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Ementa:

Apresentação da vida e da obra de Angela Davis e da


Lélia Gonzalez, com foco no debate sobre mulheres,
classe e raça, e de que maneira operam esses
entrelaçamentos(interseccionalidade, imbricamento ou
consubstancialidades, a depender da matriz teórica).
Angela Davis
ao lado de
Lélia Gonzalez,
nos EUA.

1975
Angela 26 de Janeiro de 1944, cidade
Yvonne de Birmingham – Estado de
Alabama – Sul dos EUA
Davis::
“Minha vida
Família negra classe média e a
pertence a segregação racial.
luta” .
1963 - Klu Klux
Klan explode
bomba em igreja
batista de
Birmingham, nos
EUA .
Trajetória acadêmica:

 1961 - Inicia a graduação com especialização em literatura francesa na Universidade


de Brandeis em Waltham;
 Contato com o pensamento existencialista de Jean Paul Sartre, Albert Camus e com
o Manifesto do Partido Comunista;
 Estudos na Universidade de Sorbonne, conhece a luta de libertação contra o
colonialismo francês ;
 Herbert Marcuse - orientador nos estudos de Filosofia ;
 1965 – obteve uma bolsa de estudos do governo da Alemanha Ocidental,
Universidade de Goeth, em Frankfurt; Interesses em Kant, Hegel e Marx;
 Em 1967 , regressou aos EUA para concluir o doutorado na Universidade da
California de San Diego.
Vida intelectual e a
militância política:

 “Eu queria continuar meu trabalho


acadêmico, mas sabia que não podia
fazer isso a menos que estivesse
envolvida politicamente. A luta era
um nervo vital; nossa única esperança
de sobrevivência. Eu estava decidida.
A jornada começava.”( Davis,2019,
Herbert Marcuse e Angela Davis p.149)
Trajetória Política:
 1968 - proximidade com o Partido Panteras Negras e o Partido
Comunista dos EUA;
 Julho de 1968, afilia-se ao Partido Comunista dos Estados
Unidos;
 Organiza o programa de educação política do Partido Panteras
Negras;
 Em 1969, o Governador da Califórnia, Ronald Reagan, alegando
que Angela Davis é comunista, abre o processo de expulsão da
Universidade;
 13 de outubro de 1970, é acusada pelo Estado da Califórnia de
cúmplice por assassinato e sequestro, ficou presa por 17 meses;
 É candidata a vice-presidente dos EUA, em 1980 e 1984 pelo
Partido Comunista.
“ Para estar segura de que estas
questões políticas não serão anuladas
nem desnaturalizadas, me
vejo obrigada a tomar parte ativa em
minha própria defesa: como acusada,
negra
como mulher e como

comunista”.
( Davis,1972)

Angela Davis. Imagem: Reprodução


Publicado originalmente em 1981.
Mulheres, Raça e Classe .
Angela Davis, 1981.
 O “legado” da escravidão: parâmetros para uma nova condição da mulher
negra.
 Homens e Mulheres africanas como “unidades de trabalho compulsório e
fundamentalmente lucrativas para os proprietários.
 Capacidade reprodutiva das mulheres negras escravizadas.
 Estupro – expressão ostensiva do dominação masculina.
 As mulheres negras não eram o sexo frágil, ou donas de casa.
 Família negra – estrutura biológica matrilocal.
 Como Ângela Davis afirma essa nova condição das mulheres negras?
não
As mulheres europeias
estavam abertamente
expostas às agressões
sexuais, embora mulheres
proletárias pudessem ser estupradas
com impunidade e castigadas por isso.
Tampouco tiveram que sofrer a agonia
de ver seus filhos levados embora e
vendidos em leilão. (Federici,2017, p.178)
A escravidão foi uma
instituição profundamente
patriarcal. Ela se apoiava no
princípio dual da autoridade
do homem branco e em sua
propriedade, uma junção
das esferas políticas e
econômicas dentro da
instituição familiar.
(COLLINS,2015, p.21)
Mulheres, Raça e Classe .
Angela Davis, 1981.
 O movimento
antiescravagista e a
origem dos direitos das
mulheres .

 A relação entre a
escravidão e a
opressão das mulheres.

Prudence Crandall

1803-1890
Mulheres, Raça e Classe.
Angela Davis, 1981.

 Classe e raça na campanha pelos direitos das mulheres.


