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PSICOLOGIA

OBJETIVOS: Analisar os vários aspectos do comportamento que interferem no


processo de aprendizagem, as diferenças individuais, o ajustamento pessoal,
problemas de motivação que interferem no trabalho. Desenvolver critérios que
possam auxiliar o aluno na melhor maneira de analisar as habilidades profissionais.
Introduzir o conceito de administração como um processo organizacional. Valorizar
as ciências humanas que contribuem para a melhor visão organizacional.

PROGRAMAÇÃO:
Histórico da Psicologia
Conceito de psicologia
Psicologia: ciência x senso comum
Estabelecer o paralelo entre o conceito de psicologia e sua aplicabilidade nas
organizações
Correlações: psicologia, psicologia organizacional, pedagogia (treinamento) psiquiatria
e psicanálise.
Psicologia na administração de recursos humanos.
Teoria de Campo – Kurt Lewin
Dinâmica de Grupo: Ambientes X Comportamentos.
Ciclo Vivencial:
a) A influência dos comportamentos das lideranças sobre os colaboradores e os impactos nos
resultados da organização.

b) A participação da área de Recursos Humanos – ações preventivas.


Explanação teórica: Pessoa e ambientes – variáveis dependentes.
Questões de assimilação
Teoria da Gestalt: Percepção
Atividade Prática: análise de figuras humanas
Percepção: conceitos, fatores de interferência e julgamento.
Dinâmica do Dado / Ciclo Vivencial – as relações interpessoais.
Explanação teórica: figura / fundo.
Questões de assimilação

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Teoria do Behaviorismo.
Definição de Behaviorismo
Origem: Pavlov / Skinner.
Contribuição para administração de pessoas.
Aplicabilidade dessa teoria nas organizações – reforço positivo, negativo e punição.

ATIVIDADE PRÁTICA
Algumas sugestões de atividades:
Simulações e dramatizações sobre os comportamentos.
Análise dos conceitos em função das teorias já abordadas.
Questões de assimilação (acumulativas).
Teoria psicanalítica e os mecanismos de defesa
Breve histórico sobre a psicanálise
Contribuição da psicanálise para as organizações.
Subdivisões da personalidade: Id, Ego e Superego.
Qualidades Mentais: consciente pré-consciente e inconsciente.
Teoria psicanalítica e os mecanismos de defesa – parte II
Mecanismos de Defesa
Questões de assimilação

ANÁLISE DAS TEORIAS


Identificação do ponto comum das teorias:
a) prática e exercício do processo de auto conhecimento
b) compreensão do comportamento das demais pessoas na organização.
ATIVIDADE PRÁTICA
Avaliação das teorias de personalidade e da interação das pessoas no contexto
organizacional.

Aplicação de instrumentos de auto análise para estudo dos comportamentos nas


organizações.
Interação: indivíduo e ambiente / Comportamentos e Mudanças de atitudes
O estudo da Personalidade.
Atividade prática: identificando traços de personalidade

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Definição e fatores de influência da personalidade
Características da personalidade.
Barreiras x frustração.
Barreiras situacionais, intra e interpessoais.
Testes de personalidade: importância, validade e questionamentos.
A importância da identificação da personalidade nos processos seletivos – influências e
conseqüências:
- testes, dinâmicas e entrevistas.
Instrumentos de avaliação: testes e questionários (elaboração x perfil da vaga)
A personalidade da organização.
Questões éticas da avaliação de personalidade nas organizações.
Funcionamento dos grupos dentro das organizações – parte I
Conceito de Grupos / Grupos formais e informais.
Estágios do desenvolvimento dos grupos.
Conceitos básicos: tamanho do grupo e coesão.
Funcionamento dos grupos dentro das organizações – parte II
Sintalidade.
Sociometria

Atividade prática para avaliação da sociometria dos grupos

Bibliografia:

BANOV, Márcia R. Ferramentas da Psicologia Organizacional. São Paulo: CenaUn,


2002
AGUIAR, M.A.F. Psicologia aplicada à administração: teoria crítica e questão ética
nas organizações. São Paulo: Excellus, 1992.
MINICUCCI, Agostinho. Psicologia aplicada à administração. São Paulo: Atlas, 1992

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Psicologia

Vamos iniciar com uma introdução à Psicologia geral, passar por um breve histórico da
Psicologia dentro das organizações e terminar com a definição e divisão do comportamento
organizacional, mostrando, em cada momento, as contribuições desta área do saber.

Introdução à Psicologia

No decorrer da história da humanidade, o homem tem demonstrado interesse em conhecer


suas origens. Podemos observar, por exemplo, nos símbolos deixados pelos egípcios, há
milênios, sua preocupação com o ser humano. Encontramos desenhos/símbolos retratando
seus sentimentos de angústia, ansiedade, alegria, tristeza e sua própria história.

Na Grécia antiga, os filósofos, preocupados com o saber, se voltaram para todas as áreas do
conhecimento,especulando sobre os mais diversos aspectos da Psicologia.
O próprio termo "Psicologia" é de origem grega, Ψ , formando pelas palavras psique - que
significa alma (e alma era defendida pelos gregos como a fonte da vida, o que animava ou
dava vida ao corpo) -e logos que significa estudo. Portanto, etimologicamente, (origem de
uma palavra) Psicologia significa o estudo da alma.

Objeto de estudo

A palavra "alma" foi adquirindo inúmeras conotações e passou a ser inadequada para o
contexto da Psicologia. A Psicologia, por ser uma ciência recente, apresenta uma
diversidade de objetos de estudos, como comportamento, consciência, personalidade,
inconsciente, entre outros. Porém, dentro das organizações e do propósito deste estudo,
adotamos como objeto de estudo o comportamento humano.É importante observar que,
quando se fala em consciência, personalidade, ou qualquer outro referencial estudado pela
Psicologia, suas expressões são sempre encontradas no comportamento humano.

É muito comum ouvirmos que a Psicologia estudo o Homem.Porém, sabemos que o

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Homem é estudado por todas as ciências Humanas: Antropologia,
Política,Economia etc. Dada à complexidade que é o ser humano, cada ciência
humana ocupa-se de uma de suas partes, caracterizando esta parte como o seu
objeto de estudo. Na Psicologia, o objeto é o comportamento e a matéria prima é o
ser humano. Tudo o que a Psicologia criar,pensar ou disser será sobre a vida dos
seres humanos.

Considera-se comportamento toda e qualquer ação: pensar, brincar, andar, odiar,


falar, escrever, correr, cantar, aprender, esquecer, amar, trabalhar, sonhar,
gritar,estudar,etc.

O que a Psicologia busca compreender é porque uma pessoa comporta-se de uma


maneira e não de outra. Identificando as variáveis que controlam os
comportamentos humanos, podemos interferir e dar rumos mais adequados à vida
das pessoas e das organizações.

Psicologia como Ciência

A Psicologia, enquanto preocupação humana vinculada à Filosofia, já tem dois


milênios de história Seu aparecimento se deu entre os gregos, no período anterior à
era cristã, e se estendeu até 1879 quando, na Universidade de Leipzig, Alemanha,
Wilhelm Wundt fundou o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental. A partir
deste fato, a Psicologia se desvinculou das especulações filosóficas e passou para
o campo da ciência, por meio da utilização do Método científico.

O que é então a ciência? compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre


fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo) , expresso por meio de uma
linguagem precisa e rigorosa. Estes conhecimentos devem ser obtidos de maneira
programada, sistemática e controlados, para que se permita a verificação de sua
validade.Assim podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber
exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução
da experiência, desta forma, a saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e
desenvolvido.
[...] objeto específico, linguagem rigorosa , métodos e técnicas específicas,

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processo cumulativo do conhecimento, objetividade, fazem da ciência uma forma de
conhecimento que supera e muito o conhecimento espontâneo do senso comum.
Esse conjunto de características é o que permite que denominemos científicos a um
conjunto de conhecimentos.(BOCK,1999,p.19-20).

Com o status de ciência, a Psicologia passa a utilizar o método cientifico e a


cumprir as exigências da comunidade científica.Transcrevemos a seguir algumas
exigências relacionado-as com a Psicologia.

a) Objeto de estudo: toda a ciência deve possuir um campo de


estudo próprio e delimitado. A Psicologia tem por objeto próprio o
comportamento (que é observável).
b) toda ciência deve fazer uso da experimentação e/ou observação,
que permitam reexames do mesmo problema por pesquisadores
diferentes, com vista à confirmação ou refutação dos resultados.A
experimentação é uma interferência no comportamento do
organismo que está sentido estudado.

Este não reage em situação natural, mas numa situação em que o observado o
coloca. O observador controla a situação, isto é, ele estimula o organismo para
observar se modo de reagir (BARROS,1987, p.8).

Na experimentação, o observador tira ou acrescenta algo no ambiente para


averiguar se há alteração no comportamento .Geralmente, trabalha-se com dois
grupos: um que sofre interferência e outro que seguirá seu curso natural para depois
se comparar os resultados obtidos. Pode-se, ainda, utiliza-se de dois ou mais
grupos, aplicando ou retirando de cada uma deles uma variável diferente.
Quando se fala em observação comum uma etapa da ciência, refere-se a uma
observação sistemática, planejada, criteriosamente registrada numa linguagem
precisa e rigorosa.
Assim, a Psicologia, principalmente por ser uma ciência humana, além da pesquisa
tradicional, faz uso de outras maneiras de se pesquisar, mantendo todo o rigor de
uma ciência.
Embora as pessoas possuam características próprias, elas as adquirem também

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dentro do seu contexto histórico, social e cultural. Assim, são aceitas pesquisas que
envolvam histórias de vida (ou estudo de caso) de um único individuo, encontram-se
nele características que são próprias da espécie humana, o que permite a
generalização.

