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A natureza da teoria da Personalidade (elementos de história)

O desenvolvimento histórico das teorias da personalidade inicia-se com as concepções do homem


propostas por grandes estudiosos como Hipócrates, Platão e Aristóteles, não esquecendo a contribuição de
inúmeros pensadores.
Apontados como fatores mais recentes, que influenciaram a teoria da personalidade, encontramos: uma
tradição de observação clínica, que inclui especialmente a intervenção de Freud, Jung e McDougall, objetivando
a determinação da natureza da teoria da personalidade; seguidamente a tradição Gestáltica e de William Stem,
estudiosos impressionados com a unidade de comportamento, consequentemente convencidos de que um estudo
fragmentado de pequenos elementos do comportamento jamais poderia ser esclarecedor; posteriormente surge a
psicologia experimental em geral e a teoria da aprendizagem em particular, que levou a uma crescente
preocupação com a pesquisa empírica cuidadosamente controlada, um melhor entendimento da natureza da
construção da teoria e uma apreciação mais detalhada de como o comportamento é modificado; um quarto
determinante surge pela tradição psicométrica, que se foca na mensuração e no estudo das diferenças individuais,
proporcionando uma sofisticação cada vez mais superior nas dimensões de avaliação do comportamento e na
análise quantitativa dos dados; por fim a genética e a fisiologia desempenharam um papel crucial nas tentativas
de identificar e de descrever as características da personalidade, influenciando, em particular, modelos recentes
como a Teoria dos Grandes Factores, entre outros.

Personalidade
O estudo da personalidade constitui um domínio particularmente estudado nas áreas Sociais e Humanas.
Desde os primórdios, a noção de personalidade tem sofrido mudanças significativas, o que demonstra a
complexidade deste conceito. A personalidade é aquilo que dá ordem e congruência a todos os comportamentos
diferentes apresentados pelo individuo, consiste nos esforços de ajustamento variados, realizados pelo individuo.
Para além disso, a personalidade é uma série de valores que descrevem o individuo que está sendo estudado em
termos de dimensões que ocupam uma posição central dentro de uma teoria específica.
Face às diferentes definições (Carver & Scheier, 2000, cit. em Hansenne, 2003), muito
sintetizadamente, destacaram alguns pontos: a personalidade não coresponde a uma justaposição de peças, mas
sim representa uma organização; a personalidade não se encontra num local específico, ela é ativa e representa
um processo dinâmico no interior do indivíduo; a personalidade corresponde a um conceito psicológico cujas
bases são fisiológicas; a personalidade é uma força interna que determina como o indivíduo se comportará; a
personalidade é constituída por padrões de resposta recorrentes e consistentes e a personalidade não se reflete
apenas numa direção, mas sim em várias, à semelhança dos sentirnentos, pensamentos e comportamentos.
Tendo em conta definições apontadas de senso comum, o termo personalidade é utilizado de forma
recorrente pela população em geral, adoptando sentidos diferentes, mas que muitas vezes se encaixam em
definições empíricas: quando o termo é igualado à habilidade ou à perícia social; quando a personalidade do
indivíduo é considerada a impressão mais saliente que ele cria nos outros. Nos diferentes casos o observador
seleciona um atributo ou qualidade altamente típica do sujeito, que presumivelmente é uma parte importante da
impressão global criada nos outros, identificando a sua personalidade a partir desse termo.

O que é uma teoria e porque é útil?


