refugiar na Finlândia. Posteriormente,
retornou secretamente para a Rússia com o intuito de liderar
a Revolução Bolchevique.
Revolução de Outubro de 1917
Com o aumento da pressão popular e a impossibilidade de os mencheviques cumprirem as promessas feitas ao
assumir o poder em fevereiro de 1917, iniciou, em 24 de outubro do mesmo ano, um movimento armado que der-
rubou o governo liberal e colocou a cúpula bolchevique no poder. 10 Aprofundamento de conteúdo para o professor.

A Revolução de Outubro, como ficou conhecida, instalou Lenin no comando do país. Entre suas primeiras atitudes,
destacam-se a assinatura de um acordo de paz com a Alemanha (o acordo de Brest-Litovsk, de dezembro de 1917),
a retirada da Rússia da guerra, o início de uma reforma agrária e a ordem (secreta) de executar o czar Nicolau II e sua
família. Era o fim não apenas da dinastia Romanov, a que pertencia Nicolau II, mas do absolutismo na Rússia.

História 43
Outras versões

do
Durante muito tempo, os restos mortais de dois

os Unidos/Fotógrafo desconheci
GRANDE Duquesa
Anastácia da Rússia aos
filhos de Nicolau II, os príncipes Alexei e Anastácia, treze anos. 1914. São
permaneceram desaparecidos, o que gerou a suspei- Petersburgo.1 fotografia,
p&b.
ta de que estivessem vivos, em especial a princesa
Anastácia. Essa suspeita gerou várias lendas e muitas A história de Anastácia
mulheres se apresentaram como filhas de Nicolau II. Romanov (foto) foi

Biblioteca do Congresso dos Estad


tema de filmes, como
Contudo, nenhuma prova concreta foi encontrada o clássico Anastasia,
a princesa esquecida,
no decorrer de todas as décadas posteriores ao fu- de 1956, dirigido por
zilamento do czar e de sua família. Recentemente, Anatole Litvak e que
teve Ingrid Bergman
arqueólogos russos descobriram ossadas que, se- no papel da herdeira
gundo testes de DNA, afirmam ser dos dois filhos do dos Romanov.
czar. Será o fim da lenda de Anastácia?

Além das ações políticas de Lenin, anteriormente citadas, destacam-se a união de todos os bancos privados em uma
única instituição financeira controlada por deputados representantes do proletariado; o controle pelos sovietes da produ-
ção e da distribuição social de bens; e a nacionalização de todas as fábricas, minas, estabelecimentos comerciais, estradas
de ferro e outros empreendimentos financeiros, que também passaram a ser administrados pela vanguarda proletária.

Guerra civil
As medidas tomadas pelo governo de Lenin provocaram a reação de contrarrevolucionários, originando uma guer-
ra civil iniciada em 1918, ano I da Revolução Russa.
Essa guerra opôs os partidários do governo, organizados militarmente em torno do Exército Vermelho, liderado por
Leon Trotsky, e os antibolcheviques, grupo formado por tropas a serviço de ex-generais czaristas organizados em torno
do Exército Branco.
Potências internacionais temerosas quanto a um possível alastramento do socialismo russo por seus países envia-
ram tropas para apoiar o Exército Branco.

Interpretando documentos
A guerra civil russa opôs o Exército Branco e
©Wikimedia Commons

o exército do governo revolucionário, defendido


pelas tropas do Exército Vermelho.
A imagem ao lado é de um cartaz produzido
pelos partidários do Exército Branco (contrarrevo-
lucionários) conclamando a população a lutar con-
tra o governo socialista de Lenin.
“Defenda Petrogrado com sua vida!” é a
frase do pôster russo de 1918. O documento
mostra “o outro lado” da revolução, a
resistência promovida por ex-generais
czaristas contra o governo bolchevique
representado por Lenin

44 Volume 8
De acordo com a análise do documento, responda, em seu caderno, à seguinte questão: Considerando o contexto da
Revolução Russa e da guerra civil, quais eram os principais interesses do Exército Branco?
11 Gabarito.

Troca de ideias

Latinstock/Corbis/Bettmann
Desde o Domingo Sangrento, passando pela Revolução de Fevereiro, a Revo-
lução de Outubro e a eclosão da guerra civil russa, foi intensa a participação das
mulheres.
Apesar de atuações femininas muito significativas em eventos como os apon-
tados, atualmente, por que se conhece tão pouco sobre as lideranças femininas
em revoluções? Troque ideias com os colegas e mencione outras movimentações
sociais em que a atuação das mulheres foi decisiva. Questionem-se a respeito do
motivo de o nome dessas mulheres não ser lembrado pelos registros históricos.

12 Sugestão de abordagem da atividade.

Nesta foto, vê-se uma representante da atuação


decisiva das mulheres no Exército Vermelho durante
a eclosão da guerra civil russa

MILITANTE moscovita senhora


Kokovtseva após receber a medalha
de São George por bravura. Moscou.
24 maio 1915. 1 fotografia, p&b.

Após três anos de violentos combates, os bolcheviques finalmente conseguiram vencer o Exército Branco. Acabada
a guerra civil, os bolcheviques também expulsaram do país os socialistas que tinham posições divergentes. O Partido
Socialista passou a ser considerado único e oficial.
Entre 1918 e 1921, período em que ocorreu a guerra civil, a situação econômica da Rússia, que já estava abalada
por causa da Grande Guerra e dos movimentos revolucionários do ano de 1917, tornou-se ainda mais desesperadora.
A questão social era tão grave que Lenin decretou um conjunto de medidas que ficou conhecido como Comunismo
de Guerra.
Alimentar a população mais pobre e oferecer serviços públicos gratuitos, como o abastecimento de água e de
energia elétrica, foram algumas das ações imediatas.
Apesar das medidas adotadas durante o Comunismo de Guerra, a fome da população e a paralisia da economia
se tornavam cada vez mais graves. Como uma nova atitude para tentar conter a crise e levar a economia ao equilíbrio,
Lenin lançou a Nova Política Econômica (New Economic Politic – NEP).
A NEP era uma série de medidas que, ao mesmo tempo, promovia a estatização de algumas empresas conside-
radas essenciais ao país (como indústrias, ferrovias e bancos) e a liberação de medidas de cunho capitalista, como a
permissão para o desenvolvimento do comércio e da indústria e o estabelecimento de cotas vendidas pelos campo-
neses para o Estado (liberando o restante para ser comercializado livremente). A NEP, que aliou medidas socialistas e
capitalistas, resultou no restabelecimento econômico e social da Rússia.

História 45
Formação da URSS e disputas pelo poder
Em 1922, Lenin criou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e a capital foi transferida para Moscou.
Lenin morreu em 1924 e, em seu lugar, formou-se um governo composto de três lideranças bolcheviques. A dispu-
ta pelo poder ocorreu entre Trotsky e Stalin. Stalin defendia a consolidação do socialismo na União Soviética, ao passo
que Trotsky defendia a revolução permanente, ou seja, a expansão da Revolução Socialista para outros países até que
fossem garantidas a segurança e a consolidação do socialismo soviético.
Stalin assumiu o controle do país em 1927. Trotsky foi expulso do país e assassinado no México em 1940.
Stalin governou a URSS de forma ditatorial de 1927 a 1953, quando faleceu.

