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Nome: Ana Clara de Souza, Arthur Lopes Penha e Pedro Manoel de Sousa

Professor: Árife Amaral Melo


Unidade Curricular: Desenhos Animados e Ideologias
Campus Jacarezinho

O MOVIMENTO

NEGRO

Imagem reportada à Dandara dos Palmares. - Reprodução


1. O princípio dos movimentos
A escravidão foi um dos períodos mais conturbados para a história da existência
humana. Os países que mais experienciaram tamanha atrocidade foram, principalmente,
Brasil e Estados Unidos e o continente africano. Dialogando acerca do movimento negro que
ao longo das épocas vem se ampliando, não pode-se ignorar a luta de séculos contra a
escravidão desde o começo das invasões de países europeus à países africanos.
No Brasil, utilizados como objetos nas mãos dos homens brancos, os negros eram
retirados de suas terras, de suas famílias e sofriam diversos tipos de torturas, tanto físicas
quanto psicológicas, o que resultava em muitas mortes durante as viagens de navios negreiros
como: Amável Donzela (1788 a 1806) com saída do continente africano para o Brasil,
desembarcando 3.540 vivos e 298 mortos. Boa Intenção (1798 a 1802), de Angola para o
Brasil, desembarcando 769 vivos e 76 mortos durante o trajeto. Brinquedo dos Meninos
(1800 a 1826), do continente africano com destino a Bahia, desembarcando 2.959 escravos e
220 mortos.
Chegando ao local proposto, os sobreviventes eram forçados a trabalhar em senzalas,
vivendo em ambientes precários e se alimentando dos restos de comida de seus senhores.
Caso não executassem determinado serviço ou tentassem fuga, eram chicoteados e logo
sofriam com sal ou suco de limão passados em suas feridas, eram também mutilados, tendo
seus membros superiores e inferiores amputados e até cortes de seus órgãos genitais. Eram
punidos também por exercerem suas próprias religiões e não seguirem os dogmas da igreja
católica. Além do mais, inúmeras mulheres negras eram abusadas sexualmente pelos
“colonizadores”, gerando filhos miscigenados e sendo abandonadas, educando suas crianças
sozinhas.
Já nos Estados Unidos, a maior potência mundial atualmente, a escravidão iniciou-se
em 1619 e, de todos os escravos que foram levados para as terras americanas, 40% chegaram
em Charleston, na atual Carolina do Sul. As casas em que foram forçados a trabalhar até a
morte agora são atrações turísticas. Toda tortura foi abolida há 154 anos, porém, até 60 anos
atrás, o negros norte-americanos enfrentavam enormes complicações no que diz respeito a
gestão pública. Eram barrados em ônibus, tinham bebedouros separados do restante, também
não podiam frequentar escolas para brancos, como vemos no seriado “Todo Mundo Odeia o
Chris”, que conta a história do adolescente Chris vivendo em Bed-Stuy (Brooklyn, Nova
York) nos anos de 1980 e sendo o único aluno negro de sua escola, sofrendo por ideias
preconcebidas relacionados a sua negritude. Nos primeiros episódos da série de comédia,
podemos perceber o desespero de alunos e professores da Escola Secundaria Corleone ao
verem Chris. Com pânico todos correm para as salas, eventualmente se trancando. Podemos
perceber também o racismo sofrido de Chris pela sua professora senhorita Morelo, que
indiretamente julgava a sua raça com base nos esteriótipos de que todos os negros
norte-americanos da época eram “malucos”, que iriam lhe bater e logo levar seu dinheiro ou
faziam partes de gangues.
O garoto sofre diariamente bullying de Joey Caruso, um típico menino branco e
valentão. Caruso chama o protagonista de apelidos pejorativos como “neguinho” e “lixeiro”.
Esse exemplo retrata um pouco dos inúmeros tormentos da população negra na América do
