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DE C O M B A T E :

T R A B A L H O S DO A U T O R
Edgar Rodrigues
Na Inquisição de Salazar- Rio dc Janeiro, 1957 (esgotado)
A Fome em Portugal-Rio dc Janeiro, 1958 (esgotado)
O Retrato da Ditadura Portuguesa-Rio dc Janeiro, 1962 (esgotado)
Portugal Hoi - Venezuela, 1963 (esgotado)
Deus Vermelho-Porto, Portugal, 1978

O ANARQUISMO
ENSAIOS:

Conceito de Sociedade Global-Rio dc Janeiro, 1974 (esgotado)


Socialismo - Síntese das Origens e Doutrinas-Rxo dc Janeiro, 1969 (esgotado)
A.B.C, do /4nar(7UíJmo-Lisboa-Portugal, 1976 (esgotado)
Violência, Autoridade e Humanismo-Rio dc Janeiro, 1974 (esgotado)

NA ESCOLA
Breve História do Pensamento e das Lutas Sociais em Portugal-Lisboa, 1977
(esgotado)
Socialismo Uma Visão Alfabética - Rio de Janeiro, 1980 (esgotado)
ABC do Sindicalismo Revolucionário - Rio de Janeiro, 1987

NO TEATRO
DE HISTÓRIA S O C I A L :

Socialismo e Sindicalismo no Brasil (Movimento Operário-1657-1913 - Rio

NA POESIA
dc Janeiro, 1969 (esgotado
Nacionalismo e Cultura Social (Movimento Operário, 1913-1922) Rio dc Ja-
neiro, 1972 (esgotado)
Novos Rumos (Movimento Operário, 1922-1945) - R i o dc Janeiro, 1978
(esgotado)
Trabalho e Conflito (As Greves Operárias 1900-1935) Rio dc Janeiro, 1977 (esgotado)
Alvorada Operária (Os Congressos, 1987-1920) - Rio dc Janeiro, 1980
(esgotado)
O Despertar Operário em Portugal - 1934-1911 - Lisboa-Portugal, 1980.
Os Anarquistas e os Sindicatos em Portugal - 1911 1922 - Lisboa, 1 9 8 1 .
A Resistência Anarco-Sindicalista em Portugal - 1922-1939 - - Lisboa, 1981.
A Oposição Libertária à Ditadura - 1939-1974 - Lisboa-Portugal, 1982.
Os Anarquistas-Trabalhadores Italianos no Brasil. S. Paulo - 1984 - 1? c d .
Os Trabalhadores Italianos no Brasil - Itália - 1985.
Os Libertários:Ideias e Experiências Anárquicas - 1988

PRÓXIMOS LANÇAMENTOS D A E D I T O R A ACHIAMÉ

O Anarquismo no Banco dos Reús - 1969 1972


Os Libertários: Vida e Obra
A Nova Aurora Libertária - 1945-1948
Entre Ditaduras - 1948-1962
O Ressurgir A crata - 1962-1980

Caixa Postal do A u t o r : 18.107 - CEP 20772 - Rio de Janeiro - Brasil

achiamé

Á
O ANARQUISMO NA ESCOLA,
NO TEATRO, NA POESIA

Edgar Rodrigues

Com o A n a r q u i s m o n a Escola, no Tea-


t r o , n a Poesia, o autor não avalia o ensino,
o teatro e a poesia libertária ou dá " n o t a s "
sobre seu valor pedagógico, artístico e poé-
tico. Tampouco pretende analisar a obra
educativa dos anarquistas, o que fizeram
e/ou poderiam eventualmente ter feito.
Neste campo d o conhecimento não tém
faltado analistas, críticos de obras feitas c
até mesmo quem falseie os enfoques liber-
tários na falta de melhor assunto e/ou ocu-
pação intelectual.
Objetivãmente o autor, antes de imagi-
nar um trabalho muito certinho, apoiado em
flashs da im prensa acrat a c conclusões pou-
co anarquistas, moveu-se pela emoção que
lhe produziu o esforço e a capacidade do
proletariado libertário para estudar, educar-
se, alfabetizar, ensinar humanidades, socio-
l o g i a , semear i d e i a s c o n t r a r i a n d o os
poderosos da época que impunham padrões
de instrução e comportamentos convencio-
nais através dos seus mestres (salvo honro-
sas exceções), responsáveis até hoje pela
contracultura que aliena e robotiza em mas-
sa.

Dentro desta visão, o autor enfeixa do-


cumentos, registra projetos, atividades
acratas com a dupla intenção: impedir o
extravio do valioso acervo que chega a ser
um feito heróico se considerarmos os recur-
sos dc que dispunham na época os anarquis-
tas, c ao mesmo tempo sirva aos futuros
pesquisadores sérios, c o m o fonte de con-
suliii. Para além disso, é nossa intenção
d n x i i r CM protagonistas falar de suas ideias,
cu per lendas, fins c meios adotados.
Edgar Rodrigues

O ANARQUISMO
NA ESCOLA
NO TEATRO
POESIA

Edições Achiamé L t d a .
Rua Santa Luzia, 405 - 4 ? and. - Gr. 28
20020 - Rio de Janeiro - RJ
(021)240-1454

Editor achiamé
Robson Achiamé Fernandes
O A N A R Q U I S M O N A ESCOLA, N O T E A T R O , N A POESIA
Copyright ©1992 b y Edgar Rodrigues

Direitos desta edição reservados a


Edições Achiamé Ltda.

É proibida a reprodução t o t a l o u parcial desta obra


sem a prévia autorização do Editor.

À memória de:

José Oiticica

Fábio Luz

João Gonçalves

Florentino de Carvalho

José Martins Fontes

Ne no Vasco
SUMÁRIO
O Nosso Objetivo 9

1* PARTE
O ANARQUISMO NA ESCOLA 11
Quem Foi Ferrer 13
A Escola-MSe /7
0 Alcance da Educação Moderna 22
Passos Renovadores do Ensino no Brasil 24
0 Anarquismo na Escola 29
A História de u m Crime 31
Contra a Condenação e o Fuzilamento de Ferrer 35
A Comissão Pró-Escola Moderna 39
Comemorações 1910-13 43
A Escola Moderna em Sa"o Paulo 48
Outras Escolas 54
Como se Propagava a Educação Racionalista 65
A Diretoria de Instrução Fecha as Escolas Modernas
O 13 de Outubro 72
Notas 93

2* PARTE
O ANARQUISMO NO TEATRO 103
Introdução 105
Teatro Social no Sul 109
O Pioneiro em Sa"o Paulo 110
Primeiros Grupos de Teatro Libertário no Rio 113
Praça Tiradentes, 71 116
A Vez de Minas 118
Festivais e Solidariedade 119
A Crítica 123
Repassando 124
Pedro Catalo Fala do Teatro Anarquista 129
Depoimento de Amílcar dos Santos 131
Comentários e Apreciações 133
Dispersas 138
Cronologia de Representações 140
Em Forma de Fecho 227
Resumo 231
Dados da Imprensa 232 O NOSSO OBJETIVO
Notas 241

3* PARTE A ideia de reunir três temas numa só obra nasceu com a intenção

" O ANARQUISMO NA POESIA 271 de acrescentar o esforço cultural libertário à luta de classes.
Os autores que têm escrito sobre o Movimento Operário até hoje
ol
prendem-se mais às associações, às greves e à ação reivindicatória. A
so
ideologia que impulsionou, guiou e serviu de bússola ao proletariado, a
tic
alfabetização, a educaçào e cultura, o ensino de artes e ofícios e o tea-
cd
tro social raramente entra em pauta. E m geral, as ideias só são evocadas
e/<
quando os acontecimentos as exigem, h no entanto os libertários agiram
tá em todas as frentes. A luta pela sobrevivência como classe e como indi-
at< víduos que o trabalhador teve de travar faz parte do global, inclusive o
tái despertar para o estudo da questão social, científica, cultural e humana.
pa Foram 30 anos (1895-1925) de desbravamento e propaganda,
uma epopeia sem dúvida bem superior à dos 50 anos posteriores (1925-
na 1975) em que o PCB influiu nos sindicatos, orientado pela 3? Interna-
fl; cional.
CO O salto dado no escuro pelos pioneiros, sem conhecer o idioma,
lh. seu aprendizado, adaptação às novas formas de trabalho, aos hábitos e
pr costumes, à alimentação, ao clima tropical e a maioria precisou alfabeti-
se za r-se, instruir-se, profissionalizar-se, educar-se social e culturalmente,
lo também é preciso ser encarado como obra anarco-sindicalista.
pc Desafiando o analfabetismo, empreitando ensinar sociologia, dou-
de trina anarquista e história social, os pioneiros impuseram também alte-
na rações de comportamento na sociedade brasileira. Novas leis surgiram
sa como decorrência de sua luta mudando formas de tratamento patrão-
co empregado, Estado e Proletariado e alguns escritores escreveram sobre
sa temas sociais. A cultura, antes propriedade de uns poucos, foi-se vulga-
rizando. Trabalhadores humildes movimentaram a pena com brilho, f i -
zeram-se jornalistas, escritores, conferencistas, professores, teatrólogos,
cu
atores, poetas revolucionários, idealistas dispostos a transformar a socie-
ac
dade de exploradores e explorados, numa comunidade de irmãos, de
ex
iguais.
un
O anarquista tinha como meta educar o trabalhador, conscientiza-
so
lo de seus direitos e deveres, objetivava revelar e desenvolver capacida-
ta
des físicas, intelectuais, artísticas e culturais, tornar cada indivíduo um
I*'
elemento presente na produção e no usufruto, capaz de dispensar chefes
Ml
<l«
9
e incapaz de botar sobre as costas dos outros a obrigação de sua manu- PARTE - 1?
tenção.
i i m reconhecimento a esse esforço resolvemos englobar numa só
obra: O Anarquismo Na Escola - No Teatro Na Poesia, sem a inten- O ANARQUISMO NA ESCOLA
ção de esgotar qualquer dos temas enfocados (nossa obra não dá por en-
cerrado esta pesquisa) ou de falar pelos libertários. Sempre que possível,
reproduziremos suas próprias palavras.

Edgar Rodrigues

lo
QUEM FOI F E R R E R

Francisco Ferrer y Guardia nasceu em 10 de janeiro de 1859, em


Alella, povoação situada a 20 quilómetros de Barcelona.
Sétimo filho de uma família católica de pequenos agricultores e
Tanoeiros, aprendeu as primeiras letras na escola de Alella e chega a
cantar no coro. Mas foi também nesta fase de sua infância que toma co-
nhecimento das ideias libertárias por intermédio de u m t i o . Com essa
nova visão contesta o professor e é severamente punido. Este fato levou
Ferrer a pensar no ensino oposto - nem prémio e nem castigo - que vi-
ria a pôr em prática com a fundação da "Escola Moderna".
Passa depois à escola de Teiá. A l i ' encontra u m professor laico,
mais liberal e por influência deste chega a estudar c o m os jesuítas. Mas
as ideias anticlericais de seu irmão José e do seu t i o A n t o n i o impedem
o projeto do padre.
Aos 13 anos perde o pai e deixa a escola para trabalhar nas vinhas
familiares. Lê o "Diário", jornal de tendência liberal. Começa admirar
Pi y Margall e entusiasma-se pela proclamação da 1? República espanho-
la. Sua nova visão da realidade social incompatibiliza-o com a família,
tradiconalista católica. Vai para Barcelona com seu irmão José. Empre-
ga-se como escriturário de u m republicano. Começa a frequentar as reu-
niões com ele e conhece a maçonaria.
Inicia então a leitura de autores revolucionários e sofre influência
de Anselmo Lorenzo de quem se tornou amigo.
Aprende francês, inglês e naturismo em cursos noturnos.
Em 1879, entra como Controlador da Companhia de Caminhos
de Ferro entre Barcelona e Cerbere. Casa-se então com Terezinha San-
manti em 1880, de cuja união nasceram três filhas: Trinidad, Paz c Sol.
Continua estudando à noite e envolve-se profundamente com as
ideias libertárias. Choca-se com a sua companheira, presa aos costumes
burgueses de que não se desligava emocionalmente.
E m 1884, Ferrer funda uma biblioteca circulante entre os traba-
lhadores da empresa onde trabalhava - um ato revolucionário para a
época - e ingressa na loja maçónica: " L a Verdade" de Barcelona.
As suas ligações com Manuel Ruiz Zarrilla, expulso da Espanha
1. Carta escrita no Campo dc Concentração do Oiapoquc por Pedro Carneiro,
anarquista, operário da construção, civil. Rio; 2. Estátua do Ferrei na Bélgica; em 1875 por Canovas, e com grevistas da empresa M . Z. A., onde traba-
3. Postais exclusivo-, da Escola Moderna dc São Paulo C Santos; 4. Prol. Florentino lhava, que resolve transferi-lo para Barcelona-Granolles, levam-no a re-
de Carvalho c Adelino de Pinho, Fundadores dc Escolas Modernas cm São Paulo;
5. Painéis com alunos d a i Escou Modernas. fugiar-se em Sallent. A l i conhece a família do pedagogo libertário Puig
Elias.
E m 1886, exilou-se na França com a família. Principia a trabalhar

13
com vinhos. Depois a dar aulas particulares e no Círculo de Ensino Lai-
co, da Associação Politécnica. L m seguida ministra cursos noturnos do Rodriguez Mendez, reitor da Universidade de Barcelona, o naturalista
Liceu Condorcet e na loja maçónica do Grande Oriente. Odón de Buen, o biólogo Ramon y Cajal, os médicos Lluria y Martinez
Vargas e o militante tibertário Anselmo Lorenzo, tendo José Prat como
Por essa mesma época (1887) "nascia" o Ateneu Obrem de Barce-
administrador. Entre os professores estavam Salas A n t o n , Corominas,
lona com o fim de difundir a "educação integrar". Em Madrid, no ano
Maseras e a francesa Clémence Jacquinet. Para sede, foi e§colhido u m
de 1888, funda-se a sociedade livre-pensador "Los Amigos dei Progres-
antigo convento na rua Baillén. As aulas começaram em 8 de outubro
so", que propõe a criação de escolas laicas de ambos os sexos dirigidas
de 1901, com 30 alunos, 12 meninas e 18 meninos.
por Francisco Giner.
Em janeiro de 1902 a frequência de alunos aumenta para 70 e
E m 1890, Ferrer íilia-se na loja "Les Vrais E x p e r t s " e, em 1892,
atingiu 126 em 1904. No ano de 1905, a Escola Moderna tinha 147 su-
vai como delegado assistir ao Congresso Internacional de Livre-Pensado-
cursais, na província de Barcelona e três anos depois 1 m i l alunos em 10
res cm Madrid. Neste Congresso conhece Lerroux e escreve circular,
escolas de Barcelona e Capital. Criam-se Escolas na Espanha (Madrid, Se-
que 17 anos mais tarde foi usada pelo Conselho de Guerra para conde-
vilha, Málaga, Granada, Cadiz, Córdoba, Palma, Valência), Portugal,
ná-lo à morte.
B r a s i l , Lausane e Amsterdam.
1

Em 12 de j u n h o de 1894 sua esposa - Teresa Saninarti tenta


Em 19 de maio de 1906, Mateo Morral, bibliotecário da Escola
matá-lo a tiros em Montmartre, ferindo-o gravemente. Rompe-se então
Moderna, joga uma bomba contra a carroça real no dia do casamento de
o casamento.
Affonso 13, comprometendo com esse gesto estúpido toda a obra edu-
Com a morte de M. Ruiz Zorrila, em 1895, Ferrer afasta-se defuii-
cativa de Ferrer.
vaniente dos republicanos e socialistas espanhóis e liga-se libertariamen-
A resposta do Governo foi fechar a escola-mãe, na rua Baillén, em
te aos anarquistas, Malato, Grave e Paul Robin. De 27 de j u l h o a 19de
j u n h o , prender Ferrer, José Nakens, Pedro Mayoral e outros, que sub-
agosto de 1896, vai a Londres participar do Congresso Socialista Inter-
meteu a julgamento. Declarado inocente, Ferrer é libertado em j u n h o
nacional como delegado do 49 distrito de Paris, do Partido Socialista
de 1907, mas não lhe permitiram reabrir a Escola-mãe. Começa então
Francês. Mas sua bandeira de luta é a educação. Nesta oportunidade a
com ajuda de sua companheira Soledad Villafranca a publicar a revista
Livraria Garnier publica a obra de Ferrer, Tratado de Espanhol Prático.
L 'Ecole Renouvée ("extensão internacional da Escola Moderna de Bar-
Desde 1894, começara a dar aulas particulares a uma viúva católi-
celona").
ca m u i t o rica, chamada Meunicr e a sua filha Jeanne-Ernestine, a quem
Seu 19 número aparecem em 15 de abril de 1908 em Bruxelas,
inspirou grande admiração.
passando no ano de 1909 a ser editado em Paris. Junto a Ferrer forma-
Fizeram-se íntimos amigos empreendendo juntos uma viagem à
vam o Conselho de Redação: Charles Albert e Maurice Dubois. Em
Espanha, Itália, Bélgica, Inglaterra, Portugal e Suíça, viagem m u i t o pro-
abril de 1908, funda também a "Liga Internacionalpara a Educação Ra-
veitosa para Ferrer que fez contatos com Eliseu Reclus e Pestalozzi ao
cional da Infância", recebendo logo adesão de Languevin, Bernard
mesmo tempo que conhecia os mais avançados centros de ensino.
Shaw, Berthelot, G o r k i e o sueco Sivan. que em seu projeto dos Estados
Em T u r i m , ensinou num curso de "línguas assimiladas", francês,
Unidos do Mundo outorga a f e r i e i v, MÍ.IISI&ÍO da Educação da Huma-
espanhol e português e, em Bruxelas, fez uma palestra que deixou Re-
nidade.
clus admirado.
Vai a Londres onde conviveu com Kropotkine. No começo de
Com a morte de Meunicr em abril de 1901, Ferrer recebe uma he- 1909 deixou a capital inglesa e foi para Espanha fixando-se com a famí-
rança de 1 milhão de francos ouro, importância que lhe permitiu fundar
lia em Alella, seu lugar de nascimento.
a Escola Moderna.
Surpreendido pela Semana Trafica de Barcelona, é preso a 19 de
Sua intenção disse-o cm sua obra póstuma: " L a Escuela Moder-
setembro, julgado em Conselho de Guerra a 9 de outubro " c o m o autor
na pretende extirpar do cérebro dos homens tudo o que os divide, come-
e chefe da rebelião" é condenado a morte. Foi executado a 13 de outu-
çando pela fraternidade e a solidariedade indispensáveis para a liberdade
bro de 1909, no fosso de Santa Eulália, gritando em frente ao pelotão
e o bem-estar geral de todos".
de fuzilamento: Viva la Escuela Moderna .
2

Forma então o comité de honra da Escola Moderna com o jurista


O mesmo advogado que se recusou a defender Ferrer em 1906 e

14 l S
1907 por não acreditar na sua inocência, em março de 1911, pediu às
termos do art 242 do Código de Justiça Militar nao poUe a responsabilidade sub-
Cortes a revisão do processo.
sidiária ser exigida senão de chalés da rebelião ás ordens imediatas dos quais se
Nesse mesmo ano criou-se u m Comité Internacional para angariar tivessem achado os rebeldes culpados de delito comum, e que aie'm disso se manti
fundos e erigir u m monumento a Ferrer. A Lanterna, de São Paulo, wrani aqui ignorados os autores desses delitos.
acompanhou o movimento até a sua inauguração no dia 5 de novembro " 3 9 - Atendendo a que o ministério público deste conselho, bascando-se
no fato de os textos invocados pelo auditor e a doutrina invocada no processo
de 1911 na cidade de Bruxelas, Bélgica . 3
Uson serem ductarm-nte aplicáveis aos outros oitos processos a examinar e no fato
Foram seus artif.cios: o escultor Augusto Puttémans e o arquite- dc em nada se referuem a Ferrer a» responsabilidades civis neles reconhecidas,
to Adolpho Puissant. No ato falaram: James Hogart, Monseur, Jorge propôs eenviar tudo á autoridade da quarta região* "
r

Lorandi, Paulo Jansont, Furnemont, Trowein, Tarrido dei Marmol,


l-ourenço Portet e Carlos Malato. A ESCOLAMÃE
Finalmente em 29 de dezembro de 1911, o Supremo Tribunal de
Madrid "ordena o levantamento do embargo que pesava sobre os bens " A obra dc Ferrer é imensa - afirmava o anarquista Carlos Malato
de Ferrer em proveito dos seus assassinos, rejeitando logicamente, senão - 38 Centros de educação racional, 38 Centros de vida intelectual, saí-
legalmente, a doutrina da culpabilidade de Ferrer. dos da terra, por seu esforço somente, na Catalunha. Isto sem contar a
O acórdão estatui que " o embargo posto sobre os bens de Ferrer EscotaMãe, a sua Livraria, o seu Boletim. Milhares de crianças apren-
deve ser levantado, pois este não foi parte em nenhuma outra causa dem a ser conscientes e boas e não escravas!
além da que motivou a sua execução". Por isso se concebeu ódio do obscurantismo ." 6

" A glória - diz William Heasford - de ter o b t i d o este reconheci- Francisco Ferrer, racional organizador, grande obreiro do futuro,
mento implícito do caráter de Ferrer, a restituição dos seus bens aos pregador do culto à liberdade, à verdade e à solidariedade humana, com
seus herdeiros e a reclamação, para a Escola Moderna, dos 115 m i l vo- vistas a tornar o homem irmão do homem, deu conta de que suas ideias
u m mais longe de que as possibilidades.
lumes que constituíam os fundos desta insigne fundação educadora,
Seu primeiro obstáculo começou com a falta de livros apropria-
pertence ao esforço do executor testamentário de Ferrer, Jorge L o r a n d . "
dos para o seu plano de ensino.
" O acórdão certifica que, em nenhum dos 2 m i l processos insti-
Fundou uma biblioteca especial e começou e editar livros.
tuídos em razão da insurreição de Barcelona, se achou o menor vestígio
Auxiliaram-no o dr. Odón de Buen, Eliseu Reclus, Anselmo Lo-
de unia intervenção qualquer de F e r r e r ! "4

renzo, dr. Martinez de Vargas, Jean Grave, C. Malato, Elslander e outros


Vejamos os primeiros considerandos deste acórdão:
idealistas que escreveram obras especialmente para a Escola Moderna.
"19 Atendendo ao que, por ordem regia de 17 de dezembro de 1910, f o i Aos poucos a colaboração chegava de vários países impulsionada
entregue a este conselho supremo um requerimento dc Tomás Caxrero, pedindo pela Liga Internacional \xira o Ensino Racional ila Infância. Na França
fosse declarada extinta, por causa de graça, a responsabilidade civil expressa na contou com o apoio de /. Ecole Renovée. na Itália, com a revista sema-
sentença proferida contra Ferrer cm seu processo de rebelião militar; e que, ten-
nal Escuola Laica. A Liga tinha seçóes na França, Itália, Suíça, Bélgica,
do o tribunal decidido haver do ca pitão-general da Catalunha uma nota circuns-
tanciada das reclamações que tivessem sido formuladas pelos que sofreram prejuí-
Alemanha, Inglaterra, Portugal, Holanda, Argentina, Cuba e adesões de
zo em consequência dos fatos a que se refere essa sentença, foram-lhe transmitidos grupos em dezenas de países. Humuniilad Livre também defendia o ensi-
os autos de todas as causas julgadas o u pendentes perante a jurisdição ordinária o u no racionalista.
perante a de guerra, a respeito dos fatos de que se trata, com exceçao de sete pro- Em todos os países, proferiam-se conferências para divulgar a ide-
cessos que estavam à disposição da Câmara dos Deputados e que foram posterior-
ia. Ferrer trabalhava na Enciclopédia de Ensino Superior em 15 volumes
mente entregues a este alto tribunal.
com o 19 volume já publicado.
"29 Atendendo a que não resultou em nenhum desses numerosos proces-
Em poucos anos a Escola Moderna publicou as seguintes obras:
sos supraditos que Ferrer neles tenha sido parte, nem por consequência declarado
responsável na qualidade de chefe da rebelião; que contra Timóteo Uson u m dos
prejudicados pediu uma indenização dos danos sofridos â custa dos bens de Ferrer, C A R T I L H A (pnmciro livro de leitura), dedicado ao ensino racionalista de
considerando este como subsidiariamente responsável na qualidade de chefe da re- crianças e adultos. Continha, além do ensino do mecanismo da leitura fundado em
belião, que t a l requerimento foi indeferido por decreto do auditoriato, pois nos um sistema onginal, uma aplicação prática do conhecimento adquindo, em que

16 17
expõe de modo conciso e simples a existência do universo. Um volume. Terceira COMPÊNDIO DE HISTÓRIA U N I V E R S A L , por Clemência Jaquinet. V o -
edição. lume i : Tempos pré-históricos até o Império Romano. Volume I I : Idade Média e
LAS A V E N T U R A S DE NONO (segundo livro de leitura), por Jean Grave, Tempos Modernos. Volume I I I : da Revolução Francesa até os nossos dias. Leitura
traduzido e prefaciado por Anselmo Lorenzo. Destinado a robustecer o senso co- indispensável para as crianças dc ambos os sexos, inspirada na moderna pedagogia;
utilíssima para os adultos por ser um resumo histórico, consciencioso, breve e ve-
mum inicial na inteligência das crianças c para que repilam o preconceito estacio-
rídico. Três volumes.
nário. Um volume. Terceira edição.
LEON M A R T I N - A MISÉRIA, SUAS CAUSAS, SEUS REMÉDIOS, por NOCIONES DE I D O M A FRANCES, por Leopoldina Bonnard. Método
Carlos Malato (segundo livro de leitura). Excelente Exposição da Florescência i n - produto da prática e da experiência, sancionado pelo êxito, e adaptado à generali-
dade das condições dos alunos. Um volume.
telectual da infância, racionalmente desenvolvida pelo senso comum. U m volume.
E L N l f i O Y E L ADOLESCENTE. Desenvolvimento normal. Vida livre, por L A SUBSTÂNCIA U N I V E R S A L , por A . B l o c h e Paraf-Javal. tradução de
Michel Petit, dedicado aos alunos da Escola Moderna (segundo livro de leitura). A. Lorenzo. Resumo da filosofia natural; obra útil para fixar as ideias dos mestres
No desenvolvimento desta obra destacam-se todos os erros que por preconceitos e e ministrar base racional e científica aos seus conhecimentos, c iniciar os alunos na
por rotina cometem-sc contra a higiene, expondo-sc com método e clareza as re- via da verdade. Um volume.
gras que constituem a verdadeira ciência da vida. Um volume. NOCIONES SOBRE LAS PRIMERAS EDADES DE LA H U M A N I D A D ,
PRELÚDIOS D F L A LUCHA (segundo livro de leitura), por F . Pi y Arsua- por Georges Engerrand. Esta obra é um estudo breve e completo da ciência pré-
histórica. Utilíssima às pessoas desejosas de possuir conhecimento sobre fatos cien-
ga, com notas editoriais. Exposição clara e precisa das injustiças sociais que sofre a
tificamente comprovados. Um volume.
humanidade. Um volume.
SEMBRANDO FLORES, por Federico Uralcs. Poema de vida, tão delicioso EVOLUCIÓN SUPERORGÂNICA (La Naturaleza y c l Problema Social),
como instrutivo. Um volume. por Enrique Lluria, prólogo de S. Ramon > Cajal c notas editoriais. Demonstração
PATRIOTISMO Y COLONIZACIÓN (terceiro livro de leitura). Instruídos de que a Sociologia segue a lei da Evolução. Um volume.
pela leitura anterior acerca das diferenças entre a sociedade real c ideal, os alunos H U M A N I D A D D E L P O R V E N I R , por Enrique Lluria, com um epílogo de
encontrarão nesta obra, bases seguras para abominar a defesa de interesses mesqui- Carlos Malato. Jamais apareceram, como nesta obra. aliados em estreita e fetiz
nhos. Um volume. conjunção, os dados irrebatíveis da ciência positiva e as especulações ideais pelos
amplos horizontes do progresso futuro. Um volume.
PRIMEIRO MANUSCRITO. Interessante correspondência escolar, e diver-
G E O G R A F I A FÍSICA, p o r Odón de Bucn. prefácio de Eliseu Reclus. Des-
sos modelos dc ditados. U m volume.
crição cient íflea do Mundo, ncccssána para formar ideia clara do planeta que habi-
SEGUNDO MANUSCRITO. Facilita a leitura dos múltiplos caracteres de tamos, base obrigada do estudo da Natureza. Um volume.
letra usados na prática a segunda na parte que lhe corresponde o critério da verda-
PEQUENA HISTÓRIA N A T U R A L , p o r Odón de Buen. Esta obra é de ten-
de. U m volume. dência moderna, francamente racionalista, inspirada no positivismo, e, portanto,
ORIGEM D E L CRISTIANISMO (quarto livro de leitura). Critica positiva, dc simplicíssima composição. Dois volumes.
que ilumina a inteligência do aluno, senão da infância, depois, já homem, quando M I N E R A L O G I A , por Odeón dc Bucn. O autor, inspirando-se no critério ex-
intervenha no mecanismo social; utilíssimo, além disso, por não dirigir-sc cxclusi- perimental c biológico, demonstra que os minerais são seres da Natureza, que va-
varhente às escolas primárias, mas também às livres escolas dc adultos. Um volume. riam e evoluem, como tudo. Um volume.
EPITOME DE G R A M Á T I C A ESPAflOLA, por Fabian Pelasi. Obra isenta
P E T R O G R A F I A Y V I D A A C I U A L DE L A T I E R R A , por Odón de Bucn.
de sofismas religiosos e sociais, encontrados nos livros análogos do ensino rotineiro.
Neste volume, profusamente ilustrado, trata-se com simplicidade e clareza matéria
Um volume. Terceira edição.
f i o árida como o estudo das rochas mais importantes que formam os terrenos, ca-,
ARITMÉTICA E L E M E N T A R , por Fabian Pclasi. Obra tão simples como
ractercs gerais, rochas cristalinas e sedimentánas. Um volume.
útil, de grande facilidade para aplicar as inteligências infantis. Um volume.
EDADES DE L A T I E R R A , por Odón dc Bucn. Contém a descrição da gé-
El EMENTOS DE ARITMÉTICA nese e evolução do sistema solar, resultando a história das vicissitudes por que pos-
sou o mundo que habitamos. Um volume profusamente ilustrado.
I . Volume dos principiantes: A numeração e as quatro regras, por Condor- T I E R R A LIBRE (conto), por Jean Grave, versão espanhola de Anselmo
cet. Os primeiros princípios de aritmética, por Paraf-Javat. Exercícios por Henry Lorenzo. Constitui um esboço da sociedade futura, feito por um dos mais conhe-
Vogt. Demonstração de que a base das matemáticas é experimental e que o seu cidos pensadores que trabalham pelo porvir da humanidade. Um volume.
objeto é utilitário. PSICOLOGIA ÉTNICA, por Ch. Letourneau, tradução de A. Lorenzo. I m -
I I Volume do curso médio, por Paraf-Javat. Contém as matérias que se portantíssimo estudo científico-sociológico que explica racionalmente e sem ne-
hão de cnsnar nas classes elementares e superiores. Dois volumes. bulosidadcs metafísicas a história da humanidade. Quatro volumes.
RESUMEN DE L A HISTORIA DF t S P A N A , por Nicolas Estévanez, com B O L E T U I M ESCOLAR, por A. Martinez de Vargas. Com estilo sóbrio e
notas editoriais e um apêndice de Volney sobre A H I S T O R I A , para generaúzar a clareza que penetra nos leitores mais profanos, expõem-se neste folheto os auxí-
crítica histórica e os preconceitos nacionalistas. Um volume. lios que devem prestar-se às enanças quando sofrem perturbações ou lesões na es-

18 19
b) Estatutos
cola. £ além disso, um tratado útil para as mães de família; sem corrigi-las. pois a
sua omissão basta, excluem-se todas as práticas absurdas ou perigosas que andam Art. 1? - Constitui-se uma liga denominada Liga Internacional para a Edu-
em boca dos afeiçoados, sem instrução alguma, a curar os demais humanos. U m cação Racional da Infância, com o fim de introduzir praticamente no ensino da i n -
volume. fância, em todos os países, as ideias da Ciência, da Liberdade e da Solidariedade.
L A ESCUELA N U E V A , por J . F. Elslander. tradução de Anselmo Lorenzo, Propõe-se, além disso, a procurar a adoção e aplicação dos métodos mais apropria-
Bosquejo duma educação baseada sobre as leis da evolução humana. Um volume. dos à psicologia da criança, com o fim de obter os melhores resultados coro o me-
Além de muitas obras, todas relacionadas c o m a questão social, nor esforço:

a Biblioteca da Escola Moderna editou a última e importantíssima obra A r t . 2 " - Os meios de ação da Liga consistem numa incessante propagan-
da, sobre todas as formas,dirigida mais especialmente aos educadores e às famílias;
do conhecido geógrafo e propagandista das ideias anarquistas de renome
Art. 3? - Para ser membro da Liga basta aderir à exposição de princípios
universal, Eliseu Reclus, E L HOMBRE Y L A T I E R R A , traduzida por
que lhe servem de base e pagar anualmente uma cota de ires. 1.20 como mínimo.
Anselmo Lorenzo e revista pelo catedrático da Universidade de Barcelo-
Art. 4? - A Liga pode constar em todos os países das seções ou dos grupos
na, D r . Odón de Buen. A obra consta de seis volumes encadernados e o oujo funcionamento resulte de um acordo com o comité de iniciativa e de direção
seu custo é de 120 pesetas. instituído pelo artigo SP.
Cantos de IM Escuela Moderna: Los Juguetes, letra de Estevanez, Os grupos constituídos podem reservar, para as necessidades do seu funcio-
namento, as três quartas partes da importância das cotas, ou seja fres. 0,90 por i n -
música de A. Codina; Empecemos, letra de F. Salvochea;La Vida, letra
divíduo, e contribuir só com a quarta parte (Ires. 0,30 por indivíduo) para a admi-
de Jaime Bausa, música de Pedro Henrique de Ferran.
nistração central da Liga.
" A ESCOLA MODERNA de Barcelona - explica Ferrer - julga Art. 5 ? - A administração da Liga corresponde a um Comité Internacional
que os livres-pensadores de boa fé erram o caminho quando não enca- de Iniciativa e de Direção, composto de cinco membros no mínimo e de quinze no
ram a questão sob o único p o n t o de vista que ela abrange. máximo, nomeados para um prazo de cinco anos pela assembleia geral, sendo rce-
A verdadeira questão, a nosso ver, consiste em servir-nos da escola legíyeis. O Comité pode completar-se pela agregação de novos membros designa-
dos pelo mesmo, os quais devem ser ratificados pela Assembleia Geral mais ime-
como o meio mais eficaz para chegar à emancipação completa, isto é:
diata que se realizar.
moral, intelectual e económica da classe operária*."
O primeiro Comité Interncional de Iniciativa e de Direção, cujas funções
7

Estatutos da Liga Internacional Para a Instrução Racional da In terminarão na Assembleia Geral de 1913, fica assim formado: Francisco FerTer
fáncia ampliando a dimensão e o alcance da Escola Moderna: (Espanha), Pres; C. A. Laisant (França) Vice-Pres., J . F. Islander (Bélgica);Ernest
Haeckel (Alemanha); Wiliam Heaford (Inglaterra);Giuseppe Sergi (Itália); H . Roor-
da van Eysinga (Suiça); Srt. Hcnriette Meyer, Secretária.
a) Exposição
Art. 6 ? - Institui-se mais um comité Internacional de Propaganda, de nú-
, Esta Liga fica estabelecida sobre as seguintes bases:
mero ilimitado de indivíduos, cuja eleição compele ao Comité de Iniciativa e de
1? - A educação da infância deve fundamentar-sc sobre uma base científi-
Direção, devendo ser ratificado pela Assembleia Geral imediata.
ca e racional; em consequência, é preciso separar dela toda noção mística ou so-
Art. 7? - A residência social da Liga fixa-se em Paris. 2 1 . boulevard Saint-
brenatural;
..lartin, podendo ser transferida a o u t r o ponto por acordo do Comité Internacio-
2? - A instrução é uma parte desta educação. A instrução deve compreen-
nal dc Iniciativa e de Direção.
der também, j u n t o à formação da inteligência, o desenvolvimento do carátcr, a
A r t . 8? - L'Ecole Rénovée. revista periódica publicada em Paris, é o órgão
cultura da vontade, a preparação de um ser moral e físico bem equilibrado, cujas
titular da Liga.
faculdades estejam associadas e elevadas ao seu máximo de potência;
Art. 9 ? - O Comité de Iniciativa e de Direção convocará cada ano uma
3? - A educação moral, muito menos teórica do que prática, deve resultar
Assembleia Geral da Liga, para ouvir a memória anual do comité, discutir as con-
principalmente do exemplo e apoiar-se sobre a grande lei natural de solidariedade;
clusões se for preciso é deliberar sobre os assuntos da ordem do dia.
4? - E necessário, sobretudo no ensino da primeira infância, que os progra-
mas e os métodos estejam adaptados o mais possível à psicologia da criança, o que Art. 10 - Os presentes estatutos só podem ser modificados por uma Assem-
quase não acontece em parte alguma, nem no ensino público nem no privado. bleia Geral, por proposta do Comité Internacional de Iniciativa e de Direção.
Tais são as verdades, tais são princípios que originam a criação da Liga In- Art. 11 - A dissolução da Liga só poderá ser deliberada por uma Assem-
ternacional para a Instrução Racional da Infância. bleia Geral extraordinária especialmente convocada para esse fim e por maioria de
Cada membro da Liga compromete-se a contribuir, no círculo das suas rela- três quartas partes dos membros presentes ou representados.
ções e na medida do possível, para a prática destes princípios. A Liga o auxiliará
energicamente no seu labor. A união de boas vontades que representa esta associa- c) Senhores
ção não pode produzir senão resultados eficazes. Acabais de ler a Exposição de Princípios da Liga Internacional pa-

20 21
" A escola não deve ser um lugar de tortura física ou moral para as crianças,
ra a Educação Racional da Infância. Acabais de ler os seus estatutos.
mas um lugar de prazer e de recreio, onde elas se sintam bem, onde o ensino lhes
Resta-nos acrescentar algumas palavras.
seja oferecido c o m o uma diversão, procurando aproveitar a sua natureza irrequieta
Se, como nós e conosco, desejais que a humanidade se governe pe- e alegre, as suas faculdades e sentimentos, falando mais ao olhar do que ao ouvido,
la razão e pela verdade, em vez de se deixar governar pelas preocupações dedicando-se mais à inteligência do que à memóna, es forçando-se p o r desenvolver 1

e pela mentira; harmónica e integralmente os seus órgãos.


A experiência, a observação direta, a recreação instrutiva serão m u i t o mais
Se, como nóse conosco, quereis que a pacifícaçãosucedaàvioléncia;
favorecidas pelo professor que compreende a sua missão do que as longas e fati-
Se, como nós e conosco, acreditais que a tarefa mais eficaz e mais gantes preleções e as recitações fesudiosas e sem senUdo.
urgente é a preparação de cérebros bem equilibrados e de inteligências O que é verificável pelo próprio aluno, o que é demonstrável, o que é aces-
firmes nas gerações que vêm a vida; sível, claro, lógico para a criança, o que ela pode por si mesma descobrir o u desen-
Se assim for, vinde a nós; volver - isso será preferido a todas as divagações metafísicas o u filosóficas, a t o -
Trazei à Liga, à vossa Liga, o concurso de boas vontades fraternal- das as afirmações impostas pela autoridade do pedante, que n f o pode senão habi-
tuar à preguiça i n t e l e c t u a l
mente unidas.
E por isso a escola não será religiosa, nem anti-religiosa, não será politica,
O apoio meterial que vos pedimos é quase nulo: vosso apoio mo- náo será dogmática, mas irá buscar a lição de coisas, a natureza vivida e provada,
ral é nos infinitamente preciso. ao vasto campo das ciências exalas, ao raciocínio espontâneo e fácil, os motivos
Professores, libertando as crianças que vos confiam libertais vós de agradável estudo para as inteligências que desabrocham e de larga e salutar ex-
mesmos. pansão para os organismos tensos."

Pais - e mães principalmente - vós que amais, que adorais vossos O objetivo é claro, inteligente, proporcionaria o encontro da
filhos, libertai-os da escravidão intelectual em que durante tantos sécu- verdade, o despertar do indivíduo para a solidariedade humana, paia a
los geme a humanidade. Associai vossos esforços aos nossos para esta vida sadia e livre. E se conduz a criança para a razão, para encontrar o
obra de emancipação, única que conduzirá cada dia mais o m u n d o para bem de todos, porque é o bem, derruba também os mitos, as hierar-
u m porvir melhor, que o encaminhará incessantemente para mais amplo quias, as superioridades, as classes, institui a igualdade e torna o futuro
conhecimento da verdade, grandeza incomparável e bondade ilimitada. homem irmão do homem.
Separemos nossos filhos d o meio das trevas e da fealdade em que E é aqui que a Igreja e o Estado viam o perigo dos ensinamentos
temos vivido. da Escola Moderna] Ferrer começando pela criança formaria gerações
Conduzamo-los para a beleza, para a luz. novas, despidas de ódio, de rancor, de ambições materiais, alheias às
Pelo Comité Internacional de Iniciativa e Direção: hierarquias, e sobre t u d o individualidades de cará ter bem formadas,
O Presidente - F. Ferrer com todas as suas capacidades reveladas e desenvolvidas, capazes de
dispensar os líderes, os padres, as leis, a força da Igreja, do Governo e o
O Vice-Presidente - C A . Laisant
poder do Estado. E declarada a inutilidade dos líderes e das institui-
A Secretária - H. Meyer*
ções que impõem regulamentos e garantem ao homem a exploração do
seu semelhante, o direito de uns poucos gastarem em coisas supérfluas,
O ALCANCE D A EDUCAÇÃO MODERNA
inclusive na compra de material bélico, somas colossais, que podiam
" O nosso ensino - dizia Ferrer não aceita nem os dogmas nem os pre-
conceitos, por serem formas que encarceram a vitalidade mental nos (imites impedir que gente morresse de fome e vivessem em casebres sem u m mí-
impostos pelas exigências das fases transitórias da evolução social e humana. n i m o de ar, luz, higiene, os políticos teriam de arranjar empregos produ-
Não espalhamos mais que soluções já demonstradas com tatos, tèonas tivos e as instituições lugar certo nos museus das antiguidades.
ratificadas pela razão e as verdades confirmadas por provas provadas. O objeto do
•nosso ensino é o cérebro do indivíduo e deve ser o instrumento da sua vontade. A Escola Moderna pretendia a educação e a instrução, toda basea-
Queremos que as verdades científicas brilhem com seu fulgor próprio e iluminem da na espontaneidade e isso o governo espanhol de 1909 e por extensão
todas as inteligências, de forma que, praticados, possam dar a felicidade à humani- os governos de todos os países do m u n d o não aceitavam ontem e nem
dade, sem excluir ninguém."
aceitam hoje.
Acompanhando o fundador da Escola Moderna em suas teorias e
Seus objeuvos escolares é preparar os homens para serem úteis à
seus raciocínios, vamos ouvi-lo mais uma vez:

22
2?
conservação das instituições e às convenções que surgirem, "para aceitar cjooário, de Pelloutier, Micheli, Pouget, Pierrot e outros ativistas france-
todas as mentiras sobre as quais assenta a sociedade". ses noa folhetos: A At\ão Sindicalista. Sindicalismo e Socialismo, O
Ferrer pretendia com sua escola preparar homens para "evoluir i n - Que é u Greve Geral, A Confederação Geral do Trabalho, em tradução
cessantemente, capazes de destruir, de renovai continuamente os am- de Emílio Costa, editados pela livraria José Bastos e Cia N u m instante
bientes e a si próprios, homens cuja força será a sua independência inte- atingiram R i o de Janeiro e São Paulo, principalmente, passando a dar
lectual, sempre prontos a aceitar o que é melhor para todos, felizes com u m novo impulso ao movimento operário.
o triunfo das ideias novas, aspirando a viver vidas múltiplas numa só vi- Da Espanha chagara o método de ensino da Escola Moderna, fun-
tr da". Eis as ideias que a sociedade espanhola temia e por isso, além de dada em Barcelona, no ano de 1901, pelo pedagogo libertário Francisco
o fuzilar Ferrer, desterrou a família da Escola Moderna: Maria Foncuber- Ferrer Y Guardia.
SC ta, a menina Alba Ferrer, Soledad Villafranca, Maria Lorenzo, Francisca Receptíveis aos novos métodos de ensino*, os anarquistas e anirco-
ti< Concha, Flora Lorenzo, Mariano Batlliori, Alfredo Mesegues, Cristovan sindicalistas do Brasil respondem presente! Trabalhando à anos na for-
l.itran, José Ferrer, José Villafranca, Anselmo Lorenzo e Damásio V i - mação de escolas operárias, aderem imediatamente aos métodos da Es-
^ cente. cola Moderna.
E para não deixar "vestígios da Escola Moderna " condenou tam- A fundação de escolas operárias no Brasil está ligada á formação
fa bem o professor Luiz Castella Senabra, o artista F i r m i n o Sagrista e o das associaçãoes de classe. A o tempo em que estas começaram a arregi-
at jornalista de Tierra y l.ibertad. Herrero*, o primeiro por citar trechos mentar trabalhadores para doutriná-los, esbarraram com o analfabetis-
tá dos livros de Ferrer, o segundo por ser autor de três litografias consagra- m o dificultando o avanço das ideias revolucionárias. Sua imprensa tinha
p: das à memória de Ferrer e o terceiro por ser seu companheiro de ideias. poucos leitores, a maioria dos operários havia trocado a escola pela fá-
Não foi por acaso que A Voz do Norte 9 publicava em primeira brica e pela oficina aos seis e sete anos de idade, para ajudar seus pais
n í Página: a sustentar a prole.
Ai " A 12 dc Outubro dc 1909. quando todo o Universo comemorava, alcgrc- Por isso, os mais ilustrados, tinham de ler os jornais e prospetos
CC mente, o grande feito da história espanhola com a descoberta da América por Cris- em voz alta, e m grupo, nos locais de trabalho, às horas do "almoço*', ou
is t o v i o Colombo, o governo espanhol, chefiado pelo clero, deu a nota dissonante, nas sedes das associações para que a maioria de analfabetos pudessem
assassinando barbaramente o evolucionista Francisco Ferrer.
ouvir, compreender as ideias, os métodos de luta, memorizá-los, assimi-
Foi, além do clero, o mais responsável, o ministro Antonio Maura que tc-
** e mendo a corrente evolucionista conduzida por Ferrer engendrou um crime a que
lá-los I
lo respondeu Ferrer, sendo condenado ao assassinato." Mas, " m e m o r i z a r " ideias não era tudo que o proletariado instruí-
pí " O dia 12 foi de triste recordação para os evolucionistas que verteram so- do desejava para seus companheiros que não puderam frequentar a esco-
bre o túmulo de Ferrer uma lágrima que será o orvalho a alimentar a sua árvore la. E lança-se então a fundar escolas de alfabetização, de artes e ofícios,
. que jamais será sepultada, c em cuja sombra se formará a nova geração libertária.
de militantes, a proferir palestras n u m esforço digno de registro e de
n >

À vítima do amor à humanidade nossa humilde homenagem."


5 3 Lyta de Taly.
exaltação à obra pioneira. Dos Centros de Estudos e Cultura Social e
CC das Associações de Classe, os idealistas operários expeliam raios de luz
sa rasgando as trevas do analfabeto trabalhador, abrindo novos horizontes
PASSOS R E N O V A D O R E S a pais e filhos, oprimidos duplamente: pela exploração burguesa e pelo
DO ENSINO N O BRASIL analfabetismo!
ct
Os eventos libertários sopravam da Europa na direção do Brasil, No Rio Grande do Sul nasce a Escola União Operária, no ano de
ac
atingindo o seu imenso território. 1895. Seu progresso mereceu admiração de quantos tomaram conheci-
cx
Emigrantes italianos, espanhóis e portugueses introduziram no mento da iniciativa pioneira. Teve uma duração digna, instruindo as ca-
ur
País as lutas de classe impulsionadas pela doutrina anarquista. As as- madas mais humildes, os trabalhadores daquela região.
S(
sociações operárias apoiadas no a u x i l i o mútuo desenvolviam suasativi- Pouco depois, passava por aquele estado do Brasil o geógrafo
Li
dades no campo das reivindicações económicas. anarquista Eliseu Reclus. e sob o impacto de sua visita, em homenagem
A partir de 1908/1909, chega a Portugal o Sindicalismo Revolu- ao sábio libertário, u m grupo de idealistas composto por emigrantes,
MH
dr
24 25
formaram a Escola El seu Reclus. onde acorreram muitos jovens, alguns
Vè bem o povo que os poderes públicos não se preocupam com a
acabando por se integrar nas lutas de emancipação social, como Jesus
questão máxima da sua ascensão para a verdade e para a luz.
Ribas .1 0

Sem os meios que lhe fornece este grupo de homens de boa vonta-
Hm Santos, no ano de 1904, a União dos Operário» Alfaiates, fun-
de, que serão imitados, estou certo, em t o d o o Brasil, sem os elementos
da a Escola Sociedade Internacional e a Federação Operária da mesma
de aperfeiçoamento moral e de libertação intelectual que aqui encontra-
cidade, a Escola Noturna, no ano de 1907.
rá o operário, a emancipação do proletariado não se fará, pois para
Ainda n o ano de 1904, n o R i o de Janeiro, nasce a Universidade
emancipar-se p o i si precisa instruir-se.
Popular*1 inaugurada em 24 de j u l h o . Usou da palavra o Dr. Fábio Luz,
Honra pois os apóstolos abnegados desta cruzada de luz, honra ao
médico, inspetor escolar e militante anarquista no R i o de Janeiro:
intemerato propagandista desta ideia a qual se corporifica já, e cujos be-
"Cidadãos, está aberta a sessão com que se instala definitivamente néficos resultados, em breve tempos, espantarão aos incréus que recebe-
a Universidade Popular. ram com risos de mofa a iniciativa de Elysio de Carvalho.
Que soma de esforços e de energia, que soma de atividade e boa Mais uma larga e luminosa senda está aberta para o futuro de paz
vontade, que soma de tenacidade e perseverança, representa esta soleni- e justiça, de solidariedade e amor. Que todos aqueles que nós negrores
dade, esta primeira estação alcançada, este pioneiro marco fincado, esta das oficinas fuliginosas, nos presídios das fábricas, na galé eterna do tra-
pioneira paragem vencida na longa jornada do bem e da instrução popu- balho exausto e no doloroso labor diário em benefício do explorador;
lar, todos vós conheceis, todos vós compreendeis. que todos aqueles que aspiram pela emancipação moral e pela libertação
A presente sessão inaugural vale por um protesto vibrante, vale económica venham aqui buscar um pouco de luz para desbravar o cami-
por uma afirmação solene, n o momento mesmo em que os poderes pú- nho na conquista da cidade futura, feliz e igualitária''.
blicos, por seus representantes, declaram que é cedo para cuidar-se de Sua sede ficava n o Centro Internacional dos I*intores, à rua da
Universidades Populares. Cedo para cuidar-se da educação do p o v o ! ! ! Constituição n.° 4 7 ' . A Universidade Popular foi uma das mais arroja-
1

Cruel irrisão!!! das iniciativas anarquistas, se considerarmos que foi fundada em 1904.
Raramente se encontram em documentos públicos tais franquezas Seu programa obedecia ao seguinte critério:
tal sinceridade!
A República, em verdade, não f o i aqui a incorporação do proleta- "Tcrça-feira. 26: Inauguração da biblioteca com uma conferência de M.
riado à sociedade moderna; tem sido bem ao contrário a sua exclusão. Curvelo:
Aqueles que declaram lealmente que é cedo para educar a plebe são coe- Quarta-feira: Curso de filosofia, do Dr. Pedro do C o u t o ;
Quinta-feira: Curso de higiene, do Dr. Fábio Luz;
rentes.; defendem-se.
Sexta-feira: Curso de Históna Natural, do Dr. Platão de Albuquerque;
O povo precisa continua o orador - de número maior de tuto- Sábado: Curso de História das Civilizações, do Dr. Rocha Pombo.
res; a população e o proletariado aumentam, portanto deve haver u m es- Curso de Geografia, de Pereira da Silva.
toque maior de doutores e bacharéis, que se perceberão nas universida- Serão iniciados desde logo os cursos práticos de línguas, aritmética, esentu-
des oficiais dos elementos indispensáveis para a tarefa e o papel espinho- raçáb mercantil, desenho, modelagem, arte decorativa, mecânica e conferências so-
so e duro de guias e orientadores privilegiados das multidões ignaras. E, bre temas c assuntos de interesse social. Fsses cursos dependem de matrícula espe-
cial.
demais, que será deles, da plutocracia e dos burocratas, com suas famí-
biblioteca (leitura em domicílio c sobre a mesa», sala de leitura (onde se en-
lias dominantes, se a instrução integral chegar até ao povo? Basta que o contrarão revistas e jornais de todas as partes do m u n d o ) , consultório médico e j u -
proletariado saiba assinar o nome no livro eleitoral; do mais cuidarão rídico, livraria, museu social, etc.
eles...
No dia em que o proletariado souber mais do que isso, o u votará Os membros aderentes pagam a cota de inscrição de 1$000 e a cotizaçâo
mensal de 2 $ 0 0 0 . t s t a módica mensalidade dá direito a todas as vantagens ofere-
conscientemente e aí! dos nulos - ou melhor ainda se recusará a votar.
cidas pela U. P. Não se exige nenhuma formalidade de admissão. Pode-se inscrever
E, portanto, uma grave ameaça ao bem-estar d o tutor esta coisa diariamente na secretaria."
de Universklade Popular, que parece u m começo de emancipação. Elísio de Carvalho deu curso sobre educação social, u m dos quais
E cedo ainda!!! terminou com brilhante conferência do dr. Manual C u r v e l o . O prof. 13

26 :7
Vicente dc Souza também prestou excelente ajuda pronunciando confe-
rências de alto alcance libertário. 4? - t. preciso cuidado na supressão do p o u c, antes de t , c, ç;na dúvida,
mais vale conservá-lo. Escreveremos: cacto, contacto, facto, jacto, pacto, coacto,
E m fins de 1904, o jovem anarquista português residente em S.
corrupto, corrupção, interrupto, apto. ficção, invicto, e t c ; contrato, f r u t o , pro-
Paulo, Neno Vasco (dr. Gregório Nanianzeno Moreira de Queiroz Vas- d u t o , escrito, p r o n t o , assunto, e t c .
concelos), à frente do jornal de maior expressão libertária do Brasil - 5? - No grupo se suprimimos o s: nacer, crecer, (como em castelhano).
O Amigo do Povo - , começava uma campanha pela Ortografia Simplifi- 6? - No emprego dos (z), limitamo-nos a restabelecer a etimologia: Bra-
cada 14 obedecendo a seguinte conceituação: " C o m o empregamos aqui e sil, mesa, empresa, francês, através, quis, pôs, trás, (adv.); vizinho, cozinha, gozo,
traz (verbo) etc. No resto seguimos o uso. Pode aqui servir-nos de guia o castelha-
empregaremos provavelmente noutras publicações nossas uma ortogra-
no, o que para nós tem valor.
fia simplificada, tentaremos resumidamente justificá-la. 7? - Escrevemos: a i , au, e i , eu, o i , pai, lutai, fatais, pau, ceia, ecu, herói.
Disseram-se aqui as vantagens da simplificação ortográfica; facili- Deixemos outros pontos que nos parecem secundários e certos
tação da leitura e da escrita às crianças e estrangeiros, e t c . Mas ortogra- casos especiais.
fia simplificada não significa ortografia sónica; esta seria uma complica- Quanto à acentuação gráfica, acentuaremos as palavras.esdrúxu-
ção. Tendo cada cidade, até cada indivíduo, uma pronúncia especial, las, quando nos seja possível... bem como os vocábulos homógrafos, di-
surgiriam milhares de grafias, obtendo-se o fim oposto ao que nos pro- ferentes na pronúncia (sede e sede; crítica e critica). O conselho de C.
pomos: diminuir o tempo gasto em aprender u m instrumento de saber, de Figueiredo é de difícil execução neste ponto. Demais o excesso de
para o dedicar à aquisição do próprio saber; aperfeiçoar u m meio de co- acentos tem grandes inconvenientes na escrita, c o m p l i c a n d o - a " . 15

municação intelectual. Quando nos lamentamos do número extraordi-


nário de línguas, estas multiplicar-se-iam.
O ANARQUISMO N A ESCOLA
Ora há quem, crendo evitar este escolho, não o consiga completa-
mente, porque não conhece todas as pronúncias. Basta, por exemplo,
que n u m ponto se pronuncie certa letra, para que esta deva ser conser- Confirmando a influência da Escola Moderna de Barcelona no
vada. Dizé-la, sem escrever, seria absurdo; ao passo que nos outros pon- Brasil, O Amigo do PQVO16 . regista:
tos escrevê-la sem a pronunciar é já hábito. Os nossos amigos do Porto, Escola Libertária Germinal.
por exemplo escrevendo Corruto e fato, em vez de corrupto e facto, Trabalhadores! Alquebrados pelo exaustivo trabalho de oficina,
ofendem a pronúncia de várias regiOes. do campo ou da rua; privados de recursos, míseros, famintos no meio
da opulência; mistificados pelo padre, iludidos pelos velhacos, persegui-
Como fazer então? A ver nosso, há u m só meio: recorrer a u m
dos, encarcerados, vítimas pelos malsins a soldo do capital, deveis neces-
dicionaritta que do assunto tenha feito u m estudo especial e concien-
sariamente velar com cuidado pelo desenvolvimento intelectual de vos-
cioso. E o dicionário é tão necessário para quem escreve como para
sos filhos, a fim de impedir a todo o custo que neles se inocule o veneno
quem lê.
da resignação aos sistemáticos vexames, às costumadas infâmias.
Seria preciso u m dicionário popular, barato; mas como há já o de
Trabalhadores, não vos iludais\... O momento histórico que vive-
Candido de Figueiredo, esperemos que alguma empresa, levado por
mos e cheio de felizes acontecimentos... A i ! do deserdado que confia
aquele exemplo e pela voga da ortografia simplificada, ponha u m léxico
ainda na providência de um deus quimérico, na tutela do governo ou na
ao alcance das bolsas magras.
beneficência burguesa!... Tantos males, tantas injustiças desmonstram-
Baseando-nos, pois, na obra citada (incluindo a introdução) fixe-
nos claramente que a previdência não existe, que o governo é um flage-
mos os pontos principais:
lo, a beneficência uma ironia insultante.
1? - Substituímos ph por f, y por i , th por te, ch (k) por e ou qu, confor-
me os casos (anarquia, época, claro, cromo). Trabalhadores, despertai!... Nas escolas subsidiadas, ortodoxas,
2? - Adotamos a regra: "não é erro evitar sistematicamente a duplicação oficiais, esgota-se a potencialidade mental e sentimental dos vossos pe-
de consoantes, quando não sejam r e s". queninos, com a masturbação vergonhosj e constante de mentirosa soli-
3? - Suprimimos o h inicial quando não é etimológico ou certo uso apoia dariedade no trabalho, na expansão e nas calamidades pátrias. Depois,
tal supressão (ontem, armo rua, Espanha, alucinação, erva); nas t meses: sabê-lo-ei,
quando adultos, guiados pelos nefastos ensinamentos burgueses, serão
sabê-lo-ia; se pode substituir por acento: aí, compreender.
colhidos em todas as insídias, irão lacerar as carnes em todos os espi-

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29
c

uhos da luta brutal pelo p i o : escarnecidos e vilipendiados pelos próprios " O que é verificável continuam os fundadores da escola pelo próprio
pastores da desgraça que - com o seu método interessado de inibição aluno, o que é demonstrável, e que é acessível, claro, lógico para a criança, o que
mental - vò-los tornaram toupeiras impotentes. Não procureis a dor de ela pode por si mesma descobrir o u desenvolver - isso será preferível a todas as
ter contribuído para a miséria e abjeção dos vossos filhos; arrancai-os ao divagações metafísicas o u filosóficas, a todas as afirmações impostas pela autorida-
ensino burguês! Animai os promotores o u regentes de escolas racionalis- de pedante, que não podem senão habituar a preguiça intelectual. E por isso a es-
cola não será religiosa, nem anti-rehgiosa, não será p o l i t i c a , não será dogmática,
tas, das quais sejam rigorosamente banidas as superfluidades e traições
mas irá buscar à lição de coisas, à natureza vivida e provada, ao vasto campo das
do ensino o r t o d o x o .
ciências exatas, ao raciocínio espontâneo e fácil, os motivos de agradável estudo
Trabalhadores]... Há 15 meses que funciona - com êxito verda- para as inteligências que desabrocham c da longa e salutar expansão para os orga-
deiramente surpreendente - no bairro de Bom Retiro - Rua Sólon, nismos t e n r o s * *
17

138 - uma escola elementar racionalista, para ambos os sexos. A prati- Em 24 de fevereiro, inaugurava-se a Escola Livre na sede da " L i -
cabilidade e a rapidez dos métodos aplicados nesta escola souberam des ga", à rua Senador Feijó, 39. Falou no ato o operário tipógrafo, Eduar-
pertar tal interesse e tantas simpatias que, hoje, um núcleo sempre cres- do Vassimon, de São Paulo, exaltando a obra exemplar, digna de ser
cente de homens de boa vontade assegura-lhe o material escolástico para imitada pelas entidades operárias de outras cidades do país.
distribuir, gratuitamente, todo o ano, aos alunos, e - com uma quota
mensal de 500 réis, a título de incitamento - permite reduzir o paga-
mento mensal de cada criança a 2 S 5 0 0 réis. A HISTÓRIA DE U M C R I M E
Portanto: ensino rápido e profícuo; livros, cadernos, todo o neces-
"Ô tonsurado pulha, ó último canalha,
sário gratuito; quota mensal por criança 2$500\o excluindo a possi-
cm vez de língua tens na boca uma na valha.
bilidade de, proximamente, reduzir ainda bastante a prestação mensal. Guerra Junqueiro"
Quem duvide da superioridade do ensino libertário sobre qualquer
o u t r o método, é convidado a visitar a nossa escola, das 9 horar ao meio- A Espanha monárquica desencadeava uma onda de prisões e fuzi-
dia e das 13 às 15 horas. lamentos. A bastilha de Montjuich tornara-se palco de ciimes brutais, de
Trabalhadores] Pensai no futuro de vossos f i l h o s ! " vinganças sem conta.
A Escola Libertária Germinal, fundada em setembro de 1903, em A isto o povo produtor, expoliado e faminto reagia com todas as
São Paulo, seguia o método da Escola Moderna de Barcelona, desconta- suas forças.
das as proporções dos recursos intelectuais de que a escola pioneira dis-
Em maio de 1906 - como decorrência do ódio derramado pelas
punha, abrigando à sua volta um punhado de professores e escritores de
Cortes c pelo Clero espanhol o povo na pessoa de seus lutadores mais
primeira grandeza mundial, que lhe prestavam colaboração.
destemidos, atenta contra a vida de Afonso 13.
Aos poucos os anarquistas desbravam o caminho para a implanta-
Foi uma resposta violenta dos debaixo à violência dos de c i m a ! ! !
ção dc Escotas Livres no Brasil. As ideias de Ferrer esvoaçam por sobre
Milhares de trabalhadores e anarquistas são presos. A imprensa clerical
as fronteiras, galgaram oceanos, chegaram a terra firme, germinavam!
espalha boatos sórdidos, denuncia o fundador da Escola Moderna, Fran-
Em Campinas, a Liga Operária funda uma Escola Livre, para os
cisco Ferrer y Guardia, como autor intelectual do atentado, conseguin-
filhos dos trabalhadores.
do a sua prisão, o sequestro dos seus bens e reclama para o pedagogo l i
Seus métodos pedagógicos, decalcados nos princípios da Escola
bertário a pena de morte.
Moderna, pretendem fazer de cada aluno u m ser livre, independente,
O rei, o clero, seus fazedores e executores de leis podiam massa-
capaz de agir e raciocinar sozinho.
crar e fuzilar o povo, mas o povo não tinha o direito de reagir. Por isso,
" A escola - segundo seus fundadores não deve ser um lugar de tortura
física o u moral para as crianças, mas um lugar de prazer e recreio, onde elas se sin- ao ato de revide contra o rei-désnota o governo encarcera e fuzila im-
tam b e m , e o ensino lhes seja oferecido como uma diversão, procurando aprovei- piedosamente todos os que pode apanhar, conhecidos por suas ideias li-
tar a sua natureza irrequieta e alegre, as faculdades c sentimentos, falando mais ao bertárias.
olhar do que ao ouvido, dedicando-se mais à inteligência do que à memória, esfor-
Desde 1901 a Igreja forjava " d o c u m e n t o s " para incriminar Fran-
çando-se por desenvolver harmónica e integralmente os seus órgãos."
cisco Ferrer, silenciar para sempre a sua voz, fechar a sua Escola Moder

30 31
na\ i t e n t a d o de maio de 1906 deu o primeiro pretexto. Mas o mundo
nacionais, a bandeira espanhola defendia a criação de uma estrada de ferro e a ex-
culto levantou u m clamor de protestos contra o governo da Espanha, e
ploração de umas minas em território marroquino, e isto, j u n t o com a considera-
este, pilhado em suas maquinações reacionárias r e c u a . 18
ção de que ricos, padres e frades não vão à guerra, havia ocasionado já diversas
De maio de 1906 a j u n h o de 1907, travou-se uma batalha univer- manifestações antiguerreiras e até antimilitaristas, consistentes cm comícios repu-
sal em torno da Escola Moderna, visando salvá-la e ao seu fundador. blicanos e operários.
Ferrer fora condenado à morte efetivamente, mas o governo transferiu a Tinha havido dois o u trés embarques de tropas para a África, no dia em que
teve lugar o último, antes dos acontecimentos, domingo, 18 de j u l h o , deram-sc no
sua execução para outra oportunidade...
cais cenas desgarradoras: pais, mães, esposas e filhos, despedindo-se provavelmente
O que o governo da Espanha queria sobretudo era atingir a propa- para a eternidade, contrastando com a hipócrita caridade de umas damas aristocrá-
ganda e a educação livre e racionalista, deter o anarquismo! ticas o u burguesas que distribuíam entre os reservistas escapulários, medalhas e
Em j u n h o de 1907 A Terra Livre 19 oferecia-nos a seguinte notí- cigarros.
cia: Ferrer - Nakens: Mães que dispunham de 5.000 pesetas para salvar os seus filhos do quartel e
da guerra insultavam com uma piedade infame as mesmas famílias dos espoliados,
"Os últimos telegramas de imprensa burguesa dizem sobre este
que iam à morte para defender a pátria dos capitalistas.
famoso processo que Ferrer f o i absolvido e posto em liberdade, sendo A bordo do navio houve atos de insubordinação que, sem dúvida, terão
Nakens condenado a nove anos dc prisão." sido reprimidos segundo a disciplina.
Da libertação de Ferrer em j u n h o de 1907 até à Semana Trágica A multidão que presenciou aquelas cenas ficou com o coração oprimido e
de Barcelona, o governo arquitetou planos de extermínio e a Igreja for- como envergonhada de nada ter tentado para impedir aquela iniquidade patrió-
tica.
java as mais vis infâmias.
O sábado e o domingo, 24 e 25 dc j u l h o , passaram sem novidade. Scgunda-
Ninguém se atreveu a negar a importância e a transcendência do felra, 26, amanheceu com ares suspeitos pelas precauções tomadas pelas autori-
movimento realizado na Espanha, c especialmente na região Catalã. dades, que cercaram as fábricas de guardas civis e poUciais. Os trabalhadores entra-
Os fins do movimento - que culminou com a Semana Trágica ram ao serviço á hora ordinária sem a menor dificuldade; em vista disso, após al-
— não podiam ser mais justos, mais grandiosos e mais humanos. O povo gum tempo, guardas civis e policiais retiraram-se e tudo ficou na maior tranqui-
lidade
combatia a guerra, queria evitar que os seus filhos fossem morrer infru-
Mas numa fábrica de San Martin dc Provensals deu-se a voz de " A l t o ! " e o
tiferamente para defender interesses que não eram seus; pretendia evitar
maquDiismo parou logo e os operários lançaram-se à rua c formam grupos, dirigi-
que o governo exercesse a pilhagem, o roubo e o massacre contra os ram-ec a todas as outras fábricas que também pararam, dando margem à formação
marroquinos, invadindo os seus lares e profanando as coisas que lhes de novos grupos que se estenderam por toda a planície dc Barcelona, c em menos
eram sagradas, e mais quando tudo isso era feito contra a vontade do dc duas horas a paralisação foi geral na indústria..."

povo espanhol, que não queria a guerra, porque dela só tinha a esperar "Os trabalhadores catalães sofreram a sugestão da propaganda Catalã
separatista, republicana, socialista e anarquista: mas no movimento não tem apare-
horrores e desgraças, sem que nenhum dos lados fosse beneficiado.
cido nenhuma pessoa conhecida como caudilho, nem se deram vivas c morras ca-
Pelo lado do governo a situação não podia ser mais grave. O seu racterísticos; prova patente e unanimemente reconhecida que nem liberais, nem
prestígio era nulo, precisava ser mantido pelas baionetas e pelos canhóes! catalanistas, nem republicanos, nem anarquistas podem assumir a responsabilida-
O povo não se comovia e negou o seu concurso à guerra, insurgindo-se de nem a glória do movimento, o qual foi puramente popular e caótico, obra do
Senhor Todo-o-Mundo.
contra ela.
Procurando uma causa determinante, não da Greve Geral, mas da ação re-
F o i , portanto u m movimento espontâneo, sem chefes, isto ficou
volucionária nela desenrolada, é possível que não se ache mais do que o efeito des-
provado. Também não restou dúvida de que Ferrer não t o m o u parte no tas frases m i l vezes repetidas em todos os jornais liberais espanhóis: "Barcelona es-
movimento. O próprio governo que o condenou sem provas sabia disso. tá cercada por um colar de conventos que a asfixia", "os conventos, hermetica-
O movimento f o i espontâneo, exclusivamente popular, como nos mente fechados a toda investigação, são as oficinas da mesocracia clerical", "para
demonstra documento de testemunha ocular da época: esses antros vai parar toda a riqueza produzida pelo t r a b a l h o " , e t c , e t c , todos
sabem aqui instruídos como analfabetos, que a religião está negada pela ciência e
"OJ fatos na sua simplicidade são estes: Havia ambiante conUa a guerra: que só serve de armadilha para o serviço dos tonsurados. Com tais elementos na
Sabia-sc que nessa guerra a Espanha, ou melhor, o governo espanhol, ou quem por atmosfera, à menor faísca d e t o r o i n a a explosão. Quem sabe surgiu essa faísca!"
trás dele se oculte, representava a parte injusta; tinham circulado as graves acusa- " O governo espanhol não diz, nem teve tempo dc saber de onde surgiu a
ções, do ex-màiistro Villanueva, demonstrando que. contta as convenções inter- faísca. Para ele os inimigos, os únicos responsáveis por tudo eram os homens que
incitavam o povo à instrução. Esses eram os únicos ensanguentados da cobiça, ví-

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tinia: Ferrer. Mas não havia que perder tempo. A demora podia ser fatal, porque o
Contestando poeticamente a condenação de Ferrer pelo governo
tempo podia dar lugar a que os presos provassem a sua inocência.
Era preciso agir, pensou Maura. E como agir nessa ocasião significava esma- de Affonso 13 — D. A n t o n i o Maura, o operário gráfico e anarquista por-
gar o povo, ele não trepidou. Pelo contrário, tentou tirar partido da situação de- tuguês, residente n o R i o de Janeiro, Constantino Pacheco, escrevia:
sembaraçando-se de inimigos que reputava perigosos e que odiava como sabem
odiar os que têm alma de inquisidores.
A repressão f o i tão rápida e terrível, que não teve exemplos nos tempos Crime:
modernos. Nada f o i respeitado: mulheres, velhos, criança*, tudo f o i arrastado na
avalanche reacionária. Para condenar não eram preciso provas, bastava que o réu à memória de Ferrer.
fosse suspeito de professar ideias avançadas, bastava saber que ele se tomava a l i -
berdade de pensar. Maura excedeu em ferocidade àquele juiz que, quando a revol-
A que é que chamas crime, humanidade vil?
ta popular de 1898 em Milão, referindo-se aos réus contra os quais não havia pro-
O que é que antes de t i de estranho c malfazejo
vas suficientes para condená-los, pronunciou estas palavras terríveis: Condanandoli
A terra concebeu o seu primeito beijo
t u t t i no 11 si sbaglia!"
Com o astro-rei - o Sol - c tanto seja hostil
"Mas o governo precisava justificar as suas perseguições, planejadas c pre-
meditadas detidamente, faltando apenas o pretexto para pô-las cm prática. Então
A o teu mesquinho ser de fora num covil
encarregou os seus órgãos da imprensa reacionária de inventar mentiras e infâmias
Que mal se atreve a olhar os astros no cortejo?!
para atribuí-las aos elementos radicais; apresentou documentos falsos como o que
Que génio mau de inflama o ânimo, o desejo.
fingiram encontrar na casa de Ferrer e propalou que os sediciosos tinham come-
E te submete, arroja ao seu império e ardil?
tido toda a sorte de excessos, assassinando mulheres e crianças, freiras c padres,
e t c . . Nada m a » infame, nada mais monstruoso. Os últimos jornais chegados da
2 0
T u , que inventaste as leis, masmorras e cadeias.
Espanha desmentem tudo isso. Nenhuma criança, nenhuma mulher, nenhuma frei-
Que sabes ser juiz e julgaste ideias...
ra, nenhum padre f o i m o r t o pelos "revoltosos".
Sai ao caminho, assalta, enforca essa avantesma!

Porque essa bruta fera é o teu maior castigo!. . .


Mas aí! se for sofisma c teu, nasceu contigo!
" A l i houve um único cnminoso que assassinou, maltratou homens, mulhe-
E nesse caso então. . . enforca-te a t i m e s m a ! . . .
res e crianças, violou domicílios, não respeitou nada, arrasou tudo cegamente, sem
queref saber se se tratava de criminosos o u de inocentes: f o i o governo de Maura e
de Affonso 1 3 1 "
t i» • , ., •t

"Os Conselhos de Guerra lavraram setenças sem ter base para as acusa-
21

ções, que a maior parte das vezes consistiam em denúncias da própria polícia. Na-
da foi provado; testemunhas que m u i t o podiam ter contribuído para o esclareci- CONTRA A CONDENAÇÃO E O FUZILAMENTO DE FERRER
mento do caso, foram afastadas a 250 quilómetros de Barcelona e, apesar d t tê-lo
podido, não foram chamadas para depor. E assim foram julgados pela justiça (? !) Quando, ao saber a notícia da condenaçio de Ferrer, estalou n o
muitos inocentes, assim foi julgado e condenado Francisco Ferrer ' " "
2 A mundo c u l t o , vibrante, espontâneo, uníssono o portentoso movimento
de protesto contra as vítimas, a surpresa e a raiva dos reacionários che-
gou ao cume da virulência!
A solidariedade manifestou-se inclusive antes da prisão de Ferrer.
Logo que se deram os acontecimentos na Espanha e o governo começou
as perseguições, explode a solidariedade na Europa e na América. A pri-
são e a condenação de Ferrer intensificou esse movimento e deu-lhe
uma dimensão e uma importância nunca presenciada em casos semelhan-
tes.
Não foram só os correligionários de Ferrer os que protestaram;
protestou o m u n d o civilizado!

34 35
Em Pdrisorganizou-se um comité pró-vítimas da Espanha do qual a) - Do Centro Operário Internacional, Beneficente eHumanitá-
fazem parte Anatole France, Séverine, P. Quilard, P. Fribour, A. Cipria- rio:
ni, Sebastian Faure, Maeterlinck. A comissão executiva ficou composta Reunido à noite, do dia 13, em sessão permanente sob a presidência do de-
por A. Naquet, A. Laisant e Charles Albert. putado Monteiro Lopes, após caloroso e violentíssimo debate, aprovou por 50 vo-
tos contra 18 a seguinte moção:
Começou em Paris, ganhou toda a França. Fez-se ouvir nas ruas,
" O Centro Operário Internacional Beneficente e Humanitário recebeu, com
nas praças públicas, nas escolas e academias, no Senado e no Parlamen- a maior repugnância, a notícia do fuzilamento de Francisco Ferrer nos fossos da
to. fortaleza de Montjuich, por ordem do conselho dc guerra militar organizado na
Na Itália houve movimento igualmente grandioso e geral. Até o cidade de Barcelona.
sindicato de Roma publicou manifesto contra o governo da Espanhal Perante Deus protesta contra esse ato atentatório da civilização dos povos e
contrário aos sentimentos dc humanidade."
Iguais protestos explodiram na Inglaterra, Alemanha, Áustria,
Hungria, Holanda e em todo o resto da Europa. Na América, houve b) - Do Centro Republicano Conservador:
grandes manifestações nos Estados Unidos, em Cuba, Chile, Peru, Uru-
Em reunião realizada no dia 15 em sua sede, na rua Uruguaiana, 9 7 , lavrou
guai e Argentina. solene protesto contra o assassinato de Francisco Ferrer, associado-se a todas as
Portugal, também se fez ouvir pela voz dos seus mais ilustres i n - manifestações de solidariedade que condenava o bárbaro crime do governo espa-
nhol.
telectuais e as associações operárias e entidades libertárias manifesta-
ram-amplamente . 2 2
c) - Dos Estudantes:
No Brasil o movimento em defesa de Ferrer esteve ao nível dos Fiel a suas tradições em defesa da justiça e liberdade de pensamento, a j u -
1

demais países. ventude estudantil levantou solene protesto contra os carrascos do fundador da
Começou em Santos e logo se estendeu a todo o Estado de São Escola Moderna e outra coisa não podia esperar da mocidade que sempre generosa
se colocou ao lado das causas justas. Dizia o jornal O Pais cm sua edição de
Paulo.
16-10-1909.
E m Curitiba, Paraná, realizaram-se importantes manifestações,
d ) - Dos Trabalhadores:
com adesão das sociedades espanholas, uma das quais arrancou o retrato
de Affonso 13 da parede e atirou-o à rua. No dia 17, domingo, conforme o apelo da comissão realizou-se o
No R i o Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito meeting de protesto n o salão do Centro dos Sindicatos Operários, como
Santo, Bahia, Maranhão, Ceará e Estado do R i o de Janeiro. era denominado, por ser a sede de muitos deles administrada por uma
comissão composta de u m delegado de cada associação ali instalada. O
local ocupado compunha-se de dois andares, sendo o primeiro pavimen-
Os Comícios: to o principal, enquanto o segundo, equivalente à metade do debaixo,
Numa das sessões presidida por Mariano Garcia a que, depois de em construção puxada para o fundo do prédio; nele estavam as secreta-
se manifestar sobre o atentado verberando os seus executores, terminou rias das sociedades. N o salão existia u m palco onde o Grupo Teatro Li-
lendo os termos de um protesto para ser enviado ao governo espanhol. vre, de amadores, representava, mensalmente, peças do repertório so-
Usaram da palavra os operários João Fontes, Afonso de Oliveira Gui- cial . 2 3

lherme, Manoel Joaquim Torres, Charles Aracaty, Melchior Pereira Car-


N o palco foram colocados duas mesas, uma para a comissão e ou-
doso e Manoel de Almeida, este da comissão de protesto, o qual termi-
tra para os presentantos da imprensa. Ocuparam a primeira: Carlos Dias,
nou a sua oração propondo a boicotagem aos produtos espanhóis en-
linotipista; Ulisses Martins, tipógrafo; João Gonçalves, empregado na
quanto o governo persistisse na repressão. Depois falou João Pereira Ca
Central dos Correios; Manuel de Almeida, marmorista; Luiz Magrazzi,
sálhas que'aderiu ao protesto em nome da Liga Operária do Espírito
tipógrafo; Manuel Moscoso, linotipista. Quinze minutos decorridos da
Santo, o académico Aristóteles da Silva Santos, representando a União
hora marcada, Carlos Dias abriu o comício sob a tempestade de morras
dos Estivadores do Espírito Santo e Manoel Passos. Termiou a sessão
a Maura, a Lacierda, ao Rei e ao clericalismo e de vivas à memória de
aos gritos de morra o governo espanhol e vivas à memória de Ferrer e à
Ferrer. A concorrência, apinhada, estendia-se pela escada até á rua e
revolução social.

37
36
(
uma hora depois, ela estava tomada quase desde a rua da Conceição, sulado da Espanha, e o retrato de Affonso 13, queimado na dissolução
até a da Uruguaiana e adjacências da do Andradas. d o comício.
Carlos Dias começou dizendo:
0 - Adesões e Solidariedade:
"Não foi tardiamente que das camadas operárias do Brasil surgiu o protesto
veemente contfa o execrando crime. Ferrer, propugnadorde ideias avançadas, cujos Centro dos Marmoristas, Sindicato dos Sapateiros, Sindicato dos Ofícios
ensinamentos pouco a pouco deixavam raízes profundas no espirito humano, não Vários, União dos Alfaiates, Sindicato dos Tecelões, Sindicato dos Linotípistas,
m o r T c u na memória dos que o admiram. Sindicato dos Canteiros, União Tipográfica de Resistência, Centro dos Emprega-
A campanha que iniciou contra o clcncalismo e contra o militarismo é dos em Ferro-Vias, Sociedade dos Padeiros, União dos Empregados do Comércio,
tr uma grande e humanitária obra. Centro dos Estudantes, Centro dos Académicos, Centro Republicano Espanhol e
o Pesa uma profunda mágoa sobre lodos nós quando temos a certeza dc que Grémio Republicano Português.
SC este grande homem caiu varado por lulas assavsinas, nos fossos de uma lortaleza Muitas entidades, na impossibilidade de se fazer presentes, aderiram en-
sombria viando cartas e telegramas, entre as quais: Associação Comercial de Barra Mansa,
ti<
Ê mister que todos sc levantem para protestar contra este alentado mons- Grémio Operário e Proteção Mútua de Cachoeira do Itaperairim, Estado do Espí-
ec rito Santo; do Povo de Iguassu, Estado do Rio de Janeiro; da União Operária I n -
truoso.
c/ Vamos evoluindo a passos agigantados. Fieitos do pensamento c do talento ternacional de Porto Alegre c de Campos, Estado do Rio de Janeiro, uma comuni-
erguem as suas ideias à altura que merecem c, quando um deles tomba, víur.ia i a cação assinada por um numeroso grupo de pessoas de todas as classes sociais, dan-
realeza estúpida, é preciso que os pequenos vinguem a sua morte C que o gi ,to d» do conta da realização de uma reunião de protesto contra o governo espanhol.
fa
protesto ecoe em todo o m u n d o . A Espanha não é um país isolado, E preciso
at notar que fatos dessa natureza podem ter origem também aqui no Brasil. g) - No Largode São Francisco e na Sede da Federação Operária:
tá Nos países clericais, onde o militarismo predomina, as altas camadas Realizam-se ainda comícios no dia 20 e 24, domingo com grande
P* sociais tem o p o v o como escravo. A rcação é necessária. afluência de trabalhadores e gente dopovo, todos condenando os carras-
Na Grécia antiga, a velhice c a gravide/ eram respeitadas pela mocidade,
cos de Ferrer e as instituições burguesas que G E R A M em^uas entranhas
mas na época atual velhice como a dc um Maura é preciso ser achincalhada. O
n< os Mauras e os Cievas.
protesto lançado contra a execução de P e n e i teve eco em todos os países do
fli mundo civilizado c chegou até nós, grande e sublime. £ preciso, pois. que também A imprensa e o povo - com raríssimas exceções - condenaram o
cc protestemos!" atentado cometido pelo governo da E s p a n h a . 24

lh Depois discorreu sobre a necessidade da criação de escolas moder-


Pi- nas.
se A COMISSÃO PRÓ ESCOLA MODERNA
A seguir lalou João Gonçalves Mônica: " O meu protesto é vivo e
lo N o calor dos protestos anarquistas contra a condenação e fuzila-
solene, contra o atentado à liberdade humana, como este que todo o
mento de Ferrer na Espanha, nasceu em São Paulo a Comissão Pró-Es-
P< mundo condena."
cola Moderna.
dc " - Viva a memória dc Ferrer!, exclamaram. Toda a imprensa libertária d o Brasil deu o seu apoio aos apelos,
n: " - Viva a memória do fundador da Escola Moderna\" publicando doações e programas de ensino e propaganda.
sa
Assim, em 15 de janeiro de 1910, A Lanterna anunciava "Confe-
a
rências em benefícios da Escola Moderna", no Teatro SanfAnna, com
sa e) - Na Federação Operaria do Rio de Janeiro: entradas de " 1 2 5 0 0 0 as frisas; 10S0O0 os camarotes; 2 J 0 0 0 a plateia;
O comício do dia 17 de outubro começou na sua sede onde foram 1 $ 500 o balcão e 1 $ 0 0 0 a geral".
CL prestar solidariedade pessoas de todas as classes sociais: operários, estu- O Conferencista Convidado foi Oresti Ristori, que discorreu na
ac dantes, jornalistas, advogados, médicos, deputados. Aos poucos foi au- primeira, sobre " A creação miraculosa do m u n d o " e na segunda, da
o mentando as adesões e o comício teve que ser transferido para a praça "Descendência do homem de formas inferiores da vida".
ur pública. Formou-se então um cortejo, percorreu as principais ruas da ci- Por sua vez A Terra Livre 25 divulgava "Grande Festa de Propa-
JM: dade c o m bandeiras e retratos de Ferrer. ganda organizada pelo " G r u p o Pensamento e Acção", em benefício da
la Carregavam também uma caricatura representando as cabeças cor- Escola Moderna, constando de representação teatral no salão Celso Gar-
tadas de Affonso e Maura, esfaceladas pela multidão em frente ao Con- cia, à rua do Carmo, 39.

38 39
vo Morala para angariar ajuda através de festas culturais e outras doa-
Para evitar apreciações erróneas em torno da bela iniciativa de i m -
ções - para a Escola Moderna.
plantar a Escola Moderna n o Brasil, a sua "Comissão Organizadora",
De Ribeirão Preto, José Selles, mandou 3 5 0 cartões-postais para
faz publicar a seguinte circular:
serem vendidos pelo Comité e na capital M. E. Teixeira Martins, Fran-
" C o m o tereis visto pelas publicações feitas nos jornais, será em breve cisco A n t o n i o de Angeli e A l f r e d o Botelho, organizam festival em prol
fundada em São Paulo uma Escola Moderna seguindo o modelo daquela pela qual da mesma escola.
foi condenado ao suplício último o grande apóstolo da liberdade - Francisco
Ferrer. Com idêntico f i m , o Grupo Filodramático, "irá a Jundiay, n o mês
Ora esta importante iniciativa destinada a resolver um dos mais interessan- de março, a f i m de levar à cena os dramas Galileu Galilei e Morte Civil.
tes problemas morais - o da educação baseada sobre o ensino livre da natureza ne- visando angariar fundos para a Escola Moderna.
fasta de prejuízos embrutecedores e dc doutrinas imorais, a opor-se a obra de es- E m B o m Retiro, surge u m subcomité formado por Vicente B o n i ,
cravização e de regresso empreendida pelos padres nos conventos, seminários e nas
Emílio Mattei, Ignacio Derbonio, Giacomo Balbonio, Pedro Raucci, Er-
escolas, e encaminhar, em suma, as novas gerações para os limites máxuno da inte-
lectualidade e do progresso, tem necessidade, para se tornar um fato concreto, do nesto Ferrari e Daniel A n d r i g h e t t i , disposto auxiliar a e s c o l a .
27

apoio HHon.lionai. p r o n t o , eficaz, dos livres pensadores em geral, de todos os que N o R i o de Janeiro, também se " f u n d o u uma associação pró-Esco-
vêem, na realização desta empresa grandiosa, uma maravilhosa conquista do pensa- la Moderna. Os iniciadores resolveram angariar fundos que serão envia-
mento moderno e um poderoso fato de civilização!
dos a São Paulo para as edições de livros e preparação de material de en-
£ pois aos livres pensadores, aos amantes da liberdade e do progresso, e par- sino necessário para as escolas racionalistas. Preparado esse material, se-
ticularmente a vós, que sabemos animado por um ardente zelo de amor por tudo
rá aberta aqui a Escola Moderna c o m maior brevidade p o s s í v e l . 28
quanto é grande, útil e b o m , que nós nos dirigimos, dizendo: Ajudainos nesta
grande iniciativa, superior certamente às nossas forças, pois que sem o vosso indis- A assembleia teve lugar em 27 de janeiro e aprovou e fez distri-
pensável e valioso apoio correria o risco de naufragar. buir a seguinte circular:
Pensai que para a fundação desta Escola Moderna em São Paulo apetrecha-
" A Associação pró-Escola Moderna do Rio de Janeiro compor-se-á dc nú-
dos com todo o material escolar para fornecer às numerosas filiais que se estabele-
mero ilimitado de sócios, dc ambos os sexos, que pagarão a cota m i h i m . de
cerão nas localidades do interior, são necessários mais de 70 Contos. Pensai nas
1 $ 0 0 0 mensais, podendo assinar cota maior os que assim o desejarem para o que
numerosas e grandes dificuldades que teremos dc vencer, nos sacrifícios imensos
bastará uma simples declaração. Organizará conferências, espetáculos, rifas, e t c ,
que a Comissão deverá enfrentar para o bom êxito da empresa, considerai depois
para angariar fundos. A Associação distribuirá listas de donativos voluntários, fi-
quão precioso e bem acolhido pode ser o vosso auxílio e do dos vossos amigos.
cando aberta desde já uma pormanc temente a cargo da Comissão.
Confiamos, portanto, cm que também nessas localidades se constitua p o r
A Associação aceitará sócios contribuintes do Distrito Federal, no Estado
iniciativa vossa ou dc outros, a quem igualmente enviamos cópia da presente circu-
do Rio e nas localidades de outros Estados onde não existam comissões.
lar, uma subcomissão que se encarregue dc recolher imediatamente, dinheiro por
As pessoas que desejarem aderir à Associação pró-Escola Modema encham
m cw de festas, quermesses, subscrições, e t c , ou como julgares mais conveniente,
o cartão formulário adjunto e devolvam-no.
tendo a bondade de comunicar à comissão de São Paulo as iniciativas que tomar-
des em prol da Escola Moderna Ao pedido de adesão deve acompanhar a primeira cota.
As pessoas que desejarem colaborar mais eficazmente na nossa obra podem
organizar listas de sócios e enviá-las à comissão com as indicações de nome e resi-
Saúde c fraternidade dência escritas com clareza.
A Comissão: A Comissão: Manuel Quesada, tesoureiro (industrial): Manuel Moscoso, se-
cretário (operário); Dr. Caio Monteiro de Barros (advogado); Donato Batelli ( i n -
Leão Aymoré (guarda-livros), secretário; Dante Ramenzoni ( i n - dustrial); Dr. Cesar de Magalhães (médico); Salvador Alacid (industrial); Myer Fel-
dustrial), tesoureiro; José Sanz D u r o (negociante); Pedro Lopes (indus- dman, Demétrio Minhaca, Adolfo Garcia Varela, Luiz Magrassi (operários).
trial); Tobias B o n i (artífice); Luiz Damiani, Edgard Leuenroth, Eduardo Toda a correspondência deve ser endereçada à rua do Senado, 63, quer d i r i -
Vassimon, Neno Vasco e Oresti Ristori ( j o r n a l i s t a s ) .
26 gida ao tesoureiro ou ao «cretario. respectivamente. Manuel Quesada e Manuel
Os primeiros frutos das seiscentas e tantas listas distribuídas pelo Moscoso

Comité pró-Escola Moderna e de duas conferências feitas por Oresti Ris- Em sua coleta de ajuda, o Comité pró-Escola Moderna recebe i m -
t o r i , "renderam a quantia de 1 . 4 1 3 5 0 0 0 . " pressionante apoio. Chegam listas de Jundiaí, Piraju, Sorocaba, Taquari-
Simultaneamente, organiza-se u m subcomité em Cândido Rodri- tinga, T o r r i n h a , Santos, Jardinópolis, Batatais, Franca, S. José do Rio
gues, composto de Gregório Negri, Rizzieri Polleti, Saul Borghi e Gusta- Pardo, Macóca, Casa Branca, totalizando arrecadação de 1.4315 0 0 0 3 0 .