Hora de estudo
13 Orientação para a distribuição das atividades como tarefa
de casa e gabaritos/comentários sobre as questões.
1. Analise com atenção a imagem a seguir.

©Shutterstock/O'SHI

No selo comemorativo do aniversário


de 90 anos de nascimento de Lenin, o
líder é retratado segurando no colo uma
criança saudável e sorridente. A data
impressa no documento revela o ano
de veiculação do selo.

De acordo com a análise, responda, em seu caderno, às seguintes questões.


a) O que a imagem retrata?
b) A que época e contexto se relaciona a imagem?
c) É possível estabelecer relação entre a situação representada na imagem e a NEP? Justifique sua resposta.
2. (UNIP) A queda do socialismo real no Leste Europeu conduziu o mundo a uma reflexão a respeito da bipolarização
entre capitalismo e socialismo. Na Rússia, o socialismo foi implantado em 1917 sob a liderança do Partido:
X a) Bolchevique
b) Social-Democrata
c) Conservador
d) Menchevique
e) Liberal-Burguês

46 Volume 8
3. (FGV) A abolição do princípio da propriedade privada, 7. (FATEC – PR)
a estatização dos meios de produção e a assinatura
de um tratado de paz com a Alemanha, marcando a “Os sofrimentos dos combatentes e da re-
saída do país da guerra, foram as principais medidas
taguarda levaram-nos a associar espontanea-
adotadas na Rússia por:
mente o regime capitalista e a guerra, a consi-
a) Trotsky, em abril de 1924. derar que esta guerra não era a ‘sua guerra’; o
b) Stalin, em agosto de 1929. prestígio das classes dirigentes, que não soube-
ram evitar o conflito, nem abreviá-lo ou pou-
c) Kerensky, em fevereiro de 1917.
par as vidas humanas, debilitou-se tanto mais
d) Kornilov, em setembro de 1921. quanto o enriquecimento rápido e espetacular
X e) Lenin, no início de 1918. de toda uma parte dessas classes contrasta-
va com o luto e a aflição das massas. Por um
4. (UFGO) Se compararmos a Revolução Russa com a momento submergidos, no início das hostili-
Francesa, os bolchevistas poderiam ser comparados
dades, pela vaga nacionalista, os conflitos de
com os:
classe reaparecem, mais vigorosos e exacer-
a) feuillants d) termidorianos bados por quatro anos de miséria. As classes
b) sans-culottes X e) jacobinos dirigentes têm consciência do fato, e o medo
do contágio revolucionário cria em seu meio
c) girondinos
um intenso terror que se manifesta na vontade
5. (PUC-Campinas – SP) No contexto da Revolução Russa de destruir este novo Estado, onde, pela pri-
(1917), os bolcheviques: meira vez, o socialismo transporta-se do terre-
a) Formaram o “Exército Vermelho”, liderado pelos an- no da teoria para o das realidades. A união do
tigos comandantes militares. mundo branco está rompida; doravante não
haverá mais neutros; conscientemente ou não,
b) Uniram-se numa organização contrarrevolucio-
é em relação à Revolução Russa – objeto de
nária para derrubar o poder conquistado pelos
mencheviques. receios e repulsa para uns, de esperança para
outros – que se classificarão governos, partidos
c) Defendiam a conquista do poder pelos trabalhado- e simples particulares.”
res através de eleições.
(CROUZET, M. HISTÓRIA GERAL DAS CIVILIZAÇÕES - A
X d) Defendiam a posição segundo a qual os trabalhado- ÉPOCA CONTEMPORÂNEA)
res só chegariam ao poder pela luta revolucionária,
com a formação de uma ditadura do proletariado. A partir da descrição do autor, é correto afirmar que:

e) Alteraram sua denominação para “Partido da Dita- a) o socialismo seria a única solução para evitar uma
dura”, proibindo toda oposição ao regime socialista. luta de classes.

6. (ACAFE – SC) A Rússia, no século XX, passou por trans- X b) o medo do socialismo levaria o empresariado a
formações políticas, sociais e econômicas devido à Re- apoiar ações contrárias, e isso provocou, mais tarde,
volução de 1917. Assinale a alternativa correta: o estabelecimento do fascismo e do nazismo.

a) A URSS foi formada pela União da Rússia So- c) a passagem das ideias do socialismo à prática levou
cialista, da Rússia Czarista e das províncias do toda a Europa a se conscientizar do perigo comum.
Leste Europeu. d) a união do mundo branco rompeu-se e, após a Re-
b) O movimento foi influenciado por ideias de filósofos volução Russa, provocou reflexos imediatos na liber-
como Voltaire e Montesquieu. tação dos povos coloniais.

c) A primeira fase da Revolução provocou a ascensão e) a Europa saiu da guerra mais nivelada politi-
e o fortalecimento do czar Nicolau II. camente, pois a guerra acabou com as grandes
fortunas, dando chances para uma estabilização
X d) A Revolução provocou a queda do Antigo Regime, socioeconômica.
fazendo prevalecer a nova ordem socialista.

História 47
37
1

o En treguerras
Mund
Getty Images/General Photographic Agency Instituto Luce/Fotógrafo desconhecido Coleção Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia

ADOLF Hitler e Benito Mussolini. CAPA, Robert. Integrantes das Brigadas


HUTTON, Kurt. One man demo. 1 1936. 1 fotografia, p&b. Instituto Internacionais. Montblanc. 25 out. 1938.
HUTTON,
fotografia, p&b. Kurt. One man Luce, Roma.
demo. 1 fotografia p&b. 1 fotografia, p&b.

Ponto de partida
2

Analise as imagens e responda às questões a seguir.


1. Na primeira imagem, o que o homem procura? A que tema do Período Entreguerras essa imagem está
relacionada?
2. O que Mussolini e Hitler desejavam ao promover uma aliança?
3. Que sentimento parece expressar o soldado em primeiro plano na foto de Robert Capa?

48
Objetivos da unidade:
ƒ retomar a conjuntura do fim da Grande Guerraerra e da eclosão da Revolução Russa;
ƒ compreender os fatores que geraram a Crise de 1929, suas consequências e as medidas
tomadas pelo governo dos Estados Unidos para sanear a economia;
ƒ conhecer a situação da Itália após a Grande Guerra, relacionando-a à ascensão do fascismo,
e analisar as principais características do Estado fascista;
ƒ conhecer a situação da Alemanha após a Grande Guerra, relacionando-a à ascensão do na-
zismo, e analisar as principais características do Estado nazista;
ƒ compreender a conjuntura em que ocorreu a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), verificando
a participação de diversos países no conflito;
ƒ conhecer as principais escolas artísticas que surgiram e/ou se difundiram no Período
Entreguerras.

Nesta unidade, vamos focalizar as décadas de 1920 e 1930, período conhecido como Entreguerras. Buscaremos
ainda entender as origens da crise econômica que abalou as principais potências do Ocidente, ocasionando inflação,
falências, desemprego em massa e, sobretudo, a crise do capitalismo liberal e a ascensão de regimes políticos totalitá-
rios de extrema direita, como o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália. Antes, porém, vamos relembrar o que foi
estudado na unidade anterior?

Organize as ideias 3 Gabarito.