Norte ao longo dos anos. Não podemos deixar de citar o Apartheid, que influenciou
principalmente na America do Norte, sendo a separacao de negros e brancos em espaços
públicos, como restaurantes, praças, banheiros etc.
A África foi o epicentro da escravidão em muitos países, também sofrendo com as
explorações de recursos naturais, como podemos ver na Conferencia de Berlim que começou
em 15 de novembro de 1884 e terminou em 26 de fevereiro de 1885. Tal conferência, juntou
13 países europeus entre eles Portugal, França, Itália, Grã Bretanha, as grandes potências do
século XIX, para a demarcação e a invasão das terras africanas. Sendo assim, milhares de
pessoas foram usadas para tráfico de escravos e deram espaço para a exploração das terras, o
que reflete até os dias de hoje na sociedade africana.
Visto esses centenários de lutas na comunidade negra, podemos compreender o
porquê de grandes manifestações de tempos atrás, admirando a bravura de cidadãos se
ergueram em favor da resistência negra nesses países afetados.
Como resultado, tivemos, por exemplo, o surgimento de cotas para negros em
universidades com a luta de uma uma geração de militantes que pavimentaram a estrada que
existe hoje, pressionando o governo federal para criação de políticas públicas para inserção
dos negros no ensino superior. A luta não acabou, ainda há muito até a efetivação dos direitos
já garantidos, porém, são notáveis os avanços para a comunidade.
2. O Movimento Negro no decorrer da história
O movimento negro é uma força histórica que, como conhecemos hoje é um resumo
de acontecimentos que vem de séculos, o qual luta pelos direitos da população negra ao
redor do mundo, principalmente nos países que a sofreram com a escravidão.
O inicío das lutas do Movimento Negro no Brasil surge com as revoltas de escravos
na época colonial. As mais notáveis personalidades que remetem à época são Zumbi dos
Palmares e Dandara dos Palmares. Zumbi nascido em 1655 no estado de Alagoas, nasceu
livre, porém foi capturado aos sete anos e entregue a um padre, ocasião onde aprendeu a
língua portuguesa e a religião católica. Aos 15 anos, voltou ao Quilombo onde lutou até sua
morte em 1695. O dia de sua morte é comemorado em todo território nacional como Dia da
Consciência Negra (20 de Novembro).
Zumbi dos Palmares foi um ícone da resistência negra para o Brasil, onde liderou o
Quilombo dos Palmares, comunidade que servia de abrigo para escravos fugitivos de
fazendas do Brasil Colonial. Localizado na região da Serra da Barriga, atualmente integra o
município alagoano de União dos Palmares. Sua esposa, Dandara dos Palmares, mãe de
Aristogíton, Harmódio e Motumbo, foi uma guerreira no Quilombo, lutando ao lado de
homens e mulheres e dominando técnicas de capoeira. No quilombo de Palmares, Dandara
participou do estabelecimento do primeiro estado livre nas terras da América, um estado
africano pela forma como foi organizado e pensado, tanto do ponto de vista político quanto
militar, sociocultural e econômico. Esta adentrou ao local logo menina, participando de
atividades de agricultura e caça.
Dandara é uma mulher negra apagada pelo machismo e o racismo que constantemente
tem sua imagem à sombra de Zumbi. Sua morte não é uma certeza, mas há relatos que a
mesma tenha se suicidado, pulando em uma pedreira em 06 de fevereiro de 1694, preferindo
a morte ao voltar a ser escrava. A guerreira lutou bravamente contra o regime escravocrata
brasileiro e é exemplo para muitas mulheres negras na sociedade atual. Guerreira, mãe e
esposa, símbolo de coragem e resistência.
Já nos Estados Unidos, o movimento foi reconhecido e estruturado como um