 A participação da ativista Sojourner Truth na Convenção Nacional de Direitos
das Mulheres - “ Não sou eu uma mulher?”.
 Questiona a ausência de consciência da identidade de classe das pessoas
brancas abolicionistas;
 A defesa do direito ao voto da população negra
 A emancipação da mulher negra
 Estupro, racismo e o mito do estuprador negro.
George Stinney Jr foi
considerado inocente, 70
anos após a execução, aos 14 anos de
idade, na cadeira elétrica na Carolina
do Sul.

1929-1944
1943-2018

Linda Brown, quando tinha somente 9 anos se transformou


em um símbolo dos direitos civis, ao lutar contra a
segregação racial nas escolas públicas, na época a maioria
dos Estados do Sul dos EUA podia separar os e as estudantes
por motivos raciais.
A liberdade é uma luta
constante.
Angela Davis,2015.
 As lutas progressistas contra o insidioso
individualismo capitalista.
 Consciência coletiva versus Individualismo
heróico.
 A potencialidade do discurso
revolucionário: não é o debate da inclusão
ao capitalismo, mas a superação da
estrutura da sociedade
 A centralidade da classe trabalhadora na
luta anticapitalista
A liberdade é uma luta
constante.
Angela Davis,2015
 A vitória de Barack Obama nos EUA.

 Feminismo negro e a interseccionalidade de


lutas

 Violência Estatal e a Desumanização da


população negra

 Sobre o abolicionismo prisional: Lutar contra


prisões em massa e pena de morte é lutar
contra escravidão dos tempos modernos.
Brasil


possui773.151 pessoas
privadas de liberdade em todos
os regimes, ficando atrás
apenas da China (1,6 milhão) e
dos EUA (2,1 milhão) em
população carcerária. 61,7%
são pretos ou pardos, 75% dos
encarcerados têm até o ensino
fundamental completo, um
indicador de baixa renda.
(Fonte: Infopen)
Brasil

 Recentemente, 2019 , Ministério


da Justiça assumiu que a
população carcerária feminina do
Brasil cresceu 698% entre 2000 e
2016.
 62% são negras, 74% mães e 45%
apesar de privadas de liberdade,
ainda estão sem julgamento.
 (Fonte:Infopen)
Racismo no Brasil
é ‘uma coisa
rara’, diz
Bolsonaro a
Luciana Gimenez.
2019
Lélia Gonzalez : Atualidade e
Urgência .

 “Ser negra e mulher no


Brasil, repetimos, é ser
objeto de tripla
discriminação, uma vez
que os estereótipos
gerados pelo racismo e
pelo sexismo a colocam
no mais alto nível de
opressão”
"Eu acho que aprendo
mais com Lélia Gonzalez
do que vocês poderiam
aprender comigo",
argumentou Angela
Davis.
História de vida, Lélia de Almeida

 “ Eu sou uma mulher nascida pobre.


Meu pai era operário negro. Minha
mãe, uma índia analfabeta. Tiveram
18 filhos, e eu sou a décima sétima.”

 Belo Horizonte, 01 de fevereiro de


1935 .

 Em 1942, migração da família para o


Rio de Janeiro.
Do trabalho doméstico
à educação.

(1986,p.10 apud 2010, p.31)


“ Teve um diretor do Flamengo, que
queria que eu fosse pra casa dele ser
uma empregadinha, daquelas que
viram cria de casa. Eu reagi muito
contra isso, ...”

Irmão de Lélia Gonzalez, Jaime de Almeida,1953


 Se
6,2 milhões de pessoas, entre
homens e mulheres, estavam Trabalho
empregadas no serviço doméstico, Doméstico no
mais de 4 milhões eram pessoas Brasil.
negras – destas, 3,9 milhões eram
mulheres negras. ( IPEA,2019)
Trajetória educacional.

 1946 - Inicia o Ginásio na Escola Técnica Rivadávia Corrêa, próximo a Central


do Brasil. Estudos em idiomas.
 1952 - Cursa o Científico no tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.
 1958 - Conclui o Bacharelado em História e Geografia na Universidade do
Estado da Guanabara (UEG), atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ).
 1959 - Conclui a Licenciatura em História e Geografia na UEG.
 1962 - Conclui o Bacharelado em Filosofia na UEG.
 1963 - Conclui a Licenciatura em Filosofia na UEG.
Assimilação e
aculturação.
“ Na faculdade eu ja era uma
pessoa de cuca, já perfeitamente
embranquecida, dentro do
sistema.”