1. (FGV)

“Caros camaradas, soldados, marinheiros e trabalhadores, tenho o prazer de congratulá-los pela vitória
da Revolução Russa, saudá-los como a vanguarda do exército proletário internacional (...) A guerra do
banditismo imperialista é o começo da guerra civil na Europa. (...). Na Alemanha, tudo já está fermen-
tando! Não hoje, mas amanhã, qualquer dia, pode ocorrer o colapso geral do capitalismo europeu. A Re-
volução Russa que vocês realizaram deu o golpe inicial e inaugurou uma nova era. (...). Viva a Revolução
Social Internacional!”
(Discurso de Lenin em 16 de abril de 1917, citado em Wilson, E. Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Cia. das Letras, 1986. pg. 441)

Assinale a alternativa que melhor apresenta a temática central do discurso de Lenin:


a) o apelo à manutenção da ordem interna em meio ao processo revolucionário bolchevique.
b) a defesa da união de russos e alemães contra os imperialistas, na Primeira Guerra Mundial.
c) a defesa da permanência russa na Primeira Guerra Mundial como fator necessário à desestabilização do capitalis-
mo internacional.
X d) o triunfo da revolução menchevique na Rússia como o primeiro passo para a revolução socialista mundial.
e) a comemoração por conta da derrocada do sistema capitalista internacional, com o fim da Primeira Guerra Mundial.

49
2. Observe este documento.
Analise o documento com atenção e responda, em seu caderno, às se-
guintes questões.
a) Considerando a data e o contexto em que foi criado, bem como a
temática explorada, que leitura se pode fazer dessa litografia?
b) Qual é a relação entre o documento e a Revolução Russa?
c) Em sua opinião, qual é o posicionamento do artista quanto ao governo
revolucionário representado por Lenin?
d) A quem o artista chama de “o mal”? Por quê?
©Wikimedia Commons

DENI, Victor. Lenin limpa a Terra do mal. 1920. 1 litografia,


color. Coleção Família Arnold A. Saltzman.

Economia capitalista 4 Sugestão de abordagem do conteúdo.

Para os estadunidenses, a segunda década do século XX foi de euforia, sobretudo, graças ao grande crescimento
econômico, fator que contribuiu para a expansão de valores políticos liberais.
O crescimento da economia estadunidense esteve associado à crise econômica que sucedeu à Grande Guerra.
Inglaterra, Alemanha e França estavam com seus territórios e parques industriais destruídos.
Os Estados Unidos haviam permanecido fora do conflito até 1917, realizando comércio com os países envolvidos
na guerra. Após a rendição alemã, os estadunidenses participaram dos acordos de paz e receberam indenizações de
guerra, além de não terem sofrido nenhum ataque no próprio território. Em meio à reconstrução europeia, cresceram
as exportações estadunidenses, fator que acelerou o crescimento industrial e favoreceu a melhoria da condição econô-
mica das classes urbanas, especialmente, dos setores médios.
O crescimento industrial dos Estados Unidos representou a consolidação de imensas fortunas de empresários liga-
dos ao ramo alimentício, de transportes e de máquinas, entre outros produtos.
Pessoas advindas de setores médios da popu-
Latinstock/akg-images

lação sonhavam em acumular fortunas e desfru-


tar de todo o luxo e comodidade que o dinheiro
poderia trazer, por isso, nessa época, tornou-se
bastante comum o investimento em ações da
Bolsa de Valores, ou seja, a compra de títulos de
participação nos resultados de empresas.

O empresário Henry Ford ficou famoso por introduzir a


produção em massa de automóvel, tornando-o mais acessível
às classes médias e populares. Para isso, barateou os custos
da produção e instituiu a linha de montagem: cada operário
fazia uma atividade específica, em tempo cronometrado. O
resultado foi uma explosão de vendas e o crescimento da LINHA de montagem da Companhia Ford. Detroit. [ca. 1935]. 1
economia estadunidense. cartão-postal, p&b.

50 Volume 8
Organize as ideias
A década de 1920 foi de grande euforia na economia e na

Latinstock/Rue des Archives/AGIP


sociedade estadunidense, e o símbolo dessa euforia foi o jazz,
ritmo musical nascido da cultura musical negra do sul dos
Estados Unidos e que se expandiu durante os anos de 1910
e 1920. O jazz chegou aos salões das grandes festas pro-
movidas pelos novos milionários de Nova York fazendo jovens
dançarem freneticamente.
O jazz tem origem na cultura musical negra do sul dos Estados
Unidos do fim do século XIX e início do século XX. Observe que a
banda retratada na imagem era formada por músicos negros e
havia uma mulher como integrante, motivo de escândalo para
os segmentos mais tradicionais da época

GERTRUDE "Ma" Rainey e sua Georgia Jazz Band. 1923. Chicago.


Analise os documentos a seguir. 1 fotografia, p&b.

Nascido na virada dos anos 1900 [...], o jazz é, em É extremamente difícil nos dias de hoje imaginar o
sua essência, a confluência musical das diversas etnias impacto que essa nova música – vibrante, sensual, do-
que formaram a sociedade americana. Assim, ele não é tada de “swing” – provocou sobre as plateias da época.
negro nem branco, não nasceu na África nem na Euro- Antes do jazz, a música para dançar era de origem
pa, mas, sim, no leito do rio Mississipi, fruto inédito da europeia, bastante formal e com regras claras para o
miscigenação da música do crioulo (designação dada contato entre os pares. A chegada do novo estilo, que
aos habitantes locais do sul dos EUA de origem fran- trazia o caráter lascivo das danças coladas de cabaré,
cesa), da música negra derivada dos cantos religiosos causou grande furor na imprensa conservadora e es-
e das fieldsongs (canções da lavoura), e da música dos candalizou os membros da sociedade americana que
brancos americanos, que seguia os padrões europeus já contavam mais de 30 anos. Por outro lado, foi justa-
trazidos com a colonização. mente esse um dos motivos que fez o jazz, desde que
[...] executado por músicos brancos, agradar em cheio à
juventude enriquecida e emancipada que surgira no
Latinstock/Corbis/Hulton-Deutsch Collection

período posterior à Primeira Guerra Mundial.


Essa geração que saía da infância no final da se-
gunda década do século XX ficou conhecida como
a flaming youth (juventude flamejante) e estabeleceu
um novo papel para o jovem dentro da sociedade de
massas que se formava. O crescimento dos negócios
alimentícios e cosméticos, o avanço da indústria au-
tomobilística e, principalmente, a explosão da indús-
tria cultural (cinema, rádio e revistas) e da publicidade
criaram um clima de euforia social e econômica nunca
vistos até então. Investidores faziam fortunas diaria-
mente na Bolsa de Valores, a ideia de que a vida devia
ANNE Wakefield e Larry Drew dançam o charleston na comédia ser aproveitada ao máximo em festas e diversão ganha-
musical O Namorado. Londres. 15 ago. 1953. 1 fotografia, p&b. va progressivo espaço, revolucionando o tradicional
Jovens dos anos 1920 dançavam freneticamente o charleston, espírito de parcimônia protestante da cultura ameri-
ritmo de origem negra, assim como o jazz. Na economia, na
música e na dança, eram tempos de muita euforia.
cana. [...]

JAZZ e literatura. Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/literatura/temadomes/2004/03/01/002.htm>. Acesso em: 6 jul. 2015.