fenômeno organizado apenas no século XX, principalmente com os expoentes
norte-americanos de lideranças, como Malcolm X, Rosa Parks e Martin Luther King Jr.
Malcolm X nascido em Omaha no dia 19 de maio de 1925, foi um dos defensores do
Nacionalismo Negro nos Estados Unidos. Fundou a Organização para a Unidade
Afro-Americana, de inspiração separatista. O ativista e sua família foram incessantemente
perseguidos por supremacistas brancos. Com ameaças do Ku Klux Klan, se mudaram de
Nebraska para Michigan, contudo a violência não acabou. Chegando a ter sua casa queimada
por contrários ao movimento. Com seu pai morto por atropelamento e sua mãe internada em
uma instituição de saúde mental, Malcom aos 6 anos entrou no sistema de assistência social,
morando com diferentes famílias. O mesmo abandonou a escola e começou a realizar
pequenos furtos e a vender drogas, até ser preso em 1946. Na prisão conheceu Nação do Islã,
um movimento que combinava elementos do islamismo com nacionalismo negro. Malcolm se
identificou com o movimento, pois acreditava que os negros nos EUA deveriam se proteger
da agressão dos brancos de todos os modos necessários, o que muitas vezes o colocou contra
os ensinamentos de não violência de um líder carismático da época, Martin Luther King Jr.
Mas acusações de corrupção e a descoberta de que o líder da organização, Elijah
Muhammad, havia cometido adultério e assédio sexual, fizeram Malcolm X romper com a
Nação do Islã. Pouco depois, em 1963, viajou para Meca, onde passou por uma
transformação espiritual e se converteu ao islamismo sunita. Voltou aos EUA com um novo
nome, Al Hajj Malik Al-Shabazz, fundando a Organização para a Unidade Afro-Americana,
com a qual passou a defender que o racismo, e não a raça branca como um todo, era o
inimigo da justiça. Ele enxergava no islamismo uma forma de superar a desunião racial.
Malcolm X foi assassinado durante um evento no auditório da Organização para a
Unidade Afro-Americana por membros da Nação do Islã. Ele passou a ser considerado um
mártir e suas ideias e discursos contribuíram para o surgimento do movimento Black Power,
além de popularizar os valores de autonomia e independência entre afro-americanos nos anos
1960 e 1970.
No dia 1º de dezembro de 1955, Rosa Parks (1913-2005) entrou para a história ao se
negar a ceder seu lugar num ônibus público para um homem branco em Montgomery, no
Alabama. Foi uma ativista negra norte-americana, símbolo do movimento dos direitos civis
dos negros nos Estados Unidos. Rosa foi presa por desobedecer a lei de segregação racial e,
em protesto, a comunidade negra decidiu fazer um boicote aos ônibus da cidade a partir da
segunda-feira seguinte, dia 5. O Boicote foi liderado por Martin Luther King Jr e durou 381
dias.
Até que, em 21 de dezembro de 1956, a Suprema Corte declarou que as leis de
segregação racial eram inconstitucionais. No dia seguinte, Rosa Parks entrou num ônibus pela
porta da frente, escolheu um dos primeiros assentos e ficou conhecida como a ‘Mãe do
Movimento pelos Direitos Civis’.
Martin Luther Ling, nascido em familia cristã batista na cidade de Atlanta, no estado da
Georgia, em 15 de janeiro de 1929, foi um pastor batista e ativista politico estadunidense que
se tornou a figura mais relevante e líder do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos
de 1955 até seu assassinato em 1968. King possuía uma grande capacidade de discursar em
público e de agregar um grande número de pessoas em manifestações pacíficas contra as leis
de segregação racial dos estados do Sul dos EUA. Por tal característica, ele chegou a receber
