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Introdução:
1- O passado mítico:
- É natural começar este livro onde a política fascista invariavelmente afirma descobrir sua
gênese: no passado. A política fascista invoca um passado mítico puro que foi
tragicamente destruído. Dependendo de como a nação é definida, o passado mítico pode
ser religiosamente puro, racialmente puro, culturalmente puro ou todos os itens acima. Em
todos os passados míticos fascistas, uma versão extrema da família patriarcal reina
soberana, mesmo que há poucas gerações.
2- Propaganda:
- É difícil promover uma política que prejudicará um grande grupo de pessoas diretamente.
O papel da propaganda política é ocultar os objetivos claramente problemáticos de
políticos ou de movimentos políticos, mascarando-os com ideais amplamente aceitos. Uma
perigosa e desestabilizadora guerra pelo poder torna-se uma guerra cujo objetivo é a
estabilidade, ou uma guerra cujo objetivo é a liberdade. A propaganda política usa a
linguagem dos ideais virtuosos para unir pessoas por trás de objetivos que, de outra forma,
seriam questionáveis.
- Divulgar falsas acusações de corrupção enquanto se envolve em práticas corruptas é
típico da política fascista, e as campanhas anticorrupção estão frequentemente no centro
dos movimentos políticos fascistas. Políticos fascistas geralmente condenam a corrupção
no Estado que querem assumir, o que é bizarro, uma vez que os próprios políticos
fascistas são invariavelmente muito mais corruptos do que aqueles que eles procuram
suplantar ou derrotar.
- Os políticos fascistas sabem que seus partidários farão vista grossa à sua própria e
verdadeira corrupção, já que, em seu caso, trata-se apenas de membros da nação
escolhida pegando o que é deles por direito. Mascarar a corrupção sob o disfarce de
anticorrupção é uma estratégia marcante da propaganda fascista.
- É comum observar, e com razão, que o fascismo eleva o irracional sobre o racional, a
emoção fanática sobre o intelecto. É menos comum notar, entretanto, que o fascismo
realiza essa elevação indiretamente, isto é, com propaganda.
3- Anti-intelectualismo:
- A política fascista busca solapar a credibilidade das instituições que abrigam vozes
independentes de dissensão até que elas possam ser substituídas pela mídia e por
universidades que rejeitam essas vozes.
- Ataques da direita deixam claro o desejo dessa mesma direita de controlar linhas de
investigação aceitáveis. No clássico estilo da propaganda demagógica, a tática de atacar
instituições que defendem a razão pública e o debate aberto ocorre sob o manto desses
mesmos ideais.
4- Irrealidade:
- Desde que Platão e Aristóteles escreveram sobre o assunto, os teóricos políticos sabem
que a democracia não pode florescer em solo envenenado pela desigualdade. Não é só
que os ressentimentos criados por tais divisões sejam alvos tentadores para um
demagogo. O ponto mais importante é que a dramática desigualdade representa um perigo
mortal para a realidade compartilhada necessária numa democracia liberal saudável.
5- Hierarquia:
- Tais exemplos sugerem a dificuldade de manter uma ética de igual valor quando existe
uma crença em diferenças genéticas de grupos em termos de habilidades cognitivas ou
capacidade de controlar as próprias ações. Ninguém é forçado, por um confronto com a
realidade, a acreditar nesse tipo de diferença hierárquica entre, por exemplo, gêneros, ou
grupos raciais ou étnicos. Não há evidência conclusiva para tais hierarquias, apesar de
séculos de tentativas de estabelecê-las por decreto religioso ou investigação científica.