História 51
De acordo com os documentos faça, em seu caderno, o que se pede a seguir. 5 Gabarito.
a) Explique a conjuntura que possibilitou aos Estados Unidos obter uma condição financeira bastante favorável na década
de 1920.
b) Quais foram as repercussões do crescimento econômico para a sociedade estadunidense?
c) O jazz se tornou símbolo da euforia que caracterizou os chamados “loucos anos de 1920” nos Estados Unidos. Qual
é a origem desse ritmo musical? Por que ele causou tanto impacto na sociedade estadunidense?
d) Qual é o significado do termo flaming youth? A que contexto ele se aplica?
e) Com base nas fotos, é possível afirmar que o jazz ficou restrito às convenções sociais da sociedade estadunidense?
Os ritmos de origem negra tinham um público restrito? Justifique sua resposta.

Crise de 1929
Oferecer títulos no mercado de ações era uma forma pregão da Bolsa de Valores de Wall Street foi interrompi-
de as empresas captarem recursos e ampliarem investi- do pela falta de compradores para o grande lote de ações
mentos. Comprar esses títulos representava, para as clas- que já não valiam mais nada.
ses médias, a possibilidade de enriquecer usufruindo dos
lucros obtidos pelas empresas de que eram acionistas. Na famosa quinta-feira negra, no dia 24
Tudo parecia ir muito bem, e o capitalismo liberal de outubro de 1929, os títulos oferecidos, em
atingia seu ápice. Contudo, a partir de 1924, nações eu- proporção alarmante, não encontraram toma-
ropeias antes abaladas pela guerra começaram a se reer- dores: 70 milhões de títulos são jogados no
guer e, para proteger suas economias, criaram uma série mercado sem contrapartida; avalia-se a perda
de medidas que restringiam as importações. em 18 milhões. Reproduz-se o fenômeno nos
No verão de 1929, os preços das ações da Bolsa de Va- dias seguintes, amplifica-se por um processo
lores de Nova York quadruplicaram em relação aos anos cumulativo que abala a confiança, mola do
anteriores. Esse crescimento se apoiava na especulação crédito na economia liberal.
e valorizava as aplicações financeiras. O ponto-chave es-
RÉMOND, René. O século XX: de 1914 aos nossos dias. São Paulo:
tava em vender as ações da Bolsa enquanto a cotação se Cultrix, 1993. p. 69.
mantivesse elevada.

Getty Images/Hulton Archive


Durante os meses seguintes, observou-se uma oscila-
ção na produção com a queda dos lucros, entretanto, os
governantes não deram a devida atenção a esse fato. No
mês de outubro, a crise estourou quando a oferta maciça
na Bolsa provocou a queda repentina dos preços.
O resultado foi uma crise significativa no meio indus-
trial e uma consequente desvalorização das ações das
empresas. Quanto mais as ações se desvalorizavam, mais
as pessoas queriam pôr à venda seus títulos para não per-
der o capital investido.
A constatação da crise ocorreu no dia 24 de outubro
HULTON, Kurt. Edifício do Tesouro Nacional defronte ao Edifício da
de 1929, a denominada “quinta-feira negra”, quando o Bolsa de Valores em Wall Street, Manhattan, no dia do Crash. 1929. 1
fotografia, p&b.

52 Volume 8
Interpretando documentos

A grande crise – o pânico financeiro de outubro de 1929 na Bolsa de Nova Iorque: 24 (de outubro de 1929)
é a ‘Quinta-feira Negra’. Cerca de 13 milhões de títulos são lançados no mercado. A intervenção dos bancos
é impotente para deter as vendas... Os bancos, contudo, anunciam um ‘pool’ com o capital de mil milhões de
dólares para sustentar as cotações (dos títulos, em descida vertiginosa). Na sexta e no sábado parece renascer
a confiança; as vendas acalmam, as cotações voltam a subir (um pouco). Mas, a partir de segunda-feira (28 de
Outubro), as ofertas afluem de novo. Negociam-se mais de 9 milhões de títulos e certas baixas são considerá-
veis. Na terça-feira (29), enfim, todos os recordes são batidos: mais de 16 milhões de títulos são lançados no
mercado e as baixas registradas são enormes.

POMMERY, L. Esboço de história econômica contemporânea. 1946 apud FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa:
Plátano, 1976. v. 3, p. 311.

De acordo com o texto, responda às seguintes perguntas em seu caderno. 6 Gabarito.

a) Pesquise o significado da expressão pool e explique de que maneira essa estratégia, desenvolvida pelos bancos
estadunidenses, poderia conter a crise decorrente da desvalorização das ações.
b) Quais fatores explicam a queda da Bolsa de Valores de Nova York?

O dia 24 de outubro foi apenas o início das quedas bruscas e sucessivas na Bolsa de Valores. A economia como
um todo foi prejudicada pela crise e pela recessão. Além de atingir os Estados Unidos, alastrou-se por todo o mundo,
afetando até mesmo os países latinos, como o Brasil, o qual tinha as exportações de produtos primários para os Estados
Unidos e países europeus como base econômica.
Tal situação acelerou ainda mais a queda do valor das ações e, consequentemente, a falência de muitas indústrias,
fato que gerou desemprego em massa.
LANGE, Dorothea. Pobre mãe e seus filhos em
um acampamento de barracas. 1936. Elm Grove,

Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos


Califórnia. 1 fotografia, p&b.
O desemprego e a miséria se abateram
sobre as famílias estadunidenses.
Administration/Fotógrafo desconhecido
The U.S. National Archives and Records

FILA para distribuição de sopa em Chicago,


Illinois. 1931. 1 fotografia, p&b.
Desempregados diante de um prédio em
que se pode ler: “Distribuição de sopa, café
e rosquinhas grátis para desempregados”
New Deal
Após várias tentativas frustradas de resolver o problema da economia estadunidense, chegou à presidência Franklin
Delano Roosevelt, representante do Partido Democrata. Roosevelt lançou um pacote de medidas denominado New
Deal (Novos Rumos), o qual prometia retirar o país da crise em 10 anos. Entre as medidas do plano estavam a maior
intervenção do Estado na economia, o controle de preços e da produção, o ajuste de salários, a criação de programas
para a abertura de novos postos de trabalho, a criação do seguro-desemprego e o investimento em obras públicas
para aumentar a oferta de empregos.

História 53
Ascensão do Nazifascismo
Os danos causados pela Grande Guerra e a crise econô- Nesse cenário, surgiu o Partido Nacional Fascista.
mica que se seguiu na Europa motivaram uma desconfian- Fundado em 1919 por Benito Mussolini, defendia um go-
ça quanto aos valores liberais, tão defendidos e aclamados verno totalitário e de extrema direita.
por todo o século XIX. Esses valores levaram a burguesia ao
poder e também passaram a ser contestados em vários paí-
ses durante os anos de 1920 e 1930. no fascio, que significa
A designação fascista vem do termo italia
o poder do Estado.
feixe. Na Roma Antiga, o fascio representava
7 Aprofundamento de conteúdo para o professor.
Ascensão do totalitarismo política capaz de unir os
Mussolini se apresentava como uma força
o um feixe), contra o
Diante do cenário europeu após a Grande Guerra (1914- italianos em um único corpo, o Estado (com
pelo foco de atuação
-1918), o liberalismo econômico passou a ser associado a que considerava ser uma ameaça representada
coisas ruins, como conflitos causados pela competição ca- socialista.
pitalista, falências, inflação, fome e desemprego das massas.
Nesse contexto, grupos políticos extremistas passaram Os fascistas colocavam-se contra as greves e os movi-
a pregar o estabelecimento de sociedades menos liberais mentos ligados à esquerda. Os Camisas Negras, organização
e voltadas para o fortalecimento da nação. Seus líderes pro- paramilitar, atacavam as manifestações de esquerda, mata-
punham o fortalecimento do Estado e o enfraquecimento vam os líderes de grupos socialistas e ainda promoviam
das instituições liberais como estratégia para combater o grandes mobilizações militares com o intuito de impulsio-
colapso econômico e social. nar suas ideologias.

