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A linha
Linha do tempo da
Conquistas do feminismo no Brasil:
uma linha do tempo

A luta das mulheres por equidade e respeito na


sociedade data de séculos atrás. Desde as bruxas
perseguidas na idade média, até as sufragistas que foram
às ruas para conquistar o direito ao voto, é impossível
separar os períodos importantes da humanidade das
conquistas feministas que acompanharam o passar dos
anos.
O combate à estrutura patriarcal é sim muito mais
discutido hoje em dia. E esta questão, por si só, quando
paramos para pensar em todo o processo que nos trouxe
até aqui, já é um problema. Obviamente não pela
discussão – que além de necessária é um direito das
mulheres – mas sim pela demora que ocorreu até que
mulheres tivessem liberdade para falar abertamente
sobre suas vontades, necessidades e escolhas.

Para ilustrar a trajetória das feministas até os dias de


hoje, nós buscamos marcos importantes na garantia dos
direitos das mulheres ao longo da história. Esperamos
que a lembrança de cada uma destas conquistas
feministas no Brasil fortaleça ainda mais as suas razões
para acreditar e defender o feminismo nos dias de hoje:
1827 – Meninas são liberadas para
frequentarem a escola

Quando paramos para refletir que hoje em dia as


mulheres brasileiras são a maioria no que se refere ao
acesso à formação superior – 25% das mulheres no País
ingressam nas universidades, enquanto o número de
homens é apenas 18% (segundo relatório Education of
Glance 2019, divulgado pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), não
imaginamos que o acesso à educação básica por muito
tempo foi negado às meninas. Foi apenas em 1827, a
partir da Lei Geral – promulgada em 15 de outubro – é
que mulheres foram autorizadas a ingressar nos colégios
e estudassem além da escola primária.
1832 – A obra “Direitos das Mulheres
e Injustiças dos Homens” é publicado

Se falar sobre as conquistas do feminismo hoje em dia


ainda é um desafio e gera burburinhos entre pessoas que
não simpatizam com a ruptura social que o movimento
representa, imagina só como foi fazer isto lá em 1832?
A autora Nísia Floresta desafiou as tradições e costumes
da sociedade ao publicar seu livro Direitos das
Mulheres e Injustiças dos Homens. Ela foi a primeira
mulher brasileira a denunciar em uma publicação o
mito da superioridade do homem e de defender as
mulheres como pessoas inteligentes e merecedoras de
respeito igualitário.

Seu livro é considerado o pioneiro do feminismo


brasileiro por reforçar que a mulher é tão capaz quanto
qualquer homem de assumir cargos de liderança ou
desempenharem quaisquer atividades na sociedade.
1879 – Mulheres conquistam o direito
ao acesso às faculdades

Se a possibilidade de ingressar em espaços de educação


fundamental já foi tardio para as mulheres, o acesso às
faculdades demorou ainda mais. Somente em 1879 é
que as portas das universidades foram abertas à
presença feminina. Mas isso não impediu que o
machismo estrutural da sociedade ainda oprimisse as
mulheres que queriam estudar de realizarem seus
objetivos, o preconceito ainda foi um mal muito
presente na vida das jovens estudantes daquela época.

1910 – O primeiro partido político


feminino é criado

Quando falamos nas conquistas feministas, muito


rapidamente pensamos nas leis de acesso que garantem
às mulheres espaços de equidade social em relação aos
homens.
Muitas dessas determinações legais são fruto da
presença e pressões que as mulheres feministas
dedicaram ao cenário político.

Mas, mesmo que a Proclamação da República no Brasil


tenha ocorrido em 1889, foi apenas 20 anos depois, em
1910, que nasceu o Partido Republicano Feminino,
como ferramenta de defesa do direito ao voto e
emancipação das mulheres na sociedade.

1932 – Mulheres conquistam o


direito ao voto
Em 1932, o sufrágio feminino foi garantido pelo
primeiro Código Eleitoral brasileiro: uma vitória da
luta das mulheres que, desde a Constituinte de 1891,
pleiteavam o direito ao voto.
Essa conquista só foi possível após a organização de
movimentos feministas no início do século XX, que
atuaram intensa e exaustivamente no movimento
sufragista, influenciados, sobretudo, pela luta das
mulheres nos EUA e na Europa por direitos políticos.
1962 – É criado o Estatuto da
Mulher Casada

Em 27 de agosto, a Lei nº 4.212/1962 permitiu que


mulheres casadas não precisassem mais da autorização
do marido para trabalhar. A partir de então, elas
também passariam a ter direito à herança e a chance de
pedir a guarda dos filhos em casos de separação. No
mesmo ano, a pílula anticoncepcional chegou ao Brasil.
Apesar de ser um método contraceptivo bastante
polêmico, por influenciar os hormônios femininos, não
dá para negar que o medicamento trouxe autonomia à
mulher e iniciou uma discussão importantíssima sobre
os direitos reprodutivos e a liberdade sexual feminina.
1974 – Mulheres conquistam o direito
de portarem um cartão de crédito

Imagine só. Cartão de crédito, que hoje está presente na


vida da maioria das pessoas, por muito tempo foi um
direito exclusivo dos homens. Até 1974, os bancos
queriam ditar como as mulheres gastavam o próprio
dinheiro. Mulheres solteiras ou divorciadas que
solicitassem um cartão de crédito ou empréstimo eram
obrigadas a levar um homem para assinar o contrato.

