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“Racismo e Sexismo na Cultura

Brasileira”
Por:
Arthur Hiago
Bernardo Aguiar Gonzales, Lélia
Clara Lima
Gabriel Nunes
Larissa Oliveira
Tony Sanchez
Quem é Lélia Gonzales?
Quem é Lélia Gonzales?

 Nasceu em 1 de Fevereiro de 1935, em Belo Horizonte – Minas Gerais;


 Intelectual e ativista, integrou a assessoria política do Instituto de
Pesquisas das Culturas Negras;
 Pioneira na construção do pensamento feminista e antirracista no Brasil.
Sobre o texto...
Sobre o texto...

 Foi publicado em 1984;


 Lélia se vale de noções da psicanálise como ferramentas para compreender o “racismo à brasileira”;
 Expõe o racismo como uma construção ideológica com benefícios sociais e econômicos para brancos de
todas as classes sociais;
 “Sintoma da neurose da cultura brasileira”.
“A Longa Epígrafe”
“a longa epígrafe”
“a longa epígrafe”

 Identificação entre Dominado e Dominador;


 O mito da Democracia Racial;
 Duplo fenômeno: Racismo x Sexismo e seus efeitos violentos sobre a mulher negra;
 O olhar da cultura brasileira e suas marcas de africanidade;
 Noções de consciência e memória.
“a longa epígrafe”

 “Racismo? No Brasil? Quem foi que disse? Isso é coisa de americano. Aqui não tem diferença, porque todo
mundo é brasileiro acima de tudo, graças a Deus. Preto aqui é bem tratado, tem o mesmo direito que a gente
tem. Tanto é que, quando se esforça, ele sobe na vida como qualquer um. Conheço um que é médico;
educadíssimo, culto, elegante e com umas feições tão finas… Nem parece preto”.
“A Nêga Ativa”
“a nêga ativa”
“a nêga ativa”

 O CARNAVAL:
Lélia Gonzalez inicia o texto nos trazendo a canção “Mulata”, de autoria dos Irmãos Valença e popularizada
por Lamartine Babo;
 “O teu cabelo não nega, mulata,
que tu és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata,
Mulata, eu quero o teu amor
Tens um sabor bem do Brasil
Tens a alma cor de anil
Mulata, mulatinha, meu amor
Fui nomeado teu tenente interventor”
“a nêga ativa”

 Ponto central do carnaval: quando as escolas entram na Marquês de Sapucaí.


 → A transfiguração da mulher negra, da doméstica à rainha mulata. Opressão e agressão.
→ “Mito da Democracia Racial”"O mito que se trata de reencenar aqui é o da democracia racial. E é
justamente no momento do rito carnavalesco que o mito é atualizado com toda a sua força simbólica."
“a nêga ativa”

 Lélia resgata na história o termo “mucama” para entender a “confusão que o branco faz na gente que é
preto”.
 Segundo o dicionário Aurélio: "Mucama. (Do quimbumdo mu’kama ‘amásia escrava’) S. f. Bras. A escrava
negra moça e de estimação que era escolhida para auxiliar nos serviços caseiros ou acompanhar pessoas da
família e que, por vezes, era ama de leite. (Os grifos são meus).“
→ Duplo sentido da mucama: a doméstica (mucama permitida; da prestação de serviço; cotidiana) e a
mulata (mucama ocultada; do carnaval; exaltada)
“a nêga ativa”

 A CRÍTICA À ANÁLISE HISTÓRICA DE CAIO PRADO JÚNIOR


Citando Caio Prado Júnior em seu livro Formação do Brasil Contemporâneo, Lélia busca entender como a
gente chegou nesse estado.
 “A outra função do escravo, ou antes, da mulher escrava, de instrumento de satisfação das necessidades
sexuais de seus senhores e dominadores, não tem um efeito menos elementar. Não ultrapassará também o
nível primário e puramente animal do contato sexual, não se aproximando senão muito remotamente da
esfera propriamente humana do amor, em que o ato sexual se envolve de todo um complexo de emoções e
sentimentos tão amplos”.