O medo que a massa sentia do agravamento da crise O Partido Nacional Fascista chegou ao poder em 1922
econômica ou de um novo conflito armado e ainda o re- executando a Marcha sobre Roma, que obrigou o rei Vitório
ceio da expansão do socialismo existente entre a burguesia Emanuel III a nomear o líder dos fascistas como chanceler
foram manipulados por esses grupos. Valendo-se da propa- (primeiro-ministro).
©Wikimedia Commons

ganda e da violência armada para convencer as massas e


anular opositores, conseguiram se estabelecer no governo
de países como Itália, Alemanha, Portugal e Espanha.
Os governos fascistas podem ser caracterizados como
de extrema direita, totalitários e expansionistas. Na Itália,
pregavam a retomada da grandiosidade da Antiguidade; na
Alemanha, defendiam a superioridade da raça ariana.

Fascismo italiano
O envolvimento da Itália na Grande Guerra custou ao
país mais de 600 mil mortos, a devastação de Veneza e uma
grave crise financeira que gerou greves, reivindicações e re-
MUSSOLINI e os Camisas Negras na Marcha sobre Roma. 28 out.
voltas da população. 1922. 1 fotografia, p&b.

Diante desse quadro, grupos políticos radicais de extre- Os fascistas foram apoiados pelas classes média e alta. Esperava-se
ma esquerda e de extrema direita conquistaram um grande barrar o perigo de uma revolução socialista no país.

número de adeptos e ampliaram o poder de divulgação de Manipulando a máquina governamental, os fascistas


suas ideologias. conseguiram a maioria das cadeiras do parlamento nas elei-
Setores mais conservadores ligados à alta burguesia te- ções de 1924. Os socialistas denunciaram fraudes no proces-
miam uma revolução proletária e passaram a apoiar a ex- so eleitoral, mas foram duramente reprimidos pelas milícias
trema direita. fascistas. Giacomo Matteotti, líder socialista, foi brutalmente

54 Volume 8
assassinado. No comando do governo, os fascistas foram aos defender a expansão imperialista e militar da Itália para ter-
poucos minando a representatividade política de outros par- ritórios situados no norte e leste da África. Ocupou a Etiópia
tidos e reduzindo a atuação parlamentar ao mínimo. em 1935 e colocou os países europeus em prontidão para a
O poder foi gradativamente centralizado nas mãos do possibilidade de uma nova guerra.
líder Mussolini. Este divulgou os aspectos centrais do fas- A aliança com o líder nazista alemão Adolf Hitler, em
cismo em um documento intitulado Carta del lavoro e 1936, e a intervenção na Guerra Civil Espanhola ao lado do
colocou-se como líder maior de um Estado Corporativo, General Franco são alguns dos fatores que confirmaram a
compreendido como estratégia única para resolver todos possibilidade de eclosão de um novo conflito mundial.
os problemas da Itália. 8 Aprofundamento de con-
teúdo para o professor.
Um atentado sofrido por Mussolini em 1926 foi a descul- Nazismo na Alemanha
pa de que os fascistas necessitavam para exercer o coman- Na Alemanha, após a Grande Guerra, as crises política
do de forma total e autoritária. Entre 1926 e 1927, órgãos e econômica castigaram a população. Além da destruição
de imprensa foram fechados, partidos políticos postos na causada pelo conflito e da morte de milhões de habitantes,
ilegalidade, a pena de morte foi legalizada e plenos poderes
os alemães foram castigados pelas imposições do Tratado
foram concedidos aos Camisas Negras para coibir e reprimir
de Versalhes (1919).
qualquer tentativa de oposição. Em sete anos, as principais
vias de oposição foram aniquiladas e milhares de civis, mor- Nesse cenário, parecido com o da Itália após a Grande
tos, presos ou exilados. Guerra, surgiram diversos grupos políticos extremistas de
Intitulando-se Duce (líder), Mussolini conquistou o direita e de esquerda, sendo muitos deles formados por ex-
apoio da Igreja Católica. Em junho de 1929, assinou o Tra- -combatentes. Um desses grupos tinha como integrante
tado de Latrão, composto de três documentos por meio um jovem de origem austríaca – Adolf Hitler.
dos quais compensava a Igreja pelas perdas de territórios
O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Ale-
e de propriedades, reconhecia o catolicismo como religião
oficial do reino e acatava a soberania, neutralidade e invio- mães, de extrema direita, ganhou projeção após os efeitos
labilidade do Estado do Vaticano (onde vigoraria somente da Crise de 1929 atingirem a Alemanha. Hitler integrava a
a autoridade do papa). cúpula dirigente do Partido Nazista, como ficou mais co-
nhecido esse partido político.
O investimento do governo em obras públicas, aliado
ao crescimento demográfico e ao desenvolvimento dos se- Em novembro de 1923, Hitler foi preso após ser acusa-
tores industrial e agrícola, trouxe novo incremento à econo- do de uma tentativa de golpe de Estado. Foi condenado
mia italiana, que passou a desfrutar, no fim dos anos 1920, a cinco anos, mas cumpriu apenas nove meses de pena.
uma fase de relativa prosperidade. Durante o tempo em que esteve na prisão, escreveu o
Essa fase, no entanto, sofreu os golpes da Crise de 1929, livro Mein Kampf (Minha luta), em que traçou as diretrizes
que trouxe a ameaça da recessão à economia italiana. ideológicas do Partido Nazista e aprofundou sua teoria
Para tentar contornar a situação, o líder fascista passou a racial.

PAHL, Georg. Desfile dos nazistas.


Weimar. Out. 1930. 1 fotografia, p&b.
13 cm x 18 cm.