A teoria é um conjunto de convenções criadas pelo teórico, ou seja, não são fornecidas ou pré-
determinadas pela natureza, pelos dados, ou por qualquer outro processo. Uma vez que é uma escolha
convencional, veracidade ou falsidade não são qualidades a serem atribuídas a uma teoria, simplesmente esta é
útil ou inútil. A sua finalidade é a promoção de um setor específico da investigação sobre as relações,
correspondências, diferenças e semelhanças entre fenómenos.
A teoria trata de proposições que podem então ser confirmadas ou rejeitadas, à luz de dados empíricos
adequadamente controlados. A teoria é suposta e a sua aceitação ou rejeição é determinada pela sua utilidade.
Nesse caso a utilidade tem 2 componentes: verificabilidade e abrangência. A simplicidade ou parcimónia
também é importante, mas só após se resolverem as questões da verificabilidade e abrangência. Só quando se
verifica uma tautologia – duas teorias chegando às mesmas conclusões a partir de termos diferentes – é que a
simplicidade se torna uma questão importante.
Outro aspeto a ter em conta é que uma teoria deve conter duas partes, uma série de suposições
relevantes, sistematicamente relacionadas umas às outras e um conjunto de definições empíricas.
Sem a teoria ocorre o risco de se pensar cada problema de forma isolada, tendo em conta pontos de vista
que podem ser diferentes em cada caso. A teoria é um instrumento, uma ferramenta, serve para fazer um
trabalho, serve para produzir o conhecimento que é necessário produzir.
Uma teoria da personalidade
Uma teoria de personalidade é definida pelos conceitos específicos contidos numa dada teoria, estes são
considerados adequados de forma a descrever e compreender o comportamento humano na sua totalidade.
Consiste, portanto, num conjunto de suposições relevantes para o comportamento humano, juntamente com as
definições empíricas necessárias. Também é importante ser uma teoria suficientemente abrangente, isto é, deve
estar preparada para lidar com uma ampla variedade de comportamentos humanos que possua significado para o
indivíduo, ou então prevê-los.

A comparação das teorias da personalidade


As teorias psicodinâmicas enfatizam os motivos inconscientes e o conflito intrapsíquico resultante. As
teorias estruturais focalizam as diferentes tendências comportamentais que caracterizam os indivíduos. As
teorias experienciais observam a maneira pela qual a pessoa percebe a realidade e experiencia seu mundo . As
teorias da aprendizagem enfatizam a base aprendida das tendências de resposta, com uma ênfase no processo
de aprendizagem.

Conceitos de personalidade
Carácter: núcleo fundamental da própria pessoa que a distingue das outras. Temperamento: limitação
mais imediata com base biológica da própria estrutura humana. Constituição: conjunto de características físico-
psíquicas do individuo. Tipo: tipologia. Traço: traços são como habilidades. Estilo: associa a forma como nos
aproximamos à realidade.

3 grandes tendências (tendências da psicologia que têm tentado definir o conceito de personalidade)
Psicodinâmica: a personalidade é a maneira de nos colocarmos em relação com o mundo, que reflete os
vários acontecimentos de um processo desenvolvimental (da conceção até à morte). Observador: A
personalidade é um conjunto de qualidades ou atributos relativamente estáveis que põe em conjunto algumas
pessoas comuns, distinguindo de outras. Vista por dentro: a personalidade é um conjunto de estruturas afetivas
e cognitivas das quais cada individuo retira o sentido da própria identidade e que permitem a cada um
desenvolver uma parte ativa na relação com o ambiente.

Relação entre as teorias da Personalidade e outras teorias Psicológicas


É de conhecimento geral que a psicologia se desenvolveu no século XIX como fruto da filosofia e da
fisiologia experimental. Pelo contrório, a origem da teoria da personalidade deve muito mais à profissão médica
e às condições da prática médica. De facto, os primeiros grandes nomes nessa área (Freud, Jung e McDougall)
tinham formação em medicina.
As diferentes teorias podem dividir-se em dois grupos, a que tenta lidar com todos os fenómenos
comportamentais de importância demonstrada, ou seja, teoria geral do comportamento, e aquelas que restringem
o seu foco a certas classes de eventos comportamentais, designadas de teorias de domínio único. As teorias da
personalidade pertencem à primeira categoria e distinguem-se das teorias específicas dentro da psicologia devido
ao seu alcance e abrangência. As teorias da personalidade abrangem uma ampla variedade de
comportamentos/processos e consideram o indivíduo como uma unidade integrada, baseando a sua pesquisa
numa teoria geral do indivíduo como um todo em funcionamento, sem medidas isoladas.