*Crítica: Caio Prado Júnior nega o estatuto de sujeito humano ao escravo. (Escravo X Negro)*
“a nêga ativa”

 Lélia define esse tipo de pensamento como sendo fruto da “neurose cultural brasileira” gerada pela
culpabilidade branca.
→ Neurose cultural brasileira: construção de modos de ocultamento de um sintoma.
→ Culpabilidade branca: ligada especificamente a palavra responsabilização.Exemplo do caso do vice-rei:
“Mais adiante, citando José Honório Rodrigues, ela se refere a um documento do fim do século XVIII pelo
qual o vice-rei do Brasil na época excluía de suas funções do capitão-mor que manifestara “baixos
sentimentos” e manchara seu sangue pelo fato de ter se casado com uma negra. Já, naqueles tempos,
observa-se de que maneira a consciência (revestida de seu caráter de autoridade, no caso) buscava impor
suas regras do jogo: concubinagem, tudo bem; mas casamento é demais.”
“a nêga ativa”

O CASO MARLI
 Nasceu no Rio de Janeiro, na favela do Pinto, em 1954. Trabalhou como empregada
doméstica e quando criança viu a favela onde vivia com sua família ser alvo de um
incêndio criminoso.Em 1979, testemunhou o assassinato de seu irmão, Paulo Pereira
Soares, pela polícia militar, no Rio de Janeiro. No dia seguinte, junto com seu pai,
foi à delegacia em Belford Roxo, na Baixada Fluminense denunciar. Lá, reconheceu
e apontou um dos assassinos de seu irmão, que nunca foi preso.
Esse dia foi o primeiro de sua longa jornada por justiça, porque Marli precisou ir
mais 30 vezes na delegacia fazer reconhecimentos, até que passou a ir diariamente.
Sua luta fez com que fosse apelidada pela imprensa como “Marli Coragem”. Ela
passou a sofrer ameaças e se manteve escondida por muito tempo.
Anos mais tarde, seu filho Sandro, de 15 anos, também foi assassinado pela polícia.
Sua história foi relatada no livro “Marli Mulher: tenho pavor de barata, de polícia
não”, que conta sua luta por justiça. (Fonte: site Memórias da Didatura).
“a nêga ativa”

 A MÃE PRETA E A OUTRA


"É interessante constatar como, por meio da figura da “mãe-preta”, a verdade surge da equivocação.“
 Mãe preta: quem realmente desempenha a função materna e é valorizada por isso.A outra (mãe branca):
função quase única de somente parir os filhos. Não desempenha função materna.
 “O que a gente quer dizer é que ela não é esse exemplo extraordinário de amor e dedicação totais como
querem os brancos e nem tampouco essa entreguista, essa traidora da raça como querem alguns negros muito
apressados em seu julgamento.”
“Muita Milonga Para uma
Mironga Só”
“muita milonga”
“muita milonga”

 Uma América Africana, ou seja, uma “Améfrica Ladina”;


 "Por isso, a gente vai apontar para aquele que tascou a sua assinatura, sua marca, seu selo (aparentemente
sem sê-lo), seu jamegão, seu sobre-nome como pai dessa "adolescente" neurótica que a gente conhece como
cultura brasileira." (Pág 250);
 Função paterna da cultura brasileira; "ausentificação" e o nome do pai;
 A questão linguística e o "Pretoguês".
“muita milonga”

 Mito da Democracia Racial;


 “Discriminação positiva e subversão ideológica”;
 Dialética senhor-escravo;
 “Mas que se atente para os hospícios, as prisões e as favelas, como lugares privilegiados da culpabilidade
como dominação e repressão. Que se atente para as práticas dessa culpabilidade através da chamada ação
policial. Só porque o Significante-Mestre foi roubado pelo escravo que se impôs como senhor.”
Obrigado a todos pela atenção!!!

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