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Personalidade
O estudo da personalidade constitui um domínio particularmente estudado nas áreas Sociais e Humanas.
Desde os primórdios, a noção de personalidade tem sofrido mudanças significativas, o que demonstra a
complexidade deste conceito. A personalidade é aquilo que dá ordem e congruência a todos os comportamentos
diferentes apresentados pelo individuo, consiste nos esforços de ajustamento variados, realizados pelo individuo.
Para além disso, a personalidade é uma série de valores que descrevem o individuo que está sendo estudado em
termos de dimensões que ocupam uma posição central dentro de uma teoria específica.
Face às diferentes definições (Carver & Scheier, 2000, cit. em Hansenne, 2003), muito
sintetizadamente, destacaram alguns pontos: a personalidade não coresponde a uma justaposição de peças, mas
sim representa uma organização; a personalidade não se encontra num local específico, ela é ativa e representa
um processo dinâmico no interior do indivíduo; a personalidade corresponde a um conceito psicológico cujas
bases são fisiológicas; a personalidade é uma força interna que determina como o indivíduo se comportará; a
personalidade é constituída por padrões de resposta recorrentes e consistentes e a personalidade não se reflete
apenas numa direção, mas sim em várias, à semelhança dos sentirnentos, pensamentos e comportamentos.
Tendo em conta definições apontadas de senso comum, o termo personalidade é utilizado de forma
recorrente pela população em geral, adoptando sentidos diferentes, mas que muitas vezes se encaixam em
definições empíricas: quando o termo é igualado à habilidade ou à perícia social; quando a personalidade do
indivíduo é considerada a impressão mais saliente que ele cria nos outros. Nos diferentes casos o observador
seleciona um atributo ou qualidade altamente típica do sujeito, que presumivelmente é uma parte importante da
impressão global criada nos outros, identificando a sua personalidade a partir desse termo.
Conceitos de personalidade
Carácter: núcleo fundamental da própria pessoa que a distingue das outras. Temperamento: limitação
mais imediata com base biológica da própria estrutura humana. Constituição: conjunto de características físico-
psíquicas do individuo. Tipo: tipologia. Traço: traços são como habilidades. Estilo: associa a forma como nos
aproximamos à realidade.
3 grandes tendências (tendências da psicologia que têm tentado definir o conceito de personalidade)
Psicodinâmica: a personalidade é a maneira de nos colocarmos em relação com o mundo, que reflete os
vários acontecimentos de um processo desenvolvimental (da conceção até à morte). Observador: A
personalidade é um conjunto de qualidades ou atributos relativamente estáveis que põe em conjunto algumas
pessoas comuns, distinguindo de outras. Vista por dentro: a personalidade é um conjunto de estruturas afetivas
e cognitivas das quais cada individuo retira o sentido da própria identidade e que permitem a cada um
desenvolver uma parte ativa na relação com o ambiente.
A Psicanálise do Eu
A problemática em torno do Eu está presente na obra de Freud desde os primeiros momentos da sua
trajetória. Segundo o psicanalista, o Eu é uma estrutura narcísica que tem como referência o próprio corpo
(construído na relação com o outro) cujas principais funções seriam efetuar a distinção entre realidade psíquica e
realidade externa e estabelecer defesas contra as excitações libidinais.
Na primeira tópica, a ênfase era dada aos sistemas, inconsciente (com especial importância), pré-
consciente e consciente. Com a chegada dos anos 20, Freud implementa a segunda tópica. Aí a ênfase é
deslocada, do funcionamento do aparelho psíquico para os mecanismos de defesa e a instância repressora, dando
origem a três instâncias, correlacionadas entre si (id, ego e superego).
A segunda tópica não anula a primeira, mas aumenta o poder teórico da psicanálise para explicar os
factos psíquicos. Assim, segundo esta perspetiva, o Eu apresenta o seu núcleo no sistema percetivo-consciente e
origina o contacto do indivíduo com a realidade.
