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Universidade Federal do Pará

Instituto de filosofia e Ciências Humanas


Faculdade de História

Alessandra Moreira Galvão

OS MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA: a diversidade presente nos


movimentos opositores aos regimes ditatoriais durante as décadas de 1970 e 1980

Belém
2023
TADDEI, Emilio, SEOANE, José, ALGRANATI, Clara. Movimentos Sociais. In: Emir Sader
et. al. (coord.), Enciclopédia Contemporânea de América Latina. São Paulo, p. 811-819.
O texto "Movimentos Sociais” de Emilio Taddei et. al. traz como objetivo uma análise dos
movimentos sociais ocorridos na América Latina, apresentando características e desafios
enfrentados por eles, com o intuito de contribuir para o debate entre Estado e classes sociais,
bem como as noções de autonomia e integração, de democratização e transformação social,
além de buscar uma visão crítica sobre as políticas neoliberais presentes na região
latinoamericana e seus impactos na economia e sociedade.

Para isso, um dos pontos apresentados abordados que ocasionaram os movimentos sociais
foi a implantação das políticas neoliberais, que se caracterizam como uma dimensão mais
radical, generalizando-se em toda a região. Tendo como consequências transformações
estruturais que, segundo os autores, “modificaram a geografia societária dos capitalismos
latino-americanos no marco da nova ordem aparentemente imposta pela chamada
“globalização neoliberal”” (Taddei et. al. p. 811).

Com essa intervenção neo liberal, a sociedade viu-se necessário o confronto dessas
transformações radicais. Então os movimentos sociais se organizaram entre rural – que
protestavam contra as consequências econômicas e sociais provocadas pelas quedas dos
preços internacionais de numerosos produtos agrícolas, pelas políticas creditícias draconianas
e pelas barreiras alfandegárias para esses tipos de produto – e urbano – os protestos eram
direcionados ao desemprego que a política neoliberal causou, então os movimentos sociais
urbanos estavam ligados ao movimento trabalhista.

Toda a movimentação social teve como resultado a conquista de autonomia política,


capacidade crítica e organizativa por parte dos movimentos sociais, sendo essas conquistas
significativas para a construção de uma "outra América possível" que tanto reclamam os
povos do continente. Essas movimentações foram importantes para a mudança dos governos
vigentes. Além disso, a movimentação no campo contra as consequências econômicas e
sociais, dera a essa região a atenção devida sobre as injustiças e desigualdades sociais
ocorridas nesse espaço.
GOIRAND, Camille. Movimentos sociais na América Latina: elementos para uma abordagem
comparada. Estudos Históricos, vol. 22, n. 44. Rio de Janeiro: CPDOC/FGV, 2009, p.
323-354.
O texto “Movimentos sociais na América Latina: elementos para uma abordagem
comparada” de Camille Goirand apresenta uma reflexão acerca dos movimentos sociais que
ganharam força na década de 1970 na América Latina. Buscando nas trajetórias históricas e as
características desses movimentos, utilizando das principais perspectivas adotadas pela
sociologia política para analisá-los. Goirand também traz em seu texto uma proposta a
renovação dos quadros de análise dos movimentos sociais, essas novas formas de
investigação, permite a propagação do debate acerca da institucionalização dos movimentos
sociais na América Latina, evidenciando a urgência da renovação dos modelos de análise para
observar os movimentos do continente latino-americano (Goirand, 2009, p. 326).

Como abordagem, Goirand trata sobre a o papel importante que a Igreja Católica exerceu
nos movimentos sociais. A partir de 1968 as Igrejas nacionais abriram espaços de oposição
política, isso ocorreu após a conferência dos bispos latino-americanos em Medellín, que
definiu a “opção pelos pobres”. Assim, a Igreja Católica colaborou com a estruturação das
oposições dos regimes autoritários (Goirand, 2009, p. 329).

Com isso, a Igreja Católica participa da construção, e posteriormente, do apoio às


reivindicações das populações indígenas, “no mesmo momento em que outros confirmavam
seu apoio ativo a certas guerrilhas, como o cardeal Ernesto Cardenal na Nicarágua sandinista
depois de 1979 ” (Goirand, 2009, p. 329). Então, segundo Goirand, a politização da
militância foi engendrada pelos padres.