A teoria psicanalítica de Freud


Freud comparou a mente a um ice berg, onde a parte menor representa a consciência, enquanto que a
parte maior representa o inconsciente.
Freud e a teoria dinâmica da Personalidade
Para Freud, a personalidade é um conjunto dinâmico constituído por componentes em conflito
dominadas por forças inconscientes. Faz referência a duas tópicas, a prirneira é constituída pelo inconsciente,
pré-consciente e consciente, enquanto a segunda engloba o ego, o id e o superego. Nomeia também cinco fase do
desenvolvimento da personalidade, a oral, anal, fálica, período de latência e fase genital.
Freud distinguiu três níveis de consciência, na sua divisão topográfica inicial da mente :
Consciente: tudo aquilo a que temos acesso. Pensamentos e perceções que a pessoa é capaz de
voluntariamente invocar e controlar, segundo as suas necessidades ou desejos.
Pré-consciente: faz a ligação entre o consciente e o inconsciente e é constituído por conteúdos psíquicos
(memórias, conhecimentos armazenados) que podem ser recuperados de forma relativamente fácil. A sua função
é impedir a manifestação de pulsões socialmente inaceitáveis.
Inconsciente: é fomado por instintos, pulsões e desejos, muitos dos quais são socialmente inaceitáveis.
Apesar de não ser possível aceder às infonnações que já forarn registadas, o inconsciente influência o
comportamento.
A personalidade é constituída por três grandes sisternas: o id, o ego e o superego. Embora cada uma
dessas partes da personalidade total tenha as suas próprias funções, propriedades, componentes, princípios de
operação, dinamismos e mecanismos raramente um sistema opera com a exclusão dos dois.
Id: é o sistema original da personalidade, ele é a matriz da qual se originam o ego e o superego. O id
apenas conhece a realidade subjetiva da mente. O Id abrange tudo o que é psicológico, que é herdado e que se
acha presente no nascimento, incluindo os instintos [representação psicológica (desejo) inata de uma fonte
somática interna de excitação (necessidade)]. Fornece toda a energia para a operação dos outros 2 sistemas. Não
tolera aumentos de energia, que são experienciados com estados de tensão desconfortáveis. Para atingir seu
objetivo de evitar dor e obter prazer, o id tem sob seu comando 2 processos: as ações reflexas e o processo
primário. As ações reflexas são reações inatas e automáticas como respirar, espirrar e reduzem a tensão
imediatamente. O processo primário envolve uma reação psicológica, por exemplo, apresenta à pessoa faminta a
imagem mental de um alimento. O objetivo do id: equilíbrio.
Ego: existe devido às necessidades do organismo em requerer transações apropriadas com o mundo
objetivo da realidade. Obedece ao princípio da realidade e opera por meio do processo secundário. Distingue as
coisas da mente das do mundo externo. O ego é a porção organizada do id, que passa a existir para atingir os
objetivos do id, e por isso não existe separadamente dele. Objetivo do ego: poder encarnar-se.
Superego: é a força moral da personalidade. Ele representa o ideal rnais do que o real e procura a
perfeição mais do que o prazer. A sua principal preocupação é decidir se alguma coisa está certa ou errada, para
poder agir de acordo com os padrões morais autorizados pelos agentes da sociedade. Para além dessa função
deve inibir os impulsos do id, persuadir o ego a substituir objetivos realistas por objetivos moralistas e buscar a
perfeição. Objetivo do superego: socialização.
De maneira geral, o Id pode ser considerado como componente biológica da personalidade, o Ego como
componente psicológica e o Superego como componente social.