40
Em abril, o Grupo Filodramático Libertário leva à cena Per il Có- indivíduos inescrupulosos se continuem aproveitar da boa fé dos contri-
dice, drama em 2 atos, de A. Noveli; //Maestro, em 1 ato, de Rouselle, buintes, extorquindo-lhes dinheiro em nome da Escola M o d e r n a . 37

e Vispa Thereza. em 1 ato, em versos, de P. Chiesa, no Salão Turners-


Na cruzada pela fundação da Escola Moderna, os libertários auxi-
chaft von 1890, rua Bom Retiro, 5 2 . em benefício da Escola Moder-
liados por elementos livres pensadores realizaram uma campanha gran-
na '.
diosa, e o seu Comité Coordenador não poupou esforços em defesa da
3

E as listas continuavam de Niterói, com 4 5 5 5 0 0 ; de S. Paulo, seriedade do empreendimento.


2 1 5 0 0 0 ; de Dourado, 4 0 5 0 0 0 ; Sorocaba, com 4 7 5 6 0 0 . A o fechar o
Para tanto distribuía periodicamente circulares, chamando aten-
mês de abril, a imprensa libertária registrava espetáculos pró-Escola Mo-
ção dos interessados, como esta:
derna no Teatro Sant'Anna, com as peças "Primo Maggio" e " D a l l om-
bra al S o l e " e no Salão Celso Garcia. Este último, iniciativa da Socieda- " C o m o i n t u i t o de ativar o mais possivel a implantação da Escola Moderna
de Feminina de Educação Moderna* , de São Paulo.
2 em São Paulo, vimos solicitar de V. S. com a maior urgência que for possível, a
devolução das listas a seu cargo juntamente com os donativos que puderem ter si-
Continuando sua atividade esclarecedora, a Comissão da Associa-
do angariados.
ção pró-Escola Moderna, do Rio de Janeiro, anuncia em 1? de M a i o o 3 3
Ê intento do Comité tratar, nos princípios do ano vindouro, da instalação
início de série de conferências, sendo a primeira proferida pelo Dr. Mau- da Cata Editora anexa à Escola e que vai, necessariamente, precedê-la para o pre-
rício de Medeiros; depois seguir-se-á a do Dr. Caio Monteiro de Barros; paro das edições de livros escolares segundo o programa da Escola Moderna.
Medeiros e Albuquerque, Dr. Dias de Barros, Gonzaga Duque e Áurea Portanto, é preciso reunir os donativos com toda a brevidade, para o que
esperamos o apoio de V . S. que, certamente, conhece e aprecia o programa de en-
Correia.
sino racionalista, calcado nos métodos pedagógicos mais modernos e deseja contri-
Os temas são pela ordem dos conferencistas: " O ensino Raciona- buir para uma tão útil e grandiosa instituição.
lista"; " A Escola Moderna e o sentimento de justiça"; "Ciência e Reli- O patrimônio da " E s c o l a " já se eleva a 12.0005000, mais ou menos, o que
gião"; " A Escola Moderna e a M o r a l " ; " O ensino Racionalista e a socie- se poderá ver pelo balancente que estamos organizando para publicar e é preciso,
dade F u t u r a " ; e " O Ensino Racionalista e a M u l h e r " O objetivo era para fechar o ano com brilhantismo, que se eleve a 20.0005 000, passo animador
para alcançarmos os 80.000 5 000 necessários para prosseguir na Fundação da "Es-
desbravar o terreno e angariar fundos para implantar com solidez a Esco-
cola".
la Moderna de São Paulo e; por extensão, no Brasil. Gratos, som os'de V . S.

O Comité da Escola M o d e r n a "


Retornando a São Paulo, vamos encontrar listas dc Jaú, rendendo 2 4 5 0 0 0 ;
3 8

Taquaritinga, apurando 4 0 1 0 0 0 ; Sorocaba. 2 2 5 5 0 0 ; Botucatu, 1 3 0 5 0 0 0 ; S. Pau-


lo, 195000; São Bernardo, 126 5 000 c os resultados das festas de 1? de Maio em
S. Bernardo e do Bom Retiro, respectivamente 2 7 5 0 0 0 e 3 1 0 5 0 0 0 * .3<
COMEMORAÇÕES 1910-1913
Perseguindo as listas dc doações, vamos encontrar os industriais da Tipogra- Tocados pela propaganda e m t o r n o do nome de Ferrer e da Esco-
fia Fiorentina, de Capaci, Susini e C i a , doando a metade de 15500 na venda dc la Moderna, libertários de Santos fundam a Liga do Livre Pensamento.
cada exemplar do romance "Angelo Longaretti c i l delitto sociale" por eles edita- A inauguração f o i no Coliseu Santis ta, tendo usado da palavra, Luiz La
do, em favor da Escola Moderna. Novas doações aparecem no mesmo j o r n a l : 3 5

Scala, Saturnino Barbosa, Eládio An tu nhãs, Luiz Caiaffa e A n t o n i o


Lista a cargo de Francisco Ferrari, 6 5 5 0 0 0 ; de Barrinha Taquaritinga, 66 5 0 0 0 ;
lista da Liga Operária de Campinas, 7 5 5 0 0 : de Santos, 2 4 5 0 0 0 ; d o Rio de Janei- Luiz P e r e i r a .
39

ro. 1 0 5 0 0 0 ; dc Ribeirão Preto, 1 8 6 5 5 0 0 ; S. Paulo. 15 5 0 0 0 ; de Espírito Santo E m São Paulo, o Circulo de Estudos Sociais Francisco Ferrer, rea-
Pinhal, 1 7 5 8 0 0 ; dc São Paulo, Santos c Guarujá, incluindo venda de postais, liza em 31 de janeiro de 1911 - uma importante reunião objetivando
2 3 2 5 0 0 0 ; Ribeirão Pires, 1 0 5 0 0 0 ; Botucatu, 3 3 5 9 0 0 e o resultado líquido do
dinamizar a companha em benefício da Escola M o d e r n a . . 40
Grande festival de Mayrink, realizado em 21 de abril, 815 5 3 0 0 .
Na mesma data, e m Vargem Grande, teve lugar uma reunião de
solidariedade, cujos participantes firmaram a seguinte decisão:
A Lanterna* continuava a publicar doações no valor de 4185 200
6

enquanto o secretário do "comité pró-Escola Moderna", LeãoAymoré "Reunidos em casa do Sr. Gabriel d'AvrJa Ribeiro, aos 31 de outubro de
e o tesouro José Sanz D u r o , avisavam que a correspondência e valores 1910, achando que já é tempo de reagirmes c m nosso país contra o jogo dos abu-
só deviam ser enviados à caixa postal. 8 5 7 , São Paulo, para evitar que tres da sotaina, resolvemos auxiliar com uma mensalidade, de acordo com as nos-
sas possibilidades, a f i m de beneficiar a Escola Moderna de S. Paulo.

43
ter honesto de Francisco Ferrer sentiu-se revelado ante as mentiras que
o cercavam".
Iniciativas desta ordem sucediam-se em todo o Brasil, no sentido " F u n d a r escolas, esclarecer o povo, dissipar-lhe o denso véu das
dc dar apoio, prestar solidariedade aos promotores da Escola Moderna e mentiras religiosas que o embrutece, embotando-lhe os sentimentos
manter viva a memória de seu fundador, promovendo conferências, pa- humanos, eis o terror dos tiranos de todos os tempos."
lestras, levando à cena espetáculos teatrais, publicando números espe- Quem assinava estas palavras era Polidoro Santos, que concluía:
ciais de jornais libertários e folhetos c m homenagem a Ferrer. "Os tiranos matam os homens que pensam; não matam, porém, as ideias
que de seus cérebros brotam.
No dia 13 de o u t u b r o de 1910, primeiro aniversário de fuzilamen-
Ferrer morreu; a sua ideia f i c o u ! "
to do fundador da "Escola Moderna" explodiram manifestações em vá-
Robustecendo sua imprensa os anarquistas comemoraram o se-
rios pontos do país. Na véspera do segundo aniversário, A Lanterna , 42
gundo aniversário da morte de Ferrer em 13 de outubro de 1911. No
falava de reuniões preparatórias na rua Martin Burchard, no Braz, sede
Rio de Janeiro, o comício mais significativo f o i na sede da Liga Anticle-
do Círculo de Estudos Sociais Francisco Ferrer, de São Paulo; em Cam-
rical, falando A. Lacerda, A n t o n i o Domingues, Ulisses Martins, Dr. M i l -
pinas, na sede da "Liga Operária" à rua General Francisco Glycerio;em
l o t , Máximo Soares, Dr. Passos Cunha, Caralampio Trillas, José Rodri-
Santos, na sede d o Circulo de Estudos Sociais; no Rio de Janeiro, na se- gues, Cândido Costa, Eustáquio da Silva, Luiz Felipe de Assunção e ou-
de da Liga A n t i c l e r i c a l , à rua General Câmara, 335, os grupos anarquis- tros. E m São Paulo usaram da palavra Edgard Leuenroth, Lucas Másculo,
tas e o proletariado em geral, assentavam u m programa comemorativo.
J. Mitchel, Leão Aymoré, A. Scala e Maffei. O comício foi precedido de
uma passeata pelo centro da cidade entuando constantemente e Interna-
A Lm terna 4 3 aparecia ilustrada em cor, c o m o i t o páginas, exal-
cional e o Hino dos Trabalhadores.
tando a obra de Ferrer em vários países. E m sua primeira página estam-
No Braz, o "Centro de Estudos Sociais Francisco Ferrer", com a
pava-se significativa alegoria e u m poema à sua memória.
banda de música a frente depois de falar no largo da Concórdia, ruma-
ram para o Largo de S. Francisco.
EdUCU para a vida a mocidade.
A Liga Operária de Campinas promoveu conferência alusiva a da-
Para uma vida forte e sem mentiras?
Horror! Isto é anarquia, isto conspira ta, proferida por Waldomiro Padilha.
Contra o Céu, mais o Trono, mais o abade! A Loja União Espanhola também comemorou o 13 de outubro
exaltando a figura de F e r r e r .
47

' Morte ao infiel, ao que à loucura aspira! E m Castelhano, chegava ao Brasil, vindo da Argentina, um mani-
A terra é m u i t o nossa propriedade,
festo dirigido A los ledores, subscriptores y corresponsales de la revista
Não deixemos morrer a autoridade.
Como se esvai o fumo duma pira! Fnmdsco Ferrer y à los donantes de la subscripciôn prôEscuela Moder-
na.
Morte ao i n f i e l ! - t a terra horrorizada
Viu a ressurreição dc Torqucmada O manifesto esclarecia declarações de Samuel Torner sobre a "Es-
Dum mar de sangue, horrível e iracundo! cuela Moderna n.° 1 de Buenos A i r e s " e levava assinatura de uma "Co-
missión composta de Hector Mattei, Miguel Cabrera, A d r i a n Meunier,
Num renascer da inquisitória sanha.
Baldomero Herrero", e tinha a data de abril de 1912.
Viu F e m i sucumbir dentro da l.spanha.
- Para viver no coração do mundo : Neste mesmo ano, São Paulo é sacudido pelas manifestações em
homenagem a Ferrer. Como nos anos anteriores, o Largo dé S. Francis-
co é o grande palco dos comícios.
No Rio de Janeiro, A Guerra Social ilustrava sua primeira pági-
45,
Quem deu a partida foi o Circulo de Estudos Sociais Conquista
na, com " A s C i n c o vítimas da burguesia espanhola, fuziladas em
4 6
do Porvir. E m Sorocaba, a União OpenLia também comemorou e pro-
Montjuich n o ano de 1909, lembrando que o "espírito lúcido e o cará-
testor contra o fuzilamento de Ferrer no 39 aniversário. Santos tam-

44
45
bém se manifesta no 29 número de Revolta e na sede da Federação Para vergonha da época e vergonha da humanidade o tribunal de Santa I n -
Operaria. quisição f o i , sob novos aspectos, restabelecidos na Espanha; tribunal absoluto que
não precisa dc requisitos para decepar cabeças de pensadores, e em vez de procu-
Do Rio de Janeiro, o jornalista e anarquista Domingos Ribeiro F i - rar as culpabilidades jurídicas, manda executar os que não pactuam com o seu sis-
tema de desvastaçâo e embrutecimento.
lho envia u m vibrante artigo para/1 Lanterna de 12 de o u t u b r o de 1912
Ferrer e os seus companheiros formaram parte da grei de pensadores que
em homenagem ao mártir de Montjuich.
na Espanha tomou a sério a tarefa de educação do povo, empregando os métodos
As comemorações foram promovidas pela Liga Anticlerical e Fe- próprios para a formação de mentalidades esclarecidas, de cérebros pensantes, rea-
deração Operária e tiveram lugar no Teatro Carlos Gomes. lizando incalculáveis progressos de ordem intelectual e moral.
Carlos A Lacerda, 1? secretário da Liga, abre a sessão lendo tele- Em pouco tempo a sua iniciativa tornou-se uma aspiração dos povos e pas-
sou a ser um fator importante de remodelação da cultura de toda a humanidade.
gram.
As massas populares compostas de individualidades inteligentes, de espírito
E m seguida sobem ao palco: A n t o n i o Moreira, pela Federação independente, racional e analítico, individualidades que conhecem o valor da sua
Operária; Cecílio Vilar, pela Guerra Social; Demétrio Miííana, pela Lan- personalidade, não se prestam para a formação de rebanhos de mansos cordeiri-
terna; Cândido Costa, pelo Sindicato dos Carpinteiros; Associação d o nhos que se deixem guiar pelas ordens de um pastor. A educação ministrada pela
Escola Moderna vinha romper o talismã da negra cúria aristocrática e das classes
Ensino Racionalista, representada por Caralampio Trillas; Associação
dirigentes.
Operária Independente, por Constantino Machado; Cruz e Silva, pela
Num país onde o povo tem uma instrução e educação elevada, os parasitas
Época; A l f r e d o Figueira, pelo Centro dos Marmoristas; Liga Patriótica
são corpos estranhos, destinados a desaparecer.
Engeitados da República, pelo prof. Vicente de Avelar; Pedro, Matera, Ferrer representava a figura mais em destaque na luta pelo levantamento
pela Escola 1? Maio; Santos Barboza, pela União Geral dos Pintores: intelectual e moral das classes populares, em face do reinado das castas privilegia-
M. Corrêa da Silva, pelos Vendedores Ambulantes; João Herrera, pela das e inúteis, que arrojaram o país na mais abjeta das decadências. O seu ideal es-
tava operando da raça, um raça vigorosa que sabia tirar energias dos seus próprios
Fraternidade e Progresso; Ulisses Martins, pela Federação das Artes Grá-
padecimentos c se encaminhava à conquista do direito à plenitude da vida.
ficas.
A infância, principalmente', era alvo de uma atenção especial, porque cons-
O primeiro orador f o i José Oiticica, seguido de Leal Júnior, A n t o - tituía a força nascente que mais confiança inspirava para a formação da humanida-
n i o Moreira, Cândido Costa, Demétrio Miflana, Caralampio Trillas, A l - de i v r e e feliz, tal como a sonhara o pensamento moderno.
fredo Moreira, prof. Vicente de Avelar, Pedro Matera, Santos Barboza, Eis o crime de Ferrer; eis por que foi fuzilado no sinistro castelo de Mont-
juich pelos mercenários da monarquia clerical.
M. Corrêa da Silva, João Herrera e Cecílio Vilar.
Não nos esquecemos de que, para justificar o assassinato de Ferrer, a mo-
Ulisses Martins fala sobre o papel da mulher na sociedade e na narquia espanhola não teve pejo de mandar fuzilar outros quatro inocentes, a pre-
educação . 40 texto dc haverem tomado parte nos acontecimentos de j u l h o de 1909.
Manifestações de protesto contra a burguesia e o clero espanhol Ramon Clemente Garcia, José Miguel Baro, Eugénio dei Hoyo e A n t o n i o
explodiam em todo o Brasil. Malet, homens do povo, que inconscientes de tudo quanto ao seu redor se paasava,
foram também vítimas expiatórias das necessidades da reaçáo, eleitas para esse
Vamos ouvir as convocações através dos manifestos:
fim, por serem gente anónima que não inspirava responsabilidades aos seus algo-
PROTESTO C O N T R A O A S S I N A T O D E zes.
FRANCISCO FERRER Estes crimes inqualificáveis não pode ficar impunes: eles devem ser fatos su-
ficientes para impelir os homens amantes da justiça a lutar com ardor crescente e
Cira,ide Sessão popular no dia 13, as 19 horas, no Salão Celso Garcia
com entusiasmo contra a horda cínica, cruel e malvada que pretende dominar o
A todos os homens de pensamento livre,
mundo pela mentira, pela mordaça e pelo assassinato.
A todos os oprimidos e a todas vítimas!
A contenda está travada: do seu lado estão a ignorância, o sofisma, o fana-
À medida que a civilização avança cada vez mais, os homens se compene- tismo e a inquisição; do nosso estão a ciência, a razão, a luz e a liberdade.
tram do valor dos grandes feitos, da grandiosa obra de cultura, de justiça e de Lutemos, pois, multiplicando as escolas modernas e difundindo por todos
regeneração, empreendida pelos heróis da liberdade, e com maior intensidade os meios o ensino racional e científico, certos de que o b o m sentido não tardará
vibram em todos os corações generosos sentimentos de revolta contra as iniqui- em impor-se e emencipar o género humano.
dades, contra o sacrifício de preciosas vidas, fria e calculadamente imoladas no ahar A morte de Ferrer equivale à vitória da sua obra.
dos irritantes privilégios, da ignorância, da mentira e do fanatismo, que há tantos Para protestar com mais veemência do que nunca contra o assassinato dc
séculos vem aniquilando a vitalidade e a alegria de todas as gerações. Francisco Ferrer e os seus companheiros de martírio;para realizar um imponente

46 47
alo de oposição às hostes sanguinárias c cscravi/adoras, como lambem para tomar lestras, controvérsias nos círculos de estudos, nos grupos de teatro social,
resoluções importantes que deixam constatação perene da indignação e da vindita
nas escolas de alfabetização e de artes e ofícios, com o estímulo perma-
popular, convidamos a todas as classes laboriosas, a todos os homens livres, a to-
dos os que se sentem feridos nos seus sentimentos dc humanidade, a comparecer
nente ao estudo e a superação do obscurantismo.
à grande sessão popular que terá lugar na noite dc 13 do corrente, às 19 horas, no A publicação de jornais, folhetos, volantes, circulares, livros e pe-
Salão Celso Garcia, rua do Carmo, 36, na qual, o Sr. Pinto Quartim que virá do ças de teatro, abriu campo ao aprendizado e a revelação de jornalistas,
Rio, especialmente para estefim - talará sobre a data que se comemora. Também
poetas, escritores, artistas amadores, sociólogos e teatrólogos proletários.
farão uso da palavra o secretário do Comité Pró-Escola Moderna e os professores
das duas escolas racionalistas existentes nesta cidade.
Autodtdatas ilustres deixaram marcas inapagáveis na imprensa social do
Cidadãos: c preciso que ninguém falte a este repto dc dignidade.
Brasil, em centenas de jornais, diários, semanários, quinzenários, mensá-
rios e periódicos.
ENTRADA LIVRE Obra meritória a dos anarquistas e sindicalistas revolucionários ou
S. Paulo, 8 de outubro de 1913 O Comité pró-Escola Moderna. anarco-sindicalistas, aprendida e ensinada na universidade da vida, onde
cada um era aluno e professor, jornaleiro e jornalista, carregador de pa-
cotes e contribuinte para que sua obra se torne uma realidade.
Reivindicando melhorias económicas, sociais e humanas ou estu-
A ESCOLA M O D E R N A EM SÃO P A U L O
dando o humanismo libertário com afinco e devoção; divulgando-o en-
" t u detesto qualquer derramento de tre amigos ou pregando-o em praça pública, nos comícios; escrevendo
sangue, trabalho para a regeneração da nos seus jornais o u ajudando a fazê-los, pôde receber e dar instrução e
Humanidade c desejo o bem pelo Bem. cultura sem nada exigir para além d o direito de poder ser anarquista.
49
Francisco Ferrer Convictos de que a Anarquia só seria possível no dia em que o ho-
A divulgação das ideias pedagógicas de Francisco Ferrer, sua me- mem fosse capaz de raciocinar pela sua cabeça, de andar sozinho, sem
tódica e fácil aplicação uniu-se aos anseios de instrução e cultura do pro- muletas políticas, de se autogovernar, de gerir o seu próprio trabalho
letariado d o Brasil. A iniciativa foi dos anarquistas, em geral, elementos sem chefes nem autoridades, e de que essa capacidade só podia ser de-
mais preparados, dentro dos sindicatos e dos Centros de Cultura Social. senvolvida a partir do ensino racionalista e de uma educação libertária,
0 trabalhador consciente, aquele mesmo que agitava, protestava, abraça e defende os métodos pedagógicos de Ferrer.
promovia greves, pregava a transformação social, preocupava-se também As escolas operárias já eram uma realidade quando chegou a n o t i -
com alfabeUzar, instruir e cultivar seus filhos, companheiros de ofício, cia da condenação à morte do fundador da Escola Moderna em Barcelo-
de infortúnio, substituindo o arcaísmo escolar-clerical e burguês, pela na. N o entanto, pode dizer-se que este crime clerical imprimiu maior
pedagogia racionalista de Ferrer. velocidade à fundação de escolas.
À margem das leis do Estado, contando apenas com a solidarieda-
de e ajuda financeira dos companheiros de trabalho e de ideias, o assala- O Comité Prò-Escola Moderna, nascido numa grande assembleia
riado anónimo, de mãos calosas e gestos rudes, perseguido, muitas vezes realizada e m 17 de novembro de 1909, e m São Paulo, e o trabalho por
renegado pela sociedade burguesa, deu-nos exemplos de grandezas ím- ele desenvolvido confirmam a força do impacto!
par, fundando escolas nos bairros ou nos locais de reuniões. Seu programa inicial resumia-se nos seguintes itens:
No Brasil - a história ainda há-de registrar isso para ser verdadei- 1? - Instalação de uma casa editora de livros escolares c obras destinadas
ra - o elemento libertário propagou mais instrução e cultura no seio da ao ensino e à educação racionalista e que, conforme os casos, serão cedidos gra-
classe operária, até 1920, do que as escolas oficiais com seus professores tuitamente o u vendidos a preços reduzidos;
teleguiados pela demagogia dominante, e pelas verbas cobradas ao povo 2? - Aquisição de um prédio para implantar na cidade de São Paulo o
em forma de impostos. "núcleo modelo da Escola Moderna";
Seu trabalho começava nas escolas de militantes, de oradores fun- 3? - Procurar professores idóneos para dirigir a Escola;
dadas nos sindicatos; nas seções de leituras comentadas nos locais de 4? _ Auxiliar aquelas que no interior do Estado poderão surgir, baseadas
trabalho, à hora do almoço, nos debates ideológicos, em conferências e pa- sobre as normas do ensino racionalista, normas que passamos a estabelecer."

48 49
D e n t r o d o modelo libertário a primeira Escola Moderna, nasceu aluno, constarão dc leitura, caligrafia, gramática, aritmética, geografia, geome-
tria, botânica, zoologia, mineralogia, física, química, fisiologia, história, dese-
na Av. Celso Garcia, 2 6 2 s o

nho, etc. .
Seguiram-se-lhe:
Para maior progresso 0 facilidade do ensino, os meninos exercitar-sc-ãb
Escola Moderna n? I nas diversas matérias com o auxílio do museu e da biblioteca que esta Escola
Para meninos e meninas à rua Saldanha Marinho, 58 - S. Paulo está adquirindo, e.que servirá dc complemento ao ensino das aulas.
(Belenzinho). Na tarefa de educação tratar-sc-á dc estabelecer relaçócs permanentes en-
tre a família c a escola, para facilitar a obra dos pais e dos professores.
I n s t i t u t o de educação e instrução segundo o método racionalista Os meios para criar estas relações serão as reuniões em pequenos festivais,
mantido pela associação 51 Escola Moderna de S. Paulo. nos quais se recitará, se cantará c se realizarão exposições periódicas dos trabalhos
dos alunos; entre os alunos e os professores haverá palestras a propósito de várias
As suas aulas tanto diurnas como noturnas já estão funcionando com regu-
matérias, onde os pais conhecerão os progressos alcançados pelos alunos.
lar frequência dc alunos e a inscrição para a matricula se acha aberta, mediante a
Para complemento do nosso programa de ensino organizar-se-ão sessões
contribuição mensal de 4 $000 para aulas diurnas e 4 $000 para notumas.
artísticas e conferências científicas.
O fornecimento de livros e materiais c feito gratuitamente aos alunos da es-
Horário:das 13 às 16 horas.
cola a fim de facilitar aos operários a educação c instrução de seus filhos segundo
A inscrição de alunos acha-sc aberta das 10 às 12 horas de manhã e das 16
o método racionalista.
às 18 horas. ^ «g
Horário das aulas:
A Diretoria , O J

De dia: das 8 ao meio-dia para seção masculina c das 12.30 às 16,30 para a
seção feminina. Nos números seguintes, A I/interna, anunciava Grande Festa Es-
De noite: das 19 às 21 horas. colar e Quermesse composta de 11 itens em benefício da Escola Moder-
O programa com que foram iniciados seus trabalhos consta de português,
na n (} l e a 6 de dezembro, "festival artístico literário promovido pela
aritmética, geografia, história do Brasil c princípios dc ciências naturais.
O seu programa, todavia, como está determinado, será ampliado de acor- Escola Moderna n? 2, composta por 10 itens.
do com as necessidades futuras c com a aceitação que o ensino racionalista for Logo n o início de 1914 a imprensa libertária publica:
tendo por parte dos homens livres da capital e do interior do Estado. b) BALANCETE DA SOCIEDADE ESCOLA MODERNA

O Diretor
Até 31 de dezembro de 1913

Prof. João P e n t e a d o " 52


c) RECEITA
Por donativos já publicados 13:8351450
Escola Moderna n? 2 Por juros do Banco Française et Italicnnc até
20 dc outubro de 1912 1 0 6 1 $200
Ensino Racionalista - Rua Muller, 74, criada sob os auspícios d o
Dc Edgard Leucnroth por donativos que lhe foram
Comité Pró-Escola Moderna. entregues por diversos 28$O00
Esta Escola servir-se-á do método indutivo demonstrativo e objeti- De José Sans Duro pelo produto de alegorias que
vo, e basear-se-á na experimentação, nas afirmações científicas e racio- vendeu e ofertou à Escola Moderna 150$000
cinadas, para que os alunos tenham uma ideia clara d o que se lhes queT De Luciando Campagnoli por juros de hipoteca vencido
em 27 dc agosto, p.p. . . .* 100$000
ensinar.
Idem vencidos em 27 de setembro, p.p 100$000
Educação Artística, Intelectual e Moral. Idem vencidos em 27 de o u t r u b r o , p.p 100$000
Conhecimento de tudo quanto nos rodeia. Idem vencidos em 27 de novembro, p.p 100$000
Conhecimento das ciências e das artes. Idem vencidos em 27 deste mês (dezembro) 100$000
Sentimento d o belo, d o verdadeiro e d o real. De José Romero, resto da conferência dc Belém Sarraga,
Desenvolvimento e Compreensão sem esforço e por iniciativa pró- cm Santa Rita de Passa Quatro 5$000
Dc Caetano Macias por donativo 1 $000
pria.
Pelo produto da lista n? 33, de Antonio Calábria 3$000
Idem n ? 88, de Da Col Angelo 3 $000
a) Matérias:
Idem n ? 2. de Francisco Sipetz 9$000
As matérias a serem iniciadas, segundo o alcance das faculdades de cada Idem n? 6 1 , de José Sans Duro 30$ 000

50 51
Estampilhas para a carta d c tiança do aluguel da casa
Idem de diversos portadores de listas na reunião de
da rua Muller 2$200
28 de novembro, p.p., na rua Riachuelo 44$000
Caução de luz na Cia. do C.az 30$000
Idem, idem na reunião de 4 de dezembro, p.p. no mesmo
Contas de gaz de agosto e setembro 8$000
local 32 $ 0 0 0
Crcularese manifestos 38$000
Idem por juros do Banco Fspaflõl dei Rio dc la Plata, desde
Anúncios de 1 cómodo 2$000
21 de outubro de 1913 até esta data 196 $ 0 0 0
Pelo produto da lista n? 90, de Vidal Coimbra, dc Aluguel do Salão G i l Vicente 2 0 $ 0 0 0 1:7041400
contribuições de novembro, p.p 25$000 A o advogado para redigir a cscTitura da hipoteca de
Luciano Campagnoli 100 $ 0 0 0
tl
d) DESPESA 15:922$650 Manifestos, circulares, cnvolopese listas de
o subscrição 53$000
S( D e n s a s já publicadas 813$900 Despesas com a legalização do estatuto 52$200
IK 1 registrador, 1 livro e selos '. 6$000 Aluguel do Salão Celso Garcia 55 $000
Assinatura da caixa postal, papel, penas e tintas 20$000 Livros e papéis para a Secretaria 14$40()
Ci
Publicação do primeiro balancete 50$000 1 armário para a mesma 26$000
tt
Despesas de viagem a Sorocaba 20$000 Aluguel dc novembro e dezembro da sede 40$000
Cfculares 9 $000 4 açõesda Escola Moderna de Milano 60$000
la Despesas com convocaçõese reuniões 6$000 50 bilhetes postais, talões dc recibos, etc 7 $500
1 régua, tinta para cariml<oe borracha 3$500
at
e) DESPESAS COMA ESCOIA MODERNA n? 1: Lápis e estampilhas 4$000
tá (Subsídios de junho/dezembro, a u x i l i o de aluguel) 600$000 Impressos e bonde 25$400
P- Idem para livros, pedras, etc 169$000 Selos de C o n e » 4$000
30carteras 660 $000 Aluguel do Sa Bo Alhambra 30$000
2 quadros negros 30$000 I cambial remetida a Neno Vasco, para despesas
m
4 cadeiras 22$000 iniciais das edições escolares 100$ 700
n 1 escrivaninha 40$000 Selos. 1 lâmpada elétrica. etc 4$000
;

cc 2 cabides 20$000 Registro da hipoteca de Luciano Campagnoli 20$00()


lh 2 estantes 50$000 4:983$500
1 armário 100$000 RESUMO:
P r
Carreto destes objetos 5 $000 Receita 15S22$650
se-

H
Caução de luz na Cia Light 30$000 1:726 $0O0 Despesas 4:983$500
lo • Emprestado sob hipoteca a Luciano Campagnoli 101100 $000
0 DESPESAS COMA ESCOLA MODERNA n? 2 Saldo depositado no Banco Fspanol pertencente à
dl Por subsídios desde 1 de agosto, p.p 310$000 Escola 939$ 150
Livros, pedras e outros objetos 118$000
n:
Aluguel de agosto, setembro, o u h i b r o , novembro
sa
e dezembro 785 $ 0 0 0
cc Frete e carreto de 33 carteira, 1 quadro-negro, uma 10:939$ 150
sa mesa, 1 globo geográfico e 8 mapas vindos da liga Operária de
Campinas . 58$200 S. Paulo. 31 de dezembro de 1913. O COMITÉ. 54

ci Armar as carteiras, lavagem das mesmas e outros


serviços 83 $000
JK
1 armário 100 $000
CD Em todos os números de A Lanterna, aparecia o programa das Es-
1 esaivaninha 40$000
III 4 cadeiras 22 $000 colas Modernas, 1 e 2 e as iniciativas tomadas para angaria: f u n d o s 55

s» 2 cabides 20$000 A Rebelião - Redação: rua Muller, 74 - jornal anarquista de São


2 estantes 50$000 Paulo, também falava da Escola Moderna, e A Lanterna, lembrava que
III
Carreto destes objetos 5 $000
a "sociedade Escola Moderna" passou a funcionar no Largo da Sé n ! ' 5
1 quadro-negro 13$000

53
52
- 29 andar e sua Caixa Postal tinha o número 1.016, para onde devia
O anarquista queria o ser humano educado, instruído, culto, des-
ser enviada toda a correspondência e m nome d o tesoureiro.Francisco
pido de ódio, rancor, de inveja, ambições, amigo da razão e da verdade,
Fiume.
com capacidade para se autogovernar, gerir seus atos, ser livre e culti-
E m setembro, a Escola Moderna tt? 1 promove uma festa escolar
var a liberdade como a vida, todos os dias, e dentro da coletividade, ser
onde falou " o professor e companheiro Angelo Scala".
irmão do seu semelhante, conviver com ele como produtor e consumi-
As poesias foram recitadas pelos alunos Bruno Bertolacini, A n t o -
dor das riquezas naturais e daqueles produzidas pelo trabalho de todos,
nieta de Morais, Abel Tozzato, Carlos Lampo. Manuel e A n t o n i o Tava-
de acordo com a capacidade de cada u m . Por isso, não via com bons
res, João, Carlos e Afonso Chiesa. Edmundo Mazzone, A r t u r Tramontc,
olhos o cerceamento do ensino e resolveu fundar escolas, não só para
Maria Tereza, Angelo Bendazole e Pedro Passos .
romper com as formas obscurantistas de ensino clero-estatais, mas tam-
56

Nos anos em que lhe foi p e r m i t i d o funcionar, a Enrola Moderna


bém para possibilitar aos trabalhadores analfabetos e aos seus filhos al-
de São Paulo não se afastou de seus princípios: "libertar a criança d o
cançar uma instrução livre e, sadia.
progressivo envenenamento moral pelo ensino baseado na bajulação po-
Antes de chegar ao Brasil os métodos da Escola Moderna, de Bar-
lítica e religiosa d o governo." Pretendia provocar j u n t o com o desenvol-
celona, já se haviam fundado várias escolas.
vimento da inteligência a formação do cará ter, apoiado na solidariedade
No Rio Grande do Sul, por influência do Geógrafo anarquista Eli-
humana. "Fazer do mestre u m vulgarizador de verdades adquiridas e
seu Reclus, que a l i esteve hospedado no final do século 19. estudando
uma vez livre das congregações ou do Estado - capaz de ensinar sem
a região, nasceu uma escola que ganhou o seu nome.
medo, honestamente, sem falsear a história e nem esconder as descober-
É de jornal de Porto Alegre a seguinte notícia: Escola Eliseu
tas científicas."
Reclus - segunda-feira, às 2 0 horas, reúne-se a Comissão encarregada da
" O ensino dever ser integral, exercitando o aluno progressivamen-
reabertura das a u l a s "5 7

te em todos os conhecimentos intelectuais e físicos".


Por sua vez, A Lanterna , informava d o Ceará rortaleza, 17 de
Enfim, a Escola Moderna propunha-se fazer da "criança um ho-
56

novembro de 1 9 1 1 .
mem livre e completo, que sabe por que estudou, por que refletiu, por
Camaradas redatores da " L a n t e r n a " :
que analisou, por que fez a si mesmo uma consciência própria e não um
dos tantos bonecos laureados por repetirem como gramofones as verda-
Tenho a satisfação de comunicar-vos que, no dia 3 d o corrente més de no-
des de Moisés e para se curvarem sem dignidade ao Direito Romano, pe- vembro, nesta cidade, à rua Major Fecundo, 186, f o i instalada a Escola Moderna
quenos nos ódios e nos entusiasmos, crescendo e vivendo sem possuir do Ceara, para a educação científica e racional d o proletariado, segundo os p r i n -
cípios pedagógicos professados pelo inesquecível camarada Francisco Ferrer em
uma concepção real da vida, inimigos de si mesmo e da Humanidade."
Barcelona.
A Escola Moderna, f o i criada e e' mantida pelo Grupo Libertário de Estudos
Sociais do Ceará, recentemente fundado nesta capital, composto de operários. A
O U T R A S ESCOLAS Escola dividi-se em duas seçoes. - o Curso Terra e Liberdade, para a educação da
mocidade proletária, sendo as aulas noturnas, das 19 às 22 horas, e Curso Fran-
cisco Ferrer, de aulas diurnas.
A escola oficial, para os anarquistas, tinha o mérito de ensinar a
A matrícula, em ambos os cursos, é gratuita."
ler e escrever e o defeito de deformar a inteligência, o caráter, condi-
cionar os alunos para a submissão e a obediência. Para eles, saber ler Obedecendo à orientação racionalista, a escola cearense avançou
não era tudo: o aluno precisava de aprender a verdade histórica, cientí- no rumo preconizado pelos anarquistas.
fica e social. A escola não podia ser uma "casa" profissionalizante, bi- N o ano seguinte a União Operária de Franca (Estado de São Pau-
tolada, tinha que ser principalmente um " l a r " educativo, capaz de l o ) , inaugura a sua primeira escola a 7 de setembro com 46 alunos, ten-
rasgar os mecanismos da ignorância, alargar as fronteiras d o conheci- do como professor Teófilo Pereira.
mento humano, formar personalidades boas, capazes de dar e receber,
A 15 do mesmo mes, a Liga Operária de Sorocaba (Estado de São
de fazer o bem por que é o b e m , sem temores políticos, religiosos, eco-
Paulo), que tinha sido fechada pela polícia, reabria e inaugurava a sua
nómicos, hierárquicos, físicos e psíquicos.
escola noturna com grande frequência de alunos e no dia 21 de novem-

54
55
(
bro, em Livramento (R.G.S.), a União Operária inicia os preparativos Lstcs deveres c obrigações idênticas produzem a igualdade, o u svja unia re-
para fundar também a sua e s c o l a . s9
lação social tão perfeita que exclui todo outro veiculo
I ' m consequência, o concurso consciente, idêntico c obrigativo dc todos pa-
m 31 de agosto, a Escola Operária 1? de Maio, de Vila Isabel, ra a satisfação de todos deve ser a forma única da vida humana.
je Jeneiro, promoveu u m festival literário-cultural em que foi con- Subordinando-sc a esses princípios e às lições dos mestres que definem a Ra
zdo como a máxima potência intelectual, a luz que guia o espírito humano nas
'mcista José Oiticica, falando sobre " A Missão da Escola Racionalis-
concepções cósmicas ate ao Infinito e o Absoluto, a Fscola dc Ensino Racional as-
sume de educadora dos sentidos e das forcas intelectuais. Habilitar o homem a
Seu fundador, professor Pedro Matera, conduziu o recital por ali bem discernir e raciocinar com justeza; guiá-lo no convício social, até que possa
tr

I
>s da e s c o l a .
60 cumprir a defieflima tarefa dc procurar sempre harmonizar os sentimentosefetivos e
o as pretensões dc interesses por mais desencontradas aue sejam, é também i n t u i t o
Um ano depois, a 12 de outrubro dc 1913, Petrópolis, Cidade do
sc da Escola.
iado do Rio de Janeiro, também inaugurava a sua Escola Moderna.
ti< I
A iniciativa deveu-se ao Centro Operário 1? de Maio e a inaugu- O Raciocínio será utilizado na sua integral acepção, que consiste em perorai
Cl
a verdade dc um conhecimento pela verdade demonstrada dc o u t r o . "
e/ I ração deu-se às vésperas do quarto aniversário do fuzilame i t o de Fer-
"Sob o ponto de vista social o Racionalismo que sc procura pôr em prática
rer em Montjuich.
coloca em primeiro plano o trabalho para evitar os inconvenientes de avolumar, de
No ato falou Cecílio Vilar, redator da Voz do TrabaUiador, órgão futuro, já não o proletariado oprimido, mas a multidão de vadios escravos da fome
fa
da Confederação Operária Brasileira.! e naturais inimigos da sociedade.
at
Esteve presente o frei Pedro, que protestou contra escola a anar- A Escola de Ensino Racional pretende também concorrer, por meio da edu-
tá cação, para atenuar o grande cortejo de circunstâncias que tendem a desinnanaros
quista .
P-
61

homens no seio da Comunhão social.


Pernambuco também respondeu á necessidade de fundar escolas Antes de tudo, e por meio de conferências públicas, esforçar-se-á por divul-
para os operários. gar e conveniência da prática racionalista."

A empreitada coube aso Operários da Construção Civil no ano de "Obedecerão a estas regras: primeiro educar, segundo instruir; primeiro a
fli prática, por último á teoria; primeiro o útil, depois o dispensável.
1914. O objetivo.da classe mais atuante daquele Estado era introduzir
ii A Escola ensina a praticar o bem por amor ao próprio bem, por entender
no meio dos trabalhadores em geral as ideias libertárias, o ensino racio-
lh que assim o deve ser."
nalista de Ferrer. E deu frutos que apaixonou A n t o n i o Bernardo Cane-
P r las, mais tarde pregador de " L a Ruche" (A Colmeia).
Porto Alegre, 1914
sc No Sul, vem a público um longo plano para fundar Escola dc En-
lo Pelo Conselho Deliberativo: Virgínia Resende, A. G. Lima. J . Do-
sine Racionalista.
mingues d ' A l m e i d a .
F* 62

dc A iniciativa é de um grupo de livres pensadores que se propõe a Com a mesma data, A lanterna 63 informava que a A Sociedade
n; proteger a educação do individuo sob o ponto de vista racional", conti- Luz, de Bauru (Estado de S. Paulo) que, com louvável esforço, mantém
da no que eles chamam dc " c r e d o " , e de onde extraímos: "O limite da a Escola Moderna desta cidade, realizou na noite de 24 para 25, um ani-
investigação do espírito humano t a eternidade da matéria, do tempo e do espa- mado sarau em benefício da sua escola, na sede da Sociedade Dante A l i -
ço. Todos os seres são coeternos. Só a forma 6 temporária; em consequência, o ghieri, gentilmente cedido para lá funcionar a escola, e todas as festas
que desaparece não acaba, tranforma-se."
beneficentes.
'Tudo é solidário na obra universal. O indivíduo-matéria eo individuo-in-
ii tehgéhcia sc completam por meio do conjunto universal, da mesma forma por- O incentivo à educação, a instrução e à cultura nasceu nos Cen
a< que este sc completa por meio do indiviuo. tros de Estudos Sociais e irradiou para as associações operárias, por
ca Os deveres físicos e morais da humanidade devem ser satisfeitos pela huma- meio de palestras, volantes, folhetos e jornais.
nidade mesma em cada uma das suas moléculas homens. Imbuídos desse espírito cultural, um grupo de militantes libertá-
IH
I xatamente por isso a humanidade está obrigada a pôr o indivíduo em con-
M rios de Niterói fundou o Grupo' Operário de Estudos Sociais Germinal
dições de bem satisfazer os seus deveres físicos e morais. O indivíduo, em troca,
l.i têm obrigação de receber todos os meios que a eoletividade para isso lhe há-dc fa- que tinha por f i m " A aquisição de uma biblioteca sociológica (art. I ) , o

cilitar. e abrir escolas com aulas diurnas e noturnas" (art. 3?).


I-
HI
I,
56 ^7
Com o título "Universidade Popular de Cultura Racional e Cientí- mente, administrarão a primeira Escola Moderna, e por um conselho deliberativo,
f i c a " , aparece na imprensa libertaria, n o ano de 1915 o seguinte comu- composto de 15 membros, eleitos p o r ocasião da organização da sociedade.
nicado: Art. 4 - São direitos dos sócios:
Obter matriculas, gratuitas e m todas as aulas, para si e seus protegidos;
"Cientificamos às escolas labonosas e to público em geral que anexa à frequentar a sala dc leitura e a biblioteca; ter convite para todas as festas, confe-
Escola Nova ficou constituída esta Universidade, a qual se propõe difundir a rências, palestras e saraus organizados pelas Escolas.
instrução racional e científica complementar, criando desde já o curso dc prepara- A r t . 5 - São deveres dos sócios:
tórios para professores, constantes das seguintes matérias: Português, Francês, Fazer propaganda dos intuitos da Sociedade; auxiliar a Escola Moderna
Inglês, Italiano e Latín; Aritmética, Álgebra, Geometria c Trigomctria; História com uma cota mensal c voluntária; desempenhar os cargos para que forem escolhi-
Universal, Geografia, Lógica e Psicologia; Química, Física, História Natural, Socio- dos pelo conselho deliberativo e acatar as resoluções deste.
logia, Desenho, e t c . Art. 6 - Os seis diretorcs terão por dever: dirigir, zelar e desenvolver a Es-
Este curso acha-se a cargo dos professores Antônio C. Pimentel e Saturnino cola Moderna sob todos os seus aspectos; dar ao conselho deliberativo todas as i n -
Barbosa, Dr. Roberto Feijó e o educacionista Florentino de Carvalho. formações pedidas; apresentar ao mesmo um relatório anual dos seus trabalhos.
Aulas Notumas. Mensalidades 7$ 000. As matrículas acham-se abertas to- Parágrafo único - Os diretores terão plena autonomia na direção da Escola
dos os dias das 19 às 21 horas. Moderna, só intervendo o conselho deliberativo nos casos previstos nestes estatu-
As aulas serão iniciadas no dia 15 de j u n h o do corrente ano. tos ou no caso de serem fundamentalmente desvirtuados os intuitos da Sociedade
expressa no art. 1.
São Paulo, 1915 - Rua da Mooca, 292-A - S o b r a d o . " 6 4

A r t . 7 - O conselho deliberativo rcunir-se-á ordinariamente uma vez p o r


N o ano de 1916, militantes do Sul d o país avançam u m pouco
mês e tomará conhecimento das informações da diretoria e deliberará sobre tudo
mais na prática d o ensino Racionalista. que interessar á sociedade.
Q u e m nos fala de suas intenções é o documento seguinte: § 1 - Na reunião de janeiro de cada ano serão eleitos e empossados os dire-
tores secretário e tesoureiro, cujo mandato é anual, sendo o do diretor da Escola
e do conselho deliberativo por tempo ilimitado.
SÓCIEDA DE PRÓ ENSINO RA CIONA LISTA
§ 2 - O diretor da Escola será substituído em qualquer tempo por delibera-
ção de dois terços do conselho deliberativo.
ESTATUTOS § 3 - O membro do conselho deliberativo que deixar de comparecer a três
A r t . 1 - Fica fundada, em 2 de abril de 1916, nesta cidade de Porto Ale- reuniões mensais, sem justificaçção, perderá o mandato, sendo eleito um seu subs-
gre, uma agremiação com o título de Sociedade Prô-Ensino Racionalista, com o tituto.
fim de difundir o ensino e educação racionalista, entre a mocidade, para o que: Art. 8 - Toda a pessoa que se propuser por escrito à diretoria será conside-
a) propagará, por todos os meios, adoção do ensino racionalista científico; rada membro da Sociedade e só deixará de o ser se disso fizer declaração por escri-
b) criará um número ilimitado de escolas de todos os cursos; to à mesma diretoria.
c) difundirá quanto possíve' todos os conhecimentos científicos, artísticos Art. 9 - Os honorários do diretor da Escola serão fixados pelo conselho de-
c morais; liberativo e os dos demais professores pelos diretores.
d) criará uma biblioteca de obras escolhidas, especialmente destinada à edu- § 1? - Os diretorcs secretário c tesoureiro não perceberão honorários pelo
cação e ensino das classes populares; exercício de seus c a r g o s .
65

e) procurará desenvolver entre o povo os sentimentos de solidariedade e Em plena luta para sobrevivei o proletariado não descuidava a
confraternização;
fundação de escolas. E quando uma entrava em dificuldade por alguma
f) promoverá palestras e conferências sobre assuntos educativos e instruti-
vos; razão, logo se transferia para o u t r o local. É o caso da Escola Operária I?

g) combaterá todo o preconceito religioso, científico, filosófico, político de Maio, fundada em Vila Isabel, que em 1919 transfere-se para Olaria e

ou social que pretenda limitar o espírito investigador do h o m e m , reinicia aulas diurnas e noturnas.
h) publicará uma revista para propagar os seus fins, bem como editará livros Neste mesmo ano A Arena bb anunciava: Escola Moderna. Institu-
didáticos de acordo com o programa racionalista; to de Educação e Ensino Racionalista - Ramiro Barcelos, 197, Porto
i ) filiar-se-á às suas congéneres do Brasil c do estrangeiro. Alegre.
A r t . 2 - À Sociedade Pró-Ensino Racionalista poderão pertencer todas as
Diretores:
pessoas, sem distinção dc raças, que aceitem em princípio os seus fins instrutivos
e educativos. Dr. Waldemar Fettermann
A r t . 3 - A sociedade será administrada por seis diretorcs, que, simultanca- F. Marques Guimarães
Polidoro Santos

58 59
Aulas mistas diurnas e noturnas para menores e adultos. "Pelas suas instituições, pela sua capacidade organizadora, enfim, pelo seu
Aulas noturnas gratuitas. desenvolvimento material, m o r a l e intelectual, é que a classe trabalhadora se eleva-
Curso especial para mensageiros, vendedores de jornais e engraxa- rá à luta de poder ocupar na sociedade o lugar que lhe compete. A obra do presen-
tes. te é sobretudo uma obra de reconstrução social porque a destruição moral e o ar-
ruinamento material das instituições antigas já foram feitas pelo passado - aliás
Mesa de leitura, livros, revistas e jornais à disposição dos frequen-
por um passado bem próximo. . . pela guerra.
tadores da Escola
No meio da desorientação geral, nós, os trabalhadores, precisamos dar pro-
Biblioteca de estudos sociais. vas de capacidade diretora, organizando serenamente as nossas instituições, que
Porto Alegre - Brasil - R i o Grande do Sul. fatalmente terão de suceder às instituições burguesas.
Em Santa Adélia, Raymundo de Camargo Castanho - informa A A Ruche é uma dessas instituições destinadas a desempenhar um grande pa-
pel no presente momento histórico, em que um mundo antigo se incendeia sob o
Plebe - trabalha na formação de Escola Morfema naquela localidade,
sol de um m u n d o novo. A Ruche tem por fim promover a educação técnica, moral
sob sua direção . 67
e intelectual dos filhos dos trabalhadores - esses pequenos seres que mais tarde te-
O Ensino Racionalista è alvo de brilhante comentário nas páginas rão de continuar a obra revolucionária dos seus pais, tornando-se mais sólida c
de O Semeador * 6 que nos dá conta da inauguração da Escola Racional mais humana, 2

T o m e i a m i m o encargo de i n s t a l a r uma Ruche no Brasil e uma RI ande


Francisco Ferrer, em Belém - Pará, n o dia 13 de outubro de 1919. 72

parte dos iecursos que para t a l fim necessito espero obté-Ios com a venda de uma
Sob a presidência do "nosso camarada Silva Gama", usaram de
série de brochuras que editei e tenho à v e n d a 73

palavra representantes da Federação das Classes Trabalhadoras, União


Neste impulso educacional e instrutivo entra O Centro Feminino
dos Chaufers, da Resistência dos Oficiais Barbeiros, da Federação da
Joyens Idealistas, de São Paulo e forma duas escolas para operárias, uma
Construção Civil, do Sindicato dos Artistas Alfaiates, da União dos Em-
na Rua Borges de Figueiredo, 37, e a outra na Rua J o l i , 125.
pregados em Hotéis e Restaurantes, da União dos Operários Sapateiros
Dias e horários das aulas: às quintas-feiras, das 19 às21 horas,e aos
e do Centro Cosmopolita Bragantino.
domingos, das 14 às 17 h o r a s . 7 4

Sobre a importância do ensino racionalista "agora implantado no


Retornando ao Rio de Janeiro, encontramos a prestação de con-
Pará", falaram ainda "os companheiros" Júlio Clementes dos Santos,
tas da Escola da União dos Operários em Construção Civil, que passa-
Antonio Porto, Bento de Menezes e Fernando Nazaré.
mos a reproduzir:
A o despontar o ano de 1920, a luta pela formação de escolas en-
BALANCETE GERAL
tre o proletariado é mais d o que uma promessa, é um realidade quç cres-
Apresentado pela comissão da Escola da União dos Operários em
ce, firma-se. Neste ano nasce a Escola Joaquim Vicente, em São Paulo,
C. Civil
Nova Escola, n o R i o de Janeiro, Escola Profissional, por iniciativa da
União em Fábricas de Tecidos do Rio e a Escola Livre, fundada pelos
aj RECEITA
operários em Fábricas de Tecidos de Petrópolis . 69
596 ingressos vendidos e recebidos pela comissão conforme balancete apre-
V i n d o do Recife, depois de uma viagem à França e da visita a La sentado 2:596 $ 0 0 0
Ruche, ( A Colmeia) escola fundada pelo anarquista Sebastião Faure, Receita apurada no Jardim Zoológico, conforme balancete já
A n t o n i o Bernardo Canelas, inicia uma série de conferências na Aliança publicado 6:502$ 500
Livros vendidos na escola 31$ 500
dos Tra Ixi Hia dores em Calçados. União dos Operários em Construção Ci-
vil e na Aliança dos Trabalhadores em Marcenarias, do R i o de Janeiro. Soma 9:130$000
Objetivo: fazer propaganda da Colmeia, grandiosa e humanitária
b) DESPESA
instituição d o anarquista francês. Sebastião Faure, com a intenção de
70
Despesa do festival do Jardim, conforme balancete já
angariar fundos e fundar uma cópia no Brasil. publicado 3:125 $ 7 0 0
Quantia entregue à " V o z do P o v o " 3:000$ 000
Na contracapa do l i v r o Como se deve educar, de Sebastião Fau-
7 1

Montagem da escola (balancete apresentado) 2:494 $ 8 0 0


re, editado em Recife, Canelas, dirige-se Aos camaradas e ao público em
geral, nos seguintes termos: Soma 8=620$500

60 61
Dinheiro cm caixa 509$ 500
1 - Ama os teus condiscípulos que são os teus companheiros dc trabalho
Balaccntc da Fscola primária da União dos Operários em C. Civil
2 - Ama a instrução, que é o alimento do espírito; mostra-te agradecido
c) DESPESA
ao leu mestre, teu pai e tua mãe;
20 Carteiras 478$000
3 - Santifica os dias com feitos bons c úteis, com uma ação digna;
12 Bancos, 2 livros em branco, (inteiros, tímpano e giz 135$000
4 - Honra aos homens bons, estima a todos; não humilhes a ninguém;
1 Relógio de parede 55$000
5 - Não tenhas ódio a ninguém: mas defende o teu direito e resiste à soberbia,
2 Lâmpadas, 1 interruptor, 1 ahajour, 1 suporte, fio e
6 - Não sejas covarde. Sê amigo dos débeis e ama a justiça;
isoladores 39$ 300
7 - Recorda-te de que os bens terrestres procedem do trabalho; aqueles
5 Barras de ferro e parafusos 23 $000
que os desfrutam sem trabalhar roubam ao trabalhador;
1 Filtro com pé de ferro, 6 copos, 4 canecas dc agath. 1 balde
8 - Observa e reflexiona para conheceres a verdade. Não creias em nada
e 1 moringa 79$400
contrário à Razão; não te enganes a t i mesmo nem ao próximo;
Material escolar (Agencia L u x ) 376$000
9 - Não penses c m amar unicamente a tua prática, procurando depreciar as
Tintas, verniz, brochas, sabão, potassa, cal e 1 vassoura 6 9 $ 200
demais nações, porque assim desejarás a guerra, que é u m resto de barbárie;
Calafate 2 9$ 000
10 - Deseja sobretudo que venha um dia em que todos os homens, qual l i -
Carretos de carrinho e de cabeça 33$000
c/ vres cidadãos de uma só pátria, vivam em paz e cm justiça como bons ú m á o s .
Trabalho de carpinteiro e materiais . . . " 330$ 200
79

1 Bureau ministre, 6 cadeiras e I cabide dc centro I98$000 Em j u l h o O Sindicalista, de B a u r u , falava de louvável iniciativa
8 0

35 Ardósias, 3 dúzias de lápis dc pedra, esponja, tinteiros da Federação dos Trabalhadores do Rio de Janeiro, cm colaborar na
hi
gomas 85 $000 fundação de escolas operárias para dar "combate aos 8 0 % de analfabe-
al
e

1 Globo de geografia física 75 $ 0 0 0


tos".
la 500 Regulamentos da escola 30$000
Até 1921, o movimento operário brasileiro dividia-se em duas
P- Carretos de caminhão 63$000
correntes, a reformista (amarelos), sem maior expressão e anarco-sindi-
3 1/2 Dias de Fernando 6 0 $ 500
5 Dias ao p i n t o 50$000 Calista, vibrante, ativa atuando pela ação direta.
2 Dias a João Gonçalves 24$000 Em 1922, surgiu uma terceira - a formação d o PCB - exatamen-
2 Dias ao servente 1-J $()()()
te quando o movimento estava bastante desfalcado pelas expulsões e os
Passagens 19$ 700
estragos impostos pelo governo de A r t u r Bernardes.
1 Quadro-negro 10$ 000
Aluguel da sala 130$000 A princípio foram as discussões, os debates, a discórdia e depois
Mais 31 livros l l k a c Alba 77 $500 veio a desarmonia geral.
Toalhas e carreto 11 $000 Estes acontecimentos favoreceram a burguesia e o Governo que
não via c o m bons olhos as Escolas Moilernas. e não queria o trabalbador
Soma 2:494 $ 8 0 0
instruído, capaz de se autodirigir. Aproveitou o seu enfraquecimento
Rio, 28-10-1920 para fechar Associações Operárias, confiscar seus pertences e descalçan-
A COMISSÃO . 75 do assim os pilares de sustentação das escolas. A proibiçãoeo fechamen-
Do Ceará, a Voz do Gráfico avisava que a Escola Operária Se-
1b
to das Escolas Modernas de São Paulo pelas autoridades explicam a
cundária continuava com suas matrículas abertas e concluía: " À escola posição d o Governo.
camaradas! Algumas teimavam, resistiam como podiam, f o caso da Escola
Aproximai-vos da l u z ! " Agripino Nazaré th em Morretes, Paraná t outras em lugares distantes
81

11
Em Niterói fundava-se a Lscola da Liga da Construção Civil, sob a que ainda sobreviviam em 1923.
tu direção de R u i Gonçalves' e na Bahia o Grupo Escolar Carlos Dias, é
7
No Sul, onde a repressão tolerou por mais tempo os anarquistas c
c» o que informa A Voz do Trabalhador - órgão d o "sindicato dos Pedrei- suas escolas, no ano de 1923, a Revista Liberal , ainda registrava a
62

tu ros, Carpinteiros e Demais Classes dos Trabalhadores em G e r a l " . 7 8


marcha dos trabalhos da Sociedade hó-Ensino Racionalista.
Hl Não foi em vão - declara a Revista Liberal - que apelamos às
In No Paraná, aparecia a corroborar a formação de escolas operárias pessoas adeptas do ensino racionalista.
este curioso Decálogo da Escola ou os Dez Mandamentos Pedagógicos: As reuniões realizadas pelos iniciadores e posteriormente a
r
*i
i. 62 63
assembleia que lançou as bases da Sociedade Pró-Ensino Racionalista,
a) " A missão da Escola Moderna é esta: esfoanhar o cérebro do povo,
com o fim de criar a Escola Modelo Racionalista e a Constituição da elevar, como disse Ferrer, o nível da mentalidade humana, pela disseminação dos
Comissão iniciadora, composta de Polidoro Santos, Benedito Freitas, conhecimentos bons, banindo de vez a atabafante aluvião de lendas, cultos,
A n t o n i o Campagna, Armando Martins, Orlando Martins, A n t o n i o superstições, milagres, com que sc aterrorizam hoje as consciências para dominá-
las".
Manna, Nicoláo K o r o j , A. Gago F i l h o e Thomaz Borche, refietem o
propósito de levar avante no Sul do Brasil, a obra iniciada por Ferrer na Dr. José Oiticica
Espanha e proibida pelas autoridades em S. Paulo. b) P na educação racional que está a única solução para a felicidade huma-
Em 3 de j u n h o de 1923, a "Comissão Iniciadora" promoveu nova na.
A educação c a forma onde se amolda o homem. Nós, se já possuímos um
assembleia no Edifícios Esteves Barbosa, sala 40, cedida pela S. I . B. de
certo número de ideias liberais, se, por vezes, nos consideramos meio libertos, é
Empregados em Hotéis e Restaurantes, onde foram aprovados os que já somos filhos do ensino leigo. Completemos, porém, a obra. Transmitamos
estatutos da Sociedade Pró-Ensino Racionalista e eleita a diretoria aos nossos filhos a escola que nossos pais nos deram, mas tiremos-lhe o cunho
definitiva e conselho deliberativo. atual em desacordo com a época. Demos o aspecto liberal, vigoroso, imponente do
racionalismo. Que o educador não seja mais a autoridade violenta, ministrando o
Presidente. Polidoro Santos;
saber pela imposição. Digamos antes com Eslander: "deixe o educadorià nutureza
Secretário, Benedito Freitas;
a direção do desenvolvimento da criança, e que o seu saber sirva somente para
Tesoureiro, Antonio Campagna;
compreender, prever oferecer e secundar, oferecer matéria à sua atividadc, se-
N

Conselheiros: Armando Martins, Thomaz Borche, F. Marques Guimarães,


cundar seus esforços!
Antonio Manna. Orlando Martins, Octaviano dc Borba, José Pineda, Fugénio Tos-
Tais são os objetivos do ensino racionalista - o único capaz de dar à raça
ca, Manuel Garcia, A. Gago Filho, Marciano Belchior e L. da França Capaverde.
humana toda a sua pujança, toda a sua grandeza!
Assinaram ainda o livro de presença Antônio Amâncio, Jesus Ribas, Osval-
do Peiter, Juvêncio Silva, Jose Fernandes, Guilherme Blaschke, Borós Mcdredoff, Dr. Maurício de Medeiros
Celestino Silva, Salvador Fernandes, Joaquim Pinto. Orlando Martins, Bertholo- c) Se atravessamos um período de transformações radicais; se a história sc
meu Cano, A n t o n i o A. Magalhães, Dr. Franco Carmello l o n g o . Francisco Raya. repete, ainda uma vez, como sempre, para a conquista de novas civilizações, para
cogitações mais amplas; se o furacão da revolução social, inevitável, amontoa nu-
A Sociedade iniciou com 94 sócios, e recebeu adesão de Carlos vens negras sobre os céus das nações c por sobre os corações dos povos; aumenta
G a t t i , A n t o n i o Gastaldone e Frederico Kniestedt. dia a dia o número dos descontentes; se toda a gente sensível sofre ante a angustia
O Conselho Deliberativo passou então a reunir-se na rua General da miséria, da ignorância e da divergências dc castas separadas pelo dinheiro; se sc
Victorino, 58, sede provisória. planejam acontecimentos vastos e únicos na história do mundo - a vitória está
contida nos impulsos dos precursores, nos ímpetos que ora agitam a humanidade
Eram seus componentes: José Pineda, A r m a n d o Martins, Paulino
inteira c no limiar da escola. Alargar as concepções da elite, multiplicar os pensa-
M. de Oliveira, Celestino Silva, Orlando Martins, Luiz Derive, Manuel mentos de amor a todos os seres, fazer viajar nos corações dos moços a ideia do sa-
Garcia, Thomaz Borche, Bartholomeu Canno, A n t o n i o Gastaldone, crifício em prol dc outra humanidade quiçá bem maior - é a missão de luz confia-
Francisco Raya e A n t o n i o Manna. da a toda a gente capaz de ver na vida alguma coisa mais do que os impulsos do
instinto. Essa é a mensagem da educação moderna, liberal, racional.
A Sociedade tinha ainda como auxiliar de secretaria Espertirina
Martins. Professora Maria Lacerda de Moura
Arquivista, Dulcina M a r t i n s .
83

Guarda-livros, F. Marques Guimarães.


Cobrador. Oreste Scota. COMO SE P R O P A G A V A EDUCAÇÃO R A C I O N A L I S T A
Com o encerramento da Sociedade hó-Escola Moderna de São Tão l o g o se começou a falar da Escola Moderna de Barcelona.
Paulo, pelas autoridades, a Sociedade PrõEnsino Racionalista J o Rio fundada por Francisco Ferrer, tornou-se evidente a necessidade de d i -
Grande do Sul, constituju-se em órgão central, com correspondentes no vulgar as obras adotadas naquela escola racionalista.
Rio de J a n e i r o , em São Paulo e noutros estados do Brasil.
04 A o movimento anarquista de São Paulo coube a iniciativa de ob-
Na época, muitos brasileiros falaram da "missão da Escola Moder- té-las e colocar à venda; A lanterna coube informar como e onde ad-
na". quiri-las.
Como fecho deste capítulo, selecionamos três interpretações: Eis um desses anúncios:

(.4
65
Obras da Escola Moderna de Barcelona Bakounin - Dios y el Estado.
Já temos á venda as seguintes obras: - Federalismo, Socialismo y Antiteologismo.
Cartilha, primer libro de lectura 1S000 Búchner - Fucrza y Matéria.
Las Aventuras de Nono. Segundo libro de lectura, por Jean " - Luz y vida.
Grave, 1 volume 1$800 Darwin - El origen dei Hombre.
El Nino y el Adolescente. Desarrolo no miai Vida libre. Segundo - El origen de las espécies, 3 vols.
libro por Miguel Petit, 1 volume 1$8000 - La expresión de las emociones em el hombre y los animales, 2
Prelúdios de la lucha. Segundo libro por F. Pí y Arsuaga, 1 vols.
volume S 800 Engls - Origen de la família, de la propnedad privada y dei Estado, 2
Sembrando Flores, Segundo libro por Frederido Urales, 1 vols.
. ... 11800 Fabri Luigi - Sindicalismo y anarquismo.
Faure - El dolor universal.
Tierra libre. (Fantasia comunista) por Jean Grave, 1
Flaubert - Por los campos y las playas.
volume 1 $ 800
Leone - E l Sincalismo.
Correspondência Escolar (primer manuscrito) por Carlos Malato Máximo G o r k i - Los ex-hombres.
volume IS800 " - E n la prision.
Origem dei Cristianismo. Quarto libro de lectura, 1 volume . . . . I S800 " - Los Bárbaros (drama).
Psicologia 1 " t n i c a Importantíssimo estúdio cient ífico-sociológico de la " - Los hijos dei Sol (drama).
humanidad, 4 volumes 7 $ 200
" - En América.
Todas as obras acima são encadernadas.
Máximo G o r k i - Entrevistas.
Pelo correio mais 300 réis por volume.
" - Albergue de noche (drama).
Os pedidos devem i r acompanhados da respectiva importância, sem o que
" - Escritos filosóficos y sociales.
não serão satisfeitos.
Grave - La sociedad futura, 2 vols.
Nesta redação ou c o m o agente A n t o n i o Grelharia. Rua Alegria, 49 (Braz).
- El individuo y la sociedad.
Brevemente teremos todas as obras editadas pela mesma casa
- La sociedad m u n b u n d a y la Anarquia.
Anunciava-se também á venda na redação de A Ixintema, IM Es Heine - Los dios en el distíerro.
cuela Popular (organo de la Liga de Educacion Racionalista - Revista - ( o u l e s i o n e s y Memorias.
mensal), direção: Santiago dei Estero, 4 6 4 - Buenos Aires - Preço de Hackel - Las maravUhas de la vida, 2 vols.

subscrícion, \o (semestre). - Los enigmas dei Universo.


Kroportkine - La conquista dei Pan.
E m 1913 La Barricara* 6 incluíra na sua segunda página Escola Li-
vre, para meninos.e meninas - Rua Cotejipe, 26 - São Paulo e fechava
A Plebe 01 desde o seu aparecimento e m 1917, também fazia pro-
a mesma coluna:
paganda da Escola Moderna, 1 e 2, situadas respectivamente na Av. Cel-
so Garcia, 262, e Rua Maria Joaquina, 13, ambas no Braz.
Obras de Educação Racional
A o aproximar-se o 13 de o u t u b r o de 1919 é ainda A Plebe quem
1 - " C o m o se deve educar o espírito", Dr. Toulouse. ( 2 edição).
a

2 - "Iniciação astronómica", de I i.imanou, ilustrado com 156 gravuras. convoca em S. Paulo as comemorações contra o fuzilamento de Ferrer,
3 — "Iniciação química", de Darscns, ilustrado com 33 gravuras. para os Salões Itália Fausta em nome de " U m a Comissão de Livre-Pen-
4 - "Iniciação matemática", de Laisant, ilustrado com 103 gravuras. sadores Brasileiros", da Escola Moderna nP 1, e da "Sociedade de Repa-
5 - "Iniciação zoológica", dc Bruckcr, ilustrado com 165 gravuras. triación y Instrución" cobrindo programas ambiciosos.
Catálogo de livros em espanhol, m u i t o instrutivos em edições económicas.
Condensando pensamentos de discípulos de Ferrer em t o r n o da
Cada volume brochado 1 $ 8 0 0 .
Cada volume encadernado 2 $ 2 0 0 . Escola Moderna, e fazendo deles " U m problema a resolver", a " V o z d o
Pelo correio mais 200 réis por volume. Povo 8 8 " reproduzia:
A. Hamon - Determinismo y responsabilidad.
- Psicologia dei socialista anarquista. " O homem mau está condenado a sofrer eternamente as desgraças que o
- Socialismo y anarquismo. afligem. A sua inteligência dissipa, dia-a-dia, as trevas que o obscurecem e confun-
" - El mal dei Siglo X X . dem, sua vontade está melhor determinada, sua liberdade se educa. Chegará o dia,

66 67
não há dúvida, tempo em que, conhecida já a lei da humanidade, suas relações A DIRETORIA DA INSTRUÇÃO FECHA AS ESCOLAS
prosseguirão perfeitamente de acordo com os destinos de raças. A liberdade e a
MODERNAS
fatalidade serão então coisas idênticas, não haverá motivos para lutas, e uma au-
réola inestinguível de paz circundará a fronte do infante ao surgir do seio mater-
Sem nenhuma condenação â morte - como aconteceu em Espa-
no."
nha - os fundadores da Escola Moderna receberam uma tenaz oposiçãc
do clero e das autoridades.
Ainda em 1920, quando as autoridades paulistas mandavam fe-
Segundo j o r n a l 9 0 da época - em Campinas - os trabalhadores da
char as modestas Escolas Modernas, A Plebe* 9 inseria resolução da Con-
Liga Operária receberam a pronta reação e o combate do clero e seus
federação Nacional d o Trabalho ( C N T ) espanhola aprovada em Congres-
devotos contra sua escola.
so para ilustrar os seus leitores e propagar o Ensino Racionalista.
Do documento, extraímos os seguintes pontos: "Primeira: Neces- A Lanterna 9 1 começava assim artigo intitulado " A Escola Moder-
sidade de criar um comité pró-instrução, agregado ao Comité Confede- na e os Católicos": " T e n h o em frente três folhas católicas que se ocu-
rai, que se encarregue do seguinte: pam do projeto da Escola Moderna em São Paulo, fazendo-o, como se
calculará, com as armas que lhes são familiares: a calúnia vil e o apodo
a) A criação de uma Escola Normal Nacional, onde se elabore a matéria-pri- grosseiro, o ódio, de exploradores e a intolerância de fanáticos".
ma, o u seja, o aperfeiçoamento de alguns camaradas já iniciados nos conhecimen-
tos pedagógicos ou alguns discípulo! (So escolas racionalistas. Nos números seguintes A lanterna 91 reproduz de jornal católico
b) Que na dita Nonnal Nacional sejam recolhidos e educados os filhos ór- apostólico romano:
fãos das vítimas dos atropelados sociais, aproveitando para o professorado os q u -
demonstrem inclinação e capacidade. "Mas infelizmente assim não sucedeu: todo o mundo já sabe que em São
c) Ajudar moral e materialmente os sindicatos que, conhecido o seu esforço Paulo trata-sc de fundar uns institutos para a corrupção do operário, nos moldes
máximo para pôr em prática esta necessidade, não possam chegar a sua realização. da Escola Moderna de Barcelona, o ninho de anarquismo de onde saíram os piores
d) Para pôr em execução o exposto dever-sc-á estabelecer uma cota obriga- bandidos prontos a impor suas ideias, custasse embora o que custou.
tória, que poderá ser de dez cêntimos ou de uma peseta anual, que serão adminis- Ora, uma tal casa de perversão do povo vai constituir um perigo máximo
trados pelo citado Comité Nacional pró-instrução. para São Paulo. E 6 preciso acrescentar que não somos só nós os catóbeos que
ficaremos expostos à sanha dos irresponsáveis que saíssem da Escola Moderna.
Brasileiros e patriotas, havemos todos de sentir o desgosto, uma vez realizados os
O Congresso, depois de acordar que para se executar o já exposto, intuitos da impiedade avançada, de ver insultada a pátria, achincalhadas as nossas
se encarregue a Liga dos Professores racionalistas, decide mais: autoridades, menoscabadas as nossas tradições de povo livre, por cstrarçciros
ingratos que abusam do nosso excesso de hospitalidade e tolerância."
"Que os sindicatos que tenham forças e meios para o fazer instituam ime-
diatamente essas escolas e que tanto o Comité pró-instrução como os sindicatos E continuavam:
ao abrir essas escolas tenham em conta as normas naturais c lógicas do ensino, A Escola Moderna vai pregar a anarquia, estabelecer cursos dc filosofia
detendo limitar o número de alunos;que as escolas reúnam todas as cortdições de transcendental, discutir a existência dc Deus e semear a discórdia... Depois, será a
higiene, ventilação e alegria necessários e que os professores sejam retribuídos dc dinamite cm ação ^".
9

forma que não tenham que recorrer a outras ocupações para poder viver com
A Terra Livre 94 também abria espaço para comentar os ataques
decoro.
do "clero e do beatério" que proclamavam "seu despreso por Ferrer,
Para desenvolver a Cultura os sindicatos terão escolas para rdultos, com
carater preparatório a fim dc que os indivíduos adquiram os conhecimentos bendiziam sua condenação à morte e rezavam para que as autorida-
necessários para desempenhar os cargos administrativos e delegações para desen- des prendessem os anarquistas e, como na Espanha, fechassem suas
volver com acerto a propaganda, forma de sustentar as discussões com boa norma escolas".
e pô-las ao corrente de toda a legislação social e internacional."
De 1910 a 1919 a campanha clerical contra a Escola Moderna não
Louvável a nobreza do Proletariado espanhol! Louvável a força deixou de ouvir-se, muitas vezes descendo às mais reles mentiras.
que os anarquistas e alguns livre-pensadores brasileiros fizeram para i m -
Apavorava-os a ideia de que o proletariado educado e instruído
plantar a Escola Moderna no Brasil!
pelos métodos da Escola Moderna deixasse de ser submisso, rebanho,
Estas iniciativas dignificam o homem mesmo contrariando as au-
cego e surdo à realidade do seu mundo. Que passasse dc operário sem
toridades que fecharam as escolas em São Paulo.

68 69
opiniJo própria a produtor consciente, capaz de se autogovernar, e se O senhor que, cm acesso de benevolência, "concedera" ao seu súdito o fa-
recusasse algum dia a trabalhar para alimentar padres... e todos os para- vor de poder lecionar, "há por b e m " , dispensando-se dc um apoio na lei (usando,
apenas das suas prerrogativas majestáticas) retirar a sua graça e ordenar o sik*nck>
sitas que nunca souberam quanto esforço humano custa o que comem e
imediatamente. em caráter definitivo.
a riqueza que acumulam. A lei só acudiu ao espírito da Diretoria Geral, em relação à Escola Moderna
E tanto protestaram que as autoridades ouviram e fecharam as n? 1, de que o paciente é diretor, unicamente como sanção ao " u k a s e " dc não
escolas dos "malditos anarquistas". funcionar " d e hoje cm diante, sob as penas da l e i . "
Eis o resultado na voz da imprensa paulista: E m seguida, o dr. Luiz Quirino rebate a acusação de que a Escola Moderna
n° 1 fizesse propaganda anarquista. Mesmo que assim fosse, prova, citando Carlos
" O Sr. João Penteado, diretor das Escolas Modernas, recebeu, hoje, um
Maximiliano, no "Comentários à Constituição Brasileira", que esta permite "até
ofício do sr. Dr. Oscar Thompson, declarando que, tendo sido verificado pela
a propaganda da doutrina anarquista'', opinião essa que c também dc Black, cons-
Secretaria dc Justiça, que as referidas escolas "visando a propagação das ideias
titucionalista americano, refcrklo pelo ex-ministro da Justiça, sr. Wenceslau Braz,
anárquicas c a implantação do regime comunista ferem de modo iniludível a
e acrescenta:
organização política e social do país", conforme numerosos documentos àquela
diretoria enviados, resolveu cassar a autorização dc funcionamento concedida à "Quando mesmo, porém, certos sistemas políticos estivessem irremissivel-
eJCOsl n? 1, sita à avenida Celso Garcia, 262. a qual deverá ser desde logo fechada. mente condenados peto nosso código fundamental, recalcar a sua manifestação
A mesma intimação foi feita 0001 relação à Escola Moderna n° 2, que, sob a verbal pela arbitrariedade e pela força seria criar a dedicação e o entusiasmo do
regência do sr. Adelino de Pinho, funcionava à rua Maria Joaquina, n? 13, escola martírio, em que se transfigura toda a opinião perseguida e seria, por conseguinte,
essa que segundo alega o diretor de Instrução não preenchera as condições legais. "não deixar senão o recurso fatal das revoluções", como já receava Pimenta Bue-
n o , em tópico que se relê no livro há pouco c i t a d o . "
A propósito, procurou-nos o sr. João Penteado, que é pessoa possuidora
da necessária habilitação moral e profissional, para declarar que a escola sob sua O Tribunal resolveu pedir informações à Secretaria de Justiça e
direção existe desde 1912, nunca tendo dado margem aquakjucr nota desfavorá- Segurança Pública, e tempos depois seria finalmente julgado sem êxito
vel. Não renega as suas ideias libertárias, mas a escola de forma alguma tem cará- para os racionalistas.
ter sectário, tanto que os livros ali adotados são os mesmos dos estabelecimentos
" F o i ontem novamente submetido a julgamento, no Tribunal da Justiça, a
dc ensino público. Por outro lado, os pais dos alunos estão satisfeitos com a ins-
ordem de "habeas-corpus" impetrada peto sr. João Penteado, diretor da Escola
trução ministrada a seus filhos.
Moderna n? 1, fechada por determinação da Diretoria Geral dc Instrução Pública.
Relativamente à escola a cargo do sr. Adelino dc Pinho, sc ainda não estava
Foram lidas as informações prestadas pela policia. D i z esta que o sr. Pen-
regularizada a sua situação, é certo que sc tratava disso, conforme documentos
teado é um agitador anarquista, com longo prontuário. Há tempos, íez conferen-
que nos foram mostrados.
cias nesse sentido pelo interior do Estado. Agrediu um oficial, durante a greve de
O sr. João Penteado julga-sc vítima de uma violência úiqualificávcl e as-
j u l h o de 1917, motivo peto qual esteve preso. Pregava ideias subversivas nas au-
severou-nos ignorar quais sejam os documentos referidos no ofício do sr. Oscar
las, conforme alegara um pai de aluno. que. por isso, deixara dc Irequntar a escola,
Thompson " 9 5

etc. . Foram juntos vários boletins da Escola Moderna, com trechos assinalados a
' Reagindo ao fechamento da Escola Moderna o professor Joâ"o lápis de cor.
Penteado entrou com pedido dc "Habeas-corpus" no I r ibim.il dc E m seguida, o procurador do Estado, dr. João Passos, levantou a preliminar
Justiça. de não se tomar conhecimento da ordem. Essa preliminar foi rejeitada, diante da
opinião d o dr. Pinto de Toledo, fazendo ver que o Tribunal não podia voltar atrás,
Eis a defesa do advogado da Escola Moderna: visto como, ao solicitar anteriormente informações à Secretaria da Justiça, impli-
" O ofício do diretor da Instrução Pública encontrou um texto dc lei para citamente tomara conhecimento do "habeas-corpus".
citar cm relação à I.scola Moderna n° 2 (c que ainda não se achava funcionando O T r i b u n a l , então, mais uma vez converteu o julgamento em diligência para
regularmente), mas nenhum dispositivo de direito ofereceu à escola que e' dirigida requisitar informações ao sr. Secretário do Interior, contra o voto do sr. Campos
pelo sr. João Penteado. Contra esta, a referida diretoria aplica simplesmente o seu Pereira".
arbítrio, pois ela própria autorizara o seu funcionamento.
As expressões de que usa diz o impetrante se nao denotam "ideias NSo houve argumentos do advogado, dr Luiz Quirino dos Santos,
anárquicas" manifestam sem dúvida processos de pura autocracia, do mais ditato- que demovessem os defensores da lei e da ordem.
rial absolutismo. Às palavras em que dá conta da sua resolução lembram os decre- Fechadas as escolas, salva a pátria, João Penteado e Adelino dc
tos dos soberanos dc origem divina: " H e i por bem... cassar a autorização dc fun-
Pinho foram poupados de ter o mesmo destino de Ferrer.
cionamento concedida à vossa escola... a qual de hoje cm diante sob as penas da
lei está proibida de funcionar, bem como intimar-vos a fechar... imediatamente...
em caráter d e f i n i t i v o . . . "

70 7!
O 13 DE O U T U B R O O Libertário'™ estampa o retrato do mártir de Montjuich, come-
çando com estas palavras:
"Decorre a 13 do corrente o décimo oitavo aniversário do fuzilamento de
"Confabulai com os governantes, nunca!
Francisco Ferrer y Guardia.
Exercei os nossos direitos, sempre!
Não i ignorado, principalmente da parte dos homens que se interessam pe-
Francisco Ferrei
las transcendentais ideias de emancipação humana, quão valioso foi o concurso
As escolas foram fechadas em São Paulo, mas Ferier confinou desse homem que, em holocausto ao futuro radioso da humanidade, perdeu a vida
nos fossos de M o n t j u i c h " .
sendo lembrado na imprensa anarquista.
E finalizava: .
Em 13 de outubro de 1921. foi comemorado em Silo Paulo, pela
O Libertária, relembrando o crime ao passar o 18° aniversário do seu co-
União dos Artífices em Calçados, em Sorocaba. Curitiba, l^gcado. Rio metimento, eleva bem alto as palavras de I errer ao ser assassinado, para que sejam
de Janeiro e no Rio (írande do Sul. ouvidas por todos os países, por todos os sedentos de luz e de liberdade, os miais,
O mesmo repetiu-se em 1922: A imprensa libertária ilustrou a pri- um dia, hâo-de saber destruir de uma vez para sempre todas as injustiças sociais,
gritando com cie ao lhe serem apontadas as carabinas: Viva a t.scola Moderna]
meira página com o retrato de Ferrer.
Cultura Proletária'*'' também exaltava a figuia de Ferrer em 1927.
A Plebe 96 de 13 de o u t u b r o de 1923 dedicava três partes do seu
espaço a Ferrer, estampando na primeira página o seu retrato c o seguin- O movimento libertário e anarco-sindicalista foi altamente tepri
te poema: mido durante o reinado bernardista. Enfraquecidos retomaram a luta
Francisco Ferrer durante o governo W l.uiz. sondo surpreendidos pela revolução de 1930.
Começaram então a propaganda e fundação de novos sindicatos sob o
... Naquele tristíssimo e fatídico dia, comando do Ministério do Trabalho. Os trabalhadores desorientados,
cm que a mâo do terror, do Crime e da Vii^ança sem bússola, principarani a 'aderir" paia obter sua carteira profissional,
marcou a rude c trágica hora da agonia
sem a qual não podiam trabalhar. O P. C. B. participou dessa empreita-
do mais sincero amigo e protelor da Criança,
da governamental indicando u m delegado Joaquim Barbosa que
por toda a parte em que o Saber rcsplandescia, mais tarde discordou da orientação, escreveu uma longa catta-aberta e
e onde a luz da Razão era a luz da I sporança. fora irradiado do partido que ajudara a fundar.
Uma onda de dor, de mágoa e rebeldia
No Rio de Janeiro, os anarquistas que conseguiram escapar vol-
transformou cm revolta a paz serena e mansa...
tam à luta. Em 13 dc o u t u b r o de 1932. José Oiticica proferia importan-
Era a triste, a pungente, a funda, a dolorosa te alocução em homenagem a Ferrer na sede da Liga Anticlerical. No
e cruel notícia de haver sido fuzilado Sul ainda sc publicam jornais e realizam congressos. Eni SfO Paulo, rea-
a mais nobre criatura, alma mais generosa parece o Centro de Cultura Social Edgard Leucnroth lança novamente
A Lanterna* 00 semanal.
que existia em Espanha! Era o Bem, a Verdade
No seu número de 12 de outubro dc 1933 !<>sc Oiticica escrevia:
que na bela missão do seu apostolado
a vida sacrifica cm prol da L i b e r t a d e
97
O assassínio dc Ferrer c uma lição </<• História i na ( ontcniplemos. no
cenário da Ferra, a inevitável transição da huntúfHdadt sol redor a para a
De 1923 a 1926, A r t u r Bernardes, governando o tempo todo em humanidade redimida
estado de sítio, fechou as associações operárias. Centros de Cultura So- Ferrer è um símbolo Sua - ida um prenioh H> Sua morte unia de-
cial e a imprensa anarquista. Deportou para o campo de concentração finição.
do Oiapoque na Clevelándia os mais destacados idealistas, onde os que A Plebe de 14 de o u t u b r o lambem lembra o mártir de Mont-
não conseguiram fugir morreram. Por isso. durante esse período dc de- j u i c h e anuncia conferência de Maria de Lacerda de Moura sobre O Pro-
portações as manifestações contra o assassinato de Ferrer nao se ou- blema da Educação, th) Pensamento e no Idealismo dc Ferrer, o mártir
viram. do Ensino Racionalista.
Mas logo que o terror abrandou, os libertários e o proletariado do O ponto alto das alocuções à memória do mártir da Escola Moder
Brasil voltam a falar da Escola Moderna c do seu fundador.

73
A obra forte e vivaz do pensamento
na em 1933 f o i a Comemoração de Francisco Ferrer no "Paraizo ".
102

Não depende de u m homem, de uma vida,


Quem o informa é A Plebe:
Não se destrói à bala n u m m o m e n t o :
"Éramos vinte e cinco; vinte e cinco presos sociais. Embora divergentes em
princípios e nos métodos dc luta, entre todos os que nos achávamos no dia 13 de Pelo progresso humano é produzida,
outubro entre as grades da cela nV 8 do "Paraizo", comemorou-sc conjuntamente Nasce, cresce, íloreja do fermento
a passagem do 23? aniversário do fuzUamento de Ferrer." Da aspiração dos povos reunidaI
" O Camarada Hermínio abriu a sessão com u m discurso substancioso e
eloquente." Raymundo Reis
"Acabou-se a sessão com notas vibrantes de A Internacional, e c o m o hino
Filhos do Povo. entoados por todos os presentes e com aplauso geral de todos os 1 - Amigos e Inimigos da Escola Moderna:
recantos do p r e s ú l i o . "
,aJ

E m Campinas, Ferrer também f o i lembrado. A o ato comparece- O Novo Mártir, a torva monarquia.
No sangue d'um herói se dessedenta!
ram representando A Lanterna. Joio Penteado e J . Gavronski, e falaram
Vítima imbele de paixão cruenta.
J . Carlos Bôscolo e Maria Lacerda de Moura.
Caiu Ferrer nas mãos da tiraniaI
E m São Paulo, a " L o j a Maçónica Cesare Battisti - Francisco Fer-
r e r " fez realizar no dia 2 1 , à rua Tabatinguéra, 37-A uma imponente co- Entre as paredes da prisão sombria
memoração. Usaram da palavra Francisco Frola e o "companheiro Ger- Sofrem, sereno, os raios da tormentaI
minal S o l e r 1 0 4 " Da morte, ao longe, a face pardacenta,
A pouco e pouco ela chegando, via!...
No S u l , quem fala de Ferrer e das comemorações naquele Esta-
do do Brasil é Polydoro S a n t o s 1 0 5 , n u m excelente artigo intitulado: Mas, apesar de tanto sofrimento
Ferrer e a Humanidade - 1909 - 13 de outubro - 1933. Pode, lúcido, ter o entendimento
E ter piedade para algozes seus!
Resistindo à pressão governamental pré-fascista, contestando os
sindicatos dirigidos pelo Ministério do Trabalho, os anarquistas concen- Não quis, entanto, o condenado à morte
tram-se na Federação Operária de São Paulo, c o m sede na rua Q u i n t i n o Volver o olhar, em místico transporte,
Para o inclemente e miserando D e u s 1 0 7
Bocaiúva, 80. A l i promovem conferências em defesa do sindicalismo
livre, apolítico. 2 - Mas que se pensou, que se escreveu, que se imprimiu? Re-
Transformada em reduto d o anarco-sindicalismo, a sede da Fede- putações a doutrina? Acusações documentadas, baseadas em fatos?
ração Operária de São Paulo é também lugar de grandes assembleias da Não! Calúnias, calúnias e mentiras vis)
Comissão Pró-Escola Moderna. E m 28 de j u n h o de 1934, ainda se reali-
zava uma "assembleia de real importância para a vida deste móvel orga- Mais de uma vez crisparam-se com raiva os nossos punhos, mais de uma vez
nismo de cultura pedagógica e s o c i a l 1 0 6 , e publicava-se a segunda parte a nossa mão apertou nervosamente a pena, não podendo conter a indignação pro-
de u m poema dedicado a "Francisco Ferrer". ( A primeira parte apare- duzida pelas infâmias e pelas baixezas inconcebíveis que sobre a obra de Ferrer
ceu c o m o nome de Beato da Silva, pseudónimo de Raymundo Reis) se tem espalhado.
Mas depois veio o raciocínio que predomina nas mentalidades livres das i m -
pulsividades fanáticas dos sectários que saem dos seminários e dos quartéis, e a i n -
No universo, nesta hora, ainda ressoa dignação cedeu o seu lugar ao mais profundo desprezo.
O estrépito fatal desaa descarga E com a calma e a serenidade de quem tem a consciência tranquila e enca-
Que arrebatou a vida doce-a marga ra as coisas pelo lado real, assistimos ao desfilar dos insensatos, dos canalhas e dos
Desse heróico Ferrer de alma tão boal obtusos. E vimos uma parte da imprensa tentando justificar o crime, porque ele
tinha sido consumado "legalmente"; uma recua de jornalistas, com o perfídio O l i -
O Homem morreu... No entanto, nada embarga veira e Silva à frente, atuando punhados de lodo ao cadáver de Ferrer, tendo co-
Sua obra, que a treva amaldiçoa mo única base para formular as suas acusações - um documento'falso I ; a sinistra
Mas que hoje, enfim, por toda a parte ecoa, silhueta dc u m sr. Mediano, bem mediano por certo, e jesuíta de casaca; a nojen-
Numa explosão de luz fecunda e largai

75
74
ta figura de um tal Francisco Fernandes; a estupidez de um chamado Pontevedra;
6 - "Está provadíssimo — diz uma folha carioca - que Ferrer era ino-
o maléfico padre Petra; a estultice de um desequilibrado padre Gomes Gonzales,
cente. Provadíssimo parece que Ferrer tinha um grande amor à humanidade.
de Patrocínio dc Muriaé; as "inocéncias" de uma senhora que por aí anda litera-
Ficará provado que Ferrer amava os filhos? Se os amava, era de uma sin-
teando, chamada Carmen D o l o r e s .
gular maneira...
1 0 8

3 - Excelentíssimo senhor: Os prelados da província eclesiástica de Se- Ferrer, que sabia gerir os próprios interesses, deixou uma grande fortuna.
vilha, juntamente com o clero e fiéis da mesma, dirigem-se respeitosamente a Mas os filhos e os netos dele n i o terão um real. Tudo quanto possuía irá metade
V . Exa., expondo: oponha-se à mortífera propaganda das doutrinas cem vezes para um anarquista de Londres, metade para Soledade Villafranca, a mulher que
condenada pela Igreja, a enérgica eficácia das leis que tendem a garantir os inte- com ele vivia. Assim o ordena o seu testamento.
resses religiosos e por conseguinte todos interesses sociais. Deus ilumine a mente Ferrer tinha três filhas. A mais velha. Trindade, ganha o pão em uma fá-
de nossos governantes, movendo seus corações para que encaminhem seus atos brica de biscoitos; tem dois filhos cm vésperas de terceiro. A segunda. Paz, é ar-
a extirpar pela rais o câncer da revolução anticristã que nos corrói, se é que não tista, estava em Paris, ficou muito nervosa, ama a cena e já estreou. A terceira.
nos afronta." Sol. foi abandonada pelo pai criancinha ainda.
Ferrer deixou-lhes apenas o que a lei espanhola obiiga: 1.260$ da nossa
" D o i n t i m o do coração o pedimos ao Pai das misericórdias, por interces-
são de sua Santíssima Mãe a Virgem Maria °" 1 9
moeda a cada uma, mas pedindo-lhes que não aceitassem quantia tão ridícula.
Estranho p a i " ! 2

4 - 0 Anarquista Francisco Ferrer fuzilado. tJuisiM o b i t n a a H anaon si> •tnaniUiseqa» j b i U . a f t m U o v w a h a r r v t a t t a B V

Nada mais natural. Direi mais: nada mais justo. 7 - l i m o . Sr. Benjamin Mota.
" E se os juízes militares condenaram, é que não podiam deixar de o con- Redator do jornal mais ordinário que existe cm São Paulo.
denar. Os incêndios, os saques, as pilhagens, os estrupos, os crimes inauditos de Bandido! você não conhece o u t r o meio de ganhar a vida sem ser preju-
que foi teatro a capital da Catalunha, insuflados, ordenados por Ferrer e exe- dicial ao Clero? Pois olhe, o meio mais fácil e mais limpo que esse é roubar; pois
cutados pelos seus horrendos e bárbaros sequazes e partidários. Covardemente, que você roubando dá prejuízo à o u t r e m e não como ser anticlerical, que pre-
Ferrer abandonou seus amigos. judica todos nós reugiosos e faz com que decaia a nossa sagrada religião. Não seja
indecente e especulador (digo ladrão disfarçado) com esse imundo e indecente
E fugiu."
pasquim de bosta que se intitula Lanterna, pode ser lanterna de salteador e não
' T e n h a paciência os nossos, aliás cautelosos, Revolucionários "en Pan- um jornal excomungado como essa bosta de s/propriedade. Às o r d e n s . 11 3

toufles": o seu Herói foi fuzilado. Desta vez, as bichas "não pegaram". As suas
invectivas e as suas ameaças ecoaram no deserto da indiferença e do desprezo 8 - Ruy Barbosa, no seu discurso na Academia de Direito, disse:
público.
"Não obstante o odioso tipo de Ferrer, as suspeitas de quebra da integrida-
A Espanha não sc mexeu. Barcelona, em completa calma. de judicial no seu processo levantaram de Continente a Continente um movimento
Só os arruaceiros c os sentimentalistas mórbidos clamaram contra o " C r i - gera! contra a inexorabilidade do governo e s p a n h o l " 1 1 4

me de M o n t i j u i c h .
Cartas de Ferrer
1 1 0

5 - " J o r n a l do Comércio" - Publica na " G a z e t i n h a " uma carta do depu-


9 - Acabam de levantar a incomunicabilidade em que há um mês estava
tado espanhol dr. Meridiano, que ocaaonalmente se acha nesta capital, a propó-
encerrado, mas ainda não consegui ler uma carta o u um j o r n a l . Vou tentar contar -
sito do bárbaro assassinato " l e g a l " de Francisco Ferrer.
lhe o meu caso.
"Ferrer não possuía nenhum título científico que o abone e de um sim-
ples revisor de bilhetes de uma companhia de Carris da Catalunha passou impro- Pela minha carta do dia 10, já sabe que não tive o menor conhecimento do
visadamentc a educador, fundando a Escola Moderna de Barcelona c arvorando - projeto de greve geral em 26 de j u l h o , em sinal de protesto contra a guerra de Mar-
se em professor." rocos; no entanto, não sei como correu o boato de que eu tinha sido o promotor.
Mas, fosse como fosse, não me importei com isso, certo como estava de
No conceito do deputado Mediano o principal objetivo da Escola Moder-
não ter tomado a minha parte no movimento e calculando que me deixariam abso-
na era ensinar contra Deus, a Pátria e a Sociedade c do seio dessa escola saiu
lutamente sossegado, quando uma pessoa da minha família, chegando a toda a
o anarquista Mateo Moral, que, como devem estar todos lembrados, atentou
pressa de Alella, me contou ter ouvido uma rapaziada dizer que eu estava em Pre-
contra a vida do rei Affonso 13 no dia do seu casamento com a rainha Eugênia
mia, disposto a incendiar um convento, acompanhado por um bando de revolto-
Victoria.
sos. Isto deu-me que pensar. Note-se que não houve um só convento incendiado
O processo a que foi submetido Ferrer, consoante o esclarecimento do
em Premia e que naquele momento eu ainda não tinha estado naquela aldeia. Por
dr. Mediano, foi perfeitamente regular, não havendo nenhuma intervenção do rei
este motivo, preparei a minha partida para o dia seguinte c f u i alojar-me, durante
que de acordo com a lei espanhola não pode beneficiar os condenados com o seu alguns dias, em casa de amigos, para deixar passar este estado de excitação c para
indulto sem a iniciativa do m i n i s t é r i o .
111
ver dc ali a pouco os espíritos acalmados.