Sobre a presença indígena nos movimentos sociais, a autora fala sobre o crescimento
significativo que vem ocorrendo no continente latino-americano desde os anos de 1990.
Apontando a atuação dos dirigentes indígenas nas instituições públicas representativas. Além
disso, as mobilizações indigenistas, acerca das reivindicações sobre a educação bilíngue, o
reconhecimento cultural, o acesso aos recursos naturais e a propriedade da terra, foi um marco
na década de 2000, assim, constituindo a parte essencial das mobilizações da América Latina
que é a diversidade.
SANTOS, Corcino Medeiros dos. O lugar dos povos indígenas no Estado Nacional
americano. In: Luiz Cerro & Wolfgang Döpcke (orgs.), Relações Internacionais dos Países
Americanos: Vertentes da História. Brasília, UnB, 1994, p. 53-64.
O autor Corcino Medeiros dos Santos, apresenta no capítulo O lugar dos povos indígenas
no Estado Nacional americano processos sobre a interpretação do indigena na sociedade
americana, tendo foco na América latina. Como o tratamento dado ao indígena na
historiografia latino americana, tendo como ponto de partida o território brasilero. Neste
tópico, aborda a transformação do olhar que a história tem acerca dos povos originários, e
como há a necessidade da interdisciplinaridade para trabalhar com esta temática.
Compreendendo que a história da América Latina não se inicia com a colonização europeia,
mas identificando fontes que falam sobre a existência de outros habitantes nesses territórios.

Falando também sobre como a aculturação foi, e ainda é um processo violento de


aniquilação de uma cultura em detrimento de outra. Assim, Santos apresenta algumas formas
de imposição da cultura europeia sobre a cultura indígena, sendo denominadas como
“desindianização” e “desculturação” (Santos, 1994, p. 55) desses povos, com base nos
interesses dos colonizadores.

Além de apresenta o pensamento da construção de uma identidade nacional presente na


América Latina, abordando as questões de homogeneidade econômica, cultural e linguística, a
partir da unificação racial oriunda da mestiçagem biológica, como fatores para engendrar uma
nacionalidade (Santos, 1994, p. 57). Contudo, Santos discorre sobre esse desejo da construção
de uma nacionalidade presente nos países Latinosamericanos atenderem aos interesses das
elites crioulas (Santos, 1994, p. 56). A integração a ancestralidade indigena, e a mestiçagem
presentes nos países, eram importantes para a permanência das elites no âmbito político,
econômico e cultural. Tratando sobre a imposição do ideário liberal, assim afetando na cultura
e consecutivamente a administração ao qual os povos indígenas estavam submetidos.

Também apresenta a participação sociopolítica dos povos originários, sendo uma


resistência ao discurso de passividade que permeou a área das ciências sociais por muito
tempo. Mostrando o que o autor chama de “maturidade político-social” (Santos, 1994, p. 59),
reivindicando a representatividade indígena nos setores mais importantes da sociedade e
apresentando sua presença na história. Então torna-se importante ter a presença indígena na
política pois a auto identificação indígena permite um senso de coletividade social e permite
aos povos originários a manutenção de seus direitos.
ZUCCO, Maise Caroline. Influências do Feminismo Estadunidense no Brasil - Relatos e
Leituras. In: ANPUH, XXIII Simpósio Nacional de História – Londrina, 2005.
Caroline Zucco em seu texto “Influências do Feminismo Estadunidense no Brasil - Relatos
e Leituras” aborda sobre a influência do feminismo norte americano nos movimentos
feministas durante a ditadura. Apresentando ideias de Betty Friedan e outras lideranças do
movimento feminista dos Estados Unidos, e como as feministas brasileiras apropriaram-se
desse ideária, mostrando também a forma como essa inluencia contribuiu para omovimento
feminista da segunda onda, além de trazer as dificuldades que as mulheres brasileiras tiveram
para ter acesso a essas ideias, durante o período de repressão no Brasil.

Zucco fala que o contato com o feminismo estadunidense ocorreu por brasileiras que
estavam exiladas, ou que possuíam contatos que facilitavam esse acesso. Então, uma parte da
população feminina, teve contato com a literatura feminista norte americana. Contudo, esse
acesso era escasso, pois o regime autoritário brasileiro expurgava qualquer movimentação
social e sinais de organizações esquerdistas, assim, literaturas que abordassem assuntos
vinculados a essas categorias, entrando de forma clandestina, eram reprimidos pelo governo
(Zucco, 2005, p. 6).

Sobre Betty Friedan, a Zucco a apresenta como liderança do Movimento de Libertação da


Mulher, e aponta sobre as questões que Friedan levantava, como a desigualdade entre homens
e mulheres como “o problema sem nome” (Friedan, apud, Zucco, 2005, p.3). A autora aponta
que as ideias de Betty Friedan influenciaram muitas autoras brasileiras e contribuíram para a
retomada do movimento feminista, que ficou conhecido como segunda onda. Contudo, os
periódicos brasileiros desqualificaram o movimento feminista a partir das crítas feitas, por
estes, aos escritos de Betty Friedan.

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