A Psicanálise do Eu
A problemática em torno do Eu está presente na obra de Freud desde os primeiros momentos da sua
trajetória. Segundo o psicanalista, o Eu é uma estrutura narcísica que tem como referência o próprio corpo
(construído na relação com o outro) cujas principais funções seriam efetuar a distinção entre realidade psíquica e
realidade externa e estabelecer defesas contra as excitações libidinais.
Na primeira tópica, a ênfase era dada aos sistemas, inconsciente (com especial importância), pré-
consciente e consciente. Com a chegada dos anos 20, Freud implementa a segunda tópica. Aí a ênfase é
deslocada, do funcionamento do aparelho psíquico para os mecanismos de defesa e a instância repressora, dando
origem a três instâncias, correlacionadas entre si (id, ego e superego).
A segunda tópica não anula a primeira, mas aumenta o poder teórico da psicanálise para explicar os
factos psíquicos. Assim, segundo esta perspetiva, o Eu apresenta o seu núcleo no sistema percetivo-consciente e
origina o contacto do indivíduo com a realidade.

As teorias das relações objetais


As teorias das relações objetais caracterizam-se pela sua forma de integrar questões que dizem respeito
à formação da personalidade, procurando os seus princípios na infância. Desta forma, centram-se na
compreensão do desenvolvimento e formação da personalidade, incluindo a capacidade e a necessidade da
criança em perder o vínculo da mãe, ou seja, o seu objeto primário, pretendendo assim, obter uma compreensão
do próprio e articular vínculos com outros objetos (outras pessoas).
Os teóricos das relações objetais elaboraram conceções diferenciadas, o que torna o entendimento dos
termos 'objeto' e 'relações objetais' bastante complexo. Como afirmam Greenberg & Mitchell (1994) há uma
diferença desses termos entre a psicologia académica (objeto - entidade que existe no tempo e nos espaço) e a
psicanálise.
Para Freud, as teorias objetais consistiram em revisões teóricas da sua própria teoria sobre o 'objecto'.
Assim, na teoria psicanalítica ortodoxa, Freud aponta o objeto como algo que só tem sentido quando relacionado
com a pulsão ("processo somático que ocorre num órgão ou parte do corpo e cuja excitação é representada na
vida mental pela pulsão; é um estímulo para o psíquico") e o inconsciente, tornando-o um meio para o foco da
satisfação. Esse objeto pode ser uma pessoa, objeto ou atividade, real ou imaginário.