Após ascender ao poder, o governo


totalitário de Hitler se sustentou
mediante a comoção constante das
massas, mobilizadas por meio de
paradas militares e da propaganda
política. Também anulou opositores
usando violenta repressão policial.
Das Bundesarchiv

História 55
Segundo essa teoria racial, para que a nação alemã pro- A criação de tropas de elite, chamadas SS (abreviação de
gredisse, seria necessário expurgar de seu meio todo indi- Schutzstaffel, equivalente a “escudo de proteção”), e da polí-
víduo não ariano, em especial os judeus, considerados por cia política, denominada Gestapo, foi parte desse processo.
Hitler um povo inferior. Entre os objetivos do programa nazista estava a necessi-
Em 1933, o Partido Nazista obteve a maioria das cadei- dade de unir todos os povos de língua alemã para formar a
ras do Parlamento alemão e o título de chanceler foi dado Grande Alemanha. Hitler pregava que a Alemanha deveria
a Adolf Hitler. retomar todos os territórios que perdeu com os tratados as-
sinados ao fim da Grande Guerra. A essa ampliação territo-
O crescimento do Partido Nazista e sua ascensão ao
rial foi dada a denominação de “espaço vital”, pois sem ele a
poder em 1933 destruíram a República Burguesa instalada
Alemanha desapareceria.
na década de 1920. Foi instituído um governo totalitário
marcado por uma propaganda massiva de glorificação do Para os povos não arianos das regiões conquistadas,
nazismo e de valorização da raça ariana. Hitler defendia inicialmente a subordinação e posterior-
mente a dizimação. Com sua ascensão ao poder, autorizou
A propaganda nazista tinha por principal objetivo refor- a perseguição sistemática aos judeus residentes na Ale-
çar Hitler como o único líder capaz de devolver prosperida- manha. No decorrer da década de 1930, os judeus foram
de e orgulho à Alemanha. O Führer (em alemão, “aquele que alvo de discriminação e perseguição política, tiveram seus
deve ser seguido”) deveria ser obedecido sem contestação direitos suprimidos e estabelecimentos comerciais destruí-
porque nele estava a solução para o país. dos e saqueados. Ainda, foram impedidos de frequentar
O sentimento de revanche foi alimentado pelo na- determinados locais, de se casarem com alemães, de se
zismo, que passou a mobilizar as massas para a real pos- vestirem com cores da pátria alemã e de comercializar seus
sibilidade de um novo confronto mundial. O nazismo produtos para alemães.
desenvolveu uma política secreta composta de forças Essas e outras atrocidades foram institucionalizadas pelo
paramilitares que coibiam com violência arbitrária toda e governo nazista por meio de legislações e decretos, entre
qualquer oposição ao regime. Assim, sociais-democratas, eles, o conjunto conhecido como Leis de Nuremberg, ex-
liberais e comunistas passaram a ser duramente persegui- clusivamente destinadas à exclusão social e econômica dos
dos, presos e mortos. judeus.

II - As leis de Nuremberg: Lei de 15 de setembro de 1935 para a proteção do sangue de honra alemães:
Penetrado pela consciência que a pureza do sangue alemão é a premissa da perpetuação do povo alemão e,
inspirado pela vontade indomável de assegurar o futuro da nação alemã, o Reichstag adotou, por unanimi-
dade, a seguinte lei contida nas presentes disposições:
§ 1. O casamento entre judeus e súditos de sangue alemão ou assimilado são proibidos [...].
§ 2. O laço extramarital entre judeus e súditos de sangue alemão ou assimilado é proibido.
§ 3. Os judeus não podem empregar, no serviço de suas casas, mu-
Das Bundesarchiv

lheres de sangue alemão ou assimilado com idade de menos


de quarenta e cinco anos.
§ 4. É proibido aos judeus de empavesarem-se nas cores nacio-
nais alemães. Todavia, podem empavesar-se nas cores judias:
o exercício deste direito é protegido pelo Estado.
§ 5. As infrações ao primeiro parágrafo serão punidas com pena
de reclusão. As infrações ao segundo parágrafo serão punidas
com pena de encarceramento ou pena de reclusão. [...]

Cartazes eram colados nas vitrines dos estabelecimentos judeus como


aviso de que os alemães não deveriam fazer aquisições nessas lojas.

PAHL, Georg. Boicote dos nazistas contra estabelecimentos


judeus na Alemanha. Berlim. 1º. abr. 1933. 1 fotografia, p&b.
POLIAKOV, L. Le bréviaire de la haine. Le. III é Reich et les juifs. Préface de F. Mauriac. Paris, Calmann-Lévy, 1951. p. 4-5 apud MATTOSO, Kátia
M. de Queirós. Textos e documentos para o estudo da história contemporânea: 1789-1963. São Paulo: Hucitec-Edusp, 1977. p. 179-180.

56 Volume 8
Falangismo espanhol
A situação na Espanha na década de 1920 era de crise, assim como na Itália e na Alemanha. Nesse contexto, partidos
de extrema direita e de extrema esquerda também passaram a lutar por postos no governo do rei Afonso XIII.
A monarquia espanhola enfrentava uma grande oposição de diversos setores da sociedade, visto que passavam
por sérias restrições materiais, desejavam a implantação de uma república ou temiam a implantação de medidas so-
cialistas. Com o intuito de fortalecer o governo, Afonso XIII convocou eleições municipais em 1931. Os monarquistas
saíram vitoriosos na computagem geral dos votos. Entretanto, nas cidades em que os republicanos foram vencedores,
passaram a exigir a implantação do regime republicano no país. Para evitar uma guerra civil, Afonso XIII renunciou. Teve
início a Segunda República Espanhola.
A implantação do novo regime político não diminuiu as disputas entre a direita e a esquerda. A tensão aumentou
a cada nova eleição ocorrida no país.
Para as eleições de 1936, os partidos de esquerda organizaram uma coligação denominada Frente Popular. Em
compensação, os partidos de direita e extrema direita formaram a Falange Espanhola, também denominados nacio-
nalistas. Esse grupo recebeu apoio de Hitler e de Mussolini.
A Frente Popular lançou Manuel Azaña como candidato, e a Falange Espanhola, o general Francisco Franco.
Nas urnas, Manuel Azaña foi o vitorioso, porém Francisco Franco não aceitou o resultado das eleições e, com o
apoio dos grupos de direita, da Igreja e do Exército, o falangista Franco deu um golpe de Estado, instituindo um gover-
no autoritário de orientação fascista. Todos os partidos políticos (com exceção da Falange) e todas as outras formas de
organização política não governamentais foram proibidas.
A Frente Popular e os que não desejavam um governo fascista reagiram e, com isso, iniciou-se uma violenta guerra
civil, que em três anos matou centenas de milhares de pessoas. Durante o conflito, Franco recebeu ajuda militar da
Alemanha e da Itália, que fizeram da ocasião uma oportunidade para testar táticas e armas de guerra.
A Guerra Civil Espanhola teve fim em 1939 com a vitória dos conservadores e a afirmação de Franco à frente do
governo espanhol. Era o início de uma ditadura que duraria 36 anos.

Coleção Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia

CENTELLES I OSSÓ, Agustí. Barricada de cavalos mortos na Avenida Provincial, Barcelona. 1936. 1 fotografia, p&b.

Uma das imagens mais conhecidas (e tristes) da Guerra Civil Espanhola: revoltosos atiram contra as tropas
do governo protegidos por uma “barricada” feita de cavalos mortos durante os combates. A guerra,
consequência da tomada do poder pelo general fascista Francisco Franco, durou três anos e custou a vida
de centenas de milhares de pessoas.

História 57
Pesquisa
9 Orientações para a realização da pesquisa e gabarito.

A imagem a seguir é uma reprodução do painel Guernica, criado pelo pintor espanhol Pablo Picasso em 1937.
Pesquise o fato que inspirou a obra e como ela se relaciona com a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Registre
em forma de dissertação suas conclusões no caderno.

Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia/Fotógrafo desconhecido


PICASSO, Pablo. Guernica. 1937. 1 óleo sobre tela, 349,3 cm × 776,6 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina
Sofia, Madri.