o prêmio Nobel da Paz em 1964. Lamentavelmente, quatro anos mais tarde, sua vida foi
interrompida pelas mãos de James Earl Ray.
No dia 28 de agosto de 1963, Luther King discursou para um público de 250.000
pessoas em Washington, capital dos EUA. Martin expressou a sua imensa vontade de que a
segregação racial tivessese fim no país, dizendo: “Eu tenho um sonho que um dia essa nação
levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: “Consideramos estas verdades
como auto-evidentes que todos os homens são criados iguais.” Eu tenho um sonho que um
dia, nas montanhas rubras da Geórgia, os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos
descendentes de donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade”.
Nelson Mandela foi um dos mais conhecidos representantes do Continente Africano. Foi
um líder político e presidente da África do Sul entre 1994 e 1999. Rolihlahla, Tata ou
Madiba, são alguns nomes usados para se referir ao homem que dedicou sua vida a promover
igualdade, democracia e acabar com um dos sistemas mais perversos da humanidade, o
apartheid (política racial implantada na África do Sul de segregação racial). Foram 27 anos
de prisão, perseguições e muita resistência. E hoje, ainda é uma referência quando falamos
de luta contra o racismo. Nelson Mandela, ex-presidente sul-africano, alterou o rumo da
história.
Em 12 de junho de 1964, o ativista Nelson Mandela, de 46 anos de idade, foi condenado
à prisão perpétua por crime de sabotagem e conspiração contra o governo da África do Sul.
Mandela admitiu a culpa por sabotagem, mas negou a participação em uma guerrilha para
derrubar o governo da África do Sul. A África do Sul vivia desde 1948 sob o regime do
apartheid que segregava a população negra e mestiça. A oposição ao apartheid intensificou-se
em 1951, quando o Congresso Nacional Africano (CNA), fundado em 1912, lançou a
Campanha de Desafio contra Leis Injustas, um movimento de desobediência civil.
Mandela foi o porta-voz da campanha incentivando os negros a usarem os espaços reservados
aos brancos, em banheiros, escritórios públicos, correios entre outros, o que levou à prisão
Mandela e outros companheiros por dois dias. Foi a primeira de uma série de prisões pelas
quais ele passou.
Njinga Mbande nascida no território que é hoje Angola, por volta de 1583, na região
do Ndongo. Morreu a 17 de dezembro de 1663 na região de Matamba. Foi uma diplomata e
chefe militar do século XVII, que usou todos os seus meios para combater o poder colonial
português em Angola. É considerada uma das maiores personalidades da resistência africana
ao colonialismo.Reconhecida por ter combatido toda a sua vida a administração colonial
portuguesa usando, tanto a sua perspicácia diplomática, como as suas habilidades militares.
Seu reinado foi longo. Por 40 anos, Njinga liderou pessoalmente uma forte oposição
às tentativas de conquista portuguesas por meio de operações militares. Depois de chegar à
conclusão de que nada poderia ser feito contra a força de uma rainha já idosa, Portugal
acabou renunciando ao desejo de conquistar Ndongo em um tratado ratificado em Lisboa no
ano de 1657. O documento permitia que Njinga permanecesse comandando, desde que
cedesse boa parte de seu poder.
Njinga morreu em 17 de dezembro de 1663. Ela tinha 82 anos e havia passado metade de sua
vida liderando a resistência contra projetos coloniais que os europeus queriam impor à região.
Com sua morte, Portugal perdeu seu principal adversário e passou a acelerar a ocupação da
área. A rainha Njinga Mbande é reconhecida como um símbolo da resistência africana ao
poder colonial, principalmente na Angola até os dias de hoje.