Carl Jung- a Teoria Analítica


A personalidade total, ou a psique, conforme chamada por Jung, consiste em vários sistemas
diferenciados, mas que interagem entre si. Os principais são o ego, o inconsciente pessoal e seus complexos, o
inconsciente coletivo e seus arquétipos, a persona, a anima e o animus e a sombra. Alem destes sistemas
interdependentes, existem as atitudes de introversão e extroversão e as funções do pensamento, do sentimento,
da sensação e da intuição. Finalmente, existe o self, que é o centro de toda a personalidade.
Ego: é a mente consciente. Ele é constituído por perceções, memórias, pensamentos e sentimentos
conscientes. É responsável pelos sentimentos de identidade e de continuidade, estando no centro da consciência.
Inconsciente pessoal: é uma região adjacente ao ego. Consiste nas experiências que outrora foram
conscientes, mas que agora estão reprimidas, suprimidas, esquecidas ou ignoradas, e em experiências que foram
a princípio fracas de mais para deixar uma impressão consciente na pessoa.
Complexos: um complexo é um grupo organizado ou uma constelação de sentimentos, pensamentos,
perceções e memórias que existem no inconsciente pessoal. Têm um núcleo que age como uma espécie de íman
que atrai várias experiências. O núcleo e muitos dos elementos associados são inconscientes em qualquer
momento específico, mas qualquer uma das associações se pode tomar consciente, o que acontece com
frequência. Consideram, por exemplo, o complexo materno.
Inconsciente coletivo: é o sistema mais poderoso e influente da psique e, em casos patológicos, domina
o ego e o inconsciente pessoal. Este inconsciente é o reservatório de traços de memória latentes herdados do
nosso passado ancestral. O que uma pessoa aprende em resultado de experiências é substancialmente
influenciado pelo inconsciente colectivo, que exerce uma influência orientadora ou selectiva sobre o
comportamento da pessoa desde o início da vida. É a base herdada de toda a estrutura da personalidade.
Arquétipos: os componentes estruturais do inconsciente colectivo recebem vários nomes, um deles é
arquétipos, que é considerado uma forma universal de pensamento que contém um grande elemento de emoção.
Esta forma de pensamento cria imagens ou visões que correspondem na vida normal de vigília a algum aspecto
da situação consciente. Embora todos os arquétipos possam ser considerados como sistemas dinâmicos
autónomos que podem ser relativamente independentes do restante da personalidade, alguns arquétipos
evoluíram tanto que merecem ser tratados como sistemas separados dentro da personalidade: a persona, a anima
e o animus e a sombra.
Persona: é uma máscara adoptada pela pessoa em resposta às demandas das convenções e das tradições
sociais e às suas próprias necessidades arquetípicas internas. É o papel atribuído a alguém pela sociedade, é a
personalidade pública, aqueles aspetos que são apresentados ao mundo ou que a opinião pública impõe ao
indivíduo, em contraste com a personalidade privada existente por traz da fachada social.
Anima e o animus: é bastante reconhecido e aceite que o ser humano é essencialmente um animal
bissexual. Jung atribuiu o lado feminino da personalidade do homem (anima) e o lado masculino da
personalidade da mulher (animus) a arquétipos. Assim, defende que o homem ao viver com a mulher ao longo
das épocas acabou por se feminizar, tal como a mulher ao viver com o homem acabou por se masculinizar,
dando a conhecer a natureza de cada um. Também podem levar ao desprendimento e à discórdia.
Sombra: instintos animais que os humanos herdam na sua evolução a partir de formas inferiores de
vida, representa o lado animal da natureza humana. O lado sombra da personalidade permeia os aspetos privados
do ego e também uma grande parte dos conteúdos do inconsciente pessoal.
Self: é o ponto central da personalidade, em torno do qual todos os outros sistemas estão constelados,
mantem-nos unidos, e dá à personalidade unidade, equilíbrio e estabilidade. O self é a meta da vida, que
raramente é alcançada. O conceito de self é provavelmente a descoberta psicológica mais importante do autor, e
representa a culminação dos seus estudos intensivos dos arquétipos.
Processo de individuação: surge com a confrontação com os vários aspetos sombrios, reconhecendo-os
e despindo-se da persona e das imagens primordiais. Segundo o autor o processo não está relacionado com o
individualismo, mas sim com a estimulação de condições para que cada um desperte o melhor de si no outro,
mantendo a sua identidade intacta. Portanto, é um processo de diferenciação, que objetiva o desenvolvimento da
personalidade individual.