Psiquiatria Fenomenológica
Aquilo que é relevante não se baseia apenas nos sinais exteriores, mas também na experiência pessoal,
ou seja, a estatística não é o mais irnportante nesta linha de análise de intervenção. Dentro das ciências exatas
pretende compreender a sua análise através de uma visão quantitativa, e assim dar respostas aos problemas.
Objetiva a análise/aprofundamento da sua própria experiência através de outras experiências
relacionadas com a mesma; reflecte sobre...; não se questiona apenas sobre o significado, mas interroga-se
também para que serve; separa o comportamento normal do patológico.
Perante o mal-estar psíquico, a fenomenologia preocupa-se com o sentimento da pessoa e não com a
compreensão da sintomatologia. Centra-se na auto-expressão e dá credibilidade à pessoa.
Dimensões/estados para a perspetiva fenomenológica:
1. Fenómenos: pretende analisá-los assim como eles acontecem, sem qualquer tipo de reducionismo;
2. Consciência: cresce e desenvolve-se dentro da intersubjetividade;
3. Intersubjetividade: permite a compreensão de nós mesmos, só no momento em que expresso a
experiência perante o outro, tomando-a reconhecida pelo mesmo, é que as experiências se tornam mais
compreensíveis, quando pensam nas experiências elas também se tornam reconhecidas;
4. Intencionalidade do comportamento: todas as experiências têm sentido, mesmo quando o outro não
as compreende, assim, o experienciado tem a oportunidade de explicar a sua própria experiência, originando a
criação de uma nova, forrnada pela perceção/compreensão conjunta dos intervenientes.
Binswanger
A psiquiatria fenomenológica de Binswanger é considerada fonte de inspiração, sendo pioneira na
introdução de um novo olhar e de uma nova forma de compreender a psicopatologia, como tal, o mesmo é
considerado por muitos o pai da psiquiatria fenomenológica.
Ao contrário de Freud, Binswanger focou a sua abordagem na consciência, via o paciente como o
intérprete do seu sofrimento, eliminando assim, a ideia de inconsciente psicanalítico. Nesta perspectiva, tudo
aquilo que o homem vivência faz parte de uma estrutura complexa, com a presença constante do inconsciente na
existência humana.
Assim, Binswanger considera que o importante é entender o significado da experiência do paciente e
não permitir encaixar um conjunto de sintomas num tipo de doença. Portanto o autor procura recuperar o valor
da experiência imediata do paciente, descentrando-se da procura de razões para a sua patologia, pois o ser
humano vive em constante e perpétua abertura temporal no decorrer da sua existência.
A Psicologia Humanista
A Psicologia Humanista surgiu na década de 50, como uma reação às ideias defendidas pelo
Behaviorismo que se focava apenas na análise do comportamento e defendidas pela Psicanálise com o foco no
inconsciente e seu determinismo.
De forte influência existencial e fenomenológica, a Psicologia Humanista procura conhecer o ser
humano, tentando humanizar o seu aparelho psíquico, contrariando assim, a visão do homem como um ser
condicionado pelo mundo extemo. Este paradigma põe em prática os conceitos da fenomenologia existencial, o
que revela a direção na formulação de uma nova perceção e na solução de problemas por meio de uma mudança
consistente, objetivando trabalhar as partes, totalidades, consciência, intencionalidade e a ação, passo a passo no
decorer da terapia.
Permite à própria pessoa a responsabilização da sua vida: "Eu sou assim porquê?/A culpa é minha ou do
outro?". A verdadeira liberdade realiza-se quando "eu" a utilizo para escolher, e assim responsabilizo-me por
"ela" - próprias escolhas. Assim, esta teoria visiona a liberdade e o potencial humano com estremo otimismo, o
que se vai revelando com a apresentação das crenças do movimento e com a recorrência a diferentes
instrumentos, que vão desde a validação da introspecção e da intuição como fonte crucial de informação ate à
análise da literatura.