A Psicologia se preocupa fundamentalmente com os comportamentos que o


individualizam o ser humano, porém, ao mesmo tempo, procura leis gerais
que, a partir das características da espécie, dentro de determinadas condições
ambientais,prevêem o comportamento decorrente (LANE,1991,P.8).

Psicologia, misticismo e práticas alternativas

O Tarô, a astrologia, a Quiromancia, a Numerologia, entre outras, são práticas


adivinhatórias que não são aceitas e nem fazem parte da Psicologia. Algumas
pessoas procuram tais práticas por que buscam soluções rápidas para seus
problemas.

Da mesma forma, a Auto - ajuda, a Neurolingüistica ou as terapias alternativas


(Cromoterapia, Florais de Bach etc.) são terapias que não têm nenhum vínculo com
a Psicologia. Os psicólogos que usam métodos como acompanhamento psicológico
ferem o Código de Ética da Psicologia.

Áreas de atuação do Psicólogo

A Psicologia possui vários campos de atuação, tendo como áreas tradicionais à


clínica, a educacional e a área organizacional.

a) A área clínica é mais conhecida pelas terapias, que podem ser individuais
ou em grupo, e tem como objetivo levar o indivíduo a se conhecer melhor,
trabalhar seus mecanismos de defesa, controlar suas angústias, ansiedades,
medos e fazer uso adequado de seus potencial, visando aproveitá-lo ao
máximo.Na Medicina, a Psicologia Clínica auxilia pesquisando sobre
alterações comportamentais após a utilização de certos medicamentos ou

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procedimentos; maneira de trabalhar o isolamento em internações
prolongadas; doenças físicas causadas pelas emoções.No trabalho, a
Psicologia Clínica contribui com pesquisas sobre ansiedades, angústias e
neuroses relacionadas às atividades, estresse,doenças psicossomáticas,
doenças ocupacionais e demais distúrbios observados nesse ambiente.

b) Na educação, estudam-se todas as fases do desenvolvimento humano e


de aprendizagem. O que o indivíduo aprende, como e o que faz com este
conhecimento em que momento do desenvolvimento ele acontece.A
Psicologia Educacional tem evoluído tanto no aproveitamento do potencial
humano e na facilitação da aprendizagem de indivíduos normais como na
elaboração de programas específicos para indivíduos excepcionais
(deficientes mentais, físico, auditivos, visuais etc.). Suas pesquisas
auxiliam também na construção de treinamentos adequados dentro das
organizações.

c) Psicologia organizacional está vinculada ao surgimento dos trabalhos de


orientação educacional que se ocupa do comportamento humano dentro
das organizações voltados para três grandes blocos distintos nas ciências
sociais: o comportamento microrganizacional que deriva da psicologia e da
pesquisa comportamental; o comportamento mesorganizacional, originado
da psicologia Social e da Sociologia Interacionista; o comportamento
macrorganizacional, deriva da Economia, da Sociologia Estrutural, da
Antropologia Cultural e da Ciência política.

Comportamento microrganizacional: refere-se ao comportamento


individual, à particularidade de cada pessoa. O comportamento
microrganizacional é estudado unicamente pela psicologia e volta-se para
as questões ligadas às diferenças individuais, personalidade,
aprendizagem, percepção, motivação e estresse, que desencadeiam
estudos sobre seleção de pessoal, avaliação de desempenho, atitudes no
local de trabalho, satisfação no trabalho, entre outros.

Comportamento mesorganizacional : volta-se aos comportamentos das

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equipes e dos grupos. Aborda tópico como socialização, liderança,
cooperação, competição, estudos de grupos e dinâmica de
grupo.Comportamento macrorganizacional: diz respeito à compreensão
dos comportamentos de empresas inteiras.

As origens do comportamento Macrorganizacional podem ser situadas em


quatro disciplinas principais: a Sociologia, com suas teorias sobre
estruturas; a Ciência Política, com suas teorias sobre poder, conflito,
negociação e controle; a Antropologia Cultural, com suas teorias sobre
simbolismo, influência cultural e análise comparativa e a Economia, com
suas teorias sobre competição e eficiência. Dentro das organizações é o
comportamento da empresa que determina como as pessoas e os grupos
devem se comportar e se relacionar com a empresa.

O psicólogo e a organização

O comportamento organizacional é um campo de estudo voltado a prever, explicar,


compreender e modificar o comportamento humano dentro das empresas
(WAGNERIII,1999,p.6).
Teoricamente, a prática do psicólogo do trabalho deveria voltar-se para a promoção de
uma consciê4ncia crítica sobre a alienação social e as relações de dominação –
subordinação, levando as pessoas a serem livres, desenvolverem uma consciência crítica
sobre si mesma e buscarem o caminho da auto-realização.
Embora esta prática não seja exercida na organização, pois não podemos nos esquecer
de que vivemos numa sociedade capitalista, é inegável a contribuição do psicólogo nas
organizações no sentido de amenizar o sofrimento humano no trabalho quando seleciona
pessoas compatíveis com a cultura organizacional ou quando reduz conflitos decorrentes
das relações humanas.

ABORDAGENS FUNDAMENTAIS SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO

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As abordagens fundamentais sobre o esse objeto são tratadas pelas principais escolas
(também chamadas de “linhas” ou “correntes”) da psicologia , que estabelece elementos
específicos como determinantes do comportamento humano.

São elas: a Psicologia da Gestalt, que parte do pressuposto de quer o comportamento


humano é determinado pela percepção, principal responsável pelos conflitos e influências
na tomada de decisões; a Psicanálise, que atribui ao inconsciente, o principal
responsável pelas nossas defesas, a determinação do nosso comportamento e
abordagem Behaviorista, que determina que os nossos comportamentos são controlados
pelos estímulos ambientais, responsáveis pelos sistemas de poder que envolve
recompensas e punições. Essas abordagens oferecem ferramentas que facilitam a
compreensão do comportamento humano dentro das organizações.

ABORDAGEM GESTALTÍSTICA DO COMPORTAMENTO HUMANO

A Psicologia da Gestalt é uma escola de origem alemã, cujo termo gestalt não encontra
uma tradução precisa no português. As palavras mais próximas são: forma ou
configuração e, em termos de conceito, o todo.

Seus fundadores são Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kohler (1887-1967) e Kurt
Kofka (1886-1941), que iniciaram seus estudos por meio da percepção e sensação do
movimento, tendo como base inicial a ilusão ótica, onde um estimulo físico é percebido
pelo sujeito de uma forma diferente da que ele tem na realidade.

Se pudermos ter uma falsa percepção de coisas tão objetivas quanto tamanho, forma ou
comprimento, há uma possibilidade maior de percebermos erroneamente coisas mais
subjetivas como intenções, pensamentos e sentimentos de outras pessoas.

Distorções semelhantes à ilusão de ótica encontram nas relações humanas. Reagimos ao


que percebemos e nem sempre o que percebemos é realidade objetiva. Quando a
realidade percebida se distancia da realidade objetiva, ocorre a incompreensão, a
frustração e o conflito. As decisões que tomamos também são influenciadas por essa
relação.

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A Gestalt tem como ponto de partida a percepção, que por sua vez é dependente da
sensação.

Sensação e Percepção

Tomamos conhecimento do mundo externo por meio dos órgãos dos sentidos. As
mensagens recebidas por estes são transmitidas ao cérebro através do sentem nervoso,
formando na mossa mente imagens de objetos e situações.
Quando falamos num limão, temos uma imagem (do limão que se formou a partir das
mensagens recebidas por sensações: Azedo (paladar) + cheiro característico do limão
(olfato)+cor verde (visão)+forma arrendada (tato/visão)+ casca áspera (tato)=limão).
A imagem do limão que se formou em nosso cérebro pelas soma das sensações,
chamamos de percepção. Todos os órgãos dos sentidos enviam ao mesmo tempo seus
dados sobre o limão ao cérebro, que se encarrega de dar um significado a esse conjunto
de informações.

Podemos dizer que perceber é dar sentido, é dar significado às nossas sensações.

Quando estamos diante de uma nova situação, os órgãos dos sentidos captam
informações sobre esta e enviam sua mensagem ao cérebro, cuja tarefa é procurar por
registros já existentes. Caso encontre situação próxima ou similar, como por exemplo:
“esta empresa parece-se com aquela em que já trabalhei”, formaremos um valor, conceito
ou opinião sobre a empresa. Em outras palavras, daremos um significado. Se não
encontrar nenhum registro parecido,agregará está informação às já existentes.
É importante ressaltar que a percepção que se tem de uma pessoa, empresa,
organização ou país determina a forma pela qual se dará a relação com a mesma.

A Teoria Gestalt baseia-se no principio de que as coisas são percebidas formando um


todo que não pode ser compreendido pelas soma das partes. Podemos notar as partes no
todo; porém, o todo é independente das partes.