76 77
nal do Livre Pensamento. Como eu tinha declarado que não pertencia a nenhum
Mas no dia 29 de agosto l i nos jornais que o promotor do Supremo Tribu- partido político o u revolucionário, consagrando-me simplesmente à educação ra-
nal dissera à saída do palácio, onde fora ler ao rei o seu relatório, que eu fora orga- cionalista, j u l g o u que eu estava em contradição, porque na t a l nota fazia declara-
nizador do movimento revolucionário em Barcelona e nas povoações da Costa ma- ções revolucionárias.
rítima. Entàb, nâo pude conter-me e, contra a opinião dos meus amigos, revolvi
A l u d i u depois a vários documentos da mesma natureza, mas observei-lhe
apresentar-me às autoridades para protestar contra tais boatos e afirmações, em-
bora viessem elas de muito alto.
que tudo isso já fora discutido em 1906 e 1907, durante o meu primeiro processo.
A seguir, apareceu a coisa terrível: um apelo revolucionário, que a polícia diz ter
encontrado em minha casa documento que eu nunca vi c que tinha aparência de

Perante o Governador de Barcelona ser m u i t o antigo. O juiz acrescentou que esse apelo fora descoberto na presença de
meu irmão, de minha irmã e de Soledad. Respondi-lhe que não sabia como esse
papel aparecera em minha casa e afirmei peremptoriamente que nunca o tinha vis-
Deixei a casa dos meus amigos na noite de 31 de agosto para chegar sem to. I ala-se aí de incendiar conventos, exterminar congregações e destruir as casas
obstáculos a Barcelona e aí apresentar-me livremente Mas não falara com os "so- bancárias. Compreendi então que queriam tornar-me respnsável por t u d o , embora
matenes" (agentes da polícia rural) da minha aldeia, que me prenderam e, apesar não tivesse feito coisa alguma.
das minhas súplicas, em vez de me conduzierem ao juiz, me levaram ao Governa-
dor de Barcelona. Os camponeses - todos me conheciam - foram para comigo de
uma selvageria revoltante. U m , especialmente, de nome Bernardo Miraria, que me
apertou fortemente os cotovelos com uma corda, ameaçou-me várias vezes de
queimar os miolos com a sua carabina, dizendo que eu era o homem mais perigoso A escolha de um defensor
da Terra, o
segundo que tinha ouvido dizer e lido nos jornais.
Passaram-sc 10 dias, e a 19, tornando a defrontar o j u i z para o segundo i n -
Durante seis horas guardaram-me na Casa ComunaL E m certa altura pedi de
terrogatório, protestei de novo contra a inclusão desse documento no meu proces-
beber; trouxeram-me uma bilha de água fresca e o tal Bernardo não quis desligar -
so, declarando que correspondia a uma falsidade da polícia o u do j u i z , visto que se
me da corda para a
eu matar sede. Ofereceu-se para me deitar, ele próprio, a água
afirmava que fora descoberto na presença, de minha família. A busca dada em m i -
na boca. o
Recusei e Bernardo t o r n o u a levar a bilha.
nha casa em Mougat, no dia 11 de agosto, perante a minha família, u m tenente da
Registro o fato apenas para mostrar o estado de espírito dos clericais a res-
Guarda Civil e de duas autoridades locais, só tinha produzido, após 12 horas de es-
peito da minha pessoa.
forços, a apreensão de três documentos: uma carta de Charles Albert dirigida a
Uma vez, em frente do Governador de Barcelona, este funcionário disse-
me, respondendo aos meus protestos de inocência, que a leitura dos livros da Es• meu irmão, uma carta de Anselmo Lorenzo, falando de um empréstimo de 700
cola Moderna bem podia ser uma das primeiras causas da rebelião; era pois respon- pesetas que fiz i Solidaridad Obrera para instalação de sua sede, e uma cifra para
sável. Depois, seguiu-se o primeiro interrogatório feito pelo major Vicente Llivina me corresponder com Lerroux, organizada há muitos anos.
y Fernandez, o j u i z militar incumbido da instrução do meu processo. Era no dia
da minha prisão, o dia
1? de setembro à tarde. Tive, no decurso desse interrogató- interrogatório versou cm seguida sobre um borrão de apelo revolucioná-
rio, a impressão de que o j u i z estava animado de um verdadeiro espírito de justiça rio, que tinha feito em 1892, durante o Congresso do Livre Pensamento, reunido
e que me não conservaria por muito tempo enclausurado. Mas passaram-se quatro em Madrid. O juiz pretendeu ter uma certa relação entre o que então escrevi e o
dias tem que fone chamado novamente ao juiz. A o quinto dia, porém, reclamou- que se acabava de passar, em julho de 1909, isto é, 17 anos depois! O juiz saiu dei-
se a minha presença. xando-me imerso em profunda angústia. Prometi a m i m mesmo protestar com to-
das as m i l h a s forças no próximo interrogatório conUa essa tendência em se querer
encontrar no meu passado provas para justificar os fatos presentes.

Um documento apócrifo O j u i z anunciou-me que já tinha concluído o estudo do meu processo, que
vou ser julgado em um destes dias pelo tribunal militar e dissc-me que escolhesse o
Não era, afinal, o mesmo juiz.' Era o u t r o , um major de nome Valério Pazo, meu defensor em uma lista de oficiais que eu não conheço. Declarei-lhe então que
no qual não tardei a descobrir o "Becerra dei T o r o " (o promotor no primeiro pro- tinha muito que dizer sobre o procedimento da polícia. O juiz respondeu-mc que
cesso de Ferrer) de execravcl memória. O seu primeiro ato f o i o de ordenar, feita a lei militar se não parece em coisa alguma com a lei civil.
por dois médicos militares, uma verdadeira exploração ao meu corpo, a fim de ve-
rificar se tinha vestígios de golpes o u feridas recentes. Os médicos examinaram-me Está, portanto, tudo acabado; vou ser dentro em pouco julgado por ho-
da cabeça aos pés com uma t a l atenção que, se por desgraça ou tivesse ferido aci- mens que, receio b e m , não terão o espírito suficientemente liberto para apreciar
dentalmente, mandar-me-iam fuzilar sem perda de tempo. serenamente os fatos que me são atribuídos. Continuarei a escrever, se puder; ago-
No dia 9 de setembro realizou se o primeiro interrogatório desse juiz, no ra smto-me muito fatigado. Resta-me dizer que o meu mês de incomunicabilidade
decurso do qual pareceu dar muita importância a uma nota bibliográfica enviada f o i muito d u r o , em local infecto, sem ar nem luz, com uma alimentação de força-
em 1907 a Furnimont para ser publicada no almanaque da Federação Internado- do. ( preciso ser sólido para resistir a tudo i s s o .
115

78 79
10 - Meu caro senhor. mais de umas 70.000, me era fácil retirar do banco ou fazer retirar por
segunda pessoa, durante o dia 26 de j u l h o em que estive em Barcelona,
Confirmo as minhas últimas cartas. dias ou semanas antes desta data ou durante a última semana de j u l h o ,
Escrevo-lhe hoje para protestar contra as anomalias e procedimen- ou ainda durante a primeira semana de agosto, repito, podia fazer reti-
to empregados no meu processo pelo j u i z instrutor. rar 20.000 pesetas que estavam à minha disposição.
Começarei por dizer que em lugar de empregar um mes em busca Qual seria o chefe ou autor de rebelião que o não teria feito?
da minha culpabilidade e perder tempo, pois não encontrou prova ne- Porém o j u i z não se ocupou da minha inocência.' O j u i z só tinha o
nhuma, nflo podendo considerar como provas umas declarações de cin- afã de buscar culpar-me, e fez até ao fim quanto pôde para que se me
co ou seis republicanos, que dizem supor, crer ou pensar que eu era prr> considerasse culpado.
tetor da Solidaridad Operária e que por conseguinte "devia ser" o chefe Como prova da sua má vontade, basta o fato de me haver dificul-
da rebelião, tivesse empregado somente dois dias em busca da minha tado, desde o dia em que me foi levantada a incomunicabilidade, a leitu-
inocência, segundo pedi na minha primeira declaração, não teria havido ra dos jornais do més de setembro, que todos os dias reclamava com in-
processo e ter-se-ia evitado o escândalo que em descrédito da Espanha sistência, para poder inteirar-me do que a meu respeito se dizia.
se está dando por toda a Europa civilizada. Até ao dia 6, isto é três dias somente antes do Conselho de Guer-
Se ao menos o j u i z tivesse feito ambas as coisas ao mesmo tempo, ra, não recebi as coleções pedidas.
se buscando provas da minha culpabilidade as tivesse procurado tam- Então não tinha tempo para fazer retificar as injúrias propaladas
bém da minha inocência, ter-se-ia inteirado, pelas participações dos poli- pela imprensa clerical e amiga do governo, e desta maneira se conser-
ciais que me seguiam quando de Mongat a Barcelona, de que só poucas vou o ambiente adverso para m i m até ao próprio momento de terem de
horas passava aqui e que as empregava em ir á minha livraria editora ou julgar-me.
em visitas a outras livrarias, nunca tomando carros para que os espiões De todas as injustiças propaladas pela imprensa, não quero ocupar-
não julgassem que eu desejava fazer-lhes perder a pista, com exceçáo me das que referem à última semana de j u l h o , porque ficam desmenti-
do dia em que se enterrou minha sobrinha, pois tinha pressa e levava das pelos próprios autos, lidos serenamente.
embrulhos. Há, porém, duas,, referentes a fatos anteriores de que considero
Poderia o juiz ter-se inteirado que durante as cinco ou seis sema- u m dever pedir a retificação suplicando zElCorreo Catalan, La Veude
nas que estive em Mongat l i cinco livros e a maior parte de um sexto Catakinya, ao A B C, de Madrid, e a El Castellano, de Burgos, que são
que de Londres havia trazido, e que com as anotações que lhe punha, os únicos diários que chegam a minha vista, tenham por bem inserir a
pois penso traduzi-los em Castelhano e editá-los por se tratar neles da minh.. rciificação no mesmo lugar onde deram notícias, não lhes fazen-
moral que se há-de ensinar nas Escolas, digo que o trabalho que tal lei- do diretamente o pedido por falta material de tempo.
tura e anotaçáo representa, tendo em conta que não leio muito correta- As duas notícias que desejo retificar são: uma, a da nossa passa-
mente o inglês, não podia efetuá-lo um homem que preparasse greves ou gem por Ronda, e a outra sobre o testamento da senhora Meunié.
rebeliões. Quanto a Ronda, dire. com verdade c em honra daqueles habitan-
Sobretudo que, examinados aqueles livros, chegar-se-ia ao conhe- tes, q le ninguém nos disse a menor palavra ofensiva, nem fez o menor
cimento de que quem deseja imprimir tais obras não pode ter fé na efi- gesto contra nós. No começo daquela viagem, quando três o u quatro
cácia de rebelião nem revoluções feitas por pessoas inconscientes. dias me inteirei da falsa notícia publicada por la Época, de Madrid,
Queixo-me também de me terem acusado dc uma operação de cré- mandei telegrama desmentindo-a; mas pelo visto publicam somente o
dito feito nesta praça com a sucursal do Banco de Espanha, dizendo-se que lhes agrada.
que nos meados de agosto intentei retirar os valores penhorados, não é Enquanto ao testamento da sétihora Ernestina Meunié, da qual so-
verdade; pelo contrário, quis renovar o crédito em 17 de agosto, como mente publicaram dois parágrafos e muitos comentários, apresento-me
costumava fazer todos os trimestres e se o juiz quisesse poder-se-ia intei- como um traidor, depois de ter enganado a minha aluna, devo pedir
rar de que, sendo o crédito de 90.000 pesetas, e não tendo eu gasto para se publicar o que a seguir digo, para que as coisas fiquem no lugar
que lhes correspondo.

BO
h l
A m i n h a a l u n a não i g n o r a v a as m i n h a s ideias e f o i , graças ao p r o - Q u e r e m mais provas? A í vão d u a s : A p r i m e i r a é q u e a única v i s i t a
cesso D r e y f u s , q u e t i v e ocasião de l h e fazer m u d a r as suas. q u e f i z e m o s a M a d r i d , c o m as senhoras Meunié e B o n n a r d , f o i à redação
D e católica e p r a t i c a n t e q u e era antes, c h e g o u a ser o q u e se verá dc " E l M a t i n " e as únicas pessoas c o m q u e c o m e m o s foram Nakens e
a seguir, u m a i n d i f e r e n t e , a i n d a q u e desejosa de i n s t r u i r - s e sempre e m alguns seus a m i g o s .
busca da v e r d a d e ; p o r é m , p e r d i d a já a fé cega q u e antes t i n h a e m t u d o o S e g u n d o , q u e e m A l e l l a , c m casa de m i n h a família, f o m o s i g u a l -
q u e da Igreja v i n h a . C o m o p r o v a d o m e u e n g a n o , c o p i a m d o t e s t a m e n t o m e n t e os trés, e c o m o a l i não ia n u n c a sem q u e se discutisse a questão
este parágrafo: religiosa, sendo eles t o d o s m u i t o católicos de b o a fé, teve q u e d i z e r
" D e s e j o m o r r e r n o seio d a m i n h a Santa M a d r e Igreja. O m e u e n - Meunié a m i n h a mãe, e isto m u i t o c a r i n h o s a m e n t e : " N ã o se i m p o r t e ,
t e r r o será s i m p l e s e r e l i g i o s o , e da importância líquida q u e se e n c o n t r e s e n h o r a , de F r a n c i s c o ter m u d a d o de ideias, p o r q u e ele é o h o m e m m e -
p o r m e u f a l e c i m e n t o empregar-se-á a q u a n t i a d e três m i l ( 3 . 0 0 0 ) f r a n c o s l h o r d o m u n d o . " M e u s o b r i n h o M i g u e l Solellas y F e r r e r , c a n d i d a t o d o
e m d i z e r missas (de preferência e m francês) p e l o r e p o u s o da m i n h a a l m a C o m i t é de Defesa S o c i a l nas últimas eleiçóes de B a r c e l o n a , poderá teste-
e pela dc m i n h a q u e r i d a mâ"e. O c o r p o deverá r e p o u s a r n o cemitério de m u n h a r este f a t o .
Montmartre". Por ú l t i m o , r e t i f i c o o f a t o de q u e a família F e r r e r , c o m o pn>va de
Nada mais. a ter e n g a n a d o , l h e t i n h a r e m e t i d o u m a s imagens de V i r g e m , não sei de
Mas e u p o s s o a j u n t a r q u e essa pessoa q u e , p o r u m a d e b i l i d a d e quê. N ã o f u i e u , mas a família B a t l l o r i . q u e p o s s u i u m a cervejaria na r u a
m o r a l m u i t o compreensível, nao se atreve a pôr e m seu t e s t a m e n t o q u e d o s M e r c a d o r e s , 26, desta c i d a d e , a q u a l n o s t e n d o c o n v i d a d o para j a n -
deseja ser e n t e r r a d a c i v i l m e n t e , d e i x a s o m e n t e 3 . 0 0 0 f r a n c o s para d i z e r t a r u m d i a e o b s e r v a n d o q u e a s e n h o r a Meunié t i n h a u m a exclamação
missas, mas p o r " u m a só v e z " , ao passo q u e n o m e s m o t e s t a m e n t o há de surpresa agradável ao ver a cara simpática d a q u e l a i m a g e m , o f e r e c e u -
u m a dádiva de u m a r e n d a de 4 . 0 0 0 f r a n c o s " a n u a i s " ao conservatório lhe p r o m e t e n d o m a n d a r - l h e a Milão.
de Música de Paris, p a r a q u e nos e x a m e s d e cada a n o , na seção de h a r p a ,
R e c u s o u p r i m e i r o , mas t a n t o i n s i s t i r a m ( t i n h a m a l i j u n t a s duas o u
se dê à a l u n a q u e o b t e n h a o p r i m e i r o prémio u m i n s t r u m e n t o d a q u e l e
trés i m a g e n s , parecidas) q u e p o r c o r t e s i a não sc a t r e v e u já a recusar.
preço.
Desculpe-me t a n t a massada, senhor diretor, e agradecendo-lhe
O u t r a doação há de u m a r e n d a " a n u a l " de m i l f r a n c o s a u m se-
m u i t o o f a v o r subscrevo-iue afetuosíssimo e a m i g o c e r t o .
nhor T r o i l i , escultor italiano.
F. Ferrer" 6

O u t r a doação d e u m a r e n d a " a n u a l " de n i l f r a n c o s a f a v o r d a sua


p r o f e s s o r a c u j o n o m e esqueci.
' O u t r a d o a ç ã o , a esta f o i c i t a d a p e l o s r e f e r i d o s diários, e m m e u fa-
11 - Germinal
v o r , de u m a casa e m Paris q u e r e n d i a " a n u a l m e n t e " u n s 18 m i l francos. Goa la razo y la verdad por guia
E , p o r fim, faz h e r d e i r o u n i v e r s a l o seu a d m i n i s t r a d o r , e não d e i x a Ia escuela es tierra augusta de inocencias.
E l maestro, sembrador que à las conciencias
n e m u m f r a n c o sequer n e m p o r u m a só vez, n e m a n u a l , a n e n h u m a das
fecundadores gérmens envia.
c o m u n i d a d e s religiosas q u e desde o t e m p o e m q u e sua mãe era viva sub-
v e n c i o n a r a e m Paris, e de t u d o isso p o d e d a r t e s t e m u n h o , se o q u i s e r , o I n virgens espíritos vacia
d i t o a d m i n i s t r a d o r , sr. C o p o l a . Q u e s i g n i f i c a isto? el maestro sus saberes y experiências.
A i n d a há m a i s . N a corresondência t r o c a d a e n t r e a s e n h o r a Meunié Aquelas infanliles existências
son el amanacer de un nuevo dia.
e e u , d u r a n t e anos, se poderá ver c o m o assistia c o m a s e n h o r a B o n n a r d
e c o m i g o a reuniões b r a n c a s , maçónicas, socialistas revolucionárias e de
Sembrador de las almas, essa tierra
livres petisadores e a má impressão q u e teve u m d i a q u e a c o n v i d e i a es tierra espiritual. Hasta cila el grano
i r m o s a u m b a n q u e t e de S a n F i l i p e , c o m o lhe c h a m a v a m os realistas Vaya sin me/ela de substancias impura.
franceses, e q u e c e l e b r a m cada a n o e m Paris os partidários d o p r e t e n -
V i la scmilla que t u mano enckrrra
d e n t e à c o r o a de França, d u q u e de O r l e a n s . E n v e r g o n h o u - s e de ter si- Geminai, es la escuela. De tus manos,
d o partidária antes de c o n h e c e r - m e . lia de salir Humanidad f u t u r a 1 1 7

82 83
REGULAMENTO
ANEXOS
Art. I Kica criada enlrv u n SÓCIOS da I i*:a Operária dc Campinas c outras
pessoas que queiram coadjuvar esta associação e sua escola, uma emissão de 2.000
ações, no valor de 5 $000 cada uma.
Documento n° 1: Art. II Estas ações receberão 3%anualmeiilc dc dividendos, sendo sortea-
da quando houver fundos.
U M A ESCOLA L I V R E A r t . I I I - Para garantia dos resgales e dividendos, a Liga oferecerá Rs.
1:200$000 anualmente a título dc aluguel do prédio ( 1 0 0 $ 0 0 por més) pelo que
A Liga Operária de Campinas t o m o u uma iniciativa bem digna de sc obriga.
nota dc simpatia, a aquisição de um prédio para o funcionamento da
escola infantil que ora está cm prédio impróprio e acanhado, procuran- DAS AÇOES
do baseá-lo o mais possível nos modernos princípios pedagógicos.
A r t . I V - As ações serão intransferíveis, podendo, porém, em caso de mor-
A escola não deve ser um lugar de tortura física ou moral paia as te do acionista, gozar todas as regalias delas:
crianças, mas um lugar dc prazer e de recreio, onde elas sc sintam bem, § I? A viúva do acionista, enquanto assim sc conservar.
onde o ensino lhes seja oferecido como uma diversão, procurando apro- § 2° A mãe do acionista, se for viúva, enquanto assim sc conservar.
veitar a sua natureza irrequieta e alegre, as suas faculdades e sentimen- § 3? Os filhos do acionista.
tos falando mais ao olhar do que ao ouvido, dedicando-se mais à inteli- § 4? I m qualquer dos casos dos §§ antecedentes, o herdeiro ou herdei-
ros estio sempre sujeitos ao expresso no art. I V , bem como os possuidores de
gência do que à memória, esforçando-se por desenvolver harmónica e in-
ações legalmente constituídas, na falta destes.
tegralmente os seus órgãos.
A experiência, a observação direta, a recreação instrutiva serão
DO F U N D O DE RESERVA
muito mais favorecidas pelo professor que compreende a sua missão
do que as longas e fatigantes prelcções c as recitações fastidiosas e sem A r t . V - O Fundo de Reserva constituir-sc á pela forma seguinte:
sentido. a) pelo que se refere o artjgo I I I .
O que é verificável pelo próprio aluno, o que é demonstrável, o b) Pelas importâncias que os acionistas quiseram beneficiar a escola oi> -
sociedade, já com dádivas de ações o u dividendos destas.
que é acessível, claro, lógico para a criança, o que ela pode por si mes-
c) Pelas ações e dividendos prescritos de acordo cum o arl. V I .
ma descobrir ou desenvolver isso será preferido a todas as divagações Art. V I Serão considerados prescritos os dividendos c ações que não i o -
metafísicas ou filosóficas, a todas as afirmações impostas pela autorida- rem reclamados dois anos depois dos respectivos sorteios.
de do pedante, que não pode senão habitar à preguiça intelectual.
E por isso a escola não será religiosa nem anti-religiosa, não será
Dl K l I l u a E R E G A L I A S DOS A C I O N I S T A S
política, não será dogmática, mas irá buscar a lição de coisas, à nature-
za vivida e provocada, ao vasto campo das ciências exatas, ao raciocí- Art. VII Todos os acionistas estão cm pleno gozo dc seus direitos e fa-
nio espontâneo e fácil, os motivos de agradável estudo para as inteligên- zem jus:
cias que desabrocham e u. larga e salutar expansão para os organismos
1 § 1? Os acionistas, membros da I iga pelo que regem os Estatutos
sociais.
tenros. § 2? - Os acionistas externos não tém o direito de serem votados, a não ser
para comissões especiais, que nada tenham a ver com a gestão da Liga.
Tal é O plano, tal o intuito que anima e inspira os nossos atos, cs-
§3? Assistem-Ihc os direitos de:
forçando-nos pela realização desse melhoramento, que até o presente a) Assistirem às assembleias gerai», relativas ao que diga respeito a negócios
não f o i tratado c o m o devido carinho, por falta de fundos, falta essa ú*% ações podendo propor medidas, votá-las.
que desaparecerá com a medida que acabamos de tomar, o lançamento b) Requisitarem, por escrito, do Conselho Admaiistralivo, permissão para
examinarem os livros da escrituração especial dos negócios das ações. na sede so-
de u m empréstimo operário, para o qual esperamos o vosso concurso
cial e cm presença do Tesoureiro para ministrar as devidas explicações.
trabalhadores." c) Fazerem qualquer reclamação o u representação ao Conselho Administra-
tivo.

85
84
d) Proporem o que julgarem dc vantagem nas assembleias gerais; convo- Documento n° 2:
cando-as, porém, em número nunca inferior a 30 acionistas.

CENTRO FEMININO DE EDUCAÇÃO


DOS D i R i TORES
Edgard Leuenroth
Art. VIII Os negócios das ações serão regidos pelos mesmos Conselheiros
Convidamos o camarada e respeitável família a assistirem à sessão de propa-
eleitos da Liga Operária, com as obrigações que já lhes sáo impostas nos Fstatutos
Sociais. ganda que se realizará no dia 17 do corrente, ás 20 horas, no salão sito à rua Briga-
deiro Machado, 4 7 .
Farão uso da palavra as camaradas Isabel Cerrutti e Ricardo Cipo lia.
Certos do seu comparecimento, manifestam-se gratas.
DA ESCRITURAÇÃO

Art. I X Haverá para os casos especiais desle Regulamento: Pelo Comité


§ I ? Um Uvro especial de registro de assinaturas dos Srs. acionistas, enci- Angelina Soares
mado com este Regulamento, discriminando este livro o número das ações dc cada
um. Documento n° 3:
§ 2 o Talões numerados c rubricados pelo Cornado; c lesourcuo, com as
ações impressas, devendo cada portador deixar no toco respectivo sua assinatura
ou autorização.
ATENEU DE ESTUDOS CIENTÍFICOS E SOCIAIS
S 3? Livros o u quaisquer oulros impressos auxiliares, a delibitum do
Conselho. CONFERÊNCIA INAUGURAL

Satisfazendo à aspiração de u m núcleo de estudiosos, f o i constituída nesta


DISPOSIÇÕES GERAIS cidade, uma instituição de alta cultura. Tem por finalidade agrupar todos os espí-
ritos inquietos, associar em seu seio todas as vontades dispersas, interessadas
Art. X T o d o o acionista, logo que lance sua assinatura no toco do talão em abrir novos horizontes, em descobrir novos rui.ios. Inspira-se no propósito
das ações o u no Uvro especial (art. I X , § 1?), fica aceitando, para todos os seus de facultar a cooperação, de estimular os intelectuais que investigam, e orien-
efeitos, este Regulamento. tar a juventude que procura no presente momento histórico e social uma nova
A r t . X I - A escrituração especial dc quantias e quaisquer valor lica a cargo traje tór ia.
de pessoa competente de conformidade com o art. I X e seus §§, bem como o de- Obedecendo à sua divisa - tolerância recíproca - o Ateneu de Estudos
sempenho dc expedientes e execuções de tudo que se refere este Regulamento o u Científicos e Sociais não patrocinará nenhuma escola filosófica nem qualquer ten-
lor determinado por Assembleia d e r a l dência política, sociológica o u religiosa.
Completado agora o primeiro período de organização, passamos imediata-
Art. XII Seja qual lor o númeio das ações de que for portador, ou pos-
mente à nossa segunda etapa de vida orgânica, em franca atividade.
suidor, o acionista tem direito a um único voto. .
Como ato inaugural e de incorporação á vida social desta entidade de c u l t u -
A r t . X I I I - Em Assembleia Geral é permitido o voto por procuiaçáo legal.
ra, será levada a efeito a nossa primeira conferência, a cargo do professor A N T O -
NIO PICCA ROLO, subordinada ao título:
Art. XIV Rcvogain-sc as disposições em contrário.
Sala do Conselho Administralivo da l i g a Operária de Campinas, em 22 de A SOCIOLOGIA NA ATUALIDADE BRASILEIRA
agosto de 1908.
O Relator, José Fonseca Realizar-se-á esta dissertação no salão do Centro do Professorado
O Secretário, Joaquim Ribeiro Paulista, sito á Rua Libero Badaró, 40 - 1? andar, ás 20 e 1/2 horas do
A Comissão
Max Stephan
dia 24 do corrente.
José Piovesan
Carmine D'Abru//i
V i t t o r k ) Mcggalira
ENTRADA FRANCA O A T E N E U DE ESTUDOS
CIENTÍFICOS E SOCIAIS faz
Ramon Duran realizar semanalmente, ás quartas-fcuas,

87
Escola da Liga de Construção Ovil, fundada por R u i Gonçalves, em Nite-
em s u i sede, à Praça da Sé, 39, 29 andar, noanode 1 9 2 1 " .
leituras comentadas, sendo convidados
todos os estudiosos. b ) A Forja, Fonseca, Niterói;
A Escola Moderna do Sindicato da Construção Civil de Garonhuns,
Escola Mista Primaria, Franca, São Paulo;
OUTROS DADOS Escola Notuma Horácio Hora, do Centro Operário de Sergipe;
Escola Académica do Comercio, São Paulo;
Vale dizer que a fundação das escolas libertárias resultou da se- Escola Martins Júnior.
menteira empreendida por idealistas agrupados em Centros de Cultura Escola Centro Operário de Corumbá;
Social, na imprensa operária, robustecida com palestras e conferências Escolado Centro Beneficente, Rio de Janeiro;
como se vai constatar. Escola Operária, Petrópolis,
Escola Operária, de Resistência dos Cocheiros, R i o ;
a) Escola União Operária, fundada em 1895, R.G.S.;
Escola Notuma de Artes e Ofícios. R i o ,
Escola Sociedade Internacional, fundada pela Uniâb dos Operários Alfaia
Escola Renascença, da União G. dos Trabalhadores, Ceará;
tes. Santos, 1904.
Escola Corte e Costura, R i o ,
Universidade Popular, fundada pelo C"entro Internacional dos Pintores, com
Escola de Esperanto, Grupo Renovação,
sede à rua da Constituição. 4 7 . R i o . 1904.
Biblioteca Social Renovadora, Rua Ladeira do Carmo, 3, R i o ;
Escola Livre, fundada no ano dc 1907, pela Liga Operária de Campinas;
Biblioteca Social A Inovadora, São Paulo:
Escola Notuma, obra da Federação Operária de Santos, 1907;
Biblioteca Operaria de Sorocaba, 1 9 3 S
Escola 1? de Maio, fundada em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, em 1908;
1 1

Escola Moderna, fundada em Sáo Paulo, 1909. na A v . Celso Garcia, 2 6 2 .


Escola Social, fundada em Campinas, pela Liga Operária, 1909; c) Comtíi Pró-Pretos e Deportados, São Paulo;
Comité Pró Escolas Modernas, fundada em São Paulo, em 1909; para pre Grupo Os Semeadores. Belém, Pará;
parar professores, Escola Francisco Ferrer;
Centro Internacional de Cultura, Rio Grande do S u l ;
Escola Moderna, fundada em São Paulo, por João Penteado, em 1912,
Centro de Estudos Sociais, Sorocaba, São Paulo;
Escola Moderna, no Braz, São Paulo, fundada por Florentino de Carvalho,
Centro Feminino Jovens Idealistas, São Paulo;
1912.
Centro de Cultura Popular e Casa do Povo, Poços de Caldas;
Escola Nova. na Mooca, São Paulo, fundada por Florentino de Carvalho.
Centro Libertário, Sáo Paulo;
1912.
Juventude Anarquista, Rio de Janeiro,
Escola da União Operária de Franca, Fstado de São Paulo, fundada p o i
Legião dos Amigos de A Plebe, São Paulo;
Teófilo Ferreira, em 1912; Grupo Social Renovação, Rio de Janeiro;
Escola da Liga Operária de Sorocaba, fundada em 21-11-1911;
Centro de Estudos Sociais Spartaco, Mogi das Cruzes, São Paulo;
Escola Eliseu Reclus. fundada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1913
Circulo de Estudos Sociais A Sementeira, São Paulo;
1

14, Grupo Filodramáticu Liberta, São Pauk);


Escola Livre I? de Maio, reconstituída por Pedro Matera, em Vila Isabel, Comité PróEdgad Leuenroth;
no ano de 1913; Comité Pró Florentino de Carvalho
120

Escola MoJcrtui, fundada pelos Operários da CousUução Civil dc Peruam


buco,em 1914, d ) Conferências:
Escola Moderna n° 2, duigida por Adelino de Pinho, São Paulo, 1918; - Objetivos Sociais, por Candido Costa, na Construção Civil, R i o , em
Escola Operária, 1? de Maio. fundada em Olaria, Rio de Janeiro, em 1919. 16-4-1922.
com aulas diurnas e noturnas. Finalidade da Organização Operária, por A n t o n i o Fernandes, Salão
Escola Joaquim Vicente. São Paulo, 1920; rua Brig. Machado, São Paulo, em 16-4-1922;
Escola Francisco Ferrer, Belém, Pará. 1920; Sobre Doutrina, por Carlos Dias, na Amigos da Instrução, Rio, em
Nova Escola, fundada no Rio, cm 1920, 24-5-1922,
Escola Racionalista Francisco Ferrer, fundada em Belém do Pará, em 1920; -Problemas Proletários, por Rodolfo Hottson, na av. Brig. Machado,
Escolas Profissionais, fundadas pela União Operária em fábricas de tecidos Sáo Paulo, em 12-6-1922;
no Rio de Janeiro, em 1920; -Problemas Proletários, por Edgard Leuenroth, na U . A . Calcados, São
Escola Livre, fundada pelos operários em fábricas de tecidos de Petrópolis, Pauto, t m 8-7-1922.
em 1920.

89
- Nós e os outros, por Fábio L u z , na G . T . L i t i e , Sào Paulo, em 12-8-1922; -A comuna de Paris, pelo Prof. José Oiticica, no Celso Garcia, Grupo
-Emile Zola e o Alcoolúmo, por A n t o n i o A . Moreira, na B r $ . Machado, d ' A Plebe, em 18-3-1933;
S i o Paulo, em 23-10-1922, - Sobre a Questão Social, por Florentino de Carvalho, na Federação Hes-
Digressão sobre o Ideal, por Florentino de Carvalho, no Celso Garcia (G. panhola, em 4-3-1933; (Fed. Operária);
Regeneração Social), Sào Paulo, em 28-9-1922; - O que é Cultura Social, por Mencuque Bispo, na Federação Operar la-
Algumas considerações sobre alcoolismo, por A n t o n i o de C. Moreira, Centro de Cultura, em 8-4-1933;
na Braj Machado, São Paulo, em 20-11-1922; - Ideias e Táticas Prole trios, por José C. Bosco lo, na Federação Operária-
- Sobre Tema de Cultura Social, por Edgard Leuenroth, na Celso Garcia - Centro de Cultura, em 15-4-1933;
U . d o s A . Calçados, São Paulo, em 25-11-1922; -O Proletariado Através da História, por Hermínio Marcos, na Federa-
- Sobre Tema de Cultura Social, por A n t o n i o , no Celso Garcia, U. dos A . ção Operaria-Centro de Cultura, em 22-4-1933;
Calçados, São Paulo, em 25-11-19 22;
- Revolução Social, por Florentino de Carvalho, na Federação Operária
- A Fraternidade e a Escola, por Maria Lacerda de Moura, na U. dos T .
Gráficos, l entro de Cultura, em 6-5-1933;
-Movimento Social, por Gusman Soler, na Federação Operar ia-Centro
- A Mulher em face do alcoolismo, por Maria Lacerda de Moura, no Sa-
lão Portugual, de Cultura, em 3-7-1933;
- O que é a Guerra, por Maria Lacerda de Moura, na Federação Hespa-
- Sobre Tema de Cultura Social, por Edgard Leuenroth, no Celso Garcia
nhola-pelos editores d'A Plebe, em 20-5-1933;
- U . d o s C a n t e i r o s , e m 27-12-1922;
- Assciação com Fatos da Revolução, por Hermínio Marcos, na Federação
- Sua Majestade o Álcool, por A n t o n i o C. Moreira, na Brig. Machado em
29-1-1923; Operária-Centro de Cultura, em 25-5-1933;
- Movimento Revolucionário Espanhol, por Gusman Soler, na Federação
- A Falência Brugueta. por Adelino de Pinho, na Federação Hespanhola
em 17-3-1923; Operária-Centro de Cultura, em 3-6-1933;
- Antl-Semitismo, p o r Maria Lacerda de Moura, no Celso Garcia-Grupo
-Sobre Tema de Cultura Social, por Felippe G i l (Souza Passos), em
24-3-1923, d "A Plebe, em 20-6-1933;
- Atualidade, por Luiza C. Pessanha Branco, na Federação Operária Centro
- Defronte da Degeneração, por D r . Cyro Vieira da Cunha, na Brig. Macha-
do, em 19-3-1923; de Cultura, em 24-6-1933;
- O Fascismo e suas Manifestações, por Gusman Soler, na Federação Ope-
Sobre Tema de Cultura Social, por Maria Lacerda de Moura, no Celso
Garcia - U . dos A . em Calçados, em 25-8-1923; rária-Centro de Cultura, em 9-7-1933;
Mátires da Liberdade, por Florentino de Carvalho, na Federação Hespa- - Palestra, por Diogo Gimenez, na Federação Operária-Centro de Cultura,
nhola, em 7-6-1924; em 29-7-1933,
-A Confissão, por A. Leme (do R i o ) , na Federação Operária-Centro de
- A Mulher é uma Degenerada?,
Cultura, em 9-8-1933;
por Maria Lacerda de Moura, no Itália
- Educacional, pelo Prof. Mamede Freire, no Celso Garcia - Centro de
Fausta - U.dos A . era Calçados, em 2 3 4 - 1 9 2 4 ;
Cultura, em 26-8-1933;
- Quem foi Seno Vasco?, por Carlos Dias, na sede dos Tecelões, Rio, em
10-6-1922: - A Experiência n? 2, por Flávio de Carvalho, na Federação Operária-Cen-
tro de Cultura, em 11-11-1933,
Comemoração do Malco, por Francisco Frola e Maria Lacerda de Moura, - A Mulher e o Clero, por J . C. Boscolo, na Federação Operária, Centro de
na Fedei ação Operaria-Grupo Socialista, em 19-11-1932, Cultura, em 17-9-1933;
- Luta de Classe, por Francisco Frola, na Federação Operária, em - Educacional, por Luiza C P . Branco, no Celso Garcia - A Lanterna, em
5-12-1932. 23-9-1933;
- O século operário, por Adelino de Pinho, no Celso Garcia - Grupo - Comemoração de Ferrer (não houve), por Maria Lacerda, G. Soler e Ed-
d'A Plebe - e m 24-12-1932; gard, na Celso Garcia-A Plebe, em 13-10-1933;
- Inauguração de Centro Cultura Social, por vários oradores, na Federa- - O problema da Educação no idealismo de Ferrer, por Maria Lacerda, na
ção Operária, em 14-1-1933; sede da Liga Anticlerical - Campinas, em 14-10-1933;
- O perigo espiritual, por A n t o n i o Pi caro lo, no Centro de Cultura, em - Derrocada da Democracia, por Florentino de Carvalho, na Federação
1-2-1933; Operária-Centro de Cultura, em 21-10-1933;
- Vsticano e Fascismo, por F l o r e n t i n o , Cianci e Biscio, no Centro de Cul- - A Vida do Operário, por Osório Cesar, na Federação Operária-CenUo de
tura, em 11-2-1933; Cultura, em 25-11-1933;
- Porque não avançamos para a Paz, pelo Prof. Cayo Mamede Freire, no C. - O Regime Soviético sob o Ponto de Vista Libertário, por G. Soler, na
C u l t u r a , em 25-3-1933; Federação Operária-CenUo de Cultura, em 2-12-1933;

91
90
Dissertações Sociológicas, por P. ( a l a lo I J C . Boscolo, no Sindicato dos
Metalúrgicos dc Campinas, em 13-12-1933;
Desserlações Sociológicas, por Jose Oiticica, na Liga Anticlerical Cam-
pinas, cm 15-12-1933; NOTAS
- Contra o Integralismo, por José Oiticica, na I ederaçâo Operária Centro 'Vale dizei que no Brasil, o u mais exatamente em Porto Alcgic, Rio Granda d >
de Cultura, em 13-12-1933. Sul, existe uma rua com o nome dc Francisco I (1982). erre*
Debates sobre Teses Sociais. |>or José Oiticica, na I ederaçâo Operária
< entro de. Cultura, em 16-12-1933;
Paz Ferrer,
tdha do Mártir de Montjuich, airiz de grande talento chegou a contes-
tar o pai e jurar k-aldade ao rei. Já doente, procurou reparar seu erro, protestou,
Assunto de Interesse Social, por A . Osório, na federação Operária-C en- pediu a derrubada dc Affonso 13. Conduzida ao Hospital pela força, morre após
iro dc Cultura, cm 13-1-1934; 6 meses dc lenta agonia.
Kalxdoprima. por Pedro l a h c r Halembeck. na I ederaçâo Operária-Cen-
tro dc Cultura, cm 27-1-1934; E m 1915, quando os militares alemães invadiram Bruxelas, ordenaram a relua-
J

da do monumento de Ferrer da praça pública. Com a derrota da Alemanha foi


Fascismo, l-lllio Dileto da Igreja, por Maria Lacerda dc Moura, na I iga recolocada c lá está hoje a lembrar o crime dc D. A n t o n i o Mau as, La C leva cr

Anticlerical em Sorocaba. 3-2-1934;


Affonso 13.
- A Mulher no Passado c no Presente. por Hermínio Marcos, na Federação
< >|>ei.iii.i ( e n t r o de Cultura, em 24-2-14 '4 4 W i l l i a m llearford cm A lanterna Sáo Paulo. 23-3-1912.
- A Inglaterra ante o Tráfego da Raça Negra, por Jovelino Camargo Júnior, *Dados extraídos das seguintes obras: Quem é Ferrer, Jose Simoes Coelho, Lis-
na Federação Operária-Centro de Cultura, cm 3 - 3 - 1 9 3 4 . 121
boa, 1909; Francisco Ferrer. A ideia, revista, Lisboa, 197'6. Juicio Ordinário Con-
tra Francisco Ferrer y Guardia. Pabna dc Malkuca, Espanha, 1977 .Almanaque dei
Diário de Barcelona. Espanha, 1910; 1* Ls<uela Moderna. Uruguai, 1960; la Es-
cuela Moderna, Crónica Geral de Espanha. Madrid, 1976; Francisco Ferrer e La
escuela Moderna. Barcelona, 1978; La escuela Moderna. Barcelona, 1972. Cofcção
de A lanterna. São Paulo, e " L a cnseflanza laica ante la Raconalista - La Escuela,
de Costa Iscar e B. Cano Ruiz México, 1960.

A Luta Social - "Órgão Operário L i v r e "


b Manaus, 1-11-1914. A n o 1, n? 6
dúv. Tércio Miranda.

n A Guerra Social semanário anarquista Rio de Janeiro . 15 10-1911.

^Socialismo e Sindicalismo no Brasil. Alvorada Operária, de E. Rodrigues e A Lan


terna. São Paulo 12-2-1910.

Órgão Independente
9 Diamantina, Minas (icrais, 14 dc o u t u b r o de 191 7, ano 1
n° 15.

,0 "Mcmórias Manuscritas", de Rafael Fernandez Rio Glande do Sul, 1981.

O
1 l Amigo do Povo São Paulo, 6 de agosto de 1904, ano 3, n? 59. Neste mes-
mo número anunciava-sc o que podem ter sido os primeiros romances sociais escri-
tos no Brasil: Regeneração, de Manuel Cuivek). c Ideólogos, de Fábio Luz am-
bos publicados no ano dc 19UJ.

,2 S o c i a h s m o e Sindicalismo no Brasil 1675 1913. Edgar Rodrigues.

13 Jornal do Brasil. 17-4-1904. e Socialismo e Sindicalismo no Brasil dc Edgar


Rod-igucs.

N c n o Vasco continuou a campanha pela simplificação da ortografia em A Terra


1 4

Livre, de 18-8 e 1-9-1907. replicando inclusive os académicos Salvador de Mcn-

92
93
donça, J . Veríssimo, João Ribeiro c outros. Socialismo e Sindicalismo no Brasil O hvro Juicio Ordinário - Seguido ante los tribunales militares en la Plaza de
Edgar Rodrigues. Barcelonacontra Francisco Ferrer Guardia", com prólogo de Enric Olive iSerret,
tf muito elucidativo. - Pequena Biblioteca Calamus Scriptorivs - Palma de Maior-
O Amigo do Povo - São Paulo, 26 de novembro dc 1904 - ano 3, n? 63 Neste
, s ca - 1977 - Espanha.
mesmo número pubucava de Lao-Tsé: "Quanto mais proibições, mais miséria.
Quanto mais autoridades, mais miséria. Quanto mais habilidades, mais velhacaria. 2 l "*Número especial dedicado aos acontecimentos de Hespanha e a obra de Ferrer
Quanto mais leis, mais crimes." - Rio de Janeiro, 13 de novembro de 1909 - Pedidos à Manuel Moscoso, Rua do
Hospício, 166. Revista com 20 páginas, editada pela Comissão contra a reação es
ponhob. Neste número especial, anuncia-ee a queda do governo de D. Antonio
Direçãb de Neno Vasco, rua Bento Pires, 35 - São Paulo, 26 de novembro de
I6

1904, ano 3, n9 63. Maura (pág. 19) "acossado pelo protesto uriânime do mundo culto, desprestigiado
e não podendo fazer frente à onda que contra ele avançava, o ministério do Sr.
Maura tombou ruidosamente, no momento preciso em que ele e os seus lacaios
1nA Terra Livre Red : Rua Maria DomitiUa, 88 - São Paulo. 23-2-1907, ano 2, proclamaram sua solidez e o seu prestigio".
n? 2 7 , direção de Neno Vasco. Neste número anunciava-se " A Virgem Vermelha" A pág. 7, transcrevia de E l País, de Madrid, a seguinte carta: "A encarrega-
f psicologia de Luisa Michel), por Ernesto Giralt - capítulos - " b u a fisionomia - da da casa comunica-nos que devemos sair quanto antes, pois o proprietário, um
seu caráter - seu temperamento sua mentalidade os últimos anos de sua vi- padre, deu essa ordem ao admitistrador. Os elementos radicais, ao terem conheci-
d a " . Preço 150 réis. Pedidos a Dias da Silva - Rua do João do Outeiro, 7 - 2? - mento de tal anomalia, prometeram não abandonai-nos, aconteça o que aconte-
Lisboa - Portugal. cer, e foram procurar outra habitação, encontrando absoluta negativa em todas
i s propriedades dos clericais. Finalmente um homem militante do partido radical
*A Terra Livre São Paulo, 9 de outubro de 1906. ofereceu-nos um quarto que tinha para alugar. Ainda não o tíinhamos ocupado,
quando soubemos que o clero tinha visitado o proprietário, ameaçando-o pelo seu
1

ato" - Tereza Claramunt, Julia Iborra, Maria Villafranca (Desterradas).


, 9 S ã o Paulo, 15 de j u n h o de 1907.
2 ''Refle te a grandeza do movimento em defesa de Ferrer as pág ai as 217 a 225 do
^°No "Bi-Hebdomadário Catóuco", de 21-10-1909, podia ler-se esta estúpida livro O Despertar Operário em Portugal - 1834-1911, de E. Rodrigues. Editora
quanto ridícula denúncia contra Francisco Ferrer ("achada" em sua casa e usado A Sementeira, Lisboa, 1980. É bem s^rúficativo também QUEM £ FERRER.
pelo tribunal para condena lo à morte).
de Jostf Simões Coelho - Guimarães Editores, Lisboa, 2 edição. 1909, com 96
1

Programa: páginas.
a) Abolição de todas as leis existentes; 2 3 0 prédio era contíguo ao edifício onde está a Drogaria Pacheco, já demou.do.
b) Expulsão o u extermínio das comunidades religiosas; Antes de ir para o número 166, da rua do Hospício, hoje Buenos Aires, a Federa-
c) Dissolução da magistratura, do exército e da marinha; ção esteve durante três anos, no número 144 da mesma rua, por cima da Fundição
d) Destruição das igrejas; Lebre, cujo proprietário era quem alugava o sobrado do prédio, composto de um
e) Confiscação do Banco e dos bens de todos quantos, civis e militares, salão retangular, bem grande, com muitas sacadas que davam todas para a dita
tenham governado a Espanha;
rua; no mesmo lugar existem hoje dois grandes prédios. (Nota fornecida por José
0 Imediata prisão de todos eles até que se justifiquem ou sejam execu-
Romero, ativo colaborador do movimento libertário).
tados;
g) Proibição de sair do território, nem mesmo nus, a todos os que hajam 2 Fontes de Pesquisa: A Lanterna, São Pauk), anos 1909-1910, Numero Especial
desempenhado funções públicas; dedicado aos acontecimentos da Espanha e a Obra de Ferrer" - 13-11-1909 (re-
h) Confiscação das estradas dc ferro e de todos os bancos, impropriamente vista cl 20 páginas); Socialismo e Sindicalismo no Brasil de E. Rodrigues e o tes-
chamados de crédito;
temunho do militante anarquista, José Romero em Ação Direta, Rio de Janeiro.
i ) Para o cumprimento destas primeiras medidas, constituir-se-á uma comis-
2SSlo Paulo, 19-1-1910.
são de trés delegados, ou ministros: da Fazenda, Relações Exteriores e Assuntos
Interiores. Serão eleito plesbicitaríamente; não poderá ser eleito nenhum advoga- A
2t Terra Livre, jornal anarqul»l*,duc,io do Nuno Vmo», Sao 1'auk». I** l - l ' ' n >
do, e serão conjuntamente responsáveis diante da plebe. Neste número publicava também ÉStttVfStta de Soledad VHLlianci, companheira
Viva a Revolução, exterminadora de todos os exploradores! Viva a Revolu- úc I ciror.
ção, vingadora de todas as injustiças". Rcproduzidopela A Lanterna São Paulo.
6-11-1909. ano 4 . n.° 4. 2 A Lanterna - São Paulo - 12-2-1910. Neste número anunciava-se que a caixa
1

O "Almanaque dei "Diário de Barcelona" para el aiio de 1910", 303 pág.


Postal da Escola Moderna tinha o n? 857, para onde se devia mandar a correspon-
a par de alguns dados interessantes, retrata o poderio da Igreja espanhola, o domí-
dência destinada à tesouraria e ao secretário.
nio sobre o ensino contestado por Ferrer e a Escola Moderna

95
94
4 J Francisco Ferrer, Ramon Clemente, Garcia, José Miguel Boró, Eugénio dei
28 Hoyo Majon e A n t o n i o Maleto Pujol.
A Terra Livre São Paulo, 17-2-1910. Anuncia-sc ainda "UOVOi cartões anti-
4 4 B e a t o da Silva (Raimundo Reis) A Lanterna - S. Paulo, 13-10-1911.
clericais" com alegorias de Ferrer e odes do poeta Pietro G o r i : Ncl Castello Malc-
detto e Dopo d delito, ao preço dc 100 reis, em favor da hscola Moderna. Temos
45" P c r i ó d i c o anarquista" - 13-10-1911, ano l , n 9 7 - Administrador Jogo Ar -
continua o mesmo j o r n a l o opúsculo cm italiano dc Binazzi Pasquale: Abbat- /.ua. R e d : Travessa Dias da Costa. 9 Rio de Janeiro.
t u i n o il Vaticano, com o retrato dc Ferrer e Soledad Villafranca. Preço 200 réis.
O produto da venda reverte em favor da Escola Moderna.
R a m ó n Clemente Garcia. 22 anos. fuzilado a 4 de ontubro de 1909; José M i -
4b

A Lanterna Sáo Paulo, 12-3-1910 Neste número continuavam as listas de guel Boro. 43 anos. fuzilado a 17 de agosto de 1909; Eugênio Hoyo Manjon, 42
donativos de '"Cândido Rodrigues" com o total de 1 18 $(>()(> e a de " B e b e d o u r o " , anos. fuzilado a 13 de setembro de 1909, António Malet Pujol, 30 anos, fuzilado
rendendo 6 8 $ 800 em beneficio da Escola Moderna. em 28 de agosto de 1909. e Francisco Ferrer y Guardia, 50 anos, fuzilado em 13
de outubro de 1909.
S0 A Lanterna Sãu Paulo, 19-3-1910. 47
A Lanterna Sáo Paulo, 21-10-1911. No número seguinte ainda continuaram
A Lanterna São Paulo, 9-4-1910 Neste número publica ainda "subsídios
as notícias em torno das comemorações. A Lanterna de 16 e 23-12-1911, anuncia-
3l

para a história de um c r i m e " O discurso do defensor de Ferrer.


va a venda, a 300 reis. "Esplêndida revista racionabsta ilustrada, de Buenos A i r e s " .

A
i2 Lanterna Sáo Paulo, 30-4 1910 Fim seu número de 16 do mesmo mês, *A Lanterna
4 São Paulo, 19 10-1912. A Guerra Social, de 12-10-1912, ano 2,
num artigo intitulado Ferrer e a Escola Moderna, Dário Velloso, declara que "Há n 9 3 1 , também destaca as comemorações de 13 de o u t u b r o , no Rio de Janeiro.
duas Espinhas: a Espanha dos frades e a Espanha dos libertários, a Espanha ultra- Anunciava ainda a venda, a 300 réis o exemplar, "Ideal", "célebre alegoria de Fir-
montana entrava o surto da Escola Moderna, a Espanha emancipadora r u i os con- mino Sagrista, alusiva ao assassinato de Francisco Ferrer". "Os pedidos devem
ventos rompe as cartilhas, substitui o milagre pela Ciência." ser dirigidos diretamente a Astrogildo Pereira Caixa Postal, 1427 - Rio de Ja-
neiro Seguia lhe uma lista de obras dc 70 autores anarquistas.
NOVOS Rumos Jornal dedicado a defesa dos Trabalhadores" Rua Uruguai-
ana 123 n? l a n o 1, dc I dc maio de 1910.
o

A Voz do Trabalhador "órgão das classes Proletárias da Balda", 28-10-1922,


54 A Lanterna Sáo Paulo. 4-6-1910. ano 2, n? 36 Red. C r u z e i r o de S. Francisco, 2 .

Y ) autor possui uma l o t o da sua fachada. Veja-se Socialismo e Sindicalismo no


A Lanterna
5<
iS Sao Paulo, 25-6-1910.
Brasil e Nacionalismo e Cultura Social, ambos de E. Rodrigues.
J h S a o Paulo, 9-7 e 27-8-1910.
" O Comité Pró-Escola Moderna tuiha a sua sede na rua Gomes Cardini, 5, São
A
37 Lanterna Sáo Paulo. 3-9-1910. Neste mesmo número anunciava a venda Paulo. Seu primeiro secretário f oi o Contabilista Eeío Aymoré, tinha como seus
do folheto do I »i Maurício de Medeiros, " O Ensino Racionalista" contendo ainda componentes: Galileu San. lie/. Francisco Fiume, José Sans Duro, V i t o r i n o Cor-
• >\s da 1 ijta Internacional para a Educação Racional da Criança" e da deiro, Gigi Damiani, João Felipe, José Romero, Francisco Gattai, Júlio Sorelli,
l i g a ' do Rio dc Janeiro Preço 300 réis e pelo correio 400, revertendo o seu pro- Francisco de Paula e Edgard Leuenroth la Rarricata, de 17-8-1913 - semaná-
duto em lavor da I scola Moderna. r i o anarquista de São Paulo ( n ? 407) falava da Escola Liwe para meninos e me-
ninas, à rua Cotejipe, 26 - Belenzinlio, São Paulo. Por sua vez A Lanterna de
A lanterna 17-12-1910. Em nota informa va-sc que o dinheiro arrecadado 25-10-1913 falava da "festa de inauguração de duas escolas montadas pela Esco-
estava depositado no Banco Francês e Italiano da América do Sul, antigo Banco la Moderna de São Paulo. F o i no Salão G i l Vicente e usaram da palavra, Florenti-
( bmarcial Italo-Brasileiro no de Carvalho, Leão Aymoré e João Penteado.

,1 Lanterna São Paulo, 17-12-1910. A Lanterna São Paulo, 8-11-1913 Neste número teciam-sc comentários ao
17? "Congresso Internacional do Livre Pensamento" realizado em Lisboa - Por-
4 01 Terra Livre São Paulo. Nesta oportunidade tratou-se também de palestras tugal. Anunciavam-se também festas em beneficio da Escola Moderna.
sobre Pietro G o r i recentemente falecido na Itália.
A
bJ Lanterna São l'aulo, 8-11-1913. Intormava ainda que " O subcomité do
v 4 Lanterna São Paulo. 11-2-1911. Neste mesmo número anunciava-se Meda- Ura/ reúnc-se na sede da Escola Moderna n? 2. à rua Muller, 74. Também co-
Flo-
4 ,

lhas de Ferrer, para corrente, vindas da Europa, tendo de um lado o retrato em mentava a conferência " N o domingo passado" proferida pelo companheiro
alio relevo e do o u t r o uma bela legenda" Preço: 1 $ 0 0 0 e registrada I $200. rentino de Carvalho, professor da Escola Moderna, sobre o ensino racionalista.

4 2 S á o Paulo. 30-9-1911.

96
54 <4 lanterna São Paulo. 14-2-1914. 6M0 r g á o de Propaganda Sociológica ano 1, n9 22, Belém Pará, 18-10-1919 -
rua General Gurjá, 44 correspondência para (iama e Silva.
*A Lanterna
S 28-3-1914, anunciava "nova remessa dc postais com o retrato
dc Francisco Ferrer a 1S500 a dúzia, e um festival em 18 de abril. Fm 28 de 69 NacionaUsmo e Cultura Social 1913 - 1922. R i o . E. Rodrigues.
fevereiro, A Lanterna registrava: "Liga Anticlerical do Rio de Janeiro". O dr. Jo-
sé Oiticica propõe a seguinte diretoria: Administrativa Carlos A . Lacerda. l ' o z do Poio
7 0 diário anarco-sindicabsta Rio de Janeiro. 3-7-1920. ano 1
1? secretário; Amilcar Boni, 2? secretário; Maximiano dc Macedo, contador; n? 145.
Estevam B o n i , Manuel Herculano dos Santos; José Caiazzo, Manuel Esteves.
De Propaganda - Pinto Q u a r t i n , Adolfo Busse. Victor Thcófilo, Manuel Tava- 7 'Opúsculo de 71 páginas com data de Recife, março de 1920.
res de Almeida e Elpídio Nunes.

7 2A n t o n i o Bernardo Canellas, militante anarquista, não chegou a realizar o seu


56 A Lanterna - São Paulo, 5-9-1914. sonho dc implantar La Ruche (A Colmeia) no Brasil. Ainda sem o dinheiro sufi
ciente aceitou representar o recém-formado PCB num congresso era Moscou. Uma
A Luta. jornal anarquista, 18-2-1911, n ? 55 - Rio Cirande do Sul. Neste mesmo
S1
vez lá, discordou da orientação dos "camaradas soviéticos que não o levaram a sé-
número, cm continuação do n ? 54. página 3, João dc Banos, falando de " u m a r i o " . De regresso ao Brasil, fez um relatório dirigido ao PCB e o partido "irradiou-
visita a I Islander" dizia: "Falo-lhc em Bedalcs, na Feole des Rociics, na minha o " de suas fileiras. E lá f o i o dinheiro e La Ruche...
admiração por esses dois colégios - de educação racional - onde o aluno adqui-
re uma educação " R e a l " c recebe um ensino prático. Não teria a escola nova que Canellas anunciava as seguintes brochuras: " C o m o se Deve Educar", 1 $ 0 0 0 ;
7J

ir procurar ali os seus modelos? Não haverá muito que aprender nes métodos que " L a Ruche", $ 5 0 0 ; " U m a Obra Necessária", $ 5 0 0 ; " A Escola de que precisa-
lá se empregam?" I 'rata-se de escolas fundadas na frança por anarquistas. m o s " , $ 5 0 0 ; "Relatório de uma viagem á E u r o p a " , 1 $ 0 0 0 ; " O início de Uma
Propaganda", $ 5 0 0 , "O Iriunío do Comunismo", $500.
58 -
Os pedidos podem ser feitos para Antônio Canellas, Rua Miguel de Lemos,
São Paulo - 30-12-1911. Neste numero anunciavam-sc postais, de " M o n t j u i c h " ,
48 Niterói Estado do Rio de Janeiro.
dc Firmin Sagrista Última visão a 100 réis.
Socialismo e'Sindicalismo no Rrasil 16 75-1913" Rio de Janeiro E. Ro- /4 Plebe, semanário anarquista
74 correspondência Cecília Martins. Ladeua do
drigues. Porto Geral, 9 São Paulo, 18-9-1920. Anuncia também a comemoração do fuzi-
lamento de Ferrer no próximo 13 de o u t u b r o .
60 A Lanterna São Paulo. 7-9-1912.
luzdoPovo diário anarco-sindicabsta Rio dc Janeiro, 1-11-1920.
A Lanterna São Paulo, 27-12-1913. A Lanterna registrava ainda os folhetos
1S
bi

No País dos Frades, Catecismo Ateu. Da Porta da Europa, Georgios Ao Traba- I ortaleza, 30 dc janeiro de 1 9 2 1 , ano 1, n? 3
7 6 órgão da Associação Gráfica
lhador Rural-Os dois últimos de Neno Vasco. do Ceará.

62 A Lanterna São Paulo. 2-1-1915. 1 1 Nacionalismo e Cultura Social 1913 - 1 9 2 2 " - Rio - | Hudi^ue».

6 3 S ã o Paulo. 2-1-1915. 78 Semanário, 5-2-1921, ano l . n ° 18. R e d : Cruzeiro de São Irancisco, 2.

6 4 Alvorada Operária Rio, 1979 E.Rodrigues.


79
O Trabalho - órgão da União Operária do Paraná, quúizcnal Curitiba
14-5-1921, ano 2, n? 2 1 . Red.: Rua Iguassu, 174.
' ' A Escola Moderna destina-se á difusão do ensino racionalista, isto é. "tocurará
5

dar a todos um conhecimento exato da história, da cit.icia e da filosoiia, dc tal 80 Ó r g ã o de Educação Popular 14-7-1921, ano 2, n? 26.
forma que o homem, pelo livre exame, compreenda que c um valor positivo no
seio da humanidade e que esta, pela perfeição moral dos indivíduos, tenderá para Renascença - Revista de Cultura libertária, março dc 1923, ano 1, n ° 2. São
um estágio social de harmonia, justiça e liberdade, não completo quanto mais Paulo. Dir.: Maria Lacerda de Moura. Nesta revista a sua diretora tece largas con-
completa c elevada for"a educação de cada u m . Para qualquer informação, quei- siderações cm torno da "Educação".
ram os interessados se dirigir á Escola Moderna, à rua Ram. Barcellos. 197 Porto
Alegre. Brasil, meridional. I°16 J u l h o de 1923, ano 3, n ? 20. Dir.: Polidoro Santos. "Estudo e Critica Social
8 2

- Livre Pensamento Racionalismo". Re.: Rua 24 de Maio, n ? 35. Vale acrescentar


Jornal
6Í de Crítica e Combate Social, ano 1. n 9 1. D i r : Ferreira da Silva e Araújo que cm Porto Alegre existe uma rua com o nome de Francisco Ferrer, cm home-
c Silva. Porto Alegre. 26-4-1919. nagem ao fundador da "Escola Moderna".

6 São Paulo. 9-8-1919 A Biblioteca da Sociedade Pró-Ensino Racionalista contou com o apoio de
8 3

Leopoldo Bettio, que chegou a proferir conferência c publicou um opúsculo inti-


tulado: Ferrer como Educador.

98 99
8 4 Do Rio faziam parte José Oiticica, Fábio Luz, Domingos Passos e outros. Em A Voz Proletária Periódico Libertário, órgão da Federação Local dos
núcleos operários antipouticos c Porta-Voz dos Princípios da Confederação Ope-
rária'Brasileira". Novembro de 1933, ano 1, n ° '
85 S ã o Paulo, 30-11-1912.
l06 A Pblebe - São Paulo, 23-6-1934.
"/ a Barricata. jornal anarquista em italiano e protugués, sucedia a La Bataglia,
ís

tinha o número 4 0 7 . ano 9 e a data de 17-8-1913.


l 0 7 A u t o r : Philemon Patracuk).
8 7 J o r n a l anarquista, São Paulo, 14-9-1919. *"Resposta
l0 aos caluniadores" - pág. 16, revista publicada pela "Comissão con-
tra a reação na Espanha" - 13-11-1909. Rio de.Janeiro. Recentemente Foster
88 Diário anarco-sindicalista. Dir.. Carlos Dias - Rio de Janeiro, 17-2-1920. Duues, em seu Uvro Anarquistas e Comunistas no Brasil, pág. 30, também ataca a
obra do "ateísta Francisco Ferrer", com expressões depreciativas, em defesa de
8 9 S ã o Paulo. 28-2-1920. sua «reja, que financiou a pesquisa e sua estadia no Brasil.

90 A Lanterna, São Paulo, 13-11-1909. P a r t e de uma carta do arcebispo de Sevilha dirigida a D. A n t o n i o Maura, m i -
l 0 9

nistro de Affonso 13, carrasco de Ferrer. Extraída de A Lanterna, São Paulo,


9 , S ã o Paulo, 29-1-1910. 6-11 1909.

D c Estêvão Leão Bourroul, em A Tribuna de Franca. Reproduzido parcial-


S ã o Paulo. 5-2-1910.
, l 0
92

mente cm A Lanterna. 30-10-1909.


93 A Lanterna, São Paulo, 19-2-1910 Reprodução de "Gazeta do Povo").
1 1 *De A Platéa, de 16-10-1909, na sessão "Jornais do R i o " .
S ã o Paulo. 22-3-1910.
Dc Correio Paulistano, 12-12-1909. Em nota explicativa, A I.anternc
94
1 I 2

(18-11-1909) declarava que Ferrer a ninguém deixou os bens que administrava.


9 0 pedido " p a r t i u " da Diretoria aa tmtheyav e * uatasvfl a o lechamento f o i da
5
nem o podia fazer sem traição e imoralidade; deixou a administração deles, •
justiça do estado.
homens de sua inteira confiança capazes de continuar a Escola Moderna a a casa
de edições. De Londres não há no testamento senão William Heaford, que é testa-
9 6 S ã o Paulo, 13-10-1923. menteiro e não herdeiro. Quanto a Soledade Villafranca, que é mãe da pequeni-
na Alba Ferrer, deixou lhe apenas 6.000 pesetas, como a cada uma das filhas dr.
mulher de quem fora obrigado a separar-se."
São Paulo, 13-10-1923. O poema é de autoria do anarquista Pedro Augusto
Mota. m o r t o no Campo de Concentração do Oiapoque fundado pelo governo de
A r t u r Bernardes, 1923/26. C a r t a de José Fernandes Júnior, inserida e contestada em A Lanterna dc
1 , 3

18-12-1909. Este sujeito atacou o fundador do j o r n a l em vez d o diretor dc então,


que era Edgard Leuenroth.
Ó r g ã o da agrupaçâo •Braço e Cérebro'. anarquista de Porto Alegre ano 1
98

n? 2, segunda quinzena de o u t u b r o de 1927.


1 H 4 lunteriu 1 9 \1 VJM SÁU HW*»'
99
Editado pelo G. P. Social - órgão dos trabalhadores Pelotas Rio Grande C a r t a enviada por Ferrer a um amigo seu de Paris e pubucada no diário / V/V
1 , 5

do Sul, ano 1, n? 2, dezembro de 1927.


manité. Reproduzida no Rio dc Janeiro, em 13-11-1909.

J o r n a l de Combate ao ClericaUsmo. Red.: Rua Senador Feijó, 8-B São Paulo


, 0 0

ano 11, n? 363. C a r c e l Celular - Barcelona


, 1 6 10-10-1909 Sr. diretor de Espanha Nueva -
Madrid. Este e outros documentos foram publicados no Rio de Janeiro cm 13 de
P c r i ó d i c o Libertário. Red. Rodolfo Felipe. Red. Ladeira d o Carmo, 7 - Cor-
IOI
novembro de 1909 em revista editada pela "Comiisío Contra a Reação em Es-
respondência para Caixa Postal, 195. São Paulo, Nova Fase, nP 44. panha"

t01 ParaÍ2o - Prisão paulista para presos políticos. " ' A u t o r : Joaquim Dicenta - Dedicado a Escc ía Moderna - Rio de Janeiro,
13-11-1909.
, 0 3 S ã b Paulo, 21 de o u t u b r o de 1933.
1 04 1 1 8 D o livro Nacionalismo e Cultura Social - 1913 - 1922, E. Rodrigues.
A Lanterna - São Paulo. 26-10-1933. A n o 1 1 , nP 364.
1 1 9 D o livro Novos Rumos - 1922 - 1945, E. Rodrigues.

100
131
lwbo jornal anarquista A Plebe. São Paulo: n ? * 64, 6 8 , 75. 77, 7 8 . 8 1 , 9 2 . 9 5 ,
98. 1 0 1 . 103 «* 117.(1920/21).

' " " D c A Pblebe. São Paulo, n ? 85, 1 8 1 , 182. 183. 190, 193, 196, 197, 198,
s Parte 2
199, 204, 2 3 9 , 3 4 1 ; De A Plebe (nova fase), 1, 3 , 5 , 8, 12, 1 6 , 1 7 . 1 8 , 1 9 , 20, 2 1 .
25. 27, 28, 3 0 , 32, 3 3 , 3 6 , 37, 39, 4 1 , 4 3 , 4 5 , 4 6 , 4 8 , 5 0 , 5 1 , 5 2 , de 1922/1934.
Nosso levantamento não esgota o assunto. Ainda existe muito a pesquisar
O ANARQUISMO NO T E A T R O
para se ter um inventário da Escola Libertária no Brasil.

Dc cima para haixo: 1. No centro: ator e anarquista Romualdo dc Flgueuvd


português iormado pelai Universidade dc Coimbra Trabalhou. viveu e morreu no
Rio de Janeiro; 2. Teatro. Av. Celso Garcia - SP. 3. Teatro Carlos d o m o San-
tos; 4. Igreja Rua Silva Jardim - Rio. palco dc grandes cspctaculos anarquistas
e anticlcricais; 5. Plateias de teatro libertário; 6. Banda Operária de Sorocaba SP.
7. Modelos dc ingressos dos teatros anarquistas em setts cspciauilos.

102 103
INTRODUÇÃO
'CENTRO DE CULTORA SOCiAL

4. A W 4. mi A , «0 H-m -—

« n i l l X I FESTIIU IITIVTIfl c ^ . T . M f t . H f a l I r t l i l l e /
Nossa pesquisa data de 1954. Começamos coligindo dados sobre a
P ^0 B B * •» * •
questão social no Brasil, abrangendo todas as atividades libertárias, in-
clusive o teatro amador implantado a partir dos meios operários, dos
O M A I U C O OA A V I M P A ClClO^HI
Centros de Cultura, das agrupaçOes anarquistas e afins.
Bloco de rascunho e lápis, saímos em busca de dados que nos aju-
1 dassem a levantar a trajetória do proletariado de tendência anarquista,
anarco-sindicalista e anticlerical.
A o tempo ainda viviam muitos libertários, alguns militando e ou-

,r tros "aposentados"... Localizá-los foi fácil, o difícil f o i convencé-los a


falar da militância ideológica.
Situado no Rio de Janeiro, daqui partimos abrindo caminho para

S^A Eanterna chegar a outros Estados do Brasil e ao exterior.


A empreitada teve início de tora para dentro, com "notas em
alguns jornais acratas, publicados em idioma castelhano, na Europa e
CEKTRO I£ (CL na América Latina, pedindo imprensa antiga sobre a questão social no
Brasil.
ifíí^iJiTTjTi As primeiras publicações chegaram da Argentina, de Portugal, se-
»Q H W U . j * V Uni4 . dot Optrar
( guidas de indicações valiosas referentes a épocas, lugares e nomes de
S E S . f*?!*?^JITKTICO pessoas que podiam "colaborar".
De posse desses primeiros dados, começamos a corresponder-nos
com militantes e "aposentados", residentes em território brasileiro e
fora dele. E juntamente com novas informações surgiram "novos" obs-
táculos, alguns dos quais só anos depois foram demovidos:o escrúpulo
de falar de suas atividades libertárias! A maioria estranhava inclusive a
nossa insistência e/ou simplesmente resistia a contar alguma coisa que
ainda se recordava da luta dc classes, por náo acreditar no valor histó-
fel rico do Movimento Operário. A pesquisa, principalmente- no Campo
Social, era ainda uma "novidade" para eles. Por isso, poucos a levaram
a sério o u viam alguma importância na luta emancipadora iniciada pelo
•—
proletariado. Essa convicção retardou vários anos a nossa pesquisa.
A estas dificuldades veio somar-se mais uma: as editoras comer-
Painel de prospectos dc propaganda de representações anarquistas. A o
ciais recusavam receber originais e/ou publicar obras de fundo e forma
centro, de junto de " A Lanterna", grupo de artistas amadores do Rio
anarquista. Esta ideologia nao se afinava com a esquerda, com o centro
de Janeiro.
e nem com a direita.

104 105
Foi uma " g u e r r a " de quase 15 a n o s , tempo suficiente para apa-
1
números únicos, e depois periódica. Mas sabemos que teve início antes
recerem outros pesquisadores e desaparecerem velhos militantes, que
do apagar das luzes do século 19. Começou humildemente entre ami-
certamente com a publicação do primeiro volume passariam a "acredi-
gos e companheiros de ideias, em forma de teatro repentista, enfocan-
t a r " em suas atividades sociais, culturais e humanas.
do episódios, retratando a exploração do homem pelo homem. Forma-
Não obstante as dificuldades que se interpuseram ao nosso traba-
va cenas com patrão e empregado; ateu e religioso; camponeses e fazen-
l h o , fomos colher valiosas informações em Lisboa, o u mais extamente
deiros, política e anarquismo; ensino estatal e livre; governo e povo; o
na troca de correspondência com Marques da Costa, residente na Ca-
poder da greve como método de luta e de solidariedade; o militarismo
pital portuguesa, que de 1 9 1 8 — 1924 viveu e trabalhou no Brasil co-
e o soldado, frente a frente, em diálogos candentes, debates de persua-
mo carpinteiro e jornalista, militando nas organizações operárias, anar-
são ideológica.
quistas e na imprensa acrata, de Manaus, Pará e Rio de Janeiro. Mar-
Tal como o anarquismo, a ideia de implantar o Teatro Social veio
ques da Costa indicou-nos publicações e pessoas que acabaram concor-
2

dc fora na cabeça dos emigrantes que aqui chegavam em busca de me-


dando em "contar o que sabiam"...
lhores dias. E, depois de dar u m verdadeiro salto no escuro, muitos pre-
De posse de elementos sobre as lutas económicas e ideológicas cisamente aprender o idioma e todos de adaptar-se ao clima e à alimen-
fomos às fontes de consulta, começamos a coletar dados e não tardamos tação tropical viam-se diante de questão social tão latente no Brasil
c m descobrir a formação de escolas de alfabetização, de cursos de artes, quanto nos seus países de origem. Por isso, o teatro cresceu no Brasil
conhecimentos gerais, sociologia, militância e a existância de grupos com o movimento anarquista, com ele marcou época e por isso f o i d i -
dramáticos fundados e dirigidos por trabalhadores, que realizaram im- ficultado, sabotado, seus artistas-amadores e diretores perseguidos, pre-
ponentes festivais em teatros alugados para esse fim e/ou nos palcos sos e os grupos dramáticos fechados.
improvisados das associações operárias. O Teatro Libertário teve u m imenso alcance ideológico e um pro-
Estas "descobertas" levaram-nos a inserir a realização de alguns fundo sentimento de solidariedade humana.
espetáculos teatrais nos livros Socialismo e Sindicalismo no Brasil. Eram seus objetivos principais:
1675 - 1913, Nacionalismo e Cultura Social, 1913 - 1922; Novos a) A divulgação de ideias anarquistas numa linguagem ao alcance de todos;
Rumos, 1922 - 1945, Alvorada Operária e Trabalhadores Italianos b) Combater os poderosos e o Estado responsáveis pela desigualdade social;
no Brasil, 1888 1 9 4 5 . Não obstante essa iniciativa, ficamos longe
3
c) Divulgar os métodos revolucionários de educaÇâo e instrução a todos os
níveis,
de oferecer uma visão de conjunto, global da obra doutrinária, edu-
d) desenvolver o diálogo, o debate e descobrir capacidades e talentos
cacional, de congraçamento e solidariedade humana que o teatro anar-
operários.
quista proporcionou a família libertária e) Motivar a confraternização da grande família proletária, o congraçamen-
A convicção de que havia ainda muita coisa por levantar sobre o to a níveis de família, sociais, ideológicas e humanos,
teatro libertário fundado e dirigido pelos trabalhadores fez-nos voltar f) Usar os espetáculos como fonte geradora de recursos para custear pubU-
ao tema para levantar os aspectos positivos e negativos da obra realizada caçoes dc jornais e revistas operárias e anarquistas, sustentar escolas livres para os
trabalhadores e seus filhos;
pelos artistas-amadores-operários no Campo Teatral.
g) Prestar solidariedade humana, a níveis locais, nacionais e internacional,
A sua história, rica em episódios pitorescos, lances dramáticos auxiliando as famílias dos trabalhadores, doentes, perseguidos e por isso desem-
e na prática da solidariedade humana, precisa ser escrita com hones- pregados, acidentados (ao tempo não existia o seguro), de companheiros presos,
tidade! deportados e expulsos.
O Teatro Social no Brasil começou com a chegada dos emigran-
tes libertários. Por isso, existem grandes dificuldades para apurar a data
dos primeiros espetáculos , já que estes não eram divulgados na impren-
4

sa bufcuesa e a operária estava começando, aparecia esporadicamente.

106 107
Centro de Cultura Social T E A T R O S O C I A L NO S U L
- . •. = > »RUA JOSÉ B O N I F A C I O , 387 | |•

SÁBADO 30 DE DEZEMBRO 1950 O Teatro Social, no Brasil, teve nos libertários italianos, portugue-
AS 20 HORAS ses e espanhóis o seu motor dc propulsão. O Brasil era virgem neste se-
tor art ístico-cultural-revolucionário.
CRflNDIOSO FESTIVAL ARTÍSTICO Entrevistando várias vezes o militante anarquista e um dos funda-
dores do Teatro no R i o de Janeiro e São Paulo - José Romero - pode-
I realizar.se no salas V. B. E., Rua Brigadeiro Machada, 71
mos concluir que o Teatro Social deu seus primeiros passos no final d o
século 19.
I Os componentes deste grupo drama- ji A imprensa operária e anarquista começa a falar de grupos forma-
I tico agradecem penhoradamente aos jj dos por operários da construção civil, vidreiros, sapateiros, cocheiros,
! sócios e amigos do Centro de Cultura \i
estivadores das Docas, garçons, tipógrafos, nos Estados do Rio (irande
•I Social, os incómio que lhes (oram dis- jj
I pensados pelos mesmos. Prometem ; do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
| aprimorar cada vez mais as represen- li Reproduz igualmente cenas de peças para familiarizar os leitores e
tacões, afim de corresponder plena- jj despertar-lhes o gosto pela arte teatral.
I mente aos desejos de todos. i Eeho Operário* em seu número especial, ilustrado de 19 de maio
de 1897 estampou o drama O 1? de Maio em 1 ato e 1 quadro conten-
PROGRAMA do a esguinte distribuição das personagens:
A n t o n i o da Silva, operário
i.a P A P T C (iorjçaio Castedo.operário

'Pelo grupo do Centro de Cultura Social iScrã re- Ernesto Ferreira, operário

preéadaao 0 mookmodadc drama de fundo éodat em Camilo Robledo, patrão


Cândido I hilippe, gerente
tréó atoo intitulado Francisco Soler, apontador
Thomaz Sablino. mestre

A INSENSATA Salomé, porteiro.


Operários, operárias e aprendizes, etc.
A cena passa-sc em qualquer cidade em uma fábrica . 6

Original de PEDRO C A T A L L O I

Para uma rápida avaliação, vamos reproduzir o diálogo entre os


PERSONAGENS ersonagens Soler e Cândido.
Julia de Coltro, . . . Mana YalrcrJe lhai l.o Varredor . C l.ope,
lAtira t tua Jilha . . Xe na l'.i.'.. ./. JcrnnUiro D«ra Dias Valrtrdr Soler: "Mas ainda não me explicou por que chamam a propriedade um rou-
Tio / . m i (Domitlico . . . . Luiz OcMndio I o Operário Dia* /.. o 7 c ao capitalista explorador..."
frtdmco ide família I'MI«.'.;-'H . Fianciico Cubr.-o* 2.o Operário Jaime Cubent*
3.o Operaria • . N. X.
Roberto t jorem iJealitta Guido Slrszrll. Candido: "Nada mais simples. A propriedade é um roubo, porque sendo a
Garçonete . Gtrni Vttimi
Snr. Dinimujo* {cego . Cerilio Dia* Ijope* atureza comum vemos entretanto uma pequena minoria senhora das terras e das
A a. In (
Jaime Cubem,
l.ilt (nua /i/Au Dora Dia» Valverde Carlos (mutilado de guena quezas sem que os trabalhadores possuam ao menos uma misera casinha onde
• Cecílio Ltfm
.'.o Varredor Matutei Trubilhano Enjirmeira . Gatti \'i*ini ossam vivcrl Ora, sendo os donos da propriedade aqueles que menos trabalham,
Homem Mulhe-e Múmro ele. ele. amo é que são eles quem mais têm?! Provado está que o roubaram ou pelo me-
Contrarregra - Jaime Cubern* ãs que alguém o roubou para lhes legar o que não deixa de ser a mesma coisa."
1'ontn - Humano Mezzetli Diretor - 1'edro Calallo
2.a Parte GRANDIOSO ATO DE UARIEDADE
NAO HAVERÁ BAILE 109
Ainda neste mesmo ano, mais exatamente " n o domingo dia 7 de Ainda em São Paulo, n o ano de 1902, a policia invade o Cassino
setembro os amadores Luiz Ferrari, Job, Lino Porto e João Porto, com- Penteado onde se representava o Primo Maggio, peça em u m ato, de Pie-
ponentes do Grémio Lírico-Dramático Saca-Rolheiro, levaram à cena a tro G o r i , anarquista, poeta e dramaturgo italiano. Quem dá a notícia é
peça libertária Gaspar, o Serralheiro. Echo Operário* comentou assim a O Amigo do Povo, semanário anarquista, dirigido por Neno Vasco (Gre-
realização teatral: " O drama escolhido f o i Gaspar, O Serralheiro, entu- gório Nazianzeno Moreira de Queirós Vasconcelos), nascido em Portu-
siástica produção operária cheia de senOes, mas de efeito soberbo para gal, residindo em São Paulo desde 1 9 0 1 .
as classes. Dentro destes princípios formam-se "Pêrola Internacional", "Nú-
cleo Filodrámático Libertário", "Grupo Filodramático "L'Attore In-
fantile". Núcleo Filodramático Libertário", "Grupo Dramático Gio-
O desempenho esteve magnífico, fazendo os amadores jus às mui-
vanni Bovio ", "Grupo Pensiero e Azione" t dezenas de outros que apre-
tas palmas e chamadas à cena que t i v e r a m " .
9

E após outras considerações conclui: " N o próximo sábado, torna- sentaremos juntamente com seu trabalho educativo, de solidariedade
ria ir à cena a mesma peça em benefício do Montepio da União Operá- e diletantismo.
ria, o que prova a nobreza de sentimentos dos inteligentes amadores, Desta época, o grupo mais durável parece ter sido o Filodramático
mas como o teatro está ocupado fica para quando houver vaga. Libertário. Outros grupos formavam-sc e desapareciam após representar
uma ou duas peças. Alguns nasceram e morreram desligados do Movi-
Ficam desde já avisados os operários em geral."
mento Anarquista, embora representassem só peças anarquistas, fizes-
E quase ao dobrar o distante ano de 1897, o Echo Operário vol-
sem propaganda das ideias acratas c distribuíssem o dinheiro apurado
ta a falar de o u t r o espetáculo.
pela imprensa operária.
Os grupos dramáticos começam entre os vidreiros com a chegada
"'Esteve magnífico o festival teatral de sábado, 13, em beneficio das ví-
timas de Canudos. Quer no Concerto quer na parte dramática tudo agradou, es- dos portugueses, vindos do Rio, A n t o n i o dos Santos Pierrô e Tomás
pecialmente a Comédia Os Apuros de um Noivo, representada pelos inteligen- Dinis, que se fixara na Vila Maria Zélia. Italianos e espanhóis também
tes filhinhos do nosso amigo c colega Rodolfo Gomes, a quem felicitamos. A marcaram sua presença no Teatro Social com Marino Spagnolo. autor
sua peça Canudos agradou m u i t o , e pena foi que a música não permitisse conti- de Bandeira Proletária, representada diversas vezes. Garibaldi Biocati.
nuação do segundo ato. como desejávamos ." 10
Helena Santini, Manuel Sanchez, Emília Martins, Noé Parete, Atílio
Grandisolo, Poério Bernardino, José Galon, Manuel Bueno, Lúcia San-
tini e tantos outros.
E m São Paulo foram representadas:
O Primeiro de Maio, O Pecado de Simonia. Ladrão da Honra, Ideia em
Marcha, Os Pequenos Burgueses. Os Tecelões, Os Espectros. O Mestre, Os Dois
Ladrões, Uma Comédia Social. Responsabilitá. O Dever, Los Conspiradores, Os-
teria Della Vittoria. Os Estrangeiros. Demónio Materno, Cá e Lá... Águias Há.
O Terror Notumo, Pedra Que Rola . 11 Azalan. Pela Pátria, Magna Asembléia,
OS PIONEIROS E M SÂO P A U L O Greve de Inquilinos, Senza Pátria, Sangue Fecundo, El A cabóse, Hombre, La Ca-
naglia. Os Celibatários, peça anticlerical de João C. de Freitas; Os Mortos, dc Flo-
A imprensa publicada em idioma italiano também comentava o rêncio Sanchez. A Insensata, de Pedro Cai a lo. O Direito de Viver, R. Bracco ;A
Tomada da rastilha, de Salvador Marques; Não Me Fale Nisto, De H . X . ; O Ve-
Teatro Social, libertário, fundado em São Paulo, exaltando seu valor
terano da Liberdade, de Batista D i n i z ; Ciclone, 3 atos, de W. Somcrset Maugan;
como veículo dc propaganda idológica e de protesto contra a explo- Tabu. 3 atos, de Francisco X . Svoboda (tcheco); O Inspetor Calis. 3 atos. de J .
ração do homem pelo homem, e como divertimento sadio a nível fa- B. Priestley; O Que Eles Querem. 3 atos. de A n t o n i o Guimarafs; O Poder das
miliar, de educação acrata e revelador de talentos artísticos. Massas, 3 atos, de Armando Gonzaga. O Divino Perfume. 3 atos, de Renato Via-
na, O Divórcio. 3 atos, de Clemence Dane: Pedreira das Almas. 2 atos, dc Jorge
Avançando lentamente até 1901 "escandalizou" a sociedade pau-
Andrade, Sindicato dos Mendigos, 3 atos, de Joracy Camargo;laiá Boneca, 4 atos,
lista com a representação da peça anticlerical Eletra, de Perez Galdés. de Frnani Fornari; Feitiço, 3 atos, de Oduvaldo Viana; Fantasia Social. 1 ato. de
num sábado de Aleluia.