3. Principais momentos do Movimento Negro

A Marcha de Selma a Montgomery

Há 55 anos, a Marcha Pelos Direitos Civis marcou um momento histórico na luta do


povo negro americano, onde cerca de 600 pessoas marcharam de Selma, cidade do Alabama,
até a capital Montgomery, para reivindicar direitos básicos e fundamentais. O movimento
pelos direitos civis nos Estados Unidos teve início em 1955 para garantir a luta dos negros
estadunidenses e abolir a segregação racial no país.

Em 1° de dezembro de 1955, em Montgomery, Rosa Parks entrou para a história


quando se recusou a se levantar para que um homem branco sentasse em seu lugar no ônibus
e acabou sendo presa, julgada e condenada. O caso de Parks e o surgimento de outros
movimentos impulsionaram a luta pelos direitos civis nos EUA. Um dos primeiros atos
realizados foi o boicote ao transporte público de Montgomery, que ficou à beira da falência
devido a esta manifestação. Além deste episódio, o movimento pelos direitos civis nos EUA
ficou conhecido por outros momentos importantes como a Marcha de Washington, que reuniu
cerca de 1 milhão de manifestantes e foi liderada por Martin Luther King.

Os manifestantes marcharam até a capital do país para protestar em favor da


igualdade de direitos. No dia 7 de março de 1965, manifestantes negros caminhavam
pacificamente de Selma até Montgomery reivindicando o direito dos afro-americanos irem às
urnas, direito esse que foi retirado por conta da segregação racial. A multidão acabou
bloqueada perto da Ponte Edmund Pettus sobre o Rio Alabama e a polícia agrediu
violentamente os participantes do protesto, no episódio que ficou conhecido como Domingo
Sangrento. Os estudantes realizaram marchas em Selma que quase sempre acabavam em
violência policial e até prisões dos manifestantes, com a intensificação das manifestações
jovens que integravam a Ku Klux Klan eram chamados para perseguir os ativistas. Os negros
representavam metade da população de Selma, mas apenas 2% da população era registrado
como eleitor, e essa característica se repetia em vários estados no Sul dos EUA.

No dia 9 de março intitulada de “Terça-feira da reviravolta” os manifestantes


tentaram novamente atravessar a ponte, desta vez com a presença de Martin Luther King,
onde manifestantes e polícia ficaram frente a frente mas para evitar um novo confronto, King
convenceu os militantes a não seguir adiante naquele momento. A terceira tentativa ocorreu
em 16 de março, os manifestantes em sua maioria negros, mas alguns asiáticos e latinos
marcharam ao lado de King até serem cercados por dois mil soldados americanos, membros
da Guarda Nacional e agentes do FBI; os manifestantes avançaram 16 quilômetros pela
“Rodovia Jefferson Davis”. Finalmente, em 24 de março chegaram a Montgomery e à
Câmara Legislativa do Alabama em 25 de março. No dia 7 de Agosto de 1965, o presidente
Lyndon Johnson assinou a Lei que dava o direito ao voto, uma importante conquista que
representou a vitória da Marcha de Selma. Essa manifestação revelou a força da convicção de
centenas de afro-americanos pela luta por direitos humanos básicos.

Em 2015, Amelia Boynton Robison, uma importante ativista defensora dos direitos
civis nos EUA e figura de grande importância durante a marcha em defesa do direito ao voto
em Selma foi conduzida em sua cadeira de rodas pelo ex presidente Barack Obama durante
uma celebração para lembrar ao momento histórico de 7 de março de 1965. A história da
Marcha pelos direitos civis foi contada no filme “Selma, uma história pela igualdade”
lançado em 2014, que retrata a luta do ativista Martin Luther King e dos militantes pelos
direitos civis da população negra nos EUA.

Revolta da Chibata

A Revolta da Chibata foi uma agitação militar na Marinha do Brasil, ocorrida no Rio
de Janeiro, de 22 a 27 de novembro de 1910. A luta contra os castigos físicos, baixos salários
e as péssimas condições de trabalho são as principais causas da revolta.

Na época, vale destacar que na Marinha do Brasil, os marinheiros eram


principalmente os negros escravos recém libertos. Estes eram submetidos a uma árdua rotina
de trabalho em troca de baixos salários. Qualquer insatisfação era punível e a disciplina nos
navios era mantida pelos oficiais por meio de castigos físicos, dos quais a “chibatada”, era a
punição mais comum. Apesar de ter sido abolida na maioria das forças armadas do mundo, os
castigos físicos ainda eram uma realidade no Brasil.