1963
Uma nova busca, Lelia Gonzalez.

 Racismo e psicanálise lacaniana


 Religião e o candomblé
 Mito da Democracia racial
 Amefricana,
 A mulher que falava pretuguês

Lélia Gonzalez e Abdias Nascimento,


Tomando partido,
 Resistência a ditatura militar;
 1972, é investigada sob a acusação
de “recrutamento de adeptos à
doutrina marxista” na
universidade;
 Fundação do Movimento Negro
Unificado e Nzinga Coletivo de
Mulheres
 Em 1982, candidata-se a deputada
federal pelo PT
 1986, é candidata a deputada
estadual pelo PDT,
Reflexões teóricas
críticas: ao
capitalismo, racismo
no Brasil.
 Publicado no início da
década de 80 ,
 A “nova ordem” : Golpe
militar de 64, discurso de
pacificação da sociedade
civil, mudança na
economia,
 A “triplice aliança” :
estado militar, as
multinacionais e o
empresariado nacional,
Reflexões teóricas
críticas ao capitalismo,
e o racismo no Brasil.
 A trabalhadora e trabalhador negro
fortemente representado em
atividades menos qualificadas, sua
presença era pequena no polo
industrial, como o ABC Paulista,
 A classe trabalhadora negra
desconheceu o “milagre econômico”,
 O lugar “natural” do grupo dominante
da época colonial aos dias de hoje,
como se configura o perfil ?
 Qual é o lugar “natural” do negro ?
 Como o sistema capitalista se
beneficia ?
Racismo e sexismo
na Cultura
Brasileira
 O linguajar popular no
texto acadêmico,
 Consciência e memória
 O mito da democracia
racial ,
 Violência simbólica sobre
a mulher negra
 Mucama - trabalho
doméstico
 Sexualização do corpo da
mulher negra
 Lélia Gonzalez afirma:

Quanto a nós, negros, como podemos


atingir uma consciência efetiva de nós
A categoria de mesmos, como descendentes de
africanos, se permanecemos
Amefricanidade prisioneiros, “cativos de uma
linguagem racista” ? Por isso mesmo,
em contraposição aos termos
supracitados, eu proponho o de
americanos ( “amefricans”) para
designar todos nós. ( p.348,2019)
Lélia Gonzalez : inspiração do
movimento feminista negro .
 "Ela foi uma das
grandes
revolucionárias desse
país. Sua crítica
evidenciou que as
mulheres negras
tinham uma posição
estratégica, tanto no
movimento negro,
quanto no feminista"
( Brasil de Fato, Joice
Bert, arquiteta e
urbanista)
Lélia Gonzalez falece aos 59
anos, no Rio de Janeiro, em
10 de Julho de 1994, vítima
de problemas
cardiorrespiratórios.

Lélia Gonzalez é
considerada um dos grandes
nomes do movimento negro
contemporâneo.
Referências Bibliográficas:

 Davis,Angela Y., Uma autobiografia/Angela Davis;1ed.-São Paulo:Boitempo,2019.


 ____________, A liberdade é uma luta constante. 1ed.- São Paulo: Boitempo,2018.
 ___________,Mulheres, Raça e Classe.1ed. –São Paulo. – São Paulo: Boitempo,2016.
 Federici,Silvia, Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. –São Paulo:
Elefante,2017.
 Hollanda, Heloisa Buarque de, org. – Pensamento Feminista brasileiro: formação e
contexto/Rio de Janeiro: Bazar do Tempo,2019.
 ____________, org.- Pensamento feminista: conceitos fundamentais/Rio de
Janeiro:Bazar do Tempo, 2019.
 Gonzalez, Lélia, Lugar de Negro. – Rio de Janeiro: Marco Zero,1982 .
 Ratts, Alex, Lélia Gonzalez.- São Paulo: Selo Negro,2010.
Essa aula é dedicada:

 As crianças,
jovens, homens,
mulheres,
assassinadxs pelo
Estado, apenas
por serem pretos
e pretas,
periféricxs !

Agatha, Presente!
João Pedro, Presente !
Fica a dica:
dicas de filmes para quarentenar.
 Os Panteras Negras: Vanguardas da
Revolução (2015) –
 13ª emenda (2016) –
 Libertem Angela Davis (2014) –
 Selma: Uma luta pela igualdade
(2014) .
 Infiltrados na Klan ( 2018)
Quem
mandou
matar ?
Sigamos firmes,
Obrigada!

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