111
110
Affonso Schmidt, O Coração é um Labirinto, 3 atos, de Pedro Catailo; Uma Mu-
lher Diferente, 3 atos, de Pedro Catailo, Pense Alto, 3 atos, de Eurico Silva; O Cada representação era sempre composva de um drama, uma comédia e
Maluco da A venida, 3 atos. de Carlos Arniches, Maria Cachucha, 3 atos, de Jora- uma conferência. A l i foram falar: José Oiticica, Fábio Luz, Edgard Leuenroth,
cy Camargo; A Derrocada. Resonar Sem Dormir, 1 ato, de Luiz F. de Castro; Florentino dc Carvalho, João P. Gutierrez e o r t r o s . Nesses festivais tinham sem-
Como Rola uma Vida, de Pedro Catailo; A Descoberta, hl Fugitivo, 3 atos, de pre a abrilhantá-los a excelente orquestra A Lira de Apolo, dirigida por Aldo Ma-
Juan Santisfeban, Miguel. 2 atos, de Juan Santisfeban; O Pão (fantasmagoria e dureira, que prestava concurso gratuito à caus' Os objetivos do teatro social erau
3 quadros) de Afonso Schmidt, etc. vários: trazer gente nova aos meios anarquistas, promover ou propagar as ideias li-
bertárias, formar capacidade artísticas, desenvolver e difundir a arte do diálogo,
As peças a princípio vinham da Itália e de Portugal, e depois passa- angariar fundos e levar um pouco de alegria e distração às famílias operárias. Os
objetivos foram atingidos. Vieram, através do teatro, muitos jovens, entre os quais
ram a ser publicadas no Brasil. Umas traduzidas e outras de autores bra-
se contam: Jo»é Puissegur (o francês), Laureano Prado, as irmãs Odete e Isaura,
sileiros: Fábio Luz, José Oiticica, Santos Barbosa, Zenon de Almeida.
Joaquim Bastos Sobrinho. As representações tinham lugar no Teatro Carlos Go-
Avelino Foscolo, Affonso Schmidt, Souza Passos, Mota Assumção, Mar- mes, de Santos, hoje Cine Carlos Gomes *'.
celo da Gama, Lino Brasil, G. Soler e Pedro Catailo foram alguns dos
Também teve grande sucesso o drama Gaspar, o Serralheiro, de
autores mais produtivos.
Batista Machado, representado no 1° de maio de 1910, na cidade de
A "Livraria Teixeira", de Vieira Pontes e Cia. Editores, à rua Franca, Estado de São Paulo.
Libero Badoró, 4 9 1 , São Paulo, publicou, em sucessivas edições, mais
É lícito dizer-se que um dos grandes méritos do movimento anar-
de 156 títulos de peças de Teatro Social, devidamente numeradas, e os
quista f o i o Teatro Social, ativo em todos os campos do conhecimento,
Centros de Estudos Sociais, e "grupos editores", formados com esse
da ciência, da cultura, da solidariedade humana e ideológica, a níveis
objetivo, também editaram grande número de peças. Outras não pas-
nacional e internacional.
saram do manuscrito, mas assim mesmo foram representadas também.
Em Porto Alegre publicaram-se peças de teatro social por iniciati-
va dos "Editores Pinto e Cia.". PRIMEIROS GRUPOS DE TEATRO LIBERTÁRIO NO RIO
A cidade de Santos, que alguém chamara a "Barcelona Brasileira",
nos primeiros anos do nosso século, fundou o Centro de Estudos So- No Rio de Janeiro encontramos indícios de representações tea
ciais e o Grupo Teatral Amor e Arte, do qual fez parte Tiago Marques, trais antes do final do século passado. Todavia, a divulgação de espe-
como ensaiador, Luize Alexandre Lascala, Antonio Queiroz. Eládio An- táculos e de peças ganha impoitáncia a partir da publicação de O Des-
tunha, Vicente Celestino (mais tarde cantor famoso) e seus irmãos . 12 pertar, e m outubro de 1898, com redação na Rua Senador Pompeu,
Muitos foram os dramas e comédias ali levadas â cena entre os 119, dirigido pelo operário Chapeleiro, José Sarmento Marques; de O
quais: Sangue Fecundo, Cristo Moderno, Jesus na Guerra, Infanticídio, Protesto, em 1899, com sede na Rua Evaristo da Ve..za, 78, tendo co-
Filho do Povo, tendo se destacado e tornado figura indispensável, a mo redator principal o operário Gráfico e Jornalista J . niota Assunção,
filha do velho militante anarquista, K r u p , que passou a ser conhecida autor de peças de teatro muito representados nos meios operários e ou-
pôr Sofia, tal o brilhantismo com que desempenhava o papel de uma tros jornais e revjstas anarquistas.
personagem com o mesmo nome, em Sangue Fecundo. Em 1903, com a fundação do Grupo Dramático Teatro Livre, na
"Era hábito comemorar o 1 ? de maio, 14 j u l h o (tomada da Basti- sede da Associação Auxiliadora dos Artistas Sapateiros, à Rua dos An-
lha) e o 13 de outubro (fuzilamento de Ferrer) com a representação de dradas, 87, o teatro libertário ganha velocidade.
peças sociais." Seu primeiro ensaiador e organizador f o i o operário Gráfico do
"Alguns dos primeiros amadores chegaram até às companhias de teatro, Jornal do Comércio, Mariano Ferrer. Militante anarquista, de origem es-
enquanto outros reorganizavam 0 Grupo Amor e Arte. com A r t u r Azevedo. Sáo panhola, conseguiu reunir Antônio Monteiro, João Portas, Manuel No-
desse tempo Thiago Marques. Antonio Covas. Alexandre Lascala e a família Solé. gueira, Luiz Magrassi, José Sarmento, Antonio Domingues, José Gar-
Mais tarde, já cm 1912, na "União de Artes e Ofício", destacaram-se as irmãs
leno, Carmen Ferrer, Dolores Ribas, Francisca Morais e as meninas
Aurora e Luiza Névoa, o garoto Gumercindo Rivera, Botejara, os irmãos Gomes e
Pillar Tata, Ernesto e Armando Portas.
Manuel Marques Bastos. Os ensaios eram feitos na Av. Ana Costa n? 1, esquina
com Rangel Pestana. Estreou no Centro Galego, em 12 de outubro de 1903, com as pe-
ças 1 ? de Maio, de P. Gori. O Mestre e a Escola Social
112
113
A orquestra era composta. ; m grande parte, por mulheres, e mais
Francisco Leal, Luiz Silva. Silvestre Machado e Gabriel de Almeida. "Financista - Dizia lhes o seguinte: escrúpulos e preocupações, para quê?
A q u i , cada um de nós representa uma força, o resultado do nosso acordo é a
Em pouco tempo o Grupo de Teatro Livre cresceu muito, e sur- onípotência! Se falamos de pé escutam-nos de joelhos; temos poder sobre to-
giram novos colaboradores: Antonio Torres. Furtado de Medeiros, que dos e ninguém o tem sobre nós. Sinto debaixo dos pés os milhões de cabeças da
viria a ser o seu ensaiador, Isidoro Alacid, Constantino Pacheco. Feliz multidão!
a
Pereira. Oscar Duarte, marmorista polidor. Augusto Aníbal, marmo-
Todos em coro -- Falou muito b e m !
rista polidor, Antonio Sampaio. Carlos Abreu, guarda-livros. Romual-
Financista ao Bispo - Eminência...
do de Figueiredo, ator profissonal. Clotilde Duarte e Davina Fraga, Todos em coro - Bebamos à sua saúde!
costureiras. Financista - Vossa Eminência é a Igreja e seus desígnios profundos, suas
Com essa equipe representou as peças: Caspar, o Serralheiro, molas ocultas de império universal! À sua voz, curva-se este mundo sob o terror de
As Vitimas. A Gaiola. O Infanticídio, Antônio, A Epidemia, A Ceia outro pior. Vossa Eminência representa a ação que formiga e pulula: pela mulher
e pela criança segura a família, c a seus altares iluminados pagam tributos os mor-
dos Pobres, O Pecado de Simonia, 0 Caso dos Ódios, O Arcediano de
tos e os recém-nascidos. Quando mitrado oficia no templo, repicam os sinos para
São Gil, Os Maus Pastores, Os Veteranos, A Alma Social, Amanliã. o céu azul, e vossa Eminência reina, com a máscara irónica dos augures, pelo anel
Greve de Inquilinos e O Grande Dia . >A de ametista e pela cruz petoral!
Dir-se-ia.que o teatro social crescia com a mesma rapidez do Mo- Bispo - inclinando-se - Sou o humilde servo de Cristo.
vimento Anarquista. Financista - ao General, depois ao Juiz: - General! Magistrado! Encarre-
gados da manutenção do estado atual de coisas,, são os senhores os dois punhos
As publicações libertárias destes anos distantes anunciavam fes-
da Sociedade, brandindo, nos dias de severidade e de represália, como relâmpa-
tivais, a formação de grupos, comentavam espetáculos e abriam suas pá- gos de aço entre o f u m o . o Gládio da lei e o sabre do exército!
ginas à reproduçáo de peças. General - Está afiado o sabre.
Kultur ,
15 logo em seu número de apresentação, publicava Natal. Juiz - E o Gládio corta bem.
peça simbólica num ato. de autoria de Neno Vasco e Benjamim Mota. Financista ao político - A o senhor, o eleitor ingénuo que busca um guia c
acha um amo, um homem e acha um lacaio, deputou-o para uma poltrona com
Na primeira cena, duas personagens, o padre e o professor Bruno
Carteira, real fraçãb do trono onde. bem sentado, fabrica poeira para os olhos.
desenvolvem o seguinte diálogo:
Politioo - Sou um defensor do povo!
- " A o levantar o pano. o padre arranja a porta da igreja a mesa e a cadei-
Financista - O Olimpo tinha Juno: o Orgulho! e a Devassidão: Vénus!
ra, c senta-se. Na salva que põe sobre a mesa deita um punhado de moedas.
1 Duquesa - O orgulho é a Duquesa, que tem todo um passado de tirâ-
Bruno (entrando e vendo a igreja aberta): I esta noite a festa do natal! nicas crueldades na fria prégua do seu lábio imperativo. Vossa Excelência é a Aris-
Há yinte anos eu me sentia feliz neste dia. A boa mãe nos preparava agradáveis tocracia injuriosa, que deixou no corpo do plebeu a marca do tacão, rubro de
surpresas- c nos fazia crer que os brinquedos e os cartuchos de bombons que en- sangue!"
contrávamos ao an^nhecer eram regalos do menino Deus... Hoje. diante desta por-
ta sinistramente aberta, eu sinto o fogo da revolta, porque a ciência me emanci-
pou da mentira religiosa. Para levar até às famílias dos trabalhadores, diálogos ideológicos e
Revolto me porque os templos do embrutecimento estão sempre abertos de contestação como estes, os libertários formavam grupos de teatro
e neles o povo é torpemente explorado pelos mentirosos tonsurados, que gozam amador. E sempre que podiam, subiam aos palcos das associações ope-
na terra c aconselham aos homens resignação nesta vida para gozarem as ventu-
rárias ou dos teatros populares, com suas peças.
ras do além túmulo!... Traficantes perversos sabem tão bem como eu que Deus
só existe na imaginação dos homens ignorantes das eras passadas que o criaram à Mas os dirigentes dos Grupos de Teatro anarquista não pensavam
sua imagem e semelhança, mas continuam a falar neste mito porque tiram provei- somente em contestar a burguesia ou a Igreja, desenvolviam igualmente
to do embrutecimento das massas." intensa solidariedade humana a nível de Brasil e/ou internacional, sem-
pre que sabiam de alguém que precisava de ajuda. Dentro desta dinâmi-
A Aurora 16 também não deixava seus nabituais leitores sem os
ca, ao tomar conhecimento do fuzilamento de operários russos em 22
diálogos teatrais. Sob o título: Mas Alguém Desmanchou a Festa, peça
de janeiro de 1905, e m Petersburgo, o Grupo Filodramático Libertário,
em 1 ato. de Luis Marsolleu, envolvendo 1 Financeiro, 1 General, I
de São Paulo, realiza u m espetáculo teatral em benefício das família das
Juiz, 1 Bispo, 1 Politico, 1 Duquesa e / Cortesã, durante um banque-
vítimas do Czar. O dinheiro foi enviado à Rússia, juntamente com dona-
te regado a vinho francês, travam estes " c u r i o s o s " diálogos:
tivos conseguidos pelo jornal A Terra Livre. Neno Vasco, responsável

114
115
Alonso dos Santos Júnior. Manuel Nogueira, Francisco Cabral. José
pela remessa através de Pedro Kropotkine, deixou no Brasil a "carta- Martins, Antenor Bantuse, Alvaro Carvalho, Carmen Arau, Vole e Túlia
recibo" desse d i n h e i r o .
1 1 Burline; Verónica e Ana Jallen, Rosa N e t o e outras figuras dos meios
Gesto de solidariedade semelhante é praticado no Rio de Janeiro libertários. Este Grupo, em sucessivos espetáculos. levou à cena:/l Ceia
pelo Grupo de Teatro Social em benefício do jornal anarquista Tierra dos Pobres, de Campos Lima. 1? de Maio, de P. G o r i ; O Pecado de Si-
y Libertad, de Madrid. O espeíáculo teve lugar no palco do Centro Ga- ntonia, de Neno Vasco. A Escola. Os Buijos, A Canalha, e outras peças
lego e as peças representadas foram: As Vitimas, de Frederico Bonet, e de real valor anarquista
O Pecado de Simon ia, de Neno Vasco, precedido de Conferências de Pouco depois graças à sua açáo independente aliou-se ao Cen-
Carlos Dias. O Festival começou no dia 14 e terminou a 23 de j u l h o
tro dos Operários Marmoristas e passou a contar com a colaboração dc
de 1 9 0 7 .
Valentim Liberato, Abílio Ferreira, Miguelote Viana. Siqueira, Leóni-
1 8

Neste ano de 1907 o Grupo Dramático de Teatro Livre, do Rio das Telles e Clara Telles.
de Janeiro, passou a denominar-se Grupo Dramático de Theatro Social. Mais tarde vieram juntar-sc novos valores: Amilcar dos Santos.
c a funcionar à rua do Hospício, na sede da Federação Operária. João Fernandes. Estevão. Elvira Boni. Argentina Neiva. Edna. Aníbal
Com o novo ensaiador - Furtado de Medeiros, português dos I age Mariano Martins. António Moita. Américo Ribeiro. A l l i e d o Guei-
Açores - obteve também a colaboração de A n t o n i o Pedro Nunes, José ia, António Monteiro. Manuel Pires Viana e outros colaboiadores na
Rodrigues Viana, Carolina Barbosa, Arduino Burline. Ulisses Martins, representação das seguintes peças:
tipógrafo, João Barbosa e outros.
A Casa de Orates. Língua de Fora, Mater Dolorosa, Milagres dc Santo An-
Nesta segunda fase, representou as peças: Os Operários em Ureve, tónio. Sogra. Nem Pintada. Rapto de Fernanda, Os Aliados, Pelo Telefone. Os
1? de Maio, Amanhã. Exemplo, O Pecado de Sintonia, Miséria, O Ca- Beijos Para Isso Pago. Reabilitação. Casar. Para Morrer, Quem Casa Quer Casa. O
minheiro e Mater Dolorosas .
19 Triunfo, \'ozcs do Céu, Manda Criancinha. O Outro e Fu, O Primeiro de Maio.
As Criancinhas. Cao e Galo. A noiva de Jose. A Fome. O Avatar. O Mestre, Triste
Carnaval Nono Não Desejarás, Amanhã. A Xoiva e a L'poca. A Mulher Homem.
PRAÇA TIRADENTES, 71 A Derrocada c O- Vagabundo1 . Seus espetáculos realizaram-se nos palcos das as-
1

sociações operárias, no Centro Galego e no teatro "Ginástico Português". O Triun-


fo f o i encerrado com a "musical da/l Internacional c vivas à Anarquia".
De 1907 a 1914 o Teatro Social do Rio de Janeiro sofre várias re-
modelações. Nasce o Grupo Dramático Social, estreando no Centro Ga- Nos anos de 1919/1921 o Grupo Dramático Social sob a orienta-
lego, com as peças: Pâmintos, Pecados de Maio, de Santos Barboza; o ção do poeta anarquista Lírio de Rezende e do teatrólogo libertário
Fuzilamento de Ferrer, e A Grande Data, de Carlos Dias. Seus amado- Santos Barboza, foi reforçado cym os seguintes artistas-amadores: Mar-
res eram: Zenon de Almeida, Lírio de Rezende, Plutarco Freitas, De- ques da Costa. Antônio Leite. Luiz Perez. Sebastia'0*l igueircdo. Arnal-
;

métrio Mariano, A n t o n i o Castro, A r t u r Más, Heitor Duarte, Pascoal do Augusto, José Rego. José Garrido. IViiguel Zanella. João Lopes, Ce*
#

Gravina, Leal Júnior, Maria Monteiro e Santos Barboza. zar Augusto. Laureano Teixeira, Monteiro de Gouveia, Maria Rezende,
Quando da prisão dos "revoltosos" de Sáo Cristóvão em 1918. Amélia Garrido. Anita Figueiredo. Corina Licurgo, Diamantino Leite,
este Grupo "levou à cena em solidariedade àqueles companheiros, no A r t u r Guimarães. Antonio Madeira, Manuel e Eliza de Oliveira, Joaquim
Centro Galego, as peças Pela Pátria e Magna -Assembleia, sátiras ao Es- Barbosa. Sra. Belarmino Fernandos. Eusébio Manjon. Nicolau Gianez.
tado e ao patriotismo, destacando-se duas meninas: Nair e Homérica M. Esteves. A. Ferreira. M. Bueno e representaram as seguintes peças
Matera .20
A Gaiola, Em Guerra. Reineniorando, Ideal Fecundo, Naquela Noite,
Pró-Pátria. Cata-Vento, A Vomzinha, Os Plebeus e Jaula, Iodas de au-
No curso de 1914 - 1918, anos de grande falta de trabalho " p o r
toria de Zenon de Almeida. Santos Barboza c Fábio Luz.
culpa da guerra", a Federação Operária do Rio de Janeiro funcionava na
Praça Tiradentes, 7 1 , sobrado. Vale dizer que dos palcos toscos e improvisados das Associações
Muitos operários sem trabalho dormiam no salão das reuniões. Operárias, do Rio de Janeiro, saíram para o grande teatro nacional al-
Apesar disso, formou-se ali o Grupo Dramático 1? de Maio por inicia- gumas das mais brilhanics figuras da arte dramática e da Comédia . 22

tiva dos seguintes artistas-amadores: Mariano Ferrer. Ulisses Martins,


117

116
A VEZ UE MINAS de vezes representada pelos grupos de teatro social existentes no Brasil,
sempre*com sucesso.
O teatro social tornou-se uma prática dos anarquistas operárias Como curiosidade para quem não teve e nem tem possibilidade
e intelectuais em muitas regiões do Brasil. Chegou ao Paraná, a Manaus, de ver ou ler O Semeador de Avelino Foscolo, vamos reproduzir dois
ao Pará, e no Sul fixou-se nas cidades onde os trabalhadores com ideias pequenos trechos dos personagens: Júlio e Laura.
orientavam as associações de classe. "Júlio - Mas que fiz eu? O meu constante sonho, como sabes, tem sido
Avançando no tempo e no espaço, vamos encontrar referências à melhorar a sorte dos relegados sociais. Nos Campos de Concentração da Rússia
formação do Grupo de Teatro Social Primeiro de Maio na Casa dos Tra- se fez em meu cérebro a luz que fagulhará apenas nas trincheiras: senti a grande
injustiça que é a ditadura do dinheiro, esse demónio moderno; conheci como a
balhadores, de P e l o t a s .
23
ignorância de u m povo pode concorrer para a tirania mesmo dos bem intencio-
A primeira peça a ser ensaiada f o i Tuberculose e Amores de Crian- dos como Lenine, reconheci a necessidade em vez de repressão brutal, que cria
ças Nesta mesma agremiação operária já funcionava o Grupo de Teatro mártires e faz fanáticos, de uma discussão apaixonada, de uma educação pre-
Cultura Social, fundado anteriormente. Na sua estreia representou as liminar e prática, preparando os espíritos para a realidade que virá após a mira-
gem de hoje Para t a l f i m , procurei destruir as barreiras de classe, de fortuna,
peças. Ideia Fecunda e Volta e Tucatos, em 13 de outubro de 1914.
indo ao encontro do proleteriado, auxiliando-o no direito de conquista à exis-
Em perfeita sincronização, os anarquistas e anarco-sindicalistas tência e ao gozo."
devotados ao Teatro Social trocavam experiências, ensinamentos e "Laura - Posso me sacrificar, galgar sem protesto, para bem de o u t r e m , o
peças. meu calvário, mas repugna a minha dignidade de libertária, mentir, ser hipócrita,
Em Santos, a Federação Operária estava localizada n u m amplo tecer esta trama de embustes em que se embalam os ricos, enganandos-se, iludindo
o mundo com uma moral que e uma simples máscara, por vezes para encobrir o
salão, por cima do "Açougue M o n s t r o " , na Rua General Câmara, perto
vicio e as torpezas de uma sociedade c o r r u p t a . "
da esquina da Rua Senador Feijó. E m sua sede existia uma escola de al-
"Júlio - í a noite que desaparece, e o passado que se amedronta; deycá-
fabetização, desenho, sociologia e teatro. A l i fizeram-se excelentes ama- los. Na imbuía do oriente surde a aurora de um novo dia e os primeiros homens
dores e anarquistas c o n v i c t o s .
24
livres podem respirar desafogados sobre a terra livre - a mãe C o m u m . 2 6

Durante o período em que a polícia os deixava em p a z , os l i -


2 5

bertários de Santos promoviam festivais de grande alcance ideológico, A obra libertária, teatral de Avelino Foscolo escandalizou a bur-
educativo, e prestavam relevantes serviços ao proletariado ministrando guesia mineira.
E encerrado o terceiro a t o :
cursos gratuitamente para trabalhadores, ao tempo analfabetos em gran-
de percentagem, e quase todos carentes de cultura geral, sociológica e de
recursos económicos para frequentar - com suas famílias - lugares sa-
dios, de ambiente agradável. FESTIVAIS E SOLIDARIEDADE
No Teatro L^cial os operários sentiam-se dentro do seu mundo, —•#•

assistindo por preços módicos aos espetáculos anarquistas, reviam ami- Em obediência ao espírito de solidariedade, ponto alto da doutri-
gos e companheiros e proporcionavam às suas famílias u m b o m diverti- na anarquista, o Grupo Dramático Cultura Moderna, através de A Ple-
mento. be " , informava: " N a próxima quinta-feira, às 19,30 h , no salão da rua
2 1

Os mineiros não ignoraram o teatro anarquista, também contri- Bresser, 550, efetuar-se-á reunião para promover festival em benefício
buíram com um;» cota-parte para o seu desenvolvimento. de Manuel Campos."
A iniciativa deveu-se a Avelino Foscolo, farmacêutico, jornalista, Por sua vez. Voz do Povo, falava da fundação do Grupo Germinal,
escritor, teatrólogo, membro da Academia Mineira de Letras, fundador pelos alfaiates, para desenvolver a arte dramática e angariar dinheiro para
do jornal A Vida, 6-1-1892, em Sete Lagoas. fundar uma Escola Moderna , enquanto a Federação Operariado
26 Rio
Pois bem, f o i este anarquista quem fundou o Clube Dramático de Janeiro consegue da Companhia Dramática Nacional (composta i n -
e Libertário, de amadores, em Minas Gerais. Suas obras e sua colabora- clusive por ex-operários, transformados em atores nos Grupos de Teatro
ção na imprensa acrata garante-lhe u m lugar destacado na história do Livre) a realização de u m espetáculo no Teatro República em benefício
anarquismo. O Semeador, peça de sua autoria em três atos, f o i dezenas do diário anarquista Voz do Povo . 29

118 119
Nos anos de 1920 1924, a produção dos Grupos de Teatro e de Primeira parte Dar corda para se enforcar, comédia em trés
seus te.it ró logo era intensa. atos, representada pelo Grupo Dramático Primeiro de Maio.
Voz do Povo 00 começa a publicar a "peça cinematográfica", O Segunda parte Atraente ato de variedades, com o valioso con-
Terror Noíumo, c o m o subtítulo: "Para os nossos filhos", de autoria do curso dos festejados artistas Abigail Maia, Romualdo Figueiredo, Isi-
médico e professor Fábio Luz. E m j u n h o o mesmo diário acrata anun- doro Alacid e Rafael Salvaterra.
ciava: "representação do drama social, "João José", precedido de confe Terceira parte - Amanhã, esboceto dramátio em u m ato, de Ma-
réncia de Alvaro Palmeira, no Teatro Lírico, em benefício dos seus co- nuel Laranjeira, representado pelo Grupo Dramático Primeiro de 'Maio.
fres, e espetáculo " n o Centro Galego por iniciativa do Grupo Dramáti- Concurso dedicado da exímia pianista senhorita Amélia de Oli-
co 1? de Maio, em benefício da Camarada Elisa de O l i v e i r a . "3 1
veira, da orquestra do Grémio Artístico Renovação e do Grupo Teatral
Social.
No mês de agosto , o Grupo Arte e Instrução representou o dra-
3 2

Visto o interesse despertado entre as classes trabalhadoras do


ma Gaspar, o Serralheiro e a comédia Os dois estuilantes no prego.
Rio pelas iniciativas do Comité, é de se esperar se encha hoje a plateia
" F o r a m organizadores os camaradas Henrique de Carvalho, Boa do Lítico, como demonstração inequívoca de solidariedade o b r e i r a . "
3 6

ventura da Silva e Aurélio Miguel. O espetáculo f o i realizado no Ginásio Entre os jornais burgueses. A Pátria foi o que mais falou do Tea-
Português. O "ato de Variedades" contou com a participação da atriz tro libertário. No final de 1921 anunciava:
Abigail Maia, o ator Procópio Ferreira, J . Costa, as meninas Nair Améri- "Festival do Sindicato da Construção Civil, realizado no Centro
ca, e sua irmã, Maneio Teixeira, Constantino Cruz e Carlos Fonseca." Galego, em benefício do operário Antonio Florentino. O espetáculo
Em outubro de 1921 publica-se a revista Renovação e sob o
3 J
constou das peças: A Vovozinha e Plebeus, de Fábio Luz e A Jaula, de
título O Nosso Teatro divulgam-se as três primeiras cenas da peça em Santos B a r b o s a Logo no dia 3 de janeiro de 1922, o mesmo jornal
37

um ato, de Santos Barboza, Naquela Noite, cujo diálogo girava em tor- divulgava: " U m Festival de Solidariedade no Centro Galego em bene-
no de sete personagens: "Madrinha (50 anos), Olga (30 anos), Ministro fício da família de Manuel Parada. As peças representadas são: Viti-
(45 anos). Cónego (35 anos), Jorge (20 anos), Raul (25 anos) e uma mas Sociais, -e Mulher Homem. E. antes de terminar q mês: "Festival na
criada *."
3
Resistência dos Cocheiros em benefício do seu associado Alfredo da
Sempre prontos a prestar solidariedade, os anarquistas acredita» Silva Machado. O espetáculo foi promovido pela Escola Dramática
do na existência de " 2 0 milhOes de flagelados da seca na Rússia" for- Resistência e constou das comédias: O Telefone e A Bruxa, e na sede da
maram o Comité de Socorro aos Flagelados Russos, no Rio de Janeiro, Aliança dos Operários em Calçailos e Anexos, realizou-se festival em fa-
a nível de Brasil, constituído por Amilcar dos Santos, Antônio Carva- yor da revista Renovação. Foram representadas: comédia em dois atos
lho,'Astrojildo Pereira, Aurélio Nascimento, Cezar, Leitão, Cruz Júnior, de Ibsen, Os Espectros, e Greve de Inquilinos, de Neno Vasco. O espetá-
Domingos Passe- F.lvira B o n i , Dr. Fábio Luz, Dr. José Oiticica, Laura lo contou com a colaboração dos atores Luiz Nascimento e Romualdo
Brandão, Marques da Costa, Miguel Capllonch, Octávio Brandão, Pedro de F i g u e i r e d o .
38

Bastos e Theofilo Ferreira . 3 5


No mês de fevereiro A Pátria , ressalta as figuras dos amadores
39

Do programa constava: libertários Augusto Aníbal, A r d u i n o Burline, Carlos Abreu, Davina


"Distribuir listas de subscrições voluntárias", "organizar u m gran- Fraga, Romualdo de Figueiredo, Mariano Ferrer, Ulisses Martins, An-
de piquenique operário, publicar u m número único de jornal de propa- tônio Monteiro Júnior, Oscar Duarte e Clotilde Duarte, como sendo
ganda da obra de socorro" e "promover um festival operário, elaborado dos mais antigos participantes do teatro anarquista. Com exceção de
pelos teatrólogos do Comité a ser divulgado pelos jornais. Carlos Abreu e Romualdo Figueiredo, todos eram operários, consegui-
ram diplomar-se na Escola Dramática Municipal ingressando depois no
"O grande festival de hoje, no Lírico.
Teatro profissional. Os ensaiadores pela ordem: 1? Mariano Ferrer,
Não poupando esforços e tendo de contornar uma série de difi-
29 Furtado de Medeiros e 3 9 Romualdo de Figueiredo.
culdades de várias ordens, a comissão do festival conseguiu alugar o Tea-
tro Lírico, para hoje, 12 de o u t u b r o , às 8,30 h da noite, organizando o Registra ainda as peças Os Operários em Greve; Exemplo, de J
seguinte programa: Mota Assunção, Miséria, de Manuel Moscoso; O Caminheiro; O Infan-

120 121
ticídio, de J . Mota Assunção, e os amadores Francisco Barreiros, Felix Dinheiro entregue à Renovação 123$000
Pereira, A n t o n i o Pedro Nunes, José Rodrigues, Viana, A n t o n i o Sam- Soma: . 570$4OO
paio, Carolina Barbosa, Luiz Magrassi, Izidoro Alacid (depois ator), 9$070
Saldo:
André (mais tarde ator), Constantino Pacheco, português, p o e t a 4 0

Em março de 1922, Renovação mantinha u m espaço intitula-


do 4 1No Meu Cantinho para as crónicas do ator e anarquista Romual-
A CRITICA
do de Santos Barboza * . 4 5

O gesto de Solidariedade não se limitava a prestar ajuda econó-


Neste período conturbado de perseguições muitos militantes sáo
mica aos "companheiros" doentes, desempregados, presos, deportados
presos, grupos e associações operárias dissolvidas ou desfalcadas de seus
ou falecidos, auxiliava os jornais, e escolas. No terreno da propaganda
membros pela polícia. Por isso em 1920, os Grupo Dramático Germinal
dramática ia até a publicação de prestações de contas, como segue:
e a Orquestra Social Quatro de Abril fundem-se para resistir às baixas
Grupo Teatro Soem infringidas pela polícia e nasce o Grémio Artístico Renovação, inician-
do no dia 16 de dezembro daquele ano, aulas de música, palestras e re-
"Movimento do " c a i x a " , desde agosto, quando f o i fundado o presentações teatrais.
Grupo, até fins de o u t u b r o , do corrente ano. Seus arquivos registram centenas de conferencistas, entre eles Jo-
sé Oiticica, Fábio Luz, Carlos Dias, Dra Estelita Lins. Jean Esteves
Agosto D u b l i n , Dr. Raja Gabaglia e outros.
Entradas: No campo teatral aparecem as representações das peças: Os Ple-
Receita total do festival realizado no Centro Galego, cm 7 beus, Mater Dolorosa. Amores em Cristo, Exemplo a Casados. Os Espec-
de agosto 613 $ 5 0 0 tros, Greve de Inquilinos, O Operariado, Ave de Rapina, Um Amigo do
Diabo, Perdi Minha Mulher e Por Ser Feliz.
Safdas:
As peças, os espetáculos e o trabalho artístico dos amadores liber-
Despesas total 342$000
Saldo entregue a A Plebe, em benefício de quem f o i
tários nâo passaram despercebidos da Crítica e nem os anarquistas dei-
promovido o espetáculo 271 $ 500 xaram de ouvir e considerar, no todo ou em parte, os comentários cons-
Soma 613*500
trutivos dos críticos.
Eis um deles: Grupo Teatral Social
Setembro O teatro, como toda e qualquer obra de arte, deve impressionar pela verda-
de, condimentada de um pouco de ficção. O cinematógrafo, com sua linguagem
Entradas:
mímica, com a verdade de seus cenários, apanhando flagrantes trechos da com-
Recebido por empréstimo feito por vários 118S160
plicação das almas da atualidade. é uma escola muito mais intuitiva do que o tea-
Saídas: tro à modo antiga, com seus diálogos intermináveis e suas dissertações.
Despesa feita durante o mes 60$6°'0 O cinematógrafo serve melhor à propaganda, pela apresentação crua e real
das condições de miserabilidade de uns e indevida abastança de outros; a desigual-
Saldo 57$470
dade social entra pelos olhos, sem necessidade de comentários. A peça teatral deve
ir nesse caminho, apresentar o fato chocante, tirar dele conclusões pelo entrecho,
Outubro
pela intriga bem urdida, pelos diálogos fáceis e naturais, deixando que a doutri-
Entradas: nação, se deduz dos acontecimentos, que os abalos emotivos façam conversões.
Saldo que vem de setembro 57$470 Nada é tão impressionante como o acontecimento em si mesmo, arrancando ao
Receita total do espetáculo de 15 de outubro 522SOOO natural e naturalmente transportado à cena, de modo que o espectador tenha a
ilusão de que assiste a uma cena verdadeira.
Soma: 579S470
Pecam ainda, pela artificiosidade as peças do teatro de propaganda libertá-
ria e pelo excesso de doutrinação enfático, infelizmente, as vezes, sem oportu-
Saídas:
nidade, nos longos discursos ou falas.
Despesas total com o espetáculo e outras iniciativas 447 $ 4 0 0

123
O Grupo Teatro Social levou à cena, a 15 de outub ro de 1 9 2 1 ,
em comemoração ao duodécimo aniversário da infame execução de Dentro desta última atividade, realizou em seu salão festival artís-
Francisco Ferrer, três peças originais de autores anarquistas: tico em benefício de João Pires. A peça representada f o i : Os Filltosda
Canalfia . 43
Ideal Fecundo, de Zenon de Almeida; Naquela Noite, de Santos Barboza, e
Pró-Pátria, de Espártaco do Sul, psedônimo de Z. Almeida. Deu fecho ao espe- Mas o salão mais utilizado pelos anarquistas f o i sem dúvida o d o
táculo u m ato variado, tendo iniciado a festa a recitação de versos sonoros, cheios Centro Galego, na Rua da Constituição. E m agosto o Grémio Artístico
de fé, entusiasmo, de Lírico de Rezende, sob o título Rememorado. Renovação - segundo o j o r n a l A Pátria de 24 de agosto de 1922 - re-
Ideal Fecundo está dentro dos limites apoteóticos, ressumbrando fé con-
presentou as peças: A Canalha e 0 Vizinho de Cima.
tagiosa que se revela no rápido proselitismo e na conversão de um dos represen-
tantes da força armada, com que a burguesia contém, a tiro e a chanfalho, os ím- E m o u t u b r o a imprensa diária 44 do Rio de Janeiro falava dos es-
petos revolucionários do proletariado. É pouco verossímil, mas impressiona co- petáculos realizados pelo Grupo Teatro Social na Resistência dos Co-
mo propaganda, em que se deve convencer o incréu de que outros, muitos mais cheiros, em benefício do j o r n a l dos operários da Construção Civu 0
presos ao regime vigente, se convertem muito mais facilmente, quando enfren- Trabalho, c o m o drama: Ladrão da Casa (drama) e O Tio Padre (comé-
tam a injustiça, quando se estarrecem diante de crimes miseráveis praticados pelos
dia). Foram responsáveis por estes espetáculos: A n t o n i o Neves, Pascoal
poderosos contra os fracos. A parte final do episódio em ato comove e arranca lágri-
mas, preenche portanto seu desidcratum de aliciar adeptos pelo coração. Essa Cravina, Manuel Martins, Joaquim Borges, Íris Menezes, José Go din h o ,
propaganda, feita com vistas á sentimentalidade, é muito mais eficaz, porque é Frederico Pololo, Luiza Monteiro e Sebastião Ribeiro.
mais duradoura do que a que se dirige esclusivamente à inteligência. N o mês de d e z e m b r o 4 5 o jornal operário O Trabalho voltava a
Naquela Noite é também uma obra de propaganda revolucionária, em que a ser auxiliado por espetáculo na Resistência dos Cocheiros, constando
revolta dos espíritos começa a se manifestar nos arraiais inimigos, onde resoluta-
de recital de poesias, canto de hinos e a representação da peça Como
mente a anarquia vai fazendo fundos sulcos. Há, no ato, movimentação dramá-
Nasce a Descrença.
tica e até mesmo trágica. Santos Barboza revelou pulso de dramaturgo, conhece-
dor dos segredos do teatro e de suas dificuldades técnicas. E m São Paulo, o jornal anarquista A Plebe , 46 comentava Ban-
A comédia Pró-Pátria é uma espirituosíssima sátira às paUiotadas e f o i deira Proletária, drama em três atos, de Marino Spagnolo, nos seguintes
pena que o desfecho fosse feito tão atabalhoadamente, tirando o efeito, que de- termos:
via produzir, a introdução intempestiva do contínuo, em quem recaíra a esco-
' T e a t r o Social
lha do Conselho Municipal para representá-lo na defesa armada da mãe pátria
No salão das Classes laboriosas, a 28 de o u t u b r o , estreou-sc o Grupo Tea-
e no possível sacrifício da vida.
tro Social, com a Bandeira Proletária, drama em três atos do companheiro Marino.
E m todas as peças o Grupo se revelou capaz de desempenhar obras tea- A despeito das críticas de bastidores, cuja intenção malévola, às vezes é
trais de maior vulto, sendo que Barboza tem os gestos e as atitudes de um artis- bem patente, e de alguns comentários oriundos do despeito, e, portanto, indignos
ta de carreira, e seus companheiros lhe seguem as pegadas, dando sério desempe- de pessoas conscientes, a representação constituiu u m sucesso legítimo, já pelo
nho a seus papéis. equilíbrio de u m " e l e n c o " bem treinado, já pelas ótimas qualidades da peça.
Marques da Costa, Luiz Peres, Laureano Teixeira, Arnaldo Augusto, Se- A Bandeira Proletária é a história de u m dos tantos mártires da ingrata
bastião Figueiredo, Joaquim Silva, Jorge, José Rosa, João Gomes, D D . Amália causa... e Paulo Dorvan, o mártir, o imperturbável sonhador de concepções gi-
Garrido e Luiza Botelho formam já um conjunto digno de todo o estímulo e cre- gantescas, enfrenta essa força imensa que o esmaga, mas enfrenta-a porque é
dor de sinceros elogios. forte, porque é consciente, porque sabe compreender a verdade na sua mais alta
manifestação. Fraqueja às vezes ao peso dos "coentos", mas nSo cede.o verdadei-
ro homem não pode errar nos seus princípios e aquele sorriso, misto de escárnio
REPASSANDO e desafio, que eleva e que verbera, que só por si resume uma filosofia; aquele sorri-
so que dói na consciência do opressor, significa para os infelizes um ensinamento
A Classe dos Cocheiros (profissão extinta com o aparecimento salutar, porque para ele, para o grande Paulo, para o preso que f o i posto em liber-
dade, tudo é prossível, t u d o , até mesmo encontrar exemplos de grandeza na pró-
dos transportes movidos a eletricidade e a gasolina) f o i das mais opero-
pria pequenez das paixões que o circundam!
sas na questão social, e por cerca de duas décadas m u i t o devotada ao
No segundo ato, onde revive uma linda página dc Zola com o comentário
teatro social. N o Rio de Janeiro,/! Resistência dos Cocheiros possuía
frio de Schapenhauer, que interpretação perfeita de uma doutrina regenerado-
u m b o m palco para realizar seus espetáculos, cedendo-o inclusive cente- ra nos apresenta o " t e r c e t o " dos moços comunistas!
nas de vezes a outros grupos de teatro social. E, para realização disto, bastou apenas um t e m a ! "
No ano seguinte, u m dos pnmeiros espetáculos realizados no salão
124

125
13 Uma Surpresa;
da Resistência dos Cocheiros f o i o do Grupo Pela Emancipação Femi- 14 - Gúsoleta Fox-trote.
nina, com sede na Rua Senhor dos Passos, 8 . Os artistas eram do Gru-
47
15 - Nicotau Co reli: U m trecho b r i t o .
po Dramático 1? de Maio e as peças exibidas: Amanhã, de Manuel La-
ranjeira, em u m ato e Greve de Inquilinos, de Neno Vasco, Em setembro, ainda no Rio de Janeiro, a Unuto Operária em Fá-
Nos últimos dias de março, Renovação Teatro e Música promove bricas de Tecidos efetua "importante velada" tendo como colabora-
51

u m variadíssimo festival no salão do Sindicato da Construção Civil, a


- dores. Laborista Esperantista Grupo e Renovação Teatro e Música. O
exemplo do já realizado em fevereiro do ano em curso. Começando com beneficiário f o i Biblioteca Social em Esperanto.
uma Conferência de José Oiticica sobre Propriedade Coletiva e Proprie- Programa:
1 - IA Espero, pela orquestra;
dade Particular.
2 - Conferência pronunciada por José Oiticica;
Em seguinda teve início: 3 - Uma Pequena Ideia, pela orquestra;
1 - A Internacional, pela orquestra, 4 - Duas Palavras em Esperanto;
2 - No Sultão, pela orquestra. 5 Eslonteco, poesia,
-
3 - A Pele de Urso, por Pilar Soares; 6 Gigolete. canto;
-
4 - A Morte, por Júlio Moreira; 7 Caricatura,
-
5 - Uma Surpresa, por Angelina Soares; 8 Alma Dios, pela orquestra,
-
6 — O Pássaro Cativo, por Matilde Soares; 9 La Tekistoy;
7 - Os Filhos do Povo, pela orquestra; 10 - Esperanto, canção,
8 - Fim de um Justo, por Sebastião Augusto; 11 - " O " rima impossível, horrível, terrível, declamado;
9 - Uma Pequena Ideia, pela orquestra;
12 - Fr a Braciola, cançoneta.
10 - Dez Minutos em Esperanto, por Antônio Vaz;
11 - Uma Surpresa, por Júlio Moreno . 8 É n o final do mês A Pátria* , informava: " o Grupo Dramático
2

Arte eNatura representará no Teatro Capitólio na Cidade de Petrópolis


Em São Paulo idêntica festa f o i realizada pela União dos Traba- em favor dos operários tecelões daquela cidade em greve: O Pecado de
lhadores Gráficos, no dia 16 de j u n h o , no "salão do Conservatório Dra- Sintonia, em u m ato, de Neno Vasco; 1? de Maio, um ato, de Pedro
mático e Musical, em comemoração ao seu 4 ? aniversário. G o r i , Amanlhã, u m ato, de Manuel Laranjeira, Cabaret e será proferida
Iniciado com A Internacional, pela orquestra, ouviram-se discur- Conferência tendo como tema: Uma Concepção Elevada da Vida "
sos de J . C. Pimenta, J . C. Bascolo e do prof. João Penteado, fundador
E m 1923 as atividades dos grupos de teatro social no Rio de Ja-
da Escola Moaerna em São P a u l o . 49
neiro e São Paulo foram intensas.
A movimentação teatral continuava. No Rio, a União Geral dos T.
No ano seguinte o Governo de A r t u r Bernardes prende, deporta
em Hotéis, Restaurantes, Cafés e Similares, realiza na sede dos tecelões,
para o Oiapoque e expulsa muitos anarquistas, proíbe seus jornais. A
à rua do Acre, 19, Grande Festival l.itero-Musical 50com o seguinte
maioria dos Grupos de Teatro e Centros de Cultura Social têm suas por-
programa:
tas fechadas.
Os que escaparam procuram resistir como podem. De 1924 a
1 - 0 Sol dos Livres, pela orquestra;
2 - Uma Palestra, por um companheiro. 1927 a queda de espetáculos foi m u i t o grande por isso.
3 - 0 Fado da Creada; Em março de 1924 o Grupo Renovação já se ressentia e apelava
4 - A Morte, monólogo; às associações operárias, com o aval de alguns dos seus dirigentes:
5 - O Fado Português,
Contribuindo com qualquer cota mensal, a título de subvenção, aconse-
6 - 0 Sertanejo Rebelde;
lhando aos seus associados que se inscrevam no quadro social do Grupo, como
7 - Leilão de prendas.
contribuintes, ou ainda como músicos o u amadores, proporcionando mais e
8 - Ouverture ao piano.
melhores elementos para a obra que a Renovação Teatro e Música procura
9 - O Fado do Alfazema; realizar.
10 - Até as flores mentem;
11 - A Canção do Encarcerado; Pelo Grupo Renovação: A n t o n i o Vaz e José Roditgues; pelo Centro dos
12 - O Fado do Vagabundo; Operários em Pedreiras: Domingos Lopes Moreira, Clemente Ramalho e Carlos

127
126
4 Versos de Silvino Olavo,
5 - A Ação Modernista, conferência de Oswaldo Beresfort;
José Gomes; pela União Gera! dos Trabalhadores em Hotéis. Restaurante. Cafés
6 Legenda da Arvore da Noite Triste, de Rubem Wandcy;
e Similares Augusto Moreira, pela Aliança dos Trabalhadores em Mercearias:
7 - Versos e Conferência de Fábio Lu?.;
David O t t o n i , pela União dos O. em Construção Ovil: Manuel Gomes, pela Asso-
ciação dos Gráficos do Rio de Janeiro: J o i o Dalla; pela Aliança dos O. em Cal- 8 - Conferência de José Oiticica;
çados: Augusto Pizzetti; e pela União dos Metalúrgicos José Joaquim T a b o a d a
53
9 - Amargura:
10 - Ante a Sombra:
11 -- ArteeAmor,
E m abril chega a notícia da URSS de que o Governo Bolchevista
12 - Sonetos, dc Moacir de Almeida;
" p e r m i t i u a fundação do Museu Kropotkine, na casa onde o famoso 13 - Pintura e Escultura Moderna:
anarquista f a l e c e u .
54 14 - Conferência dc Lauro Demoro;
Paralelamente à notícia da "fundação do Museu" chegava ao Bra- 15 - Canção das Pétalas Desfolhadas, de llarold D a l t r o ;
sil documento de Berlim, com o aval da Associação Internacional dos 16 - Perfeição, versos de Rubem Walderley;
17 - Poemas, de Benedito Mergulhão;
Trabalhadores, "desafiando o Governo Soviético a libertar os 140 anar-
18 - Conferência de Marques da Costa.
quistas presos na Rússia". F o i lido no comício de I de maio de 1924
o

e estampado na imprensa.
A Pátria, de IY de maio, insere na primeira página o retrato de
Bakunine e vista da 9 de da Federação Operária do Rio de Janeiro. PEDRO C A T A L O 5 6 F A L A DO T E A T R O A N A R Q U I S T A
Fala dos comícios de Sáo Paulo no Salão Celso Garcia, no Braz;
no Bom Retiro, no Centro, na Lapa. no Belenzinho. no A l t o do Pary. Deste extraordinário idealista guardamos recordações pessoais e
na sede de Internacional e dos Chapeleiros. suas Memórias datilografadas, escritas para atender a nossa curiosidade e
Seu correspondente de Santos informa que a união de Artes e as nossas buscas.
Ofícios e Anexos representou: Pela Vida. peça em três atos, no Teatro Delas extraímos o seguinte t e x t o : " E m 1928, trabalhava eu numa
Carlos Gomes. oficina de Calçado Luiz X V conta Catalo - sindicalmente bem orga-
E m Ribeirão Pires, Biriguy, S. Carlos, Lageado, os comícios in- nizada, éramos quase todos anarquistas e aqueles que o não eram sim-
flamaram assistência patizavam conosco. Foi nessa oficina, situada na rua Chavantes, que por
No R i o , no Ttatro República, A Companhia Brasileira de Decla- iniciativa e sugestão dc Afonso Festa, fundamos u m Grupo de Teatro
mação Itália Fausta - Lucília Peres, em homenagem: a Confederação Amador. Trabalhava conosco o veterano amador de teatro, Chiareili, e
Sindicalista Cooperutivista Brasileira, à Federação dos Trabalhadores a ele f o i confiada a Direção do Grupo. A peça escolhida para a estreia
do Rio de Janeiro e ao proletariado em geral realizou no dia 1 ° de maio deste Grupo foi uma em idioma italiano, de autoria do grande poeta e
um espetáculo composto pela peça O Inigma e a comédia O Defunto. pensador anarquista Pietro Gori. Tinha por título Os Sem Pátria, uma
No dia 3 A Pátria comentava "festival pró-presos por questões eloquente defesa dos soldados Garibaldinos que lutaram por uma nova
sociais" promovido por Renovação Teatro e Música, precedido de con- Itália, na qual. depois, não puderam viver, já que os novos dirigentes re-
ferência de Carlos Dias. solveram seus problemas particulares, e o povo continuou passando fo-
Do ato de variedades participaram: Lírio de Rezende, Pilar Soa- me, sem ter onde morar. Assim sendo, os soldados Garibaldinos tive-
res, Matilde Soares, Júlio Moreno, A n t o n i o Vaz, Amílcar Boni, Caroli- ram que espalhar-se pelo mundo todo. Eu ainda alcancei, aqui em São
na Boni, Júlio Martins, Adolfo Taboada, Vicente de Uqrca, Marques da Paulo, nos anos de 1918, 19. 20 e pouco mais. todos os dias 20 de Se-
Costa, Rafael Peres, Aida Koledeski, Manuel A. Gonçalves e o u t r o s " , e tembro, que é a data da vitória Garibaldina na Itália, os velhinhos Ga-
em 10 de maio o mesmo j o r n a l , registrava grande "festival promovido ribaldinos. de camisa vermelha que ainda conservavam do tempo de
pela Federação para angariar fundos para o lançamento de u m jornal Garibaldi - e de calças brancas, reunirem-se no Largo da Concórdia,
operário", obedecendo ao seguintes programa: comemorando aquela data que foi uma esperança de todos os italianos.
1 - Poesia Libertária, por Moacir de Almeida, Possivelmente, uns 20 ou pouco mais. todos velhinhos, alguns mal po-
2 - O Cibório c a Lâmpada, página de Murilo Araújo;
3 - Um Precursor do Anarquismo, por Hélio S i l v a ,
5 5

129

128
dendo andar, cruzavam as ruas do Braz, sob os aplausos do bairro onde Memorias manuscritas que íomoi icceber pessoalmente em sua casa,
eram quase todos italianos. aproveitando essa oportunidade para gravar uma breve entrevista de
O nosso Grupo chamava-se Grupo Teatral da União dos Artífices onde extraímos:
em Calçados, e foi constituído para trabalhar em benefício do nosso "Na ocasião dc tundaxinos o Grupo dc Teatro Social conseguimos a cola-
sindicato. boração de muitos simpatizantes da causa libertária, sendo que dessa época con-
O primeiro espetáculo foi realizado no amplo salão da Federação tamos com o apoio de muitos jovens militantes.
Devo ainda citar um episódio da representação de uma peça anticlerical,
Espanhola, ha rua do Gasómetro. O salão ficou totalmente tomado,
no saláo Teatro do Centro Republicano Português, na rua Amador Bueno. Reah-
porque, como já disse, a colónia italiana predominava em São Paulo A závamos um espetáculo sendo o conferencista Florentino de Carvallo. A peça que
segunda peça que levamos, era u m original de Gigi Damiani, que não íamos exibir era anticlerical. Havia entre seus intérpretes alguns elementos reco-
conheci pessoalmente, porque foi deportado no ano de 1919. A peça, nhecidamente "carolas". F. o caso dc A n t o n i o Neves, sapateiro, fanático do San-
anticlerical, chamava-se O Milagre. Gigi Damiani tinha outras peças de to A n t o n i o e sócio da respectiva irmandade no I mbaré. Pois b e m : no momento
em que se devia correr o pano de boca, a carretilha em que se segurava a corda
grande sucesso nos meios operários e foi representada várias vezes, por
caiu no assoalho do palco, a menos de um palmo da Cupola do ponto, l o i sabo-
um grupo que existia, anterior ao nosso, com o nome de Grupo Teatro tagem para provocação, um castigo do Céu contra os hereges (no caso o ponto
Social. Dos integrantes desse grupo, conheci pessoalmente dois: Marino era eu), I c li/mente o castigo do Céu não sucedeu e a peça obteve estrondoso
Spagnolo e Garilbaldi Biolcati - este último era irmão de u m nosso sucesso, tstavamos em 1934, e a peça tinha o título de Vozes do Céu.
companheiro, Hugo Biolcati, vidreiro, já falecido. D o mesmo Gigi
Damiani, traduzi para o português uma peça muito forte chamada Viva
Ramholot.

Neste mesmo ano de 1928, fundamos também em São Paulo, um DEPOIMENTO DE AMÍLCAR DOS SANTOS
grupo teatral de língua espanhola, chamado Grupo Teatral Aurora.
Era composto quase totalmente por anarquistas, e levamos somente Amilcar dos Santos, operário barbeiro, anarquista e amador de
peças sociais. De uma feita, levamos uma peça quilométrica, de cunho teatro social desde 1917 no Rio de Janeiro, atendendo à nossa solicita-
social, onde aparecia a figura de Tolstoy da qual não me lembro o au- ção, escreveu em 51 páginas c o m p a c t a s , tudo que se recordava em
S8

tor. A peça chamava-se IM l.ibertad Caida. Na noite do espetáculo. fi- março de 1963.
caram na rua mais de duzentas famílias. O salão estava à Cunha e os De suas "memórias manuscritas" extraímos alguns dados sobre o
donos do prédio ficaram com medo que viesse abaixo. Quando preten- teatro anarquista no Rio de Janeiro.
demos dar novo espetáculo e os donos se inteiraram que era para o "Resistindo às perseguições bernardistas e as investidas dos
Grupo Aurora, negaram-se a alugá-lo. lembrando da noite de La Li- elementos bolchevistas egressos do anarquismo, nesta data já transfor-
bertad Caida. Este Grupo de Teatro teve pouca duração, mas ainda as- mados em inimigos fidagais dos anarco-sindicalistas e libertários, um
sim, demos outros espetáculos, entre eles Los Maios Pastores, dc Otá- grupo de anarquistas conservava-sc na Praça da República, 46, sobrado,
vio Mirbeau, com grande sucesso. prédio convertido em sede da União dos Operários Sapateiros, e União
Naquele tempo não era preciso tirar alvará para dar espetáculos, dos Operários da Construção Civil
nem a peça passava pela censura. Neste prédio sede de duas das mais eficientes organizações anar-
Pouco depois fui preso, Afonso Festa, Pascual Martinez, Domin- co-sindicalistas nasceu o Grémio Renovação Teatro e Música, mantendo
gos Passos, e outros companheiros dos dois Grupos de Teatro-que não sua atividade durante os anos de 1923 a 1935.
puderam sobreviver às perseguições dc Bandeira de Melo e Ibraim No- Foi motivo de uniões de grupos anarquistas em torno do teatro
bre, acabando por conseguir as expulsões de Festa para a Itália e Pas- social e suas possibilidades de propagar a doutrina acrata.
cual Martines para a Argentina em 1 9 2 9 .
5 7
Atividade do Grupo Renovação Teatw e Música dividia-se em vá-
Pedro Catalo pôs-me em contato com Manuel Marques Bastos, rios setores: música, teatro, ensino do idioma esperanto, do naturismo,
português, radicado em Santos desde 1912, e muito ligado ao teatro da realização dc pequeniques como forma de educação e confraterniza-
naquela cidade. Deste amador do teatro libertário conseguimos suas ção anarquista.

131
lente professor e organizador, ativista e grande propagandista do anar-
O Teatro vinha do final do século 19 e começo do 20. Teve altos
e baixos, mas no conjunto prestou relevantes serviços ao proletariado e quismo. Foi deportado..
ao anarquismo. Na música organizamos u m Orfeão e uma Orquestra. O ensaiador
Muitos amadores participaram dos Grupos de Teatro c o m sede na do Orfeão era o Oiticica. Os cantores: Diamantino, Sebastião, Henrique.
Federação Operária, à Praça Tiradentes 7 1 , entre eles: Amilcar Boni, El- Matilde, Alonso, Lopes, Dona Luz, Antônio Costa, Simões e outros. A
vira Boni, Marques da Costa, Gravina, A n t o n i o Leite e outros que não orquestra teve dois maestro não-anarquistas, de quem não recordo os
recordo os nomes. nomes. Os músicos foram: Henrique Ferreira, no Violoncelo e no Violi-
Dos antigos só dois: Leite e G r a v i n a vieram engrossar as fileiras
iV no e algumas vezes maestro, Corrêa, na Flauta, Vieira, no Clarinete,
do Grémio Renovação Teatro eMúsica. O seu ensaiador era José Oitici- Afonso, no Violino e maestro, Stefanof, no Violino. Este se fazia notá-
ca e os amadores A n t o n i o Trigo, Luciano Trigo, Leite, Gravina, Amíl- vel pelas suas extravagâncias. Russo de nacionalidade, fazia questão de
car, Maria Antônia, Angelina e Matilde Soares. As três tinham trabalha- se dizer ucraniano. Grandes barbas, conferencista, escritor, deixou um
do nos Grupos de Teatro de Sáo Paulo. Representavam como verdadei- livro: Em Volta de Uma Vida. Modelo de Escola de Belas Artes. Nas
ras artistas, que bem podiam ter sido profissionais do teatro. O ponto horas vagas engraxate. Morreu velho entre os russos do Paraná.
era o estudante Valdemar Ferreira. Mas o elemento especial desta jorna- Não recordo as músicas que tocavam, mas o Corrêa guardava vá-
da f o i , sem dúvida, D. Paula Soares, Mãe de Primitivo Raimundo Soares rias .
6 2

(Florentino de Carvalho) M a n d o Soares, Maria Antónia, Angelina, Ma- No Orfeão cantava-se: Ilha Raza, composta por Oiticica quando
tilde e Pilar Soares, 6 filhos, seis anarquista. Família sempre presente em
esteve preso na Ilha do mesmo nome, Dorme meu menino e outras que
todas as reuniões e festivais anarquistas, D. Paula sempre disposta a for
não lembro.
necer b o m humor e receber em sua casa, na Penha, os companheiro}
Realizamos muitos piqueniques. Recordo de reuniões da família
que quisessem reunir-se para conversas informais, para debater e delibe
anarquista em Paquetá, Ilha do Governador, Saco de São Francisco,
rar sobre atividades e desenvolver e para ensaiar as peças que deviam sei
Represa dos Ciganos, Pedra de Guaratiba e Inabui. Cantava-se, a orques-
representadas. Esta família especial é parte importante, inseparável do
anarquismo do Brasil. O anarquismo e a família Soares estão intrinsica- tra tocava, praticavam-se esportes leves, domingos bem vividos, liberta
mente ligados, tão íntimos que eram. riamente. Sempre presentes a família Soares, João Peres, Ideal e Caroli-
na, os Ferreiras, Manuel e Henrique, as famílias Corrêa e lx)pes, Esteves,
O Grupo de Teatro desse período de amargas recordações repre sempre só, os Trigos com as famílias, o Romero com a filha. Oiticica,
sentou as seguintes peças: Primeiro de Maio, O Pecado deSimonia, Ga- D. Margarida, Diamantino, Costa, Simões, Taboada com a família, e ou-
roto de Lisboa. Ceia ifos Pobres. Lua Nova e outras peças cujos títulos tros i m i s tarde deportados e/ou desaparecidos.
não recordo.
Mana Lacerda de Moura, professora, escritora, veio muitas vezes
O naturismo f o i muito praticado pelos participantes do Grupo
ao R i o 6 3para fazer conferências na nossa sede o u na abertura dos espe-
Renovação, tanto na alimentação quanto na abolição do chapéu . 60

táculos. Fazia propaganda pacifista, de não á violência e era sempre


Os elementos mais ativos do grupo eram: Henrique Ferreira, Se-
m u i t o aplaudida pelos anarquistas.
bastião Batista, José Reza, Pierre, Diamantino, Albano, Alberto e ou-
tros. Mahatma Ghandi estava em grande evidência e Maria Lacerda de
Moura admirava e defendia o pacifismo de Ghandi e o anarquismo indi-
Em alimentação naturista, o caso mais notável que conheci foi o
vidualista de Han Ryner e Emile A r m a n d " .
de A n t o n i o Fernandes. Anarquista decidido, inteligente. Canteiro de
profissão recorreu à alimentação naturista como último recurso quando
tinha apenas 30 anos e poucas esperanças de viver. Praticou-o com fer- COMENTÁRIOS E APRECIAÇÕES
vor e viveu até aos 80 a n o s .
6 1

Os anarquistas, de uma forma geral, não se preocupavam em co-


O esperanto também progrediu dentro do Grupo Renovação Tea-
tro e Música. Tinha como professor o anarquista A n t o n i o Vaz, que mentar os seus espetáculos teatrais por verem nesse procedimento u m
acumulava com o cargo de seu secretário. Muito competente. Foi exce- auto elogio às suas próprias atividades.

132 133
Por sua vez, os comentaristas profissionais contratados pela im- b) A Nossa Festa
prensa comercial também nao o faziam, por razoes óbvias.
Por isso i f o poucos os comentários críticos em torno das peças, Apesar dos pesares, quer dizer, malgrado a atmosfera carrancuda que os
ares polfticos de São Paulo apresentaram, e, malgrado o nosso j o r n a l A PLEBE
dos Grupos de Teatro Social e seus festivais.
não ter circulado sábado passado, á verdade é que o espetáculo realizou-se com
N l o obstante a despreocupação e o escrúpulo em falar de suas grande e numerosa assistência, vendo-se em todos os semblantes o sinal evidente
realizações teatrais apareceram na imprensa libertária algumas opiniões do entusiasmo, da satisfação por já o nosso Rodolfo se achar em liberdade, lá pre-
como as que reproduzimos. sente, como também pela presença do ilustre e abnegado camarada José Oiticica,
que fez uso da palavra e a todos entusiasmou com a sua franca sinceridade e pela
sua fluente e simples exposição doutrinária, não havendo ninguém que o deixe de
•) " O Nosso Teatro
compreender, tão acessível e lhano ele se torna quando fala aos trabalhadores.
A peça - A B A N D E I R A P R O L E T Á R I A - agradou p é » seu entrecho e
Na sociedade atual, a vida em todas as suas manifestações é dominada pelos desempenho por parte do " G r u p o Teatro S o c i a l " que tudo fez para realçar a tese
interesses egoístas da classe rica. A literatura, a arte servem-lhes apenas para cor- desenvolvida na mesma. A parte de variedades também agradou plenamente. Mui-
romper e entorpecer a maneira de pensar do povo, mesmo assim a maioria do to agradecidos a todos que c o l a b o r a r a m " .
65

povo n i o tem a possibilidade de gozar esse prazer.


Por Isso que constatamos com satisfação a criação do "Grémio Artístico
Arte c N a t u r a " , composto dé elementos do povo, para o povo. " O Nosso Festival
Iniciou -se este Grémio com a representação de "Greve de i n q u i l i n o s " de
Neno Vasco e "Primeiro de M a i o " de Pedro G o r i , e, já na primeira vez no festival Como era de esperar, o festival anunciado para a noite de 4 do corrente,
da Tristeza, a maioria dos elementos destacaram-se nos seus papéis, demonstrando que se realizou com a maior animação, constituiu uma excelente noitada de pro-
ter certa capacidade artística, apesar de serem elementos completamente novos, paganda. Para isso muito concorreu o fato de ser apresentada em público, pela p r i -
tendo se apresentado pela primeira vez no palco. F. que não estávamos enganados, meira vez, e peça teatral - TESEU - do nosso camarada e amigo G Soler e a con-
demonstrou-*- quando pela segunda vez foram levadas à cena as mesmas peças, em ferência pronunciada pelo companheiro J . C. Bosco lo.
comemoração da morte de Francisco Ferrer y Guardia, a 13 de o u t u b r o , no Salão O salão dava um aspecto magnífico. A multidão de camaradas e amigos e
"União e Progresso". suas famílias que acorreram ao local esgotou por completo a capacidade do salão.
Claro está, deve-se ter em conta as dificuldades com que tropeçam os nos- Coube ao camarada Bosoolc iniciar o festival com um belíssimo e substan-
so* amadores ao levar à cena uma peça" cioso estudo sobre o teatro social, lograndeo prender a atenção, pelo espaço de
F m primeiro lugar, o péssimo estado das decorações e a deficiência de ma- uns 40 minutos, da assistência, que se comprimia na plateia e nas galerias.
terial necessário para t a l emergência, que colocam os nossos amadores em sérios Os elementos do corpo cénico da "Hispano Americana", aquém fora con-
apuros e muita dificuldade. fiada a representação de Teseu. se esforçaram bastante para dar vida e brilho aos
Mas, apesar de tudo isso, podemos afirmar sem receio de errar, que a gran- personagens que interpretaram. A todos eles, conjuntamente, deixamos nestas pá-
de maioria demonstrou saber interpretar os papéis, e, não só isso, demonstram lidas linhas o nosso agradecimento^
também, que eles têm consciência do que fazem.
Temos a esperança de que dentro em breve teremos u m conjunto de ama- TESEU
dores, para u m verdadeiro teatro popular,que tanto nos falta, não só para poder-
mos apreciar as peças levadas à cena, como pelo ambiente de amizade e fraterni- Com Teseu, G. Soler logrou provocar, em nosso meio, os mais vivos comen-
dade que se forma, por esse meio, pois a maioria o u a totalidade dos espectadoras tários e levantar críticas as mais mordazes.
são trabalhadores, e influenciados por m e » das peças, boas, consegue-se transfor- O murmúrio e desaprovação de algumas cenas, as dúvidas provocadas por
m a r a maneira de pensar, no sentido favorável aos interesses do oprimidos - quer outras, dizem bem da inquietude de espírito manifestada pelos personagens no de-
dizer - favorável aos interessei d o i próprios espectadores. correr da representação.
A tese que Soler desenvolve, os tipos sociais que nos apresenta, o ambiente
Posto que, segunuo nosso pensar, a sociedade atual, corrupta, consegue
que nos faz viver no decorrer dos q u a t i o atos, são momentos que não se esquecem
manter se devido i maneira errónea de pensar das massas do povo. E o teatro é um
facilmente. A atitude dos peisonagens choca, perturba, e, por vezes, desnorteia o
bom meio para influenciar a maneira de pensar dos tiabalhadores.
espectador.
Avante, pois, camaradas do "Grémio" e que os vossos esforços sejam coroa-
No conjunto, a ideia de Soler é^quer-nos parecer, pôr em cena a tragédia
dos com franca vitoriai
psicológica e social dominante no momento atual no seio das famílias, como refle-
xo da sociedade que há-de resolver os complexos problemas de sua evolução.
M.F 6 4 ."
Para isso, Soler põe em cada personagens que caracterizam trés gerações

134 135
dislaitas a do pastado, nas pessoas de Emília e de seu irmão, o padie; do presente:
«la o proletariado que sua e sangra, e ao outro lado, das ilustres e virtuosas uamas
Teseu, o anarquista, a se debater entre os preconceitos do passado e as chicanas
mtólicas que fazem uma desleal concorrência às humildes famvitas que habitam
dos partidos políticos de hoje; do futuro, na mocidade sadia de Carmem, que,
»% /onasdo meretríc»...
com A n t o n i o , simbolizam, a continuidade da vida, do amor e da luta.
No teatro moderno, instituído pela buqjuesia, tudo quanto é elevado e no-
A trama é bem urdida e o ideal que a anima é humano e libertário. Isso no
Iwc não sc concebe em seus tablados. Nas suas concepções artísticas e técnica, co-
conjunto.
mo nos enunciados literários e filosóficos, o conceito de povo, de vida melhor, de
Quanto ao acabamento da obra, temos que facar alguns reparos, assim
U m estar coletivo. de grandezas éticas e sociais não se enumera. A ideia social é
como algumas restrições quanto ao final do quarto ato, onde nos dá a impressão
apagada.
dolorosa de que as trés gerações são arrastadas para o abismo com a tragédia psi-
J que o clero, interpretando as personagens, astuciosamente enverga, náo
cológica de Teseu.
a batina das ordenações, mas a casaca dos capitalistas ou a libré dos lacaios.
Esse momento culminante do drama dá-nos a impressão de que verificará
E, então, vemos deslizar diante de nossos olhos a coluna imensa desse exér-
um colapso na vida quer dos seres, quer das ideias.
cito dc detritos sociais, restos de humanidade, como as escórias que sobram das
O espectador fica suspenso e tem a sensação do vácuo ao seu redor: quan-
salas de operações dos hospitais.
do desce o pano, uma pergunta assomar aos lábios: e agora?
E daí, os dramas à Pirande», procurando dar outra forma no gosto às tra-
O amigo Soler tem talento, sabe pensar e fazer pensar os outros. Mas nao
gédias de alcova, aos adultérios. E a literatura cénica alimentada pelas últimas re-
poae exigir do público que adivinhe o seu pensamento, que ficou um tanto indeci-
formas político-sociais, produzida por uma avalanche de intelectuais invertidos,
so e obscuro na cena final da obra. TESEU é um drama excelente, mas muito me-
homossexuais, sustentados por Hitler e Mussolini, que procuram fecundar as tra-
lhor ficará, a nosso ver, si Soler lhe aparar algumas arestas, e o expurgar dos diálo-
gédias coletivas e as cenas bacanais.
gos muitos longos, mesmo sacrificando um pouco da boa doutrina que debatem;
assim como aliviar, se nao puder suprimir, os monólogos pesados, que concorrem É a lenda grega, numa paródia infeliz, sem a beleza e virilidade dos jovens
para cansar os artistas e tornam um tanto monótono o trabalho. E, finalmente, espartanos: Sapho raptando todas as gregas, e os homens, à falta delas, servindo-se
deveria, ainda a nosso ver, dar a Carmem e A n t o n i o o papel de finalizai o drama entre ã...
com algumas palavras que sejam um hino à vida que prossegue e ás ideias que Esse jamais poderá ser chamado o teatro social. So os escritores idealistas é
triunfam. Teremos, assim, em Teseu um trabalho teatral para muito tempo e para que podem reivindicar para si essa denominação. 0 teatro social, entre nós, repou-
ser representado muitas vezes. sa nas mãos delicadas e no pensamento sonhador do Joracy Camargo, em Deus
lhe pague; em Afonso Scmidt, em Carne para canhão e em G. Soler, com a sua
maravilhosa concepção social Teseu.
R. F 6 6 ."
Porque, no teatro social, a ideia de humanidade paira acima de todas as
convenções, de todas as leis sancionadas, e o A m o r e a. Verdade são a sua expres-
são máxima.
d) 'Teatro Social Que leis sáo essas, que o teatro moderno burguês não procura estudar, cm
que os homens constantemente, passivamente arrastam consigo - como os senten-
(Trecho de uma conferência realizada ciados das galés arrastam a sua grilheta, sendo-lhe vedado, p e » peso dos precon-
pelo J . C. B o s c o » no Salão das Classes ceitos, de até poderem olhar o azul do firmamento num ansiado amplexo de liber-
Laboriosas, no festival de " A Plebe**) dade?
Que leis são essas, que ainda vigoram entre os homens, que proíbem, que
O teatro de hoje, denominado teatro moderno, jamais poderá ser o teatro estigmatizam, que afastam, que desprezam quando dom corações amantes sonham
sociaL e anhelam e palpitam a um Jo livre de seus pensamentos e suas carícias, sem darem
Nas ribaltas de todas as grandes metrópoles, procura-se mistificar a vida e as satisfações de seus atos íntimos a essa sociedade madrasta, que todavia sustenta e
suas finalidades. O teatro burguês empenha-se de ocultar aos olhos do povo todo o aumenta antros e bordéis?
atraso em que vivemos, e apenas traça em lances arrebatadores a tragédia íntima Que leis são essas que facultam a uma uísignificante maioria de indivíduos
dos incêndios devastadores tia paixão. Predomina a exaltação dos sentidos, através escravizarem a grande massa de seres humanos os proletários opondo barrei-
dos preconceitos doentios de filosofias falhas, vedando os largos voos das imagina- ras aos que sonham a harmonia da vida em comum, por sobre todas as fronteiras
ções esclarecidas. geográficas e arbitrariamente traçadas?

A teatro, assim chamados dos bons costumes, devidamente autorizado pela Que leis são essas, que sustentam dogmas e religiões, tentando impedir nas
política e pelo clero, faz a sua obra "saneadora", não há dúvida, transformando massas abrutalhadas, p e » temor a fantasmas e ídolos metafísicos, a centelha da
as ribaltas em conventos e cabarés. rebelião universal para o esclarecimento das conveniências?
Tudo é "elevado" nesse teatro, onde, de um lado, geralmente, a frequência Que leis são essas, afinal, expressões claras c incisivas de todos os erros e
é constituída pelo mundo oficial dos magnatas da política e da indústria, que asfi- imperfeições do passado, trazidas até aos nossos dias, e que o teatro moderno da

136 137
Zenon de Almeida e Santos Barbosa, operários, anarquistas, pro-
burguesia tanto se empenha em reproduzi-las com incensos de vestais e, virtudes de duziram inúmeras peças para o teatro libertário. Eram ao mesmo tem-
eunicos?
po - teatrólogos, amadores dos Grupos do Rio de Janeiro, militantes
O teatro social, porém - embora sabotado pelas instituições clerocapitalts-
tas que sustentam os mentores da literatura cénica atual , será essa tcnua, mas anarquistas e operários. Escreviam suas peças depois de 8 horas de tra-
viva nesga de luz, que, rompendo a custo as trevas do obscurantismo das consciên- balho estafante.
cias ainda adormecidas, penetrará nas Torças criptopsíquicas dos indivíduos, parai
torná-los homens e nao feras. Quase toda a produção destes autores desapareceu. A imprensa
acrata náo pôde divulgar convenientemente suas peças para não "des-
J. Carlos B o s c o » . "
6 7
pertar" as autoridades encarregadas da Censura teatral e de dar caça aos
anarquistas. A maioria foram escritas expressamente para os Grupos de
DISPERSAS que faziam parte e nunca puderam ser editadas. Por isso não foi difícil
à polícia, nas suas costumeiras buscas de rapina, carregar e queimar os
0 teatro social, libertário, fez um longo percurso, tem uma histó- originais, sem contar os que desapareceram devorados pelas traças em
ria por escrever, rica em episódios dramáticos, emocionantes, no campo seus esconderijos para escapar às buscas das a u t o r i d a d e s .
68

da arte cénica, no combate às injustiças cometidas pelo homem contra


Vale registrar ainda no r o l dos últimos "achados":
o homem, na prestação de solidariedade, do lazer proporcionado à fa-
a) O Pão, Pastamagoria cm 3 atos dc Afonso Schmidt (Tem 9 persona-
mília operária. Constituiu ainda eficiente veículo de propaganda ideoló-
gens);
gica, emancipadora. cultural, e humana. b) Amor Por Anexus, comédia cm 1 ato dc Artur Azevedo;
Sua doutrina educava crianças e adolescentes, mulheres e homens c) Feitiço, de Oduvaldo Viana;
de todas as idades enquanto oferecia u n i divertimento sadio. E quando o d) Fantasia, em l«ato de Marino Spagnolo;
e) Querendo Briga, cena cómica de Pedro Catalo;
pesquisador pensa que descobriu tudo que os anarquistas fizeram nesse
0 Alucinação, delírio dramático em I quadro de Pedro Catalo;
sentido, descobre mais alguma coisa que nfo pode ficar de fora, perten-
g) FlPrecto de La Libertad. diálogo dramático de Pedro Catalo;
ce igualmente ao contexto histórico teatral libertário, é tão valiosa h) Não Há Dificuldades, peça cm 3 atos de José Oiticica (inédita). Lsta
quanto tudo que já se registrou. peça envolve 6 personagens: 3 homens e 3 mulheres.
Este capítulo é o resultado de uns poucos achados bem depois i) Ser ou Não Ser, comédia de José Oiticica.
desta obra pronta, quando uma de suas cópias pagava "seus pecados"
Trata-se de trabalho escrito a lápis nas páginas 40/41 de uma
cm mãos dos editores.
agenda de janeiro de 1927, em letra bem miudinha, para, como era seu
• Uma das nossas "descobertas" fala da formação do "Grémio
hábito: dizer muito em pouco espaço.
teatral por um Grupo de incansáveis companheiros e a representação
Eis o que o sábio brasileiro escreveu nesses anos distantes:
de peças anarquistas na Cidade de Machado, Minas Gerais, no ano de
1914".
"1 ato
No mesmo ano de 1914 o Grupo Dramático Cultura Social, de
Santos anunciava para o dia 1 " maio:
Juventino é filósofo e teólogo conseguiu provas do Absoluto, da verdade,
1 - Famintos, esboço dramático; etc. - V a i sair. Mira-se ao espelho e afirma: cu soul (para receber a multa). Uma
2 Maio]... peça em 5 episódios; vez lhe diz que náo é - Aparccc-lhe um fantasma e piocura convencê-lo de que
3 0 Mártir de Montjuich. drama cm 3 partes; nao é Juventino, mas ama aparência, tudo ilusão - Apaga-se a luz, profunda obs-
4 - Plebeus, drama em 1 ato c 3 quadros; curidade - Reacende-se a luz, Juventino está apavorado. Chega uma amiga e per-
5 Filhos do Povo, melodrama em 4 atos. todas de autoria de Santos gunta a criada por Juventino - não é cie - discute com Juventino que não é ele
Barbosa; referindo fatos reais que mora a l i , mas náo é ele. Depois a criada não o reconhece
6 A Veniade, drama cm 3 atos. de Artur Guimarães; - Chega enfim a mulher.
7 - Fuzilamento de Ferrer, drama em 2 atos c I quadro;
8 Amores em Cristo, comédia cm I ato, dc Zenon de Almeida; // aro
9 Pacatos, farsa em 1 ato do mesmo autor em colaboração com Santos
Barbosa. Juventino só, medita, olha sc ao espelho afirma que è, todos estão doidos

138 139
isto c lápis, isto v papel, escrevo meu nome no papel - Surge o fantasma - as- 1902
sombramento de Juventino. Está enganado atiuilo não é lápis nem papel, o que
escreveu não é seu nome Chama a criada, não responde Depois surge ela e ele
a repreende mas ela não é criada, ela é homem, é o cozinheiro Kntra o irmão
Societá Filodrjmàtica Andrea Maggi . 12

de Juventino. leconhece-o como Juventino, grande contentamento deste - mas - C a s i n o P a u l i s t a ( a n t i g o E l d o r a d o ) - SP.


ao chamar-lhe este irmão, náo é irmão é sua prima Cláudia, sua amante. Acena - Organização p r o m o t o r a : Lega d i Resistenza f r a C a p e l l a i .
amorosa com repugnância de Juventino. k n t r a o Padre 1 úcio reconhece Juven- / - UnaNottea Fxrenze - de A Dumas;
tino. Mas não é o padre, é o fotógrafo que ele mandou pedir Saem todos - O 2 - Comédia em ato;
problema: estou louco o u náo estou louco, vejo o u náo vejo, isto é cadeira o u não 3 - Conferência - Raimundi, Valentim Diego e benjamim Mota;
Surge o fantasma: você está e não está. Isto é lápb c náo é. 4 Baile familiar . J

/// ato
As Nossas Festas
Acaba Juventino agarrando um pau e metendo o cacete em todos para ver - Cassino P e n t e a d o - sábado passado.
se é pau o u não. se eles sáo gente o u não." 1 - Primo Maggio, peça de P. G o r i ;
2 Conferência de Benjamim Mota, Valentim Diego e do poeta Ricardo
A arte dramática de fundo revolucionário com fins emancipadores Gonçalves;
foi u m grande veículo de propaganda e recreação nos meios operários. 3 - Rifa de um quadro alegórico;
4 - Comédia .
Iniciada pelos anarquistas tornou-se compreendida por crianças,
74

jovens e velhos, defendida e combatida. Seu mérito, muitas vezes já en-


fatizado, teve grande repercussão nas famílias carentes de alguma coisa
recreativa e relaxante, depois das longas horas de trabalho semanal.
Foi igualmente escola de aprendizado artístico, de educação so-
cial e serviu aos operários; como aperfeiçoador do seu linguajar durante
os ensaios, enquanto o calor das ideias dos personagens que interpreta-
1903
vam atuava como motor ideológico, imprimindo convicção, dinamismo, Encimado pelo título Pequenas Notas lia-se: "Amanhã, domingo,
velocidade revolucionária e de emancipação cultural e humana. reunião no Teatro Andrea Maggi, rua dos . íigrantes, 180, para a qual
são convidados todos os camaradas. O grupo encarregado de tomar con-
CRONOLOGIA DE REPRESENTAÇÕES ta dos objetos do e x t i n t o grupo Nuova Civilitá, dirá como se desempe-
1897 nhou a tarefa.
O Núcleo Filodramático Libertário de São Paulo pede a todos os
- União Operária do R i o Grande do Sul. grupos que possuam dramas e comédias sociais, que lhe enviem algum
- G r u p o de Teatro Social exemplar com o seguinte endereço: Rua Alegria, n ? 9-A - São Paulo
1 - 19 de Maio - d r a m a de P i e t r o G o r i ; (Brasil): (Pede-se à imprensa libertária a reprodução da nota).
2 - Conferência . 69

-Grémio Lirico-Dramàtico Saca Rolheiro - R i o Grande do Sul. E depois de falar da doação do "Circolo Socialista de Barra-Fun-
- Domingo 7 de Setembro. a', O Amigo do POVO * registra: 1

1 - Gaspar, o Serralheiro, de Batista M a c h a d o 70

Festival em beneficio tias Vitimas de Canudos no Rio Grande do "Recebemos e publicamos o Balanço Geral do Núcleo Filodramático Li-
Sul. bertário, de 12 de outubro de 1901 a 15 de abnl dc 1903.
- Promoção de Rodolpho Gomes Entradas: Cotai pagas pelos sócios, I 17$ 0 0 0 ; produto da venda dos bilhe-
tes e rifas, nas diversas festas, 2 : 0 5 4 5 3 0 0 ; recebido do camarada T o r t i (ação ven-
1 - Concerto musical;
dida». I 6 J 000. T o t a l , 2:187$300.
2 - Canudos, peça dramática dc Rodolpho Gomes'
3 - Os Apuros de um Noivo, comédia para jovens

141
140
Representação a Favor da Propaganda Libertária
Saídas: Gasto nas diversas festas: 2.O82$900; aluguel da sede social,
7 9 $ 5 0 0 ; dado ao número único, 5 $ 0 0 0 ; cadeiras compradas, luzes, e t c , 7$ 100. - Teatro dei Liceo Espanol, Rua do Gasómetro, 54
T o t a l : 2:174$500. - Benefício de O A migo do Povo
1 - El Defensor de su Honra, cm 3 atos e 7 quadros de Juan de La Roba
Total das entradas 2: 87$ 300 com a presença da distinta atriz Elvira Camille;
Total das saídas 2:174$500 2 - El A cabose;
3 - Baile f a m i l i a r . 80

Em caixa a 15 de abril 12$800


IA Nostra F~esta
0 secretário, Júlio Sorelli." - Eden Club, rua Floriano de A b r e u , 2 2 .
- Beneficiado La Bataglia.
Teatros e Diversões
Teatro Popular - Rua do Gasómetro, 1 1 4 , Brás, São Paulo. 1 - Aila Conquista deli Avvenire, de P. G o r i ;
1 - Os Mistérios da Inquisição na Espanha; 2 - El Maestro, Bo zzet to Sócia lie, de R. Rousselle;
3 -- L.emancipacione umana. conferência de O. R i s t o r i ;
1 - // Vecchio Caporale Simão, drama em 4 atos e 1 prólogo de Demanoir 4 - Espcrimentc dc ipnotismo, eletro-biologia;
Demmerz 76
5 - Baile ." 8 1

1905

A Nossa Festa
- Pró-Fundaçãodei Centro Libertário . 82

1904
- Grande Festa dei Prinu- de Maggio.
- Salão-Teatro Galaria de Cristal, 3 0 de abril, às 2 0 h .
Festa Libertária - dia 30 de julho.
- G r u p o Filodramático Libertário.
- Grupo Filodramático Social.
1 - Primo di Maggio, de P. G o r i ;
- Salão Liceu Espanhol - Rua d o Gasómetro, 54 - São Paulo.
2 — A Internacional;
1 - Fim de Fiesta - ato dramático de Palmiro L i d i o ; 3 - Bozzetto cm 1 ato em versos com coral de P. Chiesca;
2 - Hambre - cena de Rómulo Ogidi; 4 - Vispa Teresa;
, 3- Acabóse - Comédia em 1 a t o ; 5 - Conferência de O. Ristori sobre a Guerra;
4 - Conferência - O. Ristori fala sobre " A sociedade m o r i b u n d a " ; 6 - Leilão;
5 - Baile .
7 - Baile.
77

Pró-A migo do Povo Ingressos a 1 $ 0 0 0 . 8 3

- Teatro Nasi (Cambuci).


1 - Conferência de G Sorelli: Porque somos anarquistas; Grupo Dramático Cervantes
2 - Cântico dei Cantici - ato dramático de F. Cavalotti; 1 - João José - drama sociai em 3 atos dc Jose Dicenta;
3 - Conferência de O. Ristori; 2-0 Arcolris - peça cómica em I ato de Ramon de M a r s a l . 84

4 - Declamação de poesias Festa dos Oiapeleiros


1 - Conferencia do operário tipógrafo Eduardo Vassimon - sob o tema:
Grande Soirèe Libertário 'A Organização":
- Salão d o Teatro Carlos Gomes. 2 - Declamação por Júlio Sorelli;
1 - Conferência sobre Trento e Trieste pelos companheiros Bandoni e 3 - " A i l a Conquista d e l f Avvenir";
4 - Baile . 85
Ristori;
2 - Declamação de poesias revolucionárias, hipnotismo experimental, de La Nostra Lesta
eletro-biologia.
- Salão Stenway
Entrada: 1 $ 0 0 0 . 7 9

143
142
1 - "Senza Patria";
1906
2 - La Bambina Gemma";

3 - Declamação de poesias contra " L a T i r a n i a " 8 6 Festa Libertária pela edição de opúsculo dc propaganda.
- I I Gru po Filodramático Libertário.
Festa Libertária - Salão Lyra - Largo d o Payssandu, 20.
- Filodramáticos d o Núcleo Giovani Gargi. 1 - Sangue Fecondo drama social, dc T i t o Camiglia;
- S a l i o Ibach - Rua S i o J o i o , 6 1 , com início às 20,30 h.
2 - Monôlgo. de S. V. Mazzoni;
1 - Conferência por Giuseppe Magno-cavaMo, da escola Germinal, sobre o
3 - La Sposa e la Caivlla, farsa;
tema: "A Questão Social";
2 - Senza Pátria drama social, cm 3 atos; 4 - Balio. 9 2
1

3 - Conferência por Oresti Ristori. intitulada " O ciclo Histórico da Guerra


Civi"; Feste Prorivoluzionari russi, em 30 de abril.
4 - Esilarantissima farsa; - Grupo Filodramático Libertário, com sede na Praça Dr. José
5 - Loteria gastronómica, artística e humorística;
6 - Balio f a m i g h a r e 87
Roberto, Ponte Pequena.

- Salão Ibach (Steinway).


Soirées Libertárias
1 - Pnmo Maggio. Pietro G o r i ;
- Liga dos Trabalhadores de Madeira.
2 - Vispa Tereza. P. Oiicsa;
- Salão Alhambra (galeria de Cristal).
1 - / Martin - bozzetto dramático em um ato. de Giubo Sorelli; 3 Triste Carnavale;
2 - Rea lula de ou Utopia Conferencia dc G. Sorelli; 4 Aila Conquista dellavvenire. poema dc Pietro Gori 93
3 - Edeale - bozzetto in versi martclsam de Pietro G o r i ;
4 - Balio .8 8
Festa Dramática
- Grupo Dramático "Máximo G o r k i " .
Festa Libertária cm beneficio de "kl Fa lega mi" - Salão Alhambra (galeria de Cristal)..
- Salio do Liceu E s p a n h o l Rua do Gasómetro, 54. 1 - Crimem Jurídico, de Filomeno S. Callado;
1 - / Comtati drama de Filipe Morales 2 - El Teniente Cura, farsa cm um ato;
3 - Baile familiar .
. Festa Libertária em benefício da revista "Aurora", de Neno
Vasco. Festa Libertária em beneficio do d rapo "La Propaga mia
- Salão Alhambra (galeria d c Cristal). - Salão Alhambra.
- Grupo Filodramático Social. 1 - Sangue Fecondo drama social cm 3 atos;
1 - Sangue Fecondo drama cm dois BtOS, de Tito Carmiglia;
2 - Confercnza.
3 - Oualcuno Guaslô la Festa bOCZettO \ocial de Marsoku;
2 - Mas Alguiem DisbaraiA la Festa comedia em um alo, de L. Mar- 4 - Tômbola de van oggelli.
soleau; 5 Balio . 95

3 - Si Fuerza Cura monólogo dc Romok) Ovidi;


4 - Balio famigbarc'' 0
Festa Libertária Pró-Fedeittoip Operária - ó de outubro
- Salão Germânia - Rua 11 dc Junho São Paulo.
Festa Libertária em beneficio de "La Bataglia"
1 - Conlerência c m língua portuguesa,
- Salão Alhambra. 2 - El Acabóse. peça cm uni ato;
1 - La Via dVscita bozzetto social dc Vera Starkoff; 3 - Si fitent Cura, monólogo em espanhol,
2 - Rehellioni - bozzetto em um ato. de G . Baldi, 4 - "Ideal" bozzetto dramático em italiano;
3 - Triste Carnavale drama cm um a t o ; 5 - Conferência em língua italiana;
4 - Balio f a m i g l i a r c .
91
6 - Baile f a m i l i a r .
96

144 145
1907 1 - As Vtnmas - drama em 1 ato, de Frederico Boutct;
2 - Primeiro de Maio - drama em 1 ato, de Pedro G o r i ;
Grande festa Libertária 3 - 0 Pecado de Simonia - comédia em 1 ato, de Neno Vasco
- Éden Clube Rua Florêncio de Abreu, 22 - 16 de março,
às 20:30 h . GRUPO DRAMÁTICO T E A T R O SOCIAL
1 - Senza Pátria drama social em 2 atos, de Pietro G o r i ;
Balancete do espetáculo realizado no dia 14 de j u l h o do corren-
2 - Triste Carnavale. bozzetto social em 1 a t o ;
te nò Centro Galego, em benefício dos periódicos A Terra Livre e Tierra
3 - Conferência em português;
4 - Baile .
97
y Libertad, de Barcelona:
ENTRADAS
Festa Libertária em beneficio de "A Terra Livre" e o Grupo Produtos de 185 entradas a 2$ 370*000

"La Propaganda".
SAÍDAS
- Salão Ibach (antigo Steinway). . Aluguel do Salão 50$000
1 - Primo Maggio, peça em 1 ato, um prólgo e coro, dc Pietro G o r i ; Aluguel de 8 dúzias de cadeiras 32$000
2 - Conferência sobre tema ocasional; Àdama 30$000
3 - Sangue Fecondo. drama cm 2 atos, de T . Carmigua (um episódio da Pago ao pianista . 10 $000
revolução russa); A o ponto 10 $000
4 - Grande rifa de variados objetos; Adreços para a cena 6 $000
5 - Baile familiar Cabeleiras 15 $000
Diversas despesas 5$000
Pró "Terra Livre e "Tierra y Libertad" Cartões-programas 12 $000
- Grupo Dramático "Teatro Social". Total 170$400
- Salão do Centro Galego - Rua da Constituição, 30-32, R i o
1 - "Antonio" drama social em 5 atos, de autoria de Guedes Coutinho;- RESUMO
99 Entradas 370$000
2 - Baile familiar Saídas 170$ 400

Espetáculo em benefícios dos jornais Terra Livre, desta capital, e Saldo 199 $600
Tierra y Libertad. de Madrid, no dia 14 de Julho.
- Grupo Dramático "Teatro Social", do Rio de Janeiro, Remetido a Tierra y Libertad 9 8 5 8 0 0 e outro tanto entregue à
i 1 - Conferência de Carlos Dias; A Terra Livre.
2 - As Vitimas, de Frederico Doutet, tradução do anarquista português, Faltam ainda para cobrar 8 entradas, cujo produto o grupo dividi-
Carlos Nobre;
rá entre os dois jornais. Pelo Grupo Dramático Teatro Social, Couto No-
3 - Hambre - bozzetto social em 1 ato, de Rómulo Ovivi; .
gueira, 19 secretário.
4-0 Pecado de Simonia. de Neno Vasco;
5 - Baile f a m i l i a r ' .
0 0

Festival Libertário.
Presta Operária
- Grupo Dramático "Teatro Social".
- Salão do Centro Galego - Rua da Constituição, 30-32, R i o de Para festejar a reunião de diversos sindicatos em uma única sede e
Janeiro. para cobrir as despesas da montagem do palco, realiza-se no dia 21 do
1 - O Caso dos ódios drama em 3 atos, de Emílio Carral;
corrente, às 2 0 h , no salão dos sindicatos, à rua do Hospício, 156, uma
2 - A Escala - comédia em 1 ato, de Nores;
3 - Baile f a m i l i a r
1 0 1
festa operária que constará do seguinte:
1? parte - Representação de duas peças dramáticas de propaganda social;
Festa Libertária, em 25 de agosto. 2? parte - Vários camaradas recitaram interessantes poesias;
- Grupo Dramático "Teatro Social" 3 parte - Realizar-se-á uma Kermesse para a qual é pedido a todos os
a

camaradas o seu valioso concurso;


- Centro Galego - Rua da Constituição, 30-32, Rio de Janeiro.