A insatisfação dos marujos cresceu depois que os oficiais receberam aumentos


salariais, mas não os marinheiros. Além disso, os novos e modernos encouraçados que o
governo brasileiro havia encomendado, o "Minas Gerais" e o "São Paulo", demandavam uma
quantidade ainda maior de homens para serem operados, sobrecarregando os marinheiros.
Essas duas belonaves eram as mais poderosas e modernas da esquadra brasileira. Assim, com
o aumento dos salários dos oficiais e a criação de uma nova tabela de serviços que não
alcançou os baixos escalões, alguns marinheiros passaram a planejar um protesto. Na
madrugada de 22 de novembro de 1910, os marinheiros do Encouraçado "Minas Gerais" se
rebelaram.

O estopim se deu após assistirem o castigo do marujo Marcelino Rodrigues Menezes,


açoitado até desmaiar com 250 chibatadas (o normal eram 25) por agredir um oficial. O
levante foi liderado pelo experiente João Cândido Felisberto, marujo negro e analfabeto. O
motim terminou com a morte do comandante do navio e mais dois oficiais, os quais não
aceitaram abandonar a nave de guerra. Nesta mesma noite, juntou-se ao motim o
Encouraçado "São Paulo". Nos dias seguintes, outras embarcações aderiram ao movimento,
como o "Deodoro" e o "Bahia", naves de guerra de grande porte. Por sua vez, no Rio de
Janeiro, o presidente Hermes da Fonseca tinha acabado de tomar posse e enfrentava sua
primeira crise. Os navios rebeldes bombardearam a cidade do Rio de Janeiro para
demonstrarem que não estavam dissimulando.

Em carta ao governo, os revoltosos solicitavam: o fim dos castigos físicos; melhores


condições de alimentação e trabalho; anistia para todos envolvidos na revolta.

Assim, no dia 26 de novembro, o presidente Marechal Hermes da Fonseca acatou as


reivindicações dos amotinados, encerrando aquele episódio da revolta. Contudo, dois dias
depois de entregarem as armas, é decretado “estado de sítio”, iniciando o expurgo e prisão
daqueles marinheiros considerados indisciplinados. Os marinheiros foram presos na Ilha das
Cobras, sede do Batalhão Naval. Sentindo-se traídos, os marinheiros se rebelaram, em 9 de
dezembro de 1910. A resposta do governo foi dura e a prisão foi bombardeada e destruída
pelo exército, matando centenas de fuzileiros navais e prisioneiros. Os rebeldes, totalizando
37 pessoas, foram recolhidos a duas prisões solitárias, onde morreram sufocados. Somente
João Cândido e outro companheiro de luta sobreviveram.

Com isso, em 1911, aqueles que aderiram ao movimento já haviam sido mortos,
presos ou expulsos do serviço militar. Muitos dos envolvidos foram mandados para campos
de trabalhos forçados nos seringais da Amazônia e na construção da ferrovia
Madeira-Mamoré. Como saldo, o conflito deixou mais de duzentos mortos e feridos entre os
amotinados, dos quais cerca de dois mil foram expulsos após a revolta. Na porção legalista,
morreram cerca de doze pessoas, entre oficiais e marinheiros. Quanto ao líder, João Cândido,
após sobreviver à prisão e ter sido inocentado, ele foi considerado desequilibrado e internado
num hospício. Por sua audácia, a imprensa da época o chamou de Almirante Negro. Ele seria
absolvido das acusações de conspiração em 1º de dezembro de 1912, mas foi expulso da
Marinha.