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Suponhamos que hoje pela manhã tivéssemos feito uma visita a uma montadora de
automóveis para vermos o XY, carro que será lançado no próximo ano. Quando
chegamos a essa montadora, o que vimos separadamente foram todas as peças
que compõe o carro: o casco, o chassi, os bancos, os pára- choques, as portas, os
tapetes etc. estas partes não nos fornecem a visão do todo. No todo, ou seja, o
carro montado, pode observar o conforto, a segurança, a estética, entre outros
elementos, que não dá para percebermos vendo as peças isoladas.

O todo é maior do que a simples soma das partes.

Este fato é nítido quando observamos os grupos. Eles têm características próprias que
estão distantes da soma dos seus integrantes. As individualidades que compõem o grupo
não representam o que o grupo e de fato.

Processamento de Informações

O todo representa a realidade objetiva. Porém, durante o processamento de informações,


muitos dados são perdidos ou desprezados. O processamento envolve: a seleção, a
organização, o armazenamento e a recuperação de informações.

Seleção

Entre os inúmeros estímulos aos quais o indivíduo está exposto, ele se direciona a um ou
a alguns estímulos particulares, escolhendo-os entre todos os outros. Os escolhidos irão
para o processamento de informações e os não escolhidos serão desprezados. Esta
escolha está baseada em:

• situação e estado emocional no momento percebido: um


funcionário que sabe que está na lista de corte de pessoal
receberá de maneira diferente a notícia da reestruturação da
empresa do que aquele que sabe que será promovido. Uma
pessoa que for visitar um país onde nasceram seus ascendentes

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reagirá de maneira diferente daquela que comprou um pacote de
viagem apenas para conhecer esse mesmo país.
• Valores e opiniões sobre o outro, situações e determinados
assuntos: um gerente, que tenha preconceitos em relação aos
homossexuais, poderá não dar valor às idéias de um funcionário
que julga ser homossexual. Um país que desvaloriza a mulher se
ao negociar com outro país a intermediadora for uma mulher, a
chance da negociação ser favorável poderá ser reduzida. Quem
valoriza a estética e a limpeza pode se manipulado, por exemplo,
quando vai a um laboratório limpo, com pessoas bem
uniformizadas e sorridentes para atende-lo dando a impressão de
qualidade nos resultados dos exames, o que nem sempre é
verdade, ou escolher uma faculdade por sua infra-estrutura,
acreditando que esta é sinônima de boa formação.
• Nossas necessidades que levam a uma seleção do que vamos
perceber no outro: quando precisamos de um chaveiro porque a
chave do nosso carro quebrou, percebemos a existência de
chaveiros muito mais facilmente do que se não tivéssemos essa
necessidade
• A tendência que temos em ignorar informações incompatíveis
com as nossas expectativas: coisas importantes discutidas numa
reunião sequer aparecem nas decisões tomadas e muitas são
aquelas que não vem ao encontro das idéias de quem presidiu a
reunião.
• Nossas expectativas, que nos levam a observar aquilo que
queremos: o indivíduo, quando se apaixona, só vê no outro,
objetos de sua paixão, aspectos positivos, como se o outro fosse
perfeito.

Organização
Quando o dados brutos enviados pelos órgãos do sentido por meio
do sistema nervoso chegam ao cérebro, este é ativado para buscar
registros já existentes . Esta busca envolve os seguintes princípios da
Gestalt:

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a) Principio da proximidade: na busca que o cérebro faz,os
elementos mais próximos tendem a ser agrupados. A
proximidade envolve a relação entre tempo e espaço.

Vemos três colunas e não linhas

No cotidiano das empresas, as pessoas que trabalham no


departamento de vendas, pela proximidade, podem considerar se
departamento o mais importante da empresa, pois, sem vendas, a
empresa não sobrevive. As da produção acreditam que é o seu
departamento o mais importante, pois, sem produção não há produto
e, sem produto não há vendas e assim sucessivamente.

b) Princípio da semelhança : elementos são agrupados.

Vemos três linhas e não cinco colunas

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Por exemplo, a semelhança entre a postura do Dr. João, da empresa
X (com quem Maria trabalhou há dez anos) e a postura do Dr. Jorge
da Y (com quem ela trabalha atualmente), faz com que Maria aja
com o Dr. Jorge da mesma maneira que agia com Dr. João.
c) Princípio do fechamento: Temos a tendência de completar os
elementos faltantes da figura para garantir sua compreensão.

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Triângulo incompleto

ARMAZENAMENTO

Uma vez estabelecido um significado, essa informação será agregada


a informações já existentes. Estas informações serão armazenadas
na memória para posterior recuperação.

RECUPERAÇÃO
Quando uma nova situação surgir, o cérebro será acionado e a
informação poderá ser recuperada. Por´m não podemos esquecer
que, durante as etapas do processamento de informações foram
perdidos ou desprezados, o que dificulta a visão da realidade
objetiva.

Quando percebemos um objeto qualquer ou estamos diante de um


acontecimento, a seleção se inicia e alguns aspectos desse objeto ou

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situação se destacarão e outros serão desprezados. A esse aspecto,
que mais atrai nossa atenção e que selecionamos chamamos
Figura, a qual emerge contra um fundo mais vago e difuso, que será
inicialmente desprezado.

A FIGURA refere-se aos elementos, fatos ou informações que se


destacam dentro de um contexto. É o foco da nossa atenção.

O FUNDO refere-se aos elementos, fatos ou informações que não


se destacam, mas estão presentes e são necessários para a
compreensão da figura. É todo o contexto.

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A maioria de nós confia em nossos sentidos, mas às vezes essa fé cega pode
nos fazer acreditar que nossas percepções são um reflexo perfeito da realidade.
AS PESSOAS REAGEM ÁQUILO QUE PERCEBEM, E SUAS PERCEPÇÕES
NEM SEMPRE REFLETEM A REALIDADE OBJETIVA.
O QUE SE PROCURA NA Psicologia da Gestalt, é a boa forma, ou seja,
superar a ilusão de óptica ou permitir a relação figura –fundo. Quanto mais clara

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estivar a forma (boa –forma), mais clara será a separação entre a figura e o
fundo. Quando isso não ocorre, torna-se difícil distinguir o que é figura e o que é
fundo, o que nos faz distanciar da realidade objetiva. Esse é um problema
importante, porque á medida que aumenta a diferença entre a realidade
percebida e a realidade objetiva, aumenta proporcionalmente a possibilidade de
incompreensão, frustração e conflito.

Abordagem psicanalítica do comportamento humano

Quando falamos em Psicanálise, nos referirmos a uma teoria sobre o aparelho


psíquico elaborado por Sigmund Freud (1856 a 1939). Freud foi um médico
vienense que alterou radicalmente o modo de pensar a vida psíquica. Freud
ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo, suas “regiões
obscuras”, isto é, as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do
homem, como problemas científicos. A investigação sistemática desses
problemas levou Freud à criação da psicanálise.O grande mérito de Freud está
na descoberta do inconsciente. Nossos comportamentos considerados
“inexplicáveis” ou atos aparentemente praticados por acaso estão relacionados
a uma série de fatos ocorridos no nosso passado, a maioria deles na infância,
que não temos consciência, mas que se manifesta ano comportamento
presente.Esses fatos encontram-se programados nas profundezas do
inconsciente.Freud constrói uma teoria do aparelho psíquico que envolve três
níveis de vida mental:

Consciente – refere-se aos acontecimentos que estão se processando


neste momento e que tomamos conhecimento imediato.São do nosso
domínio.Como estão acontecendo agora, podemos interferir ou mudá-
los. Ex: pensamentos, emoções e percepções que estão se
processando agora.

Subconsciente – São os fatos que aconteceram no decorrer das nossas


vidas e que não estão acontecendo neste momento:não podemos muda-
los porque já aconteceram, mas são do nosso conhecimento.sabemos
da existência dos mesmos, podemos chamá-los à nossa mente quando

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quisermos ou necessitar.Ex: Muitos fatos que se passaram conosco nos
quais não estamos continuamente pensando .É aquilo que não está na
consciência naquele momento mas que no momento seguinte pode
estar.

Inconsciente – É onde se localiza o registro de fatos ocorrido na nossa


vida, principalmente na infância,desejos e conteúdos que por alguma
razão foram reprimidos e que não têm acesso ao consciente ou
inconsciente.Esses fatos têm grande influência na direção do
comportamento e na orientação de nossas ações. A famosa afirmação
de Freud de que “ todo comportamento é superdeterminado” indica que
todos os nossos atos,, mesmo aqueles aparentemente praticados por
acaso, estão relacionados a uma serie de causas das quais ,
freqüentemente , não temos consciência.

Grandes partes dos nossos problemas que está no inconsciente podem ser resolvidas à
medida que se tornam conscientes.Na maioria dos casos, parte do inconsciente vem à
tona por vias indiretas, por exemplo uma terapia. Fazem parte do inconsciente nossos
recalques, frustrações e doces momentos da infância.

Elementos da Personalidade ou Instancias Psíquicas

Segundo a Psicanálise, a personalidade é formada por Três elementos: Id, superego e


ego, também conhecidos como instâncias psíquicas.

b) Id: na nossa personalidade, há uma parte irracional ou animal.