Rogers
A teoria de Rogers da personalidade originou-se de suas experiências no relacionamento terapêutico
com pacientes. Criou o rnétodo de psicoterapia, isto é, uma terapia centrada no cliente, que apenas é considerada
bem-sucedida, quando o terapeuta é capaz de estabelecer um relacionamento intensamente pessoal e subjectivo
com o cliente, ou seja, relacionando-se não como um cientista com um objeto de estudo, mas como uma pessoa
com outra pessoa.
Embora o psicólogo desse mais importância à rnudança e ao desenvolvimento da personalidade,
existem dois construtos estruturais fundamentais na sua teoria, o organismo e o self.
Organismo: corresponde ao foco de toda a experiência. A mesma inclui tudo o que acontece dentro do
organismo a qualquer momento e que está disponível para a consciência. Essa totalidade de experiência
corresponde ao campo fenomenal, que é a estrutura de referência do indivíduo e só pode ser conhecida pelo
próprio. "Ele não pode ser conhecido por outra pessoa exceto pela inferência empática.
Self: é um dos conceitos centrais da teoria de Rogers. Inicialmente era considerado um termo vago para
o mesmo, mas devido à sua experiência de trabalho, começou a verificar que quando tinham oportunidade de
expressar os seus problemas/atitudes a partir dos seus próprios termos e sem qualquer tipo de
orientação/interpretação, os seus clientes tendiam a recorrer a termos do self. Assirn verificou que o self era um
elemento importante na experiência do cliente, que frequenternente objetivava tornar esse "self real".
Aponta ainda, que para alérn do self como ele é, existia também o self ideal, ou seja, aquilo que a
pessoa gostaria de ser.
Organismo e Self : quando as experiências simbólicas que constituem o self espelham fielmente as
experiências do organisrno, pode dizer-se que a pessoa é ajustada e funciona de modo completo, é capaz de
pensar realisticarnente. Pelo contrário, a incongruência entre o self e o organismo faz com que os indivíduos se
sintam ameaçados e ansiosos, com um pensarrento rígido e limitado. O organismo realiza-se segundo as linhas
determinadas pela hereditariedade.
Abraham Maslow
Apresenta a personalidade como estrutura unitária que está fundamentada sobre a motivação que orienta
a existência. Assim, propõe uma teoria da personalidade fundamentada sobre a motivação. Faz distinção entre
necessidade e meta-necessidades. Sustenta a visão holística/dinâmica da personalidade. Para além disso, diz que
a psicologia focaliza sobretudo as debilidades do ser humano, as fraquezas é preciso descrever e apresentar “a
outra metade do quadro”.
A teoria de Maslow fundamenta-se sob uma hierarquia das necessidades, sendo elas: fisiológicas, de
segurança, de pertença e de afeto, de estima e de autorrealização. As quatro primeiras indicam uma condição de
carência e buscam a redução da tenção, as últimas são motivações de crescimento, implicam uma procura e um
aumento da tensão.
Realização de si: uma perceção eficaz da realidade, saber discriminar o que é genuíno do que é abstrato
e genérico, espontaneidade, autoaceitação e aceitação dos outros.
Frases soltas
Esta teoria da personalidade afigura-se como uma teoria mais abrangente, que põe em conjunto todas as
teorias/perspetivas específicas para formar apenas uma, ou seja, não surge por si só, mas sim como uma teoria
integrativa de vários saberes e conhecimentos que possam emergir dos resultados de áreas específicas da
psicologia (teorias integradoras de experiências). Cada um de nós tem uma visão parcial do todo, dependendo do
ponto de vista, quanto mais pensamos na dimensão experiência mais global, mais o espaço/história tem
significados diferentes de pessoa para pessoa. Em suma, o ser humano é um ser construtor da realidade e não um
ser passivo, apenas ativo com a aplicação de estímulos (teoria integradora da personalidade).