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Angela Davis e o racismo - Rádio comunitária

Faremos uma breve apresentação sobre a filósofa em que tentaremos trazer um pouco da
discussão sobre o feminismo negro.

● Dados pessoais da filósofa


- Nome completo: Angela Yvonne Davis
- Filósofa, professora e ativista estadunidense
- Militante pelos direitos das mulheres e contra a discriminação racial nos EUA
- Que ainda vive, veio recentemente ao Brasil
- Hoje a filósofa está nos seus 75 anos
- Ganhou notoriedade nos anos 70, devido à sua atuação no partido comunista
americano e nos panteras negras (Black Power)
● Panteras negra
- Foi um grupo formado na década de 60, na luta contra o preconceito racial nos
EUA, diferenciando-se, por exemplo, do modo de lutar pacifista de Martin Luther
King “ I have a dream”
- Caracterizados fortemente pela de ação de armamento das comunidades negras
devido aos constantes atos de violência e brutalidade policial a que estão
submetidos cotidianamente, já que os EUA era um país permeado por práticas
racistas contra a população negra, sendo o grupo importante para o luta dos direitos
civis dos negros na época.
● Prisão
- No início dos anos 70, Angela Davis era uma das uma das 10 pessoas mais
procuradas pelo FBI, devido ao episódio em um tribunal, que resultou em um
confronto com 4 mortos, dentre eles um juiz, sendo encontrada no local uma arma
registrada em seu nome.
- Ficando conhecido assim o movimento em solidariedade a ela chamado “Free
Angela Davis”, mesmo assim, Angela ficou encarcerada 18 meses até que,
finalmente fosse libertada, sendo absolvida em 1972 por falta de provas.
- Campanha mundial por sua liberdade ( Free Angela Davis) - que ela citou, em sua
recente visita ao Brasil, sobre o apoio que recebeu.
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​ Mulheres, raça e classe (1981)

- I​nterseccionalidade
● Não podemos pensar as categorias (gênero, raça e classe) de maneira isolada, já
que elas estão interligadas gerando diferentes formas de opressão
● Brasil: grande população negra
● último país a abolir a escravidão ( Angela começa o livro sobre a questão da
escravatura)
● Classe: o racismo impede a mobilidade social da população negra
● Mas também hierarquiza os gêneros, a mulher negra fica numa grande
vulnerabilidade social
● Mulher negra: Subordinada ao machismo e ao racismo ao mesmo tempo.
- Reflexão sobre a condição da mulheres na escravidão;

- Questionamento sobre as diversas publicações e edições, durante os anos 70, de


obras que colocavam em debate a questão da escravidão, constatando a falta de
atenção dada à questão das mulheres escravas;

- Tentativa de propor hipóteses para realização de um exame sério sobre a questão;

- Atestação de que as mulheres negras sempre trabalharam mais fora de casa do que
as mulheres brancas, o que se reflete em grande parte dos dias atuais;
- Na escravidão, o trabalho compulsório ofuscava todas os outros aspecto da
existência das escravas;

- O sistema escravagista definia o corpo negro como propriedade, sendo vistas, tal
como os homens, como unidades de trabalho lucrativas; portanto, as mulheres
poderiam ser facilmente “desprovidas de gênero”;

- Quadro bem diferente da ideologia da feminilidade do séc XIX, que enfatizava o


papel da mulheres como mães, donas de casa e esposas;

- Mistificação da mulheres escravas dentro das estereótipos da “doméstica”,


“arrumadeira” e etc. Em verdade, as mulheres escravas trabalhavam na lavoura,
junto aos homens escravos.

- Havia uma equiparação da opressão entre os homens e as mulheres, já que a força


de trabalho e medo do açoite eram comuns a ambos;
● Estupro
- Mas as mulheres sofriam também de abuso sexual;
- Postura de conveniência dos senhores: explorá-las como homens, tirar-lhes o
gênero, mas explorando-as de modos cabíveis apenas às mulheres, no estupro,
reduzindo-as à mera condição de fêmea;

- O estupro era uma expressão ostensiva do domínio econômico do proprietário e de


seu controle sobre as mulheres negras;
- Portanto, a rotina de escravidão das escravas se sustentava tanto no abuso sexual,
como no tronco, no açoite.

- Não era simplesmente para “aliviar” os impulsos sexuais dos homens brancos,
frustrados com a castidade de suas mulheres brancas, mas sim para afirmar o domínio e a
repressão sobre as escravas. ( tema minimizado na literatura sobre a escravidão)

-” ​Segundo a filósofa, a ideia do ​abuso sexual​ de mulheres negras como algo


institucionalizado se tornou tão forte que persistiu mesmo após de a escravidão ter
sido abolida. Estereótipos que retratam a mulher negra como promíscua e imoral,
frequentemente utilizados na mídia, ajudaram a reforçar essa ideologia.”
● Maternidade
- Abolição do tráfico internacional de escravos: Foco na reprodução “natural”, assim
as mulheres negras que mais conseguiam gerar filhos, eram vistas como
verdadeiros tesouros. Mas a ​ideologia da maternidade​ em si não se estendia a
elas, já que eram vistas como instrumentos de reprodução, garantidores da
manutenção da força escrava. Ou seja, apenas como reprodutoras, animais que seu
valor era maior de acordo com sua capacidade de se multiplicar.

- Crianças escravas comercializadas, sem ter o vínculo materno, ficando no mesmo


nível que qualquer outro animal comercializável;

- Mesmo grávidas as mulheres não eximidas de seu trabalho, ficando ainda sujeita às
chicotadas, caso não cumprissem a cota diário de de trabalho;

- As mulheres negras escravas não eram “femininas” demais para as designações


que lhe eram dadas, tais como trabalhar em minas de carvão;

- Nas tentativas de estabelecer o sistema fabril nos eua, a experiência de realizar um


trabalho produtivo foi roubada de muitas mulheres, se disseminando a ​ideologia da
feminilidade​, instituiu a inferioridades das mulheres, em que essa se tornou
sinônimo de “mãe”, “dona de casa” e afins
- O mesmo não se aplicou às mulheres negras. Permanecendo o padrão entre
homem-mulher da escravidão, não se aplicando aos padrões dessa nova ideologia
dominante
● Igualdade dos gêneros na senzala
- As mulheres negras não eram diminuídas por suas funções domésticas, no interior
da “família”, assim como ocorre no caso das mulheres brancas;

- Ironia da igualdade entre os gêneros no sistema escravagista;

- Resistência das mulheres negras à escravidão;


- Ocorriam também de formas sutis: Aprendendo a ler e escrever
- escola noturna comandada por uma escrava, em Louisiana

● Serviçais domésticas
- Período pós-escravidão;
- Mulheres negras, para arrumar trabalho, eram quase que obrigadas a se tornarem
as tais serviçais;
- Eufemismo da “instituição doméstica”, marcando ainda o selo da escravidão;
- Em outras regiões, as mulheres negras que se tornavam domésticas, eram
imigrantes.

● Representatividade
- Angela comentando sobre o Brasil, questionando que em um país em que a maioria
da população é negra, os espaços na mídia e afins ocupadas, são quase em sua
totalidade, por pessoas brancas. Mas não basta trazer tais pessoas aos espaços de
poder, mas garantir que tal espaço será rompido,

- O quadro do Brasil
- A abolição não garantiu direitos
- O grande número de feminicídios no Brasil (lei desde 2015) e a maioria das vítimas
são mulheres negras
- Pensar o lugar da mulher negra no sociedade

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