Essa parte biológica, hereditária, irracional, que existe no ser humano,
procura sempre satisfazer os nossos mais profundos desejos, os nossos
impulsos. Não leva em consideração absolutamente nada, a não ser a
busca de prazer. Denominamos essa parte Id. Se a pessoa sente vontade
de matar alguém e ela é dominada pelo Id, ela mata. O Ide não tem
censura, não tem moral.

c) Superego: ao nascemos, vivemos em um grupo social do qual recebemos

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influências constantes. Desse grupo vamos absorvendo, aos poucos, idéias
morais, religiosas, regras de conduta e valores que vão constituir uma força
em nossa personalidade.Essa força, que é adquirida lentamente por
influência de nossa vida em sociedade, chama-se Superego. O superego é
o responsável por nossa moral, nossos sentimentos de culpa e os nossos
remorsos. O Id e o Superego são forças opostas, em constante conflito. O
Superego, quase sempre, se opõe à satisfação da natureza
animal,enquanto o Id procura satisfaze-la. Essa luta entre id e Superego,
na maioria das vezes, porém, não é percebida, pois é inconsciente.

d) Ego: quem procura manter o equilíbrio entre essas forças opostas é a


nossa razão, a nossa inteligência, é chamado ego. O ego tenta resolver o
conflito entre o id e o superego.Numa pessoa normal, o conflito é resolvido
com êxito. Quando o ego consegue o equilíbrio entre as duas forças em
choque, a saúde mental é normal.Mas, no momento em que o ego não
consegue mais manter essa harmonia, predominará o id ou o superego
aparecendo os distúrbios mentais.

Mecanismos de defesa ou ajustamento

Nossa personalidade é o resultado do conflito entre duas forças opostas: o Id - força


biológica, natural, procurando satisfazer os impulsos e desejos, e o Superego – força
social, adquirida, procurando impedir a satisfação dos impulsos e desejos.Nossa razão, ou
nosso Ego, poderá harmonizar esse conflito por via natural. Porém, muitas vezes
necessita de alguns mecanismos para resolver tal conflito.

Chamamos mecanismos de defesa os modos ou artifícios que o Ego vai usar para
equilibrar as duas forças opostas (Id e Superego) quando não consegue o equilíbrio por
vias naturais. Os mecanismos de defesa são inconscientes e apresentam para a pessoa a
realidade distorcida.

Os mecanismos de defesa, embora apresentem a realidade de maneira distorcida, ajudam


a preservar nossa saúde mental.
No nosso dia-a-dia, passamos por várias situações que na desejamos, não

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respondemos quando desejaríamos, não agredimos como gostaríamos agredir ou não nos
comportamos como gostaríamos de nos comportar. Acumulamos uma série de energias
dentro de nós que terão que ser descarregadas de qualquer maneira seja por vias
naturais, seja pelos mecanismos de defesa. Ao descarregar as energias acumuladas
preservamos nossa saúde menta.

a) Atos falhos (trocas) e lapsos (esquecimentos): é comum cometermos


enganos, trocamos palavras, esquecemos objetos. São atos que praticamos
aparentemente sem querer e de modo inexplicável. Os atos falhos são
causados pelos impulsos reprimidos que procuram se descarregar de
qualquer modo. Ex: um profissional de informática referir-se ao aplicativo
pelo nome do antigo, ou mesmo esquecer o comando e instruções. A
psicanálise não aceita lapsos, falhas, esquecimentos ou enganos como
justificativas de muitas coisas que fazemos. Os atos falhos devem ser
atentamente observados, pois são sintomáticos, possuem um valor
revelador de alguma coisa que a pessoa tenta ocultar.

b) Sonhos: muitos produtos do nosso inconsciente são liberados quando


estamos dormindo, por meio dos nossos sonhos. Entretanto, são conteúdos
tão condenáveis que, para conseguirem manifestar - se precisam vir
“camuflados”. Ex: uma pessoa, que não pode revidar a injustiça da
repreensão feita pelo chefe, poderá sonhar que brigou na rua ou que
um colega de trabalho agrediu seu chefe.
As imagens que aparecem nos sonhos, e por meio das quais algumas vezes
são relatadas, são chamadas conteúdo manifesto e são cenas do sonho que
se consegue lembrar. Por trás do conteúdo manifesto de um sonho está seu
conteúdo latente, que é a interpretação do que está por trás seu conteúdo
latente, que é a interpretação do que está por trás das imagens, que se
obtém, em geral, pela interpretação psicanalítica. Os sonhos são
“mascarados/ camuflados” e, por trás deles estão vários conteúdos do
inconsciente que não conseguimos compreender.

c) Fantasias: é a capacidade de imaginar, criar algo diferente da realidade. É a

22
capacidade imaginativa da pessoa em relação aos seus desejos. Uma
visível manifestação da fantasia nos dias atuais refere-se à maioria das
relações que se fá nas salas de bate papo da internet.

d) Intoxicação: em estado de intoxicação alcoólica, a pessoa consegue se


soltar ou demonstrar tendências agressivas que ela própria desconhece
quando sóbria. Num momento de tensão, a pessoa consegue liberar, por
meio do álcool, o Id. Satisfaz, em parte o seu Id, e justifica, perante o
Superego, seu estado, (que foi provocado pelo álcool ou droga). Por
exemplo, numa festa de confraternização da empresa, um funcionário quieto
e bem comportado pode beber, dizer ou fazer coisas jamais imaginadas por
ele ou seus colegas.

e) Racionalização: são pretextos ou desculpas socialmente aceitáveis que nós


damos aos outros e principalmente a nós mesmos para nossas ações que,
na realidade, foram motivadas pelos impulsos do Id. Racionalização não é
mentira. A mentira é consciente e, quando mentimos, não tentamos
convencer a nós mesmos, pois sabemos que tal fato não é verdade, a
justificativa serve apenas para convencer o outro. Ninguém se vê livre da
racionalização; porém quanto mais inteligente e mais dominadora for à
pessoa, mais se valerá desse processo. A racionalização, assim como
outros mecanismos de defesa, são utilizados por empresas e governos.
“Vamos demitir empregos para diminuir gastos” ou “vamos criar a taxa de luz
para melhorar a segurança da cidade”. A finalidade da racionalização é
manter o auto - respeito e reduzir tensões resultantes da frustração e dos
sentimentos de culpa.

f) Projeção: é atribuir aos outros nossos próprios desejos e impulsos. São


desejos que por alguma razão não podemos admitir em nós e acabamos por
projetar em outras pessoas. A projeção influi consideravelmente no modo de
interpretar o comportamento de outras pessoas. Por exemplo: Um professor
antes do término da aula diz: “Vou para por aqui porque vocês já estão
cansados” (quando todos os alunos estavam prestando atenção e não
reclamavam de nada) O professor projetou o próprio cansaço nos alunos.

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g) Reação de converção: muitas vezes, não conseguimos harmonizar os
impulsos do Id com o superego por meio de outros mecanismos. Então, o
conflito entre essas duas forças vai transformar em um sintoma físico, como
for de cabeça, perturbações digestivas e outros. Na reação de converção,
aparecem todos os sintomas, mas testes e exames médicos não acusam
nada. A doença é apenas psicológica. Os conflitos emocionais
transformaram-se em sintomas físicos. Exemplo: Senti fortes dores de
estômago no dia da prova.

h) Doenças psicossomáticas: a má administração das emoções ou do estado


emocional pode fazer com que realmente se crie uma doença. Não se tem
apenas um sintoma, mas a doença também. Um exame clínico acusará, por
exemplo, uma gastrite.

i) Identificação: é reconhecer-se igual aos outros. Segundo Freud, a


identificação é um processo por meio do qual o indivíduo assimila um
aspecto, uma qualidade ou um atributo de outrem e procura se transformar
neste modelo ou a ele se amoldar. A identificação é importante no processo
de socialização e permite ao individuo encontrar o seu papel social e agir de
acordo com este papel. João identifica-se com o seu chefe, pois nota nele
algumas características similares às suas características.

j) Sublimação: é a satisfação dos impulsos e desejos de maneira modificada


ou transformada em atos socialmente aceitáveis. Os impulsos se
manifestam sem ferir as conveniências sociais. A pessoa pode modificar o
objeto (ou pessoa), a ação ou os dois. Ex: Um funcionário satisfaz seu
impulso de agredir se chefe dando um soco na mesa quando este sai da
sala.