Psiquiatria Fenomenológica
Aquilo que é relevante não se baseia apenas nos sinais exteriores, mas também na experiência pessoal,
ou seja, a estatística não é o mais irnportante nesta linha de análise de intervenção. Dentro das ciências exatas
pretende compreender a sua análise através de uma visão quantitativa, e assim dar respostas aos problemas.
Objetiva a análise/aprofundamento da sua própria experiência através de outras experiências
relacionadas com a mesma; reflecte sobre...; não se questiona apenas sobre o significado, mas interroga-se
também para que serve; separa o comportamento normal do patológico.
Perante o mal-estar psíquico, a fenomenologia preocupa-se com o sentimento da pessoa e não com a
compreensão da sintomatologia. Centra-se na auto-expressão e dá credibilidade à pessoa.
Dimensões/estados para a perspetiva fenomenológica:
1. Fenómenos: pretende analisá-los assim como eles acontecem, sem qualquer tipo de reducionismo;
2. Consciência: cresce e desenvolve-se dentro da intersubjetividade;
3. Intersubjetividade: permite a compreensão de nós mesmos, só no momento em que expresso a
experiência perante o outro, tomando-a reconhecida pelo mesmo, é que as experiências se tornam mais
compreensíveis, quando pensam nas experiências elas também se tornam reconhecidas;
4. Intencionalidade do comportamento: todas as experiências têm sentido, mesmo quando o outro não
as compreende, assim, o experienciado tem a oportunidade de explicar a sua própria experiência, originando a
criação de uma nova, forrnada pela perceção/compreensão conjunta dos intervenientes.
Binswanger
A psiquiatria fenomenológica de Binswanger é considerada fonte de inspiração, sendo pioneira na
introdução de um novo olhar e de uma nova forma de compreender a psicopatologia, como tal, o mesmo é
considerado por muitos o pai da psiquiatria fenomenológica.
Ao contrário de Freud, Binswanger focou a sua abordagem na consciência, via o paciente como o
intérprete do seu sofrimento, eliminando assim, a ideia de inconsciente psicanalítico. Nesta perspectiva, tudo
aquilo que o homem vivência faz parte de uma estrutura complexa, com a presença constante do inconsciente na
existência humana.
Assim, Binswanger considera que o importante é entender o significado da experiência do paciente e
não permitir encaixar um conjunto de sintomas num tipo de doença. Portanto o autor procura recuperar o valor
da experiência imediata do paciente, descentrando-se da procura de razões para a sua patologia, pois o ser
humano vive em constante e perpétua abertura temporal no decorrer da sua existência.

A Psicologia Humanista
A Psicologia Humanista surgiu na década de 50, como uma reação às ideias defendidas pelo
Behaviorismo que se focava apenas na análise do comportamento e defendidas pela Psicanálise com o foco no
inconsciente e seu determinismo.
De forte influência existencial e fenomenológica, a Psicologia Humanista procura conhecer o ser
humano, tentando humanizar o seu aparelho psíquico, contrariando assim, a visão do homem como um ser
condicionado pelo mundo extemo. Este paradigma põe em prática os conceitos da fenomenologia existencial, o
que revela a direção na formulação de uma nova perceção e na solução de problemas por meio de uma mudança
consistente, objetivando trabalhar as partes, totalidades, consciência, intencionalidade e a ação, passo a passo no
decorer da terapia.
Permite à própria pessoa a responsabilização da sua vida: "Eu sou assim porquê?/A culpa é minha ou do
outro?". A verdadeira liberdade realiza-se quando "eu" a utilizo para escolher, e assim responsabilizo-me por
"ela" - próprias escolhas. Assim, esta teoria visiona a liberdade e o potencial humano com estremo otimismo, o
que se vai revelando com a apresentação das crenças do movimento e com a recorrência a diferentes
instrumentos, que vão desde a validação da introspecção e da intuição como fonte crucial de informação ate à
análise da literatura.
Rogers
A teoria de Rogers da personalidade originou-se de suas experiências no relacionamento terapêutico
com pacientes. Criou o rnétodo de psicoterapia, isto é, uma terapia centrada no cliente, que apenas é considerada
bem-sucedida, quando o terapeuta é capaz de estabelecer um relacionamento intensamente pessoal e subjectivo
com o cliente, ou seja, relacionando-se não como um cientista com um objeto de estudo, mas como uma pessoa
com outra pessoa.
Embora o psicólogo desse mais importância à rnudança e ao desenvolvimento da personalidade,
existem dois construtos estruturais fundamentais na sua teoria, o organismo e o self.
Organismo: corresponde ao foco de toda a experiência. A mesma inclui tudo o que acontece dentro do
organismo a qualquer momento e que está disponível para a consciência. Essa totalidade de experiência
corresponde ao campo fenomenal, que é a estrutura de referência do indivíduo e só pode ser conhecida pelo
próprio. "Ele não pode ser conhecido por outra pessoa exceto pela inferência empática.
Self: é um dos conceitos centrais da teoria de Rogers. Inicialmente era considerado um termo vago para
o mesmo, mas devido à sua experiência de trabalho, começou a verificar que quando tinham oportunidade de
expressar os seus problemas/atitudes a partir dos seus próprios termos e sem qualquer tipo de
orientação/interpretação, os seus clientes tendiam a recorrer a termos do self. Assirn verificou que o self era um
elemento importante na experiência do cliente, que frequenternente objetivava tornar esse "self real".
Aponta ainda, que para alérn do self como ele é, existia também o self ideal, ou seja, aquilo que a
pessoa gostaria de ser.
Organismo e Self : quando as experiências simbólicas que constituem o self espelham fielmente as
experiências do organisrno, pode dizer-se que a pessoa é ajustada e funciona de modo completo, é capaz de
pensar realisticarnente. Pelo contrário, a incongruência entre o self e o organismo faz com que os indivíduos se
sintam ameaçados e ansiosos, com um pensarrento rígido e limitado. O organismo realiza-se segundo as linhas
determinadas pela hereditariedade.
Abraham Maslow
Apresenta a personalidade como estrutura unitária que está fundamentada sobre a motivação que orienta
a existência. Assim, propõe uma teoria da personalidade fundamentada sobre a motivação. Faz distinção entre
necessidade e meta-necessidades. Sustenta a visão holística/dinâmica da personalidade. Para além disso, diz que
a psicologia focaliza sobretudo as debilidades do ser humano, as fraquezas é preciso descrever e apresentar “a
outra metade do quadro”.
A teoria de Maslow fundamenta-se sob uma hierarquia das necessidades, sendo elas: fisiológicas, de
segurança, de pertença e de afeto, de estima e de autorrealização. As quatro primeiras indicam uma condição de
carência e buscam a redução da tenção, as últimas são motivações de crescimento, implicam uma procura e um
aumento da tensão.
Realização de si: uma perceção eficaz da realidade, saber discriminar o que é genuíno do que é abstrato
e genérico, espontaneidade, autoaceitação e aceitação dos outros.

