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Recomendam ou não o romance Chiquinho para reedição? Escrevam um pequeno texto com
argumentos convincentes.
Argumentos:
• 1956: Fundação do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) por
Amílcar Cabral
Democracia (MpD)
Em termos literários
Na década de 1960 surge uma disputa entre os claridosos: são acusados de falta de elitismo,
parlamentarismo e fuga aos componentes africanos
Chiquinho foi uma obra com muita identidade nacional, existe autenticidade cultural, no
entanto, é justa a acusação sobre a fuga aos componentes africanos pois foi uma obra com
ideais de atingir o público europeu, de aceitar o parlamentarismo do colonialismo.
Nos anos 70 a poesia torna-se uma arma de combate ao colonialismo, é de uma leitura de fácil
acesso e combate pela independência, apesar de ser relativamente escassa. Esta poesia
exaltava o PAIGC e Amílcar Cabral.
Na década de 90 entramos na época de Dina Salústio. Esta autora fala muito sobre a violência
contra as mulheres e Crianças em Cabo-verde, contrariando o sistema em cabo-verde que era
muito violento e desequilibrado.
Padrões de emigração
• Consequências:
Estados Unidos
Neste documento vemos como a taxa de emigração é absurdamente grande, como vimos em
Chiquinho, e a taxa de emigração é sobretudo masculina. A população que fica é
maioritariamente feminina e dependente das remessas dos maridos emigrantes. A emigração
masculina tem descido, mas a feminina aumenta devido à procura de empregadas domésticas.
As famílias são chefiadas por mulheres: os homens trabalham mais como escravos, com uma
sociedade com uma lógica profundamente patriarcal ( os homens podem fazer o que quiserem
com a sua vida e as mulheres assumem a responsabilidade de alimentar e educar as crianças).
Em cabo-verde mais de metade das famílias é chefiada por mulheres.
No mercado de trabalho havia uma segregação de gênero, as mulheres teriam mais tendência
a trabalhar em setores de humanidades, ao passo que os homens trabalham nas ciências
naturais e engenharias, onde se receberia mais, daí famílias chefiadas por mulheres sofriam
com uma taxa maior de pobreza. Não só nesses setores, mas todos os outros em que as
mulheres recebiam menos.
Numa sociedade tão patriarcal havia também o problema da violência: há uma certa atitude da
parte dos homens que pensam ter o direito de castigar a mulher.
Liberdade adiada: A maior parte do livro está contada em terceira pessoa como se tivesse um
narrador heterogéneo, mas na última parte do conto fala na primeira pessoa. Este conto é uma
reflexão sobre suícidio: a realidade é tão triste que ela gostaria de encontrar a liberdade,
matando-se, mas acaba por adiar essa liberdade, pois no fim, ela decide voltar para os filhos. A
vida dela seria triste pois ela tinha vários filhos aos 23 anos, já tinha o útero descaído de tantas
vezes que dera à luz e essas gravidezes foram involuntárias, não sabemos se os filhos são do
mesmo pai. Se teria marido, ele estaria ausente.
No início ela anuncia que odeia os filhos, mas quanto mais reflete apercebe-se que ama os
filhos e por eles quer voltar a viver : isto só indica que os teve contra a sua vontade, mas o
instinto maternal é superior às atrocidades que ela passou.
O suicídio é uma possibilidade pois ela não tinha nada a perder e dizem-lhe que perdeu a
virgindade, mas nem ela percebe muito bem o que isso é: ela não teve acesso à educação e a
família dela também não lhe explicou.
Campeão de qualquer coisa: O livro fala sobre as máscaras- as pessoas fingem ser o que não
são. É uma critica que se estende tanto às mulheres e aos homens. Podemos imaginar que o
narrador seja uma mulher porque sabemos que existe uma voz transversal às crónicas, mas
tirando isso não passa de uma ideia.
Faz crítica ao patriarcado que cria uma pressão sobre tudo nos homens: a sua posição
machista e de superioridade masculina, a sua posição hegemónica. Crítica a uma cultura que
acaba por ser ridícula, aquela sociedade não mostra quem é e mostrar vulnerabilidades não
são bem vistas e o narrador enfatiza o quão ridículo todas estas fachadas são, pois todos
acabamos por saber que tudo o que os outros mostram não é verdade. As pessoas agem assim
porque cresceram assim, tem a ver com a sua educação, ensinaram-nos assim. A descrição
daquilo que é ensinado mostra muito mais como os rapazes são ensinados em culturas
patriarcais: os rapazes não podem ter medos nem vulnerabilidades, têm que ser supermachos.
Assim podemos entender que o «tu» que dialoga com a narradora é um homem que conta a
sua experiência e que quer ser honesto e mostrar as suas vulnerabilidades e lutar com a
pressão da socialidade que não é saudável. Esta posição traz vantagens aos homens pela
superioridade, mas também muitas desvantagens, acaba por isolar os homens das suas
emoções.
Masculinidade hegemónica
Masculinidade cúmplice
• Tira partido das vantagens relacionadas com "ser homem" numa sociedade patriarcal.
Masculinidade marginal
• Homens que compactuam com as normas sociais patriarcais, mas que pertencem a grupos
socialmente marginalizados ou racializados
• Condição precária, falta de capitais econômicos, culturais e simbólicos (Pierre
Bourdieu)
Masculinidade subordinada
já mencionadas
Raewyn Connel trata das masculinidades patriarcais no seu livro «Maculinities». Segundo
Connel temos a masculinidade hegemónica, que é o ideal de ser viril; a cúmplice que
corresponde aos homens menos viris e menos duros, mas que ainda tiram partido de serem
homens; masculinidade marginal já pertence aos homens que ainda compactuam com a
sociedade patriarcal mas pertencem a classes sociais ou raças desfavorecidas e ainda a
masculinidade subordinada, que são personalidades masculinas com traços que são atribuídos
às mulheres, como serem mais sensíveis, emocionais, gostarem de cuidar das crianças e até
homens queer ou da comunidade lgbt.
O homem que dialoga com a narradora não sabemos bem onde se encaixará na pirâmide de
masculinidade, mas ele queria combater este sistema patriarcal, ele não compactua com o
sistema.