Segundo Freud, a sublimação tem importante papel no desenvolvimento do homem


civilizado e nas realizações culturais. É o mecanismo de defesa mais recomendado. Os
mecanismos de defesa ajustam o indivíduo, desde que não sejam utilizados em excesso.
Do contrário, em vez de serem úteis tornam-se prejudiciais. A utilização prolongada e

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inconsciente pode ser funesta ao ajustamento individual, afastando a pessoa da realidade
objetiva e impedindo-a de enfrentar produtivamente o problema, pois o Ego baseia-se no
principio da realidade, mas, ao usar os mecanismos de defesa, a pessoa passa a não
ouvir o que temos a dizer. No cotidiano, geralmente usamos mais de um mecanismo de
defesa para uma situação. EX: Marta teve um dia aterrorizante. Começou logo pela
manhã quando derrubou café na roupa. Devido a um erro de digitação num relatório, seu
chefe a humilhou perante os colegas. Mais tarde um colega que deveria passar uns dados
para que pudesse terminar uma planilha não o fez e novamente seu chefe lhe chamou
atenção, sem dar-lhe oportunidade de se defender. Foi para casa, brigou com a mãe
porque o jantar estava frio. Procurou sua blusa de lá verde e não a encontrou. Seu irmão,
que acabava de chegar estava com a blusa. Ela lhe deu um tapa e arrancou-lhe a blusa.

a) Ato falho = erro na digitação (alguma associação com situações já


vivenciadas no passado provocou o erro).

b) Sublimação por ação e objeto = não consegue descarregar a raiva no


chefe e a descarrega na mãe (muda o objeto, portanto, sublimação por
objeto); não agride fisicamente (muda a ação) e, sim reclama do
jantar.

c) Sublimação por objeto= não consegue descarregar a raiva no chefe e


descarrega no irmão (muda o objeto, portanto, sublimação por objeto).
A ação não foi sublimada, pois ela manteve a reação impulsiva, bateu
no irmão. Obs: Sublimação por ação: ocorreria se Marta tivesse
discutido com o chefe, pois manteria o objeto (descarregaria em que a
irritou, ou seja, o próprio chefe), mas sublimaria a ação (em vez de
agredi-lo fisicamente, agrediria por palavras).
“Errei os dados. Mas, também, como poderia me concentrar se a cada
cinco minutos o telefone toca e cada um que passa por minha mesa
pede uma informação?”.

Ato falho (quando erra os dados) seguido de racionalização, quando se justifica.

A contribuição da Psicanálise para a Psicologia se dá ao mostrar como as pessoas se

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defendem e como essas defesas podem parar uma relação saudável entre pessoas. A
maneira pela qual uma pessoa se defende mostra muito do que ela é como ela lida com a
realidade objetiva.

ABORDAGEM BEHAVIORISTA DO COMPORTAMENTO HUMANO

O termo behaviorismo vem da palavra “behavior” que em inglês significa


comportamento. Essa escola é conhecida como comportamental ou experimental, porque
visa a análise minuciosa do comportamento tendo como base à influência do ambiente.
A partir do artigo intitulado “psicologia, como os behavioristas a vêem”,escrito por John B.
Watson e publicado em 1913. Para Watson, o comportamento deveria ser estudado como
função de certas variáveis do meio.
Certos estímulos provocam certos comportamentos e isto ocorre por que as pessoas se
ajustam ao meio de equipamentos hereditários e pela formação de hábitos. Watson
buscava uma Psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos subjetivos e
mensalistas e que fornecesse ferramentas para prever e controlar o comportamento. Para
ele, a única coisa digna da Psicologia é o comportamento observável.
Os behavioristas partem do pressuposto de que o comportamento humano é apreendido
e utilizam a aprendizagem como foco de suas pesquisas. Apontam a aprendizagem como
foco central da estruturação da personalidade. O behaviorismo não trabalha com o
Inconsciente (ID) e descarta qualquer tipo de explicação mental para o comportamento.
Expressões “fiz porque quis”, “sento neste lugar porque gosto”, “fiz porque deu vontade”,
não são aceitas. Para esta escola, o comportamento não ocorre por acaso e sim pelos
estímulos que estão ou estiveram presentes.

Sem estímulo na há comportamento.

Outra idéia fundamental é que a repetição de um comportamento é fundamental para


torná-lo automático, ou seja, condicionado.

Podemos condicionar de duas maneiras:


Pelo pareamento de estímulos – condicionamento clássico – ou pela manipulação dos
estímulos após a emissão de um comportamento condicionamento operante.

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CONDICIONAMENTO CLÁSSICO

Nasce com Ivan Pavlov, fisiologista russo que, em 1910, fez uma grande
descoberta para a Psicologia: o reflexo condicionado. Seus trabalhos foram realizados em
laboratórios, com condições adequadas para pesquisas. Partiu da observação do reflexo
salivar em cães. Para medir a quantidade de saliva produzida pelos cães, abria em cada
um dos animais, uma fístula próxima ás glândulas salivares e nela colocava uma proveta
que permitia medir a quantidade de saliva. Na ocasião em que o cão recebia alimento, a
secreção salivar era abundante, um reflexo que é natural nesse animal.
Pavlov fazia soar uma campainha todas as vezes que o animal recebia alimento, ou seja,
ele pareou (apresentou dois estímulos ao mesmo tempo) som e alimento. Após algumas
repetições em que apresentou comida e campainha ao mesmo tempo, Pavlov observou
que o cão salivava abundantemente. Num dado momento, houve apenas o som da
campainha sem a comida, e o cão salivou.Passou a alternar: ora apresentava som e
comida, ora somente o som e o cão continuavam a salivar só com a presença do som. Ele
conseguiu fazer com que o cão aprendesse o reflexo salivar ao ouvir o som da
campainha. Esse reflexo aprendido chamou de reflexo condicionado.
Ao apresentarmos simultaneamente e repetidas vezes um estímulo neutro com um
estímulo que já desencadeia um determinado comportamento, o estímulo neutro passa a
desencadear o mesmo comportamento que é desencadeado pelo estímulo que ele foi
pareado.

CONDICIONAMENTO OPERANTE

O mais importante representante da escola behaviorista é B.F.SKINNER (19004-1990). A


teoria de Skinner é conhecida como a teoria do condicionamento operante porque o
comportamento opera uma transformação no meio e este opera uma transformação
no comportamento. Por exemplo: quando o presidente entrou na sala de reuniões, as
conversas cessaram imediatamente. O presidente operou uma mudança no
comportamento daqueles que o aguardavam. A reunião começou e no meio da
explanação do presidente, o garçom entrou. Imediatamente o presidente para de falar e

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aguardou o garçom servir o café a todos. O garçom provocou (operou) uma mudança de
comportamento do presidente.
Skinner tem como premissa básica que a conseqüência que se segue a um
comportamento é indispensável para o controle, manipulação e manutenção desse
comportamento.
O termo reforço refere-se a qualquer evento ou estímulo que aumente a freqüência de
um comportamento, ou seja, faz com que um comportamento continue a se repetir.
O reforço pode ser positivo (quando o estímulo é aplicado) ou negativo (quando o
estímulo é evitado ou retirado).

a) Reforço positivo: é qualquer evento ou estímulo (percebido como agradável)


que, aplicado após a ocorrência de um comportamento aumenta a freqüência
desse comportamento.

Skinner aponta alguns estímulos que tendem a ser reforçadores para toda uma espécie e
os divide em dois tipos que, quando aplicados após um comportamento, tendem a fazer
com o que o mesmo continue ocorrendo. São eles:

Primários: são aqueles que atendem às necessidades físicas ou fisiológicas, com


água, alimento e afeto.
Secundários: atendem às necessidades de ordem psicológicas, são eles: elogios,
admiração reconhecimento dinheiro notas atenção desafios participação em
acontecimentos, prestígio, status, sorriso, aceno de cabeça, tapinhas nas costas,
entre outros.

Muitas vezes, a resolução de um problema difícil, é o próprio reforço. A própria ação cria
predisposição para sua repetição.
Assim, também a compreensão de uma disciplina dada na escola pode ser um estímulo
para que o aluno continue a freqüentar e participar das aulas dessa matéria.
Devemos observar que o reforço positivo não tem moral.
Podemos reforçar ou aplicar estímulos tanto para reforçar comportamentos adequados,
como inadequados.
É notória a contribuição do condicionamento operante, em conjunto com o clássico, no
treinamento técnico específico, onde o indivíduo tem que atuar mecanicamente no

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ambiente. Receberá elogios, atenção, admiração que farão com que continue a repetir os
comportamentos necessários para lidar com determinado equipamento. A repetição
levará ao condicionamento, ou seja, a realizar tarefas automaticamente. E o caso de
aprender a lidar com um determinado programa de computador. Inicialmente a pessoa
encontra inúmeras dificuldades. Com o passar do tempo e pela repetição, utiliza-o
automaticamente, de tal maneira que fica difícil explicar para alguém todo o processo.
Isso também é valido para o treinamento em tarefas de escritório, administrativas e
inúmeras outras em que o objetivo é tornar o comportamento automático, ou seja,
condicionado.

Algumas observações devem ser feitas para a utilização correta do reforço:

• O indivíduo precisa manifestar o comportamento para receber o reforço.

• Para a instalação de um comportamento, o reforço deve ser aplicado


imediatamente após um comportamento desejável; Quando isso não é possível é
necessário descrever detalhadamente o comportamento que está sendo
reforçado.

• Verificar o que de fato é reforçador para uma pessoa, pois, o que é reforçador para
uma pode não ser para outro.

• O reforço pode surtir efeito em uma ocasião e não em outros.

• Vários reforçadores devem ser utilizados.

• A utilização em excesso de um mesmo reforço pode fazer com que perca a sua
eficácia.

Skinner salienta que a punição pode extinguir comportamentos inadequados, mas


não estimula os comportamentos adequados e pode gerar outros comportamentos
inadequados. Por exemplo: o indivíduo punido pode depredar equipamentos,
prejudicar programas, sumir com documentos importantes. A punição de ser muito
bem pensado.

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b) Reforço negativo é a retirada de um estímulo com objetivo de aumentar a
freqüência de um comportamento desejado. Pode ser a retirada de uma
punição.