146 147
4 a parte - Serão executadas por um camarada hábil desenhista várias ca-
ricaturas que farão a parte hilariante da festa
Espetáculo - Concerto
Finalizará com um baile familiar.
- Centro Galego - Rua da Constituição, 30-32 - R i o de Janeiro.
Preço do ingresso, 1 $000 réis 1

- Benefício d o "estimado Camarada Silvestre Machado, aluno do


Na semana seguinte, 29-9. o Grupo Dramático "Teap-o Social" Instituto de Música, que está doente".
ipre senta: 1 - A Ceia dos'Pobres - (réplica à Ceia dos Cardeais, do advogado e
- Centro Galego - Rua da Constituição, 30-32. anarquista português) de Campos Luna;
1 - 0 Veterano, esboço dramático, de A. Torres; 2 - Concerto Vocal e Instrumental;
2 - Avatar - drama em I ato, de Marcelo Gama; 3 - Baile f a m i l i a r1 0 9

3 - A Gaiola - drama em 1 ato, de Lucien Descaves,


4- 0 Pecado de Simonia comédia eui I ato, dc Neno Vasco; Ainda em novembro "A Terra Livre"publica: Pela Propaganda
5 - Baile f a m i l i a r .
1 0 4 Na sede da Federação Operária, à rua do Hospício, 156, sobrado,
organizou-se, ou melhor, está em via de organização, u m grupo que tem
Centro Operário
por f i m representar peças de propaganda libertária, cuja direção e orien-
- Grupo Dramático "Teatro Social" - Rua do Hospício, 156 - tação foram confiadas ao companheiro A r t u r Torres.
12 de outubro, às 21 h. Para que produza frutos a boa vontade dos camaradas que se es-
1 - Conferência;
forçam pelo grupo dramático, necessário é que, espontaneamente, sur-
2 - 0 Veterano esboço dramático em I ato, de A. forres;
3 Avatar - drama cm 1 ato, de Marcelo Gama; jam auxílios dos simpatizantes ct>m o ideal do mesmo, auxilio esse que
4 - Inter ódio; pode ser prestado não só dentro* como fora d o palco.
5- 0 Pecado dc Simonia comédia, dc Neno Vasco;
Tradução de peças, tiragem de papéis, trabalhos de cenografia,
6 Baile f a m i l i a r ' .
0 5

passagem de entradas para os futuros espetáculos, tudo isso será bem re-
Festival Operário cebido n o g r u p o '
- Federação Operária de Santos, 19 de outubro de 1907. A í fica. pois, o c o n v i d e 1,0 .
" A hora marcada já o salão estava repleto de companheiros e
grande número de companheiras. O salão estava repleto de povo." Grupo Dramático Teatro Social
" A b r e a sessão Tiago Marques (ensaiador do teatro amador de Resumo do balanço dos meses de setembro de 1906 a setembro
Santos), que em poucas palavras explica o porquê da reunião, dando em de 1907:
seguida a palavra a Eládio Cezar Antunha, que durante 20 minutos dis-
correu sobre o tema - A Liberdade. Em seguida subiu à tribuna Maria
Pilar Moura, que recitou bastante bem 0 Aldeão, de Guerra Junqueira Setembro
r e c e i t a 380 $ 0 0 0
seguindo-se Valdomira e Castorina Fernandes, Mercedes Rios Antunha • 122$500
e Severino Antunha. Ma»
Os heróis da festa foram as simpáticas crianças Valdimira e ' e c e i t a 236$000
Castorina Fernandes e Severino Gonçalves Antunha que tem graça a Í°"Ç°" 288$ 300
valer 1 0 6
Junho
' C c e i t a 193 $ 0 0 0
Grupo Dramático "Teatro Social" f°5°" 184 $500
- Récita mensal. Julho
- Salão do Centro Galego - Rua da Constituição, 30-32 - R i o de ' e c e i t o 93$000
124 $800
Janeiro.
Agosto
1 Primeiro de Maio drama social em I ato, dc P. G o r i ;
' e c e i , a 126 $ 0 0 0
2 - A Ponte - peca social em 3 a t o s . 1 0 7
155 $ 0 0 0
3 Baile f a m i l i a r ' 0 8

149
I4H
programa seguinte: A Ceia dos Pobres, peça de Campos Lima; A Escola,
Setembro
peça de E. Nores; Greve de Inquilinos, farsa de Neno Vasco. A Festa
receita 110$000
despesa 161 $300 será precedida por uma conferência de Salvador Alacid sobre " o ensino
livre". Oportunamente, daremos mais larga notícia.
Saldo em caixa 101 $600
E m São Paulo, u m grupo de camaradas trata de organizar uma fes-
Os livros acham-se com o tesoureiro, à disposição dos camaradas ta em benefício.da A Terra Livre, com as peças: A vatar, de Marcelo Ga-
associados que os queiram examinar. ma; A Escala, de E. Nores, e O Pecado de Simonia, de Neno Vasco. A
seu tempo, a n u n c i a r e m o s . 114

Silva Monteiro, tesoureiro 1 1 1

Festa Libertária - Prò-Terra Livre


Festa da Federação Operária
- Centro dos Sindicatos Operários - rua do Hospício, 156,
Rua do Hospício, 156 - Rio de Janeiro.
- Estreando no dia 7 de dezembro o Grupo Dramático levou à « b r a d o , às 20:30 h, 25 de janeiro de 1908.
1 - Conferência do anarquista José Romero sobra: O Anarquismo no Brasil;
cena:
2 - Avatar - comédia de Marcelo da Gama;
1 - As Vitimas, peça de Frederico Boutet (tradução dos anarquistas portu-
3 - 0 Grande Dia;
gueses, Bel-Adam, pseudónimo de Severino de Carvalho c Bernardo de Sá);
4 A Ceia dos Pobre, de Campos L i m a 1 1 5

2 - " O Grande D i a " ;


3 - / 4 Ceia dos Pobres (réplica á Ceia dos Cardeais), de Campos L i m a 1 1 .
Festa Social
- Liga dos Marceneiros - São Paulo.
1908 - Salão Éden Clube, dia 15 de fevereiro.
1 - " I I M a r t i r e " - prólogo do drama " I G i u s t i c i e r i " ;
2 - Conferência em português;
Federaçtio Operária do Rio - Rua do Hospício, 156
3 - Senza Patria;
- Grupo Dramático. 4 Recitação de poesias t m português e italiano, por crianças;
1 - A Escala fantasia cm I ato; 5 - 7>«re Carnevale;
2 - Conferência de José Romero; 6 Conferência em Italiano;
3 - A t o de variedades; 7 La Lettera - monólogo;
4- 0 Grande Dia, ironia em 1 ato; 8 - Greve de Inquilinos - de Neno Vasco;
5- Baile" 3
9 Hinos revolucionários, pela orquestra;
10- Baile f a m i l i a r .
1 1 6

Reuniões e Festas
Como anunciamos no número passado, realiza-se hoje uma festa Festa Pró-"Terra Livre"
de benefício da A Terra Livre, no salão do Centro dos Sindicatos Ope-
FNTRADAS:
rários, rua do Hospício, 156, às 20: h.
Ingressos recebidos (153) 153$000
Representar-se-ão as seguintes peças: Avatar, O Grande Dia e A Produto da Kermesse 25 $ 3 0 0
Ceia dos Pobres. Venda de sorvetes oferecidos pelo camarada R o l i 10$ 100
lotai 188 $400
Conlorme comunicação dos organizadores, a Liga dos Trabalha-
dores em Madeira, de São Paulo, celebra, no dia 15 de fevereiro, uma DESPESAS:
festa em favor do seu cofre social. O programa, longo e variado, será pu- Dama 30$000
Aluguel das cadeiras 40$000
blicado em outro número.
Despesa d o palco 29$700
Em fins de fevereiro, no Centro Galego, o Grupo Dramático Tea-
Luz 28$000
tro Social realizará, em benefício duma obra de educação e de solida- Impressão de Ingressos 15 $000
riedade de iniciativa do camarada Campos Lima, um espetáculo com o
151
150
1909
Limpesa da Casa 5.$500
Total 148 $200
Lntradas 1885400

Saldo 405 200 Festa Libertária

Aos camaradas que ainda devem bilhetes pedimos que os paguem - Grupo Gioventú Libertária.
quanto a n t e s . 1 1 7
- Beneficiária a Seuola laica da Água Branca - 14 de feveieiro, ás
20:30 h - São Paulo.
Federação Operária
1 - Sangue Fecondo;
- Rua do Hospício, 156 - Rio.
2 - La Canaglia;
- Espetáculo mensal, dia 15 de fevereiro. 3 - Balio . 1 2 1

1 - A Canalha peça italiana traduzida para o português 8 representada


pela primeira vez neste idioma Teatro anarquista
2 - Conferência a cargo de Lloi Pontes sobre anarquismo; - Grupo de Studi Sociali do Bom Retiro, rua dos Imigrantes, 195.
3 - Avatar, de Marcelo Gama; 1 - Primo Maggio - de P. G o r i ;
4 - Baile f a m i l i a r " .8 2 - Santa Rebgione;
3 Conferénza;
lesta em favor da obra ediuaeional do camarada QtmpOS l.ima. 4 - Brilhantíssima farsa,
- Grupo Dramático "Teatro Livre". 5 - Balio 1 2 2 -

- Salão do Centro Galego Rua da Constituição. 30-32 - Rio de


Janeiro. A Nossa Festa
1 — Conferência sobre o ensino livre;
2 A Ceia dos Pobres, peça cm I ato, de Campos Lima; - Grupo Teatro Livre.
3 - Greve dos Inquilinos, peça cm 1 ato, de Neno Vasco. - Beneficiária: A Voz do Trabalhador.
4-0 Metre. peça em 1 ato, dc Koussclle;
- Espetáculo - 1 7 de abril.
5 - La Zanzucla. cómica, com Música dcl maestro Tomás Lopes Tolegrosa
- " L a Banda de I rompe tas desempenhados por el Grupo Lírico Dramático dei
Centro Galego;
1 - Operários em Greve, peça em 3 atos;
2 - Amanhã - prólogo dramático,do Dr. Manuel L a r a n j e i r a ' .
2 J

Programa da Mamfestçao Operária do dia Ih <lr maio. Manifestação do Primeiro de Maio


- Às 8 h da manhã reunião geral dos operários na sede da — A Federação Operária no R i o de Janeiro comemora hoje o 1?
"União", largo do Riachuelo, 7-A, e conferência de propaganda. de Maio com uma manifestação pública no Largo de São Francisco.
- As 19 h passeio cívico pela cidade e comício no largo de São — Às 17 h haverá uma sessão solene na sede da Federação e á noi-
Francisco. te espetáculo dc propaganda com o seguinte programa:
- Às 20 h grande sessão de propaganda no Salão "Eden Clube". 1 - Primeiro de Meio. peça de Pedro G o r i ;
2—0 Operariado, peça cm 1 ato;
1 - Primeiro de Maio drama cm I ato. dc P. G o r i ; 3 - Amanhã, prólogo dramático, do D i . Manuel L a r a n j e u a ' .
24

2 - Cântico de Canlici comedia em 1 ato, em versos em italia-


no, de Fé Cavalliotti; Pesta Libertária no l .' de Maio
1 ik- 1909
3 - Recitação dc uma farsa; — Salão Carlos Gomes (antigo Steinway), Rua São João, 95 - SP.
4 - Nos intervá-los duas conferencias: a) Júlio Sorelli, em italia- 1 - Declaração de Guerra, idílio Japonês, por Charles Malato;
no, sobre Organização Operária; t bj Dr Benjamin Mota. em portu- 2 - Uma Comédia Social,
guês, sobre o a' 'colismo com projeçõei luminosas 1 .

153
152
3 - Sem Pátria - (em português);
4 - Conferenza in italiano; 1910
5 - La l.ettera - monólogo;
6 - Primo Maggio - P. G o r i ;
7 - Kermessc;
8 - Balio .
1 2 5 Grande Festa de Propaganda em 29 de janeiro.
- Grupo "Pensamento c Ação".
- Salão "Celso Garcia" - Rua do Carmo, 39 - SP.
Grupo Teatro Livre
- Beneficiária: Escola Moderna.
- Centro dos Sindicatos Operários - Rua d o Hospício, 144.
1 - Giordano Bruno - drama histórico e social em 3 atos, de Moro M o r i ;
- Récita extraordinária sábado, 15 de maio de 1909, às 20:30 h.
2 - Conferência e m português por um académico desta cidade;
- Programa: 3 - 19 de Maio comédia social cm 1 ato, de Demétrio Alati.
4 - Conferência em italiano;
1 - A peça e m um a t o de Carrasco Guerra, que f o i proibida de representar 5 - Coro da ópera Nabuco do maestro Verdi;
em Lisboa, e levada à cena depois de alguns cortes exigidos pela polícia portugue-
sa no Teatro D. Amélia O Triunfo, representada na íntegra; 6 - Declamação de poesias por crianças;
7 - Kermessc
2 - A peça em 2 atos de Luís da Camara Keis, O Melhor Caminho.
Ingresso 1 $ 0 0 0 1 2 9 .
3 - Fecha o espetáculo a engraçadíssima comédia em 1 ato, de A n t o n i o
Martins dos Santos, Casa de Babel.
Festa Pró Escola Moderna, a 16 de abril
Companheiros: - Grupo Filodramático Libertário.
Havendo no Grupo Teatro Livre peças novas de propaganda, cuja - Salão Turnerschaft - Rua B o m Retiro, 5 2 .
montagem em regra .se torna dispendiosa, é o p r o d u t o desta récita desti-
nado a cenários, adereços e guarda roupa Por isso solicitamos o vosso 1 -Peril Códice - drama em 2 atos, de A . Novelli;
concurso para que a ela concorra o maior número de vossos a m i g o s 1 2 6 . 2 - II Maestro - bozzetto em 1 ato.de K ou se lie .
3 - Vispa Tereza - bozzotte em 1 ato, de P. Chiesa;
4 - Kermessee b a i l e . 1 3 0

Grupo Festa Po polar e al Poly Theama


- Grupo Filodramático Aurora.
Sociedade Feminina de Educação Moderna.
- Beneficiário: el colone spagnole José Guerrero - 1'eroico gius-
- Salão Celso Garica Rua d o Carmo, 37 3 0 de abril às 20 h .
ticicre d i due schiavisti.
1 - Incoraggiamento - versos de Rocca, pela menina Zuma Calza;
1 - El Teniente Cura. bozzetto em 1 ato, de Constantino G i l e Giuliano 2 - Vispa Tereza - por crianças de doze anos;
Romero;
3 - II mal tino. ricchi e poveri. de G. Farini, recitado pela Sra. Beatriz
2 - Conferência sobre Ciência, Vida e L u z ; Gennari,
3 - Vispa Tereza - drama - versi martelliani de P. Chiesa; 4 - Ringraziamento - pela menina Ida Gennari;
4 - Dtgene - monólogo em versos, declamado pelo Sr. Fzequiel S i m o n i ; 5 - Poucas palavras da Sra. D. Josephina Stefani Bertachi sobre a natureza
e o escopo dessa sociedade,
5 - / Veri Amici dei Popolo - esplêndido b o z z e t t o 1 2 7 .
6 - Conferência em português pelo Sr. Ricardo Figueiró sobre A Mulher e
o Livre Pensamento;
Grande Festa 12 de novembro, às 20:30 h.
- Teatro Colombo. 7 - Baile 1 3 1 .

- Grupo Dramático Cervantes, dirigido por D. José Solé.


- Beneficiário: as vítimas da reação espanhola. h-ó Scuela Moderna
1 - Sinfonia; -Teatro SanfAnna.
2 - Juan José, drama popular em 3 atos e 1 quadro, de D. Joaquim
1 - Primo Maggio de Pietro G o r i ;
Dicenta.
3 - Basta de Suegros - juguetc cómico em 1 ato, original de D. L . 1 2 8
2 - D ali Ombra al Sole e il Ptele Garibaldino - comédia em 3 atos, de
Libero P i t o t t o .
1 3 2

154
155
1911
Festa Socialista
- Salão Germânia - Rua Dr. José de Barros.
Companhia Dramática Teatro Brasileiro.
- Promoção: Circolo di Studi Sociali Francisco Ferrer.
- "Virá brevemente a Sáo Paulo, sob a competente direção do ar-
- Corpo Dramático Sinpatizzanti alTArte, dirigido pelo ator Giu-
tista Romualdo de Figueiredo (anarquista, ator profissional, nasceu em
seppe Turola.
Portugual, formado em Coimbra, atuou como ensaiador no teatro anar-
quista do Rio de Janeiro por muitos anos), a grande companhia dramá-
1 - Senza Patria - de Pietro G o r i ;
2 - Intermezzo;
tica organizada há pouco em Portugual, e contando com exclentes ele- 3 - Conferenza,
mentos." 4 - Farsa in un ato,
" O repertório da companhia é dos melhores, e avultam nele as 5 - O Cafone monólogo em dialeto napolitano;
peças 133 Moral Deles, - A República - Os Miseráveis - Quem Casa 6 - Baille' 3 9

Quer Casa - Amanliã - Missa Nova - Casa de Orates e outras pe-


Festa de Propaganda
ças' 3 4 -
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 37 São Paulo 23 de
dezembro.
Festa Anticlerical
- Sociedade Filodramática Studio e Diletto.
Saláo Celso Garcia Rua do Carmo, 37 - São Paulo.
1 - Gahrilla - peça de T . Monlicelli, em 5 atos;
- E m benefício da propaganda anticlerical.
2 Conferência dc propaganda anarquista por um companheiro
1 - Galileu Galilei. (O. Ristori);
2 Várias conferências em italiano e português; 3 - Kermessc;
3 - Kermessc, 4 Baile f a m i l i a r 1 4 0 .
4 Baile f a m i l i a r ' .3 5

1912
Imprensa de Combate - promove em 17 de junho:
- Salão Germânia. (irande Festa de Propaganda
1 - I Disconesti de (Jirollano Rovctta; Salão Germânia 13 de janeiro.
2 - II Patatrac de S i l v e s t r i ' .
3 6
1 la Repúhlita. comedia cm 4 atos, de Cujum Pecus (Gigi Damiani),
2 l). Pedro íaruso. drama em 1 alo. dc K o h c i l o (iraccho;
Festa de l*ropaganda
- Salão Germânia - São Paulo.
3 Baile
kermessc:
141
- Sociedade Feminina de Educação Moderna realiza às 20:30
Festa de l*ropaganda, .1 de fevereiro
em benefício de sua primeira escola, do bairro do Biaz.
Salão do Centro Galego - Rua da Constituição, 30-32 Rio de
1 - la Santa Religiane;
2 - La Conquista deli'A venire. de Pedro (Jori;
Janeiro.
3 Kermessc, - Pluladelpho Club.
4 - Baille' 3 7 1 Conferência, pelo Dr. Coelho Lisboa;

Do Circulo Francisco Ferrer


2 - Para isso paga peça em 1 ato, tradução J. Botelho;
3 - "Os Primeiros T i r o s " , drama em 1 ato, de Amedéc Rouqués.
- Salão Germânia. tradução de C. A. Lacerda,
1 - "Senza Patria", peça cm 2 atos, de Pedro G o r i ; 4 - Baile F a m i l i a r . 1 4 2

2 Conferência,
Em Fevereiro
3 - Representação de uma comédia em 1 a t o ;
4 - Recitação do monólogo napolitano O Cafone; 1 - O Pecado de Simonia, comédia, de Neno Vasco;
5 - Baile 1 3 8
2
3
-- Amanhã, peça social em 1 ato. do Dr. Manuel Laranjeira;
"Haverá recitativos, conferências e Kcrmesse 1 4 3

156 157
Festa de Propaganda pies, vasta, agitando os grandes problemas da humanidade e da hora pre-
- Salão da Societá Leale Oberdan - Rua Brigadeiro Machado, 5 sente, tal é o programa a que se deve propor u m Teatro do Povo.
- B r a z , dia 16 às 20:30 h. "Este programa está atualmente em plena realização.
- Círculo de Estudos Sociais Francisco Ferrer. "Na sua sessão de 25 de janeiro, o Comité de iniciativa criou defi-
1 - La Leggedel Cuore, comédia em 3 atos, de Ettore D o m i n i c i ; nitivamente, sob forma cooperativa, o Círculo dos Amigos do Teatro do
2 - Os dois conquistadores, farsa em 2 atos; Povo, que deve sustentar e defender o Teatro do Povo, sonho de A n t o i -
3 - Conferência: La donna e I 'ávvenire; ne filho, que está a relizar-se graças à iniciativa de L. de Saumanes e dos
4 - Baile f a m i l i a r
1 4 4
seus amigos do Comité Maurício Bouchor, P. Vigné d'Octon, P. Campa-
na, A. Borgoin, Maria Verone, de Marmande, Pedro Moranne, Ch. Duf-
Promoção do Grcolo di Studi Conquista deli 'Ávvenire
1 art, A. I r a ver si, Kress, etc. Uma feliz combinação permitirá a todos os
- Centro Filodramático Libertário subscritores, pequenos e grandes, trazer o seu auxílio a esta obra, de u m
- Salão Germânia - 13 de abril. alcance artístico e social considerável e de fiscalizar-lhe a marcha ascen-
1 - " M o r t e Civile" - drama em 4 atos, de P. Giacommetti;
dente.
2 - Conferenza in italiano e in portoghese;
"Escrever e pedir os estatutos a L. de Saumannes, na sede do Cír-
3 - Kermesse;
4 - Baille 1 4 5
culo dos Amigos do Teatro do Povo, 128, avenida Philippe Augusto,
Paris148 "
Velada de Propaganda
Grande festa Libertária
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, São Paulo - 30 do abril.
- Organizzata dal Gruppo Studio e D i l e t t o ;
- Grupo Studio e D i l e t t o . - A scopo d i propaganda e pró Bataglia;
- Pró La Bataglia. - Nei Salone Celso Garcia - 3 0 april alie 8 1/2 delia notte.
1 - La Canaglia; 1 - Don Pietro Caruso - bozzetto in u n i a t o ;
2 - Conferência; 2 - Conferenza;
3 - Representação de uma farsa; 3 - Brillante farsa;
4 - Baile f a m i l i a r .
1 4 6
4 - Kermesse;
5 - Balio familiare.
Liga Anti-clerical
- Promoção da Liga Anticlerical - Rua General Câmara, 335 - 11 bozzeto La Canaglia anunciato, mancando per ragioni d i propa-
Rio de Janeiro. gai.da due artisti che dovevano in esso prender parte venne sostituito
- Salão do Centro Galego - Rua da Constituição, 38 1 ? de col Don Pietro Caruso 149 "
maio, às 2 h . Festa Libertária
1 - Conferência de Coimbra Flamengo; 1 - O Pecado de Simonia - comédia em 1 ato, dc Neno Vasco;
2 - Primeiro de Maio, peça em 1 ato, de Pietro G o r i ; 2 - Amanhã - drama social em 1 ato. de Manuel Laranjeira;
3 - Avatar, peça em 1 ato, de Marcelo (Janta; 3 - Greve de Inquilinos, comédia, de Neno V a s c o . 1 5 0

4 - Conferência anticlerical por Ulisses Martins;


5 - O Pecado de Simonia, comédia em 1 ato, de Neno Vasco; Pró La Bataglia
6 - Baile f a m i l i a r
1 4 7
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo - São Paulo - 31 de
agosto.
Teatro do Povo
1 - / TristtAmori - comédia em 3 atos, de Ci. Giocosa;
Como se cogita entre nós, atualmente, de representação sistemá- 2 - In Pretura - Brilhante scherzo cómico em 1 a t o ;
ticas pelo grupo existente, extraímos a propósito do Libertáire: 3 - Kermesse;
"Sem grandes despesas, por preços acessíveis ao povo, dar em sa- 4 - BaUe f a m i l i a r .
1 5 1

las de quarteirão, dos subúrbios, da província, peças de uma arte sim-


Escola Operária 1? de Maio

158
159
-Beneficiário: Circolo d i Studi Sociali Conquista d e l T A w e n i r e ;
- Salão da Escola 1? de Maio Vila Isabel - sessão de propagan- - Grupo Dramático do próprio Circolo.
da - 31 de agosto.
1 - A Irmã do Cego, (La sorella dei ciego) - drama em 3 atos, de David
- Prof. Pedro Batista Matera. Clussoni;
1 - Marselhesa do Fogo, dc Neno Vasco - cantada cm coro pelas crianças; 2 - Conferência em português e italiano,
2 - Conferência: A missão da Fscola Racionalista, por José Oiticica; 3 - / 4 Canalha, (La Canaglia) - drama social;
3 - O Padre, poesia de A . Silva, recitada pela menina Cinira de Almeida; 4 - Kermesse;
4 - O Patriotismo, soneto de A . Silva, recitado pelo menino A n t o n i o da 5 - BaUe f a m i l i a r . 1 5 6

Silva .1 5 2

Festa de Propaganda

Festa Gráfica - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo - São Paulo - 30 de abril,

- Promoção da União Gráfica; as 20h30min.


1 - L'Ideal - de Pietro G o r i ;
- Salão Alhambra - São Paulo.
2 - Sangue Fecondo;
1 - Senza Patria - peça social em 2 atos, de Pietro G o r i ;
3 - La Picola Revoluzionaria, monólogo;
2 - " P i n t o Leitão e C o m p . " , comédia em 1 ato; 4 - Kermesse;
3 - Conferência do dr. Justo Seabra; 5 - BaUo . 1 5 7

4 - Baile f a m i l i a r .
1 5 3

Grande Festa Operária


Festa Libertária
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 39 - dia 24, às 20 horas
- Promoção F. Ferrer;
- São Paulo;
- Salão Celso Garcia - São Paulo.
- Promoção do Sondicato de Ofícios Vários;
1 - L 'Ideale - dc Pietro G o r i ;
- Grupo Dramático Libertário Mário Rapizardi.
2 - "Triste Carnevale",
1 - Primo Maggio - em italiano, peça em 1 ato, de Pietro G o r i ;
3 - Um Hotel Modelo;
2 - La Morte di Francisco Ferrer, peça em 1 ato, dc Grippiola Francesco;
4 - Conferência sobre **L*ÀmOW .
3 - Conferência em português sobre o tema: "Sindicalismo revolucionário;
Grande Festa de Propaganda 4 - Poesias, monólogo e canto, pelo sr. Silvio Bertuzzi;
5 - O Pecado de Simonia - comédia em 1 ato, de Neno Vasco;
- Organizada pelo Grupo Anarquista Guerra Social em 1 de no-
6 - Quermesse e baile f a m i l i a r .1 5 8

vembro;
, - Salão Celso Garcia — Rua do Carmo, 3 9 ;
No Rio
- Grupo Dramático ldéia Moderna.
1 - Hino dos Trabalhadores, pela orquestra;
2 - Conferência dc propaganda; Espetáculo pró-Segundo Congresso Operário Brasileiro, em 2 de
3 - La Canaglia, empolgante drama social ~> 1 a t o ; agosto às 20 horas
4 - Criminal, monólogo social recitado peiu camarada José Sanchez; - Teatro Centro Galego - Rua da Constituição, 3 8 ;
5 - Primeiro de Maio - hino de Pietro Gori, cantado por um grupo de
- Grupo Dramático Anticlerical.
camaradas;
6 - O Pecado de Simonia - comédia social em 1 ato, de Nevo Vasco; 1 - Conferência peto dr. José Oiticica;
7 - Kermessc e baile f a m i l i a r . 1 5 5
2 - O Pecado de Simonia, comédia em 1 ato, de Neno Vasco;
3 - Poesia - pela menina Carolina B o n i ;
4 - Canção pelo companheiro Demétrio Minana;
5 - Várias poesias e baile f a m i l i a r
1913
1 5 9

Floresta Cinema
Festa Libertária
- Exclusivamente familiar - Rua Pouso Alegre - esquina da de
- Salão Alhambra - Rua Marechal Deodoro n? 2 - em 11 de
janeiro: Itajubá;

161
160
- Sábado 1? de maio, às 19 horas, imponente festival dedicado 3 - Pátria, entreato (adaptações) de Francisco Delaisi;
ao Operariado desta Capital (Minas); 4 - Interessante intermédio;
- Promoção da Associação Beneficente Tipográfica e da Confede- 5 - Pacatos - farsa em 1 ato, de Zenon de Almeida e Santos Barboza;
6 Baile f a m i l i a r .
ração Auxiliadora dos Operários.
1 6 4

1 - Conferencia, por Donato D o n a t i ;


2 - Ouverture pela orquestra; Festa de Propaganda
3 - Episódio da Guerra, na tela; - Salão Conservatório de Sáo Paulo - Rua São João, 95 - em 31
4 A Rússia Vermelha, ou os Niilistas e a Policia Secreta da Rússia - dra- de dezembro'de 1913;
ma em 5 atos, editado pela importante fábrica dinamarqueza Skandinávia . 160
. - Promoção do Centro Libertário de São Paulo;
-Beneficiário: o jornal Propaganda Libertária.
Grande Festa Operária
1 - Senza Patria drama social cm 2 atos, de Pietro G o r i ;
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 39 - em 30 de agosto, ás
2 - Breve conferência;
20 horas,
3 - Triste Carnavale. drama social em 1 a t o ;
- Promoção da "União dos Sindicatos Operários de São P a u l o " ; 4 - Recitativo dc uma poesia do poeta português Guerra Junqueiro;
- Grupo Dramático Libertário. 5 - Quermesse e b a i l e ' . 6 5

\ La via dl seita, em italiano - peça social em 2 atos, de Vera Starkoff;


2 - Conferência em português; Um festival artístico literário promovido pela Escola Moderna
3 - Poesias e monólogos;
te 2
4 - 0 Pecado de Simonia - comédia em 1 ato, de Neno Vasco;
- Cinema Avenida - Rua Rangel Pestana, 111 - São Paulo, dia
5 - Quermesse e baile f a m i l i a r .
1 6 1

15 de dezembro às 19 horas.
Grande Festa de Propaganda 1 - O Saber - hino cantado pelos alunos;
- Teatro Centro Galego Rua da Constituição, 38 - Rio de Ja- 2 - Experiências de física c química pelos alunos;
neiro, sábado, 8 de novembro, às 2 0 h 3 0 m i n . ; 3 - Leitura de várias composições pelos alunos Luiza Sipetz. l u i z Aires
e Manuel Soares;
- Grupo Dramático Anticlerical.
4 - Sabedoria diálogo de Leão Tolstoi, representado pelos alunos Nilo
1 - Amor Louco - drama social em 3 atos, de A n t o n i o Augusto da Silva; Leuenroth e a companheira M. S.J
2 - Conferência por José Oliticica, sob o tema " A Moral da Igreja Ro- 5 - "Educação Dogmática e Educação Racional", preleçáo em português
mana", do professor Florentino de Carvalho;
3 - A Escala - peça em ato; 6 - Conferência em italiano sobre o tema escolar;
4 - Leilão de prendas e baile f a m i l i a r 1 6 2 . 7 - Breve exposição em espanhol, de ideias de renovação social por Galileo
Sanchez;
Festa de Propaganda 8 - Recitação das poesias: de Raimundo Reis, A Operárta, pela aluna Luiza
- Salão Celso Garcia; Sipetz; de Hipólito Silva, Génesis Sombria, pela aluna Áurea Duarte; de Guerra
- Promoção do Centro de Estudos Sociais Francisco Ferrer, em Junqueiro, " l a l a m Pocilgas de Operários", pelo aluno Germinal Rodrigues; de
João de Deus. Salvas Fúnebres, pela aluna Carman Sen ato,
15 de novembro.
9 - Um menino Demasiado Curioso, diálogo representado pelo aluno Ma-
1 - Gente onesta - drama em 3 atos. de Pietro G o r i ;
nuel Soares e o camarada A. N . ;
2 - Conferência sobre " L a Fanuglia";
10 - Alegria de infância - canto com música do hino dos t r a b a l h a d o r e s . 166

3 - Uma engraçada comédia;


4 - Quermesse e baile f a m i l i a r ' .
6 3

Festa de Propaganda, no Rio


- Centro Galego - Rua da Constituição, 38 - dia 20, às 20h30
(7. D. Cultura Social, do Rio
min.,
"Para o próximo més de dezembro, prepara este grupo uma vela-
- Grupo Dramático Anticlerical.
da de propaganda dedicada à COB, (Confederação Operária Brasileira).
1 - Famintos - quadro dramático social dc Santos Barboza;
1 - Oj Ladrões da Honra, de Henrique Peixoto;
2 - Conferência; 2 - Leilão c Baile f a m i l i a r 1 6 7

162 163
Festa Libertária
- SalSò Celso Garcia - Rua do Carmo, 39 - São Paulo, às 2 0 - Promoção: Circolo Filodramático Libertário;
horas; - Beneficiária: Escola Moderna n? 2.
- Promoção do Círculo de Estudos Sociais Francisco Ferrer. 1 - IIPorta Figlio - comédia social;
1 - Spettri, de H . Ibsen; 2 - Conferência em português e italiano;
3 Monólogo;
2 - Qualcuno Guastô la Festa, de M . Marsoleau;
3 - Conferência sobre o tema: " L a Miséria"; 4 - Quermesse. . 171

4 - Baile f a m i l i a r .
1 6 8

Festa de /*ropaganda, no Rio


- Salão do Centro Galego - dia 14 dc fevereiro - às 21 horas;
1914 - Grupo Dramático Anticlerical.
1 Conferência de José Oiticica, sobre o tema " A Grande-Luta";
Uma Valada no Rio 2 - Deus e Natureza - drama em 4 atos. dc A r t h u r Rocha, desempenha-
- Teatro Centro Galego - à rua Visconde d o R i o Branco, 53 - do por:
Padre - Fernando Pires;
3 de janeiro, às 2 0 h 3 0 m i n . ;
D. Suzana d. Maria da Piedade;
- Grupo Dramático Cultura Social, Leandro (fazendeiro) - Miguel dc Oliveira;
- Beneficiária: Confederação Operária Brasileira. Pedro - Amilcare B o n i ;
1 - Famintos - drama em 1 ato, de Santos Barbosa; Amélia Antonieta Pires;
2 - Conferência pelo nosso camarada dr. Orlando Corrêa Lopes; A r t u r - Estevam Boni.
3 - Canções e recitativos por D. Min ha na. 3 - Baile 1 7 2 .
4 - Pacatos - farsa em 1 ato, de Zenon de Almeida e Santos Barbosa;
5 - Baile f a m i u a r .
1 6 9
Festa de Propaganda
- Salão Celso Garcia, à rua do Carmo, 39 - 18 de abril. 20h30
Grande Festa Escolar e Quermesse min.,
- Escola Moderna n? 1 - Belemzinho, 18 de janeiro - às 15h30 - Pró Escola Moderna.
min., 1 - Francisco Ferrer - drama cm 2 atos. de Picrre Un irou lie.
1 - Huio dos Trabalhadores - pela corporação musical "Colonial Paulista; 2 - O Pecado de Simonia - comédia social em 1 ato, de Neno Vasco;
2 - Conferência sobre o tema "Escola Moderna e problema social", pelo 3 - Conferência cm português sobre a Iscola Moderna;
professor da respectiva escola; 4 - Uma comédia em italiano;
3 - Instrução (hino), pelos alunos; 5 - Quermesse e b a i l e . 1 7 3

4- 0 Papão (recitativo), original de Guerra Junqueiro, pela aluna A n t o -


nieta Morais; Festa Libertária
5- 0 Ratinho (recitativo), pelo aluno Paulo Moreno; - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 39 - São Paulo, em 30 de
6 - Amanhecer (hino), pelos alunos; abril, ás 20 horas;
7 - Os Trés Reinos (recitativos). pelo aluno Bruno Bertolaccini;
- Promoção do Centro Libertário.
8 - O Vagabundo (recitativo), pelo aluno Abel Tozzato;
1 - Giordano Bruno - drama social cm 3 atos;
9 - Conheço Uma Fada (hino), pelos alunos;
2 - Primo Maggio - drama social em 1 ato, dc Pietro G o r i ;
10 - As Toupeiras e a Águia (recitativo), pelo aluno Manuel Huche;
3 - Conferência;
11 - A Gota de Orvalho (recitativo), pela aluna Irma Bertolaccini;
4 - Quermesse;
12 - Canto dos Operários (hino), pelos alunos, original de Neno Vasco;
13 - Quermesse 170 . 5 - Baile familiar e dc propaganda' 7 4

Velada de' Propaganda Espetáculo de Propaganda, no Rio


- Salão G i l Vicente - Av. Rangel Pestana, 265 - Sào Paulo, 3 de - Teatro do Centro Galego - Rua Visconde do Rio Branco, 5 3 ,
janeiro - às 20 horas; no dia 1? de maio, às 2 0 h 3 0 m i n . ;
- Grupo Dramático Anticlerical.
1 - 6 7 Operariado, drama social em 1 ato, de Henrique Macedo Júnior;
164
165
2 - Os Ídolos conferência de José Oiticica;
Centro Libertário de São Paulo
3 - Os Primeiros Tiros drama social em 1 ato, de Amedéc Kouquês;
4 Baile f a m i l i a r 1 7 5 . - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 39 - dia 3 1 , às 20 horas,
a sua 4A festa familiar.
Grandioso Espetáculo Operário 1 - Guerra e Revolução - drama social em 3 atos;
- Teatro do Centro Galego Rua Visconde do Rio Branco, 53 - 2 - Diversões várias;
3 - Quermesse;
dia 11 de j u l h o , às 20 horas; 4 - Baile 1 8 0

- Grupo Dramático de Cultura Social;


- Beneficiária: Voz do Trabalhador, órgão da Confederação Ope-
rária Brasileira. 1915
1 - Conferência pelo dr. Orlando Corrêa Lopes;
2 - Triste Carnaval, traduzido do italiano, por Zenon de Almeida; Festa de Propaganda Pró-Escola Moderna de São Paulo, em
3 - Intermédio variado; 9 de janeiro, às 20h30min.
4 Amores de Cristo - comédia em 1 ato de Zenon de Almeida;
• — Salão Itália Fausta - Rua Florêncio de Abreu, 45 - S9o Paulo.
5 - Baile f a m i l i a r . 1 7 6

1 - O Mestre - drama em 1 ato, de R. Rousselle, em português;


2 - Hombre, peça em 1 ato, de Rómulo Ovide, em espanhol;
Festa de Propaganda
3 - Conferência, em português;
- Salão da Sociedade I eal<- Oberdau Rua Brigadeiro Machado, 4 - O Desmoronamento, peça social em 1 ato, em português;
6 - Braz, em 11 de j u l h o ; 5 - Quermesse e B a i l e ' . 1 8

- Círculo de Estudos Sociais Francisco Ferrer.


1 - Maternilà - drama em 4 aios. de Roberto Bracco; Festa de Propaganda
2 - Conferência; - Salto Celso Garcia - Rua do Carmo, 3 9 ;
3 - Comédia; - Promovido pelo "Centro«de Estudos Sociais da Bela V i s t a " , em
4-Baile' .
6 de fevereiro.
7 7

" A festa constará da representação de um drama, quermesse e baile. Todos


os que quizerem ingressos podem dirigir-se á rua Conselheiro Carrão, 33 (Bexiga),
Festa de Propaganda com o ar. R i z z u t o . 1 8 2

- Saláo Alhambra - à rua Marechal Deodoro, 2 (Largo da Sé) será Grupo Dramático Anticlerical
realizada no dia 10 de outubro a 3? festa familiar;
- Saláo do Centro Galego - Rua Visconde do Rio Branco, 53 -
- PromoçSo do Centro Libertário de São Paulo. e m 6 de fevereiro às 2 0 . h .
1 - La República - comédia social de Gigi Damiani;
- Beneficiária: Liga Anticlerical do Rio de Janeiro.
2 - " A i l a Conquista D e i r a w e n i r e " , de Pietro G o r i , declamada pela compa-
1 - O Exemplo, drama social em 3 atos, de Cezar Mendes;
nlieira l i . Gattai;
2-0 Pecado de Simonia, comédia em 1 ato, de Neno Vasco:
3 - Conferência;
3 - Baile f a m i l i a r .
1 8 3
4 - Baile familiar e quermesse

Teatro Particular 1? de Maio


Festa de Propaganda, na Lapa - Casa dos trabalhadores - R i o de Janeiro.
- Salão do Cinema - Teatro; - Grupo Teatro Cultura Social.
- Promoção do Grupo Anarquista "Os Sem Pátria", da Lapa, a - Grupo Musical 18 de Março.
12 de dezembro - às 20h30min. - S á b a d o , 12 de j u n h o de 1915.
1 - Senza Pátria, drama em 1 ato, de Pietro G o r i ; 1 - Pró-Paz, palestra de Santos Barboza;
2 - Conferência de propaganda; 2 - A Recompensa - peça em 1 ato, de Santos Barboza;
3 - O Viandante eo Herói, peça em 1 ato, de Felice Vczzoni; 3 - O Homem das Bombas - comédia em 1 a t o ;
4 - Baile familiar e q u e r m e s s e . 119
4 - Amores de Criança - peça c o m arranjo musical, de A. Marques Cor-
rela 1 8 4

166
167
Programa em 19 de junho - São Paulo 1919
1 — Orquestra;
2 - Declamação por alunos; Festival Pró-Presos Sociais
3 - Conferência por Florentino de Carvalho, sobre a Guerra e Fmanci- Festival Pró-Presos Sociais
paçác, - Salio Centro Galego - Rua da Constituição.
4 - Ideal;
1 - Exposição de motivos, por um camarada;
5 - Juventud - de Ignacio Iglesias;
2 - A t o variado composto de poesias e canções da atualidadc;
6 - Representação de uma farsa .
3 - Náufragos drama,
4 - Pela Pátria episódio dramático (demonstração de guerra, patriotis-
Veladas Sociais
mo, deísmo, e t c ) ,
-- Salão Leale Oberdan - Rua Brigadeiro Machado, 6 - Braz. 5 - Magna Assembleia sátira (crítica maximalismo, burguesismo, polí-
- Promoção do Centro Feminino Jovens Idealistas. tica operária, e t c ) ,
1 - Abertura dc festa pela orquestra; 6 - U m grupo de meninas cantou o Hino da Liberdade (música do hino
2 - Maternitá R. Bracco, nacional ).1 8 9

3 - Conferência sobre a questão social;


4 - Diálogo adequado. Festa cm São Caetano
5 - Quermesse e baile . 8 6
Promoção da Soiedade dos Laminadores.
- Grupo Dramático sob a direção de A n t o n i o Vidales.
1 - Cristo da Agonia, de Pedro Ercomillo,
2 - O Melhor Juiz é a Consciência - dé Leopoldo Pareja;
1916 3 - O Dinheiro Não Vale Nada de Leandro M a r t i n i 1 9 0

Festa de Propaganda Festa Libertaria


- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 39 - SP, 30 de abril. - São Celso Garcia
- Beneficiário: j o r n a l Guerra Social, em língua italiana, Sáo - Promoção do Grupo "Os Semeadores".
Paulo.
1 - Hino dos Trabalhadores pela orquestra;
1 - Tenente e Luce,
2 - Primeiro de Maio - de Pietro G o r i ;
2 - Comédia;
3 - Conferência sobre a questão social,
3 - Conferência de A . Bandoni;
4 Arlequim, el Selvage.
187 5 - Quermesse r baile 9

4 - Quermesse e baile familiar


Grande besta Familiar
São Celso Garcia - Rua do Carmo, 39 - 27 de setembro -

1918 São Paulo.


- Beneficiária: Alba Rosa, j o r n a l anarquista em idioma italiano.
Grande Festa de Propaganda
1 - Sombra e Luz - drama em 3 atos;
— Teatro Centro Galego - Rua da Constituição, 38 - dia 8 de no- 2 - Primo Maggio - dc Pietro G o r i ;
vembro, às 2 0 . 3 0 h. 3 - Conferência,, ,
4 - Quermesse e b a i l e . 1 9 2

- " G r u p o Dramático A n t i c l e r i c a l " , do Rio de Janeiro.


Alba
1 - Amor Louco - drama social em 3 atos, de A n t o n i o Augusto
- Drama social in quatro a t t i d i Giovanni Casadei
da Silva;
Si Svolge in una cittá d'Italia,
2 - Conferência pelo Dr. José Oiticica, sobre o tema " A Moral da Igreja
Época presente
Romana";
3 - / 4 Escola - peça cm 1 a t o ; Personaggi
4 - Leilão de prendas e baile familiar
Ruggero Malventi: rico industrial.

168 169
3 - 11 Casino d i Campagne;
Alba: marchesa d i Poggio Berni, decaduta. moglie d i Ruggero Malventi,
4 - Conferência por Valentim Diego;
Ivana Sondrini: pseudo Renç l.acroix,
5-Baile .
1 9 5
Conte Giulio: amico d i Ruggero,
Conimendatore A l b e r t i : (50 anni).
Festival Pró "O Grito Operário"
Giselda: sua moglie (25 anni),
Raimondi: Commissário d i poli/ia. — Salão Itália Fausta - Rua Florêncio de Abreu, 45 - Hoje, 7 de
Armando: Giornalistà, fevereiro - São Paulo.
Um Tcnnente: di cavalleria. — Grupo Dramático Francisco Ferrer.
Un Cameriere
— Beneficiário: O Grito Operário, j o r n a l anarco-sindicalista de
Una commissionc d i operaic.
São Paulo..
193
Molte comparse d i popolani 1 - Orquestra;
2 - Conferência sobre tema social da atualidade;
Grande Festival no Jardim da Aclimação Domingo, 21 de
3 - Os Ladrões da Honra - drama em 4 atos;
setembro 4 - Baile familiar c quermesse.
- Programa: "Os trabalhadores devem acorrer a esta festa, pois que o seu resultado sc
1 - Partida dc I ootball SerájJiapttUda a taça "Escola Moderna" em um destina a um periódico defensor da nossa c a u s a ' 9 6

emocionante match de football. entre os valorosos quadros da A . A . República


L*rande Festival Pró "A Peble"
corridas de bicicletas, a pé, cm sacos, de "batatas", no lago. e t c , pelos melhores
esportistas da capital c do Rio dc Janeiro. Aos vencedores serio conferidas meda- — Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - Sábado, 20 de março,
lhas dc ouro aos 1 , de prata aos 2 ? e de bronze aos 3 :
o s s o s às20h.
3 - ExorcfckM de ginásticas exercícios suecos, pulos de altura, saltos no — Grupo Dramático E m i l i o Zola.
cavalo de pau. e t c . 1 - Urquestra,
4 - Baile - Grande baile no salão do jardim, com excelente orquestra e 2 - Conferência sobre a questão social;
danças c regionais com banda dc música: 3 - Santa Inquisição - drama em 3 atos;
5 - Representações leal mis Comédia Verdadeira fábrica dc gargalha- 4 - Quermesse e baile f a m i l i a r ' . 9 7

das, por um grupo de distintos amadores, canções e danças típicas por um rancho
de tricanas portuguesas, hinos e recitativos por um grupo de crianças; Festival Social
6 - Exposição Zoológica Será franqueada ao público, a interessante co- — Organizado pela União dos Canteiros - 3 0 de abril.
lcção de animais existentes nas jaulas do j a r d i m ; 1 - O Sem Pátria - de Pietro G o r i ;
7 - Tômbola Sorteio de valiosos prémios e leilSo de prendas importantes; 2 - Uma comédia em 1 a t o ;
• 8 - Regatas e Natação Rcalizar-sc-ão diversas corridas de botes e nata- 3 - Conferência;
ção, conferindo-sc medalhas aos três primeiros vencedores; 4- Baile 1 9 8

9 - Cinema - Serão exibidos belíssimos lilmcs ao ar livre.


Bónus cm grande quantidade. Festival Social
I*»4 — Círculo de Estudos Sociais " A Sementeira".
— Salão da Rua da Graça, 144 ( B o m Retiro - Grémio Dramá-
tico-Musical Luso-Brasileiro).
Entrada 1 $ 0 0 0 : Os menores de 14 anos não pagarão entrada
— Beneficiários: A Plebe e Alba Rosa.
1 - Gaspar, o Serralheiro - drama social, em português, em 3 atos;
2 - Conferência sobre a questão social;
1920
3 - Quermesse e baile f a m i l i a r . 1 9 9

Festa Social da União dos Cliapeleiros


- Sede da Federação Espanhola Rua do Gasómetro, 49 - Hoje. Festival de Propaganda
7 de fevereiro, às 20 h .
— Centro Feminino Jovens Idealistas.
- Grupo Dramático da União dos Cliapeleiros.
- Grupo Dramático Francisco Ferrer. — Salão da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 49-A, so-
1 - As Provas do Crime; brado, dia 15 de maio, às 19:30 h .
2 - KlAcabose,

170 171
1 - Orquestra; - Sociedade Lira D'Apolo.
2 - Amanhã, drama social em 1 ato. dc Manuel Laranjeira; 1 - Abertura pela orquesira Lira D'Apolo;
3 - Hombre, drama social cm 1 ato, cm espanhol; 2 - Conferência sobre Francisco Ferrer;
4-0 Pecado de Simonia - comédia cm 1 ato, dc Neno Vasco; 3 - O Semeador drama social em 3 atos. dc A velino Foscolo
5 - Quermesse c baile familiar.
"Nos entre-atos. cantos e recitativos sociais

Personagens:
Festa da União dos Empregados em Cafés
Coronel fazendeiro Vicente Bruno.
- Corpo Cénico do "Brasil Ideal C l u b " . Julio seu filho I hiago Marques.
- Beneficiário: os "cofres sociais da União" João Lima genro do coronel Manuel Bastos;
1 - Abertura pela orquestra;, Roberto administrador da fazenda S.Gonçalves;
2 - Conferência pelo camarada f l o r e n t i n o de Carvalho, sobre o tema; Laura filha - D Elza Costa.
Alfredo mestre escola Silva Bastos
"Emancipação Integral do Proletariado";
Lulu filho de João Lima J . Puyssegur.
3 O Tio Podre comedia em 3 atos, Pá Maná velho escravo - L. Prado.
4 - A t o variado, pela troupe "Irmãos Vassalos" com o concurso dos de- Camponeses c camponesas.
mais artistas;
5 - Nhõ Barnabé - de J P. Alencar;
6 - Napoleão de Aguiar, conhecido imitador, Grande Festival Pró "A Plebe"
7 - A família Moreira destacando se os pequenos Oscar e Joanita, pre- 0 Grupo Filodromático " L i b e r t a s " , da Mooca, fundado exclusi-
miados bailarinos, vamente para organizar festivais em benefício dos jornais de propaganda
8 Quermesse e baile familiar e leilão de p r e n d a s 2 0 1
e de outras causas semelhantes, resolveu realizar u m festival no més pró-
Festa da União dos Operários Metalúrgicos ximo vindouro, em benefício ú'A Plebe, onde será estreada, sob a capri-
Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 19 de j u n h o , às 20 h . chosa direção do hábil e conhecido ensaiador Francisco França, a peça
Grémio Dramático Luzitano. social cm trés atos. intitulada Na Catedral, do amador Italo Benesse, ex-
1 - Ouverture pela orquestra; traída do romance l.a Catedral, de Vicente Blasco e Ibanez.
2 - Conferencia pelo D r . Maurício dc Lacerda; No próximo número o grupo informará cm que dia e em que sa-
3 - O Veterano da Uberdade drama cm 3 atos; lão terá lugar este f e s t i v a l . "
205

4 Quermesse c o m vistosos prémios;


. 5 - Baile f a m i l i a r .
2 0 2

Grande Festival Artístico


Grande Festival
- Salão Oberdan - Rua Brigadeiro Machado, 5 - dia 13 de j u l h o Salão Itália Fausta' Rua Florêncio de Abreu. 45 7 de agos-
to, às 20:30 h.
às 20 h .
Organizado pelo Centro de Estudos Sociais "Juventude do Fu- Promoção da "Liga Operária da Construção C i v i l " .
Grupo Dramático " E m i l i o Zola".
turo".
- Beneficiária: A Vanguarda.
- Beneficiária: A Plebe jornal anarquista de São Paulo.
1 - Ouverture pela orauestra.
1 - Ouverture pela orquestra;
2 - Conferência pelo camarada Cecílio Martins, sobre o tema " A guer-
2 - Conferência por Alvaro Palmeira;
ra social c a imprensa operária";
3 - / 4 Voz do Povo - drama social em 3 atos;
3 - Os Conspiradores drama social cm 4 atos e um epilogo
4 - Quermesse e baile f a m i l i a r .
2 0 3

Teatro Carlos Gomes Grande Festival em beneficio d A Plebe


- Sábado 13 de o u t u b r o , em Santos. - "Organizado pelo Centro "Juventude do F u t u r o " , a efetuar-se no dia
- Organizado pela União de Artes. Ofícios e Anexos, comemora- 18 de agosto, n u m dos teatros desta capital.

tivo de Francisco Ferrer.

172
1 - O Vagabundo em 1 ato, do Dr. Manuel Laranjeiras;
2 - Los Mártires - drama em 1 ato em idioma e s p a n h o l 2 0 7
Festival
Grande Festival Artístico e Literário - Saláo Itáli? Fausta - Rua Florêncio de A b r e u , 45 - realiza-se
- Salão Celso Garcia, em 11 de setembro. no dia 75 de setembro
- Grupo Dramático "Os Modestos". - Organizado por u m grupo de simpatizantes.
- Beneficiária: a revista "A Obra", dirigida pelo anarquista - Beneficiários: A Obra (revista anarquista) e a biblioteca da
Florentino de Carvalho. "UniSo dos Empregados em Cafés".
1 - Abertura pela orquestra; 1 - Conferência sobre a questão social;
2 - Novo Altar episódio poético em 1 ato, de Bento Mantua; 2 - Cantos e recitativos,
3 - Diversos números de cânticos e recitativos; 3 - Ouermesse e baile f a m i l i a r
2 1 0

4 - Amanhã - drama social cm 1 ato, dc Manuel Laranjeiras;


5 - Variedades 208 Festival da União dos Cliapeleiros
- Saláo da Federação Espanhola, em 21 de agosto, às 2 0 : 3 0 h ,
Balancete da festa em beneficio d'"A Plebe", realizada no
Sfio Paulo.
Salão "Leale Oberdan "
1 - O Doido da Aldeia ou um Erro Judicial - de Batista Diniz;'.;
- Bilhetes distribuídos 500, devolvidos 77, falta receber 4 0 , rece-
2 - Um Marido que é Vitima das Modas
bidos 383. 3 - Tômbola e baile;
ENTRADAS 4 - Nos intervalos o companheiro Hugo Gottardi cantará algumas can-
Ingressos 383 $000
çóe. '.
Ouermesse 149 $000
2 1

LeiHo 57$000
Festival de Propaganda
Soma das entradas 589$700
- Saláo Celso Garcia - Rua do Carmo, dia 4 de setembro, às 20:30 h .

DESPESAS — Festa dramática-dançante em benefício de A Plebe.


Aluguel do Saláo I00$000 1 - Ouverture pela orquestra;
Ingressos 12 $000 2 - Conferência por um companheiro;
Objetos para a quermesse 23$ 100 3 - Santa Inquisição .2 1 2

Objetos para a cena 20$000


Cenário 15$000 Grande Festival no G. Português
Madeira para o cenário 14$000 — Homenagem a A . R. dos Cocheiros, C. e C. Anexos, hoje 4 de
Casa Teatral 37 $000
setembro, às 2 0 : 3 0 h . Rio.
Batom 6 $000
Fogos 2 $000 - Conjunto A r t e e Instrução.
Aluguel do Piano 10$000 1 - Gaspar, o serralheiro drama social em 4 atos;
Músicos 55 $000 2 - Cruzes Canhoto - entreato cómico de Ferreira da Cruz;
'Gratificação aos músicos 5$000 3 - Dois Estudantes no Prego comédia em 1 a t o ;
Convite aos amadores 18$200 4 - Artístico ato de Cabaret, no qual tomam parte os artistas: Abigail
Carreto 6$000 Maia, Procópio Ferreira e J . Costa;
Despesas da conferência 431000 5 - Recitativo, Canções libertárias e tangos pelos bailarinos Albino Bar-
bosa e Anna Rosa da Silva.
Soma das despesas 366 $300
Afinada orquestra de professores

RESUMO Festival da União dos Operários Metalúrgicos


Entradas 589 $700 - Saláo da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 49 - no
Despesas 366 $300
dia 25 do corrente, às 2 0 : 3 0 h . SP.
Saldo l í q u i d o 2 0 9 223$400 1 - Abertura pela orquestra;
2 - Conferência por Florentino de Carvalho;
174
175
3 - O Escravo - drama em 1 a t o ; 20 - Stride la vampa Trovatorc, Verdi, Srta. Ida Mcneghetti;
4 - A t o de variedades; 21 - O Vagabundo episódio dramático em 1 alo. de M. Larangeira.
5 - Baile f a m i l i a r .
2 1 4
Distribuição: Vagabundo Amílcar R. Martins; Operário I ino I illio.
Mie - Maria Antonio S o a r e s . 216

Jardim Zoológico Nota: Não haverá baile . 2 1 7

- G r a n d e f e s t i v a l o r g a n i z a d o pela União d o s Operários d a Cons-


trução C i v i l . Grande Festival em Beneficio de "A Plebe", em comemora-
- Pró - Escolas, d i a 12 de s e t e m b r o . R i o .
ção ao fuzilamento de Francisco Ferrer
- G r u p o Dramático 1 ? de M a i o .
- Salão Celso Garcia - 12 de o u t u b r o - São Paulo.
1 Visita geral ao jardim - Corrida de bicicletas - Luta Romana - Matchs
- Organizado pelo Grupo Juventude d o F u t u r o .
dc Futebol, sendo um de I Divisão c outro da Liga Suburbana - Jogo de pau -
a

Corridas de obstáculos;
1 - Abertura pela orquestra;
2 - As 18 h, conferência por Mauricio de Lacerda;
2 - Conferencia pelo companheiro, José Flias da Silva, do R i o ;
3 - Hotel dos Sarilhos - comedia cm 3 atos;
4 - A t o de Cabart - com acompanhamento de uma afinada orquestra;
3 - Avatar drama em 1 ato;
5 - Durante o festival tocarío. no Jardim, duas orquestras e diversas ban- 4 - O Pecado de Simonia comédia em 1 ato, dc Neno Vasco;
das dc música.
5 - Os Milhões da Corcundinha comédia em 1 a t o " V
Ingressos 1 $ 0 0 0 2 , S

União dos Alfaiates - .Festa em 2 de outubro


Grande Festival Artístico e Literário - Centro Republicano Português - Rua Marechal Deodoro. 2 -
- Organizado p e l o G r u p o Dramático " O s M o d e s t o s " , e m bene- São Paulo.

f í c i o d a A Obra. 1 - IITrionfo delVEguaglianza;


2 - Conferência por um camarada;
- A realizar-se h o j e , à n o i t e , n o Saláo Celso G a r i c a .
3 - Baile f a m i l i a r < * 2 1 8

1 - Hino " A Internacional" pela orquestra;


2 - Conferência social por Florentino de Carvalho, sobre o tema:Os Va-
lores das doutrinas de Cristo, Comtc. Marx, Lenine e Kropotkine; Grande /'estival
3 - O 1023 - episódio dramático cm 1 ato. de Júlio Dantas. Distribuição:
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo - dia 23 de setembro -
Cauteleiro - Amílcar R. Martins; Carteiro - Tino F i l h o ; uma " b o n n c " , guarda,
São Paulo.
sujeito que lé;
4 - Romanza - Sr. Francisco Montesano; - Pró - Deportados, presos na Europa e África.
5 - Sob o Dcsmomnar dos Milénios poesia dc Octávio Brandão, Srta! 1 - Ouverture pela orquestra;
Virgínia Palácios; 2 - Conferencia por um camarada.
3 - Os Filhos da Canalha - drama cm 3 atos;
6 - Cara 1'iccina - c a n ç o n r U , Srta. Ida Mcncghctti;
4 // Veleno comédia cm 1 ato;
7 - O Povo - poesia, Sita. Atéa Tomniasiiii;
5 - Quermesse e baile f a m i l i a r -b.
8 - Fragmento - G. Junqueiro, Sr. Amílcar R. Martins;
2 1 6

9 - Romanza Sr. A n t o n i o Piza;


10 - Recitativo, Sr. Vicente A m o d i o ; Festival do Sindicato dos Trabalhadores Gráficos
11 - Os Vampiros poesia de Raimundo Reis, Srta. Atéa Tommasini; - Salão do Centro Galego - Rua Visconde do Rio Branco, 53 -
12 - Cançoneta, Sr. Francisco Montesano; sobrado - Rio, 20 de novembro, às 20 h.
13 - Mamma mia. che vô ttpé*\ Srta. Ida Mcneghetti; - Grupo Dramático 1 ? de Maio.
14 - Orquestra: - Beneficiário: o diário Voz do Poio.
15 - Romanza - Sr. A n t o n i o Piza; 1 - A Internacional cantada por um grupo dc meninos;
16 - Lady Godiva - poesia de J . Dantas, Sr. Amilca R. Martins; 2 - Conferência por José Oiticica;
17 - Lolita serenata espanhola. Srta. Ida Meneghctti;
3 - Ouverture pela Orquestra Social 4 dc A b r i l , que executará, além dc ou-
18 - Romanza - Sr. Francisco Montesano; tros, o hino operário " A Internacional";
19 - Rebelião - poesia de Ricardo Gonçalves, Srta. Atéa Tommasini;

176
4 - Interessante ato dc ( a b a r e i em que tomarão parte D. I.uchi. baixo lín
3 - Quermesse dc prendas sociais;;
co, os irmãos Bom, Constantino Cru/ e muitos outros;
4 - Récita de poesias p o r vários camaradas.
5 - O Pecado de Simonia comedia em I ato, de Neno Vasco; Lntrada 11000"*.
6 - Ouverture peb orquestra que executará a maviosa partitura Marselhe- Grande Festival
sa de Fogo. acompanliada por vários companheuos c companheiras; e»
7 - Quermesse e baile familiar. - Ivonette Teatro Av. Celso Garcia. 238 - S. Paulo,
novembro, às 20 h .
8 - Tocará durante a festa a Banda Musical da P e n h a 2 1 9 . - Promoção e Organização: G r u p o E d i t o r de Obras Sociais "Ne-
no Vasco".
Grandioso /'estival
- Grupo Dramático " P i e r r o t . ,f

- Teatro d o Centro Galego. Amanha, 23 de o u t u b r o - Rio. 1 - Sintonia pela orquestra;


Promoção da Aliança dos Empregados no Comércio e Indústria 2 - Conferência por Florentino de Carvalho sobre o tema: " A situação
1 - Conferência libertária, por um conhecido conferencista desta capital; revolucionaria internacional";
2 Um selccionado ato dc Cabaret, em que tomarão parte ator es e amado- 3 - O Vagabundo drama social em 1 ato, de Manuel Laranjeiras;
dorcs.
3 - Um Estudante em Calças Pardas comédia cm l ato. pelos amadores 4 - O Pecado de Simonia comédia em 1 a t o . d e Neno Vasco;

A Bandeira, J . C. Mariano e Carlos Carvalho; 5 - Hinos e recitativos;


4 - O Pinhal canção pelo tenor Annibal de feitas;
5 - O Zabumba - cançoneta pelo amador A . Bandeira; 6 - Leilão de prendas, baile familiar e q u e r m e s s e 121

6 - " U m a ária" - pelo tenor V . Paschoal, Festival Libertário


7 - Uma Furtiva Lágrima ária da conhecida ópera " F l i x i r de A m o r " , pe- - Salão Itália Fausta 4 de dezembro, às 20 h . - Sào Paulo.
lo tenor J . Oliveira; - Promovido pela Biblioteca Social "Os V e r m e l h o s "
8 - " U m a ária" pelo tenor V. Paschoal:
- Beneficiário: o j o r n a l anarquista italiano Umanitá Nuova e o
9 - Um Sonho - ária da ópera " M a n o n " . pelo tenor J . Oliveira;
10 - Um Rexoitado versos pelo amador J. Oliveira; comité pró-vítimas políticas em Itália.
1 - Hino Bandeira Vermelha, pela orquestra,
11 - Grandioso baile familiar.
Abrilhantarão o espetáculo uma banda de música c uma orquestra compos-
2 - L 'Osteria delia Vittoria bozzetto social em 2 atos, por Gigi Damiani.

ta de 25 p r o f e s s o r e s " .
0
3 - Conferência,
Festival em beneficio da Orquestra 4 de Abril 4 - Peolda Culpa de João Casadei;
- Salão do Centro Galego 30 de outubro. Rio.
— Promoção do Grupo Germinal. 5 - Quermesse 124

1 - Conceito musical pela orquestra Festival no Salão do Teatro Ivone


2 - A Fome drama em I a t o . - Promoção do Grupo Dramático A m o r e Mocidade;
3 - Conferência por Carlos Dias; - Beneficiário: " u m operário paralítico", dia 20 de novembro,
4 - Choro ou Rio comedia cm I ato; às 20 horas.
5 - Amores em Cristo comédia em I a t o ; 1 - Ouverture pela orquesUa;
6 - A t o variado encarrado pelo hino " A I n t e r n a c i o n a l . 2 2 I
2 - Conferência sobre a questão social;
3 - Os Filhos da Canalha - drama em 3 atos;
Aliança dos Operários cm Calçados e Classes Anexos 4 - O Pecado de Simonia comédia, dc Neno Vasco;

- Pró Vàl do Povo 24 de o u t u b r o , às 19 h . 5 - Baile f a m i l i a r 2 2 6 .


— Salão da União dos Operários em Fábricas de Tecidos Rua Grande Festival
- Salão Palácio Moderno - Rua da Mooca São Paulo;
do Acre, 19 - Rio.
- Promoção de u m Grupo de Trabalhadores de São Paulo, em 18
1 - Conferência pelo camarada Octávio Hr.md.To tema: Relâmpagos no dezembro;
Caus Anarquismo e Bolchevismo. Festival
2 - Será distribuído o novo folheto (anarquista) Veda do Mundo Novo. - Salão do Centro Galego Rio de Janeiro.
gratuitamente;

178
179
1 - Sinfonia;
- Grupo Dramático 1? de Maio. 2 — Aurora - de Joaquim Dicenta;
- Promoção da Comissão Executiva do 3 9 Congresso Operário. 3 - Comédia;
1 - Triste Carnaval drama em 1 ato; 4 - Baile . 2 3 0

2 - Conferência, por Jose Elias;


3 - "Casa de O r a t e s 2 2 5 -

4 - Romanza - Sr. Francisco Montesano; 1921


5 - Sob o Desmoronar dos Milénios - poesia de Octávio Brandão, Srta.
Virgínia Palácios; Pró •' 'A Vanguarda''
6 - Cara Piccina - cançoneta, Srta. Ida Meneghetti;
7 - O Povo - poesia, Srta. Atéa Tommasini; - Segunda-feira, 17 de janeiro, às 19h45min;
— Grande festa em benefício da publicação dc diário do proleta-
- Beneficiário: Edgard Leuenroth, ex-redator de A Plebe, que se riado.
encontra doente. 1 - Exibições de filmes cinematográficos;
2 - Guerra à Guerra - drama em 3 atos, do companheiro Tomaz Moldem.
1 - Ouverture pela orquestra,
Personagens:
2 - Conferência por um companheiro;
Thomaz Carvalho (pescador) - Sr. Luiz Tino
3 - Militarismo e Miséria - drama em 4 atos;
Beatriz M. Carvalho (sua esposa) - Sra. E. Camillis
4 - Torneio de I.uta Crego-romana por quatro profissionais que gentilmen-
Rosa Carvalho (filho deste) - Sta. Matilde Cruz
te ofereceram o seu concurso,
A r t h u r Carvalho (filho deste) - Sr. F. Eiras
5 - Terminará o espetáculo com uma engraçada c o m é d i a 227 .
A n t o n i o Silva (enjeitado-lavradõr) - Sr. J. Veiga Carvalho
U m representante do Ministério da Guerra - Sr. C. C a s a n o v a .
231

PróEdgard Leuenroth
- Salão do Teatro Centro Galego - Rua Visconde do Rio Branco,
Grande Festival em Beneficio de "A Plebe"
53 - sobrado - dia 18 de dezembro, às 20h30min.; - Promoção do Centro luventude do F u t u r o ;
- Concurso de: Orquestra Social 4 de abril e dos Grupos Dramáti-
cos 19 de Maio e Germinal. - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo - São Paulo, dia 29 de
1 - Natal do Avarento - entreato original do camarada Blasquez de Pedro; janeiro.
2 - A Fome - drama em 1 a t o ; 1 - Las Tenazes - comédia em 3 atos;
3 - Conferência por José Elias; 2 - Comédia;
, 4 - Língua de Fora comédia em 1 a t o ;
5 - Canções sociais, poesias, fados, fábulas, versos sertanejos, etc. Leilão de
3 - LeiUo e baile f a m i b a r 2 3 2 .
prendas enviadas ao " G r u p o de A u x i l i o a E. L e u e n r o t h " . Ingressos ... 1 $ 0 0 0 "
2 2 8

Festival
Um Festival no Teatro Lyrico
- Salão da Sociedade Italiana - Rua da Mooca, 508 - São Paulo,
- Promoção do Conjunto Artístico "Instrução e A r t e " , sábado,
dia 19 de fevereiro;
18 de dezembro, às 20h45min.; - Promoção do Grupo Filodramático Solidariedade;
- Beneficiária: Associação de Resistência dos Cocheiros, Carrocei- - Beneficiários: "Os companheiros Conrado Bernaca e Thadeu
ros e Anexos. Galo.
1 - A Tomada da Bastilha - drama; 1 - O Filho da Revolução - de Italo Benassi, direção de Francisco Crusco;
2 - Conferência por Mauricio de Lacerda; 2 - Os Lobos - de Lino Brasil, d i r . : Francisco Crusco;
3 - Ato variado . 2 2 9 3 - Comédia em italiano;
4 - Baile .
2 3 3

Cirande Festival
Grupo Filodramático "Solidariedade"
- Salão Celso Garcia, dia 25 de dezembro, às 20h30min.;
— Festival Beneficente;
- Grupo Dramático Joaquim Dicenta;
- Rcaliza-se sábado, 12 de março, o festival em favor de Conrado
- Beneficiária: " U m a entidade de educação".

181
180
Bernacca e Thadeu Gallo, que devia ter sido realizado no dia 1° de feve- Despesas:
reiro passado. Sinal para o salio da rua da Mooca 50$000
Aluguel do salio Itália Fausta 130$000
0 grupo f o i obrigado a fazer esta transferência em virtude de ter
2 damas pagas duplamente 140$000
a diretoria da Sociedade Italiana negado o salão apenas 4 dias antes do
Casa Teatral 35 $000
festival, não sendo possível, de pronto, arranjar o u t r o ; Objetos para tômbola 39$000
— Salão Itália Fausta, Rua Florêncio de Abreu, 4 5 . Ingressos 20$000
1 - Drama social cm 3 atos, O Filho da Revolução, Bilhetes para tômbola 5 $000
2 — Drama social, cm 1 ato. Os Lobos; V o° n l 10$ 000
3 - Comédia cm 1 ato, em italiano, Un Uomo D'Affari; Despesas várias 6$000
4 - Baile Familiar m quermesse. Despesas com os amadores 6$000
Despesas com a peça 4 $400
NOTA O grupo recebeu carta do companheiro Conrado Bernac- Bebida para orquestra 10 $800
»ol'nista 12 $000
ca ( u m dos interessados no benefício), participando que se encontrando 1 v

em vias de normalização de sua situação, em virtude de terem desapare- •«tal 468$ 200
cido os males que o infelicitavam, está em condições de dispensar o au- Entradas:
xílio que lhe ia ser destinado com o presente festival, passando, por is- Ingressos 144 $000
so, o total deste benefício para Thadeu Gallo, que se encontra em tris- Ingressos vendidos na porta 54$000
Tômbola 58 $000
tíssimas condições, merecendo todo o nosso a p o i o . 2 3 4

lotai 256$000
Caixa do Crupo 80 $000

Uma Festa dos Sapateiros Total 3 36 $000


— Salão da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 49 São
Despesas 468 $ 2 0 0
Paulo, dia 5 de março, às 20h30min.;
Entradas 336 $000
— Promoção da União dos Artífices em Calçados, cujo produto Déficit 132$200 2 3 7 .
reverterá em benefício dos cofres desta sociedade;
— Grupo Dramático Emílio Zola. Festival de Propaganda, em beneficio de "A Plebe"
1 - Palestra por um companheiro sobre o valor da organização operária; - Salão a. Rua Olavo Fgydio (SanfAnna) 7 de maio, ás ! 9 h 3 0
, 2 - Militarismo e Miséria - drama em italiano; m i n . São Paulo.
3 - Recitativos;
1 - Militarismo e Miséria drama em 3 atos, cm italiano;
4 - Quermesse e l e i l ã o .
235
2 Conferência;
3 - Baile f a m i l i a r 2 3 8

Festa da "Ala Jovem Anarquista" União dos Operários em Fábricas de Tecidos


— Rio Grande do Sul. - Salão da Federação Espanhola Rua do Gasómetro. 4 9 . São
1 - O Pai que Mata; Paulo, dia 23 de abril, às 20 horas.
2 - Palestra; 1 Conferência por um companheiro sobre " A Organização de Classe e o
momento a t u a l " ;
Em Pelotas: 2 - O Mártir do Ideal drama social em 3 atos, sob a direção de F. Crusco;
1 - O Jogo, Sempre o Jogo "Uma Esperança dos Desgraçados "; 3 - Baile f a m i l i a r 2 3 9

2 - Confefncia" .
Grande Festival de Propaganda
6

Grupo Filodramático "Solidariedade" - Salão do Centro Republicano Português - Rua Marechal Deo-
Apesar do esforço o festival realizado em benefício de Thadeu doro, 2, dia 30, às 20 horas.
Gallo deu prejuízo que o Grupo terá de saldar. 1 - A Internacional pela orquestra;

182
183
2 - A lha - drama social em 3 atos, dc Giovanni Casadei, em italiano, re- 1 - Ouverture pela orquestra;
presentado pela primeira vez em São Paulo; 2 - Conferência pelo dr. Aggripino Na/areth;
3 - Conferência sobre o problema social; 3 - Drama em 1 a t o ;
4 - Quermesse e baile f a m i l i a r .
2 4 0 4 - Comédia em 2 atos;
5 - A t o variado;
Festival Literário e Dançante 6 Baile f a m i l i a r .
1

Salão Flor do Mar - Av. Guilherme, 1? na Vila Guilhermina -


em 30 de abril, às 20 horas; 0 Grande Festival de Hoje
- Organizado pelo Grupo Nova Era. - Teatro Lírico - Rio, dia 12 de outubro, às 20h30min.;
1 - Conferência;
- Pró "Comité de Socorro aos Flagelados Russos.
2 - Recitativos e monólogos; 1 Dar Corda para se Enforcar - comédia cm 3 atos;
3 - Quermesse e leilão; 2 - Atraente ato de variedades, com o valioso concurso dos artistas Abigail
4 - Sorteio de tômbola; Maia, Romualdo Figueiredo, Isidoro Alacid c Raphacl Salvaterra;
5 - Baile f a m i l i a r .
2 4 1
3 Amanhã drama em 1 ato, de Manuel Laranjeiras;
4 Concurso da pianista Maria Amélia de Oliveira, da orquestra do C.rêmk)
Festival da União dos Alfaiates Artístico Renovação e do Grupo Teatro S o c i a l . 2 4 5

- Salio Lyra - Largo Paissandu, 20 - dia 30 de abril.


Grande Pestival
1 - Hino 1? de Maio, tocado pela orquestra;
- Saláo Leale Oberdan Rua Brigadeiro Machado, 5 - dia 19 de
2 - Conferência sobre o 1? de Maio;
3 — IIDiritto di Bianca - drama em 1 a t o ; novembro;
4 - Al Cuor non si Comanda - comedia em 1 ato; - Promovido pelo Grupo Semeadores.
5 - Baile f a m i l i a r .
2 4 2
1 - Ouverture pela orquestra;
2 - Conferência por um camarada;
Grande Festival 3 1,'Ideale - drama cm italiano, 1 ato, de Pietro G o r i ;
- Theatro Hauer - quarta-feira, 8 de j u n h o , às 19 horas; 4 - A Caasado Mal - drama em português, 1 a t o ;
- Beneficiário: Uniâ"o Operária do Paraná e o Centro de Estudos 5 - El Acabose - comedia cm espanhol;
Sociais. 6 - Quermesse;
7 Baile f a m i l i a r
1 - Conferência pelo prof. Dario Velozo;
2 4 6

3 — U m bem elaborado programa cinematográfico;


, 4 - Quermesse e baile familiar.
1922
Entradas para homens 1 $ 5 0 0 .
Entradas para senhoras e crinças $ 8 0 0 " * 2 4 2

Festival em favor do operário-cocheiro José Paulo Ferreira que


Festa Pró-"A Plebe" ficou cego
- Saláo do Centro Galego - Rua Visconde do Rio Branco, 53 — - Rua Camerino, 6 6 ;
dia 14 de j u l h o , às 20h30min.; - Grupo Dramático 1? de Maio.
- Grupo Teatro Social e o concurso do tenor Isidoro Alacid e o 1 Casamento Escandaloso peça;
cançonetista Júlio Criei. 2 - A t o variado, show de guitarra de J o i o ferreira, Manuel Martins e Ma-
1 - Proemio - de Lírio dc Rezende, por Santos Barboza;. nuel Barlavento.
2 - Conferência por José Oiticica;
3 - Gaiola - ato dramático, de Luciano Descaves;
4 - Em Guerra - idílio japonês em 1 ato, de Carlos Malato; Obs.: Tomarão parte os artistas-amadores: Clara Telles, Vole
5 - A t o variado, canções, p o e s i a s .243

B uri mi. Leonidas Telles, Antonio Moita, Abílio Ferreira, Ernesto Pais,
União dos Taifeiros, Culinários e Panificadores Marítimos Antonio Almeida, Arduino Burlini, Mariano Martins, Anibal Laje, Anto-
- Saláo do Teatro do Centro Galego - Rio, a 16 de j u l h o . nio Laje e A n t o n i o F a r o 2 4 7 .

184 185
Festa no Rio em beneficio da revista "Renovação" Grande Festival Pró-"A Plebe"
- Centro Galego; - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - São Paulo;
- Grupo de Teatro Social. - Promoção do Centro Libertário "Terra L i v r e " , em 22 de j u l h o ,
1 - A Vovozinha poça dc Fábio Luz; às 20 horas.
2 - Nincte - peça dc A r t u r Guimarães; 1 - A Internacional pela orquestra,
3 Conferência 248
2 - Conferência;
3 - Os Conspiradores - drama histórico c social em 4 atos;
Grande Festival de Propaganda Social, dia 22 de abril, às 20 4 - Baile f a m i l i a r .
2 5 3

horas.
- E m benefício de O Libertara - SSo Paulo. Festival do Grupo Nova Era
- Salão Leale Oberdan - Rua Brigadeiro Machado, 5 - em 8 de
1 - Ouverture pela orquestra;
julho.
2 - Conferência dc propaganda social;
1 - Conferência;
3 Amor Louco - drama em 3 atos;
2 - A Filhado Marinheiro drama social em 3 atos;
4 - Ouermesse . 249

3 - Comédia em 1 ato;
4 - Baile .
2 5 4

Festa em 29 de abril
- União dos A. em Caçados e Classes Anexas de São Paulo; Festival no Rio
- São Celso Garcia. - Salão Resistência dos Cocheiros;
1 - Inauguração da Bandeira; - Escola Dramática Arte e Instrução;
2 - Conferencia por um camarada vindo do R i o , - Grupo Dramático 1? de Maio;
3 - Ouverture pela Orquestra;
-Beneficiário: a família do operário Abílio Ferreira, recém-
4 - Senza Pátria drama cm italiano, em 2 atos, dc P. G o r i ;
5 - Amanhã drama em português, em 1 ato, de M. Laranjeiras; falecido.
6 - I? de Maggio - drama cm italiano, em l a t o ; 1 - Os Aliados;
7 - Grande baile f a m i l i a r .
2 5 0

2 - Conferência 254 " .


3

Pró Filhos de Neno Vasco


Festival em Niterói - Rua do Acre, 19 - Rio - Sede dos Tecelões.
- Teatro Municipal 1 - Conferência por Carlos Dias;
- Grupo Dramático 1? de Maio 2 - Récitas do "Grémio Artístico Renovação" que iniciam entoando, em
1 - Um Genro em ApurJS peça; coro, o hino " A Internacional".
2 - Língua de Fora peça cómica; ^
3 Conferência pelo dr. Paulo de Lacerda Obs.: Participantes do Grémio: Amílcar dos Santos, Elvira Boni,
M i l t o n Amaral, A. Figueiredo, A n t o n i o Faro, Santos Barboza, A n t o n i o
Obs.: Estas peças foram representadas no dia 30 de abril e repe- Leite, Olga Biasi e Carolina B o n i . 25 5

tidas no dia 1? de Maio.


Solidariedade no Rio
- Salão dos Cocheiros;
Festival no Rio
- "Escola Dramática Centenário";
- Salão Resistência dos Cocheiros
- Beneficiário: operário cochoeiro A r t u r de Oliveira Barbosa.
1 - Rosa do Adro - drama;
1 - Um Erro Judiciário - peça;
2 - A Canalha
2 - Os Milagres de Santo Antonio - comédia 256 .
Obs.: Este espetáculo teve a participação de Procópio Ferrei-
Realiza-se hoje o Grande Festival Pró-"A Plebe"
ra 2 5 2
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - às 20 horas;

186 187
- Organizado pelo Centro " ' I erra Livre". 4 - Elevação - poesia de Arsênio Palácios, recitada por Mercedes Alves;
1 A Internacional pela orquestra; 5 - A Pele de Urso monólogo, recitado por Pilar Soares;
2 - Conferência pelo dr. Lábio 1 uz, que virá do Rio para esse f i m ; 6 O Pintasilgo poesia de Guerra Junqueiro, recitado por Mathikie
3 O Pecado de Simonia comédia em 1 ato, de Neno Vasco; Soares;

4 Baile f a m i l i a r 2 5 7 . 7 - Rumo ao Azul, dc Arsénio Palácios, por Anna.


8 - Fala o Trabalhador, poema, recitado por Alberto Baltazar;
O Festival d' "A Plebe 9 - Baile familiar abrUhantado pela " R o y a i O r q u e s t r a .
2 6 0

Correu cheio de animação o festival que em benefício d ' A Plebe


Grande Festival de fropaganda
se realizou no dia 12 do corrente.
- Salão Celso Garcia R u a do Carmo, 23 - São Paulo, dia 28 de
O salão Celso Garcia encheu-se inteiramente com a concorrência
outubro, às 20 horas.
da família proletária, que passou uma bela noitada de alegria e de pro-
- Promoção do Grupo Regeneração Social" em benefício da Bi-
paganda.
blioteca Social A Inovadora, iniciativa de Rodolfo Felipe.
Após A Internacional, tocada pela orquestra e acompanhada em
- Grupo Theatro Social.
coro pela assistência, o camarada Fábio Luz realizou a sua conferência,
1 - A Internacional, cantada em coro a acompanhada pela orquestra;
que foi ouvida com a máxima atenção pela grande assistência, que a co- 2 Bandeira Proletária drama em 3 atos, de autoria dc Marino Spagnolo,
roou com os seus aplausos. 3 - Nos intervalos haverá recitativos e quermesse;
Seguiu-se a representação do drama Fome e Miséria e da sempre 4 - Baile familiar e leilão de p r e n d a s .2 6 1

querida comédia do saudoso camarada Neno Vasco - O Pecado de Simo-


nia. Grupo Theatro Social
Sem menosprezar os esforços desinteressados dos amadores, náo Todos os companheiros, de qualquer sexo e c o r , que desejarem
podemos deixar de lamentar que o trabalho de Neno Vasco tenha sido prestar-nos o seu apoio moral poderão dirigir-se por carta ao diretor téc-
sacrificado, provavelmente pela precipitação dos ensaios. nico à r u a Teixeira de Freitas, 33.
Estamos certos de que os amadores de outras vezes farão com que Quanto ao que se refere às peças que nos destinam, s o m e n t e acei-
os seus esforços correspondam melhor aos fins a que objetivam. taremos as que forem entregues pessoalmente. E m nosso poder já se en-
A Quermesse e o leilão de prenda^ liveram b o m êxito. contram Mãe e Cathedral, de 1. Benassi.
O baile correu animado até pela m a d r u g a d a . 258
Convidam-se todos os componentes do Grupo a comparecer a reu-
, Grupo Teatro Social nião que haverá segunda-feira, 6 do corrente, para a distribuição dos
Este grupo, recentemente constituído, está ensaiando o drama em papéis das novas peças a serem postas em e n s a i o . 262

3 atos intitulado Bandeira Proletária, de autoria do camarada Marino


Spagnolo, estando a parte cénica confiada ao companheiro Elias de Ma- O Festival dos Sapateiros
galhães. - Salão Celso Garcia - R u a do Carmo, 23 - dia 25, às 20 horas.
Essa peça será levada à cena brevemente em uma festa s o c i a l 259 .
- "Festa da Caderneta".