Sobreviveu como pescador e vendedor até que o jornalista Edmar Morel resgatou sua
história do esquecimento e lançou o livro "A Revolta da Chibata", em 1959. Somente em 23
de julho de 2008, o governo brasileiro entendeu que as causas da revolta eram legítimas e
concedeu anistia aos marinheiros envolvidos.
4. Movimentos Negros nas Redes Sociais

O Racismo é um assunto que vem sendo abordado através de movimentos sociais. Um


destes movimentos é o Movimento Negro, onde principalmente negros lutam para
conseguirem respeito e direitos iguais. E com as redes sociais, em questão de minutos o
mundo já fica sabendo de notícias e casos de racismo.
Por exemplo, em um caso que aconteceu no dia 06 de agosto de 2021, onde um
adolescente de 18 anos que trabalhava como entregador de comida por aplicativo, foi rendido
e ameaçado por dois homens que se identificaram como policiais enquanto aguardava
atendimento numa unidade das Lojas Renner, dentro do Ilha Plaza Shopping, na Ilha do
Governador (zona norte do Rio). Matheus Fernandes foi ao shopping para trocar um relógio
que havia comprado para o Dia dos Pais e enquanto aguardava o atendimento em um balcão
dentro da Renner, foi abordado pela dupla. "Eles tiraram foto minha, e eu senti que tinha
alguma coisa errada", contou o entregador em um vídeo divulgado pelo Twitter. "Eles
vieram falar que eu era suspeito de furto, porque estava com um relógio, mesmo tendo a
etiqueta e a nota fiscal. Aí disseram que eu sou suspeito de furto, e começaram a me segurar,
empurrar, balançar. Quando menos esperei, o rapaz da camiseta vermelha me deu uma
banda, sacou a pistola pra cima de mim, botou a pistola aqui (aponta a cabeça), pensei que
ele ia me matar. Eu comecei a gritar, para ver se alguém que me conhecia tomava alguma
providência". A assessoria de imprensa do shopping afirmou que "os agressores não são
funcionários do shopping, tampouco funcionários da empresa de vigilância do shopping".
Segundo a empresa, "o vigilante do Ilha Plaza (que aparece uniformizado no vídeo) atuou de
forma a contornar pacificamente a situação a fim de preservar não apenas o cliente, como
também todas as pessoas que lá se encontravam". O shopping afirma que, embora os dois
agressores tenham se identificado como policiais, eles não foram identificados, e isso caberá
à polícia. À TV Globo a mãe de Fernandes afirmou que seu filho foi vítima de racismo: "Foi
por causa da cor da pele. Não tem outra explicação. Eu não sou tão negra, então eu posso ir
ao shopping, mexer em todas as roupas, posso provar as coisas de graça. Se ele está sozinho,
ele não pode fazer nada disso. Foi o que aconteceu. Ele sozinho não pode? Ele vai ter que
sempre estar com alguém do lado? Alguém branco?", questionou Alice Fernandes Bione.