Punição, que se divide em: aplicação de um estímulo aversivo com a finalidade de


eliminar um comportamento indesejável. Multas, demissões ou qualquer outra
penalidade são estímulos aversivos que têm por objetivo eliminar comportamentos
inadequados. A própria punição passa a ser o estímulo a se evitado, aumentando
a freqüência do comportamento contrário ao punido. Neste caso o indivíduo é que
decide pela não aplicação da punição. Por exemplo, costumamos ouvir as
pessoas dizerem que fazem muitas coisas por obrigação e não por gostarem. Na
verdade, estão sendo controladas pelo reforço negativo. Vem à aula dizendo que é
por obrigação, quando na realidade vem para não serem reprovados no curso.
O reforço negativo mostra que é um grande equívoco acreditar que somos
motivados somente pelo prazer. Somos motivados para não sentir a dor.
Segundo Skinner, entre os conceitos apresentados, o ideal no controle,
manipulação e manutenção de comportamentos adequados é a utilização do
reforço positivo, eliminando o negativo e a punição. “Skinner faz pensa, também,
que o reforço positivo deve ser a principal preocupação com relação à pessoa que
trabalha. Ele será capaz de estruturar hábitos comportamentais desejáveis.
Portanto, elogios e recompensas são mais eficazes do que as punições. Punido, o
indivíduo que trabalha extinguirá um comportamento deixará de atuar de
determinada forma, mas, em compensação, poderá desenvolver qualquer outro
comportamento indesejável até que ocorra novo reforço negativo”.

Também podemos observar como a articulação do poder ocorre por meio da


utilização do reforço positivo, e do reforço negativo e da punição. O poder pode ser
entendido como recurso utilizado pelo líder para influenciar os seus liderados.O líder
influencia outras pessoas com algum recurso. Seu recurso é o poder. Entre as várias
teorias sobre o poder , a teoria de French Jr. E Ravem (1959) identifica cinco tipos de
poder, a saber:

30
O poder de recompensa: É o tipo de poder que faz uso do reforço positivo
(apresentação de estímulos agradáveis) ou do reforço negativo (retirada de
estímulos desagradáveis) para o controle do comportamento. O
comportamento dos liderados em relação a esse tipo de poder é de
obediência. Aplica-se o reforço se o comportamento ocorrer. Baseia-se na
capacidade par alocar resultados recompensadores - seja o recebimento
de coisas positivas ou a eliminação de coisas negativas. Elogios,
promoções, aumentos, atribuição de trabalhos desejáveis e licença de
trabalho são resultados recompensadores que os gerentes costuma
controlar. Se puderem tomar decisões acerca da distribuição de tais
recompensas, os gerentes poderão utilizá-las para adquirir e manter o
poder de recompensa.Da mesma forma, a eliminação de resultados
indesejados, tais como condições de trabalho desagradáveis ou
obrigatoriedade de horas extras, pode se utilizada para recompensar os
funcionários. É também chamado de poder premiador. O poder de
recompensa trabalha tanto com o reforço positivo (aplicação de estímulos
agradáveis) como o negativo (retirada de algo indesejável).
Poder coercitivo ou de punição: baseia-se na distribuição de resultados
indesejáveis – ou seja, a recepção de algo negativo ou a remoção de algo
positivo.O poder coercitivo explora o medo. As pessoas que controlam os
resultados indesejáveis conseguem que as outras se conformem com os
seus desejos mediante a ameaça de alguma forma de punição. Para correr
a punições como repreensões públicas ou, no extremo, suspensões,
transferências e demissões. O poder coercitivo faz uso de aplicações de
estímulos aversivos ou da retirada de estímulos agradáveis. Os meios de
exercer este poder são ferir fisicamente, humilhar, maltratar, negar amor.
Para influenciar o comportamento dos liderados, o líder pode recorrer a
punições. Numa época em que se busca freneticamente pelo atingimento
de metas, muita dos chefes, ao darem feedback em grupo sobre as metas
estabelecidas,meta alcançada, muitas vezes dirigem comentários
humilhantes àqueles que não atingiram a média das metas estabelecidas.
poder legítimo – é dado a alguém em função do cargo de autoridade
ocupado na hierarquia. Um diretor emite ordens e espera que seus
subalternos as obedeçam. Quem usa esse tipo de poder se apropria

31
também do poder de recompensa e de punição para reforçar o controle do
comportamento dos liderados. Quanto mais o indivíduo tiver internalizado
na infância, pelo processo de socialização, os papéis da liderança
autoritária, mais acatará o poder legítimo e, na maioria das vezes, sem
sequer questioná-lo, principalmente se parte da crença de que certos
indivíduos possuem o direito de governar ou influenciar outros.
Poder de competência – a influência se dá pelo conhecimento,
especialização, experiência ou talento do líder. Muitas vezes, somos
dependentes de especialistas para alcançarmos metas. Por exemplo:
pessoas que se envolvem com problemas jurídicos e desconhecemos por
completo a legislação seguem à risca as orientações do advogado.

Os Grupos

O comportamento do grupo vai além, da soma do comportamento de seus componentes,


pois, individualmente, as pessoas agem de maneira diferente. As organizações são feitas
de grupos e conhecê-los é fundamental para a obtenção de bons resultados. Temas como
liderança e poder fazer parte dos grupos.

O que é grupo?

Quase sempre ouvimos dizer que grupo é uma reunião de pessoas em torno de
um objetivo comum. No entanto nos deparamos com situações em que as
pessoas estão reunidas em torno de um objetivo comum, mais não se
caracterizam como grupo e sim como agrupamento, pois um não necessita do
para atingir o seu objetivo. A pessoa entra e sai anônima da situação. Por
exemplo: uma pessoa caminha pela rua e começa a chover. Percebe que na
frente de um bar há um toldo. Corre em sua direção para se abrigar da chuva.
Nesse momento, outras pessoas fazem o mesmo. Todas têm o mesmo objetivo:
abrigar-se da chuva,mas,independem uma das outras para atingirem esse
objetivo.

Pessoas por si só não formam um grupo.Há famílias que vivem juntas, mas não
convivem juntas.O grupo forma um sistema aberto de interações. Há operários que

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trabalham juntos numa mesma seção, mas não formam um grupo (minicucci, 1989, p.
270).

Um grupo é uma reunião de pessoas, com objetivos comuns, mas para atingir a estes
objetivos necessitam uma das outras, criando uma relação de interdependência. É um
sistema de interações com características reconhecíveis.

Assim, quando falamos em grupo, falamos em interdependência entre os


elementos, sistema de interações e unidade reconhecível (por exemplo, o grupo
que desenvolve o Projeto Alfa).

Também podemos dizer que “forma-se um grupo quando indivíduos percebem que seus
objetivos pessoais facilmente alcançados caso se associem para atingir metas tornadas
coletivas” (BERNARDES,1988, p. 109). Assim, uma pessoa como objetivo pessoal de
realização, prestigio e boa remuneração pode alcança-lo por meio da meta de trabalho na
empresa X, juntamente com outras pessoas que fazem parte da empresa.
As pessoas ingressam em grupos para realização de objetivos quando há necessidade de
conhecimentos e ferramentas que os outros possuem; pela simples necessidade de
afiliação , de pertencer a um grupo, que envolve a identificação com outras pessoas; por
status, quando busca reconhecimento e valorização por parte de outras pessoas; pelo
poder, que não se consegue individualmente; por necessidade de segurança física ou
psicológica; por necessidade de não se sentir sozinho, são alguns, entre outros motivos,
que levam as pessoas a fazerem parte de grupos.

Coesão de um grupo

Coesão significa união. Um grupo coeso é um grupo unido e forte.

O Dicionário Aurélio define coesão como “união intima das partes de um todo”. O
envolvimento por meio de atividades em conjunto faz com que as pessoas se sintam mais
ligadas. Surgem os laços de amizade, reciprocidade, cordialidade, que unem alguns
elementos do grupo e separam outros elementos. O grupo cria um linguajar, códigos,
comportamentos e rituais que o diferenciam de outros grupos. Todo este processo unifica

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e fortalece o grupo. A coesão grupal é caracterizada pela união e a força de um grupo.A
coesão de um grupo determina um comportamento do administrador. Se o grupo é unido,
de fato ele lidara com um conjunto, com um grupo; se não o for lidara com pessoas
isoladamente. São situações diferentes que exigem comportamentos diferentes.

Grupos informais (primários) e formais (secundários)

A grosso modo, podemos dizer que temos dois tipos de formação de grupos: o primário
ou informal ou o secundário o formal.