A mulher não tinha liberdade de escolha e era vista


como objeto que pertencia ao pai ou ao marido, sem voz
ativa alguma. Somente em 1974 foi aprovada a “Lei de
Igualdade de Oportunidade de Crédito”, para que
clientes não fossem mais discriminados baseados no
gênero ou estado civil.
1977 – A Lei do Divórcio é aprovada

Até o dia 26 de dezembro de 1977, as mulheres


permaneciam legalmente presas aos casamentos, mesmo
que fossem infelizes em seu dia a dia. Somente a partir
da Lei nº 6.515/1977 é que o divórcio tornou-se uma
opção legal no Brasil. Porém, é importante ressaltar que
anos após a validação da lei, as mulheres divorciadas
permaneciam vistas com maus olhos pela sociedade.
Esta pressão social fez muitas mulheres optarem por
casamentos infelizes e abusivos em vez de pedirem o
divórcio.
1979 – Mulheres garantem o
direito à prática do futebol

“PÉ DE MULHER NÃO FOI FEITO PRA SE METER


EM CHUTEIRAS!”. Sim, essa era a manchete de um
jornal em 1941.

No Decreto da Era Vargas, estava claro: as mulheres não


podiam praticar esportes incompatíveis com as
“condições de sua natureza”. O argumento era de que a
prática feria a chamada “natureza feminina” e com isso,
de 1941 até 1979, foi eliminada qualquer chance de
atletas mulheres praticarem esportes. Apesar da
proibição, as mulheres nunca pararam de jogar futebol.
Sempre desafiaram a “essência feminina” e ocupavam
campos de várzea e locais em que o Estado não chega.

Após quatro décadas, a regulamentação do futebol


feminino veio em 1983, mas devemos lembrar o quanto
a proibição trouxe reflexos negativos no esporte até
hoje, como o pouco incentivo ao futebol feminino e a
falta de patrocinadores.
1985 – É criada a primeira Delegacia
da Mulher

A Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher


(DEAM) surge em São Paulo e, logo depois, outras
unidades começam a ser implantadas em outros estados.
Essas delegacias especializadas da Polícia Civil realizam,
essencialmente, ações de proteção e investigação dos
crimes de violência doméstica e violência sexual contra
as mulheres.
1988 – A Constituição Brasileira passa
a reconhecer as mulheres como iguais
aos homens

Foi apenas na Constituição de 1988 que as mulheres


passaram a ser vistas pela legislação brasileira como
iguais aos homens. Somente após as pressões da pauta
feminista, aliada com outros movimentos populares que
ganharam as avenidas na luta pela democracia, é que
conseguimos vencer uma realidade opressora e fomos
incluídas legalmente como cidadãs com os mesmos
direitos e deveres dos homens – pelo menos na
Constituição.
2002 –“Falta da virgindade” deixa de
ser motivo para anular o casamento
Imagine só, apenas no início do século XXI é que o
Código Civil brasileiro extinguiu o artigo que permitia
que um homem solicitasse a anulação do seu casamento
caso descobrisse que a esposa não era virgem antes do
matrimônio. Até este momento, a não virgindade
feminina era julgada como uma justificativa aceitável
para divórcios.

2006–É sancionada a Lei Maria da Penha

Maria da Penha, a farmacêutica que deu seu nome à lei,


precisou ser vítima de duas tentativas de homicídio e
lutar por quase 20 anos para que, finalmente,
conseguisse colocar seu ex-marido criminoso atrás das
grades. Definitivamente, essa é uma das conquistas do
feminismo mais importantes para as mulheres
brasileiras. A Lei nº 11.340/2006 foi sancionada para
combater a violência contra a mulher.
2015 – É aprovada a Lei do
Feminicídio

No dia 9 de março de 2015, a Constituição Federal


reconheceu a partir da Lei nº 13.104/2015 o
feminicídio como um crime de homicídio qualificado.

2018 – A importunação sexual feminina


passou a ser considerada crime

Ser mulher ainda – e infelizmente – é motivo para


vivenciar situações de assédio e violência no dia a dia, no
ônibus, em aplicativos de carros particulares ou numa
simples ida ao mercado. A ocorrência deste tipo de
prática contra as mulheres é tanta que a pauta feminista
precisou incluir em suas ações a defesa da lei que
caracteriza o assédio como crime (Lei nº 13.718/2018).
Apesar desta legislação garantir proteção às pessoas de
todos os gêneros, a força do movimento feminista foi
essencial para que ela se tornasse uma realidade em
nossa sociedade. Não é como se hoje não sofressemos
mais com o assédio, mas pelo menos agora temos um
mecanismo legal para defender nosso direito de ir e vir!
2021 – É criada lei para prevenir,
reprimir e combater a violência
política contra a mulher

A Lei 14.192/21 estabelece normas para prevenir,


reprimir e combater a violência política contra a mulher
ao longo das eleições e durante o exercício de direitos
políticos e de funções públicas. É violência política
contra as mulheres toda ação, conduta ou omissão com
a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os
direitos políticos.

Quais os próximos passos?

Você pode até criticar o feminismo, mas não questione


as suas conquistas. Inclusive, é graças às lutas feministas
que hoje em dia todas as mulheres possuem direitos
igualitários em nossa sociedade e podem expressar suas
opiniões.
E agora perguntamos para você:

Quais conquistas você ainda sente falta?


Quais direitos você não vê em prática no dia a dia?
Qual questão da pauta feminista mais te mobiliza?

Precisamos falar ainda mais


sobre o feminismo

Pensando nisso, elaboramos esse e-book para Roda de


Conversa Feminista. Esse material é um convite para
que mulheres se reúnam com suas amigas, ou sua
família, ou vizinhas, ou colegas de trabalho, ou com
mulheres que ainda não conhecem, e promova uma roda
de conversa feminista para dialogar sobre assuntos que
importam a todas nós.

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