Ludwig Binswanger e a Antropoanálise


 A presença é sobretudo a globalidade humana, que engloba a pessoa (na totalidade de alma e corpo,
consciente e inconsciente, pensamento e ação, emotividade, afetividade e instinto);
 A antropoanálise tem como objetivo descrever e ordenar as possibilidades de ser-no mundo, segundo o
critério de maior ou menor liberdade;
 Modo de ser no amor: exprime uma unidade dual (harmonia e compenetração do EU e do TU), cada ato
é a expressão da dualidade e se refere a ela;
 Modo de ser na amizade: participação dual, mas não absoluta e totl porque podemos ter vários amigos;
 Modo plural: é a maneira das relações formais e competitivas;
 Somente realizando as suas potencialidades, o ser humano pode viver uma vida autentica, se pelo
contrario, se renega ou se deixa dominar pelos outros viverá uma existência não autêntica;
 O mundo no qual os seres humanos existem compreende 3 regiões:
O ambiente biológico ou físico- Umwelt;
O ambiente humano - Mitwelt;
O próprio individuo, o Si, com o seu corpo- Eigenwelt;
 Cada ser humano está lançado no mundo, não são incondicionalmente livres. Viver na autenticidade
significa assumir o próprio fundamento da existência.

Frases soltas
Esta teoria da personalidade afigura-se como uma teoria mais abrangente, que põe em conjunto todas as
teorias/perspetivas específicas para formar apenas uma, ou seja, não surge por si só, mas sim como uma teoria
integrativa de vários saberes e conhecimentos que possam emergir dos resultados de áreas específicas da
psicologia (teorias integradoras de experiências). Cada um de nós tem uma visão parcial do todo, dependendo do
ponto de vista, quanto mais pensamos na dimensão experiência mais global, mais o espaço/história tem
significados diferentes de pessoa para pessoa. Em suma, o ser humano é um ser construtor da realidade e não um
ser passivo, apenas ativo com a aplicação de estímulos (teoria integradora da personalidade).

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