Chamamos grupos informais ou primários aqueles formados


espontaneamente, por meio das afinidades e simpatias entre os seus
elementos. As pessoas se agrupam porque gostam de estar juntas. O
relacionamento é pessoal, intimo e duradouro. O controle social é
informal e exercido pelos membros. As metas são cooperativas e
possibilitam a expressão de sentimento. Grupos informais são alianças
que não são formalmente estruturadas nem determinadas
organizacionalmente. Esses grupos são formações naturais no ambiente
de trabalho que aparecem em resposta à necessidade de contato social
(ROBBINS, 1999, p. 153). Pessoas de determinados departamentos de
uma empresa, que, regularmente, às sextas-feiras, vão tomar chope
juntas após o expediente de trabalho exemplificam este tipo de grupo.
Este grupo informal pode ser visto no horário do almoço, cafezinho em
outras situações informais.
Os grupos formais ou formais ou secundários existem apenas por
interesses utilitários. Não importa a afinidade entre as pessoas. O
relacionamento é formal e impessoal. O controle social é
institucionalizado e exercido pela organização. Há regras a serem
o0bedecidas e sistemas de recompensas e punições.São definidos
pela estrutura da organização, com missões de trabalho
designadas, estabelecendo tarefas. Em grupos formais, os
comportamentos que alguém deve exibir são estipulados pelas
metas organizacionais e dirigidos em direção a elas (ROBBINS,
1999,p153). As pessoas quando trabalham em seus

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departamentos formam um grupo secundário. Têm que cumprir as
normas e regras estipuladas pela organização. As empresas
podem formar um grupo secundário por meio da função (todos que
fazem parte do grupo exercem a mesma função ou apresentam
similaridades nas tarefas executadas) ou por fluxo de trabalho (desde o
inicio até a conclusão do mesmo se dará dentro do mesmo grupo).Nas
organizações, grupos coexistem. Quanto aos informais, são inevitáveis ,
surgem os dois naturalmente e devem ser respeitados , pois “os próprios
trabalhadores criam seus grupos primários como forma de se
perceberem como pessoas e não ‘dentes de engrenagem’da
empresa”.(BERNARDES, 1988, p.114).Além disso, as pessoas sentem
necessidade de identificação e de expressar seus sentimentos.

Equipes de trabalho

Equipes de trabalho são tipos especiais de grupos em integrantes estão comprometidos


e , principalmente, envolvidos com as atividades que realizam em conjunto,
independentemente do tipo de formação.Numa equipe, a cooperação acontece
naturalmente e nota-se a integração de habilidades e competências dos seus
componentes. O próprio desenvolvimento do trabalho envolvendo os integrantes da
equipe é o fator motivacional. A equipe não comporta dentro dela ditadores, competidores
e individualistas. O líder compartilha a liderança com os seus liderados.

Certas pessoas são lembradas por uma característica marcante de sua personalidade.
Dizemos “José é tímido”, “Maria é extrovertida”, “Ivana é atirada”. Por meio dessa
característica,diferenciamos uma pessoa da outra.
Com o grupo ocorre o mesmo. Um grupo é diferente do outro. Cada grupo apresenta
características que são marcantes de acordo com a sua atuação. Ele tem uma
personalidade própria.

Sintalidade é a personalidade do grupo

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A palavra sintalidade característica do arranjo ou disposição em conjunto. As normas do
grupo e sintalidade refletem os valores aprendidos pelos indivíduos que compõe o grupo.
Por isso, cada grupo tem suas preferências e aversões que o caracterizam (MINICUCCI,
1989, p. 279)

A psicologia da Gestalt demonstrou em seus estudos que o todo é maior que a soma das
partes. Na sintalidade não nos interessa como é cada elemento do grupo mas, sim, o
grupo como um todo. Os grupos criam comportamentos, linguagem, códigos e rituais
próprios que o caracterizam. Costumamos ouvir que “o departamento X é exigente”, “o Y
é relapso”, “o W é apático e sem graça” etc. a sintalidade do grupo nos diz como devemos
nos relacionar com ele.

liderança

Chefe, Líder, Coordenador, CEO, Chairman, entre outros, indicam pessoas que o
controlam o comportamento de outras pessoas, seus subordinados.
A liderança é o assunto mais estudado na administração. “Um resumo completo
resumindo a pesquisa sobre liderança inclui 150 paginas de bibliografia e menciona mais
de 2.500 estudos” (HAMPTOM, 1999, p.197). Assim, é um termo que gera varias
definições. O que a maioria dos estudiosos concorda é que a liderança envolve um
processo de influencia e atribui a quem a usa, o líder, a capacidade de exercer influencia
sobre pessoas.

Entre várias teorias existentes, as apresentadas a seguir são teorias que, embora
tradicionais, tem as teorias mais recentes direta ou indiretamente a elas relacionadas.
São a teoria dos traços de personalidade, teoria dos estilos de liderança e a teoria
situacional de liderança.

1. Teoria dos traços de personalidade - A ênfase está na pessoa que exerce a


liderança, ou seja, refere-se àquilo que o líder é. Os estudiosos desta teoria
partem do pressuposto de que certas pessoas possuem uma combinação de
traços que a levam à liderança. São traços físicos: mostra vitalidade, energia,
aparência; sociais: habilidades interpessoais; relacionados com a tarefa:
conhecimento do cargo e de toda rotina e traços intelectuais: autoconfiança,
entusiasmo, carisma.Embora seja uma teoria muito apreciada pela mídia, é
criticada principalmente por não considerar as necessidades dos seus seguidores
e por ignorar fatores situacionais.Do ponto de vista do comportamento dos
seguidores, eles seriam conduzidos pela identificação ou projeção (exploradas
pela Psicanálise) com a liderança.

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2. Teoria dos estilos de segurança - Esta teoria se volta para os estilos do
comportamento do líder em relação aos liderados. Refere-se àquilo que oi líder
faz, ao seu estilo de comportamento (explorado pelo Behaviorismo) para liderar.
Nessa teoria, três estilos são mencionados:

Autocrático: o líder determina as diretrizes, o companheiro de trabalho e as


técnicas para a execução das tarefas. É dominador, pessoal em seus
elogios e , na maioria das vezes, avalia subjetivamente cada um dos seus
liderados. As pesquisas sobre este estilo de liderança trazem como
resultado forte tensão no grupo, frustração, agressividade na ausência do
líder, falta de espontaneidade e iniciativa dos elementos que o compõe. Os
liderados trabalham na presença do líder, mas na sua ausência param as
atividades, dando espaço à expansão dos sentimentos reprimidos.

Democrático: as diretrizes são debatidas e dedicadas pelo grupo em


conjunto com o líder. O grupo determina as técnicas de execução das
tarefas e sua divisão. Cada membro do grupo tem a liberdade de escolher
seus companheiros de trabalho. O líder é participativo, mas procura ser um
elemento normal no grupo, sugerindo quando solicitado e sempre
apresentando alternativas para o grupo escolher. É objetivo e limita-se aos
fatos em suas críticas e elogios. Os resultados obtidos em relação a este
estilo de liderança foram à formação de relacionamentos cordiais,
fraqueza,espontaneidade, sentimento de responsabilidade e envolvimento
com a tarefa. Na ausência do líder, as pessoas continuam produzindo e
qualquer elemento do grupo assume a liderança, se necessário. Os
integrantes do grupo se mostram motivados e satisfeitos com a liderança.

Liberal (“lassez-fair”): total liberdade ao grupo com a mínima participação


do líder. Tu do fica a cargo do grupo com completa falta de participação do
líder: divisão de tarefas, escolha de companheiros para trabalhar, entre
outros. O líder não a valia e quando solicitado faz comentários aleatórios
sobre o grupo. O grupo frente a esta liderança tem uma produção
medíocre, imperam discussões pessoais, boatos e pouco respeito ao líder.
Os estudos quanto aos estilos de liderança mostram que com relação à
quantidade e a qualidade do trabalho, os grupos submetidos à liderança
autocrática apresentavam a maior quantidade de trabalho produzido. Sob
uma liderança democrática, perdem para a anterior em quantidade, mas
ganha em qualidade. Com relação à liderança liberal, o grupo não se saiu
bem em relação à quantidade e em relação à qualidade.

Liderança situacional - Parte do pressuposto de que não existe um único


estilo ou característica de liderança válida para toda e qualquer
situação.quando se fala em liderança, são três fatores que devem ser
levados em consideração: o líder, o grupo e a situação,sendo a situação o
fator de importância na determinação de quem deve ser preparado para
desempenhar qualquer estilo, adequando-se à necessidade do grupo e da
situação.

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A TEORIA DE CAMPO DE KURT LEWIN

Kurt Lewin trabalhou durante 10 anos com os pioneiros da Gestalt e daí nasceu a
sua Teoria de Campo. Entretanto não podemos considerar Lewin como um gestaltista, já
que ele acaba seguindo um outro rumo. Ele abandona a preocupação psicofisiológica
(limiares de percepção) da Gestalt, para buscar na Física as bases metodológicas de sua
psicologia.

Seus principais conceitos são:


Campo psicológico espaço de vida considerado dinamicamente, onde se levam em
conta não somente o indivíduo e o meio, mas também a totalidade dos fatos coexistentes
e mutuamente interdependentes.
Espaço vital totalidade dos fatos que determinam o comportamento do indivíduo num
certo momento.

O campo não deve ser compreendido como uma realidade física, mas sim
fenomênica. Não são apenas os fatos físicos que produzem efeitos sobre o
comportamento. O campo deve ser representado tal como ele existe para o indivíduo em
questão, num determinado momento, e não como ele é em si. Para a constituição desse
campo, as amizades, os objetivos conscientes ou inconscientes, os sonhos e os medos
são tão essenciais como qualquer ambiente físico.

A realidade fenomênica em Lewin pode ser compreendida como o meio


comportamental da Gestalt, ou seja, a maneira particular como o indivíduo interpreta uma
determinada situação. Entretanto, para Lewin, esse conceito não está se referindo apenas
à percepção (enquanto fenômeno psicofisiológico), mas também a característica de
personalidade do indivíduo, a componentes emocionais ligados ao grupo e à própria
situação vivida, assim como a situações passadas e que estejam ligadas ao
acontecimento, na forma em que são representadas no espaço de vida atual do indivíduo.