Grande Festa de Co nfraternidade Proletária 1 - A Internacional - hino dos Trabalhadores e hino do 1? de Maio, pela
Saláo da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 49 - 2? orquestra;
Sáo Paulo, dia 6 de setembro. 2 - Conferência por Ldgard Leuenroth;
3 - Os Semeadores - drama social em 3 atos, de Avelino l o s c o k ) , dirigido
- Organizado pela Uniáo dos Empregados em Cafés, em benefício
pelo companheiro l-rancisco Crusco;
da sua Biblioteca. 4 - Baile f a m i l i a r .
2 6 3

- G . T . Rosa Vermelha.
1 Ouverture pela orquestra; Balancete do Festival em beneficio da "A Inovadora", reali
2 Conferência por um conhecido militante; ado em 28 de outubro.
3 Um Conselho de Guerra à Meia Noite; comédia em 1 ato;

188 189
1923
ENTRADAS:
União dos Canteiros e Classes Anexas de São Paulo
Dc Ingressos 731 $ 0 0 - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - São Paulo, dia 27 de
Leilão 137 $000
janeiro, às 20h30min.
Ouermesse 125 $ 0 0 0
- Promoção: União dos Canteiros em benefício de uma Bibliote-
Donativos - Valente j$000
Venda de encalhe de quermesse 10$ 000 ca da União a ser fundada e do jornal A Plebe.
M.Sorcmelli 5$000 1 - A Internacional - pela orquestra;
2 - Conferência em italiano;
Total 1:013$ 700 3 - 1? de Maggio drama social em 1 ato, de P. G o r i ;
4 - Conferência em português;
DESPESAS 5 - O Pecado de Simonia - comédia em 1 ato, de Neno Vasco;
6 - Quermesse e b a i l e
2 6 6

Aluguel do Saláo 220$000


Damas 85 $ 0 0 0
Orquestra 60 $ 0 0 0 Brilfiante Festival de Propaganda
24 cervejas para o palco e orquestra 24$000
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - São Paulo, dia 17 de
Adereços para os amadores 13$800
Casa Teatral 52$000 fevereiro.
Feitura de 1.000 ingressos 20$000 Promoção da União dos Trabalhadores Gráficos, em benefício
Sandewich, papel, charutos e outras miudesas para dos cofres sociais.
a quermesse 5 2 $ 700
1 - / 1 Internacional, hino dos trabalhadores, pela orquestra;
Total 527$ 500
2 - Conferência sobre o atual movimento da classe;
RESUMO: 3 Será levado á cena um emocionante drama, por diversos associados;
4 - U m ato variado;
Entradas 1:013$ 700 5 - Quermesse e baile f a m i u a r .
2 6 7

Despesas 527$ 500

Saldo 486$ 200 Festival


Salão da Federação Espanhola Rua do Gasómetro, 49 - so-
• Grande Festival de Propaganda brado São Paulo, 17 de março, às 20 horas.
- Salio Leale Oberdan - Rua Briadeiro Machado, 5 - dia 30 de - Grupo Theatro Social;
dezembro, às 20 horas. - Promoção da Liga dos Operários em Construção Civil, em bene-
- Grupo Theatro Social; fício de José Leandro da Silva.
- Promoção da "Legião dos Amigos de A Plebe.
1 -A Internacional, pela orquestra; 1 - Ouverture, pela orquestra;
2 - Conferência; 2 Conferência;
3 - Ao Relento - peça cm 1 ato, de A. Schmidt; 3 - Em Guerra - drama social em 1 ato, de Carlos Malato;
4 - Na Escola, de R. Rousselle; 4 O Desmoronamento - comédia em 1 ato, de Conde Volney;
5 - Naquela Noite - de Santos Barboza; 5 - Ao Relento drama em 1 ato, de Affonso Schmidt;
6 Nos intervalos haverá quermesse e tômbola;
7 - Baile familiar.
Obs.: Nos intervalos haverá r e c i t a t i v o s 268 .
Obs.: Os ingressos podem ser procurados na A Inovadora, à La-
deira do Carmo, 3; na sede do Grupo Theatro Social, à rua Teixeira de Ricardo Cippola
Freitas, 33; ou na sede da União dos Artífices em Calçados, à rua Ba- - Atraente festival em benefício da família de Ricardo Cippola.
rão de Paranapiacaba 4 N sala 10, São P a u l o 2 6 5 .
191
190
- Salão — Theatro da "Resistência dos Cocheiros"- R i o de Janei- União Operária
ro, 24 de março. - Teatro Teuto-Brasileiro;
1 - Terra Livre drama social cm 3 atos; - Grupo da União Operária;
2 - A t o variado; - Programa do dia 1? de maio, às 20 horas - no Paraná.
3 - Quermesse. 1 - Três recitativos;
2 - Conferência sobre o 1? de maio. pelo professor Dario Veloso;
Obs.: Prestarão seu concurso; Renovação - Teatro e Música re 3 - Os Filhos da Canalha drama em 3 atos;
centemente constituído . 269 4 - Cantos alusivos ao I de m a »
o .
2 7 3

Grande Velada Teatral


Ricardo Cippola
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - em 7 de j u l h o ;
Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 São Paulo, dia 24 de
- Promoção da União dos Empregados em Cafés de São Paulo;
março.
- Grupo Ibérico;
- Promoção da União dos Empregados em Cafés em benefício da
- Beneficiários, o jornal A Voz da União e a revista anarquista
família Ricardo Cippola.
Prometheu.
- Grupo Dramático 1? de maio.
1 - Prelúdio, pela orquestra;
1 Os libertários drama social em 3 atos, de Felipe G i l (Souza Passos);
2 - Palestra inicial por um militante do Rio;
2 - A t o de variedades;
3 - Los Maios Pastores - drama em 5 atos, do escritor Octávio Mirabeau;
3 - Baile familiar e q u e r m e s s e .
4 - Baue f a m i l i a r .
270
2 7 4

Obs.: Distribuição dos amadores:


José de Camargo (Pintor) - Felipe de Vivo;
Festival
Cláudio de Camargo (filho de J.C.) - José Rosa Vermelha;
E ugênia de Queiroz (noiva de Cláudio) - N. N . ;
- Salão Itália Fausta - Rua Florêncio de Abreu, 45 - São Paulo,
D. Adelaide (esposa de J. Camargo) - A. Machado; dia 30 de j u n h o , às 20h30min.
Leite Quinjusta tella (tipo de maus costumes) - J . M. Mercier; - Grupo Teatro Social;
Joaquina (irmã de Cláudio) Menina (companheira de Juquinha); - Promoção aa Liga Operária da Construção Civil em benefício
Terra (fg. apoteose) - A. Malhados. dos cofres sociais e do jornal A Plebe.
Festival Pró-"A Plebe" 1 - Ouverture, pela orquestra;
- Promovido pelo Centro Libertário Terra Livre e Grupo Teatro 2 - Conferencia;
Social, realiza-se em 30 de abril, no Salão Celso Garcia, um bem organi- 3 O Vagabundo - drama social em 1 ato, de Manuel Laranjeira;
zado festival, em benefício d'A P l e b e . 271
4 - Greve de Inquilinos comédia em 1 ato, de Neno Vasco;
5 - L'Ideal - de Pedro G o r i , em i t a l i a n o .
2 7 5

Grande Festival Teatral


Festival de Palestras
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - São Paulo, dia 30 de
- Teatro Capitólio, em Petrópolis;
abril, às 20 horas.
- Solidariedade à greve dos tecelões.
- Grupo Teatro Social;
1 - Usaram da palavra: Carlos Dias, Domingos Braz, José Soares, pelo Gru-
-Promoção: Centro Libertário Terra Livre, Legião dos Amigos po de l studos Sociais, de Petrópolis; Vicente Llorca, pelo Grupo Dramático Arte
d'A Plebe, entre Sapateiros e Grupo Teatro Social; e Natura; Rafael Garcia, pela l n ião dos Operários em Fábricas de Tecidos, de Pe-
- Beneficiária: A Plebe. trópolis; Marques da Costa por Renovação Teatro e Música; Antonio Vaz, pelo
1 - A Internacional pela orquestra; "Laborista Esperantista Grupo; José Pires, pela União dos Operários em Constru-
2 Conferência; ção Civil; Antonio Costa, pela União Geral dos Trabalhadores em Hotéis e Restau-
3 - Auto Justiça - peça em 1 ato, de F. Grisolia; rantes, Cafés e Similares e Pedro Bastos pela "Aliança dos Operários em Calçados;
4 - Naquela Noite peça em 1 ato, de Santos Barboza; 2 - 1? de Maio. drama em 1 ato, de P. G o r i ;
5 - Greve dos Inquilinos - comédia em 1 ato.de Neno Vasco; 2 - Amanhã - drama social em 1 ato, de Manuel Laranjeira;
6 Primeiro de Maio - drama social em 1 ato, de P. G o r i .
2 7 2
4 Récitas . 276

192 193
drande Festival Grande Festival
- SalSo Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 dia 14 de j u l h o , às - Salão Celso Garcia Rua do Carmo, 23 - dia 6 de o u t u b r o , às
20 horas - São Paulo; 20h30min. - S3o Paulo;
Promoção do Grupo de Cultura entre Operários Têxteis, em be- Promoção da União dos Cliapeleiros em Geral.
nefício de um jornal da classe Têxtil do Brasil. 1 - Abertura pela orquestra;
2 - Palestra por um camarada;
1 Ouverture, pela orquestra;
2 - Conferência sobre a Tomada da Bastilha;
3 - lo schiavo di San Domingo drama cm 4 aios e 1 prólogo, cm ita-
liano;
3 Trif)oli drama social cm 2 atos;
Personagens:
4 - Ao Relento comédia em 1 ato, de A. S c h m i d t 2 7 7

Pierro! Sr. N. S t e m i i i
drande Festival llabibrach Sr. J . Mastrandca
- Saláo Celso Garcia Rua do Carmo, 23 dia 25 de agosto; Giuliano IVauverny - Sr. A. Danuzio
Maria, sua liglia Sra. G. Antonen
- Grupo de Teatro Social;
Leopoldo D'auverny Sr. V. Cersonimo
- PromoçSo da União dos Artífices em Calçados, em benefício Pascal, Comandante dei dragom Sr. N . Salvador
dos seus cofres sociais e de A Plebe. Tiddeo Sanjentc - Sr. Ce. Masini;
1 A Internacional, pela orquestra; 4 Os dois Jucás comédia cm português;
2 - Conferência por Maria Lacerda de Moura; 5 Cançonetas nos intervalos por Samia I ontmi e V ireil»> H u e e i i :
3 Bandeira Proletária - drama cm 3 atos; 6 Baile f a m i l i a r .2 8 0

4 A t o de V a r i e d a d e s . 278

Gramle Festival
Balanceie - Salão da Federação Espanhola Rua do Gasómetro. 4 9 -
- Festival do Grupo de Cultura Proletária, entre os operários Têx- obrado - I 7 de novembro, às 20 horas São Paulo;
teis, no dia 14 de j u l h o . Promoção do ( i m p o Teatro Social, em seu benefício e de A
ENTRADAS Plebe.
1 - / 1 Internacional, pela orquestra;
Ingressos vendidos 355 $ 0 0 0
2 Conferência; ^

DESPESAS 3 Militarismo e Miséria drama em 3 atos


Velada Artística Literária
Aluguel do Salão 250IOOO - Salão da Federação Espanhola Rua do Gasómetro. 4 9
Casa Teatral 50$000 sobrado, dia 27 de o u t u b r o ;
Dama 50$ 000
Orquestra 50 $000
Beneficiária: a revista libertária de São Paulo. Prometheu.
1 - Arlequin. IISth-age comedia em 3 atos. em idioma espanhol;
Despesa do Grupo Teatro Social 10$000 2 Ato variado . 2 8 2

l e i t u r a de Ingressos 15$0()()
Total 425 $ 0 0 0 Festivais
- Salão'do Teatro Petrópolis, dia 21 de novembro, às 19 horas;
CONFRONTO -- Grémio Dramático Arte e Natura, recentemente fundado em
Petrópolis;
Despesas 425 $ 0 0 0
Pró/1 Plebe semanal.
Kntradas 355 $ 0 0 0
1 - Sessão cinematográfica;
Deficit 70 $ 0 0 0 2 - Conferência;
3 - / 1 Avozinha - peça em 3 atos.de I á b » Luz;
Ingressos a receber, 38. São Paulo 14 de agosto de 1923. 4 - Riqueza - comédia cm I ato.de I . Borgeobe A. T h i r i c t ;
0 Tesoureiro 2 7 9 . 5 - Ato Relento cm 1 ato.de Alfonso S c h m i d t . 1

194 195
União dos Canteiros
1 - Ouverture pela orquestra;
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - dia 1? de dezembro,
2 - Conferência;
às 20 horas; 3 - Primeiro de Maio drama em 1 ato, de P. G o r i ;
- Promoção União dos Canteiros, em benefício de A Plebe sema- 4 - L 'Ideale - original cm italiano, dc P. G o r i ;
nal e do periódico Avante, de Itália; 5 - Ao Relento - de A. Schmidt;
- Grupo Dramático "Amigos Leais". 6 - Recitativos de versos e poesias sociais e coro do Primeiro de M a » ;
1 - Os Filhos da Canalha drama em 3 atos; 7 - Nos intervalos haverá quermesse e venda de f l o r e s . 2 8 8

2 - Médico - Mania - comédia cm 1 ato;


3 - Tômbola, quermesse, leilão de prendas e baile familiar Ecos do 1? de Maio no Paraná
- Salão União Polonesa em Curitiba - às 20 horas;
Cirande Festival
- Promoção da Liga Internacional dos Filhos do Trabalho ".
- Salão da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 4 9 - dia
1 - Honra do Operário drama social cm 3 atos;
5 de janeiro de 1924, às 20 horas, 2 - "Outra p e ç a " . 2 8 9

- Promoção do Centro Libertário "Terra L i v r e " , em favor de


A Plebe semanal; 1? de Maio em Curitiba
- Grupo Teatro Social. - Salão do Teuto Brasileiro;
1 - A Internacional, pela orquestra; - Promoção da U. O. do P.;
2 - Conferência; ^ - Grupo Dramático Renascença.
3 - A Greve - drama em 3 atos
1 - Falaram: Emílio Thomaz; Elbe Pospissil leu poesias; Paulo Tacla leu
um protesto, encerrado por Francisco Zicarelli F i l h o ;
1924
2 - Cenas da Miséria - peça social;
3 - Apoteose ao 1? de Maio;
Festival Pró-Carbs Dias
4 - /1 internacional, entoada no e n c e r r a m e n t o . 290

- Salão Celso Garcia Rua do Carmo, 23 - dia 2 de fevereiro, às


20h30min. São Paulo. Festival Corporativo
1 - Abertura; - Salão G i l Vicente Av. Rangel Pestana dia 10 de maio;
2 - Conferência; - Promoção do pessoal da Casa Gordinho Braune e Cia.
3 - Sombra e L u z 2 8 6 .
1 - A Interancional. pela orquestra;
Festival de Propaganda 2 - Conferência por Arsênio Palácios sobre o tema: "Rcformar-sc e viver";
3 - A Fome - drama social, sob a direção de Ulderico Negrini;
- Salão da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 49 - dia
4 - Cautela Com As Mulheres comédia em 1 ato;
5 de abril, 5 - Baile 291 .
- Grupo de Teatro Social;
- Promoção do Centro Libertário Terra Livre.
Grande Festival
1 - A Interanchnal, pela orquestra; - Salão da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 49 -
2 - Conferência;
São Paulo, dia 7 de j u n h o , às 20 horas;
3 - Militarismo e Miséria - drama social em 3 atos;
287 - Grupo Teatro Social;

4 - Quermesse e venda de flores


- Promoção do Comité Pró-Presos e Deportados.
30 dc Abril foJ4 1 - Ouverture pela orquestra;
2 - Conferencia pelo camarada Florentino dc Carvalho;
- Salão Celso Garcia Rua do Carmo, 2 3 ;
3 - Ideal - drama em 1 ato, de Pedro G o r i - versão de Álfio Tommasini;
- C e n t r o Libertário ' T e r r a L i v r e " ; 4 - O Segredo de Paulina - comédia em 1 ato;
- Grupo Teatro Social; 5 - Los Amigos dei Pueblo - ato dramático - de Gonzalez Pacheco, em
- Legião Amigos de " A Plebe"; espanhol;

- E m comemoração do dia 1? de maio e em benefício de " A


29 2
6 - Quermesse
196
Plebe"
197
Aluguel do piano 20 * 0 0 0
Grande Festival de Solidariedade em Santos Carreto do mesmo 25 $ 0 0 0
- Salão do Teatro Guarany, em 22 de j u n h o ; Impressão dos ingressos
- E m benefício da União dos Empregados em Cafés, endividada Idem dos programas
e dissolvida em razão da última greve. Idem dc um milheiro de boletins dc propaganda 30$000
Aluguel de uma mobília para o cenário 15 $000
1 - Conferência;
Despesas com madeira e apctreclios com os amadores 26$ 500
2 - Último Quadro drama social cm 3 atos, de Felipe G i l ;
Pago a orquestra ">0$000
3 - Recitativos . 293

Imposto de caridade ( l ) ( 1 0 % s o b r c a venda bruta) 71 $ 8 0 0

Grande Festival de Confraternização Total 499 $ 9 0 0

- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - dia 5 de j u l h o , às


CONFRONTO:
20 horas - São Paulo;
- Promoção da Uniío dos Artífices em Calçados, em benefícios
Entradas 7 1 8 ' 0 0 °
dos cofres sociais; Despesas 4 9 9 * 9 0 0

- Grupo Teatro Social. Saldo 218$ 100


1 - A Internacional, pela orquestra;
2 - Sessão solene c inauguração dc um quadro a óleo de Ricardo Cippola; Importância já remetida por cabograma 200$000
3 - Naquela Noite drama cm 1 ato.de Santos Barboza;
Resto cm depósito 18$100
4 O Pecado de Simonia - comedia em 1 ato, de Neno Vasco;
(1) Este imposto é cobrado pela Municipalidade para as casas de carida-
5 - Quermesse c leilão de p r e n d a s . 2 9 4

296
Grande Espetáculo Social em Sorocaba, l*rô"A Plebe" semanal
- Salão Teatro Alhambra, dia 19 de j u l h o , às 20 horas; Pró-"A Plebe" e "Renovação" no Rio

- Grupo Teatro Social " q u e virá de São Paulo a esta Cidade espe- Salão da Federação Operária Praça da República, 4 2 - 3?
cialmente para esse fim". dia 12 de j u l h o , às 20 horas;
1 - Abertura pela orquestra; -Promoção do "Grupo Renovação".
2 - Conferência por Edgard Leuenroth; 1 Conferência de Fábio Luz sobre o tema: O Anarquismo na A r t e . na
3 - Militarismo e Miséria drama social em 3 atos; Ciência c na Literatura;
i 4 - Ao Relento - peça em 1 ato, de A . Schmidt; 2 Conferência dc Jose Oiticica sobre 0 tema: " A Religião como entrave
5 - Recitativos, Leilão, quermesse "'nos entre atos do pmgresso";
3 - Variedades;
De Fortaleza (Ceará) 297
Balancete do festival realizado no dia 1? de maio no Teatro José 4 Sorteio de um objeto de valor

de Alencar, em benefício de a Plebe, pelo Grupo de Educação Libertá-


ria, c o m o concurso da União dos Carpinteiros e União Geral dos Traba-
1925
lhadores Cearenses.

ENTRADAS:
Festival
- S. O. Alfaiates, Costureiras e Anexos;
Ingressos vendidos conforme balancete apresentado Benefício - 28 de novembro sábado.

pela comissão organizadora 718$000 1 - A chistosa farsa Greve de Inquilinos, de Neno Vasco.

DESPESAS:
O local e o programa serão anunciados brevemente Sucesso!
Sucesso! 2 9 R

Nenhum Trabalhador deve faltar


Folha do pessoal dó teatro 90$000
Luz 93 $000

198
199
1927 1931

Grande Festival em Beneficio d'"A Plebe Festival de Confretcrnização Operária


A União dos Artífices em Calçados e Classes Anexas realizará uma
- SalSo da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 49
"soirée" artístico-literária, que constará de uma Conferência, um drama
São Paulo, dia 30 de abril;
- Grupo Dramático do Club Florianópolis. social, e t c , na noite de 5 de dezembro, às 20 horas, no Salão da Federa-

1 - Conferência;
ção Espanhola, sito à rua do Gasómetro, 4 9 - São P a u l o 3 0 4 .

2 - Os ladrões da Honra drama

Grande Festival 1932


- Salão da Federação Espanhola Rua do Gasómetro, 49
São Paulo, dia 2 de j u l h o , às 20h30min.; Festival Pró-"A Plebe"
- Grupo Teatral da União dos Artífices em Calçados; - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, dia 24 de dezembro, às
- Promoção da União dos Artífices em Calçados. 20 horas:
1 - A Internacional, pela orquestra;
2 - Conferência;
- Grupo Teatro Social.
3 - Senza Pátria, drama em 2 atos de P. G o r i ; 1 - Conferência por Adelino de Pinho, sobre o tema: " O Século do Ope-
4 - 7 / Bimbo de 1 Ano. farsa em 1 ato, em italiano; rar».
5 - Amore e Morte, monólogo dramático, pelo sr. I".Crusco; 2 - A Ideia em Marcha drama de C. Cavaco;
6 - Ato v a r i a d o .
3 0 0 3 - Ao Relento fantasia social em 1 ato. de A. S c h m i d t 3 0 5 .

Festival Social
- Salão da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 49 1933
São Paulo, dia 16 de j u l h o ;
- Promoção do Grupo Libertário Revolução Social; Festival de Confraternização
- Grupo Dramático Social E l Sembrador; - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo. 2 3 ;
- Grupo Teatral Aurora. - Promoção da União dos Artífices em Calçados;
• 1 - Conferência de Arsênio Palácios; - Conjunto "Guerra J u n q u e i r o " ;
2 - La Libertad Caida drama cm 5 atos, de J . Frola I g u r b i d e 3 0 1 . 1 - Abertura pela orquestra;
2 - Conferência de J . Carlos Boscolo, sobre o tema: Exortação A Mulher.
3 - O Fscravo de São Uommgos* . Qt>

1930
Festival de Confraternização Operária
Festa Libertária No Rio - Salão da Federação Espanhola - Rua ' íasômetro. 49 - di£
- Salão Igreja Presbiteriana do Brasil, rua Silva Jardim, 23 - 4 de março;
de Janeiro; - Promoção da Federação Operária.
- Grupo Renovação Teatro e Música. 1 - Ouvenure pela orquestra;
1 - O Pecado de Simonia. comédia. 1 ato. dc Ncvo Vasco; 2 - Conferência Kducaova por f l o r e n t i n o de Carvalho;
2 - Primeiro de Maio, drama em 1 ato, de Pietro G o r i . 3 0 2 3 - A Onda que avança - drama social em 1 ato;
- Salão Igreja Presbiteriana do Brasil Rio de Janeiro; 4 - Comédia em 1 a t o ;
- Grupo Renovação Teatro e Música. 5 - A t o variado composto de recitativos e m o n ó l o g o s .
307

1 - Amanhã, peça cm 1 ato de Manuel Laranjeira:


2 - A t o de variedades - música e recitais de p o e s i a s .
303 Grande Festa Dançante Pró L'Itália, órgão dos antifascistas
Realizar-se-á no grande Saião da "Liga Lombarda" - Largo São

201
200
Paulo, 18, u m grande festival, no próximo dia 11 de março, à noite. Lo u vável Iniciativa
Além da dança, levar-se-ão à cena u m drama, uma comédia e u m - Salão da G. D. R. - Portugal-Brasil - Rua Bernardo Nogueira
ato variado. 22 - dia 15, às 20 horas.
Os Convites serão distribuídos na sede do j o r n a l , palacete Santa
Helena - sala 118 - I andar, das 17 às 19 horas, ou na sede da Liga
o
1 - Conferência;
2 - A Derrocada - peça-
Lombarda, Largo de São P a u l o . 3 0 8
3 - Uma fina Comédia * . 3 3

Comemoração da Comuna de Paris 16? Aniversário da União dos Artifícios em Calçados


- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - dia 18 de março - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - d j t 5 de agosto
- Organizado pelo Grupo de A Plebe em homenagem aos seus - Promoção da União dos Artifícios em Calçados
leitores
- Grupo Teatro Social 1 - Ouverture pela orquestra;
1 - Abertura pela orquestra; 2 - Apresentação da Comissão da Aliança;
2 - Conferência sobre A Comuna de Paris; 3 - Senza Pátria - drama;
3 - Bandeira Vermelha - drama de Marino Spagnolo; 4 - A t o variado, recitativos, a n e d o t a s , e t c . .
314

4 - A t o de Variedades, com cantos e monólogos


Hoje, às 20 horas
Festival Hoje - Salão da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 4 9 .
Promovido pela União dos Operários Metalúrgicos, realizar-se-á 1 - Música pela orquestra;

u m festival no Salão da Rua do Gasómetro, 166 - durante o qual se- 2 - Palestra por J . C. B o s c o » ;
3 - Drama por um Grupo de amadores;
rá levado a cena o drama em 1 ato, intitulado 1? de Maio, de autoria
4 - A t o de v a r i e d a d e s .315

do imortal poeta libertário Peitro G o r i .


Haverá representação de uma comédia e r e c i t a t i v o s . 310 Centro de Cultura Social
Festival de Solidariedade para "A Plebe" - Salão Celso*Garcia - Rua do Carmo, 25 - hoje, às 20 horas.
- Salão da Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 49 1 - Abertura pelo "Jaz-bande" da Associação Promotora de Instrução e
- Promoção da Federação Operária - Rua Q u i n t i n o Bocaiúva, 80 Trabalho para Cegos;
2 - Conferência por D. Aplecina do Carmo;
3 - Depois do Crime - drama;
- Grupo Teatro Social 4 - A t o de v a r i e d a d e s .316

1 - Abertura pela orquestra;


2 - A camarada Maria Lacerda de Moura, talará sobre o tema: " O que é a Grande Festival em Homenagem "A Lanterna "
Guerra"; - Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - dia 23, às 20 horas.
3 - O Vagabundo - drama de 1 ato, de Manuel Laranjeiras; - Promoção de " U m Grupo de Amigos";
4 - Viva Rambolot - comédia, dc Gigi Damiani; - Grupo de Amadores.
5 - A t o de variedades . .
1 - Abertura pela orquestra;
2 - Alocução, por Edgard Leurenroth, sobre o festival e sobre A Lanterna;
Grande Festival Pró-"A Plebe " 3 - Música;
- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - dia 8 de j u l h o 4 - Discurso alusivo á data de 20 de setembro;
5 - Música;
Promoção do Grupo Editor 6 - Conferência anticlerical, por Luiza Pessanha de Camargo Branco;
1 - Música pela orquestra; 7 - Música;
2 - Conferência; 8 - O Pecado de Simonia - comédia social, de Neno Vasco;
3 - 0 Milagre - drama em 4 atos, de Gigi Damiani; 9 - A t o variado;
4 - Ato variado 312 . 10 - Encerramento com cantos e declamações , 3 1

202 203
10 - "Princesinha", por Otelo Bardini;
11 - "Canzonetta". o p . 6, de A . Ambrósio e "Spanisdre Tange" - V -
União dos O. em F. de Tecidos
Playera - de Pablo de Sarasate o p . 23?. pelo menino S. R.;
- Grupo de Teatro Social,
12 - " N o n c e di quê" e " A l a largo dclle d o n n e " , cantados por Angelo Betti;
- Festival de aniversário, dia 18 do corrente, ás 20 horas - Con- 13 - "Fado da engeitada". pela Sra. Emília Correia; e " R e b e n f o " , versos de
fraternização proletária em comemoração ao 16? aniversário da funda- Ricardo Gonçalves, pela menina Joaquina Vinhais;
ção da União dos Operários em Fábricas de Tecidos. 14 - " M e responda, o u v i u ? " , cantado com acompanhamento à guitarra, por
1 Ouverture pela Orquestra; Valdomiro Correia;
2 - Conferência sobre a data pelo companheiro Edgard Leuenroth; 15 - "Melodia de A r r a b a l " - tango argentino, por Pedro Batista;
3 - O Vagabundo - drama em 1 ato.de Manuel Laranjeiras; 16 - Prólogo da ópera " I Pagliaci", de Leon Cavallo, pelo barítino V . R.
Carlino;
4 - A t o variado;
5 - Baile familiar. 17 - A t o de v a r i e d a d e s 320 .

Obs.: Os convites estão á disposição na sede da União, no Largo Véspera do 1? de Maio


- Salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23 - dia 30 de a b r i l ;
São Jose de Belím, 23 - s o b r a d o 3 1 8 .
- Promoção da Federação Operária de São Paulo.
1 - Palestra alusiva aos mártires dc Chicago;
2 - 1? de Maio - drama em 1 ato, de Pedro G o r i ;
1934 3 - A t o variado.

/•'estirai de Confraternização Operária


- Salão da Federação Operária - Rua Q u i n t i n o Bocaiúva, 80 Obs.: Os convites podem ser procurados na sede da Federação
dia 24 de fevereiro. Operária, à rua Q u i n t i n o Bocaiúva, 8 0 3 2 1 .
1 - Conferência de I rmínio Marcos sobre o tema: A Mulher no Passado e
no f u t u r o ;
2 - Parte teatral na qual tomará parte o notável ilusionista e prestigiador, Hoje, 26:
professor Carmclis;
- Salão Celso Garcia Rua do Carmo, 2 3 :
3 - Cantos, poesias e música
Gupo " T e a t r o Social".
Noite de Arte Proletária 1 - Palestra, por Edgard Leuenroth;
Salão da Federação Operária; 2 - Os Filhos da Canalha - drama em 3 a t o s 3 2 2 .

Promoção do G r u p o Editor de " A Plebe", dia 7 de abril.


Uma Festa Campestre do Grupo "Aurora do Porvir" Marília
1 - Palestra por J . Carlos Boscolo, sobre o tema: Harmonia Social;
2 - Apresentação do menino S. R . , 6 ? anista do Conservatório Musical, - " S í t i o " a 8 quilómetros da cidade.
que tocará no violino, "Scho-Rosmam 111". de F r i t z Kreisher e "Souvemr". de 1 - Palestra de João Berdegai sobre o problema social;
Franz Dradlia; 2 - Recitativos de I dc Maio. drama de P. G o r i ;
o

3 - O barítono V R. Carlino cantará "Santa n o t t e " , cançoneta napolitana; 3 - Ensaio de O Pecado de Simonia, comédia de Neno V a s c o 3 2 3 .
4 - O poeta e violinista R u i Negreiros cantará ao violão " D o r da Paixão",
de Catulo Cearense; Grande Festival da Federação de São Paulo
5 - O tenor Otelo Bardmi cantará, com acompanhamento de piano, a can- - Salão: sede da Federação Rua Q u i n t i n o Bocaiúva, 80 dia
çoneta napolitana "Mare C h i a r o " ; 30 de j u n h o .
6 - " M e d i d a t i o n " , de Charles C o u n o u d , e "Serenata de Toseli", pelo meni-
no S.R.; 1 - Comerencia da Companheaa Izabel Cerrutti;
7 - "Canção do Aventureiro", da ópera " G u a r a n y " , de Carlos Gomes, por 2 - -4o Relento - peça dc Affonso Schmidt;
V . R. Caruno; 3 - O Herói eo Viandante - diálogo de Pedro Catalo - simbólico de Com-
8 - " A o s que ainda d o r m e m " , versos de Tomes da Fonscca.pela menina bate á Guerra;
Aracy da Glória G i l , e "Burguesinha". pelo autor - Souza Passos; 4 - Recitativos e m o n ó l o g o s . 324

9 - "Silêncio", tango argentino por Pedro Batista;

205
204
Terminou o festival com u m ato variado, em que tomaram parte
0 Nosso Festival de Aniversário
elementos de colónia e artistas pertencentes ao corpo cénico do Grémio
Salão Celso Garcia Rua do Carmo, 23 - dia 14 São Paulo.
para dar lugar ao baile, que se prolongou até de m a d r u g a d a 3 2 8

1 - Palestra comemorativa dc A Lanterna. Por Kverardo Dias. lalarão ain-


da vários representantes das "Ligas anticlericais":
2 - I câi' X - celerado Joio dc Mcdii is tragédia em versos.de Andrade Festival de Confraternização Proletária
Silva; - Salão da Federação Operária de São Paulo - Rua Q u i n t u i o Bo-
3 - Vozes do Céu comédia, dc Mota Assunção, tcatrnli/ada por Souza caiúva dia 15 de setembro.
Passos; 1 - Orquestra;
2 - Conferência pelo estudante C. Campos sobre o tema: As Revoluções
sáo Pacíficas;
4 A t o variado, com cantos, músicas, declamações c recitativos . 3 - Viva Rambolot;
4 - A Derrocada;
5 - Casar ou não casar Marcos M o r t i « L. Chiareli ,

Um Festival Proletário Grande Festival Pro Presos


- Salio da Sociedade Hispano Americana Rua do Gasómetro, Salão da Federação Operária de São Paulo - Rua Quintino
166 - São Paulo, dia 11 de agosto; bocaiuva. 8 0 dia 1 7 de novembro, ás 20 horas.
- Promoção do Grupo "Os Semeadores " Promoção. A Federação Operária.
1 - O Último Quadro drama em 3 aios. de I clipe G i l ; 1 - Conferência por Izabcl Cerrutti,
2 - Palestra e d u c a t i v a .
326
2 A Casa dos Milagres.
Festival de Arte e Cultura
3 - Trabalho dc ilusionismo pelo professor Dc Carmclis.
Salão Hispano-Americana Rua do Gasómetro, 166 - São 4 Ato v a r i a d o 3 3 0

Paulo, dia 4 de agosto;


- Grupo Dramático Hispano-Americano. Nota. Km 1934 reorganizou-sc no Rio o Grupo Dramático Social, tendo
como componentes Sebastião Batista. Henrique ferreira. Matilde Soares. Alonso.
Manuel Lopes, Dna Luz, A n t o n i o Costa. Amílcar dos Santos, Simões. Angelina
1 - Conferência dc J . Carlos Bòacofo; Soares c o anarquista russo. (Kscf Stcfanovctch. Kormou-se até uma orquestra
2 - Teseu - drama em 4 atos. d e G . S o l e r 3 2 7 . para abrilhantar os espetáculos 0 último, realizado no Rio de Janeiro, teve lugar
no palco da Igreja Presbiteriana, á rua Silva Jardim, 23. Lsta ordem reugiosa não
tinha medo dos anarquistas, alugava-llics seu saláo, mesmo quando suas peças
Festival do C. R. Hispanrt-Americano eram a n t i c l c r i c a i s .
331

Realizou-se no sábado p.p., dia 18, um festival do C. R. Hispano-


Amcricano, na sua sede, á rua do Gasómetro. 166. 1935 1946
A esse festival compareceu o dr. Marrey Júnior, que proferiu uma
ligeira saudação á colónia espanhola. Neste período, de total ausência dc liberdade, registramos o espe-
táculos em São Paulo e em Porto Alegre.
Pelo corpo cénico desse Grémio foi levado à cena o drama Los
Vampiros dei puehlo>, de autoria do escritor espanhol Niceto Oneca. que
Festival dos Padeiros
ao ser representado na Espanha foi preso e sofreu os horrores das maio-
- Salão da 'Liga Lombarda" Rua São Paulo, 118.
res perseguições.
1 - Conferência dc José Augusto sobre os padeiros,
Realmente, o drama que esse corpo cénico escolheu para este fes-

I
2 - Discurso do delegado dos padeiros dc Campinas.
tival é de uma intensidade dramática extraordinária. 3 - Discurso do representante da federação Operária de São Paulo;
Põe em jogo o canalhismo, a hipocrisia, a perversidade dos jesuí- 4 - O Herói e o I iandante adaptação do I ango de Jardcl. Silêncio, por
Pedro Catalo
tas e os sentimentos de justiça e solidariedade dos filhos do povo.
5 - Ato variado . 3 3 2

O desempenho foi ótimo.

206 207
3 - O Herói e o Viandante de Pedro Catalo,
Grandioso Festival Artístico
4 - Ato variado . 3 3 7

- Salão G. D. Hispano-Americano - Rua do Gasómetro, 166 -


sábado, 10 de dezembro de 1938, às 20h30min.
Festival Campestre em Beneficio dc "A Plebe"
1 - Pasodoble por el jas Capitólio;
- Nossa Chácara - I t a i m , 25 de maio,
2 - A Madrid - drama em 1 ato, de Pedro Catalo;
3 - Sc pondra en escenar una chistosa comedia; - Grupo Terra Livre.
4 - Un selecto A t o Variado - Con "Los Americanitos"; 1 - Palestra por um companheiro.
5 Baile f a m i l i a r .
3 3 3 2 - A t o Lítcra Musical,
3 - Cantos.
Grandioso Festival Artístico 338
- Salão G. D. Hispano-Americano Rua do Gasómetro, 738, 4 - Recitativos com a participação de crianças
sobrado - sábado, dia 21 de novembro de 1942, às 20h30min. 19 de Julho: Revolução Libertária da Espaniia
1 Comemoração ao 6? aniversário da resistência de Madrid; - Saláo d o Grémio Dramático Espano-Americano - Rua do Ga-
2 - Sinfonia pela Orquestra; sómetro, 738 às 20 horas,
3 - Apresentação e algumas palavras sobre a data;
Grupo Dramático Teatro Social,
4 - / 1 Madrid - peça em 1 ato de Pedro Catalo;
5 - O Contrabando - peça em 1 ato de Murlos Ceca;
Promoção do Centro de Cultura Social de São Paulo - Rua José
334 Bonifácio, 387.
6 - A t o dc variedade e baile familiar 1 - Palestra alusiva á data,
Sede da Sociedade Espanhola de Porto Alegre 2 - Madrid - peça em 1 ato, de Pedro Catalo,
Beneficiados: "Os refugiados da revolução espanhola". í - " O Coração c um l a b i r i n t o " , peça de Pedro C a t a l o 3 3 9 .
1 - Amor Louco; "
2 - Conferência . 335 Festival Artístico do Centro de Cultura Social
No próximo dia 18, sábado, realizar-sc-á no Salão do Grémio Dra-
mático llispamo-Ainericano, à rua do Gasómetro, 738, um grande festi-
1947
val artístico, que constará, além de u m seleto ato variado, da representa-
ção, pelo Grupo Dramático do Centro de Cultura Social, pela primeira,
Atraente Festival
do emocionante drama de fundo c r í t i c o e de renovação moral, intitu-
- Salão do Grémio Dramático Espano-Americano, à rua do Gasó-
lado. - Uma mulher diferente, o r i g i n a l do nosso c o m p a n h e i r o Pedro
metro - São Paulo,
Catalo.
- Promoção do Centro de Cultura Social - Rua José Bonifácio,
387 São Paulo, 30 de abril, às 20 horas. Esta peça, que é uma contribuição para a emancipação da mulher,
terá a seguinte distribuição por ordem de entrada:
1 - Primeiro de Maio de Pedro G o r i ;
M E N I N O (datilógrafo) - Zczinho Dias Valverde;
2 - O Escravo;
RICARDO (rico industrial) Benedito Romano;
3 - A t o dc v a r i e d a d e s336

GREGÓRIO (seu empregado) - Orlando Fclipelli;


E L E N A (cx-functonária de Ricardo) - Ncna Valverde;
Interessante Festival em Santos L U D O V I C O (professor de música) Guido Mczzetti;
- Salão da Sociedade Humanitária; Padre ANDRÉ Cecílio Dias Lopes.
- Realização do Grupo Dramático do Centro de Cultura Social de V A L L R I A N A (doméstica) Maria Valverde Dias;
TOMÁS (pai de Elena) - Emílio Martin;
São Paulo,
SENHORA RICA Esmeralda Barrios,
- Promoção do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo da Cons- SUA E l L H A Maria Bonifácio;
trução Civil de Santos. 1? M E N I N A - G ermania Salguero,
1 - Conferência de Pedro Catalo; 2 MENINA
a Nair Arrebola;
2 - Ao Relento - de Afonso Schmidt; ENFERMEIRA Esmeralda Barrios;

208 ••no
PORTEIRO Francisco Cuberos;
MÉDICO Liberto Salguero; Nada foi a peça, em 4 atos, da autoria de Ernâni Fornari, repre-
PONTO. Hermano Mezzetti; contra-regras, Cecílio Dias Lopes e Liberto sentada de maneira a agradar, que se demonstrou pelos aplausos dos as-
Salguero, direção geral a cargo de I mi lio M a r t i n . sistentes . 343

Os número musicais adaptados a esta peça estio a cargo de Ignez Trujilha-


no, ao piano, e, ao violino, Rubens Trujilhano. 1948
VARIEDADES
Atraente Festival
Neste ato participarão as seguintes meninas: Do rinha Dias Valver- - Salão d o Grémio Dramático Hispano-Americano rua do Gasó-
de, Germânia Salguero, Dorinha Salguero, Neide Arrebola, Zezinho metro 738.
Dias Valverde, Rubens Trujilhano, violinista, Manoel Trujilhano. ao vio- - Grupo Teatro Social do Centro de Cultura - SP - 26 de j u -
lão, e a animação do jovem bandonemista Germinal T r u j i l h a n o . 3 4 0 nho, às 20 h.
1 - O Escravo drama em I ato. de Diogo José Saromenho,
(irande Festival dos Metalúrgicos
2 - Casa dos Doidos comédia em 1 ato. dc F. Napoleão de Vitória.
Salão do Scala - à rua Catumby, 183 - Belém. 3 -- A t o variado com números atraentes.
1 - O Escravo, drama, 4 - Grande baile.
2 A t o variado, Obs.: Os convites podem ser procurados na sede do Centro de Cultura So-
3 - Um Criado Malcriado, comédia de A n t o n i o Laranjeira; cial, à rua José Bonifácio. 837 S P .3 4

4 - Baile 3 4 1

Atraente Festival
Grande Festival Artístico - Salão Hispano-Americano rua do Gasómetro - às 20 h.
- Salão do Grémio Dramático Hispano-Amcncano, rua do Ga- - Promoção do Centro de Cultura Social.
sómetro, 738, São Paulo - dia 20 de dezembro. - G r u p o Teatral Social.
- Promoção d o Centro de Cultura Social. 1 - Tabu - comédia cm 3 atos, dc Francisco X. Sobrado, versão livre dc
- Grupo Dramático do Centro de Cultura Social - de SP. João Bastos;
1 - Viva Rambolot - peça em 1 ato dc Gigi Damiani; 2 - A t o variado, com canto, música c declamação 345 .
2 - A Derrocada - comedia social em 1 ato. de V o l n c y .
Uma Mulher Diferente
3 - Ato variado 3 4 2

No festival do dia 8 de janeiro no Salão do Grémio Hispano-Ame-


ricano.
O Festival do dia 30 de abril
É com esta peça de autoria do companheiro Pedro Catalo, que o
Foi Coroado de pleno êxito o festival promovido pelo Centro de
Grupo Teatral do Centro de Cultura Social fará realizar no dia 8 de ja-
Cultura Social e realizado, no dia 3 0 de abril último, pelo Grupo Tea-
neiro, no Salão do Grémio Dramático Hispano-Americano, à rua
t r o Social, no salão do Grémio Dramático Hispano-Americano.
sômetro, n? 738, u m grande espetáculo.
A concorrência f o i grande, enchendo inteiramente o salão de
Além desta magnífica peça em 3 atos, em que Pedro Catalc ..»a-
companheiros, simpatizantes e amigos acompanhados, em grande núme- da interessantes situações psicológicas da mulher na sociedade, será le-
ro de suas famílias. vado a efeito, como sempre, um grande ato variado, no qual tomarão
A parte teatral serviu mais uma vez para patentear o esforço dos parte elementos de destaque artístico daquele Grupo T e a t r a l . 3 4 6

moços c moças em aprimorar a sua atuação como amadores nas lides


do palco. Isso se verificou tanto na representação da peça, como no ato 1949
de variedades, constantes de canto, música, recitativos e bailados, a car-
go de jovens e menores. Festival Artístico
A assistência deu evidentes demonstrações de que o programa f o i - Promoção do Centro de Cultura Social, rua José Bonifácio,
executado a seu contento. 387, 8 de janeiro, às 20h30min.

210
211
- SalSo Hispano-Americano, Rua do Gasómetro, 738 - SSc Grande Festival
Paulo. Promovido pelos amigos da arte, realizar-se-á no dia 30 de abril,
1 - Uma Mulher Diferente peça em 3 atos c 4 quadros, de Pedro Catalo; no Saláo da Federação Espanhola, à rua do Gasómetro n? 49 u m bem x

to Variedades: organizado festival em benefício do Jornal Libertário A Plebe.


"ersonagens
M E N I N O (datilógrafo) Zczinho Dias Valverde
RICARDO (rico industrial Benedito Tornar» PROGRAMA
GREGÓRIO (seu empregado) Orlando Felipelli
E L E N A (ex-funcionária de música) Nena Valverde
L U D O V I C O (professor de música) - Liberto Salguero 1 - Conferência por um camarada;
PADRE ANDRÉ - Cecílio Dias Lopes 2 - Pelo Grupo Teatral do Clube Florianópolis será encenado o drama em
Valcriana (doméstica) Maria Valverde Dias 3 atos, intitulado Ladrões da Honra.
TOMÁS (pai de Elena) - I m i l » Martin
SENHORA RICA - EsmeraiJa Barrio Distribuição
SUA F I L H A - Maria Bonifácio Padre Gabriel - Sr. M . Borges
I aMENINA - Germânia Salguero Álvaro - Sr. P. Lopes
2? M E N I N A - Domingas Dragoni O Vagabundo - G. Fusinclli
ENFERMEIRA Cândida Alarcon André (criado de Álvaro) - Sr. G. Fusinelli
PORTEIRO - LuizOchandio Padre Joiseph - Sr. A . Costa
MÉDICO Francisco Cubero Padre Goufran - Sr. R. Abreu
Maria - Srta. E. Santini

A ação passa-se na França cm 1850.


PONTO. Hermano Mezzetti CON I R A R E G K A S : Cecílio Esposito. Direção
geral a cargo de E M I L I O MARTIN 3 4 7 . N o t a : A Comissão de Festa reserva se o direito dc vedar a entrada a quem julgar
conveniente * 3 5

Festival 1950
- SalSo do Grémio Dramático Hispano-Americano Rua do Ga-
Grande Festival
sómetro. SSo Paulo.
. - Centro de Cultura Social dia 3 0 de abril. Comemorando a data de 1? de Maio, em homenagem aos mártires
1 -Nodà - peça dc Hernâni I ornari; ^ de Chicago, o Centro de Cultura Social fez realizar no dia 29 de abril, a
2 - A t o de variedades com canto e declamaçdes
partir das 2 0 horas, u m grande festival em que tomaram parte elementos
do Grupo de Teatro Social.
Festival do Centro de Cultura
- SakJes do Luso-Brasileiro, à rua da Graça. 6 0 8 - 1 6 de j u l h o . Consta esse festival da representação de uma peça dramática de
grande efeito cénico e de u m ato variado c o m números interessantes e
- Grupo Dramático Libertário.
instrutivos.
1 - Os Mortos peça dramática, de I lorênico Sanches, tradução e adapta
Esse festival teve lugar no Salão Luso-Brasileiro, à rua da Graça
ção de Pedro Catalo; ^ 608 .
3 5 2 ' V

2 - A t o dc variedades'

Festival Centro de Cultura Social - Rua José Bonifácio, 3 8 7


" N o próximo dia 29 d o corrente rcalizar-sc-á mais um grande festival dra - Sábado, 3 0 de dezembro 1950, às 20 horas; .
mático-dançante do Centro de Cultura Social, em que será representado, pelo Gru - Grandioso Festival Artístico, a realizar-se no salão V. B. E., à
, » Dramático do Centro, o emocionante drama de D a r » Nicodemi: - A Sombra Rua Brigadeiro Machado, 7 1 .
Animado baile familiar terá lugar na 2 parte deste festival, que sera reata-
a
- Os componentes deste Grupo dramático agradecem penhoradamente aos
do no Salão V. B. E. sito à rua Brajadeiro Machado. 71 - a partir das 20 horas sócios e amigos d o Centro de Cultura Social, os incômios que lhes foram dispensa-

212 213
1952
dos pelos mesmos. Prometem aprimorar cada vez mais as representações, a f i m
dc corresponder plenamente aos desejos dc todos.
Convite)

Programa 0 Centro de Cultura Social tem o prazer de convidá-lo a assistit


ao festival dramático, que realizará n o dia 26 de j u l h o , às 20,30 horas,
1 - Pelo grupo, do Centro de Cultura Social será representado o movimen- no salão V. B. E. da rua Brigadeiro Machado, 7 1 .
tado drama de fundo social em três atos intitulado: A insensata, original de Pedro
Contando c o m a sua presença
Catailo;
Personagens: Júlia de Castro - Maria Valverde Dias; Laura (sua filha) -
Nyna Valverde; Tio Luiz (doméstico) - Luiz Ochândio; Frederico (de família antecipadaníente agradece.
abastada) - Francisco Cuberos; Roberto (jovem idealista) - Guido Mezzetti; Snr.
Domingos (cego) - Cecílio Dias Lopes; L i l i (sua filha) Dora Dias Valverde;
A Comissão.
2 Varredor - Manoel Trubilhano; 1^ Varredor - C. Lopes; Jornaleiro - Dora
o

Dias Valverde; 1? Operário - Dias L.; 2? Operário - Jaime Cuberos; 3? Operário


- N. N . ; Garçonete - Gessi Visini; Advogado - Jaime Cuberos; Carlos (mutilado Programa
de guerrai - Cecílio Lopes; Enfermeira - Gessi Visini;
1 - Mais um vez será representada pelo agrupamento dramático do Centro
Homens, Mulheres, Músicos, e t c , e t c . .
de Cultura Social a comovente e dramática peça do grande tcatrólogo uruguaio.
Ponto: Hermano Mezzetti; Contra-regra: Jaime Cuberos; D i r e t o r : Pedro
Florêncio Sanchez, em três atos, intitulada:
Catailo;
OS MOTOS, tradução de Pedro Catailo.
2 - A t o de Variedade. Não haverá baile' * . 1 2 — A t o de variedade com danças, músicas e ilusionismo a cargo do profes-
sor Karmelys. Não haverá b a i l e
3 5
1951

1954
Centro de Cultura Social, Rua José Bonifácio, 387

- Sábado 28 de j u l h o de 1 9 5 1 , às 2 0 horas Centro de Cultura Social, Rua José Bonifácio, 387

— Grandioso Festival Artístico, à realizar-se n o salão V. B. E., Este Centro é uma entidade que se destina à dissiminação da cul-

Rua Brigadeiro Machado, 7 1 tura e da ilustração moral e intelectual nos meios populares. E m sua tri-
buna já falaram pessoas de todas as tendências políticas e credos filo-
Programa sóficos. Promove cursos, excursões e festivais artísticos, sempre com
1 1 - Será posto em cena pelo grupo dramático do Centro de Cultura Social finalidade educacional e cultural.
peça que tem sido um dos grandes sucessos da Companhia de Procópio Ferreira e
Sábado, 10 de abril de 1954, às 20 horas.
que leva como título: TABU, em três atos, de Francisco X. Svoboda.
Algumas palavras: Caro amigo: Já refletiste em tuas meditações alguma vez, Grandioso Festival Artístico a realizar-se no Teatro Colombo
se teu procedimento no lar é acatado com satisfação por tua esposa e filhos? Que (LargotConcórdia).
julgamento farão eles dc t i , quando estás ausente? Temem-te? Respeitam-te?
Já percebeste, se quando voltas para o teu lar entra o u foge a alegria? Serás
um mau pai, julgando-te bom? Programa
Muitas destas perguntas serão respondidas no transcorrer desta peça que
terá a seguinte distribuição por ordem de entrada:
Rosa (empregada) - Dora Dias Valverde;Sebastião (filho de Tibério) - Jai- 1 - 0 grupo do Centro dc Cultura Social encenará a divertida comédia cm
me Cuberos; Tibério ( T A B U ) - Guido Mezzetti; Aninha (esposa de Tibério) - três atos de Carlos Arniches intitulada: O MALUCO DA A VENIDA;
Maria Dias Valverde; Helena (filha de Tibério) - Ne na Valverde; Amélia (filha de Personagens: A r t u r - Jaime Cuberos; Mariana (sua esposa) - Nena Valver-
Tibério).- Mercedes Cuberos; Henrique (noivo de Amélia) - Francisco Cuberos; de; Regina (filha de ambos) - Maria Cuberos; Ricarda (sogra de A r t u r ) - Maria
Ermínia (noiva de Sebastião) - Dirce Moscone; Paulino (guarda noturno e noivo Valverde Dias; Felipe (seu filho) - Francisco Cuberos; Balbina (criada) - Merce-
de Rosa) - Luis Ochândio'; Dr. Eduardo (noivo de Helena) - Cecílio Dias Lopes. des Cuberos; Luis (namorado dc Regina) N i t o Lemos; Álvaro (pretendente dc
Ponto: Hermano Mezzetti; Contra-regra: Jaime Cuberos; Direção: Pedro Catailo; Regina) - Pepito Hernandes; Dr. Fagundes Cecílio Dias Lopes;

2 - A t o de Variedades. Não haverá b a i l e 3 5 4 . Ponto: Hermano Mezzetti;Contra-regrae Direção de Pedro Catailo;

214
\
res; Criado - Carlos Valverde; Ponto; Hermano Mezzetti; Contra-regra e direção
2 - Variedades com números de danças clássica e regional. de Pedro Catailo.
N. B. - Este espetáculo poder ser assistido por crianças ate' 14 anos. Distri- Ação na Inglaterra.
buição i n t e r n a .
3 5 6
Móveis gentilmente cedidos pela casa Miraflores - Av. Celso Garcia, 1.088
a 1.094;
Convite 2 - Grandes Variedades.
0 Centro de Cultura Social tem o prazer de convidi-lo para assis- N. B. - Não é permitida a entrada a menores de 14 anos.
tir ao festival dramático, que se realizará na noite de 27 de novembro Distribuição i n t e r n a " .
3 5 8

de 1954, às 20 horas, no teatro Colombo, sito no Largo da Concórdia.


Contando com sua presença 1956
antecipadamente agradece.
BALANCETE DO FESTIVAL REAUZADO EM 27DE
A Comissáo OUTUBRO DE 1956 NO TEATRO COLOMBO

Convites vendidos e recebidos 5 3 9 , t o t a l em dinheiro 8.085 cru-


PROGRAMA
zeiros, assim distribuídos:
Cristóvão Baes 15
1 - O Grupo Teatro dc Centro dc Cultura Social encenará a brilhante co- Germinal 23
Tavares I 7
Fernando 5
média dc Oduvaldo Viana, que é também um método moderno de felicidade con-
Navarro 9
julgal. intitulada: FEITIÇO, em três atose oito quadros; Vicente 20
Justino 14
2 - Grandes Variedades, com a participação de artistas profissionais de Aldo 5
Bartomé 7
Rádios e Teatros desta capital. Eurico 10
Roman 10 Piro/zc 111 5
Não é pennitida a entrada de menores de 14 a n o s .
j 5 7

Chaves 45
Rocjue .1
Dionísio 10
Lourdes 34
1955 Paula 10
Agostinho 6
Ivan 46
Carlucci 3
CENTRO DE CULTURA SOCIAL. Rua José Bonifácio n? 387 Páss» 10
Marino 2
Este Centro é uma entidade que se destina à dissiminação da cul- Cleópatra 11
J. A n t o n i o 50
Rojo 15
tura e da ilustração moral e intelectual nos meios populares. E m sua t r i - Nena 20
Salvador 5
buna já falaram pessoas de todas as tendências políticas e credos filosó- Panzarini 5
Riera 4
Chiquinho 91
ficos. Promove cursos, excursões e festivais artísticos, sempre com fina- "érea 10
Mar» 21
lidade educacional e cultural.
Sábado- 19 de março de 1955. às 20 horas, Grandioso Festival 238
301
Artístico, a realizar-se no Teatro Colombo ( t a r g o u O Concórdia).

T o t a l : 539 convites 8.085 cruzeiros


PROGRAMA
T r o c o deixado por Penzarini 25 cruzeiros

1 - Pelo Grupo Teatral do Centro de Cultura Social, será posto em cena o T o t a l 8.110 cruzeiros
emocionante drama do grande escritor inglês, W. Somerset Maughan, em três pal-
pitantes atos, intitulados: CICLONE. Positivamente a peça mais discutida dos úl-
timos tempos.
GASTOS
Personagens:
Por ordem de entrada: Maurício (paralítico) - Cecílio Dias Lopes; Herves-
Cenário . . . . i cnn _
ter (médico) - Nito Lemos; Sra. Tabret (mãe dc Maurício) - Maria Valverde Dias;
. . . 1.500 cruzeiros
Miss Wayland (enfermeira) - Luz Alvarez; Stevcnson - Francisco Cuberos, Stela
(esposa de Maurício) - Nena Valverde; Fred (irmão de Maurício) - Alvaro Linha Apoioni (variedades) 1 QOO M

Confecção de convites 6 5 0

216 217
Alvará 5 7 0
Programe
Ao Felipe (dançarinos) 4 5 0

Lanches c guaranás 350 1 Pelo grupo do Centro de Cultura Social, será representada a empolgan-
Aluguel do teatro 300 te peça do Grande teatrówgo uruguaio, FLORÊNCIO SANCHEZ, intitulada: Os
Condução para roupas e amado n a 300 Mortos, 3 atos em tradução de Pedro Catailo. Personagens: Liberata - Maria
Aluguel dc unia peruca 150 Valverde Dias; Amélia - Nena Valverde; Marialuisa - Dora Dias Valverde; Lalo
Carreto de móveis 100 (menino) Ideal Valverde; Lisandro Francisco Cuberos Neto; Júlio Neuu-i
Toca-disco do teatro 100 Ruis: Luis - Cecílio Dias Lopes; Ricardo Carlos Valverde Correa, i.arçon
Músicos da variedades (condução) 100 Douglas Marques ( a s t r o ; Gerente l\am de Oliveira. Direção de Pedro Catailo,
I l e t r i c i s l a e ajudante (gorjeta) 100 2 A i o de variedades organizado por VICENTE GONZALES,
Gorjeia a u m empregado 60 Não 6 permitida a entrada a menores de 14 anos.
l o t a i de gastos: 5.730 cruzeiros
" A o t r a z e r m o s n o v a m e n t e à cena, d e p o i s de c i n c o a n o s , a g r a n d e
CONFRONTO peça de Florêncio Sanches, Os Mortos, fazemo-lo porque julgamos
o p o r t u n o r e c o r d a r u m a das páginas m a i s v i b r a n t e s e de m a i o r i n t e n s i d a -
1 ntrada 8.110 cruzeiros de dramática, q u e r e t r a t a , c o m d o l o r o s a f i d e l i d a d e , os terríveis e f e i t o s
Saída 5.730
do alcoolismo.
Saldo 2.380
N o s dias de h o j e , e m q u e a p r o p a g a n d a das bebidas alcoólicas é
Convites recebidos de festivais retrasados:
José Nunes '0 feita c o m t o d o s os rebuscos literários de m a i o r penetração psicológica, e
Oliva 1° c o m palavras adocicadas q u e e n v o l v e m , f a c i l m e n t e , o ânimo despreve-
Manoel Sanches 10 n i d o da j u v e n t u d e e da população e m g e r a l , nada mais o p o r t u n o d o q u e
r e l e m b r a r o d r a m a q u e Florêncio Sanchez escreveu, q u e é o terrível dra-
lotai 30: em dinheiro: 4 5 0 cruzeiros
m a q u e se vive, nos lares o n d e p e n e t r a , i n s e n s i v e l m e n t e , o apocalíptico
flagelo d o á l c o o l ' ".
Confronto final
6 0

Saldo do festival 2.380 cruzeiros


Dc convites atrasados 450 1958
Saldo final 2.830 .cruzeiros

Responsável p o r este b a l a n c e t e P e d r o Catailo 3 5 9 . Teatro Social em São Paulo

t(A^< 1957 A a t i v i d a d e d o C e n t r o dc C u l t u r a S o c i a l p o r m e i o dc representa-


ções teatrais v e m sendo d e s e n v o l v i d a p e l o seu g r u p o dramático, c u j o
Centro de Cultura Social, Rua Rubino dc Oliveira, 85 r e c i t a l de m a i o t e v e a seguinte apreciação de J . J o r g e :
GRANDIOSO FESTIVAL ARTÍSTICO " A valiosa comédia dc Furico Silva, levada à cena no Teatro A r t u r Azeve-
d o , agradou deveras ao numeroso público que lotou suas dependências."
Pense Alto agradou pelo seu alto valor artístico e pelo seu fundo filosófico,
CONVITE condenando de um só golpe, essa mesquinha sociedade na qual temos de viver.

O C e n t r o de C u l t u r a S o c i a l t e m o prazer de convidá-lo p a r a assis- Por o u t r o lado, veio nos revelar o nome de um jovem c dinâmico direloi
t i r ao g r a n d i o s o f e s t i v a l dramático, q u e realizará na n o i t e de 6 de j u l h o F. Cubero Neto, que usando de escassos recursos conseguiu la/er de um grupo dc
de 1 9 5 7 , às 2 0 h o r a s , n o T E A T R O C O L O M B O , s i t o n o I ^ r g o da C o n - amadores, alguns então primários, verdadeiros profissionais no palco, Ofesempc
nhando cada qual o seu papel com naturalidade possível.
córdia.
F necessário sobressair aqui o trabalho excepcional dc I C ubero Neto, no
C o n t a n d o c o m a sua presença, a n t e c i p a d a m e n t e a g r n d r r c desempenho de Asmodeu (símbolo da verdade).
A Comissão

218
219 .
Regalito Pepe Ortega;
Dono de uma mobilidade extraordinária, movimentou, do início ao f i m , a D . Elias - Agustin Francia;
açâb central da peça, mantendo, assim, a expectativa da plateia. Pepe Rosalez - Francisco Ortega;
.Mostrou, ainda, ser sempre preciso e consciencioso em sua interpretação, Presidente - José San Miguel;
enquadrado perfeitamente no espírito da peça, tomand4-se.dessa forma, a maior Ujer - Abílio Garcia;
atração da noite. Ponto I ahrcags.
Cida Ochandi deu-nos um egoísta perfeito, conseguindo impressionar pela Contra-ponto - José San M i g u e l 3 6 2

mudança total da sua real personalidade, exigida pelo papel. Excelente sua condu-
ta no palco. Festa da Primavera
Américo Ruby desempenhou com honras o papel de " R o l a n d o " , u m jovem
Promovida pela Sociedade Naturista Amigos de Nossa Chácara,
amador que promete.
Luiz Ochandi, "Resende", firme e consciente no seu difícil papel. Talento realizou-se no dia 28 de setembro p.p., em São Paulo, uma belíssima
e recursos fazem dele um b o m amador. festa campestre, que f o i coroada de completo êxito.
Yara Maria esteve bem no seu papel de " E d i t y " , com os méritos de boa Foi grande a afluência ao aprazível recanto da periferia da Pauli-
atriz. céia, reinando plena alegria nas diversões que duraram desde pela manhã
Natalina Bissoto, dotada de uma serenidade impressionante, viveu com sin-
até o cair da noite. Provocou geral agrado a representação teatral levada
ceridade a personagem " V i o l e t a " . Dispõe de classe c talento. Excelente no seu
desempenho. a cabo no amplo salão de Nossa Chácara por grupo de meninos e meni-
Vibnaia f o n t e s , como " C l o d o m i r a " . esteve sempre precisa e talentosa. Boa nas, que se conduziram c o m muita graça e bem ensaiados.
presença em cena Foi u m magnífica jornada de convivência familiar, na qual sc
Durval S Rosa desempenhou OtMB honestidade o «MI papel "Brito" , aliou alegria recreativa à influência da educação s o c i a l ,f>1

sendo com A r i I azzolari, " A u t o r " , dois bons mtérpretes.


Dirce Molina, " N i r b a " , f o i a revelação da noite. Nas duas vezes que entrou
em cena, m o s u o u ser possuidora de um grande talento artístico. Merece o p o r t u - Vesperal Teatral
nidade. - Teatro A r t u r Azevedo
Rita Basto contribuiu de perlo para o b o m êxito dp espetáculo. - Av. Pais de Barros, 955 - São Paulo - dia 5 de novembro;
Francisco Ortega, "Empresário", agradou com sua presença em cena: Bom
- Promoção Centro de Cultura Social;
ator.
- Grupo de Teatro Social sob a direção de Francisco Cubero
A contra-regra, a cargo de Amónio Martins e Antonio Raya. esteve sempre
ativa na hora precisa, náo havendo falha a esse respeito. Dois bons contra-regras. Neto.
Resumindo t u d o : tivemos uma boa noitada no Teatro A r t u r Azevedo. Es-, 1 - O Que Eles Querem - comédia em 3 atos;
tào todos de parabéns. J . J o r g e . "
36 1 2 - A t o de variedades.
Distribuição
Vesperal teatral
- Teatro A r t u r Azevedo - bairro da Mooca - São Paulo - 27 de Lindolfó - Américo R u d y ;
Dr. Banadas - Luiz Ochandi;
julho,
Amélia - Cida Ochandi;
- Promoção do Centro de Cultura Social; Porciúncula - Dirce Molina,
- Grupo Ibéria sob a direção de Carlos Gomez; Miquelina - Zara Maria;
1 - Morena Clara - comédia em 3 atos; Iracema - Nilmara Fontes;
2 - A t o de variedades. Miloquinha - Bartira Leiro,
Benito Abílio Garcia Hernandez;
Papéis
Dr. Leão - Durval S Rosa;

T r i n i - Paquita Castillo; Contra-regra - Guido Mezzetti e Angelo M a r t i n s 3 6 3 "*


Teresa - Mercedes Solé;
Juanita Céspedes - Nieves S i m o n ; 1959
Defeso Margarita Sales;
Apresentação Teatral em São Paulo
Enrique Eermin Gaibar,
- Teatro de São Paulo - 31 de janeiro;

220 221
- Promoção Grupo Teatral do Centro de Cultura Social.
Houve jogos, cantos, teatro, baile e alegria, muita alegria, respeito
1 - Deus lhe pague - peça tocial de Joracy-Camargo; e camaradagem.
2 - A t o variado.
Que esses inesquecíveis dias se repitam, sempre, são os nossos
Direção: Luiz Ochandi, A n t o n i o Martinez, F. C. Henrique e A n t o n i o Maia. desejos . 366

Papeis
1? Mendigo - Guido Mazzetti
/Vossa Arte Teatral
2? Mendigo - A n t o n i o Gutierrez
Nanei Wilma Fontes O Centro de Cultura Social tem agora dois agrupamentos teatrais. Um deles
Maria - Cida Ochandi de idioma castelhano, homogéneo c muito bem afinado, realizou ainda há pouco
Pátrio - Benedito Romano u m excelente espetácub, pondo em cena uma brilhante obra do consagrado tea-
Vieira de Castro - N . N . trólogo espanhol Alejandra Caso na, cujo título sugestivo dá uma ideia da beleza
Péricles - Américo Ruby poética do t e x t o : "Es Proibido Suicidar-se en Primavera".
Visinha - Bina Gutierrez F o i um festival muito alegre onde pontificou a juventude.
No dia 15 de abrU próximo passado, realizou-se mais u m belíssimo e con-
Grémio Juvenil corrido festival, desta feita em homenagem ao 16V aniversário da fundação d o
Como mais um desdobramento, o Centro de Cultura Social de grupo de teatro do Centro de Cultura Social.
São Paulo está empenhado a também interessar a juventude na obra de F o i uma noitada de arte e encantamento na qual sc reencontraram velhos
cultura para a qual foi fuitdado. amigos e companheiros e que reuniu, novamente, aquelas famílias que há tempo
não se notavam em nossos festivais.
Como esse intuito está empenhado em tornar efetiva a existên-
Os componentes do grupo recentemente reorganizado se houveram bem
cia do "Grémio J u v e n i l " , para reunir os iovens das famílias de seus as- na interpretação da sempre emocinante peça de Dario Nicodemi intitulada: .4
sociados e de outros que possam ser atraídos para a consecução dessa Sombra.
finalidade. Fazemos votos que o nosso teatro continue com o mesmo ânimo e entu-
siasmo com que se reiniciou .
Tornando prática tão útil iniciativa, já tém sido realizadas, na sede
da rua Rubino de Oliveira. 85, no bairro do Brás, interessantes reuniões
lítero-recreativas, com resultados satisfatórios .
1962 - 1970
365

Acompanhando as mudanças no Teatro, o Centro de Cultura So-


cial d f São Paulo inclui entre as suas múltiplas atividades de educação
1961 libertaria, o Teatro de Arena, desenvolvido por uma plêiade de jovens
que ali iam expandir sua a r t e 3 6 8

Pela "Nossa Chácara"


Nos anos seguintes, os anarquistas continuaram realizando quer
Pelo piquenique do dia 5 de março, promovido pela "Nossa Chá-
na sede do Centro de Cultura, à rua Rubino de Oliveira, 85, quer em
cara", marcou mais u m dia de confraternização e sociabilidade que cor-
Nossa Chácara, no bairro de l t a i m , reuniões lítero-festivas e t e a t r a i s .
3 6 9

respondeu plenamente aos propósitos educativos e de superação huma-


Pedro Catalo, sempre presente, com sua contribuição física e in-
na propugnados por essa agremiação.
telectual, produz mais uma peça em 3 atos, valendo-se da odisseia de
Foi um dia de esplendor e alegria juvenil, regorgitante de vida e
u m sobrevivente dos Campos de Concentração que alcançara São Paulo,
estuante de idealismo e esperança.
em 1946.
Centenas de jovens, de companheiros e companheiras de todas as
Terminada em j u n h o de 1964 recebeu o título: Como Rola Uma
idades, saturados da opressão e do cansaço que causa a vida turbulenta
Vida.
das cidades modernas, procuraram no ambiente libérrimo de "Nossa
Em 30 de setembro deste mesmo ano "revolucionário", o Jornal
Chácara" o oxigénio límpido e puro para reabastecer as energias físicas
do Brasil registra a formação de Tablado Atómico - Grupo de Teatro
e morais que se consomem na luta inglória pelo pão de cada dia.
do C. A. C. - Centro de Cataguases, Minas Gerais.

222 223
e m Buenos Aires, 8 0 em Paris; queremos ve lo multiplicado em São Pau-
O Comentarista vale-se do n ° 7 do jornal Evolução e comenta: " O
l o . Para tanto esperamos que a juventude venha buscar o apoio. É a
romântico anarquista apregoado pelos jovens de Cataguases, embora te-
mais fundamental finalidade do Laboratório assistir a essa juventude,
nha de ser considerado à luz das realidades do mundo atual, como uma
náo substancialmente, não monetariamente, pois somos u m grupo d e
teoria estética ultrapassada, não queremos privar os nossos leitores d o
homens de vida modesta, mas com planejamento, orientação e transmis-
contato com as deliciosas ideias dos rebeldes mineiros."
são da experiência que ora adquirimos. Para merecer nosso apoio basta-
Depois da conclusão primária do comentarista do JB. vamos apre-
rá que esses grupos se comprometam a..uma instalados, prestar as-
ciar a dos "anarquistas mineiros": "Divisamos dois extremos, destruição
sistência a outro grupo, que por sua vez também se comprometa assim.
t o t a l , criando cerebração universal, o u não penetração em ação alguma,
A outra finalidade é a de. através do diálogo, conseguir uma lin-
para não prostituirmos o próprio sentido. E m conclusiva manifestação,
guagem na arte que atinja o público, uma luiguagem capaz de fazer c o m
propomos desfiguração imediata, consciente, de todo o processo atuan-
q u e a arte, sem deixar de ser arte, lute também, cumprindo seu papel
te; para isso, vagos teores, difundidos para solução parcial do mundo. d« soldados nestes tempos... filhos do absurdo.
não concatenizam definição bastante positiva. Anarquia vibrando em Laboratório de Ensaio

Í
cada poro, em todos momentos de s e n s i b i l i d a d e 370 ." Kopezky "
3 7 2

Na sua caminhada de educação social, o Centro de Cultura de São


Paulo abre mais uma nova atividade em seu programa - 1 9 b 6 : 0 Labo- Passando do programa às realizações, o Centro de Cultura Social,
ratório de Ensaio. Kua Rubino de Oliveira, 85, leva a cena:
1 - O Testemunho peça de Kopezky.
Maio: Exposição inaugural. Pintura (Ailso). Desenho ( B o n e t t i ) .
Personagens
Junho -Julho. Recital de Música Popular Brasileira. " O Testemunho"
Kopezkj. Com elenco do Laboratório e participação do Teatro Popular da Cidade. Coronel I - . Cuberos Neto
Agosto: Exposição de Pintura. Exposição de Escultura. Eduardo Nelson Spazzáni
Setembro: Teatro Popular da Cidade. Gladys Madalena Medeiros
O u t u b r o : Recital de Dança. Recital dc Poesia. Lisa lzilda Cremonini
Novembro: Elenco do Laboratório. Litun - Lineu Carlos
Dezembro: I i-stiv.il Popular de Artes para a J u v e n t u d e .3 7 1
Dr. Waltar - Ermírio Eurian
Capataz Benedito Lara
Para maior clareza vamos acompanhar a explicação deste progra Pedro - A i b o i i Braz Correa
Zozo - Fernando Marcelo
ma dada pelos seus idealizadores:
Miguel - A n t o n i o Carlos Duó
I onli.i - José Roberto Claudino
•HMro^Cfr^ "MOS
Canários e Figurinos - Cecília Morgantetti
Cenotécnica - Benedito Lara
O Centro de Culura Social, com esta exposição dos companheiros Asus Direção - Iziida Cremonini
Ailso e B o n e t t i , de pintura e desenho, inaugura o seu "Laboratório de Iluminação - A n t o n i o Martins
Direção - Kopezky.
Ensaio".
Nota
Essa designação não se limite a nominar apenas o local, mas tam-
bém o movimento de arte que nele agora começa a cumprir-se. O Teatro Popular da Cidade, que nesta oportunidade colabora
c o m o Laboratório de Ensaios, tem como finalidade precípua a divul-
O Laboratório foi criado para dirigirse à juventude, para estimu-
gação da arte teatral nos meios onde ela habitualmente não tem acesso.
lar os artistas jovens e tentar reuni-los. As nossas portas estão abertas
Esse trabalho, que sabemos demorado e exaustivo, faz parte de
para a juventude que tenha aspiração de liberade, que tenha animo de
u m processo maior que envolve toda a sociedade brasileira na procura
buscá-la e consinta em dialogar. Era preciso que essa juventude soubesse
de uma arte legitimamente popular que diga respeito a muitos e não a
que basta um pequeno ritual, e uma pequena saia se torna em teatro,
meia-dúzia de privilegiados. 0 teatro é uma arte coletiva e para tal, mo-
em galena de exposição, em rmeão de arte.
destamente, procuramos dar a nossa contribuição.
Destes locais como o Laboratório, pequeno teatro, existem 400

225
224
Mulher - Terezinha Pinheiro
Em dezembro realizar-se-á o Festival Popular de Arte para a Ju- 2? Homem - Douglas Franco
ventude com concurso de Pintura, Escultura, Poesias, Música Popu- 3 Homem
o Farias de Magalhães 376 .
lar Brasileira (composição). Dramaturgia e Teatro, constando do pro-
Como se nada estivesse acontecendo no Brasil, o Laboratório de
grama exposições, recitais e a apresentação de 8 espetáculos de gru-
Ensaios e o Centro de Cultura Social apresentam o seguinte programa
mos amadores. Para cada setor serão conferidos troféus estímulo, e as
para 1968:
inscrições serão abertas na segunda quinzena de o u t u b r o , e previamente
1 - A Bruxinha que era boa. M . C. Machado - Direção de Ermínio Furlan;
anunciada.
2 - Eles não usam Black Tie. G. Guarnieri - Direção de Luiz A n t o n i o
Sónia Oiticica e seu Teatro Porão - Cumprindo suas finalidades, Lopes,
o Laboratório prepara-se para colaborar com planejamento e trabalho 3 - Pluft, o Fantasminha, M . C. Machado Direção de Waldir Di Pierro;
para o surgimento de u m novo pequeno teatro; trata-se do Teatro Porão 4 - Seminário de Dramaturgia - Congregando elementos do Laboratório
c de outros 12 grupos convidados;
situado à Praça Roosevelt. 5 --Montagem de um texto sclecionado pelo Seminário: Direção de Cube-
Sónia Oiticica, cujo nome dispensa quaisquer adjetivos, fará re- ros Neto,
alizar assim uma aspiração antiga e está cheia de entusiasmo e de planos 6 Montagem de texto selecionado pelo Seminário: Direção de A i k o ;
7 - Recital de Poesia - Pela Equipe do Laboratório;
entuasi asm antes para a sua programação . 373
8 - Exposição de Pintura - PorOlney Knise;
Centro de Cultura Social - Rua Rubino de Oliveira, 85 9 - Exposição de Escultura - Por La Flace;
- Laboratório de Ensaio 10 - Viagem ao Âmago do Desespero. De Kopezky Direção de Kopezky;
1 - Como Rola Uma Vida, peça ean 2 atos, de Pedro Catalo. 11 - Teatro de Vanguarda - Experiência dc Conjunto com a pmiicipação de
Personagens todos os Grupos do Seminário;
Hei ik - Faria MagalháVs 12 - A - Luta pela inclusão da matéria "lntruduçfo à A r t e " na Escola Se-
Katrine - Helena Nunes cundaria,
Márcia - Clara DaFOca B - Orientação e Formação do Teatro na Escola Secundária;
Jempier - Ailson Braz. Corrêa C - Abertura do Teatro Porão;
D - Conjunção de Trabalho para a Formação de Onze Outros Labora
Clara - Norma Gimenez
tórios . 3 7 7

k Iam - M i l t o n Netto Moreno


Leo - Cesário Melantonk) Neto
Direção: F. Cubero N e t o .
EM FORMA DE FECHO
3 7 4

Centro de Cultura Social Rua Rubino de Oliveira, 85. 2 de


Chegamos ao final de mais uma empreitada voluntária: o levanta-
setembro mento da trajetória percorrida pelo Teatro Social, Amador, "inaugura-
- Laboratório de Ensaio d o " nas últimas décadas do século 19 pelos trabalhadores libertários. -
- Grupo de Teatro "Folhas de São Paulo" Neste percurso encontramos alguns "espaços brancos" e/ou com
1 - Onde Anda a Liberdade; reduzida atividade teatral: 1890-1903; 1916-1918; 1925-1932 e 1935-
2 - Canto do C i s n e "
3 7 5
1945.
Os motivos - salvo o período 1890-1903 correspondente à for-
Centro de Cultura Social Rua Rubino de Oliveira, 85 mação de grupos dramáticos e à escassa imprensa libertária existente,
- Laboratório de Ensaio disposta anunciar os espetáculos - são bem semelhantes, tém as mesmas
- Equipe Mista de Amadores Teatrais conotações.
1 - Alô, Alguém Lá?, peça em 1 ato, de William Saroyan; A caçada aos "subversivos" começou ainda no século 19, com pe-
2 - Havia Uma Pedra no Meio do Caminho, poema de Carlos Drumond de ríodos agudos e fases de "tojeréneia".
Andrade. Desta forma, a polícia permitia a reorganização e depois caía em
Personagens de peça: cima dos operários tomando seus pertences - alguns eram levados para
Rapaz - Luiz Antonio C. Lopes
suas casas e outros para as delegacias - lacrando as portas das sedes ope-
Moça - Maria Rosa Cruz
Homem - Luiz C. La Falce rárias impedindo que os anarquistas pudessem reunir-se.

226 727
As perseguições obrigavam os compenentes dos grupos a dissol-
vê-los e reorganizá-los em outros lugares com nomes diferentes, até que mar LM Cecília (experiência anarquista vivida no Paraná, no final do sé-
a polícia os descobria e "confiscava" novamente seus pertences, expul- culo X I X ) a cores. Proibidas suas exibições no Brasil, assim mesmo des-
sando alguns militantes. pertaram interessei
O espaço de 1916-1918 foi atingido pela Guerra, seriamente afe- Começa então aparecer teses de doutorado no Brasil e no ex-
tado.pelos protestos, contra o desemprego e a fome no seio da família terior, embasados no movimento anatco-sindicalista e anarquista
operária, as Greves insurrecionais de 1917 em São Paulo e de 1918 no brasileiro.
R i o de Janeiro, e fortemente atingido por centenas de prisões resultan-
tes desses movimentos, com grande número de expulsões. A imprensa burguesa abre espaço divulgando entrevistas acratas,
Nos anos de 1925 - 1932 o "desgaste" resultou das "revoluções" editoras comerciais publicam obras anarquistas e Lauro Escorei produz
de 1922, 1924, do "Estado de Sítio" ao longo do Governo de A r t u r o filme de curta metragem "Libertários", usando como fontes de con-
Bernardes, com deportações para o Campo de Concentração do Oia- sulta dois dos livros deste autor.
poque, das expulsões, e "revoluções" de 1930 e 1932. Embora os l i - Vejamos o que sobre esta produção cinematográfica f o i publicado:
bertários nada tivessem com essas "revoluções" foram as suas primeiras "Libertário" íoi realizado com o propósito de resgatar valores de nossa
vítimas. história que são sistematicamente esquecidos pela historiografia oficial.
No Rio de Janeiro, a partir de 1925 a ferocidade policial atingiu O filme se apoia em fotos, filmas e músicas da época para descrever as p r i -
o clímax, dissolvendo quase tudo que cheirasse a organizações livres. meciras lutas e as primeiras formas de organização dos uabalhadores de São Pau-
lo no inicio deste século, ressaltando o papel dos imigrantes no nascimento da
Centros de Cultura foram fechados, associações de classe dis-
consciência operária no Brasil.
solvidas, Grupos de Teatro Social proibidos* de existir e representar,
Em 1977, "Libertários" recebeu da CNBB o prémio de melhor docomen-
sindicatos e jornais lacrados, e os seus principais ativistas presos ou tário do a n o ."
3 7 8

deportados. _
Consolidada a revolução de 1930. ressurgiram novamente algumas Começou então uma das mais sérias e importantes investigações
entidades operárias e Grupos de Teatro Social, mas essa "alegria" durou já feitas sobre o teatro anarquista na Cidade de São P a u l o . Trabalho
3 7 9

pouco. Quando as organizações anarco-sindicalistas. Centros de Cultura patrocinado pela Secretaria Municipal de Cultura Departamento de
Social, Grupos de Teatro e a imprensa libertária recomeçavam no p o n t o Informação e Documentação Artística, Centro de Pesquisas de Arte
onde haviam sido interrompidas, a "revolução" de 1935 precipitou o
Brasileira teve a competente e honesta coordenação de Maria Thereza
parto do fascismo, e Getúlio Vargas conseguiu todos os poderes dos
Vargas e Mariángela Alves de Lima.
grandes ditadores.
Comentários sobre essa obra:
' Daí por diante os libertários sofreram golpes sucessivos e foram
"Pela década dos 30, conhecemos alguns autores. Felipe G i l que escrevia
amordaçados até 1945.
com o pseudónimo de Souza Passos, garçom de fala mensa, delicada, conciliadora,
Resistindo sempre, continuaram sua caminhada na superfície,
inteligente, culto. Pedro Catalo, sapateiro, polemista destroçador, vigoroso, de pa-
em linha reta quando era possível, e/ou descendo aos subterrâneos e lavra fácil nas assembleias e comícios da classe, possuidor de magnífica bibliote-
caminhando por atalhos, quando as autoridades resolviam persegui- ca. G . Soler, pintor de paredes durante o d i a , conferencista improvisado á noite.
los e prendê-los. Apesar da violência com que foram "mimoseados", Aproveitando cada minuto do tempo livre para melhorar a cultura e conhecimen-
os anarquistas conseguiram "ressuscitar das cinzas" u m movimento tos gerais.
enfraquecido e alguns Grupos de Teatro, preparando novos militantes Àtores operários recordamos Vitória Guerreiro, tecelã, gorducha, de pá*
e artistas capazes de substituir os vencidos pela idade, pela doença e sos miúdos, com sorriso permanente iluminando a face redonda. Hermano Mez-
pelas expulsões. Na década de 6 0 ainda promoviam espetáculos teatrais. zeti, sapateiro, de gestos e alma fina, sorriso tímido e atuação constante.
Uma galeria dc pessoas que nos surpreende pela qualidade humana.
Veio o regime militar de 1 ? de abril de 1964 e cortou-lhe os pas-
Festas e festivais no Salão Celso Garcia (Classes Laboriosas) sempre a
sos novamente. Reduzidos ao silêncio mais uma vez, houve quem pen-
cunha, como atestam fotografias da época, reunindo trabalhadores e suas famí-
sasse que o teatro acrata sucumbiu definitivamente e com ele o último lias. Participação ativa de crianças, sem separações odiosas, e que terminavam
anarquista. ás primeiras horas da madrugada de domingo.
Puro engano! De fora chegou o filme enfocando vida e obra dos Do programa constavam representação teatral, palestra, cantos, recitati-
anarquistas Sacco e Vanzetti e u m cinesta francês viaja ao Brasil para fil- vos e para o final, animado baile.
É nesse arqueologia de tipos e atividades notáveis para a época que Maria

228
229
• x p w t o de Hêo Paulo em 1919, e Bella Oao, de A l b e r t o de A b r e u , es-
Tereza Vaagas e colaboradores esquadrinharam com paciência e probidade inte- crita em cima da vida dos imigrantes italianos.
lectual, resultando excelente livro em que faz levantamento intcal do que f o i
A sementeira anarquista a todos os níveis, iniciada no Brasil pelos
o teatro operário de orientação libertária, no Estado de São Paulo.
imigrantes nas últimas décadas do século X I X . germinou, produz frutos,
Maria Thereza Vargas e Mariángela Alves nos oferecem síntese didática,
original, permeada de observações psicológicas e de análise crítica, porém sem evidentemente em novas dimensões.
nos chatear com insuportável erudição, muito comum nos académicos "faze-
dores" de teses a metro q u a d r a d o .
3 8 0
RESUMO 3 8 2

a) Festivais realizados em idiomas italiano, espenhql e português . . 287


A pesquisa de Maria Thereza Vargas financiada por órgão estatal b) Dramas representados nos mesmos idiomas 278
teve o mérito de motivar Cláudio Kahns e "nasceu" O Sonho Não c) Comédias 158
d) Conferências 383 pronunciadas nt>s trés idiomas 171
Acabou, filme de curta metragem, baseado principalmente na peça
c) Atos de variedades 54
1? de Maio, de Pietro G o r i .
f) Recitais 40
O Sonho Não Acabou mereceu críticas como esta: g) Monólogos ' 15
" N o início deste século, até os anos 30, o teatro era muito utilizado pe- h) Declamações, canções, poesias, sinfonias, concertos, fados,
los militantes anarquistas para a difusão de suas ideias. Era ao mesmo tempo tangos, cenas cómicas, hinos revolucionários e A Internacional
um local de encontro para os operários e suas famílias, além de fonte de renda etc, somam mais de 120
« o auxílio daqueles que eram expulsos de seus locais de trabalho o u até do pais, i) Leilões de "prendas" e quermesses 65
por ocasião das inúmeras greves daquela época. j) Bailes familiares 113
Foram utilizados no filme trechos de uma peça muito encenada na época,
1? de Maio, de Pietro G o r i , ativo anarquista italiano, o depoimento de Elvira
I) Poças mais representadas
Boni de Lacerda que apenas com 12 anos, em 1912, iniciou seus trabalho de
1 - Primo Maggio Pietro G o r i ;
a t r a j u n t o a grupos anarquistas, em 1920 presidiu a última sessão do 39 Con-
2 - O Pecado de Simonia - Neno Vasco;
gresso Operário Brasileiro e em 1921 fundou a Associação de Costureiras no
3 - Amanhã - Manuel Laranjeira;
Rio de Janeiro, encerrando sua carreira no teatro em 1922; e o depoimento de
4 - Sem Pátria - Pietro G o r i ;
Edgar Rodrigues, profundo conhecedor e historiador do Movimento Operário,
5 - Greve de Inquilinos Neno Vatco;
com várias obras publicadas.
6 - Ideal - Pietro G o r i ;
A modernidade, o avanço e o caráter humanista das reivindicações dos
7 - Sangue Fecundo - T i t o C o r m i g i a ;
anarquistas que lutavam por melhores condições de vida, sua atuação política me-
8 - Ao Relento - Affonso Schmidt;
receram e merecerão por parte do nosso cinema uma atenção mais detalhada.
9 - Avatar - Marcelo Gama;
Libertários e O Sonho Náo Acabou são apenas o c o m e ç o . 3 8 1
10 - Hambre - Rómulo Ovidi

Os inúmeros trabalhos de investigação já concluídos e/ou em vias


de o ser, dentro e fora do país, dão a dimensão da importância do aitar m ) Salões mais utiluados pelos anarquistas:
quismo na escola, no teatro, como ideia viva, palpitante, de amplo al- Em São Paulo
1 - Celso Garcia - Rua do Carmo, 2 3 ;
cance social e humano,
2 - Federação Espanhola - Rua do Gasómetro, 4 9 ;
Quem atesta isso não são os seus militantes que sempre o procla- 3 - Leale Oberdan - Rua Brigadeiro Machado, 5 ;
maram, são os investigadores que vém convertendo o anarquismo em 4 - Itália Fausta Rua Florêncio de Abreu, 4 5 ;
teses de mestrado, em matéria de cursos de nível superior, em temas de 5 - Alhambra - Rua Marechal Deodoro, 2.
filmes e novelas exibidas na televisão, o u em peças para o teatro alter-
nativo, representadas c o m grande sucesso, principalmente n o Estado No Rio de Janeiro
de São Paulo. 1 - Centro Galego - Rua da Constituição, 30-32;
2 - Resistência dos Cocheiros - Rua do Camerino;
3 - Federação Operária - Rua do Hospício, 156;
Não é demais lembrar duas delas:
4 - Saião Escola l ? d e Maio.de Vita Izabel;
Em Defesa do Companhein> Gigi Damiani, peça de autoria de 5 - União dos Operários em Fabricas de Tecidos - Rua d o Acre, 19.
Eliana Rocha e Jandira Martins, ressaltando a figura deste anarquista

231
230
DADOS D A IMPRENSA
GntfK) de Teatro Social - 1921
Grémio Lírico-Dramático Saca-Rolheiros - 1897 Grupo Teatral Aurora •
Grupo de Teatro Social Porto Alegre. 1897 Grupo Ibérico
Grupo Filodramático Libertário Grémio Dramático A r t e e Natura
Grupo Filodramático " L ' A t t o r e I n f a n t i l e " Grupo Dramático "Amigos Leais"
Núcleo Filodramático Libertário Grupo Dramático Renascença
Grupo Dramático Giovanni Rovio Grupo Dramático d o Club Florianópolis
Grupo Pensiero e Azione Grupo de Amadores
Grupo Teatral A m o r e Arte Grupo Dramático Social - 1934. Rio
A Lira do Apolo Grupo Dramático do Centro de Cultura Social - 1947
Grupo Dramático Teatro Livre Grupo Dramático Libertário
Grupo Dramático Social Grupo Teatral do Club Florianópolis
Grupo Dramático 19 de Maio Renovação Teatro e Música
Grupo dc Teatro Social Primeiro de Maio Teatro de Arena
Grupo de Teatro Cultura Social Tablado Atómico
Clube Dramático e Libertário Laboratório de E n s a i o
3 8 5

Grupo Filodramático Social - Curitiba


Grupo Dramático Cervantes
Filodramático do Núcleo Giovani Gorgi
Grupo Dramátrieo Teatro
(-impo Gioventú Libertário
FESTIVAIS DE SOLIDARIEDADE
Grupo Filodramático Aurora
- Festival dc Teatro com 2 peças e conferência de Coelho Dias, no Centro
Círculo Instrutivo Dramático
dos Sindicatos do R i o . 1908,
Círculo d i Studi Sociali Francisco Ferrer
- Festival de atos variados e conferência por Alberto Ambris, na Ijga O.
Corpo Dramático Sinpatizzanti ali Arte
de Campinas. 1908;
Sociedade Filodramático Studio e Diletto
- Festival no Bosque dos Jequitibás, em benefício da Escola* Social da
Escola Operária 1 ° de Maio Liga O. de Campinas, 1908;
Grupo Dramático Ideia Moderna
- Festival de Teatro, com 2 peças e conferência, na Federação Operária
Grupo Dramático Libertário Mário Rapizanli Rio, 24-7-1909.
Grupo Dramático Anticlerical
- Festival de Teatro com 2 peças e conferências em beneficio
do Centro
Grupo Dramático dc Cultura Social
dos Sindicatos, R i o . 15-5-1909.
Circulo Filodramático Libertário
- Festival comemorativo com conferência na Federação Operária, no
Centro Feminino Jovens Idealistas
19 dc mato dc 1909, R i o ;
Grupo Dramático da União dos Chapeleiros
Festival de Teatro com 2 peças e conferência de Jose Romero, a favor
Grupo Dramático I milio Zola da União dos Tecelões, Rio, 7-8-1909;
Corpo Cénico d o Brasil Ideal Club
- Festival de Teatro com 1 peça e conferência dc José Romoro, a favor
Grémio Dramático Luzitano
da Federação Operária, Rio. 14-8-1909,
Grupo Filodramático "Libertas*'
- Festival dc Teatro com 1 peça c conferência a lavor da I iga Anticleri-
Grupo Dramático "Os Modestos" cal. 23-3-1913.
Conjunto Arte e Instrução
- Pró-"A Plebe", no Cine-lleróis, festival com 2 peças e conferência São
Escola Dramático 19 de M a » Paulo, 1920,
Grupo Germinal
- Conferências pró-Unianitá Nova (jornal libertário italiano) dc Maurí-
Grupo Dramático Pierrot
cio de Lacerda, na União dos O. Metalúrgicos, São Paulo, 1920;
Grupo Dramático Amor e Mociedade
Festival de Teatro com 2 peças c conferência pró-"A O b r a " . São Paulo
Grupo Dramático Joaquim Dicenta
1920.
Grupo Filodramático Solidariedade
- Festival de Teatro com a representação de " O Cristo Moderno", no Sa-
Grémio Artístico Renovação
lão Celso Garcia. pró-Escola Joaquim Dicente.Sáo Paulo, 1920;
Escola Dramática Centenário

233
232
- Ce atro dos Sindicatos. O T r i u n f o e o Melhor Caminho é casa de Balul.
- Festival de leatro com 2 peça» e conferência na Federação Fspanhole, 15-5-1909,
pró União dos Chapeknros, Sáo Paulo, 1920; - Federação Operária. Rio. 19 de Maio e Máscara Verde. 24-7-1909.
• 9 16.
- -Festival de Teatro com a peça "Santa Inquisçáo". no SaMo Ceho Gar-
- L k a Anticlerical, Ladroes da Honra, 23-3-1913, n9 2 6 ;
cia p w " A Plebe", Sáo Paulo. 1920;
- União dos Tecelões. O Exemplo e A Casa dos Borges, conferência de
- Festival dc Teatro com conferência de Alvaro Palmeiras, pró-"A Plebe",
Jose Romero, 7-8-1909. n9 17;
São Paulo, 1920,
- Federação Operaria do Rio, Impossível Felicidade, conferência de
- Festival de Teatro e conferência, no Salão Itália Fausta, pró-"A Van-
Jose Romero. 7-8-1909.
guarda". São Paulo, 1 9 2 1 ; - União dos Cliapeleiros de São Paulo. Cenas do Mundo, conferência de
- Festival de Teatro, com a peça " A v a t a r " e conferência de Otávio Bran- Jose Romero. 20-9-1913, n 9 4 1 ,
dão. pró-Grupo Juventude. São Paulo, 1 9 2 1 ; - Liga Operária de Campinas, feetival de atos, conferência de A "berto A m
bris, n " 10;
- Festival deiêatro com a representação das peça* " I d e a l " , e " O Vaga-
b u n d o " , no Conservatório Dramático, pró-União das Artes Gráficas, São Paulo, - Idem dia 2, feetival campestre no Bosque dos Jequitibá». em benefício
da Escola Social mantida pela Liga, n9 10;
1921,
- Grupo Dramático CuMura Social, Rio, l a m i n t a i , Pocatos. S. Barboza
- Festival de leatro com a peça "Os Filhos da Canalha", no Salio Celso
e Zenão, 1913, n 9 4 1 ;
Garcia, pró presos e deportados. São Paulo, 1 9 2 1 ;
"A PLEBE" fase diária, de 7-9 a 29-10 de 1919:
- Festival de Teatro com a peça " O Pecado de Simonia", pró-Grupo
Vítor Nunes Vascos, São Paulo, 1 9 2 1 ; - Festival Campestre em benefício de " A Plebe" e Escolas Moderna, no
- festival de l e a t r o com peça "Militarismo e Miséria", no Cine Palatino Jardim da Aclimação, 4-7;
Moderno, pró-Edgard Leuenroth. Sáo Paulo, 1 9 2 1 ;
- Festival Alba Rosa, 7. Em benefício de M . Campos e Sofia Louiee.
- Festival de l e a t r o com a peça "Guerra á G u e r r a " , no Teatro Colombo,
subscriçõe», ver n 9 2 6 .
pró-"A Vanguarda", São Paulo, 1 9 2 1 ,
- Feetival de Teatro com a peça "Las Tenasas", no Salão Celso Garcia,
pró-"A Plebe". Sáo Paulo, 1 9 2 1 ;
- Festival de l e a t r o com 3 peças, pró Gasa d o Povo, Sáo Paulo, 1 9 2 1 ; Na "A PLEBE" - 1920/1921:
- Festival Campestre, pró-"A Vanguarda", no Parque São Jorge, Sáo Pau-
- Pró-União dos Chapeleiros, O Doido da Aldeia e Erro Judiciário, Fede-
lo. 1 9 2 1 .
ração Espanhola, 7 8 ;
- Festival de Teatro, com a peça "Filhos da Revolução", pró-Dois Com-
- Pró-"A Plebe", pela União dos Artífices em Calçados, Santa Inquisição.
panheiros Presos, no Salão Itália Fausta, São Paulo, 1 9 2 1 ; SaMo Celso Garcia, 8 0 ;
i - Festival de Teatro com peça representada na Federação Espanhola pró- - Grupo Juventude, Avatar. Saláo Celso Garcia. C. Brandão. 8 2 ;
União dos O em Calçados, São Paulo, 1 9 2 1 ; - União dos Trabalhadores Gráficos, O Vagabundo. Ideal, Conservatório
- Festival Variado no Centro Republicano Português, pró-"A Plebe" e Dramático, 8 2 ;
" A l b a Rosa". São Paulo. 1 9 2 1 ; - Comité Pró-Presos e Deportados. Os Filhos da Canalha, I I Veleno, Sa-
- Festival de Teatro, c o m a peça "Mártires do I d e a l " , na federação Es- i o Ce Iro Garcia, 8 7 ;
panhola, pró-União dos T . em Fábricas de Tecidos, Sáo Paulo, 1 9 2 1 , - Grupo V i t o r Nunes Vasco, O Vagabundo. O Pecado de Simonia. SaMo
Celso Garcia, 8 7 ;
- Festival de Teatro, c o m representação de peça c conferência, no Salão
- Comité Pró-Edgard, Militarismo e Miséria. Cine Palatino Moderno. 9 5 ;
"Olavo Egídio", pró-"A Plebe", São Paulo, 1 9 2 1 ;
- Festival com 3 conferências de Otávio Brandão, pró-"A Plebe", São - Pró-"Vanguarda". Guerra á Guerra. Teatro Colombo, 102;
Paulo, 1922; - Pró-"A Plebe". Las Tenasas. Saláo Celso Garcia. 103;
FESTIVAIS EM "A Voz do Trabalhador" - Pió-Caaa d o Povo. Poços de Caldas. O Vagabundo e O Pecado de Si
- Centro dos Sindicatos Rio - O Exemplo - Conferência - 25-7-1908 mora a.
- nos «9s 2, 3 e 4 , - Pró-"A Vanguarda". Parque Sáo Jorge, festival campestre. 8 9 ;
- Centro dos Sindicatos - Rio - Maus Pastores. T r i b u t o de Sangue - Pró-Dois Camaradas, Filho da Revolução,Salão S. Italiana, 1 0 6 ;
- Pró-União dos Artífices em Calçados. Militarismo e Miséria. Federação
Conferência de Coelho Dias - n 9 5;
"Espanhola. 108;
- Federação Operária. R i o , 1? de Maio, de G o r i e Amanhã, de Laranjei-
- Pró-"A Plebe", " A l b a Rosa", Centro Republicano Português. 117;
ras. 1-5-1909. n? 10.