Também em Portugal houve a ascensão de um governo autoritário. A ditadura de Antônio de Oliveira Salazar do-
minou o país entre 1932 e 1968. Assim como Hitler e Franco, Salazar instituiu um governo de extrema direita e exerceu
seu poder de forma ditatorial.

Mundo do trabalho
Fotógrafo
A profissão de fotógrafo é relativamente nova na história das profissões. Ela surgiu no fim do século XIX com a
invenção do daguerreótipo, um aparelho criado pelo francês Daguerre em 1839.
Coleção Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia
Nas primeiras décadas do século XX, surgiram os fotógra-
fos especializados em registro de conflitos armados. Robert
Capa, húngaro nascido em 1913, é considerado o maior fo-
tógrafo de guerra do século XX. Ele cobriu a Guerra Civil Es-
panhola (1936-1939), o desembarque das tropas aliadas na
Normandia durante o famoso “Dia D” (6 de junho de 1944),
a Segunda Guerra Mundial e morreu cobrindo a Guerra da
Indochina, em 1954, ao pisar em uma mina terrestre.
Outro profissional de destaque na fotografia do século XX
foi Dorothea Lange. Essa fotógrafa percorreu o interior dos Es-
tados Unidos registrando os efeitos da Crise de 1929 no país.
No Brasil, há muitas instituições de Ensino Superior que CAPA, Robert. Bilbau sob o medo dos ataques aéreos. 1937. 1
oferecem curso de fotografia. fotografia, p&b.

58 Volume 8
Arte no Entreguerras
Após a Grande Guerra, a confiança no progresso da Esse era o espírito dadá, uma intensidade sem paralelo
razão, característica do pensamento do século XIX, passou nem futuro, sem disciplina e sem moral, uma arte que não se
por um período de crise. Com a guerra, mais uma vez, parte pretendia séria, uma antiarte, conforme atesta o “manifesto”
do mundo pôde presenciar quanto o ser humano é capaz do movimento, em 1918.
de usar sua inteligência e sua racionalidade para ferir, matar
Dadá é a nossa intensidade [...] é a vida sem
e afligir populações inteiras.
pantufas nem paralelo: que é contra e pela uni-
Tomados por esse espírito de desalento em relação à dade e decididamente contra o futuro; sabemos
razão, artistas e literatos desenvolveram uma proposição ra- sabiamente que os nossos cérebros se tornarão
dical de arte. macias almofadas, que o nosso antidogmatismo
Diferentemente de movimentos anteriores (como é tão exclusivista como o funcionário e que não
o Realismo e o Naturalismo, que procuravam expressar somos livres e gritamos liberdade, necessidade
o real sensível), os movimentos artísticos desse período severa sem disciplina nem moral e cuspimos
pareciam interessados em manifestar um conceito de arte sobre a humanidade [...] Nós não somos ingê-
compromissada apenas consigo mesma, como uma forma nuos/Nós somos sucessivos/Nós somos exclu-
de libertação da repressão exercida pelo saber acadêmico sivos/Nós não somos simples e sabemos bem
(e burguês) e seus padrões estéticos. discutir a inteligência. Mas nós, DADÁ, nós não
somos da sua opinião, pois a arte não é séria ...
Assim, suas criações expressavam uma percepção inusi-
TZARA, Tristan. Manifesto do senhor antipirina. 1918 apud
tada, desafiadora da razão e dos limites da consciência, reve- FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa:
lando todo um universo de possibilidades até então pouco Plátano, 1976. v. 3, p. 304.
exploradas pelos artistas, como os sonhos. Entre esses movi-
Outra estratégia de criação usada pelos artistas dadás
mentos, destaca-se o Dadaísmo.
eram os ready-made. Tal estratégia consistia em retirar
objetos comuns de seu contexto (uma roda de bicicleta,
Movimento dadaísta um urinol) e expô-los fora de seu ambiente, recriando um
Os termos “dadaísmo” (do francês dadaïsme) ou “dadá” real aparentemente sem sentido e absurdo, desconcer-
(também do francês, dada) referem-se ao nome utilizado tando a lógica burguesa.
pelo romeno Tristan Tzara para definir a proposta artística

Sidney Janis Gallery/Fotógrafo desconhecido


criada por ele e por outros intelectuais que, entre 1914 e
1916, reuniam-se no Cabaré Voltaire, em Zurique, na Suíça.
Esse local serviu de refúgio para os que queriam fugir dos
horrores da Grande Guerra.
Valendo-se de diferentes formas de expressão (perfor-
mances, exposições, reuniões e manifestos), os dadaístas
propunham uma arte do absurdo, uma arte sem sentido.
Faziam dessa arte uma forma de protesto contra os pa-
drões estéticos estabelecidos pela sociedade burguesa.
Uma das estratégias de que se valiam era subverter a
linguagem, destituindo-a de sentido, libertando as palavras
de qualquer compromisso com a denominação de algo real.
Em suas performances, misturavam ao acaso palavras re-
cortadas de um texto ou separavam as letras de uma palavra
e reagrupavam-nas, construindo palavras aparentemente DUCHAMP, Marcel. Roda de bicicleta. 1913. 1
ready-made de madeira e metal, 126 cm de altura.
sem sentido algum. Galeria Sidney Janis, Nova York.

História 59
Movimento surrealista a toda forma de ordenamento e lógica. Pleiteavam em seus
poemas, filmes e telas uma arte sem a mediação da razão,
O movimento surrealista teve sua origem na França, em caótica, ilógica. Em suas obras, era comum subverterem a
1924, por meio de um manifesto escrito por André Breton. concepção que se tem de real, apresentando seres e ele-
André Breton e outros artistas vinculados ao movimen- mentos híbridos, descontextualizados, em ambientes pos-
to – entre eles, Salvador Dalí e Louis Aragon – defendiam síveis apenas em sonhos. Tornavam, assim, a compreensão
a necessidade de ir além da destruição pregada pelos racional não só difícil como absolutamente desnecessária.
dadaístas. Essa é a proposta do Manifesto surrealista, escrito por
Os surrealistas buscavam uma arte de inspiração oníri- André Breton, e da obra A persistência da memória, de
ca, vinculada ao inconsciente, e a imaginação como crítica Salvador Dalí.

Troca de ideias
Leia, a seguir, trecho do Manifesto surrealista, escrito por André Breton, e observe a obra A persistência da memória,
de Salvador Dalí.

A imaginação está talvez prestes a retornar os seus direitos... (o sonho:)... Foi com toda a razão que Freud
fez incidir a sua crítica sobre o sonho. É efectivamente inadmissível que esta parte considerável da atividade
psíquica... tenha ainda chamado tão pouco as atenções... Não poderá também o sonho ser aplicado à resolu-
ção dos problemas fundamentais da vida?... Creio na resolução futura destes dois estados, aparentemente tão
contraditórios, que são o sonho e a realidade, numa espécie de realidade absoluta, de surrealidade, [grifos no
original] se assim se pode dizer...
BRETON, André. Manifestos do surrealismo. 1924 apud FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1976.
v. 3, p. 304.
Museu de Arte Moderna/Fotógrafo desconhecido

DALÍ, Salvador. A persistência da


memória. 1931. 1 óleo sobre tela,
color., 24 cm × 33 cm. Museu de Arte
Moderna, Nova York.