Para a teoria de Campo, um dos conceitos mais importantes é o da interação.


Interação do indivíduo com a situação concreta em que está inserido num dado momento.

O objeto da psicologia, segundo esta teoria, são as transações comportamentais


do indivíduo no seu meio interno e externo.

O meio interno diz respeito às emoções, sentimentos, eventos psicológicos, é o


presente, o passado e o futuro naquilo que é psicologicamente representativo para o
indivíduo.

O meio externo diz respeito ao meio físico e social em que o indivíduo está
inserido.

Os conceitos são tratados como uma realidade tendo uma existência própria. O
importante é o próprio comportamento que é um fenômeno interno e não os seus efeitos
(externo). Ex.: recompensa – o importante não é o ato em si, mas o seu significado. O
impacto psicológico que acompanha a ação é o que se deve procurar compreender,
portanto o que constitui realidade psicológica para o indivíduo.

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Os psicólogos que seguem a orientação de Kurt Lewin partem da caracterização
da situação como um todo e concentram-se nas relações de interdependência. Partem do
mais global para o particular, considerando sempre a dinâmica das relações causais.

Para a teoria de Campo, o campo psicológico é constituído de uma pessoa


(necessidades, valores, emoções) e pelo ambiente (fatores psicologicamente
significativos para o indivíduo num dado momento).

O COMPORTAMENTO DO INDIVÍDUO É RESULTANTE DE SUA INTERAÇÃO


COM O MEIO. PESSOA E AMBIENTE SÃO VARIAVÉIS DEPENDENTES.

A maior contribuição da Teoria de Campo para a psicologia foi a explicação do


comportamento em termos de um inter-relacionamento entre a pessoa e o ambiente.
Portanto, analisar o comportamento das pessoas requer não somente o conhecimento
das experiências passadas do indivíduo, mas também expectativas futuras, atitudes e
capacidades, além do conhecimento da situação real e presente que a pessoa está
vivendo.

Um acontecimento passado, assim como uma expectativa futura pode contribuir


para criar uma condição que se incorpora ao presente. O comportamento depende do
campo presente. Esse campo presente tem profundidade de tempo, inclui o passado, o
futuro e o presente psicológico, o que constitui uma das dimensões do espaço vital
existente em determinado momento.

A ênfase na situação total exige a análise dos diversos aspectos dessa situação.
Outro ponto de estudo é a interação dos sistemas, ou seja, o processo pelo qual o
sistema restaura o seu equilíbrio dinâmico.

CONTEXTO SOCIAL
Kurt Lewin esteve preocupado com a solução dos problemas sociais e por isso
desenvolveu estudos nessa área, segundo ele, o estudo das tentativas para produzir
mudanças nas condições sociais permite insights científicos dos processos sociais.

DINÂMICA DE GRUPO
Essa foi outra contribuição dos estudos de Kurt Lewin: trazer para a psicologia o
conceito de grupo, ou seja, entidade psicossociológica, com características próprias e
com a noção de que o comportamento do indivíduo é altamente influenciado pelos vários
grupos aos quais ele pertence.

Como Lewin considerava que o comportamento deve ser visto em sua totalidade,
não demorou muito para chegar ao conceito de grupo. Praticamente todos os momentos
de nossas vidas se dão no interior de grupos. Segundo Lewin, a característica
essencialmente definidora do grupo é a interdependência de seus membros. Isso significa
que o grupo, para ele, não é a soma das características de seus membros, mas algo
novo, resultante dos processos que ali ocorrem. Assim, a mudança de um membro no
grupo pode alterar completamente a dinâmica deste. Lewin deu muita ênfase ao pequeno
grupo, por considerar que a Psicologia ainda não possui instrumental suficiente para o
estudo de grandes massas.

Transportando a noção de campo psicológico para a Psicologia Social, Lewin criou


o conceito de campo social, formado pelo grupo e seu ambiente.

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Teoria de Campo e o Comportamento Organizacional

As pessoas só atribuem significado àquilo que vêem. Não se obtém conhecimento


sobre algo, do qual não se tem acesso.

Portanto a forma pela qual refletimos, pensamos, decidimos, analisamos, ou seja,


o comportamento na organização é determinado pelas condições que a própria
organização oferece aos indivíduos.

Organizações centralizadoras (controles rígidos, condições físicas inadequadas)


impedem o pleno desenvolvimento do campo psicológico dos indivíduos. Fatores
ambientais, aliados aos biológicos, possibilitam o desenvolvimento do campo psicológico
do indivíduo, pois ocorre a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de
processos cognitivos: percepção, memória, pensamento, entre outros.

A possibilidade de refletir, elaborar novas idéias, relacionar fatos, estabelecer


relações proporciona o crescimento e o desenvolvimento das pessoas. Assim como, os
novos conhecimentos elaborados serão qualitativamente superiores. E com isso o campo
psicológico (ambiente) torna-se mais complexo.

Para estudar o comportamento humano nas organizações, é necessário abordar a


organização no seu todo, para entender os fatores que influenciam o comportamento das
pessoas.

Isto porque, segundo Lewin, o estudo dos fatores ambientais (sociais, econômicos,
físicos, políticos e outros) possibilitam a compreensão e a caracterização do espaço vital
dos indivíduos.

Segundo esse autor, através da modificação do meio ambiente é possível o


desenvolvimento do potencial de seres humanos.

O estudo do comportamento humano nas organizações, segundo a teoria de


campo, possibilita caracterizar e interpretar a estrutura organizacional, os objetivos e os
valores da organização: a sua estrutura, a tecnologia e as tarefas, as diretrizes e as
metas, os processos administrativos, os sistemas de recrutamento, de seleção, de
avaliação de desempenho, de treinamento, de remuneração e de incentivos, as condições
de trabalho, as políticas de pessoal, entre outros. Esses e outros fatores devem ser
diagnosticados para que se possa desenvolver e compreender o comportamento humano
nas organizações.

O processo de interação do indivíduo com o meio resulta o comportamento


humano.

A crítica que se faz à teoria de campo, segundo Aguiar (2000), é que ela trabalha
exclusivamente com o campo psicológico individual, portanto dentro de uma perspectiva
individual.

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No entanto, ao estudar os grupos, como uma unidade psicológica, por meio da
dinâmica de grupo, Lewin, estabeleceu norteadores para a compreensão da organização
como entidade psicológica.

Para Lewin, o comportamento do grupo é diferente do comportamento das


pessoas.

O grupo desenvolve processos e possui forças próprias que influenciam o seu


próprio comportamento e o das pessoas.

O grupo não é apenas fruto da somatória dos comportamentos das pessoas ,


apesar de receber influências das características das pessoas que nele estão presentes,
assim como influenciam os seus participantes. As pessoas influenciam os grupos, assim
como os grupos influenciam as pessoas.

O mesmo ocorre com as organizações que apesar de ter as suas características


próprias (valores, culturas e objetivos) sofrem influências dos seus grupos (que possuem
processos tais como: coesão, estrutura, formação de normas e lideranças) e das pessoas
que nele trabalham, assim como também exercem influências nos grupos e respectivos
participantes.

Para Lewin, os grupos apresentam as seguintes características:

Têm comportamento próprio, desenvolvendo forças e processos psicológicos;


Seu espaço vital engloba, além do espaço vital de seus membros (em interação),
outros fatores psicológicos;
O estudo e a compreensão do comportamento do grupo têm de ser realizados em
nível mais amplo, isto é, no nível da estrutura social do grupo.

Através do conceito de espaço vital e campo psicológico Lewin, possibilita a


compreensão do comportamento humano na organização. Aliás, essa teoria influenciou,
dentro das Teorias das Organizações, duas grandes áreas: A Dinâmica de Grupo e o
Desenvolvimento Organizacional.

Segundo essa abordagem as condições ambientais favorecem ou impedem o


desenvolvimento das características mentais dos seus participantes e assim consideram
as características psicológicas e o próprio comportamento humano, como resultantes da
interação dos fatores biológicos, mas principalmente dos fatores ambientais.

A extensão da Teoria de Campo para a Sociedade

Através do conceito de campo psicológico, Lewin afirma que as organizações têm


uma função sociopolítica muito importante, já que a medida que as condições ambientais
atingem diretamente a natureza do campo psicológico dos seus integrantes, acarreta a
influência do nível mental e cultural da sociedade mais ampla.

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Por isso, as organizações podem promover a libertação ou dominação humana,
contribuindo ou impedindo o crescimento das pessoas – e consequentemente, de uma
sociedade.

Bibliografia:

• Ana Mercês B. Bock / Odair Furtado / Maria de Lourdes Teixeira


Psicologias – Uma Introdução ao Estudo de Psicologia
Editora Saraiva

• Maria Aparecida Ferreira de Aguiar


Psicologia Aplicada á Administração
Editora Excellus

• Banov, Márcia R.
Ferramentas da Psicologia Organizacional / Márcia R.
Banov. São Paulo: CenaUn,2002

• Freud, Sigmund.
EDIÇÃO STANDARD BRASILEIRA DAS OBRAS
PSICOLÓGICAS COMPLETAS DE SIGMUND FREUD / SIGMUNDO FREUD.
IMAGO EDITORA LTDA.

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