234 235
Pró-"Voz da União. 7-7-23. Salão Celso G a r e » , conferência de Fábio
- Pró-União dos Trabalhadores em Fábricas de Tecidos, o Mártir do Lu7, Los Males Pastores (Grupo Ibérico). União dos Empregados em Cafés, 2 1 2 ,
Ideal, Federação Hespanhola, 114; Pró-União dos Operários em Tecidos, para o seu j o r n a l . 14-7-23. Salio
- I' H > A Plebe", Militarismo e Miséria. SaMo da Olavo Egídio, 115; Celso Garcia, Trípole ou Relento ( G . T. Social) pela União dos Têxteis, 213;
- Pró-"A Plebe", o mais concorrido dos festivais. Salão Celeo Garcia - Pró-"A Plebe", 25-8-23, Salão Celso Garcia, conferénc» de Maria La-
não comportou o povo, 5 8 ; cerda de Moura, Bandeira Proletária, União dos Artífices em Calçados, 2 1 4 ;
- Pró-"A Plebe" c " A l b a Rosa", Gaspar, o Seiralheiro, Salão Luso-Bra- - Pró-Prometheu, 27-9-23, Federação Hespanhola. iMequim e El Sclvajen,
sileiro, 6 4 ; pelos Editores.
- União dos Operários Metalúrgicos, conferência dc Maurício de Lacer- - Pró-"A Plebe" e Biblioteca do Grupo I t a t r o Social, 17-11-23. Federa-
da, 6 8 . ção Hespanhola. Militarismo e Miséria p e » G. leatro Social;
- Pró-Umanitá Nuova, - Pró-"A Plebe". 21-11-23. leatro Petrópolis (Petrópolis), Aresinha. Ri-
- Pró-"A Plebe", Cine Herói, conferência de M . Campos, O Vagabundo e queza c Ao Relento, pelo Grupo Dramático A r l e c Cultura;
Los Martire*. 7 7 , - Pró-'*A Plebe", 13-10-23. leatro Carlos Gomes (Santos), conteréneia
- Pió-"A O b r a " , Novo Altar e Amanha. Salão Celso Garcia, 7 6 ; dc Fgard Leuenroth. 0 Semeador. Artes, Ofícios e Anexos, de Santos;
- Pró-"A Vanguarda", pela União dos Operários da Construção Civil, Os Pró-Plebe Semanal. 5-1 -24. Federação Kespanl»la. A Greve (G. I . So-
Conspiradores, Salão Itália Fausta, 7 6 ; cial). C. L. Terra Livre. 2 2 6 ;
Pró-Escola Joaquim Vicente,O Cristo Moderno, Salão Celso Garcia, 7 7 ; Pro-Carlos Dias. 2-2-24. Salão Celso Garcia. Sombra c Luz, por mili-
tantes. 228;
Pró-Presos e Deportados. 7-6-24. Icdeiação Hcspanl»la. conferência
FESTIVAIS DE SALÕES EXCURSÕES E P1QUINIQUES dc Florentino de Carvalho, LTdeale e Segredo de Paulina, pelo Comité. 2 3 7 ;
- "A HEBE" Pró-Confraternização Operária, 5-7-24. Saláo Celso Garcia. Naquela
De março de 1922 a junho de 1924 Noite c 0 Pecado de Simonia. União dos Artilices em C alçados, 2 4 0 ;
Pró-Pleblc Semanal. 19-7-24. leatro Alhambra (Sorocaba), conferên-
- Pró-"A Plebe", 22-6-22. Salão Celso Garcia, Os Conspiradores. Grupo cia de I dg ar d Lcuenorth, Militarismo e Miséria e Ao Relento, um grupo de A.
Editor, 184. de A Plebe, de Sorocaba. 2 4 1 .
- Pró-"A Plebe", 12-8-22, Salão Celso Garcia, confere nua de Fabio L u z ,
O Pecado de Simonia, Grupo Editor, 184,
FESTIVAIS DE SALÃO EXCURSÕES E FIQUINIQUES
- Pró-União dos Trabalhadores Gráficos, 15-9-22, Salão Celao Garcia,
de IV 11-32 a 1935
conferência de Maria Lacerda de Moura, ato variado e palestras de J. C. B o s c o » c
Edgard Leuenroth, Grupo F d i t o r . 191
Pró-"A Plebe". 24-12-32. Salão Celso Garcia, conferência dc Adelino Pi
- Pró Biblioteca A Inovadora 21-9-22, Salão Celso Garcia, conferência ii In > Ideal em Marcha ( I . Social), O «impo f d i t o r . 4 ;
dc Florentino de Carvalho. Bandeaa Proletária, pelo Teatro Social, por um g n i Pró-Federação Operária, 18-3-33, federação Hespanhola, conferência
po de camaradas, 193. dc Florentino de Carvalho, A Onda que Avança ( I Social), Comité Federal, 15.
- Pró-União dos Artífices em Calçados. 25-11-22. Salão Celso Garcia, - Pró-"A Plebe", 18-3-33. Salão Celso Garcia, conferência de José O i t i -
conferência de Edgard Leuenroth, Os Semeadores, pela União, 196; cica, Bandeira Operária ( I . Social), Grupo Lditor, 18;
- Pró-União dos Canteaos, 29-12-22. Salão Celso Garcia, conferência - Pró-"A Plebe", 20-5-33. Federação Hespanhola, conferência de M.v
dc Edgard Leuenroth, O Pecado de Simonia, e 1 ° de Maio, pela União. 197; - t i a Lacerda de Moura. O Vagabundo e Viva Ramholnt (G. I Social). Grupo
_ p,o-"A Plebe". 30-12-22, Salão Leale Oberdan, Morte de Cipola. Ao Editor. 25,
Relento e Naquela Noite, Legião dos A . de A Plebe. 2 0 0 ; - Pró-"A Plebe", 8-7-34. Salão Celso Garcia, conferencia dc Adelino Pi-
- Pró-Lcandro da Silva, 17-3-23, na Federação Espanhola, conferência n i » , O Milagre • ato variado (T. Social). Grupo l d i t o r , 3 1 ;
de Adelino Pinho. 0 Vagabundo e Ao Relento. Liga dos Operários da Constru Pró-"A Plebe", 12-8-34. I ederaçâo Hespanhola. conferência de J C.
cão O v i l . 2 0 1 . B o s c o », atos variados. Grupo de Amigos, 30.
Pró-Centro de Cultura Social. 26-8-34, Salão Celso Garcia, conferên-
- Pró-"A Plebe", Salão Celso Garcia. 27-1-23. O Pecado de Simonia.
cia da professora Aplecina do Carmo. Depois do Crime, por amadores, pela
União dos Canteiros, São Paulo, 216;
Diretoria. 38;
- Pró-Viúva de R. Cipola. 24-3-23. Salão Celso Garcia, conferencia de Fe
Pró-União dos Oper ários Metalúrgicos, lb-9-34. Salão Hispano-Amcri-
lipe G i l , Os Libertários, União dos Empregados em Cafés, 2 0 3 , cana, conferência de Florentino dc Carvalho. Drama Social, por amadores. Comis-
- Pró-"A Plebe". 3 0 4 - 2 3 . Salão Celso Garcia. Auto de Justiça, Naquela são I xecutiva. 4 0 .
Noite e l ? d e M a » . Legião dos A . de A Plebe. 2 0 6 ;
- Pró-'A Plebe". 30-6-23. Salão Itália fausta. O Vagabundo, Greve de 237
Inquilinos e A Ideale, Liga dos Operários da Construção Civil. 2 1 1 ;
236
- CIOVH Campos, 27-4-35, Patoetra Social, Legião dos A . de " A Plebe",
- Pró-"A Lanterna", 23-9-34, São Celso Garcia, conferência de Edgard
87,
Leuenroth, O Pecado de Simonia, Editores, 4 1 ; - G. Soler, 4-5-35, Krishmamerti e o A n a r q i m m o , Federação Operária
- Pró-"A Plebe", 20-10-34, Cantareira, Recreio, Piquenique, Primavera
C. Cultura, 8 8 .
Libertária, 4 3 , „ - Pedro Catalo e Everardo Dias. 15-6-35, Comemoração do Aniversário
- Ónjãos da I ederaçâo Pró-Moluha, 5/11/34, Salão Celao Garcia, confe- da Liga Anticlerical, Campinas. 8 0 ,
rência de Luiz P. C. Brame, Drama c A t o variado. Comité Federal. 4 5 ; - Pedro Catalo e Florentino de Carvalho, Comemoração do 19 de Maio,
- Pró-"A Plebe". 10-12-34, Parada Lusiana, Recreio, Piquenique, Os Federação Operária, C . Cultura. 8 8 ;
Editores, 4 9 c 5 0 ; - Edgard Leuenroth e J . C . Boscolo e M . Bastos, Comemoração do 1? de
- G . Soler e Hermínio Marcos. 17-3-34. A Comuna de Paris. Federação Maio em Campinas, Liga Anticlerical, 8 8 ;
Operário, C. Cultura. 58; - G . Soler, Edagrd Leuenroth e Florentino de Carvalho, 29-6-35, O Pen-
- G. Soler. 24-3-34. Hacia Otra Moral, Liga Anticlerical, Campinas. samento Libertário e a Aliança Libertadora, Federação Hespanhola, A Pleble,92;
- J . C . Boscolo. Mentiras Convencionais, Sindicato dos Contadores. 6 4 ; - G . Soler, 3-10-35, Ferrer e Sua Obra, Centro de Estudos Sociais, Santos,
- Oreste Ristori, 16-6-34. Os Horrores do Domínio Clerical. Liga A n t i - 99,
clerical de Campinas, 6 5 ; - G. Soler, 9-11-35 De O n t e m a Amanhã no Caminho do Socialismo, Fe-
- Isabel Cerrutti, 30-6-34. Assuntos Social Feminino, Federação dos Ope- deração Operária, 100;
rários, Confraternização ,"65; - Depois... muitos oradores, muitas dores e, sobretudo, tirania moral b o l -
- Martins Garcia, 7-7-34, A Questão Social Vista pelo Orador, federação chevista.
dos Operários, C. Cultura, 6 6 ;
- Pedro Catalo e J . C. Boscolo, 14-7-34, Sessão na sede da Liga A n t i -
OUTROS
clerical, Santos, 6 7 ;
- C. Clóvis Campos, 27-7-34, Misticismo nas Multidões. Federação Ope- - Inaugração das Reformas do Salão, 13-11-34, Sede Social, vários orado-
r a m , C. Cultura. 6 6 ; res, declamações e recitações, Comité Federal, 5 3 ;
Izabel Cerrutti, 4-8-34. Palestra de festival. Liga Anticlerical. Campi- - Biblioteca da Liga, 20-11-34, Sede Social, Gravosi e Pessanho, ato va-
nas. 6 8 . riado. Liga Anticlerical de Campinas. 5 5 ;
- Confraternização Operária. 24-2-34, Sede Social, Hermínio Marcos,
- Prof. Autemar Olhmeyer, 25-8-34, " O " E u e sua irradiação". Federa-
Ilusionismo pelo Prof. Carmelis, Federação, 5 6 ;
ção Operaria, C. Cultura. 6 9 ;
- " A Plebe", 7-4-34, Federação Operar*. J . C. Boscolo, Norte de A r t e
- L . M . Amaral, 1-9-34, A Inutilidade dos Líderes. Federação dos Ope- Proletária, Grupo Editor. 5 9 .
rários. C. Cultura, 7 0 . - Federação Operária, 3 1 4 - 3 4 . Salão Celso Garcia. 19 de Maio de Gori
- J . C. Boscolo, 8-9-34, As Duas Guerras, Federação Operaria, C. CuHu (T. Social), Comité Federal, 6 1 ;
ra.70,
- " A Plebe". 26-5-34. Salão Celso Garcia. Edgard Leuenroth, Os Filhos
- Clóvis Campos, 15-3-34, As Revoluções são Pacíficas, Federação Ope-
da Canalha (T Social), Grupo Editor, 6 3 ;
rária. C. Cultura. 7 1 ;
- Federação Operária, 30-6-34, Izabel Cerrutti, Ao Relento, O Herói e
- L . A . Moreira, 29-10-34, Reconstrução para o Ideal. Federaçáo Opera- o Viandante, o Comité;
ria, C. Cultura, 7 4 ; - " A Lanterna", 14-7-34, Salão Celso Garcia, variedades laricas e literá-
- Florentino de Carvalho. 24-11-34. Baae Intelectual dos P. P. Modernos, rias, O Jornal, 6 6 ,
Federação Operária, Centro de Cultura. 7 6 ; (Grupo D. H . Americano), Grupo-Editor;
- G . Soler, 8-12-34, A Nova Sociedade por Consciência Nova, Federação - Grupos Os Semeadores, 11-8-34, Hispano-Americano, Luiz P. C. Bran-
Operária. C. Cultura, 7 7 . co, Último Quadro F . G i l , por amadores. Os Semeadores, 6 8 ;
- J . C . Boscolo. A Ação Proletária em face da P. Guerra. Sindicato dos - Liga Anticlerical, 4-9-34, Campinas (sede própria), Izabel Cerrutti, O
Empregados do Comércio, 7 7 , Vagabundo e ato variado, Diretoria de Campinas, 6 8 ,
- Federação Operária, 15-9-34, na sua sede, Clóvis Campos, Viva Ram-
- José Oiticica. 5-1-35, O Estado Totalitário. Federação Operária. C. Cul-
bolot, pelo Comité Federal;
tura. 7 9 .
- " A Plebe", 25-9-34, Parque Jabaquara, Declarações e Divertimentos.
- Prof. A n t o n i o Picaroto, 8-1-35. Os Embareços à Teoria e á Prática d o Piquenique, Grupo E d i t o r , 7 1 ;
Anarquismo, Federação Operária, C. Cultura; - Pró-Presos Sociais, 17-11-35, na Federação Operária, Izabel Cerrutti,
- Florentino deCarvalho, 2-2-35, A Espanha Idealista e Heróica, Federa- Casa dos Milagres,por amadores, Comité da Federação Operária, 7 5 ;
ção Operária, C. Cultura, 8 1 ;
238 - J . C. Boscolo, 16-3-35, Comunas Libertárias. Federação Operária, C.
Cultura, 8 4 ,
- " A Plebe", 1-1-35, Parque Jabaquara, Piquenique, diversões e diverti-
mentos, A Plebe, 78,
- " A Plebe", 31-5-35, Parque Jabaquara, Piquenique, diversões e diver-
sões, A Plebe, 85, NOTAS
- " A Lanterna, 9-6-35, Parque Jabaquara, Piquenique, diversões e diver-
timentos, Núcleo de Amigos do Jornal, 9 6 ,
- " A Plebe", 10-11-35, Praia Itararé, excursão a Santos,GrupoEdito., 100.

Nosso livro Socialismo e Sindicalismo no Brasil só pôde ser publicado em 1969.


As dificuldades para conseguir editor foram imensas, c o atraso ajudou os pesqui-
sadores por encomenda, a metro e/òu a preço de página a " f u r a r " nossos traba-
lhos, muitos deles ainda inéditos.
A venda do arquivo de Ldgard Leuenroth, descumprindo testamento ma-
nuscrito, fez o resto, ofereceu elementos fáceis aos oportunistas e aos inimigos dos
libertários encarregados de denegrir suas ideias e sua obra.

Vale lembrar que Marques da Costa descendia de uma família de portugueses que
2

em sua terra natal foram os pioneiros na fundação de Grupos de Teatro Amador e


na construção de um teatro que viu desaparecer seus fundadores e envelheceu co-
mo Casa de Espetáculos Populares.
Este fato influiu evidentemente na sua formação como amador, despertou -
llic o gosto pela arte dramática, e ao chegar ao Brasil empurrou-o imediatamente
para dentro dos grupos existentes, da mesma forma que o influenciou para forne-
cer-me muitos dados sobre o teatro anarquista quando lhe pedimos apenas ajuda
no levantamento das lutas ideológicas e de classe no Brasil.
Não tive oportunidade dc conhecer pessoalmente Marques da Costa nem
seus familaires pioneiros do teatro amador em Perafita, ao Norte da Cidade do
Porto - , mas pude conhecer o teatro "Salão Harmonia", e assistir naquele "velho
casarão" á representação da Tomada da Bastilha c Gaspar, o Serralheiro.

Esta última f o i lançada pela "Global E d i t o r a " de São Paulo cm 1984 e está es-
3

gotada.

Nossa pesquisa não esgota o assunto. Neste campo ainda há muito a pesquisar.
4

O nosso trabalho enfoca trés temas e não pode descer ás minúcias do Teatro L i -
bertário.

5R i o Grande do Sul ano 1, n? 38, "órgão da Classe Operária" direção de A n -


tonio Guedes Rodrigues Coutinho, gerência de Augusto de Souza Freitas e n o t i -
ciário: Luiz Gonçalves de Castro, escritório rua General V i c t o r i n o . 9 3 Semanário,
4 páginas, 44x32 e 500 réis de assinatura mensal.

°Não sc trata evidentemente da peça l? de Maio de Pedro G o r i , mais de uma cen-


tena de vezes representada no Brasil. Tampouco aparece referências ao seu autor.
Pelo seu estilo, leva-nos acreditar que é de autoria do diretor do j o r n a l , o portu-
guês A n t o n i o Guedes Rodrigues C o u t i n h o !

E s t c diálogo tem grande correlação com as teorias de Proudhon, desenvolvida


7

em sua obra O Que é a Propriedade?\

8 R i o Grande do Sul - 7-9-1897.

9 0 drama Gaspar. O Serralheiro passase numa fábrica de fundição. Envolve dois

240
241
companheiros de ofício, Gaspar e Pedro, t s t e último estabelece se com uma pe- res 49 elementos, todos subversivos". A verdade é que o movimento operário, i n -
quena indústria e consegue enriquecer com ajuda do seu amaro e colega de traba- surrecional-ingénuo, temos de reconhecer - obedeceu a um impulso de entusias-
lho, a quem faz seu mestre. Apesar dos laços antigos de companheirismo^e de fa mo operário e o Palácio do Catete" não interessava ao movimento, não era a sua
mília existentes, a posição social do "mestre Gaspar" e do "pátrio Pedro" eraevi meta! O objetivo dos insunjentes não era tomar o Governo e colocar operários no
dente. Gaspar continuava pobre, seu filho Leonel trabalhava como ele para o seu poder, mas de rendê-lo após apoderar -sc dos depósitos de armas, de São Cristóvão
ex-companheiro, transformado num próspero industrial, enquanto a filha de Pe e proceder em seguida á transformação social.
dro estudava e estava prometida em casamento a um capitalista, jogador fracas
sado, com os olhos na sua fortuna. Alheia à posição social, a filha do patrão gos-
tava do filho do mestre. Surpreendido em colóquio amoroso com a filha do pa- 1 2 Das "Memórias" manuscritas de João Perdigão Gutierrez, (arq. do a.)
trão, o filho do mestre é repreendido pelo industrial, discutem e Leonel é demiti-
do. "Mestre Gaspar" reage, defende o amor uvre, sem ataduras, contesta as preten
soes ambiciosas do seu ex-companheiro e é demitido também. A ausência repenti- D a s memórias manuscritas Je Manuel Marques Bastos, incluídas em Nacionalis-
l 3

na de pai e filho causa suspeita entre os operários, e depois de agitada reunião exi- mo e Cultura Social, E. Rodrgucs ( N . do a.)
gem a volta do mestre e do filho o u declaram greve. O patrão resiste e a greve ex-
plode no instante em que os altos fornos atingiam a temperatura máxima. Os tra-
balhadores recusam-se a esvaziar os fornos sem a volta do mestre e do filho. O i n - I 4 / 1 Pátria - Rio de Janeiro, 10-2-1922.
dustrial entra em desespero, diante da decisão dos operários de deixar os fornos
explodirem. L n t r a m inesperadamente o mestre e o filho para apanhar suas ferra
mentas e pedem aos operários que voltem ao trabalho. Os trabalhadores atendem 15"RevLstu anarquista individualista", dirigida por Elísio de Carvalho, ano 1, n°
diante da alegação de que u m "casamento ambicioso" não vale o desemprego de 1, Rio de Janeiro, março de 1904, doze páginas, de 33x23. Neste mesmo número
todos. O candidato a casar com a filha, apavorado com a greve, foge, desiste do já tratava da Universidade Popular de Ensino Uvre que veio a ser fundada no Rio
casamento, a moça aparece em cena e abraça-se ao filho do mestre contrariando a
de Janeiro por um grupo de intelectuais anarquistas: Fábio Luz, Elísio de Carva-
vontade do pai. O patrão rende-se à evidência dos fatos e todos retornam ao traba
lho, Curvelo de Mendonça c outros.
lho. Se levarmos em conta a época distante em que a peça f o i escrita, temos de
reconhecer que é de boa qualidade, diria até, de excelente qualidade! ! „ '
N i 0 P° rt^c Kultur começou neste número a publicar
o b s , a n e a s u a u c a

a "história" do Movimento Anarquista no Brasil (resumo) dedicado ao sociólogo


francês A Hamon.
l0hcho Operário - Rio Grande do S u l , 21-11-1897.
Neste mesmo número de Echo Operário lia-se: " O correspondente parisien
R e v i s t a anarquista, de crítica social, ano 1, n? 8-9, setembro-outubro de 1905,
l6
se dc O Paiz escreveu o seguinte a respeito dos prisioneiros de Montjuich: "Assisti
dirigida por Neno Vasco, 64 páginas, 19 x 24, Rua Santa Cruz da Figueira, 1,
mos no teatro da República ao espetáculo dado em benefício das vítimas da inqui- São Paulo, número avulso. 300 réis.
sição espanhola - os pobres exilados dé M o n t j u i c h " .
"Quatrocentos homens foram condenados a mutilações, aos quais in veros
D a d o s extraídos da carta de Kropotkine a Neno Vasco. ( A r q . do a.). •
símeis e terríveis martírios inquisitoriais - martírios ordenados por um Governo
17

que escarnece da Justiça! é o braço mandatário de um trono sobre o qual se assen- 18


ta uma mulher e uma criança. Socialismo eSindicalismo no Brasil - 1675-1913, dc E. R.
. Quatrocentos mártires fora os nove fuzilados sem culpa formada - tudo 19
para santo gáudio do infame tribunal da Inquisição de Barcelona. A Pátria, dc 10-2-1922, e depoimentos do militante da época c colaborardor
Tórrida dei Marmol, Charles Malato, Sebastian Faure, Briant, Sembat, re- deste grupo, José Romero.
publicanos, livre pensadores, federalistas, socialistas, libertários, homens de ação,
homens de trabalho - todos protestaram contra os crimes dos miseráveis trafican- " " A Pátria"
2 0 Rio de Janeiro, 10-2-1922, confirmado por José Romero, militan-
tes da monarquia espanhola hoje vendida aos jesuítas". Neste mesmo Castelo de te dessa época e reproduzido nos livros Socialismo e Sindicalismo no Brasil e Na-
Montjuch sofreu e foi fuzilado em 13 de o u t u b r o de 1909 Francisco Ferrer, o fun- cionalismo e Cultura Social, de Edgar Rodrkues.
dador da Escola Moderna, por ordem da mesma corja de verdugos "santificados".
2 , E x t r a t o de Nacionalismo c i . m Social 1913 1922. de E. R.
'Esta peça é de autoria de José Oiticica. Aproveito esta nota para esclarecer a
1

autora de Teatro Operário na Cidade de São Paulo, belíssima obra de pesquisa, F o i principalmente do Grupo Dramático de Teatro Uvre e do Grupo Dramático
2 2

Maria Thereza Vargas, que José Oiticica (pág. 74) não f o i " a u t o r intelectual do as- Social, que saíram para abrilhantar os palcos cariocas, revelações artísticas como:
salto ao Palácio do Catete pelas forças do povo, cm 1 9 1 8 " . Na verdade o " m o v i - Furtado de Medeiros,Isidoro Alacid,Oscar Duarte, Augusto Anibal,Carlos Abreu,
mento revolucionário" de 1918 concentrou-se no Campo de São Cristóvão e pre- Clotilde Duarte, Davina Fraga, Ulisses Martins, A n t o n i o Monteiro Júnior, e Ro-
tendia invadir a Intendência da Guerra, depósito de material bélico e a delegação mualdo de Figueiredo, o único formado em teatro pela Universidade dc Coimbra,
de p o l i c i a " . Para isso f o i constituído um comité, e Oiticica era apenas um dos Portugal.
membros. A própria policia relacionou nesta ordem: "José Oiticica, Agripino Na» De modestos operários, grevistas, anarquistas subversivos, agitadores, inde-
zaré, Álvaro Palmeira, Ricardo Corrêa Perpétuo, A s t r o j i k o Pereira, Carlos Dias, sejáveis, ensaiando peças nas sedes das associações de classe, desenvolveram seus
Manuel Campos e Joaquim Morais, como dirigentes no plano, e como co laborado- talentos até chegar ao teatro nacional. Alguns conseguiram, mais tarde, diplomar-

242 243
se peta Escola Dramática Municipal, do Rio. Eram operários gráficos, marmoristas, educação da filhinha de um companheiro deportado". Este espetáculo realizou-se
costureiras c apenas Carlos de Abreu tinha o curso de guarda-livros. no Centro Galego, às 20h30min.
F o i , diga-se, entre o "agitador estrangeiro", que se formou a grandeza tea-
tral no Rio de Janeiro, que viria a ser aplaudida pela mesma burguesia que antes os 315 'Solidariedade, número único, 12-10-1921 - Rio de Janeiro. ( A r q . do a.).
nontava para as prisões e para a expulsão.
Os espetáculos teatrais continuaram com maior o u menor intensidade, em
'Solidariedade,
36 12-10-1921. Sobre este festival, a revista Renovação, de outubro
razão das perseguições policiais, que em tudo viam subversão. de 1 9 2 1 , fez o seguinte comentário: " U m espetáculo de benefício, programa, que
E m São Paulo Itália Fausta (Faustina Itália Poloni), Francisco Cubero Ne- a princípio constava de peças de propaganda e crítica social, f o i quase que inte-
t o , trabalhando profissionalmente no Teatro, na Televisão (novelas) e participan- gralmente alterado, em virtude da "virtuosíssima" censura policial... - E m nome
do de filmes. do Padre, do Filho e do Espírito Santo A m e m . O Brasil evolue..."

A Casa dos Trabalhadores, era propriedade da Liga Operária de Pelotas, mais


2 3 3 7 R i o de Janeiro, 17-12-1921.
tarde " t o m a d a " pelos "sindicalistas estatais, com o apoio do Governo ditatorial dc
Vargas. 38 Pátria - Rio de Janeiro, 3 e 7-1-1922.
Extrato do livro Nacionalismo e Cultura Social, de E. R., e da revista men-
sal A Vida. ano 1, n? 3, de 31-1-1915, sede: rua Uruguaiana, H 4 sobrado, Rio
( 39A Pátria - R i o , 26 e 27-1-1922.
de Janeiro, 16 páginas, 27 x 18, preço de exemplar: 200 réis. Seus colaboradores
principais eram: Francisco V i o t t i (médico), José Oiticica (professor), Astrojildo D u r a n t e o mês de fevereiro de 1922/1 Pátria, registrou as peças Catavento, Paz
4 0

Pereira (intelectual), Orlando Corrêa Lopes (engenheiro) e outros anarquistas da do Senhor, Fogo a Fogo, Os Brancos, A Recompensa, O Disfarce, O Pai da Pátria,
época. Os Invencíveis, A Volta, Fogo Pantamôrfico, Sua Excelência o Candidato, O Rap-
to, Os Ares. Os Degenerados, Por Ser Feliz, Viva a Pátria, Sinete, Família Pindo-
74
Das "Memórias Manuscritas" de Manuel Marques Bastos, do arq. do a.. ba. Náufragos. Grand-guignol. (Santos Barbosa) Ferro em Brasa, O Natal do Ava-
rento, Subversivos, Magna Assembleia, Epidemia, Sem Papas na Línguas. Pontos
F a l a m o s . '"Durante os períodos em que a polícia os deixava em paz", porque
25 nos iii, Matei-o, Imitação, A Calúnia. A Chaga, O Fuzilamento de Ferrer, de Cario.
os anarquistas eram sempre os primeiros a serem presos no começo de cada greve, Dias, Famintos, Pecado e Maio, de Santos Barboza. Parte das peças anotadas apa-
mesmo quando não pertenciam à classe grevistas e nada tinham haver com o movi- recem sem autores, mas a maioria eram de Zenon de Almeida Santos Barboza,
mento paredista Carlos Dias, Fábio Luz e Lírio de Rezende (Pátria, 4 a 18-2-1922).
41
2 6 B e l o Horizonte. 1921. Renovação, março de 1922, ano 1, n? 5. Este número dá-nos as seguintes infor-
mações teatrais: Por iniciativa de Renovação o Grupo de Teatro Social, realizará,
27 S à b P a u » . 7-10-1919. na segunda quinzena de abril um espetáculo para angariar fundos e editar o folhe-
t o de Sebastian Faure, Minha Opinião Sobre a Ditadura. O programa consta de
2 8 D i á r » Anarquista, Rio de Janeiro, 5-4-1920. Conferência anarquista, a peça A Avozinha, de Fábio Luz e a comédia em 1 ato,
Ninete, de A r t u r Guimarães. " A Pátria" de 30-3-1922 também falou do espetácu-
lo; O Grémio Artístico Renovação, realizou no dia 11 de março, espetáculo no
29 Nacionalismo e Cultura Social 1913-1922 - E. Rodrigues salão Teatro da Resistência dos Cocheiros, em benefício de seus cofres. Aves de
Rapina e Os Degenerados, constituíram o programa da festa, desempenhados a
3 0 R i o , 6 2 1920 diretor Carlos Dias. r i g o r " ; "Ocorreu animador o festival que em seu benefício realizou no Teatro do
" C l u b Ginástico Português", o camarada ator Romualdo de Figueiredo. Prestaram
3 l R i o d e Janeiro. 14 e 18-6-1920. franca solidariedade ao Romualdo o Grémio Artístico Renovação, o Grupo de
Teatro Social e vários dos seus colegas, inclusive o artista João Barboza uey Burns.
3 2 Voz do Povo. 25-8-1920. E m 14 de janeiro, na Resistência dos Cocheiros, às 20h30min., o Grémio
Artístico Renovação e Grupo de Teatro Social, apresentarão as peças A Jaula e
D i r e t o r . Marques da Costa. Correspondência: Elvira B o n i . rua João Caetano. 15
3 3
Amores em Cristo, comédias de Zenon de Almeida, Greve dos Inquilinos, de Neno
- Rio de Janeiro, ano 1, nV 1, 16 páginas, 26 x 18, a 300 réis cada exemplar. Vasco, e u m ato variado organizado a capricho, em benefício da família de Neno
Vasco.
3 4À página 15. informava: o Grémio Artístico Renovação realiza depois de ama- A 24 na sede da Aliança dos O. em Calçados e a 31 no Centro Cosmopolita,
nhã, às 20h30min., um festival em homenagem à obra de Francisco Ferrer, no às 20 horas, realizar-se-á festival pró-liberdade do companheiro José Leandro da
Teatro Municipal de Niterói". Outros festivais: da "Aliança dos O. cm Calçados e Silva.
Classes Anexos, 20-10-21,no Centro Galego,às 20h30min., pró-camarada M i c h e l " ; Nota: Todos os recibos, comprovantes da despesa acham-se em poder do
do Grupo de Propaganda Social, a l ? de novembro, pró-escola do Sindicato de O. camarada M . /anela, e podem ser examinados pelos interessados", (revistaReno-
V . de Marechal Hermes, no salão do Centro Galego; da "Caixa de Solidariedade de vação. Rio,ano l , n ? 3 - dezembro de 1921".)
SociaJ dos Empregados em Pedreiras, a 5 de novembro, em benefício da Caixa e
A2 Rcnova Jo.
i Rio de Janeiro - novembro de 1921.

244 245
> 1 pátria - R i o , 27-5-1922. Este mesmo j o r n a l , na ediçlo de 9-5-1922, anuncia-
4 3 por Carolina B o m ; 7 O Namoro a Cavalo, por Carlos Dias, 8 - Elpan. por Vi
va espetáculo na Resistência dos Cocheiros, pela "Escola Dramática A r t e e Instru- cente Llorca; 9 - Una resión clerical, por Carlos Dias; 10 - Un Terrible Ga
ção" e cm seu número de 13 de setembro o espetáculo da Escola Dramática Cen lego, por A n t o n i o Leite; 11 - Rebelião, recitado por Matilde Soares. A Pátria de
tenário. também na Resistência dos Cocheiros, em benefício de Cezar da Silva 18 )0-1923 reproduz artigo de Otávio Brandão publicado em " V o z do Povo", de
Sampaio. 26-10-1920: " A Revolução Social não se fará com Truões como Lenine, com Ta-
rimbei ros como Trostsky, nem com Caixeiros viajantes como Krasene".
4A A Pátria - Rio, 4 e 14-10-1922.
53 > 1 Pátria - Rio, 11-3-1924
4S A Pátria - 9-12-1922.
V a l e dizer que a autorização para a fundação do Museu Kropotkine concedida
S 4
4 6 SP - 4-11-1922.
durante o governo de Lenine não f o i respeitada por Stáline, este mandou fechá-la
a destruir seu acrevo.
47Pátria - Rio de Janeiro, 2-2-1923. A 22-2 do mesmo ano A Pátria divulgava Em razão do radicalismo soviético f o i reproduzido trabalho de Kropotkine
festa do Grupo Renovação no Sindicato da Construção Civil com o seguinte pro- anteriormente publicado sobre a revolução russa: " A revolução russa de novembro
grama: . _ . dc 1917 - diz o velho anarquista deu á Rússia um regime que é uma mistura dc
1 - Hino Revolucionário " A n a r q u i a " com orquestra por inspiração de forte Centralismo Comunista autoritário, (Babeuf) e do coletivismo estreitamente
Afonso Rodrigues; Centralista de Paker, que há quarenta anos, é conhecida pelo nome de "Marxis-
2 - Palestra de Carlos Dias sobre arte; m o " . E esta tentativa - é preciso reconhecê-lo - não correspondeu, de nenhuma
3 - Leão de Ouro - Sinfonia; maneira, as esperanças que sc alimentavam" E finaliza: "Atircmo-nos à obra com
4 - 0 Cavador - monólogo de Avelino de Souza; energia. E nos nossos grupos, nos nossos congressos, nos nossos sindicatos e nossas
5 - O Sol dos Livres canção libertária de Júlio Moreira e letra de Santos comunas, acharemos os elementos necessários para a construção de uma nova so-
ciedade, " u m a sociedade" de trabalho e de liberdade, livre do Capital do Estado e
Barboza;
do culto à autoridade".
6 - A Bomba - conto de Armando Ferreira;
7 - O Escravo - monólogo dc Clemente Torres;
8 - Os Filhos do Povo - pela orquestra; S S Trata-se do hoje famoso escritor e historiador Hélio Silva, trabalhando inten-
9 - 1 0 minutos em Esperanto; samente na A B I , pela Liberdade de imprensa, os Direitos Humanos c no Centro de\
10 - Ato Sultão - pela orquestra. Memória Social, na Universidade Cândido Mendes. (1983).

4 8 R i o , 29-3-1923. > b Sempre que íamos fazer pesquisas em São Paulo, Pedro Catalo era o ponto i
dc contato. F o i durante vários anos o elemento mais importante, o colaborador
Renascença - São Paulo, ano 1, n? 4 , revista mensal ilustrada, diretora: Maria
49
mais eficiente no levantamento da questão social no Brasil.
Lacerda de Moura, 36 páginas, 32x23. ao preço de 10$000 por ano. Catalo morava com o casal Cecílio Dias Lopes e Mana Valverde Dias, na
rua Cesário Galeno. 4 3 0 , bairro de Tatuapé. O seu quarto continha a mais uma
cama de solteiro, onde pernoitava sempre que ia à paulioéia, e foram dezenas de
S9A Pátria - Rio, 16-8-1923.
vezes que ali d o r m i e comi.
SI> 1 Pátria - R i d , 2-9-1923. Este jornal dc 5-9-1923 pubucava Brados de Revolta Durante essa íntima convivência conversamos longas horas sobre teatro
vindo da Casa de Detenção do Rio: " É triste lembrar-se agente que na Rússia tan- anarquista, com os artistas amadores Cecílio Dias Lopes, com Maria Valverde Dias
tas vezes chamada libertária nem sequer se pode clamar por mais pão. Os operá- e Pedro Catalo
rios que o ousaram fazer, em Kronstadt, Petrogrado, na Ucrânia e em Moscou, De Cecílio Dias Lopes e Pedro Catalo, já falecidos, guardo grandes recor-
foram desumanamente metralhados, e têm sido continuamente escravidos pelos dações. •
modernos 'Tzares vermelhos". Sua casa f o i durante muito tempo o " m e u h o t e l " quando ia a São Paulo.
"Assim os verdadeiros operários, os que aspiram de verdade a Liberdade, a A l i usufrui o aconchego dessa extraordinária família. A Maria Valverde Dias sou
infinitamente grato.
Igualdade de homem para homem, não poderão tolerar, jamais a propaganda auto-
Não posso esquecer também a valiosa ajuda dc Antonio Martins e João Per-
ritária que vos empolga.
digão Gutierrez, dois bons amigos e excelentes colaboradores.
Triste é vossa missão de apagar o brilho das ideias anarquistas! "Casa de
Detenção", Rio, 1-9-1923; a) Pedro M a u r i n i . "
5 7Pedro Catalo foi um grande amador, excelente ensaiador e escreveu c tradu-
5 2 - Rio de Janeiro, 27-9-1923. Este mesmo jornal de 3 de outubro fala de uma ziu várias peças. Pedro Catalo chegou a ganhar um prémio, no festival de Teatro,
Excursão a Petrópolis, registra muitos discursos, representação de uma peça pelo promovido pela Federação Paulista de Teatro.
Grupo Renovação, do Rio e um ato variado composto do seguinte: 1 - La Espero,
pela orquestra; 2 - Os maltrapilhos poesia revolucionária por Pilar Soares; 3 -
" K v i n m i n u t o y " em Esperanto por A . Vaz.; 4 Plutão, por Conceição Garcia; 5 - A r q . do a. Escreveram e/ou prestaram depoimentos sobre Teatro Social t
- A Lagrima, de Guerra Junqueiro, por Domingos Braz; 6 - Santa Lúcia, canto nosso pedido: Marques da Costa, José Romero. A n t o n i o Leite, A l b i n o Banos A n -
gelina Soares. Diamantino Augusto, Synval Borges. Elvira B o n i . Amílcar dosSan-

246
247
tos João Perdigão Gutierrez, Pedro Catalo, Manuel Marque-. Bastos, Sebastião Ba-
tista, Manuel Lopes. Antonio Corrêa. Maria Silva. Cecílio Dias Lopes e Mana Val- A Plebe - São Paulo, 1-9-1934. Neste número publicava Ecos do Nosso Festi-
61

verde, val: " A o nosso festival do dia 4 de agosto concorreram 762, pessoas, contribuindo
com a importância total de 1.141 $ 5 0 0 .
5 9 Cravina especializou-sc em fazer papéis de padre. As despesas foram de 545 $ 200
Saldo de 596 $300.
Nota: Ainda faltam algumas contribuições para receber, de camaradas que
- A o tempo, andar sem o chapéu na cabeça era um atentado aos costumes, um
se fazem demasiado demorados em saldar'suas contas".
escândalo. Nós anarquistas e naturistas começamos a andar de sandálias, sem cha-
Em sua primeira página sob a denominação Repartir não é igualdade. A Ple-
péu e fazer refeições de frutas nas quitandas.
be expucava:
6 1- O autor teve uma longa entrevista com António Fernandes, em sua casa no "Os lacaios do capitalismo fizeram u m escândalo com o fato de haver sido
I ngcnli» Novo e dele " h e r d o u " uma excelente coleção de obras clássicas do anar- preso, no R i o , um camarada que possuía alguns contos de réis.
quismo e valiosos apontamentos sobre ideias e teatro social. Isto prova que o anarquismo não é uma questão de ter ou não ter dinheiro;
é uma questão de justiça, de lioerdade. de amor e sentimento."

6 2 - O autor " h e r d o u " todos os apontamentos e documentos de Corrêa c Lopes.


N ã o se pode a f u .
6 8 .ategoricamente que os descendentes dos autores, porven-
6 - Maria Lacerda de Moura, na época a que se refere Amílcar dos Santos residia
3
tura ainda vivos e/ou familaires de militantes dessa época não guardem como "re-
em S i o Paulo. líquias de família" algumas dessas peças manuscritas. Mas não sabemos como en-
contrá-los. Só Paul Bertholot, antes de viajar em 1912 deixou três peças: Os Juí-
zes, O Grande Dia e Impossível Felicidade. Segundo carta de Neno Vasco e Ed-
O Sindicalista - Porto Alegre Resp.: Daniel Conde, ano 8, n? 7, 15 de no- gard Leueuroth de 7-1-1912, ficaram com Arzua, Medeiros o u C. A b r e u .
vembro de 1927. O distico deste jornal era: 'Trabalhadores! Sóis pequenos por-
que estais de joelhos. Levantai-vos!" Segundo o jornal O Libertário - Pono Ale-
gre, R. G. do Sul, ano 1, n° 2 - Grupo "Braço e Cérebro", a conferência versou ^Socialismo t Sindicalismo no Biastl 16751913. de Edgar Rodrigues, Rio de
sobre "Ferrer e a sua O b r a " e o produto da venda das entradas reverteu em bene- Janciio
fício da imprensa anarquista.

A Plebe - São Paulo, 25-3-1933, nova fase, n ° 18. Neste número "recomenda-
bS Echo Operário Rio Grande do Sul. 7-9-1897.
vam-se os seguintes l i v r o s " : O Anarquista, de P. K r o p o t k i n e ; / ! Guerra Ovil em
São Paulo, de Florentino de Carvalho;/! Conquista do Pão, de Kropotkine,Servi- 1X Echo Operário Rio Grande do S u l . 21-11-1897-.
ço Militar Obrigatório Para as Mulheres?" Recusome\ de Maria Lacer-
da de Moura; Contra a Perpetuidade do Erro e da Mentira, de Carlos Dias. Publi- 120 Amigo do Povo - direção: Neno Vasco. 2-8.
cava carta do seu diretorgerente Rodolfo Felipe preso no Presídio Político do Pa-
raíso, e O Que é o Anarquismo? e explicava: "Os anarquistas querem uma socie- N ã o registramos os espetáculos incluídos na obra Trabalhadores Italianos no
7 3

dade sem governo nem leis constituída por federações de trabalhadores que pro- Brasil, do autor.
duzam segundo suas capacidades e consumam segundo suas necessidades;
- uma sociedade onde toda a terra e suas riquezas sejam de todos os tra- O Amigo do Povo - SP.. 20-9-1902. Neste número além de publicar cm " F o -
balhadores; l h e t i m " , O Mestre, entreato dramático de R. RousselJe encerra comentário da fes-
- uma sociedade sem opressão das massas trabalhadoras por uma minoria ta anarquista: venderam-se folhetos e jornais e alguns camaradas distribuíram gra-
de ricaços egoístas; tuitamente " F r a C o n t a d i n i " , de Malatesta, sobretudo pelos numerosos compa-
- uma sociedade sem dinheiro, instrumento dos agiotas; nheiros presentes e pelos estranhos à anarquia.
uma sociedade sem policiais, prisões, sem miséria, sem ditaduras; Os camaradas divertiram-se e fez-se propaganda.
- uma sociedade onde o indivíduo desenvolva livremente sua personalidade No Bom-Retiro a festa correu também magnífica e concorridíssima.
no trabalho, na ciência, nas artes. Venham mais."
Se desejas também isso, és anarquista. I.studa o anarquismo e procura os
centros anarquistas. Verás então como se pode chegar a isso". 1S 0 Amigo do Povo - 16-5-1903, ano 2,n? 26.

A
6b Plebe - São Paulo, 18-8-1934. Neste número anunciava "piquenique, promo- 7 6/ l Lanter - anticlerical - direção de Benjamim Mota, 26-12 - SP.
vido por este j o r n a l " e Festival do Grupo O Semeador no Saláo da Sociedade Hes- Neste ano de 1903, nasceu no Rio de Janeiro, na sede da Associação Auxi-
pano Americana. Recomendava: "Boas Leituras A Dor Universal, de Sebastião liadora dos Artistas Sapateiros, na Rua dos Andradas, 87. o primeiro Grupo de
Faura; Verdades Sociais, de J . C. Boscolo, A Razão Contra a Fé, de Benjamim Mo- Teatro Social, ganhando então o nome de Grupo Dramático Teatro Livre.
ta; Ferrer - O Clero Ronwno e a Educação Laica, de Maria Lacerda de Moura e
77
Abusos e Erros do Catolicismo, dõ Abade João Merlicr.
O Amigo do Povo - anarquista - direção, Neno Vasco, 23-7 - SP.
I

248 249
Neste j o r n a l anuncia-se Greve de Ventres de Luis Bulffi, "meios práticos para evi-
0 Amigo do Povo - 23-7 - SP. No dia seguinte, 24-7-1904, O Livre Pensador.
tar as famílias numerosas", Floreai, drama social em 3 atos, em francês, de J . P.
7 8

direção de Eveiardo Dias. comentava desfavoravelmente o drama cm 4 atos blvi Chardon, acompanhada de crítica de peça. E, em 28-6, o mesmo j o r n a l anarquista
ra. a Monja, de Nathanael Pereira. anunciava Os Esmagados, peça em u m ato, por Eduardo Potnem.
La
19 Bataglia - 3-7. Anunciava ainda "Porque somos Anarquistas", de Seveno
Merlino. No seu número de 7 8, comentava a fundaçSo da Universidade Popular 95
no Rio dc Janeúo. La Bataglia - 8-7 - SP. Preço para homens 1 $ 0 0 0 . Mulheres e crianças grátis.
A Terra Livre também noticiou o espetáculo.

*°Ia Bataglia São Paulo. 30-10. n? 18. 96>


A Terra Uvre - 22-9; SP. Anunciava ainda a conferência na Rua do Gasómetro,
5 4 . Novos Rumos, 19-9-1906, do Rio de Janeiro publica Estatutos do Grupo Dra-
/ . j Bataglia
8 , SP.. 4-12. Os "ingressos custavam 1$500. La Bataliga de 27/11 mático l e a t r o Social. A Nova Era, j o r n a l anarquista, direção: Avelino Foscolo -
anunciava subscrição Prô-Scuola Libertaria Germinal e cm 11 -12-1904 anunciava Tabolciro Grande, Minas Gerais, 11-11-1906. dispensa duas páginas á peça O Se-
Deus e Materialismo a 200 réis. meador, drama revolucionário, de autoria do próprio diretor de A Nova Era.
97
82 /\ Bataglia 26-2. A Terra Uvre - 23-2; SP. E m nota final: " C o m o produto líquido desta festa
será publicado u m número único. Os bilhetes podem adquirir-se nesta redação".
La Bataglia - 9 4 . Propagava ainda "Escuda Nucva" e anunciava festa em bene
%3
La Bataglia de 3 de março também anunciou o espetáculo e os nomes dos respon-
fício de La Bataglia e de Scuola Germinal c os seguintes locais de venda de ingres- sáveis pelo desempenho dos papéis. Total 6 personagens.
sos: Cambuey - Tcbaldo Sodoni. rua do Lavapcs. Bras - Silvio Brunelli. Largo da
Concórdia 14; Bom Retiro - Scuola Germinal,«roa Imigrantes, 185; Ato Grnfro - 98 t*
Tobia Boni. rua São João IZ.Al Café deli Arno - Rua São João 3 c Ponte Peque A Terra Livre - 1 5 4 ; SP., E m nota final: " A s mulheres e crianças acompanha-
na - Rcdazionc delia Bataglia. Av. Tiradentes. 164. das não pagarão entrada". Na página 3, Uma explicação, dirigida a Neno Vasco pe-
lo Grupo Dramático de Teatro Social, assinada por Ulisses Martins, amador, acla-
84O Livre Pensador - 1 9 4 . direção: Everardo Dias, SP. O drama João José tinha rando notícia sobre ensaio da peça O Infanticídio, de Mota Assunção.
16 personagens em seu elenco, 5 mulheres c 11 homens. 99
A Terra Uvre - 15-6 (agora c o m redação no Rio de Janeiro, à rua Sete de Se-
8 S f ? Chapeleiro anarco-sindicalista. 16-6 SP. temnro, 7). O espetáculo teve lugar no dia 1? de maio.

La Bataglia j u l h o dc 1905. Neste número anunciava para o dia 9, no Salão do


86
4 Terra Uvre - anarquista. 22-6-1907. Gerente no Rio de Janeiro: José Ro-
, 0 0

Liceu Espanhol, rua do Gasómetro. 5 4 . duas festas dramáticas, a-primeira com o mero. E m 30-6, 7-7 e 14-7, A Terra Livre continuou a anunciar o espetáculo. E m
drama em três atos de I clipe Morales / Cospiratiea segunda em benefício de <4u Santos, no "Festival artístico, na sede da Federação Operária precedido de pales-
rora (revista dirigida por Neno Vasco) no Salão Alambra. tras de Serafim Sole, Eládio C. A n t u n h a e Ramos Gens, as meninas Mercedes Rios,
Maria Pilar Moura e Ida Somoni, recitaram os Leviatans. Evangelho Novo, O Pás-
6 1 la Bataglia - Anarquista em idioma italiano - 18-7 - SP. saro Cativo, Volta ao Lar, O Garoto das Ruas.
Encerrou o espetáculo o menino de 8 anos, Severino Gonçalves A n t u n h a ,
recitando Dor Humana, do poeta e anarquista português Angelo Jorge.
Bataglia - 3-9 - SP.
A Terra Livre - Rua Sete de Setembro, 7 - Rio de Janeiro, 27 de j u l h o .
/ . a Bataglia - 3-9 - SP.
101
89

i 4 Terra Livre - 18-8, Rio de Janeiro, E m seu número de 4-8, inseria um co-
l.a Bataglia 30-9 SP.
I 0 2
90

mentário, a duas colunas, intitulado " A Nossa Festa", exaltando o sucesso do dia
La Bataglia - 17-12 - SP. Anunciava ainda o preço de 1$000 para homens
9 1
14 de juUio no Centro Galego. "Sem pretender apreciar o trabalho dos demais
amadores, já conhecidos - escreve C M . - impressionou-me a jovialidade de voz
Mulheres: entrada grátis.
e a naturalidade dos gestos da menina Pilar, de quem se esperava pouco. Decidi-
A
92 Terra Livre - jornal anarquista direção: Neno Vasco - 17-2 - SP. La Ba damente o camarada Portas tem em casa u m viveiro de futuros artistas, porque Ta-
tá e o Armando, que sempre trabalharam no Mestre, são u m verdadeiro encanto."
taglia. de 18-2. também noticiou o espetáculo.
Por sua vez A Terra Livre, de 28 de Setembro, publica o balanço " f e s t i v a l "
do dia 14 de j u l h o .

93 La Bataglia 2 2 4 . SP. I 0 3 4 Terra Livre 15-9 Rio de Janeiro.


4 Terra Uvre - 13-6; SP. Crimen Jurídico estreia pela I vez. sábado 23 de
A Terra Livre - 15-9
9 4 a
l04 Rio de Janeiro. O preço dos ingressos era dc 1 $ 0 0 0
j u n h o ! ás 20h30min. A ação passa-sc nos I stados de São Paulo e Mato Grosso
réis cada.

251
250
l.uta
x20 Operária ( 2 época). Órgão da Federação Operária do Estado de São
a

Paulo, 9-5-1908. E, cm nota dirigida aos operários, no final do programa: "Não se-
/ 4 Terra Livre - 5-10 - Rio dc Janeiro.
jais surdos ao nosso a p c » . Façam o possível para que a manifestação do dia 16 de
, U 5

E m outubro de 1907 sobressaíam ainda O Jubileu, peça de Avelino Fosco-


Maio resulte digna do b r » e da dignidade do proletariado paulistano."
lo, publicada em capítulos no jornal A Nova Era - anarquista - Taboleiro Grande
Minas Gerais, e sua representação naquela localidade mineira. Já em 1902. o
prof. Sabino de Paula Freitas em " O Crepúsculo" comentava: "Teatro - A feliz X2 1 IM Bataglia 14 2 São P a u » .
ideia de se fundar e levantar aqui uma casa de teatro, correspondida por todos,
pois que tem revelado nisso a melhor vontade possível. l22 l.a Bataglia - 14-3 - São P a u » .
Graças ao esforço de Avelino Foscolo, em p r o l da construção do teatro,
têm-se conseguido, por seu intermédio, muitos donativos."
"Avelino Foscolo, o libertário mineiro, fundou, com amadores locais que ' " í °l. ° V d 1° de Maio - Rio de Janeiro, cm comentário na se-
T r a b a l h a d o r

gunda página avisa-se: "O... Amanhã repete-se hoje c esperamos que não seja pela
incentivou, o O Clube Dramático Libertário, que passou a funcionar no prédio do uiuni.i vez . M .
teatro por ele também fundado e construído, graças a u m movimento dc solidarie-
dade financeira iniciado para esse f i m , organizando ali uma excelente biblioteca
A
X2A Voz do Trabalhado,-órgão da Confederação Operária Brasileira Rua do
social. H o s p i c » . 144. sobrado. I dc M a » Rio de Janeiro.
o

Neste teatro levou à cena, além de suas peças, drama revolunionário e anar-
quista Gaspar, o Serralheiro. (Socialismo: U m a Visão Alfabética - E. Rodrigues - 1 2S 1M Bataglia jornal anarquista em idioma italiano, 2 de M a » SP
Rio - 1980).
«n.,„o ^ ?> . * > <*e Everardo Dias, da 2 quinzena de junho
PeAnS(U or d i í e a

anuncia o ensaio do drama Treva e Luz. de Luiz A. de Azevedo Marques, por um


106 A Terra Livre - 27-10 - Rio de Janeiro. grupo de amadores.

101 A Ponte - foi representada pelo " c o r p o cénico do Centro Galego". T . L .


126 A Voz do Trabalhador - 1° de Maio. R » de Janeiro.
>o«Anuncia-se ainda: " E m ensaios - o drama de Mirabeau - Os Maus Pastores. A se-
guir o drama de Guedes Coutinho (socialista português, residente em Porto Alegre 121 La Bataglia - 19 de Setembro São Paulo.

- R.GS.) - Carlos. A Terra Livre. 21-10 - Rk> deJaneiro. 128


La Bataglia 17 de outubro - São Paulo.
E m nota: "Os bilhetes de ingresso a 2$ 000 encontram-se á venda no lugar de
, 0 9

costume." A Terra Livre. Rio - 26-11-1907. A Terra Livre - 19 deJaneiro - São P a u » . ,4 Lanterna, de 22 de janeiro tam-
bém publicou a notícia. E m seu número de 5 de fevereiro A Lanterna registava a
formação do Circulo Instrutivo Dramático recreatico - A Juventude livre
A o dobrar de 1907, A Terra Livre abre suas páginas aos comentários sobre re-
, , 0
com sede à Rua Cel. Xavier de Toledo. 58.
presentações operárias.
130 A Lanterna 2 de A b r i l São P a u » .

11X A Terra Livre 12-11-1907 - R » deJaneiro.


JÍ tf**"** ~ nticlerical e libertária - dir.: Edgard Leuenroth
a 30 de abril
São Paulo.
XX2 A Terra Livre - Rio de Janeiro, 20-12-1907.
La
X32 Bataglia - 3 de m a » - SP. A Terra Livre, de 1? de m a » , anunciava a re-
113 A Terra Livre - 9-1 - R » de Janeiro. presentação de duas peças e conferência de Benjamin Mota, em favor da F.scola
Moderna, la Bataglia, de 4 de setembro, informava que o Grupo Libertário do
114 A Terra Livre - 25-1 - R » de Janeiro. Braz, com sede na Av. Rangel Pestana, 207, convocava "reunião para tratar da fes-
ta que será realizada dia 13 de dezembro, no Teatro Colombo, em benefício da
11S A Terra Livre - 9-1 - R » de Janeiro. Scuela Moderna".

116 A Luta Proletária - 1-2 - São P a u » . ' R o m u a W o de Figueiredo incluiu no seu repertório muitas peças levadas à cena
3 3

pelos anarquistas do Brasil e de Portugal.

117 A Terra Li ire - 26-2 - Rio de Janeiro. X34 A Lanterna - 7 de janeiro - São P a u » .

A
1X8 Terra Livre - 26-2 - Rio de Janeiro. Este número anunciava a peça OIn- X3SA Lanterna Largo da Sé, 5 - sobrado - 1? de abril - São P a u » .
fanticicio. de Mota Assunção, a 6 0 0 réis.
A
X3b Lanterna 27 de maio. São P a u » . La Bataglia, de 4 de j u n h o , anunciava
119 A Terra Livre - de 26-2 e 14-3 - Rio de Janeiro. também o mesmo espetécu».

253
252
A lanterna - 4 de novembro Sáo P a u » . E m 18 de julho La Bataglia anun-
A Guerra Social - j o r n a l anarquista do Rio de Janeiro, 12 e 26 dc o u t u b r o ,
cia a formação do grupo libertário " A u r o r a e Libertas", com sede à Rua Rubino
encimava o programa teatral: "Os nossos amigos que em São P a u » formam o Gru-
de Oliveira, 38, no Braz, São Paulo. po Anarquista Guerra Social, organizaram uma festa de propaganda e cujo produ-
to reverterá em favor do jornal. Para éla chamamos a atenção daqueles que na pau-
A Lanterna - 4 de novembro São P a u » . No numero segumte repetia propa- licéia se interessam pela vida da G . S.". A Lanterna, de 19 de o u t u b r o , e t a Barri-
ganda e anunciava para dia " 2 6 em Jundiaí, no teatro local, a representação de um cata, de 31 de o u t u b r o , também deram a notícia do espetáculo e anunciava l.e
drama social e conferência". Dichiorazion, de Georges Ebevant, e a comemoração da Escola Moderna.

139 I A Bataglia 5 de novembro São P a u » . A


156 Lanterna - 30 de novembro de 1912 São Paulo. Neste número anuncia-
va-se Obras da Escola Moderna, de Barcelona, "Greve de Ventres" e outras obras
140 - libertárias. E m 4 de janeiro de 1 9 1 3 , 4 Lanterna repetia a mesma notícia.
A Lanterna de 9 de novembro e 23 de dezembro - São P a u » . Nesta festa,
foi rifado um retrato de Pietro C o r i e prestada lw menagem ao soldado Caetano
Masctti que num gesto extremo de protesto contra a guerra atirou contra um A
XS1 Lanterna 14 de abril São P a u » . La Barricata - Germinal (jornal com
oficial. dois títulos) de 13 de abril também deu a notícia do espetácu».

- 4 lanterna
| 4 , de 30 dc dezembro de 1911 e de 6 de janeiro de 1912, São Pau- / 4 Lanterna - 10 de maio
1 S8 SP. Anunciava também para o dia 13 de m a » , no
lo ( I produto desta festa reverteu em benefício da F.scola Moderna e para " m a n - Rio de Janeiro, conferência de José Oiticica, promoção do recém formado " G r u -
dar vir as obras de Pedro G o r i " . po de Estudos Sociais". E m 24/5 repetia o anúncio do espetáculo.

141 A Lanterna - 13 dc janeiro São Paulo. La Barricata - 20 de julho


1 S9 SP. De Santos publicava a notícia da formação
do " G r u p o Anarquista Renovação" tendo como sec. Mauricio de Andrade e sede
na rua Amador Bueno. 249. A Lanterna, de 2 de agosto, repetia a notícia.
l 4 3 < 4 Lanterna 13 de janeiro São Paulo.
D a d o s extraídos do prospecto dc propaganda do espetáculo. cm poder do
, 6 0
A Lanterna - dc 2 e 16 de março
1 4 4 São P a u » . Neste mesmo j o r n a l anum
autor.
se "Medalhas de Ferrer" a 1SO00, chegados da Furopa e a revista Argei
"Francisco Ferrer", n? 15 e 17. A
i61 Lanterna 9 de agosto - SP. Publicava ainda notícias do Rio de Janeiro:
145 Grupo Dramático Cultura Social, recém-fundado, com sec. Jose Alves, " v a i dedi-
La Bataglia - 16 de março São P a u » . A Lanterna, dc 2 e 23 de março, tam- car-se às representações teatrais e à propaganda dos ideais de emancipação huma-
bém dá esta notícia. n a " , e no dia 6 de setembro realizará "velada de propaganda" dedicada aos delega-
dos ao 2? Congresso". O " G r u p o Dramático A n t i c l e r i c a l " , informa reunião em
146 A Unterna 27 de abril São P a u » . sua sede á Av. Marechal Floriano, 112 2?, para a leitura de um drama a ser bre-
vemente representado".
/ 4 Guerra Social - Periódico Anarquista
, 4 7 Rua do Senado, 196 Rio de A Xb2Lanterna - 18 de outubro - São Paulo. A lanterna, de 1 c 8 de novembro,
Janeiro', 14-4 e 1-5-1912. repetia o anúncio e publicava No Oreo, d o teatrólogo-anarquista mineiro Avelino
Foscolo.
, 4 8 / t Guerra Social 14 de abril de 1912.
l63A Lanterna - 8 de novembro São P a u » .
l49 I.a Bataglia - n? 352 - M a » de 1912 São P a u » .
> 1 Lanterna - 8 de novembro
1 6 4 São Paulo. A Lanterna, de 15 de novembro,
1 S0 A Unterna 9-6 - São P a u » . publicava extenso comentário sobre o espetácu» realizado pela Liga Anticleri-
cal no Centro Galego, Rio deJaneiro.
La Bataglia - 12 de agosto
1 5 1 São P a u » . Anunciava também o Uvro de Pedro
Kropotkimc - La Grande Revoluzioni. 165 A Lanterna - 6, 13 e 27 de dezembro São Paulo.

1 * A Lanterna
2 7 de setembro São Paulo. 166 A Lanterna 6 de dezembro - n? 220 - São Paulo.

- 4 Lanterna
1 5 3 7 de setembro São P a u » . A lanterna, de 14 de setembro 167
também comentou o espetáculo. A Lanterna - 8 de dezembro São Paulo.
i
A lanterna 8 de dezembro São P a u » .
A Lanterna 28 de setembro São P a u » . La Barricata, anarquista, sob a d i -
168
1S4

reção de Gigi Damiani, sucessora de la Bataglia. de 29 dc setembro também anun-


lb9A Lanterna - 20 de dezembro São Paulo. Avisava ainda que os "convites"
cia o espetáculo.

254 255
encontravam-se à rua dos Andradas, 87 - 1^ andar, e à rua dos Arcos, 62 (salão
de barbeiro)./! Lanterna, de 3 de janeiro de 1914, repetia o anúncio. Alba
192 Rosa - 5 de agosto - São Paulo. A Plebe de 9 e 21 de agosto também
anuncia o espetáculo - saldo positivo: 2 6 5 $ 4 0 0 .
110 A Lanterna - 3 de janeiro - São Paulo.
Germinal - periódico libertário, ano 1, n9 23, de 20 de setembro de 1919 -
x 9 3

11X A
Lanterna - 3 de janeiro - Sáo P a u » . São Paulo.
' i i i . . . . i i i 194 *.
'A
172 Lanterna - 28 de fevereiro - São Paulo. O espetácu» mereceu um longo A Plebe - j o r n a l anarquista - direção de Edgard Leuenroth - 21 de setembro,
comentário. No final foi apresentada "aos presentes a camarada Joana Buella e seu São Paulo.
companheiro de passagem p e » Rio de Janeiro".
X9S A Plebe - dc 7 e 21 de fevereiro, São P a u » .
A Unterna de 21 e 23 de março - SP. Em 4 e 11 de abril, A Lanterna con-
1 s* ri
173

tinuava a .inun« tar •> espetácu».

A Patuleia - jornal anarquista - 7 de fevereiro. * * o Paulo.


114 A Lanterna I n , . ' : de abril São P a u » .

11S A Unterna 18 e 25 de abril São P a u » . x9n A Plebe - de 21 e 28 de fevereiro e 6 e 20 de março, São Paulo.

1 1 6 A Lanterna - 4 de julho - São Pauk> 198 A Plebe - 10 de abril - São Paulo.


Alba
199 Rosa - 1 de maio - São Paulo. A Plebe, de 8 de maio, também anuncia-
y 4 Lanterna - 4 e 11 de j u l h o - São Pauh> So número de 5-9-14 registra o
1 7 7 va o espetácu».
resultado de um espetácu» libertário no Teatro Politeama, de Poços de Caldas, 2 °A Plebe - de 8 e 15 de m a » - São P a u » . O número de 8 de maio anuncia o
Minas Gerais realizado pela Liga Operária Internacional-- Receita - 1 3 5 $ 0 0 0 . 3? Congresso Operar» Brasileiro e a confirmação do anarec-sindicalismo como
método de luta, aprovado nos congressos de 1906 e 1913.
' *A n Lanterna - 26 de setembro - São P a u » .
201A Plebe - 29 de m a » - São P a u » .
119 A Lanterna 21 de novembro - São P a u » .
202A Plebe 29 de maio - São P a u » .
, 8 0 / l lanterna 19 de dezembro - São P a u » .
A Plebe - 3 e 10 de julho - São P a u » . Anunciava ainda que "já foranr distri-
203

buídos os bilhetes para o festival da União dos Trabalhadores Gráficos no dia 10


I 8 , / 1 Lanterna 19 de dezembro de 1914 - São P a u » .
do corrente"
X82 A Lanterna - 31 de janeiro 1915 - São P a u » . 204
Dados extraídos do prospecto de propaganda do espetácu» em poder do
•A Lanterna 31 de janeiro - São Paulo. autor.
A
20S Plebe - 17 de julho - São Paulo. Neste número anunciava-se: O que que-
1 8 4 D a d o s extraídos do prospecto de propaganda em poder do autor. rem os anarquistas, folheto a $ 200 e Jesus Cristo era anarquista, do camarada
Everardo Dias".
185 A Lanterna - 10 de julho - São P a u » .
/ i Plebe - 31 de j u l h o - São Paulo. Este jornal anarquista anunciava ainda:
2 U o

186A Lanterna 10 de julho de 1915 - São P a u » . Grande reunido.


O Centro f e m i n i n o "Jovens Idealistas" convida a todas as companheiras,
A
X61 Lanterna- 15 de abril de 1916. SP. Nos anos de 1917e 1918,a luta travou- sociais o u não, a assistirem a grande reunião de propaganda que se efetuará domin-
se na praça pública, contra o custo de vida, falta de géneros ahmentfeios e o de- go, 1 de agosto, às 19 horas, à rua J o l y , 125, São Paulo". A Plebe de 7 agosto re-
semprego. petia o anúncio.

A Plebe - 31 de j u l h o - São P a u » . É bom esclarecer que O Vagabundo e


A Lanterna - 1 de novembro de 1918 - São Paulo.
2 0 1
X88
Amanhã, são o mesmo drama, de autoria do dr. Manuel Laranjeiras, médico por-
tuguês. O espetácu» (segundo A Plebe, de 7 de agosto) realizou-se no "Cinema
169 A Plebe - 22 de fevereiro - São P a u » . E r o s " em 1? de setembro, à rua Piratininga, esquina com Coronel Mursa". O
anúncio continuava em 14 de agosto.
190 A Plebe - 15 de março - São P a u » .
208 A Plebe - 7 de agosto - São Paulo.
191 A Plebe 12 de abril - São Paulo.
209 A Plebe 7 de agosto - de São P a u » .

256
257
A
2X0 Plebe 14 dc agosto - São Paulo. Neste mesmo número anunciava o pan-
fleto: O pais para onde se não deve emigrar, do anarquista expulso Luiz (Gigi) A
2ib Plebe - Sào P a u » , 13 de novembro. Repetia--*- neste número a lesta Pró
Damiani. A Plebe, de 2S-9, continuava a anunciar o mesmo programa, contendo A Vanguarda, no "Parque Sào Jorge".
informações mais detalhadas do espetáculo.
A Plebe - Sào Pauto, 27 de novembro. A Plebe, de 16-12, continuava anun-
2 2 1

211 A Plebe 21 de agosto - Sâb Paulo. ciando o espetáculo.

2l2 A Plebe - 28 de agosto - Sáo P a u » . Em 4 de setembro. A Plebe, continuava 2 2 8Voz do Povo - Rio, 3 de dezembro. O j o r n a l anarquista "Renovação", ano 1,
a anunciar o espetácu». n? 1?, direção: Maneio Teixeira, de 16 de dezembro, anunciava o espetáculo "Pró-
E dg ar d L e u e n i o t h , no Centro Calego, Rio.
213 Voz do Povo - Red. rua da Constituição, 12 diário anarquista, d o Rio de
Renovação - "Quinzenário Sindicalista e Comunista-Anarquista" - Adminis-
Janeiro, 4 dc setembro.
229

trador: J . Freitas - Rio, 16 de dezembro.


2,4 A Plebe 4 dc setembro Sào P a u » .
" Vozxs do Povo - diário anarquista - Rio, 9 dc setembro. Voz do Povo dc 13 dc 230 A Plebe - Sào Pauto. 25 dc dezembro.
setembro, comentava o êxito do festival.
A
231 Plebe - Sào Pauto, 6 de janeiro. A Plebe, de 15 de janeiro continuava anun-
2 , 6 M a r i a Antónia Soares. Na data que escrevemos esta obra ainda vive no R » de ciar o espetáculo.
Janeiro - 1981.
A
232 Plebe - 6 de janeiro Sào Pauto. Vibrante manifesto de protesto aparecia
2X1 A Plebe - Sào P a u » , 11 de setembro. O Vagabundo é a mesma peça que apa-
neste número sob a responsabilidade do " C e n t r o Libertário"; " G r u p o Cultural
rece com o título Amanhã Social"; " G r u p o os Revoltados"; e "Centro Feminino Jovens Idealistas". Em 22
de janeiro A Plebe voltava a falar do mesmo festival.
A
2Xb Plebe Sào P a u » , 18 de setembro A Plebe, de 25-9, anunciava também
"Festa Pró O Internacional, periódico dos empregados em noteis, restaurantes,
233 A Plebe Sào Pauto, 22 e 29 de janeiro e 5 e 12 de fevereiro.
confeitarias e bares. F m 2 de o u t u b r o , A Plebe continuava a fazer propaganda do
espetácu» Próvl Plebe, no Salão Celso Garcia. A Voz do Povo, diário anarquis-
234 A Vanguordn - d i á r » anarco-sindicalista. São Pauto. 1 de março.
tas d o Rio de Janeiro, de 10 de o u t u b r o , também anunciava o espetácu» Próv4
Plebe. A
23S Vanguai la - diário dos trabalhadores - São Pauto, 5 de março, redação:
2194 A Plebe Sào P a u » , 2 de o u t u b r o . rua 15 de Noven.' -o, 59. Anunciava também o folheto " A Peste Religiosa", de
João Most, 300 réis. A Plebe, dc 5 de março, também anunciou este espetáculo.
2 A Plebe - Sào Paulo, 9 de o u t u b r o . Neste número anunciava-se a reedição
X 6 b

da comédia de Neno Vasco, O Pecado de Simonia c o festival Pró A Plebe do dia


2 0 Grupo Teatral Ala Jovem Anarquista, compunha-se de Maria Silva Lorenzo,
3 6

12 de outubro no Salão Celso Garcia.


nascida no Uruguai em 1897 (veto para o Brasil com 3 anos); Ricardo Pinheiro
(poeta, teatrótogo), português; A n t o n i o Matos, português; José Garrido, espanhol;
2i9 Voz do Povo - Rio, 17 de o u t u b r o . José Dieguez, espanhol e outros militantes libertários. Informe de Maria Silva Lou-
renzo, o u t u b r o de 1981 com ajuda de Rafael Fernandez.)
H j f do Povo - Rio, 22 de o u t u b r o .
231 A Vanguarda - 27 de março São Pauto.
2 2 1 Voz do Povo - Rio, 22 de o u t u b r o . F m 29 de o u t u b r o . Voz do Povo, conti-
nuava a anunciar o mesmo espetáculo. A
23% Vanguarda - diário dos trabalhadores - São Pauto, 29 e 31 de março, e
A Plebe, de 9 de abril. A Vanguarda, de 27 de abrd comentou a festa.
2 2 2 Voz do Povo - R i o , 22 de o u t u b r o . Nesta época Octávio Brandão ainda «
dizia anarquista. A
239 Vanguarda - São Pauto, 6 de abril. A Plebe, dc 23 de abril também anun-
ciou o espetáculo.
> 4 Plebe - Sào P a u » , 23 de o u t u b r o . Neste número anunciava-se "festival em
2 2 3

benefício dcA Vanguarda, dia 21 dc novembro, no Paniuc São Jorge. Na A Plebe. 240 'A Plebe - São Pauto, 9 de abril.
de 27 de novembro, continuava a falar deste espetácu».
2 4 X A Plebe - São Pauto. 9 dc abrU.
A
224 Plebe - Sào P a u » . 20 de novembro. Na A Plebe, dc 23 de o u t u b r o , este
242 A Plebe - São Pauto. 30 de abril.
espetáculo foi anunciado para 11 o u 13 de novembro.
2 0 Trabalho - órgão da União Operária do Paraná, ano 2, n? 22, 28 de m a »
4 2 <

de 1921. Anunciava também Sociedade Futura, livro do anarquista francês, Jean


i 2 S Voz do Povo R i o , 7 de novembro. Grave.

259
258
A
243 Plebe - 11 de j u n h o , Sào Paulo. Neste número lalava -se do festival dos Tra- vaus do f u t u r o " Largo do Kiachuck), bb.
Correspondência para Souza Passos.
balhadores em Construção Civil, no Centro Galego, a realizar no dia 12 e não 11 A Plebe, de 26 de agosto, também anunciou este espetáculo.
como fora anunciado.
A
2bi Plebe Sào Paulo, 23 de setembro. Neste número anunciava também a
A
244 Plebe São Paulo, 18 e 25 de j u n h o . Anunciava também festival no dia 2 "festa dos gráficos" e conferencia de Maria Lacerda de Moura. A Plebe de 21 dc
de j u l h o , promovido pela União dos Empregados em Padarias. outubro continuava a anunciar o espetáculo acrescido da conferência dc f l o r e n -
tino dc Carvalho. A Plebe, de 4 de novembro, publica dois comentários na 4?
2 4 5Solidariedade - Rio de Janeiro, número único - 12-10-1921. página sobre este espetáculo e fala da conferência no Rio de Janeiro, na sede da
Construção Civil, pelo dr. lábio Luz, no dia 12; comenta-se conferência de Carlos
24b A Plebe São Paulo, 15 de o u t u b r o . Dias em 13 de outubro e de Domingos Passos em 1? do corrente, e festival pró-O
Trabalho, a ser realizado na sede da Resistência dos Carroceiros, Cocheiros e Clas-
247 A Plebe - São Paulo, 18 de março e "Novos R u m o s " , de Edgar Rodrigues. ses Anexas no Rio, a 18 do corrente.

2 4 8 U Pleoe - São Paulo, 30 de março. 262 A Plebe Sào Paulo. 4 de novembro.

249 Ú Libertário - São Paulo. 1? de abril, ano 1, n? 6 - Rua Henrique Dias, 7 2 . A


2b3 Plebe São Paulo, 18 de novembro. Anuncia-sc ainda o livro "Contra a
Perpetuidade do Erro e da Mentira", de Carlos Dias. A Plebe, de 2 de dezembro,
A
2S0 Plebe - São Paulo, 1 e 15 de abril. Anunciava-se ainda a fundação da Fede- anunciava a festa dos Sapateiros e Conferência dc Maria Lacerda de Moura i n t i t u -
ração Internacional Feminina, por iniciativa da escritora Maria Lacerda de Moura. lado: " A Fraternidade na I scola"
Nesta mesma oportunidade a Escola dramática Centenário, do Rio, realiza festivai
no Centro dos Cocheiros em beneficio de José Bento da Silva. 2b4 A Plebe São Paulo. 2 de dezembro.

A
251 Plebe - 10 de j u n h o . São Paulo. Neste número anunciava-se a formação do . 4 Plebe
2 6 5 19 de dezembro. Neste número anunciava-se para o dia 17 de janei-
" G r u p o Regeneração Social", com sec. de correiondéncia Jesus Martins e sede na ro, no Salão l.eale Obcrdan, festival artítisco-sociai, promovido pelo Centro Femi-
A v . Celso Garcia, 254-A - São Paulo. N o R i o de Janeiro O Trabalho, de 1-7-1922, nino dc Estudos. A Plebe, de 30 de dezembro anuncia para " h o j e " o espetáculo.
também anunciva o espetáculo. Nesta " l e s t a " , durante o baile, f o i assassinado covardemente o operário sapateiro
c anarquista Ricardo Cippola, pelo alcaguete da polícia Indalécia Iglesias.
A
2S2 Plebe Sáo Paulo, 30 de abrU e "Novos R u m o s " , de Edgar Rodrigues. Na
Pátria, de 12-4-1922, fala deste espetáculo como ralizado pela Escola Dramática 2bb A Plebe Sào P a u » , 2 de dezembro de 1922 e 27 de janeiro de 1923.
Centenário em benefício do cocheiro José Bento da Silva.
O
2bl Trabalhador Gráfico São P a u » , ano 3, n? 12. dc 14 de fevereiro | pá-
J

2S3 A Pátria - R i o , 25 de maio e "Novos R u m o s " , E. Rodryues. gina. ' ' *

A Plebe - São Paulo, 24 de j u n h o . Anunciava-se ainda a formçaao do " G r u p o


A Plebe São Paulo. 17 de fevereiro. Na A Plebe, de 24 de fevereiro, o drama
254
2bS
Tlteatro Social".
Em Guerra era substituído por O Vagabundo
2 54-fi
A Patria - Rio, 9 e 10 de j u l h o e "Novos R u m o s " , de Edgar Rodrfcues. A Plebe São Paulo, 17 de fevereiro. Anunciava-se a publicação de Hinos e
Cânticos Libertários, iniciativa do " G r u p o Propaganda Social".
2 5 5 > 1 Pátria - R i o . 10 de j u n h o .
170
* .4 Voz da União de 7 de março e .4 Plebe, de 10 e 24 de março.
2Sb A Pátria - Rio. 5 de j u l h o .

A
271 Plebe de 24 de março, liste número registava os endereços do "Grupo de
> 1 Plebe - São Paulo, 12 de agosto. Na A Plebe, de 10 de j u n h o , anunc»u-se
2 5 7
Propaganda Social ( R i o ) , " A Luta Social (Rio), Centro I ibertár» Terra Livre
este espetáculo incluindo o drama social em 4 atos, Os Conspiradores, substituído (S. P a u » ) , Liberdade e Igualdade (Paranaguá),Grupo Internac»nal (Juiz de I ora-
a última hora por O Pecado de Simonia. Minas) e Grupo "Os Sem Pátria" dc Sorocaba São Paulo.

2 S 8 / 1 Plebe São Paulo. 26 de agosto.


112 A Plebe Sào P a u » . 7 c 21 de abril.
***A Plebe Sa.. Paul... 26 dc ago,to
Primeiro
213 de Maio número único União Operária do Paraná - 1 de m a »
de 1923. A Voz da União, dc I de m a » , anunciava "grande c o m í c » proletário
o

260A Voz da União - anarco-sindicalista, ano 1, n? 5 , 1 ? setembro - publicação no Palace-Teatro" e a peça 1? de Maio. tradução dc João Perdigão Gutierrez, edi-
mensal - órgão dos empregados em cafés de São Paulo. Editado pelo " G r u p o Jo- tado pela Biblioteca "Cosmos".

260 261
resultado da " f e s t a " destinava-se "a couru despesas feitas com uma Fxcursdb de
A Voz da Unido - de 1? de maio e A Plebe, de 9 de j u n h o . Ne$te número
Propaganda p e » norte do país.
anunciava-se Verbo de Fogo (poesias sociais) do camarada Pedro Augusto Mota. A
Revista Renascença, direção de Maria Lacerda de Moura, também fala deste espe- / 4 Plebe - São Paulo, 12 de abril. Neste número, A Plebe, publicava um longo
2 8 8

táculo. comentário em t o m o de As nossas festas e um balancete dos resultados das listas


para A Plebe semanário".
i 4 Plebe - São Paulo, 9 de j u n h o . Neste número registava-se o aparecimento
2 7 5

de A Dor Humana - em Santos, por iniciativa de João P. Gutierrez; " G r u p o L i - 289 'A Plebe São P a u » , 17 de m a » .
bertário Amigos de A Plebe" (Fortaleza); " G r u p o Promethcu" (S. Paulo) e o
"Núcleo os L i b e r t o s " em Santos. A
290 Plebe - São P a u » . 17 de maio. Neste número repetia o anúnc» do espetá-
c u » marcado para 7 de j u n l » e registava o saldo positivo de 4 7 6 $ 100 do festival
116 'Novos Rumos - F. Rodrigues. de 5 d« abril.
2 0 Trabalhador Gráfico propriedade da União dos Trabalhadores Gráficos,
V I

2 11A Plebe - São P a u » , 7 de j u l h o . ano 3, n? 48 - dia 1? de m a » de 1924


Prometheu
292 revista anarquista, ano 1, n? 2 - Redator: Arsénio Palácios e
A
218 Plebe - São P a u » , 21 de j u l h o . Neste número continua-se a registar o ba- adm.: José Romero - Red.: Rua Henrique Dias, 72 - São Paulo, 30 de abril. A
lancete do "Comité Pró José Leandro da Silva c o m um saldo de 3 8 4 $ 9 0 0 , à guar- Plebe, de 17 de m a » .
da de Aureliano Silva e Germano V i e i r a " .
A
293 Plebe - de 7 de m a » . Último Quadro foi representado em São P a u » ante-
riormente com o título: Os Libertários. Na pág. 4 anunciava-se a venda de 2 peças:
A Plebe - São P a u » , 18 de agosto.
Depois do Baile, de Felipe G i l (Souza Passos) e Greve dos Inquilinos, dc Neno
219

Vasco, a 1 $ 0 0 0 e $ 6 0 0 o exemplar, respectivamente.


2 8 O 0 Chapeleiro - São P a u » . 13 de n o ^ m b r o , ano 1, n° 1 - 3 época.
a

A Plebe - São Paulo. 14 de junho. Publicava ainda o balancete, com saldo po-
A Plebe - São P a u » , 13 de o u t u b r o . Neste número anunciava-se a publicação sitivo de 4 8 4 $ 9 0 0 , d a " f e s t a " de 30 de abril.
do Ultimo Quadro, de Felipe G i l , drama anarquista, já levado à cena em S. Paulo,
com o título Os Libertários. Seu preço é de 1 $ 0 0 0 e seu lucro reverterá em favor A
29S Plebe São P a u » , 21 de junho. Neste .número anunciava-sc " A Dor Univer-
do Grupo "Editores Sociais". Na pagina 3, registava ainda: "Pró Makno -. Aten- sal", de Sebastian Faure; " A n a r q u i a Fins e Meios", de Jean Grave, e "Concep-
dendo ao a p e » do Comité pró defesa de Makno, de Paris, publicado em nosso nú- ção Anarquista do Sindicalismo", de Neno Vasco.
mero 218, o Centro Libertário Terra Livre, resolveu abrir uma subscrição de soli-
dariedade para com o valoroso revolucionário russo, que se acha preso nas mas- A
296 Plebe - São P a u » . 28 de j u n h o . O balancete de Fortaleza deixa-nos enten-
morras da Polónia". Seguia a lista de donativos e o endereço: A Inovadora, à La- der a realização de um espetácu» teatral, m i s não conseguimos apurar os nomes
deira do Carmo, 3 São P a u » . das peças.

282 A
291 Plebe - São Paulo, 5 de j u l h o . Neste número anunciava-se também q i e " A
A, Plebe - São P a u » , 27 de o u t u b r o . Repetia-sc o anúncio do espetácu» em Legião dos Amigos de " A Plebe" entre operários sapateiros" estava organizando
benefício de A Plebe, no dia 17 de novembro. outro festival a ser efetuado no dia 16 de agosto, no Salão Celso Garcia. No dia da
saída do j o r n a l , explode o movimento militai " 5 de j u l l » dc 1 9 2 4 " , com o q u a l
283 A Plebe - São P a u » , 10 de novembro.
os anarquistas nada tinham. Assim mesmo sofrem feroz perseguições. Militantes
no Rio e São P a u » enchem as prisões, e seus jornais inclusive A Plebe - são sus-
Í O A Plebe - São P a u » . 10 de novembro.
pensos. Muitos anarquistas foram deportados para o Campo de Concentração do
Oiapoque, na Clevelándia, inclusive seu diretor, onde morreu com outros compa-
A Plebe - São P a u » , 8 de dezembro. Neste número publicava-se também o nheiros. As associações operárias e os Grupos de Teatro foram fechados. Alguns
balancete do festival de 25 de agosto, no Sala» Celso Garcia, apresentando um sal- militantes conseguiram fugir para o Rio Grande d o Sul, Estado pouco atingido em
do positivo de 158$500 e o envio ao Comité Pró-Makno, em França, a quantia de razão do 5 de julho de 1924.
8 0 $ 0 0 , convertidos em 136 francos franceses. A Plebe, de 22 de dezembro, conti-
nuava a anunciar a " f e s t a " do dia 5 de janeiro de 1924 e publicava balancete da O
29s Sindicalista - órgão da Federação Operária do Rio Grande do Sul, Anarco-
" f e s t a " de 17 de novembro cm benefício de A Plebe, cujo saldo positivo foi de sindicalista - dir.: Orlando Martins; gerente: Leopoldo Machjdo, a r » 7, n? 8, de
2 5 6 $ 0 0 0 . A festa do Grémio D . Arte e Natura de Petrópolis, em benefício de A
31 de o u t u b r o de 1925.
Plebe, apresentou um saldo positivo dc 8 3 $ 0 0 0 .
A
299 Plebe - 9 de abril, n? 249,o quarto da nova fase, anunciava conferência de
A Plebe - São Paulo, 2 de fevereiro. Em 12 de abril,.4 Plebe publicava balan- Edgard Leuenroth e estampava algumas fotos de militantes que conseguiram fugir
cete desta " f e s t a " com um saldo positivo de 6 2 7 $ 8 0 0 . do Oiapoque, Campo de Concentração bernardista. Neste ano de 1927 os anar-
quistas recomeçavam a juntar o que escapou da repressão bernardista, sua impren-
2 87 t
sa renascia das cinzas, e o teatro, também.
A Plebe - São P a u » , 15 c 29 de março. No número de 29 explicava-sc que o
263
262
A Lanterna São Paulo. A Plebe, de 21 de o u t u b r o , também come *.ou o fes-
tival e anunciava: Primavera Libertária amanhã grande pique-nique na canta-
reira."
A
300 Plebe - São Paulo, 25 dc j u n h o . O Grupo Teatral nasceu em 1927, por su-
3 1 *A Ixinierna São Paulo, 9 dc novembro.
gestão de Afonso Testa, numa oficina de Calçado Luiz X V - conta Pedro Catalo
em suas memórias, incluídas no livro Novos Rumos, dc L . Rodrigues, pág. 276 -
319A Plebe - Sáo Paulo, 17 de fevereiro
direção do veterano amador Chiarelle.
320A Plebe São Paulo, 31 de março.
Este espetáculo encheu tanto o Salão que segundo informou Pedro Catalo
3 0 1

quando o Grupo Aurora pretendeu alugar novamente o Salão, a diretoria negou-se 321A Plebe São Paulo. 14 de abril. Neste número agradecia-sc " a todos os artis-
a fazé-lo. Assim mesmo, ainda conseguiu representar a peça Los Maios Pastores, de tas, companheiros c camaradas que prestaram seu concurso no festival dc A Plebe.
Octávio Mirbeau. A Policia resolveu prender parte de sua diretoria e dissolvê-lo dia 7 do corrente. A lanterna, de 19 de abril, também anunciava o festival de " I o

quando alguns dos seus membros foram pedir autorização para realizar Comício dc M a i o " .
pela liberdade de Sacco e Vanzetti (Novos Rumos - E. Rodrigues, pág. 277).
322A Plebe - São Paulo. 26 de maio.
3 0 Depoimento dos atores Amílcar dos Santos c Angelina Soares, Rio dc Janei-
2

r o , 1980. 323A Lanterna Sãt> Paulo. 31 de maio.

Depoimento de Angelina Soares e Amílcar dos Santos, componentes do


324A Plebe - São Paulo. 23 dc junho.
A lanterna, de 14 de j u n h o , também co-
3 0 3

Grupo Teatral e atores. Até 1934 representaram-sc ali várias peças sociais e anti-
mentou o "festival operário". O Herói e o Viandante foi escrito por Pedro Catalo
clericais sem restrição da igreja.
inspirado em revista italiana, no ano de 1934.

O Trabalhador Padeiro anarco-sindicalista, ano 1, n9 1, 22 de novembro de


32SA Lanterna - São Paulo. 12 de j u l h o . A comissão organizadora do espetáculo'
304

1931.
comemorativo era composta de J . Gavronski, Carlos Garcia, A r t u r Edlinger, A. de
OUveira. J . Teixeira L i n o . Alfredo B. dc Figueiredo, João Peres, Salvador Scorsa-
/ t Plebe - São Paulo, nova fase, n? 4 de 17 de dezembro de 1932. Saldo
fava.G. M.Galcmbcck, João Penteado, ( . Valente e Brito Branco.
3 0 5

positivo desta festa 569 $ 200.


32bA Lanterna São Paulo. 26 de j u l h o . Neste número comentava-se ' o festival
/ t Plebe
3 0 6 São Paulo, 21 dc janeiro. Neste número anunciava
O Anarquismo, de aniversário de A /interna e exaltava-sc o traballio do " G r u p o de Teatro So-
livro de Pedro Kropotkine, a formação do Centro dc Cultura Social,cm São Paulo, c i a l " , composto pelos companheiros Emílio Martins, Garibaldi Biolcati, Atílio
e denunciava a prisão do seu diretor, Rodolfo Felipe. Anunciava ainda os livros: Gradisol, Ramon, Vicente, Pimentel e as atrizes Adelina Marques e Manuela Peres.
O Anarquismo, de P. Kropotkine B Serviço Militar Obrigatório para a Mulher?
321A Plebe - São Paulo, 21 de j u l h o , 18 de agosto c I de setembro.
Recuso-me - Denuncio, de Maria Lacerda dc Moura.
o

J07 A Plebe 'São Paulo, 4 de março. 328A Lanterna São Paulo, 28 dc agosto.

308 A Plebe - São Pauk>, 4 de março.


329A Plebe São Paulo. 1? de setembro.

309 A Plebe São Paulo, 11 de março 330A Plebe - São Paulo, 10 de novembro. A A Plebe, de 24 do mesmo mês, in-
formava: " o festival anunciado em nosso número passado, pró-presos sociais, náo
3 1 0A Plebe Sáo Paulo, 8 de abril. se realizou. A polícia não permitiu, negando a concessão do alvará necessário à sua
J"A Plebe São Paulo, 13 e 20 de maio. realização. Sendo o festival promovido pela federação operária, os componentes
estão cogitando da organização de um festival, para o qual serão válidos os convi-
312 A Plebe . Sáo Paulo, 21 de junlio.
tes distribuídos para o festival passado.
Continuamos a receber auxílio para os companheúos presos, para os quais
se tem feito sentir a solidariedade proletária".
3 X 3 A Plebe São Paulo, 15 de j u l h o .

314 A Plebe - 22 de j u l h o .
- Nas "Memórias Manuscritas" dc Amílcar dos Santosjcscritas, a pedido do
3 3 1

autor), conta-se que no encerramento dc um espetáculo anticlerical, realizado no


salão da Igreja Presbiteriana, Maria Antónia Soares, interpretando um papel ateu,
315 A Plebe 18deagoslo. quebra o crucifio sobre os joelhos. (O que uma igreja foi capaz de tolerar cm seus
domínios, o Governo de Vargas não permitiu que continuassem existindo no Bra-
316 A Plebe São Paulo, 26 de agosto. sil Arq do a.).