Analise com atenção as informações e responda às problematizações propostas. 10 Gabarito.

a) Qual é a importância do sonho para a arte surrealista?


b) Com base na leitura do Manifesto surrealista, explique o significado do termo surrealidade.
c) Que outro título você daria para a tela de Salvador Dalí, intitulada A persistência da memória? Por quê?

60 Volume 8
Hora de estudo
11 Orientação para a distribuição das atividades como tarefa de
casa e gabaritos/comentários sobre as questões.
1. (ENEM) 2. (UNEMAT – MT) Após o fim da I Guerra Mundial, em
1918, a Itália, como outras nações europeias, foi palco
de grave crise política, econômica e social.
A crise de 1929 e dos anos subsequentes
teve sua origem no grande aumento da pro- Com base nessa afirmação, assinale a alternativa
dução industrial e agrícola, nos EUA, ocorrido incorreta.
durante a 1.ª Guerra Mundial, quando o merca- X a) Os trabalhadores italianos sob o fascismo tiveram
do consumidor, principalmente o externo, co- ampliadas as suas reivindicações, ao mesmo tempo
nheceu ampliação significativa. O rápido cres- que conquistaram plena liberdade de organização.
cimento da produção e das empresas valorizou b) O medo de uma revolução socialista nesse país,
as ações e estimulou a especulação, responsável nos moldes da União Soviética, levou a burguesia
pela “pequena crise” de 1920-21. Em outubro a apoiar e financiar os grupos de extrema direita,
de 1929, a venda cresceu nas Bolsas de Valores, especialmente o Partido Nacional Fascista.
criando uma tendência de baixa no preço das
c) O Partido Nacional Fascista, liderado por Beni-
ações, o que fez com que muitos investidores
to Mussolini, defendia a ideia de um Estado forte
ou especuladores vendessem seus papéis. De
centralizado.
24 a 29 de outubro, a Bolsa de Nova York teve
um prejuízo de US$ 40 bilhões. A redução da d) Os fascistas italianos tinham como objetivo garantir
receita tributária que atingiu o Estado fez com a ordem capitalista, os lucros e as propriedades que
que os empréstimos ao exterior fossem suspen- estavam sendo ameaçadas pelo avanço do comu-
sos e as dívidas, cobradas; e que se criassem nismo na Europa.
também altas tarifas sobre produtos importa- e) Sob o comando de Benito Mussolini e através de
dos, tornando a crise internacional. uma ideologia expansionista, a Itália conquistou a
Etiópia (1935), país do Nordeste africano.
RECCO, C. História: a crise de 29 e a depressão do capitalismo.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/
3. (FURG – RS) Na época dos anos 20 do século passado,
ult305u11504.shtml>. Acesso em: 26 out. 2008. (com estava difundida, nos EUA, a ideia de que a prosperi-
adaptações). dade estava ao alcance de todos. Na verdade, muitos
Os fatos apresentados permitem inferir que: tinham pouco e poucos tinham muito. Neste sentido,
sobre a crise de 29, é correto afirmar que:
a) As despesas e prejuízos decorrentes da 1.ª Guerra
Mundial levaram à crise de 1929, devido à falta de I. Este período de depressão econômica causou altas
capital para investimentos. taxas de desemprego e quedas drásticas do produto
interno bruto de diversos países.
X b) O significativo incremento da produção industrial e
II. Entre 1918 e 1928 a produção norte-americana
agrícola estadunidense durante a 1.ª Guerra Mundial
cresceu vertiginosamente. Havia emprego, os pre-
consistiu num dos fatores originários da crise de
ços caíam, a agricultura produzia muito. No entanto,
1929.
esse processo se desacelerou logo em seguida à
c) A queda dos índices nas Bolsas de Valores pode ser recuperação europeia.
apontada como causa do aumento dos preços de
III. Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque,
ações nos EUA em outubro de 1929.
em 1929, investidores perderam grandes somas
d) A crise de 1929 eclodiu nos EUA a partir da inter- em dinheiro; apenas os bancos conseguiram manter
rupção de empréstimos ao exterior e da criação de sua estabilidade.
altas tarifas sobre produtos de origem importada.
IV. A queda dos lucros, a retração geral da produção
e) A crise de 1929 gerou uma ampliação do merca- industrial e a paralisação do comércio dos EUA re-
do consumidor externo e, consequentemente, um sultaram na queda das ações da bolsa de valores e,
crescimento industrial e agrícola nos EUA. mais tarde, na quebra da mesma.

História 61
V. Em vários dos países afetados, partidos políticos ex- 6. (ENEM)
tremistas, de caráter nacionalista, apareceram, mas
foram sufocados rapidamente, antes mesmo da II As Brigadas Internacionais foram unidades
Grande Guerra. de combatentes formadas por voluntários de
Leia atentamente e assinale a alternativa que apresen- 53 nacionalidades dispostos a lutar em defesa
ta todas as afirmativas corretas: da República espanhola. Estima-se que cerca
a) II, III e V estão d) III, IV e V estão de 60 mil cidadãos de várias partes do mundo
corretas. corretas. – incluindo 40 brasileiros – tenham se incor-
porado a essas unidades. Apesar de coordena-
X b) I, II e IV estão corretas. e) II, IV e V estão
das pelos comunistas, as Brigadas contaram
corretas.
c) I, II e III estão corretas. com membros socialistas, liberais e de outras
4. (ENEM) A primeira metade do século XX foi marcada por correntes político-ideológicas.
conflitos e processos que a inscreveram como um dos
SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009
mais violentos períodos da história humana. Entre os (fragmento).
principais fatores que estiveram na origem dos conflitos
ocorridos durante a primeira metade do século XX estão: A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em
X a) A crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo curso na Europa na década de 1930. A perspectiva polí-
e do totalitarismo. tica comum que promoveu a mobilização descrita foi o(a)

b) O enfraquecimento do império britânico, a Grande a) crítica ao stalinismo. d) apoio ao


Depressão e a corrida nuclear. corporativismo.
X b) combate ao fascismo.
c) O declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e) adesão ao
c) rejeição ao
e a Revolução Cubana. anarquismo.
federalismo.
d) A corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o 7. (ENEM)
expansionismo soviético.
e) A Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unifi-
cação da Alemanha.
5. (UNESP – SP)

A Itália deseja a paz, mas não teme a guerra.


A justiça sem a força é uma palavra sem sentido.
Nós sonhamos com a Itália romana.

Os três lemas acima foram amplamente divulgados


durante o governo de Benito Mussolini (1922-1943) e
Disponível em: http://primeira-serie.blogspot.com.br. Acesso em:
revelam características centrais do fascismo italiano: 07 dez. 2011 (adaptado).

a) a perseguição aos judeus, a liberdade de expressão


Na imagem do início do século XX, identifica-se um
e a valorização do direito romano.
modelo produtivo cuja forma de organização fabril ba-
b) o culto ao corpo, o pacificismo e a ânsia de voltar ao seava-se na
passado.
a) autonomia do produtor direto.
c) o nacionalismo, a valorização do espírito clássico e o
b) adoção da divisão sexual do trabalho.
materialismo.
X c) exploração do trabalho repetitivo.
X d) a beligerância, o culto à ação e o esforço expansionista.
d) utilização de empregados qualificados.
e) o revanchismo, a socialização da economia indus-
trial e a perseguição aos estrangeiros. e) incentivo à criatividade dos funcionários.

62 Volume 8

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