Outro caso foi o de George Floyd que foi morto por um policial branco. Conhecido
pelos amigos como um homem grande, George Floyd tinha 1,90 m e era descrito como
alguém a favor da paz, do esporte e voltado a Deus. Em 25 de maio de 2020, a polícia foi
chamada para atender uma ocorrência em uma loja de conveniência em Minneapolis. Um
cliente, George Floyd, era acusado de usar uma nota de 20 dólares que seria falsa. Um dos
agentes, apontando uma arma para Floyd, manda o homem sair do veículo e o algema.
Ao ser levado para uma viatura, Floyd cai no chão. Outros dois policiais chegam ao
local -- um deles é Derek Chauvin, que tenta empurrar Floyd para o veículo e acaba
imobilizando-o no chão. Por cerca de 9 minutos, Chauvin permanece ajoelhado sobre o
pescoço de Floyd, que repete diversas vezes que não consegue respirar. Floyd para de se
mexer, os policiais chamam uma ambulância. A ambulância chega ao local e leva Floyd.
Pouco depois ele é declarado morto.
A condenação unânime do júri popular do ex-policial Derek Chauvin hoje nos
Estados Unidos se tornou mais um capítulo histórico do caso que impulsionou protestos e
debates anti racistas e contra a violência policial por todo o mundo. A deliberação durou
menos de 11 horas. Chauvin foi considerado culpado em todas as três acusações de homicídio
contra Floyd.
No tribunal, Chauvin, vestindo terno e gravata e solto sob fiança, foi algemado depois
que o juiz Peter Cahill leu as decisões unânimes do júri multirracial formado por sete
mulheres e cinco homens. O ex-policial estava de máscara e não demonstrou qualquer
emoção ao ser escoltado para fora da sala do tribunal, enquanto o irmão de George Floyd,
Philonise Floyd, abraçava os promotores.
Somadas as condenações, Chauvin pode ficar preso por até 75 anos. Só a condenação
por homicídio não intencional em segundo grau tem pena máxima de até 40 anos, segundo
informações da CNN dos EUA. “O veredicto de culpa não trará George de volta. Este pode
ser um passo gigante em direção à justiça na América. [...] Foi um assassinato à luz do dia
que arrancou as cortinas para que todos pudessem ver todas as injustiças desse sistema.
Mostrou o joelho no pescoço de todos os americanos e a dor que todos os negros enfrentam
todos os dias. O assassinato gerou um protesto que não víamos desde os anos 60, protestos
que uniram as pessoas de diversas gerações e raças para dizer: 'Chega, é o bastante!' Chega
desses assassinatos sem sentido.” ( Joe Biden, presidente americano prometeu levar família
de Floyd para um passeio a bordo do Air Force One)
REFERÊNCIAS:

https://www.geledes.org.br/lista-navios-negreiros-cinismo-comerciantes-seres-huma
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https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49914833#:~:text=No%20in%C3%AD
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https://www.palmares.gov.br/?page_id=8192

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/herois-da-resistencia-6-no
mes-que-lutaram-pela-igualdade-dos-negros-perante-lei.phtml

https://brasilescola.uol.com.br/historiag/martin-luther-king.htm

https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2020/07/quem-foi-malcol
m-x-uma-das-maiores-influencias-do-movimento-black-power.html

https://www.ebiografia.com/rosa_parks/

https://brasilescola.uol.com.br/historiag/conferencia-berlim.htm

https://www.dw.com/pt-002/viol%C3%AAncia-na-%C3%A1frica-do-sul-reflete-proble
mas-sociais-e-econ%C3%B3micos/a-50331013#:~:text=A%20situa%C3%A7%C3%
A3o%20fr%C3%A1gil%20da%20economia,cidades%20de%20Joanesburgo%20e%
20Pret%C3%B3ria

https://baoba.org.br/negras-vitorias-um-legado-de-conquistas-da-populacao-negra/

https://brasilescola.uol.com.br/historiag/apartheid.htm

GONÇALVES, Gabriela da Costa. Há 55 anos acontecia a Marcha de Selma a Montgomery.


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CONTEÚDO, Estadão. Jovem negro é abordado em loja Renner e agredido em shopping no


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https://exame.com/brasil/jovem-negro-e-abordado-em-loja-renner-e-agredido-em-shopping-
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CARATCHUK, Ana; CARDOSO, Clarice. Justiça para George Floyd: como a morte de um
homem negro nas mãos de um policial inspira a luta anti racista no mundo hoje. Como a
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https://noticias.uol.com.br/reportagens-especiais/george-floyd-como-negro-morto-pela-poli
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BEZERRA, Juliana. Revolta da Chibata. Disponível em:


https://www.todamateria.com.br/revolta-da-chibata/. Acesso em: 06 abr. 2022.

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https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/nelson-mandela-a-historia-do-lider-que-combat
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https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/nelson-mandela-condenado-a-prisao-perpetu
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https://www.dw.com/pt-002/njinga-mbande-a-rainha-angolana-que-fez-frente-aos-portugues
es/a-42579615

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