264 265
A
350 Plebe Sào Paulo, 24-10-1949. Neste número falava-sc do Congresso Mun-
- Anunciado pela A Plebe, de 23 de novembro dc 1935. Pouco depois este
3 3 2
dial do Esperanto e do anarquista-esperantista Lanti.
jornal anarquista era silenciado pelo Governo.

- Dados extraídos do prospecto de propaganda do espetáculo. ( A r q . do a.). - Extrato de projpecto-convite sem data (arq. do a.) de realização. Trata-se de
3 5 1

peça em 4 atos de Henrique Peixoto.


334
- Dados extraídos do prospecto de propaganda do espetáculo. CArq. do a.) 352 A Plebe São P a u » , 1-5-1950, n? 27, ano 33 (nova fase).
3 3 Das ''memórias" manuscritas de Ralael Fernandez, escritas a pedido do
s

autor. ( A r q . do a.). 3 _ Reprodução do prospecto de propaganda distribuído na época. ( A r q . do a.).


5 3

A Plebe, de janeiro de 1951, comentava o espetáculo na 2 página. a

A Plebe São Paulo, 1-5-1947, ano 30. n° 1 (nova fase). Neste número publi-
cava manifesto-programa-anarquisla. excelente poesia de Gigi Damiani e nota bio- 354 R e p r o d u ç ã o do prospecto distribuído para anunciar o espetáculo. ( A r q . do a.)
gráfica de Florentino de Carvalho, "grande expositor do anarquismo", lalccklo
no dia 24 de março, em Marília. 355 R e p r o d u ç á o do convite feito p e » Centro de Cultura Social de São P a u » (arq.

do a.).
A
331 Plebe São Paulo. 1-5-1947. Comentário ao espetáculo libertário, fala ain-
da dc piquenique dc confraternização realizado na Prainha, no dia seguinte. 356 R e p r o d u ç ã o do prospecto de propaganda do espetácu» libertar». ( A r q . do a.)
338
D o cartãb-convite de entrada para assistir ao festival anarquista n? 0877. ( A r q .
A Plebe São Paulo, 1-5-1947. Neste número anunciam os livros: Em Tomo
3 S 7

de uma Vida, de Pedro Kropotkine. c Ideias Absolutistas no Socialismo, de Ru- do a.).


dolf Rocker. Comenta-»" também o livro de Alonso Schmidt, "Colónia Cecília". 3 5H
Reprodução do prospecto de propaganda. ( A r q . do a.).
A
339 Plebe - Sào Paulo, ano 30. iv° 3 (nova fase) de 1-7-1947. Neste número
anuncia-sc o lançamento para breve da obia de José Oiticica: A Doutrina Anar- R e p r o d u ç ã o do balancete de espetácu» realizado pelos anarquistas. ( A r q .
359

quista ao Alcance de Todos ". do a.).

A Plebe São Paulo. 1-10-1947.


R e p r o d u ç á o integral do convite para assistir à peça do anarquista Florêncio
340
360

34 1 Sanchez. ( A r q . do a.).
- I xttato do prospecto em poder do autor, com anotação dc que o espetácu-
lo foi aberto com uma saudação do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, com
sede na rua do Carmo, 451 São Paulo, ás vésperas do 15? aniversário novem- 3 6 lAção Direta Rio de Janeiro, setembro de 1958.
bro de 1947.
34 2 3b2 Ação Direta Rio de Janeiro, setembro de 1958.
A Plebe São Paulo, ano 3 1 . ní' 11 (nova fase), 15-12-1947. Neste número
denunciam-se violências da ditadura portuguesa, icgistra a chegada dc imprensa 3b3 Ação Direta - Rio de Janeiro, novembro de 1958, a r » 13, n? 130.
anarquista do exterior e reproduz excck-nlc artigo de Gigi Danfiani: Anarquistas
c Anarquismo. 3 6 3Ação Direta - Rio de Janeiro. Novembro de 1958. Neste número anunciava-
a

A
343 Plebe São Paulo, 2-6-1948. se: a conquista do pão de P. K r o p o t k i n e ; O Amor Livre, de Charles Albert; " N a
Inquisição do Salazar, de Edgar Rodrigues; A Tragédia de Sacco e Vanzzetti, de
A
344 Plebe 2-6-1948. No número dc 16 7-48. comenta o espetácu» de 26 de Howard Fast e "Diário do Dr. Satan, Roberto das Neves.
ninho em benefício dc Raul Vital (Ataydc da Silva Dias) cm tratamento de saúde
em Campos do Jordão. Ação
3b4 Direta Rio dc Janeiro, março de 1959. Neste número comentava-se o
livro "Trés Enganos Sociais", de Pedro Ferreira da Silva.
34S A Plebe São P a u » . 13-10-1948. ano 32, n° 19 ova fase).
3bS Ação Direta - Rio de Janeiro,outubro de 1959, ano 14, n? 136.
34b A Plebe 4-12-1948.
3 0 Libertário Direitor. Pedro Catalo. São Paulo, a r » 1, n? 3, m a » de 1 9 6 1 .
6 6

3 4 7 - Dados extraídos do prospecto de propaganda de espetácu». ( A r q . do a.). No número de julho comentava a 1 esta de 28 de maio em Nossa Chácara.

3 4 8 / 4 Plebe Sfo P a u » . 18 dc junho de 1949. O


3bl Libertário São P a u » , m a » de 1961. No número de julho registava festi-
val do Grupo Dramático Hispano-Americano.
A
349 Plebe São P a u » , 6-8-1949. Os Mortos, do tcatiók>go Florêncio Sanches,
libertário uruguaio, foi representada em 26 de abril de 1949 no Grémio llespáiiico-
3 6 8 f 9 Libertário - junho de 1962, ano 2, n? 8.
Americano, São P a u » .

266
O Libertário São Paulo. agosto do 1962. " O Liberlário de setembro anuncia
69

a " l e s t a da Primavera."

E x t r a t o do manifesto dos "anarquistas" mineiros. (30-9-1964). A confusão so-


3 7 0 Lopes, Edgard Leuenroth, Maria Lacerda de Moura, Cecílio Martins, João Pentea-
bre teatro anarquista está evidente no manifesto dos jovens de Cataguascs, que do, Adelino de Pinho, Arsênio Palácios, José Romero, J . Carlos Boscolo, Ermínio
pretendiam contestar a sociedade violenta em que vivemos, optando pelo emprego Marcos, Izabel Cerrutti, José Augusto, Pedro Catalo e outrosl Muitos espetáculos
de processos atordoantes, agressivos e anti-anarquistas! Mas o comentarista do J.B. não anunciavam os nomes dos conferencistas.
não IIK-S ficou atrás. Mostrou seu desconhecimento do teatro acratal

37 1 E s c l a r e c e m o s que muitas peças foram representadas mais de uma vez, bem co-
384

mo as comédias.
Prospecto do arq. do a. .
385
372 P r o s p c c t o do arq. do a. . Vale lembrar que existiram mais dc um grupo com o mesmo nome em épocas
e lugares diferentes. Por isso deixamos de registar alguns grupos, em razâb das dú-
3 7 3 S ã o Paulo, 1966. ( A r q . do a ) . vidas impossíveis de deslindar.
3 74
São Paulo, 1967 Prospecto do arq. do a. .
Dealbar
375 São Paulo. Diretor: Pedro Catalo.outubro de 1967, ano 2, n? 8. No
número de novembro Dealbar, comenta a nova peça a ser representada: "OsGuer-
rciros",de Waldir Kopezky.

Dealbar
376 fevereiro dc 1968. Este jornal veio " s u b s t i t u i r " O Libertário, na I a

fase da "revolução de a b r i l " , ou melltor d i t o , mudou de nome, mas em fevereiro


de 1968 já deixava perceber a impossibilidade de resisitir ao cerco repressivo do
Governo autoritário.

3 7 7 S ã o Paulo Prospecto do arq. do a. .

378..
Do arq. da a. .
3 79
O Governo de Sào Paulo, que em 1980 pagou para levantar a trajetória do tea-
tro anarquista naquela Cidade, foi em tempos idos o seu maior inimigo, feroz per-
seguidor dos anarquistas amadores!!!
Suu polícia prendeu, espancou, deportou, íeeliou suas sedes e queimou suas
peças. Agora quer a obra dos anarquistas em seus arquivos. Esta c mais unia das
muitas contradições da política do EstadoI
( 9 Inimigo do Rei
3 8 0 Bahia Novembro de 1980/Marce de 1981. O trabalho
de onde extraímos o trecho acima apareceu sem nome dc autor. Respcitamos-lhe
o anonimato! Mas podemos atestar a sua capacidade e o conhecimento do assun-
to, por ser pessoa nossa conhecida.

3 8 1 Do A r q . do a.

Não sc trata dc números absolutosl Por carência de espaço e de tempo, prefe-


3 8 2

rimos ficar abaixo do total dos festivais registados cronologicamente nesta obra.
Lembramos também que nossa obra não esgota o tema.

E n t r e os conferencistas constam os nomes de Oresti Ristori, Eládio Cezar A n -


3 8 3

tunha. Eduardo Vassimon, G. Sorelli, Benjamim Mota, A. Bordoni, Valentim Die-


go. Carlos Dias, Florentino de Carvalho, José Oiticica, Eábio Luz, Orlando Corrêa

268
269
Hino 1? de Maio

Vem ó Maio, saúdam-te os povos,


Em t i colhem viril confiança;
Vem trazer-nos cerúlea bonança,
Vem, ó Maio, trazer-nos dias novos!

Vibre o hino de esperanças aladas


Ao grão ver de que o fruto matura,
À campina onde a messe futura,
Já flori sobre as negras queimadas!

Desertar, ó falanges de escravos,


Da lavoura, da negra oficina,
Um momento de tréguas a fachina;
ó abelhas, roubadas dos favos!

Levantemos as mãos doloridas


E formemos u m feixe fecundo;
Nós queremos reunir este mundo
Dos senhores da Terra e das vidas.

Sofrimentos, ideais, juventudes,


Primaveras de túrbido arcano,
Verde Maio do Género humano,
Dai coragem aos ânimos rudes!

Enflorai ao rebelde caindo,


Com os olhos, fixando o nascente,
Ao obreiro que luta fremente,
ao poeta, gentil, esvaído . 1

Pietro G o r i - Tradutor: Neno Vasco - do Drama em um A t o Primeiro de Maio,


m u i t o representado pelos grupos dc Teatro Social dos Trabalhadores do Brasil.

273
PRIMEIRO DE MAIO O Clarim soa a rebate, as hostes váo
Unidas n'um protesto clamoroso
Dia Grande e Cruel à memória Operária,
Lutando por um dia assaz ditoso,
Hinos Brancos de Paz, hinos Rubros de Guerra,
Cheio de d'amor e de paz - Ressurreição.
A Bandeira do Amor que se faz incendiária...

Desapareçam fidalgos, burguesia


Data fatal que em si ao mesmo tempo encerra, E o padre, o hipócrita - espantalho,
A promessa do bem ao coração do Pária Venha a luz que na sombra então Jazia.
E juramentos do ódio aos senhores da Terra!
Iluminado o templo do Trabalho
Olhar além n u m horizonte vago, Surge Primeiro de Maio, ingente dia!
Num sonho em que sendo um Mundo Anarquista Repouse na oficina, hoje, o malho 1 .
Ou se lembre talvez os mortos dc Chicago?

O DIA DO TRABALHO
Grande marco miliário à suprema conquista
Da Paz, Ideal onde se esplaina o lago
Do Sol ao mais vivo raio,
Verde Azul da Concórdia a consular a vista...
Ergue-te, povo, a cantar
Dia Primeiro de Maio,
Calendário! O Sol que te ilumina seja
Esquece o teu labutar!
Hoje se exalta o Trabalho
O último a iluminar as grades da Prisão
E o homem de enxada e malho
Os muros do Quartel e as fachadas da Igreja;
Que sabe ser cidadão.
Esses que em lida de Homem
E amanhã, ao brotar d o grande Astro o clarão.
Anos e anos consomem
Que os seus raios Triunfais o Homem por f i m se veja
Pela conquista do pão.
Sobre a terra, a cantar, liberto do Patrão .
Conta essa luta incruenta
1

Dos que, por plagas adustas


Conduzem só ferramentas
Em mãos calosas, robustas,
PRIMEIRO DE MAIO Que d 17. que o Sol beija a Terra
Até que se esconde na serrai
Salve! Oh dia fulgente e glorioso! Tempo n i o tem a perder,
Seja esta meiga e doce saudação. Pois são heróis obscuros.
Que de dentro do peito um coração Caracteres mais puros
Tc dirija risonho e venturoso. Em humilde a viver.

Max de Vasconcelos - Jornal: A Época. Rio dc Janeiro 1-5-1913 A. V . L. em O Rebate, Maceió, 1° de Maio de 1915. ano l . n P 1.

274 275
I » DE MAIO
Cantem outros a vitória
De A b o u k i n , Sedan ou Mame Contrapondo o sorrir fero, irritante
- Chagas sangrentas na história, do burgo ladravaz e desalmado,
Açougues de humana Carne - , eis que nos surge a luz de um sol radiante
E t u , o trabalho rude o himeiro de Mato, consagrado
Onde se apura a virtude
Sem chacinas infernais; O dia mais sublime c edificante
Cante a luta pela vida; na história secular do operariado,
Sê tu canção sentida cujos feitos de luz lembram o pujante
A marselheta da Paz. vigor dos que tombaram no passado.

Cante, pois, os m i l ruídos himeiro de Maio, data bem dita


Das coisas inanimadas; para aqueles que sonham no vindouro
Os barulhos, os chilridos ter o dia anuado da vindita
Das Caldeiras disparadas;
Da roda que rodopia. Contra aqueles cuja alma negra, insana,
Da plaina que além cicia, mandam matar, à custa do seu ouro,
Do torno, doido a zunir paladinos da liberdade h u m a n a ' .
E que madeiras adorna, 19 D E M A I O
E do malho na bigorna
Maio. Mès de Esperança. As alvoradas
Qual araponga a carpir.
São lâminas azuis, ensanguentadas.
De imensas guilhotinas.
Entoemos, sim, os hinos
A o Trabalho universal!
A Terra canta. O Céu se arqueia. Tudo.
Honra aos nobres paladinos
É forte, luminoso, ardente, agudo.
Do progresso mundial!
Nos céus e nas campinas.
Glória à falange de obreiro
Que entre cantos altaneiros
Maio do A m o r , d o Odio e da Vingança,
Este dia vé raiar,
Maio de Redenção e da Esperança,
Quanto a brisa ciciante
T u d o germina e cria.
Nosso pendão triunfante
Vem nos ares T r e m u l a r .
1

Que o teu seio materno docente


Fecunde e frutifique esta semente
De brasas, a A n a r q u i a !
2

'fupan cm Voz do Graphico Ceará - l i * de Maio de 1921.

2Celso Mendes - cm A Plebe. São Paulo - 3 0 4 - 1 9 2 1 . liste poema foi também


publicado cm " O Sindicalista", Bauru, 14-7-1921.
' L . Feitosa - em A Unido, - Corumbá. 1? de Maio de 1921.

277
276
1? DE MAK)
Que pode a forca contra a rútila verdade!
Que pode a forca contra u m sonho quando é puro?
Burgueses! Esta data a que chamais
Contra a ideia que visa o bem da humanidade? 1

De "festa d o T r a b a l h o " nos sugere


A mão capitalista que nos fere;
Os monstros que têm uivos de chacais. 1 ? DE MAIO
(monologando)
Vós que sois carniceiros animais
De u m inferno pior que o D'Alighiere Faz hoje trinta e sete anos
Tremei da mão inerme que desfere Que a tragédia aconteceu
No espaço a trajetória dos punhais! E o povo não resolveu
Ubertar-se dos Tiranos!...
Um dia que eu pressinta estar mais perto
Dos que julgais, vereis um dique aberto Cultiva os mesmos enganos,
E um turbilhão que o próprio céu aterra; Passa as mesmas privações,
Deixar tombar os campeões,
Mar vermelho das lágrimas choradas, Não lhe interessa tal dança...
De todas vossas iras abafadas,
Do sangue que espalhastes pela t e r r a ' ! Sobre as conchas da balança.
Tem mais peso o Capital!
AS FORCAS D E CHICAGO A vida sempre vai mal.
Mas ao burguês nada falta!...
Estas forcas... Olhai! São forcas de inocentes.
Que em Chicago, a feroz justiça americana, Trabalhador: Corre, salta,
Cão de guarda dos reis da libra, onipotentes, Conquista melhoramentos,
À morte condenou, perversa desumana! Do contrário teus elementos,
Tua falta de energia.
Gloriosos réus de vis processos inclementes!
Vítimas imortais da fúria torpe e insana! Dão forças à burguesia
Cujo sangue tornou fecundas as sementes Para melhor explorar;
Do evangelho que prega a liberdade humana. T u , não poderás gritar,
Morrerás como u m carneiro.
Tres decénios são já passados sobre o crime,
E, à medida que o tempo avançano futuro,
A ação d'aqueles réus se torna mais sublime!

' A . D. - em O Nosso Verbo. Rio Grande do Sul - 1 ? dc Maio de 1921 Ano 3


'Affonso Schmidt em A Vanguarda São Paulo, 27-4-1921.
-••21.

279
Sem pão, sem lar, sem dinheiro!...
Pensa nisto homem fecundo!
MAIO PROLETÁRIO
Que o teu poder verdadeiro
Pode transformar o m u n d o !1

ó Maio venturoso, ó Grande Dia!


0 teu ardente sol é alegria
Que ar peja nos corações doridos
1 9 DE MAIO Da multidão, que espalha os seus gemidos
Na tortuosa e negra escravidão
Piratininga canta seu hino rebelde E na cruenta luta pela redenção.
de versos malditos; Saúdo e m t i , ó Maio promissor!
O braço que faz o trabalho; A heróica e sublime proletária dor.
e acumula riqueza,
proclama sua ânsia vermelha Qual flâmula que ao vento esvoaça,
de amor libertário; Brilhas assim na escuridão que passa,
Que dizem as vozes dos párias Dc ódios, de rancor, de guerra e matanças.
dos rotos e dos desgraçados? Saúdam-te, ó Maio! as crianças.
Que dizem as rubras bandeiras Os velhos, a mãe que chora, o proletário,
e os dísticos brancos O artista, o professor, o visionário,
desfraldados no largo da Sé? A juventude ardente onde viceja
A liberdade que a humanidade almeja.
O ruído de algemas, os prantos das mães,
Os gritos dos homens que suam. Saúdam-te os povos subjugados
Os olhos que olham além da mentira, Pela tirania de monstros, renegados,
que clamam, cantando, verdades distantes, Trânsfugas da vida, da vida vendilhões
disseram, com palavras de fogo, Que aos homens livres deram-lhes grilhões,
a estrofe candente: Pensando aprisionar o pensamento.
T u d o por S. Paulo dos Trabalhadores! Mas, já a revolta ruge o seu lamento,
T u d o pelo Brasil dos que trabalham! A tempestade r u i a cidadela,
T u d o pela América proletária! Da liberdade sente-se a procela.
Continente por Continente,
pelo Mundo dos homens l i v r e s ! 2
ó Maio proletário e de esperanças,
O teu hino é um poema de lembranças!
Da histórica missão de quem trabalha
És a ráfaga de luz que espalha
O mirífico ideal que rumoreja
Na esplendorosa aurora da peleja.
Lírio de Rezende - em " A Plebe", São Paulo, 1-5-1923 És a primavera da vida que se apresta
2 Arsênio Paiácios - cm " O Trabalhador", São Paulo, 1-5-1932. Trazer aos povos sua grande festa.

280
Salve, Maio! Símbolo que traz
A redenção humana de justiça e paz!
Foste tu do o p r i m i d o a fala,
Libertaste o negro da senzala Procuram iludir com vis enganos,
E da senzala recolheste o grito Os burgueses velhacos e tiranos,
Do escravo v i l , acorrentado e aflito. A foice, ao Camaterlo, à enxada e ao malho;
E na dolorosa senda proletária Julgando ver no obreiro vil lacaio,
Foste tu que iluminaste o pária. Chamam ao dia 1 9 de Maio,
De propósito, a Festa d o Trabalho.
Eu te saúdo, Maio! Aspiração e luz!
Saúdo o mártir e o povo que produz, Repudiar esse insulto, proletários!
Saúdo o pária, a orfandade aflita, Respondei aos tirandos salafrários
A esperança de um porvir melhor. Cruzando os vossos braços neste dia,
Ouvis de Maio o épico clangor? E neste gesto de protesto forte,
Da sociedade velha e agonizante Conquistemos a vida dando a morte
Surgirá uma nova e livre. A V A N T E !1
As Colunas sociais da Tirania!

1? DE M A I O Cantando ao som da " I n t e r n a c i o n a l "


Irmanados no abraço fraternal,
Meus irmãos proletários, este dia Proclamemos a nossa redenção;
faz de susto tremer a burguesia Saudando o Sol de Maio que há de vir.
De todo m u n d o , em toda a vasta terra. Marchemos à conquista do Porvir,
Que n u m gesto de medoe de pavor Fazendo os funerais da escravidão . 1

Vai pelo m u n d o semeando a dor,


A miséria e o crime, o luto e a guerra.

De seus crimes horrendos, sanguinários.


T e m receio que nós, os proletários. A CRIANÇA
Lhe vamos pedir contas algum dia;
Receia ver as turbas despertadas
Das noites frias e caliginosas
E ouvir o galopar das Cavalgadas
Das Trevas surgem tormentosos ais
Do ideal da Liberdade, da Anarquia!
O orvalho fecha as pétalas das rosas
No espaço cruzam sombras espectrais.
Embriagando as massas de prazer,
A canalha dourada quer fazer É nessas noites de silêncio infindo
D u m protesto u m m o t i v o de alegria; Que eu não podendo conciliar o sono
E assim lavar as mãos ensanguentadas Caminho atoa meu azar carpindo
Nas vidas proletárias, arrancadas Como u m molosso que perdesse o dono.
A o Sol da Liberdade e da Anarquia!

Pedro Catalo
1 Souza Passos (Felipe Gil) em A Plebe - São Paulo, 28-4-1934 - Nova Fase
Ano 2 - n ? 6 1 .
282
283
Foi uma noite destas tenebrosas
Que eu caminhava à beira duma estrada Pois bem, escuta ó pálida criança
E ouvindo triste queixas lamentosas Já que és da sorte tão desamparado
Parei na sombra a prescrutar o nada. Transforma o coração em uma lança
E faz-te de hoje em diante um revoltado.
Mas nesse instante, reparando atento
V i dormitando sobre o frio chão. A vida para os fracos e oprimidos
Sujo, andrajoso, triste e macilento É cântico que mata o coração
Um mártir; u m escravo do milhão. Gerando miseráveis e bandidos
Lançando-nos n u m mar de podridão.
Cheguei-me então à pálida criança
E perguntei com carinhosa voz: Roubando-nos a luz da Inteligência,
Que fazes nestes ermos sem bonança? Tornando-nos escravos inconscientes
Quem te lançou neste viver atroz? Gerando em nosso peito a negligência
Que é o sustentáculo dos prepotentes.
E o pobre mártir do cruel destino
Erguendo os olhos para o firmamento E t u , meu pobre mártir sucumbido
F i t o u da lua o disco diamantino Que encerras em teu peito u m coração
E respondeu-me assim neste momento. Arranca de teu seio d o l o r i d o
Um brado que nos leve à redenção.
Nasci na treva, filho do pecado
Minha mãe gerou-me contra leis civis. Arrosta resoluto os teus algozes.
Para salvar-se fez-me desgraçado Protesta contra a rude escravidão
Ficando " h o n r a d a " com tais atos vis.
Combate o próprio deus com tuas vozes
Arranca de teus pulsos os grilhões.
Lançando à rua o sangue de seu sangue
Reuniu a falta d o impudico amor
Que importa que uma bala traiçoeira
E eis que me encontro fatigado exangue
Lançada pela mão d o Capital,
Quase perdido nesse mar de dor.
Na luta nos arranque da fileira.
Se nunca matará nosso ideal.
Chorando a falta d'uma mãe perdida
Prostituída pela sociedade
Não queiras essa vida acorrentada,
Talvez que hoje chore arrependida
Náo queiras mais escravos nem senhores.
De não trilhar a senda da verdade.
Mais vale ter a campa por morada
Que a vida mergulhada em tanta dor.
Quisera vê-la, ó minha mãe querida
E no seu colo derramar meu pranto
Pois sou tão triste sem amor na vida Destrói essa corrupta sociedade.
Que peço à morte a sombra de seu manto. Conquista dos tiranos o poder

284 285
Trabalha pelo bem da Humanidade A carne do canháo para dar pasto à guerra
Combate lutador, até vencer. E a carne que o industrial devora em seu covil!

E quando conquistares nessa luta 0 mulher infeliz, luta, trabalha, morre!


O páo dos nossos filhos inocentes. Mas o sangue, o suor que da fronte te escorre
Arranca do bordel a prostituta, Vai formando esse mar de fúria e indignação
E leva e emancipa os inconscientes. Que há-de emergir, após o cataclismo.
U m mundo mais humano e sem falta de pão 1

E terás, contemplado a liberdade,


Dos gozos o maior que peito encerra
Será tua família,a Humanidade
E a pátria de nós todos será a T e r r a .
1

DOR ANTIGA

À MULHER OPERÁRIA Nesta manhã de luz minha alma anseia:


Quisera novos ares, novo ambiente,
Definhas, carne em flor, nessa estufa doentia E ser como a águia, quando o vôo alteia,
Onde impera o trabalho e reina a tirania, Livre, sem leis, sem nada que a atormente...
Onde a fome, roaz, brama de Sol a Sol.
Brotraste na miséria e estás predestinada Quisera ser apenas grão de areia,
A sofrer, trabalhar e morrer estiolada. A rolar, a rolar na água corrente.
Sem que brilhe em teu seio luz de um arrebol. Ser neblina que fulge e se esgazeia.
Subindo...; enorme e fluídica serpente...
Nesse inferno a que foste atirada a Oficina -
A burguesia v i l , corrutora. assassina, Do Céu, do mar, das árvores, da serra.
Com sólidos grilhões te enleou e te perdeu. Uma alegria esplendida dimana.
E o infando Capital o teu suor devora, Enquanto a dor da vida em m i m se encerra...
Como a águia da Legenda espedaçava outrora
A rija 6arnação do bravo Prometeu. Penso, medito e julgo coisa insana,
Viver a gente, assim, pegado à Terra,
Para o mundo atual, tu és, unicamente, No prosaismo da existência humana... 2

A fonte do dinheiro,"a máquina inconsciente,


O ventre fértil que produz, a preço v i l ,
A carne do prazer para os grandes da terra,
'Raimundo Reis - Publicado em A Plebe Jornal anarquista Sào Paulo
22-4-1933. Direção de Rodolfo I clipe.
Ricardo Pinheiro (Português) - Operário Marítimo - Voz do Povo - diário Maria dc Lurdes Nogueira
2 Diário anarquista Voz do Poio Rio de Janeiro.
anarquista. Rio de Janeiro, 16-7-1920. 13-2-1920.

286 287
PELA PAZ DO POVOS O AMOR

Aí tendes o Amor d o século pujante,


A portentosa lei que há-de reger o mundo.
"Unidos pelo amor contra o militarismo.
Quando o sol, que hoje rompe apenas no levante.
Legionários da Paz, guerreiros contra a guerra,
Atingir do zénite o páramo fecundo.
A greve declarais em nome do altruísmo.
E m prol da Humanidade e Bem-Estar da Terra.
É forçoso que após a morte desastrosa
Das divindades vãs, fantásticas de outrora
E a revolta normal, a rebelião que encerra
Se eleve, como um astro, a crença luminosa
O triunfo sem sangue, o bem sem catecismo
De uma igreja maior, mais forte e duradoura.
Negar concurso ao mal que o mundo inteiro aterra
E a obra que fazeis num rasgo de heroísmo.
Seja pois o universo a Grande Igreja
Onde o novo ritual em pompas de Thabor
Eu vos saúdo, heróis de nobres ideias,
Se célebre, e cada u m o sacerdote seja.
Obreiros do futuro, arautos do passado,
E cada peito o altar da religião d o A m o r1

Que pacificamente a Paz apostulaias.


O POVO
Eu vos saúdo, irmãos da terra americana. Ruge na Europa a metralha.
Onde com ardor ergueis o lábaro sagrado . Devido à torpe canalha
Contra a guerra fatal pela concórdia h u m a n a . " 1
Burguesa e os vis governantes
E os velhacos e os tratantes.
Interessados na guerra,
A mais bárbara da Terra!
Reis de Carvalho. Foi lida no final de seu discurso na sede da Confederação Opc Contam ficar milionários
rária Brasileira, à rua do Hospício, 156 sobrado, no dia 1 de dezembro de 1908.
Com o sangue dos operários
ao final de uma passeata de 5 m i l operários que percorreram as ruas Floriano Pei-
xoto, Av. Central, Assembleia, Carioca, Largo do Rocio, rua do Teatro até ao Lar-
E o pranto amargo do Povo!
go de São Francisco onde o libertário Ulisses Martins proferiu discurso contra a Lutemos pelo Mundo Novo
guerra. A l i tremulavam as bandeirasda Confederação Operária Brasileira e dc diver- Onde haja pão, bem-estar
sas entidades dos trabalhadores do Rio de Janeiro, sobressaindo as faixas com sig- E onde nada há-de faltar.
nificativos dizeres como estes: " P E L A PAZ DOS POVOS"; " G U E R R A Ã GUER-
Pois não haverá tiranos
R A " ; " V J V A A C O N F R A T E R N I Z A Ç Ã O DO P R O L E T A R I A D O B R A S I L E I R O F
A R G E N T I N O " ; " V I V A A F R A T E R N I D A D E S U L - A M E R I C A N A " ; " P A Z NA E acabarão os enganos
T E R R A " . Este último título em inglês. Era uma manifestação - réplica aos em- De que o povo vem sofrendo.
preiteiros das guerras BRASILEIROS e A R G E N T I N O S que tudo vinham fazendo E quem dele escarnecendo
para ver estes dois países envolvidos numa luta fratricida. Outras manifestações se su-
Recusando-lhe o seu direito.
cederam levadas a efeito pela exaltação de nobreza humanista do proletariado bra-
sileiro secundado pelo trabalhador argentino que também repudiou a guerra.
Sem o mínimo respeito,

Publicada cm A Voz do Trabalhador, órgão da Confederação Operária Bra-


'Augusto de Lima Fm A Lanterna, semanário anticlerical libertário. São Paulo.
sileira. Rio de Janeiro. 6-12-1908.
27-6-1914.
288
289
O Povo será burlado
OS OPERÁRIOS
E francamente roubado,
Enquanto não revoltar-se
Contra a sua condição
De produtor e sem pão, Peregrinos da Dor vêm de longa jornada
Quando vemos o ladrão, Lutando sem cessar ao menos u m só d i a ;
O bruto infame burguês E na luta eles vêm a alma toda blindada
Que nada faz, nada fez, Pela dor que os tortura e os punge e os suplicia.
Engordando, regalado,
À custa do escravisado!... Guia-os o grande amor à conquista sonhada
E à Cidade Futura alva esperança os guia...
Povo, acorda! Eis a alvorada, E eles vêm no seu sonho a terra ambicionada
A hora suprema é chegada' I — Terra que nunca foi nem é uma utopia.

A PAZ Já venceram do horror toda a tremenda fúria


E venceram também muita mágua e penúria
Não mais nossos ouvidos da metralha Desde longo caminho unidos através.
Ouçam a voz, os ecos pavorosos;
Cesse p'ra sempre o ruído da batalha Eia! Avante! O Ideal é mais que tudo forte!
O fragor dos combates sanguinosos. E é grande a nossa fé e é largo o vosso norte
Como a Terra do A m o r da lenda de Moisés'.
Não mais da guerra a lúgubre mortalha
Traga no bojo crimes horrorosos;
Armas deponha a gente que trabalha, O CAVADOR
Por ódios dividida, venenosos.
A i pobre, infortunado Cabouqueiro,
Volte de novo aos teares, à charrua,
Que, na terra cavando endurecida,
Às sementeiras, prélio já esquecido,
Mal recebeste a paga merecida,
A hoste da fome, esfarrapada e nua.
Do suor que lhe deste vida inteira.

Potente, u m grito então vibre na terra,


T u , que nunca soubeste do dinheiro
Da nova gente popular nascido:
A treda sedução apetecida.
Paz entre nós! Guerra aos senhores, G u e r r a !2

Assim vives, mourejas toda a vida,


Até exaurir o alento derradeiro.

'Angeluce - Publicado em O Rebate, Maceió, 1-5-1915.


2 D a n i e l de Montalvão Publicado em Voz do Povo, diário anarquista - Rio de Fernandes Tavares - Publicado em Gazeta Operária - Maceió, Alagoas - l?de
Janeiro - 1-5-1920 Maio dc 1907 - Ano 1 - n? 2.

290 291
escuta-se u m rumor que se aproxima,
Poupar à fome os teus - eis o teu lema; nuvens que rolam pelo chffo, mais nada...
Eis a luta ignorada, verdadeira,
Essa luta titânica, suprema! Depois, a noite se enche de pavores,
há risos, pragas, uivos;
Enquanto o avaro passa a vida inteira, dançam, ao longe, contra o vento, ruivos
Da opulência estudando o vil problema, de poeiras, pequeninos varredores.
É a míngua de p i o a tua canseira ...
1

De ombros estreitos e de faces cavas,


fumam e bebem. Vários,
V O Z DO POVO transitam para a noite dos assários,
tém o pulmão comido pelas tosses.
Povo! que vens sofrendo há seis m i l anos.
Acorrentado ao teu próprio desleixo! Airastando o esqualor destas sarjetas,
Rolaste da Montanha qual u m seixo dirão, olhos em braza,
Que o tempo arremessou para os arcanos... que é melhor acabar na Santa Casa,
do que, viver assim, como os grilhetas.
T u fizeste a grandeza dos tiranos;
- Eles te retorceram, - débil freixo! E lá v3o. A nuvem se adelgaça;
Sendo como és d o m u n d o , o férreo eixo. um sennor, na alameda
Por que nao sais da brenha dos enganos?!... sem luz, toma do lenço que é de seda,
tapa o nariz, inclina a fronte e passa ...
1

Depois de tanto mal, tanta miséria,


Urge tornar a vida alegre e séria.
Banir do sonho o pesadelo atros!...

"A M E U IRMÃO O T R A B A L H A D O R RURAL


Ninguém melhor que t u , 6 povo altivo,
Pode mostrar que a dor tem lenitivo, 'Trabalhando de enxada, essa tua miséria
- Mas, precisas primeiro erguer a V o z ! 2
E preciso que seja afogada em revolta,
Prossiga embora a tua ensanguentada escolta
Acompanhada de uma inundação funérea.
OS PEQUENOS V A R R E D O R E S
Se queres melhorar, aparelha-te à guerra,
Pela escura avenida arborizada, Jamais alcançarás por bem alguma coisa
ninguém. Lá para cima, E pois que a sorte é assim, troveja, grita, berra,
Até que afirmas lá u m dia: - ó alma, repousa!...
'Lrnesto Viana - A Plebe - j o r n a l anarquista - Sáo Paulo, 31 1-1920.

2 L í r i o dc Rezende I m Voz do Povo, diário anarquista - Rio de Janeiro, 'Affonso Schmidit. - A Plebe SSo Paulo - 23-9-1922.
25 2-1920.

29

WÈkLL. —
Descansa pois o sol azul da liberdade OBSERVATÓRIO
Sorriu, cantou, tremeu sobre os nossos destinos,
E a redenção em larga, imensa claridade, Que trabalho meus senhores,
Ilumine a treva atroz dos pequeninos. Em Santos, fez o Vicente!...
Rasgando a lei dos doutores,
Repousa pois que a luz astral da rebeldia Sem fé prendeu muita gente.
Melhorou o viver das massas proletárias, Que Trabalho, meus senhores,
E entre morras! Fatais a infame tirania. Em Santos fez o Vicente!...
Vemos um crepitar de ideias Libertárias .' 1

Prender quem pede salário


Prender quem pede o que é seu,
Matar à fome o operário —
CRISTO-PROLETÃRJO
É coisa que brada ao céu.
Prender quem pede salário
É a t i que me dirijo, humilde proletário,
Prender quem pede o que é seu,
Mártir das opressOes sociais, que és hoje em dia
Assim faz o tal Vicente,
O piedoso judeu que o clero e a burguesia
Contente, prendeu, prendeu...
Arrastam, sob a cruz da miséria, ao calvário:
E como cabra inteiriço
Ergue a fronte e abandona esse ar de covardia,
Chamou tudo de grevista,
A servil submissão desse cristo lendário,
Masmorras poz de serviço,
Torna-te um revoltado, u m ladrão, u m incendiário,
De crimes encheu a lista...
Mas lança fora do ombro a cruz que te angustia!
E como cabra inteiriço,
Chamou tudo grevista!...
Ouve a voz da Razão, contempla a luz da Ciência.
Assim fez o delegado
Olha a fartura que há, o luxo desbragado.
Fadado a ser um jurista,
Vê o opróbrio em que estás nessa negra indigência!
Enorme rapaz danado,
De Nero zeloso artista 1
Enfrenta a corja vil que à morte te conduz:
Mais vale ser no ardor da luta aniquilado
FARPAS
Do que morrer, inerme e triste, numa c r u z !
As Costureiras, em greve,
2

Fazendo um muxoxo ideal,


Repetem: - Que o diabo leve
Tesoura, águia e dedal 3 !
'Scipiío Pagara
- (acreditamos tratar-sc de pseudónimo) - Publicado pelo diário
Voz do Povo. do Rio de Janeiro (órgão da Federação Operária), 1920.
' j o à o Simplício - E m Jornal Operário, anarco-sindicalista - Sào Paulo, 24-9-1905
2 Raimundo Reis - A Lanterna, jornal anticlerical e libertário - Sáo Paulo. - A n o l . n ? 2.
20-4-1935. n? 393. a T o k n t i n o - E m Comércio de Sáo Paulo, 25-5-1907.

294 295
A GREVE
A GREVE DOS LIXEIROS

Nasceu u m dia, d ' u m peito


Ó Prefeito, t u que fazes?
— A ideia de revolta do o p r i m i d o —
Não vis o lixo nas portas
Desenvolveu-se e, aos poucos foi gemido
Com cheiretes mui capazes
De dor e grito d'ira sem efeito.
De matar... as coisas mortas.'

Após se fez palavra, ardente, clara,


Falta-te gente.' os grevistas
Teve aspectos leais e d'expansão
Não dão o braço a torcer?
Em expansão - moveu um batalhão
Pois chama os nacionalistas
De livres d'onde escravos só achara.
E manda-os varrer'!

Foi greve enfim e percorrendo as praças


Levada por u m sol rubro, sem peias
A G O Z A EM VERSOS
Venceu - Chamado a si as grandes massas.

Uma " e t a p a " de menos na jornada, Em Santos, que porcaria*.


Prefeitos e delegados
Um passo em frente a mais - para as Ideias,
Mancomunados
- Mais um caixote para a b a r r i c a d a ! 1

Promovem pancadarias...

Burgueses, estais vendidos!


Que o diabo a todos vos leve!
S I N AP IS MOS E C A N T E R I O S Pois viva a greve.
Direito dos O p r i m i d o s !
2

Limpeza Pública em greve?


A l t o lá! Não pode ser...
OS G R E V I S T A S
Andar quem é que se atreve
Numa rua por varrer?
São operários, andrajosa gente
que a enfermidade inexorável mina
0 burguês se tens caprjxo,
e a miséria acorrente, impotente,
Se o labor não te desdoura,
aos horrores da vida da oficina.
Pega t u numa vassoura
E zás-traz... alimpa o l i x o ! 2
Na luta desigual que os extermina,
cada u m , reconhecendo-se impotente,

•Max Vasconcelos - Em A Verdade. Rio de Janeiro, 15-2-1912, Ano 2, n? 22. ' i n t e r i n o (pseudónimo) Em A Plebe. São Paulo, 25-9-1919.
I n t e r i n o s (pseudónimo) - E m , 4 Plebe - Slo Paulo, 24-9-1919.
A Plebe. São Paulo, 22-10-1919.
2
2 C o t t i m (pseudónimo)

296
une-se ao seu irmão, na anciã supina, O ÚLTIMO GESTO
em solidariedade comovente.
No Rio, a greve, foi u m caso enorme
E unida, estuante, ao fulvo sol da praça, Que encheu completamente esta semana;
direito à vida - exora a populaça. Nosso trabalhador não é banana,
Pede mais pão a turba sofredora. O burguês docemente já não dorme...

E tem como resposta, nesse abalo, É que de pouco em pouco a vida humana.
o argumento da pata do Cavalo Por mais que otolo uma outra ideia forme,
e as eloquências da m e t r a l h a d o r a !
1 Vai-se aclarando de razoes, conforme
Era de se esperar, na luta insana.

E os velhos jornalões de metro e meio


Já não escondem mais o seu receio
PONTOS D E VISTA De que, de u m dia para o outro, o sete

Quando o Guilherme Guinle se refere Pinte o povo, descrente desta droga,


A o que lhe podem os trabalhadores, Jogue o governo como l i x o joga,
Desdobram-se os abismos d'Alighieri: Ocupando o lugar que lhe c o m p e t e !
1

- O pedido fulmina, meus senhores!


SEU GEGÊ V A I VERANEAR
Mas quando a nossa imprensa em miserere
Põe-se a chorar deste comércio as dores Não há verba para nada?
Que a greve causa... O abismo se transfere. O Câmbio está de muletas?
Há no caso uma troca de valores. Paga-se aos outros com tretas,
A o povo dá-se pancada;
Guinle declara que não é u m louco;
Quer que o comércio vá perdendo u m pouco, As greves são boas petas,
Que é crime dar mais pão a quem trabalha... São "enganos", patacoadas;
São pobres loucos, patetas,
E o comércio, afinal, em gesto rude, Que inventam tais macadadas...
Confessa que já vai perdendo tudo
Porque Guinle não cede uma m i g a l h a ! 2
Não há fome nem miséria.
Isso é tolice, isso é leria
Sentimental de quem lê;
Sylvio dc Figueiredo - Em Germinal, Bahia - ano 1. nP 1, 19 de Març«
2 C o t t i m (pseudónimo). Este poema tinha relação com a greve nas Dot
\OÍ.A Plebe. São Paulo, 5-2-1921. Conttim (pseudónimo) - Em A Plebe - São Paulo. 19-2-1921.

298
Vamos, siga a pagodeira! Se não desmentes os selara dos
Abram caminho na feira, Sei bem porque, meu casto l i ri o :
Vai veranear o Gegê !...
1
Queres dest'arte purgar pecados.
Queres a palma ter do martírio...
CAUTÉRIOS
Porém já sofres em demasia!
Ó pobre mártir padre Faustino, Eia! a verdade p'ra cá, meu santo.
Herói do Coio lá do Ypiranga, Pois comprometes com essa arrelia
Perdeste, ó virgem, de todo, o tino, A Igreja heróica que te ama t a n t o !
1

Para que fazes tamanha zanga?

A BELÉM S A R R A G A
Isto te perde n u m labirinto,
Desperta n'alma dos bons devotos
Salve! heróica mulher, ó lutadora
Dúvidas letaes como o absinto,
Da causa da justiça e da verdade!
Cismas de efeito de terremotos.
Que vens com a tua voz fulminadora
Combater contra os génios da maldade...
l i a fé do povo já anda abalada!
Os inimigos da Madre Igreja Salve! apóstolo audaz, que heroicamente
Têm a alma vil sempre acordada, Atravessaste a vastidão do Oceano,
P'ra perseguir o que moureja. Para nos vir pregar, festiva e ardente.
U m viver menos duro e mais humano!
Em bem do povo, da fé, d o Céu...
, Lançam-te, pois, ó virgem Faustino,
Saúda-te esta terra brasileira.
U m infame, e sórdido, e vil labéu:
De natureza resplandescente e linda.
Dizem que é o medo que te domina!
Fada a ser liberta, sobranceira.
Mas que do Despotismo é presa ainda!
É necessário que venhas dar
A essa canalha u m desmentido.
Vai, dize a esse povo que moureja
Ela deseja te emporcalhar
R o t o , sem lar, sem luz, sem um futuro.
Como se fosses um bandido...
E que é explorado pela infame Igreja.
E que os grandes relegam ao monturo.
Mas, ó Faustino dos meus amores,
Não te enfureças, não ranja os dentes, Toda a verdade que o teu peito encerra.
Que dás razão aos teus delatores:
Descortina, desnuda a humilhação,
A raiva é própria dos impotentes...

Beato da Silva (pseudónimo). A Lanterna São Paulo 22-4-191 1. Este padre


Faustino Consoni, respondeu pelo crime do desaparecimento da menina Idalina à
Fiei João Sem cuidados (pseudónimo). E n A Plebe São Paulo, 19-1-1 sua guarda internada no Orlanato Cristóvão Colombo.
300 301
O servilismo ignóbil desta terra O remorso, mais tarde à cortesã suplanta...
Escrava da Tiara e da opressão ! 1
(também me arrependi... não mais amar eu j u r o .
Que o goso deu-me o mal...) e o gozo fê-la santa 1. 1

A IGREJA E A ESCOLA

- Donde vens t u , mulher, como a desgraça esquálida?


Que precoce velhice em tua fronte alveja? MONSTRO PRESAGO
Quem és tu? Donde vens, mísera, tão pálida?
- Eu sou a Ignorância e venho da Igreja! Esta ave lobrega, a noturna harpia
Do obscurantismo; este o milhafre insano.
- E t u , bela mulher, rosa alegre e pura. Em cuja hediondez se compendia
que ostentas no semblante a seiva das corolas, O poder temporal do Vaticano!
quem és tu? Donde vens, pujante criatura?
Quando a coruja atroz da hiprocrisia
- Eu sou a Educação e venho das escolas ! 2

Enche com o risco alvar, alvar e ufano,


A Terra entregue à Inquisição sóbria.
Treme, aterrado, o Pensamento Humano.
SANTA
Tudo na sua voz são maus agouros!
Feliz, m u i t o feliz que foi a Madalena, Seu aloucante olhar tem o hipnotismo.
Buscando sempre a crença antiga e abençoada Dos Martírios cruéis, dos servedouros!
Que muita vez lhe trouxe a carne esfarrapada
Na luta contra o amor... a luta mais amena. Foge. Brasil, a este dilema fero:
Clero coruja d o analfabetismo,
Depois arqueou... Tremeu a flor despetalada Coruja - imagem do Porvir... com o C l e r o ! 1

E quis u m novo orvalho, uma menhã serena.


Que ela sentia farta a viril açucena.
Pois fora sempre assim... mas nunca contentada!
O PADRE

E amou... e mais gozou a idade pervertida,


i para o bem que o teu silêncio eu peço,
Unindo o corpo ao corpo enfebrecido e puro
padre, inimigo acérrimo da l u z !
Do Nazareno, em fogo a boca ressequida...
Tua batina, padre, ente Confesso,
De crime u m rosário ela conduz!
Beato da Silva (pseudónimo). A Lanterna, Sâb Paulo, 29-4-1911. Belém Sárraga
dc Ferro, escritora e propagandista do Livre pensamento, veio ao Brasil para fazer
uma série de conferências sobre o ensino racionalista. ' j i i v e n a l Tapuya Tribuna Liberal. Jaboticabal - Est. dc São Paulo, I I de
Cas' j Fonseca - E m A Lanterna, Sâb Paulo, 14-2-1914, Jornal anticlerical e l i -
2 lli.« de 1931.
bertário dirigido por Edgard Leuenroth.
1 Carmem dWvila A Lanterna SJo Paulo. 26-9-1914.
302
Sempre zombaste da sagrada cruz;
Sempre tolheste a marcha do progresso.
Certas consiciências são venais
Negociante do Corpo de Jesus,
São de quem lhes paga mais
T u és a perfeição do retrocesso!
E temos dinheiro à bessa!
Dois milhões a dois tiranos
È queres t u que o povo brasileiro, E são mais cincoenta anos
esse gigante intrépido e altaneiro, Que o povo se confessa 1 1

que glórias conquistou dc arfnas na mão,

ESPANTALHO DE A L D E I A
se curve, humilde e reverentemente,
ante a batina imunda e repelente 0 sr. Salgado, chefe integralista,
que oculta crimes e devassidão ! 1
0 homem do "Estrangeiro" nacional.
Anda às tontas, buscando, de ista em ista
Qual dos istas convém ao seu manual.

Já foi republicano, socialista,


BOMBA REAL...
F o i deputado e " t r o ç o " de j o r n a l ;
" S e u " Plinio foi subindo, de conquista
D. Sebastião Leme, Em conquista, até ser chefe " i n t e g r a l " .
F o i visitar o Papa
E lá dirá com certeza:
E agora é já supremo Comandante
" O h Velho, nossa riqueza
De imaginário exército importante:
Está escapa, não escapa!...
"Tropas de Assalto", " C h o q u e " e de outras mais;

O Comunismo maldito
E em pernas é também dos mais ligeiros;
Já vai acendendo o p i t o .
Está sempre na frente dos "Carneiros".
O h ! árvore daninha!
Na aposta das " c o r r i d a s " integrais ...
2

Fundamos lá o Fascismo
Encapado de " I n t e g r a l i s m o " NO C A R N A V A L EM SANTOS
Para ver si o continha... " 0 Ibraim.
Vais ver ainda
Mas as massas proletárias Há juízes e m Berlim?
Essas abelhas, essas párias Para desrespeitá-los
Que a nós tanto enriqueceu. Para enxovalhá-los.
Já vão trocando o incenso Não é assim ? 3

Pela dose de b o m senso


Que o raciocínio lhes deu! Uirapuru (pseudónimo). Em " O T r a b a l h o " - Mafra - Santa Catarina, 7-7-1935.

2 F r e i João Sem Cuidados (pseudónimo)./! Plebe São Paulo, 2-12-1935.


'Maura Sena Pereira - A Lanterna. São Paulo, 18-5-1935.
/ l P'ebe
3 São Paulo, 19-2-1921. Ibraim Nobre f o i o t e n o r dos Trabalhadores
304 Anarquistas cm Santos.

305
CAUTÉRIOS AINDA

Foi abafado o grito da justiça, 0 transatlântico pesadamente,


A liberdade foi aos pés calcada. no afã protocolar da despedida,
Assim quiseram retirar da liça rumo da barra avança, finalmente.
Os que pelejam contra a vil combada.
Monstro - a Justiça - de armas embaladas,
Vão querer jugular a Liberdade! o cais deixou, e apenas certa gente
Grande asneira prender a consciência! ali ficou pelas balaustradas
Uma é do povo a excelsa divindade a comentar o caso simplesmente.
E a outra não se prende com a violência!
1 .cucos se agitam n u m adeus final;
ó bandidos, tremei, vossa vitória Palpitam corações angustiados...
É efémera, é banal, bem ilusória ! 1 Já si não houve a Internacional.

DESTINO FATAL Repete o Estado a negregada prova,


Mais irmãos nossos seguem deportados
Velha cadeia, casarão sombrio O Estado aduba a sementeira n o v a ' !
Nasceste perseguida pelos fados:
O teu seio de morte já assistiu
À agonia de muitos condenados. AOS COMPANHEIROS DE I XISÃO

• Estavas com o teu ventre já vazio, Irmãos, eu vos saúdo. Embora presos,
L i m p o das podridões - os desgraçados - Ameaçados, malditos, sem futuro,
Que a injustiça social, por desfastio. Temos, em nosso braços indefesos,
Mandou que devorasses aos bocados! Asas de anjo e tendões de palimuro.

Mas não terás jamais o teu repouso. Estes focos azuis em vós acesos,
Hás-de cumprir a sina desumana: - Luz da Grande Cidade que procuro -
Não foste feita para o amor e o goso! Hão de arder ante os satrapas surpresos.
Quando for Lei o que hoje é sonho puro.
Fizeram-te os ladrões para a violência.
Como uma ameaça à Liberdade humana.
- Guerreiros da Anarquia - os sofrimentos
Para eterno carrasco da Consciência ! 2
São, para nós, auréola e honra sublime, -
E mais nos honram quanto mais violentos.
'Beato da Silva (pseudónimo). A lanterna - São Paulo, 17-3-191 I . l-ste poem
trata das prisões do "Caso Idalina".
'Santos Barboza - A Plebe São Paulo. 9-4-1921. O poema " A i n d a " , é a der-
2 B e a t o da Silva (pseudónimo). Em A Unterna - São Paulo. 18-6-1914. radeira homenagem aos deportados que seguiram no navio Arlanza.

306 307
Mas tinha dentro deles um brazeiro
Tenhamos por bem vindas nossas dores;
de sonhos, de esperanças, de cuidados;
Que a dor os homens justos não oprime Confraternização ao mundo inteiro,
E torna ps mais humildes, superiores . 1
não mais homens á fome condenados.

" T o d o o que pensa em melhorar a terra,


NO SILÊNCIO DAS SELVAS... deve m o r r e r ! " - disseram os felizes,
contando os seus milhões ganhos na guerra.
Na negra solidão deste degredo infinido,
Neste recanto agreste onde a malária impera Então no cárcere há já quase sete
Numa angustia ferina e troz que desespera, anos e vão morrer os infelizes...
A vida a pouco e pouco se vai, além, sumindo. Eis a história de Sacco e de V a n z e t t i !
1

Em meio da mata brava a Razão prolifera


OIAPOQUE - T E R R A DA MORTE!
Medra, se concretiza e, alegre, vai florindo.
O vergel do futuro, esperençoso e lindo
Oiapoque! Como é negra, hedionda a tua história!...
C o s frutos da Verdade acena a quem espera.
Do nobre povo do Brasil de Sul a Norte,
Nunca! nunca apagarão tua vil memória!...
Bondoso e revoltado, o coração ferido
Terra do crime, da chibata, l u t o e morte!...
Prosseguirei na luta heróica e destemido
Bradando altivamente: - Abaixo a tiranial
Do crasso bernardismo és o pendão da glória!
Escoadouro d o ódio seu e braço forte,
Além já se divisa o Sol da Redenção
Enquanto destes aos seus sicários a vitória,
, Que um passo marcará na humana Evolução,
A quantos inocentes deste negra sorte?!
É o sol da liberdade, a sublime A n a r q u i a !
2

O h ! que terrível quadro o teu - antro funcrio!


Tomando por base a extensão do cemitério,
DOIS HOMENS Só vejo em t i uma grandeza a enfermaria!

São dois homens: o peixeiro Tumba da liberdade! Terra do extermínio!


e o sapateiro, dois esfarrapados, Da orda vil tu garantiste o predomínio!
que andavam pelo humano formigueiro, Terra da morte! Símbolo da T i r a n i a ! 2

entre os arranha-céus avermelhados.

1Moacyr Marques - Fm A Plebe. São Paulo. 28-5-1927. F m agosto.dcstc mesmo


ano Sacco c Vanzetti foram eletrocutados na América do Norte. Meio século de-
José Oiticica. O Sindicalista, Bauru, 15 de Agosto de 1921. Foi escrito no Quar- pois o governo do país que os condenou declara suas inocencias.
tel da Brigada, 29-11-1918, onde o autor passou algum tempo preso.
2D o m i n g o s Braz. .4 Plebe, São Paulo. 11-6-1927. Poema escrito no Campo de Con-
D o m i n g o s Braz. (Campo de Concentração do Oiapoquc-Clevelândia, 1925). Re-
centração do Oiapoque, fundado e governado pelo presidente Artur Bernardes.
2

produzido em A Plebe, São Paulo, 12-2-1927.

308 309
A JUSTIÇA Levantai-vos do charco apodrecido!
Sejai firmes na Grande Trajetória,
Ouves? Retumba a torva tempestade, Reivindicai o tempo já perdido!...
Que pavorosa envolve a humanidade.
No turbilhão perene dessa vida. Avante, ó paladinos do Crisol,
Que a custo não a vé já dissolvida. Que além desvendará nossa vitória,
Através da brancura d'outro S o l ! . . .
1

Cultos, deus senhores poderosos,


Erguem-sc insultantes, vis. jocosos.
Defronte à torpe massa que desfila.
Sob uma carga enorme, que aniquila...

I que alguém erga a voz debilitada, PROFISSÃO D E FÉ


Que diga que quer pão, que quer abrigo.
Como na esquina o trôpego mendigo!...
Imperturbavelmente! A minha vida
Que invoque a lei sagrada ou a justiça. segue na reta que eu determinei.
Que n u m leito de vil ouro se espreguiça E embora ulule a turba presumida,
Caprichosa, cruel, ensanguentada !...
1
náo me afasto da linha que tracei.

A l t i v o e forte, e de viseira erguida,


nesta grande batalha que travei
AVANTE! dentro da sociedade corrompida,
meu santo ideal defenderei.
Vós que tendes a vida torturada
Pelo jugo mordaz da burguesia; Erguendo o fraco à altura do meu peito,
Vós que horrores sofreis dia por dia defenderei as causas do D i r e i t o ,
Dessa tuiba cruel, envenenada; de pena erguida o u de punhal na ma~o.

Vós que a razão sentis amordaçada E consagrado ao A m o r , e à Arte,


Pelo grito brutal da Tirania, cu saberei levar por toda a parte
Tempo é já de abater a covardia - O facho rubro da Revolução ! 2

E da turba abafar a gargalhada!...

' A n t o n i o Rocha -- Em A luta Social, anarco-sindicalista Manaus, 1-9-1914 -


1Jose dc Barros. Em A Revolta, anarco-sindicalista Santos, 1-5-1914. Ano 2, nP
7. Este poema foi dedicado a Antonio F. Vieytes, expulso pela polícia santista na- Ano l , n P 4 .
quela data. Carlos Cavaco - Eni A Unido
2 Rio Grande do Sul, 24-8-1921, ano 3, n? 5 0 .

311
310
Hei-de Sv..ipre lutar, como sempre hão lutado
A FERRARIA aqueles que jamais temeram o despotismo
da trindade maldita e perversa e tirana,
Na pesada bigorna estruge o malho;
Estala o combustível na oficina que vè em cada ser u m ente escravizado
E a forja como o sol cresta, ilumina e se diz e se chama o féreo burguesismo
A fronte dos obreiros do Trabalho, - carcimona do mal de toda a raça h u m a n a . 1

Envolve o teto um fumo denegrido


A F U M A Ç A DA FÁBRICA
Como sinistro céu de tempestade.
Mas resplandece a um canto a claridade
Seu escuro pendão da fábrica a fumaça
Do clarão que se inflama no brazido.
ergue, e fala talvez, buscando o azul vasio:
- Belo é o trabalho, mas a recompensa é escassa,
O malho bate... O ferro vibra e canta.
e escasso é o p3o, o lar é pobre, e há fome. e há frio.
Forma o arado que o ouro desenterra,
O tender que nos trilhos cruza a terra,
Destes malhos brutais mesclado aos ecos passa
A quilha que veloz o mar quebrante.
um gemido de dor; a cada rodopio
de potes ou moitOes uma queixa se enlaça,
Perfura o^ferro a rocha da montanha:
e uma blasfémia aos céus. dali partida, envio.
A o carro do progresso da passagem;
Enlaça o fio aéreo uma paragem
0 fogo, de onde vim. aí dentro em cada rosto
ressalta obscura angústia, alumia u m desgosto...
Numa sonora escala o ferro canta
com que vagar, porém, hoje me aprumo e elevoI
No augusto interior da ferraria:
São os hinos festivos da alegria,
Estranho mal-estar como um torpor, me invade...
A canção do progresso nobre e s a n t a !
1
Deve ser deste ar frio o peso da humanidade,
da humanidade... ou talvez das lágrimas que l e v o . 2

SONETOS

Bafejando da luz vivificante e pura, RACIOCINANDO


que anima da existência a seiva fecundante,
T u d o é mentira! Deus, Moral e Humanidade!
vivo como um revel lutando a todo o instante
Mentira o Céu, mentira a Fé, mentira o A m o r !
Contra os férreos grilhões de horrenda escravatura.
Só sc vive do mal, da dor, da iniquidade,
e todo este progresso é Morte e despudor!
E inda mesmo que veja em cada uma creatura
- dessas a quem desejo a Ventura constante -
Pedro Augusto Mota. Morreu no Campo de ConcenUacâb do OIAPOQUE, na
um feroz inimigo, hei de em luta incesante 1

Clevelándia. A Plebe. São Paulo, 18-8-1923.


batalhar contra o mal da sua desventura.
2 A l b c r t o de Ouveira - Em O Syndicalista. Rio Grande do Sul, 24-10-1925. ano 7.

'Achilles Porto Alegre - Em A União. Rio Grande do Sul, 24-8-1921. n 9 7.


313
312
Há sempre covardia, infâmia, atrocidade. A TERRA LIVRE
Canalhas no prazer, canalhas numa dor,
Fingidos que a chorar imploram caridade, Ó leitores, companheiros,
É falsa a proteção que imita o benfeitor! sustentar a nossa folha!
Cada um lute e recolha
É crime cobiçar os frutos do trabalho. muniçóes para a manter!
Pedir j u n t o ao burguês aumento de ordenado,
Alguém que esteja n u não peça um agasalho... Bia, avante! pioneiros,
espalhai por toda a parte
H pobre do mortal que queira a Liberdade... este nosso baluarte
Pois não se vai bolir no câncer alicerçado nosso amor, nosso prazer!
que se convencionou chamar de Propriedade ! 1

Que da dívida se livre,


seguremos-lhe o porvir!
() vigor da Terra Livre
AVANTEI de nós próprios há-de v i r ' !

Avante! avante! ó lutador,


Amigo defensor da liberade,
E m teus traços mostrando ao operessor
O sublime pensar da mocidadeI CAUTÉRIOS

Avante, avante! ó livre pensador Bem pouca gente concebe


• Nessa luta do bem contra a maldade; T o d o o sucesso de A Plebe
Sempre aos fortes mostrando o teu valor, Nessa manhã de domingo.
Sempre aos fracos a tua lealdade. Iam correndo e gritando...
Dc timidez nem um pingo.
Coragem sempre na incessante luta
Que a mocidade intensa e impoluta Vendo a invasão da cidade
Irá contigo também compartilha. Tive a intuição da verdade,
Da verdade nua e crua...
Então iremos lutar eternamente Antevi com alegria
Sob u m entusiasmo permanente Todo o sucesso do dia
Da vitória a bandeira desfraldar 2
Da plebe sair à r u a ! 2

'Adalberto Viana, L m A Plebe, São Paulo, 23-7-1927.


A Terra Livre, semanário anarquista São Paulo, 9-4-1908, sem autor.
U l m e r i n d o Xavier - Em O Rebate. Corumbá - 1-1-1934, ano 1, n? 1.
2

2 C o t t i n (pseudónimo). I n i A Plebe. Sáo Paulo, diário anarquista, 9-9-1919.

314
SALVE " A LANTERNA
O NOSSO CENTENÁRIO
Salve "Lanterna" querida!
Vem. Recomeça a tua lida A luz dessa manha, o pitoresco
Que tanto havia mister... Das águas, o soprar da doce brisa,
Numa batalha gloriosa A nutureza enfim, dava, concisa,
Contra esta gente danosa À anarquia banquete principesco.
Das nostes de Lúcifer...
Jã por demais descançaftes E como que u m enorme parentesco.
Tuas forças temperaste Une o variado grupo que realiza
Para a campanha final... Fraternal festa ao " C e m " que preconiza
Neste reino do papado Vida à " A Plebe" n u m gran lutar dantesco.
Que o teu vigor redobrado
Desfira o golpe mortal!... E enquanto que o ferrenho endinheirado
Lá teme a concorrência d o mercado,
Reapareça a "Lanterna" Um roubo e perdas mais que possam vir.
Para que a "hidra de Lema"
Desta vez tenha o seu fim! Nós folgamos á margem de interesses,
Que da Igreja o Soberano Felizes, a sonhar co'as lindas messes
Tenha o aviso sobre humano Comuns, nos horizontes do p o r v i r ' . .
De baltazar no festim!...

Surge entre palmas e flores! SEMEADORES


»

Que sejam teus redatores


Penas brilhantes, de escol!... Foi bem o despertar de u m mórbido letargo
Por esta luz que irradias Aquele vandalismo, aquele desvario,
Tu serás em breves dias. Acordou de repente o populacho frio
ensimesmado e só, dentro de u m sonho amargo.
Mais que "Lanterna" um farol'!...
Eu vi o povo olhar silencioso e sombrio,
Com braços de u m Briaréu e com olhos de u m Argo,
Aquele A u t o de Fé em que, com gesto largo
O livro se espalhou em bátegas d'estio.

A história se repete. As células morosas


Tém o brilho outonal das derradeiras rosas,
Mas há-de florescer... Que importam seus desmais?

'(".uayanásde Sousa L m A Lanterna, São Paulo. 20-7-1933.


' M . Crástino - Em A Plebe - São Paulo, 23-11 1935.
316
Eu vi uru grande Ódio a semear estrelas...
VERSEJANDO
E vi também, com ânsia, os homens a colhê-las,
Vermelhos, sob a luz vermelha de seus r a i o s ' !
Alma Rubra, enrubecido
Pelo fogo bolchevista,
DOS JORNAIS
Tem, dizendo-se marxista,
Prosa e versos produzido.
É só unia questão de " i s m o " ;
De " i s m o " é só uma questão:
No Comunista Partido,
A fúria do " l e n i n i s m o " ,
- Hoje d i t o Leninista - ,
Fazendo Conspiração.
Ingressou... para anarquista
Contra a maicha do anarquismo
atacar, enfurecido...

EPITÁCIO
Mas de j u s t o e verdadeiro,

A q u i jaz a (ditadura) Alina Rubra nada diz


Dita: dos Trabalhadores No seu roufenho berreiro.
Morta foi por uns (senhores)
De m u i (larga) envergadura. T e m apenas (que coitado)
Requiescat - in - Pace ! 2
- Inda assim bem infeliz
Os seus chefes endeusado'.
LEMBRANÇA
A REVOLTA!
Caros amigos de A Plebe
Eu cismo e tenho razão: Domina por todo o mundo
Como verso nao é prosa, Horrível indignação.
Enganos de revisão Contra o mal estar profundo
A t i r a m u m pensamento Da infame organização!
De cambalhotas no chão!...
Para outra vez eu vos peço Já sc escutam os clamores
Mais um pouco de atenção . 3
E horrendos gritos de guerra.
De morte aos exploradores
'Affonso Schmidt. EatC poema tem como tema a invasío feita pelos estudantes Em terra a face da Terra!
da I ;K uld.uk' de Direito de São Paulo á redação de A Plebe. Os jovens furiosos
jogaram todos os livros, folhetos, volantes, jornais e demais pertences dos anar-
Chega a ocasião da vingança,
quistas, pelas janelas, e o povo na rua colhia com entusiasmo e saboreavam uma
leitura caída dos "céus" aos braçados. A Plebe Sáo Paulo, 6-12-1919.
Já basta de covardia,
Temos firme esperança
'Sem nome do autor Publicado nn quinzenário anarquista Lucta Social. Rio de
Na vitória da Anarquia!
Janeiro, 1-5-1922 - A n o l , n ? I .

3 L í r i o de Rezende Rio de Janeiro - A Plebe 7-4-1923* S. Paulo.


' " A l m a Candente" (pseudónimo). L m A Plebe. São Paulo. 5-7-1924.
318 319
VERDADE LUMINOSA

Com6atemos com firmeza


E energia heroicidade; Assim como Nero o banditismo
Contra a opressão burguesa Náo pode exterminar a cristandade,
Agita-se a Humanidade! De Carlos Magno todo o fanatismo
Náo pode sufocar toda a verdade,
Nós, destemidos guerreiros. Assim és impotente sociedade,
Formemos as barricadas. Com todo o teu cortejo de cinismo,
E sejamos os pioneiros Para matar em germens a liberdade
Das sublimes derrocadas ! 1
Que brota do seio do Anarquismo.

Assim como desponta, radiosa,


Trazendo em seu regaço a alegria,
ALVORADA A aurora matutina e cor de rosa,
Assim despontará, vitoriosa.
Quando chegará o dia Do virginal regaço da Anarquia
Do povo se libertar A verdade sublime e l u m i n o s a !
1

Dc seu velho mal-estar.


Num ato de rebeldia?

Será quando compreender


ANARQUIA!
Seus verdadeiros direitos.
E então triunfar fazer
Náo me conformo com o que toda-a-gente,
O mais belo dos seus feitos!...
Essa miséria e informe carneirada,
Opina e diz, sanciona, pensa e sente.
Sem amos e sem senhores.
Rebelo-me. Protesto. Faço assuada.
Na sociedade de iguais.
Sendo todos produtores.
Aos deus náo me curvo. Sou de descrente.
Deixará de haver rivais.
Juízes, Soldadesca, padralhada,
Ministros, deputados, presidente...
Mundo de amor e harmonia.
Eu odeio de morte esta cambada!
Onde náo haja rancor.
Mas o grandioso fulgor
Ferve em meu peito uma revolta santa
Da luminosa A n a r q u i a ! 2

Contra toda a feiçáo de saòripanta.


Detesto sobretudo a ipocrísia.

Antonio Abranches V.m A lanterna. 154-1916. S;To Paulo. 'Augusto Figueiredo Em A Plebe. 24-1-1020, Sáo Piulo.

2 A n t o n i o Abranches Fm A I antrrna. 2 9-1916. S3o Paulo. 321


320
Que importa que facção dos ricos brade.
E só descançarei da mói ha lida Vendo que a antiga lei não se mantém?
Quando o último burguês deixar a vida... Hão-de ruir as muralhas da cidade,
- Como me chamo? - Eu Chamo-me A n a r q u i a ! 1
Que não há fortaleza contra o bem.

Façam da acção dos subversivos crimes,


Persigam, matem, zombem, tudo em vão...
JESUS CRISTO A ideia perseguida é mais sublime.

Grande Anarquista! ó pálida figura Pois nos rudes ataques â opressão


de rebelado que, entre gente insana, A cada herói que morra ou desanime
ousaste erguer, como uma durindana, Dezenas de outros bravos surgirão . 1

o ingente brado contra a escravatura.

e que, em contraste à podridão romana AVANTE


e do opulento à orgia ascosa e impura
sonhaste u m dia a universal ventura, Cheio de autoritarismo
a liberdade e a redenção humana, Anda o mundo há seis m i l anos!...
Sou contra o maximalismo
meu pobre Cristo b o m , mártir sublime, Que incensa nossos tiranos,
náo é piedoso, â cruz, que se redime Propago o Bem, o Anarquismo,
a pobre geração vilipendiada, Meta dos ideais humanos!

mas bracejando, na final disputa, Ninguém se deixe arrastar


entre os clamores dos irmãos de luta Pelas canções da sereia
c os destroços revcis da barricada ! 2 Que faz meter na cadeia
Quem depois não concordar...
Para atingir o horizonte
Acho um perigo a tal fronte.
A ANARQUIA

Seja, pois, maximalista


Para a anarquia vai a humanidade.
Quem foi tacanho da v i s t a . 2

Que da anarquia a humanidade vem!


Vede como ideal de acordo invade
As Classes todas pelo mundo além. José Oiticica - Em O Nosso Verbo, anarco-sindicalista Rio Grande do Sul -
1? de Maio de 1 9 2 1 .
2 L í r i o de Rezende, poeta anarquista do Rio de Janeiro. A Plebe. 15-4-1922 - Sfo
' A n t o n i o Pedro - K m A Plebe. 28-2-1920. Sâb Paulo. Paulo. Com este poema manifestava sua adesão ao Manifesto Programa Anarquis-
ta, lançado no ano de 1922.
2 S y l v i o Figueiredo t m Voz do Povo ~ 3-7-1920 - Rio de J
323
322
O BARCO D O I D E A L PIRAMIÁCRATA

Noto grande divergência, A Humanidade


Falta de esforço e vontade Em Anarquia,
Nes homens de competência T e m liberdade,
Que propagam a igualdade. Tem harmonia!

Sou bastante pessimista, Nao querem os anarquistas


Tenho desânimo até; Nem dinheiro nem prisOes;
Pois vejo o barco anarquista Nem guerreiros nem conquistas.
Rumando contra a maré. Empregados o u patrões!

Assim vamos dar à costa Terra, Amor e Liberdade


O u n'algum despenhadeiro... Justiça Paz e Alegria
E a culpa — que mais desgosta, Há-de ter a Humanidade
Cabe somente ao barqueiro. Quando vier Anarquia!

Barqueiros: somos nós todos Elevar! Atingir coraçOes


Que aspiramos Uberdade O mais belo e perfeito ideal.
Falta unir meios e modos Onde a vida sem leis nem paixOes
De vencer a tempestade... Será longa, feliz, integral!

O roteiro está traçado NSo queremos nem ódio nem guerra


Sigamos nosso programa. Nem governos por mais disfarçados...
N ' u m esforço coordenado F. seremos felizes na terra.
O barco sairá da lama. Na ciência e na Paz irmanados!

Porém, se no barco agirmos O mais alto apogeu da Consciência humana,


Cada qual para seu lado Da liberdade, enfim, sem freios nem fronteiras
Antes do porto atingirmos Consiste num viver sem lei - boa o u tirana —
Ele terá naufragado ...1 Irmanado no bem por todas as maneiras!

Para que a Humanidade atinja ideais mais belos


E viver mais feliz, sem ódio nem enganos,
É mister derrubar os últimos castelos
E neles sucumbir os últimos t i r a n o s !
1

'Lírio de Rezende - Em A Plebe, 8-7-1922, Sâb Paulo. Lírio de Rezende. A Plebe. 24-3-1923 - Sâb Paulo.

324 325
TRAÇOS CLANGOR ANARQUISTA

Desde a Anarquia à Verdade Sonho escutar a turba de ouro


e da Verdade à Anarquia, É verdade! e ouvir em coro
- Tudo é lógico em harmonia A multidão!
e igual em finalidade .1
Na orquestra viva do planeta
Retroar a rutila trombeta
SEMPRE A V A N T E Da Redenção!

Os potentados Cantai, clarins, rufai, tambores!


Alucinados Sinfonisar os m i l rumores
Quais feras loucas assoladas pela fome Fundindo os sons!
Em furibundo A longitruar, como ciclones,
Rancor profundo. Reboe o cobre dos trombones
Ejacularam toda a ira que os consome, E dos clarins!
P'ra aniquilar,
P'ra exterminar Claras e cálidas clarinadas
Nosso ideal E n t o a i as músicas divinas
Sempre rival Clangorejai!
De todo o mal. Sonoros sinos da Alegria,
Em nada o fere toda a vossa reação! Dobrai as glórias da Anarquia
Nem sustareis o curso à eterna Evolução! TSobadalai!

Embora, lutando morrer. Louvai, e n f i m , o h o m e m sem peias,


Contra o senhor. Sem preconceitos ou cadeias,
Contra o opressor L i b e r t o , incréu!
Lutar é o nosso dever. Na Comunhão da Humanidade
Para mostrar Tornando a Terra, na verdade,
Para provar Melhor do que o Céu!
Que não basta o homem matar:
A ideia tem que triunfar
Pela Harmonia,
do P.C J3., combateu-os! Os bolchevistas também o atacaram ferozmente! Por ser
Pela Anarquia, anarquista foi deportado para o Oiapoque durante a ditadura de Artur Bernardes.
Não pela T i r a n i a !
2
Mais tarde fez as pazes com os dirigentes do P.CJ3., filiou-se, atrngmdo em 1931-'
1932 o Comité Central, expulsou o Secretário Gerai Astrojddo Pereira, e tomou-
lhe o lugar. A luta entre os d o s ex-«narquistas pelo poder no seio do P.C.B. foi
Alom (pseudónimo) - A Piche. 1-9-1923 Sào Paulo.
das mais deskiais e brutaisl Astrojildo foi para o antigo Estado do Rio de Janeiro
2Domingos Braz, operário tecelão, "canção com a música da " G i g o l l t e t t e " A Pie- e Domingo» Braz, vencedor de ocasião, mais adiante, deaapiado do cargo, nunca
hc. A b r i l de 1927, Sào Paulo. Domingos Braz foi grande opositor aos fundadores mais escreveu poemas libertários, "evaporou-se"...
326 327
A única vida. alegre oú triste,
BAYARO
l : esta, pois outra não existe.
Outra não há. ó Pierre D l Terrail Bayard!
Façamos por torná-la boa, Morreu na Rússia o teu herdeiro.
E ela, que em nós se aperfeiçoa. Quem neste século vulgar.
Melhor será! Do preconceito e do dinheiro.
Foi sessenta anos, o guerreiro
Abaixo o medo e a hipocrisia! Que as velhas fórmulas destrói
Para os nihilistas a Anarquia, E é hoje o preclaro, o verdadeiro
Supremo Ideal. Bayard moderno, Poeta, Herói!
I aspiração da Humanidade
Livre no seio da Irmandade Nele sentimos chamejai
Universal! O coração hospitaleiro
Do Paladino de Allevard.
O pão e o teto para todos, Pugnou, sofreu o excelso obreiro.
Mas sem mentiras, sem engodos Como ninguém no mundo inteiro.
Nem ódio algum! Porque a revolta que o condoí
Que a terra seja, a terra inteira, É ver o leão contra o cordeiro,
A imensa, a eterna, a verdadeira Bayard moderno. Poeta. Herói!
Pátria C o m u m !
Digo o teu nome oracular.
E, além do pão, além do teto. Meu protetor. meu padroeiro,
Radiosamente brilha o afeto ó Kroptkine, alma sem par!
Abençoador! Intimorato ventureiro!
Para que, em suas semelhanças. Pai de Guilhaume e Cafiero,
Nasçam as flores e as crianças. Que do teu claustro, em Chering-Roy
A o sol do A m o r ! Foste o vidente e o alviçareiro
Bayard moderno. Poeta, Herói!
Poetas, filósofos, artistas,
Nós todos somos anarquistas Oferta
Como Platão!
Porque a beleza é a Liberdade, Primeiro, Arcanjo, Companheiro
Urania, filha da verdade, De Bakunine e de Tolstoi.
Mão da Razão ! 1
Glória ao teu Sonho, o Cavaleiro,
Bayard moderno. Poeta, Herói ! 1

Martins Fontes. A n a r q u b t a e poeta dos maiores que o Brasil já tevel L m A Plebe,


Martins I-untes I 111 0 Iralialltador. auarco-sindicalMa, 1-9-1931 Sâb Paulo,
ano | . « ? 1.
25-6-1927. Sio U > .

328 329
Camaradas! Camaradas!
HINO
À luta por nosso Ideal!
Eia! Fileiras cerradas
Pela Igualdade S o c i a l !
1

Esta é a hora em que povos t i o vários.


Sacudindo da guerra os escombros. FORÇA
Reconhecem que nós Operários.
Conduzimos o mundo nos omoros!
I

Camaradas! Camaradas! Sobre o crime


À luta por nosso Ideal! Sobre a dor. sobre a mesma m o r t e !
Eia! Fileiras cerradas Erguidos ante o Mal como rochedos
Pela Paz universal! Ante a onda.
Lutadores com fé não abatidos:
Já se encontra do Triunfo nas trilhas Semelham bandeiras.
O que há pouco eram loucos ideais!... Bandeiras de justiça.
O Trabalho que faz maravilhas. De luz, de Amor, batendo palmas
Dará a vida a outras bases sociais. A todos os ventos do planeta.

Camaradas! Camaradas! II
À luta por nosso Ideal!
Eia! Fileiras cerradas A dor e a força nos secundam.
Pela justiça Integral!
Somos a rebelião, ninguém nos vence!
Triunfaremos, morrendo
Nunca mais seja a fome a vil paga Na cruz, nas forcas ou nas fogueiras!
Ao obreiro que tudo produz. Rumo ao Amor, marchamos.
Estudemos! A treva é uma chaga Deixando entre as pedras do Caminho
Que se cura com banhos de luz! Nossas flores purpúreas
Rebentando em frutos de alegria.
Camaradas! Camaradas! Com a dor semeando
A luta por nosso Ideal! Outras geraçOcs
Eia! Fileiras cerradas Hão dc fazer sua colheita de esp'ranças.
Pela cultura mental. Para semear de novo.
Não já entre o sangue e o combate.
Sempre avante! Do prélio o sucesso. Lágrimas e queixunes dc agonia,
Companheiros, nós temo-lo à mão:
Nosso braço, que cria o Progresso, 'Héub Mota Bandeira (letra); J o i o Gomes Raposo (música). E m O Sociocrata. Pa
Ponha o inimigo, sem dó. pelo chão! ranaguá, 15-5-1920. I asv 6, n° 2.

330 331
Porém, entre o Carinho fraternal e p u r o .
Que, afinal, o homem, surgirá na terra
Pela Ideia imortal regenerado. REBELIÃO

III Com gemidos agoureiros.


N u m pavoroso lamento
Vós, os que entregasteis Lá fora perpassa o vento
As cabeças soberbas Chicoteando os palheiros,
—A inimiga Parca E a noite Calijinosa:
Fizeste ver ao mundo do que a Ideia De uma tristeza superna,
Era mais poderosa do que a vida. É como a boca monstruosa
Era mais poderosa do que a morte! De uma monstruosa caverna.
Era i m o r t a l !
Chove! O arvoredo farfalha.
Altivos paladinos, Soturno o trovão ribomba
Como lonjiqua metralha...
Pladinos irmãos, viris, fecundos! Depois o silêncio tomba.
Por isso, porque verteis o sangue Pávido e trémulo escuto.
E m holocausto à mesma ideia Mergulho a vida lá fora:
Que nos sustenta a todos; E vejo a Terra de luto
Por isso, porque fizesteis E oiço uma voz que aparova!
Florescer o roseiral
Da Ilusão e do bem, rosas de glória Como um vago murmúrio
Junto ao meu sepulcro; Mansa, a princípio, ela ecoa.
Porque tivesteis o valor supremo Depois é um grito bravio
De desafiar, sorridentes. Que pela noite reboa!
A covarde ignorância imperadora; Que, para a noite se eleva
Por que tivesteis a visáo d u m mundo Num pavomso transporte.
Renegado, bondoso e forte — Como u m soluço da treva!
A humanidade por fim emancipada Como um frémito de morte!
Dos próprios entraves -
Porque fosteis bondade, luz e doçura.
Força e Amor...

Por isso res José Prol, Belarmino I emandes, José Alves e Joaquim Santos e Silva, tomba-
dos nos próprios píncaros do I d e a l " . Fstes quatro militantes do anarco-sindicalis-
mo morreram numa explosão em São Paulo, em 19 de outubro de 1920, quando
Cá estamos rodeando vossos túmulos!
preparavam bombas rudimentares com que pretendiam enfrentar o delegado
Que sáo vossos cadáveres, bandeiras ! 1
Ibraim e seus polida*, que caçavam trabalhadores a laço nas ruas de Santos, à luz
do d i a , durante a greve geral nas Docas. Rcmcmber, outubro de 1921. São
' " A Juventude Anarquista". F o i escrito para homenagear " A memória dos márti- Paulo.

332 333
Essa voz cheia de ameaças.
Palacetes opulentos!
De imprecações e rugidos,
O sangue dos desgraçados
I o clamor das populações,
Sugai, bebei gota a gota!
F. a voz dos desprotegidos!
Náo tarda que chegue o instante
Medonha, relutante e roca.
Em que a turba se levante.
Vem deste mundo sombrio,
Sedenta, faminta e rota!
Dos que t i r i n t a m de frio
E nSo tém pao para a boca.
E quando comece a luta.
Quando explodir a tormenta,
Vem das lôbregas choupanas, A sociedade corrupta,
Onde, em tarimbas sem nome, Execrável e violenta,
Há creaturas humanas Inícua, v i l , criminosa.
Agonizando com fome! Há-de cair aos pedaços!
Vem da cloaca deletéria, Há-de voar em estilhaços!
Em que a "Justiça" comprime Numa ruína espantosa ! 1

Esses que a mao da miséria.


Poz no caminho do crime.
A QUEDA DOS HERÓIS

D o Quartel: açougue enorme


Lamantais-me, por qué? Náo me pertence a vida...
Onde. à espera da batalha.
A vida Quimera é o sonho, é a mentira;
Morta de fadiga dorme
Um farrapo de nós que o vendaval atira;
A carne para a metralha.
U m sonho que se esvai, u m anseio que expira
Dos hospitais, dos hospícios.
N u m gesto heróico e forte!...
Das tascas onde ressona
A grei de todos os vícios
A morte de u m herói nao se lamenta, canta-se;
Que a miséria proporciona!
O povo nunca chora, é grande até na d o r !
A h ! neste grito funesto. Na morte é que o herói afirma o seu valor; -
Neste rugido palpita Na beleza da queda, o último extertor.
U m rancoroso protesto. No resplendor da morte!...
B o Povo, a plebe maldita!
Que sombria, ameaçadora Defendo a vida, sim; nao a entrego sem custo;
Nas vascas do sofrimento, NSo a entrego à canalha apenas por prazer...
Mistura aos uivos do vento Mas prefiro o imenso sacrifício augusto
A grande voz vingadora! A aparentar que vivo apenas por viver.

Tremei, vampiros nojentos! 'Ricardo Gonçalvel. anarquista c poeta brilhante. No Brasil, Sâb Paulo, existe

Tremei, nos vossos doirados uma rua com seu nome. O Nosso Verbo. I o de M a » de 1921. Rio Grande do Sul.
ano 3 , n ? 2 1 .
334 335
E ao pé do cadafalso, a multidão de gente
Quando do alto cair, quando rolar na Terra Levantava um protesto, erguia uma questão,
Esta cabeça é vossa; erguei-a em vossas mãos. Estremecendo a T e r r a ! 1

Mas não para implorar uma piedade inútil,


- Sentimento covarde, miserável, fútil...
Erguei-a com vigor em vossos braços sãos
E atirai-a com força às faces dos algozes
Que vos declaram guerra! CÂNTICO REBELDE
Calcai no peito a dor com um grito de protesto,
Que o hino de holocausto, o derradeiro canto.
Burguesia exploradora
Seja um clamor senil de proletários vozes
do suor de quem trabalha:
Que a rebeldia encerra!
da rajada redentora
é decisiva a batalha.
Neste gesto de amor está todo o meu gosto;
Eu amo a turba, eu amo a plebe que produz!
Marinheiros e soldados,
Está na multidão faminta que amo tanto
aos proletários unidos,
A coragem, o heroísmo que impulsiona - a Ação.
farão justiça aos malvados,
Da plebe sai o herói; da multidão a luz que tanto os tem oprimido.
Que a ideia faz brotar e a multidão conduz
Quer fulgindo uma espada ou cante uma canção..
O h ! escravo do salário,
A sua voz foi num longínquo sussurro. das leis e da disciplina,
O sussurro da plebe, o calmor da vingança tendes o vosso Calvário
( Um gesto convulsivo, um formidável urro. na sociedade assassina.
Um fulgido olhar cm que fulgia a esperança
Como um clarão dos céus!... De angústias e privações
Um gesto incerto e vago, estremecimento, o nosso viver tem sido.
O final da tragédia, o f i m do sofrimento, O h ! senhores dos salões
O derradeiro adeus! chegou a hora! sentido.

E a cabeça rolou, ainda palpitante. Revolução Social,


Aos pés da guilhotina, ensanguentada, quente; Alvorada da Anarquia.
E o seu corpo sem norte Viva a Pátria Universal!
Caiu como um calhau, como u m trapo qualquer. que a Rússia nos anuncia.
Indicando a viuvez na alma da mulher,
O fim da vida, a morte!
Num t o m de vida e luz, ao contraste indiferente. 'Souza Passos (Felipe G d ) , anarquista. " A memória dos Mártires de Chicago". Na
Rutilava a manhã espargindo o clarão revista Promelheu - Abril de 1924
Iluminando a serra.
337
336
U l i ! Anarquia sublime HINO DA LIBERDADE
Ideal de liberdade.
Que pelo amoi nos ledune I
Dos grilhões da falsidade.
Unamo-nos escravos da política,
Marcha rasgando o honzonie Na justa aspiração da Liberdade,
Diz ao escravo, ao plebeu: Pois temos que exercer severa critica
Caminha erguendo tua fronte Contra a desordem secular da Sociedade
Que todo o Universo é teu! O h ! produtores.
A quem os filhos,
Nada faz a burguesia Hoje mirrados na pobreza os consomem,
Que a gozar tudo consome, Lançai na terra
A trabalhar noite e dia Os empecilhos
O plebeu morre de fome. Que é o mais j u s t o dever de todo o homem!
Que as nossas dores inspirem sempre! sempre!
Levanta-te povo altivo
Combatendo a exploração. O gozo é para nós u m sonho místico
Hoje é crime ser passivo Que zomba da miséria dissolvente;
l2 justiça a Revolução. l i o Estado esse enigma sofístico;
Se encarrega de a tornar mais persistente,
Em Guarda! que se aproxima Esteios, que se perdem no reverso;
O momento decisivo Baluarte, que a desgraça vos levaram.
O povo não desanima Só vós sois os obreiros do Universo!
Porque não quer ser cativo.

O h ! produtores
Desfraldamos a bandeira
Que o vosso sangue derramais
Da nossa Revolução,
Aos opressores,
Nesta luta verdadeira
Clamai justiça para os punir!
Luta de emancipação.
Anarquia! Porvir!

(repete-se na primeira e segunda vez) . 1

I I

Esta vil sociedade despótica.


Desprezemo-la de vez filhos do povo,
"Música da primeira parte do I ado ( M N Jacinlho". Km O Nosso Verbo, Km E de toda esta amizade patriótica
Grande do Sul, " 1 9 de maio do 4 ano da Revolução Social". O autor deste "Cân-
o Façamos renascer u m mundo novo.
t i c o " acreditou - como muitos, inclusive os fundadores do P.C.B. - que a alvora-
Operários,
da da Anarquia viria da Kússia.
Que assim escravo,
338
Não se trata evidentemente dc uma obra
escorreita, de leitura agradável e lances épi-
cos ou chavões literários. Nosso trabalho
move-se na direção das preocupações anar-
quistas pouco divulgadas até hoje: o que fez
Tanto padecem nesta vil sociedade? " n a Escola, no Teatro e na Poesia".
Sejamos fortes Os libertários náo fugiam da luta econó-
E sempre bravos mica, até porque eram explorados, no en-
Combatendo sem descanso a iniquidade! tanto tinham em mente um alvo maior do
Que as nossas dores nos inspirem sempre! sempre! que a simples satisfação do estômago ou a
A dor restaure em nós, força titânica preservação da espécie. Defendiam e pre-
Para o Grande Combate a burguesia, gavam uma filosofia de vida ampla, para
E seja a nossa Cólera vulcânica todos, capaz de i r até onde o pensamento
A vida dos princípios da Anarquia! humano a levasse, livre da autoridade irra-
Mas na verdade erguendo os seus escombros cional, de hierarquias, classes sociais, cul-
Mostremos o valor da sã Justiça! turais c/ou intenções de mando do homem
Não mais fatigue o peso os nossos ombros! sobre o homem.
A s diferenças hoje notadas entre indiví-
O h ! produtores!
duos vem sendo impostas há muitos séculos
Que o vosso sangue derramais
com uma educação intimidativa e poderes
Aos opressores.
de formadores a f i m de que o homem acre-
Clamar justiça para os punir,
dite na impossibilidade de viver sem capa-
Anarquia! P o r v i r !
1

t a z e s , c h e f e s , patrões, a u t o r i d a d e s ,
governantes, a Igreja e o Estado que lhes
dizem o que podem e o que náo podem fazer
e devem comer com salários por decreto.
Para tanto empregaram dentro da Escola e
da Igreja anestesiadores mentais, inculca-
ram temores conscientes e inconscientes
que o homem carrega atualmente bem
como a falta de memória e de raciocínio.

Foi para se opor a estes poderes roboti-


zadores oficiais que os anarquistas criaram
Escolas M o d e r n a s , Racionalistas: que-
riam rasgar a cortina que impede a verdade
de chegar aos cérebros humanos e tornar o
homem irmão do homem.
Queriam um Ensino revitalizado, uma
Escola e um T e a t r o livres, uma N o v a E d u -
cação que a seu tempo ligue e associe o
braço e o cérebro em benefício e para feli-
'Apareceu cm O Nosso Verbo. Rio Grande do S u l , 19-5-1921. seu autor. cidade de todos e de cada u m .

340 Para o anarquista um homem vale um


homem!

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