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Conteúdo para Prova de História do Direito

Introdução ao direito Contemporâneo

O Direito Contemporâneo é o cenário de profundas transformações, que se


revelam no ordenamento, nas teorias e construções doutrinárias, no papel da
jurisprudência e na própria maneira como o Direito é ensinado e como ele se
coloca na centralidade da vida, mesmo quando não deveria ser esse seu papel.
Em meio a tantas solicitações ambientes e o acúmulo inexorável de
informações, sem a antiga hierarquia da qualidade, é fundamental agir e
coadjuvar na criação de espaços para a divulgação de ideias, pesquisas e
escritos sobre o Direito (e muita vez, não somente sobre ele).

Neste “Direito Contemporâneo”, podem-se encontrar informações sobre meu


perfil, meus livros e artigos, além de sugestões de leitura de textos de autores
que contribuem seriamente para o conhecimento jurídico. A todos, oferecem-se
as boas vindas e expressa-se o desejo que o “Direito Contemporâneo” possa-
lhes ser útil em suas caminhadas pelas vias quase sempre tortuosas do mundo
jurídico.

E por falar na contradição essencial que encerra o Direito, porque criação


humana, recordo-me de minhas andanças sem rumo pelas ruas de Hamburgo,
a tão acolhedora Cidade Livre e Hanseática, e quando encontrei as ruínas da
Igreja de São Nicolau, transformadas em museu. Lá deparei com uma placa de
bronze, na qual está escrito um trecho dos escritos de Dietrich Bonhoeffer, um
mártir dos tempos modernos: “Kein Mensch auf der ganzen Welt kann die
Wahrheit verändern. Man kann sie nur suchen, sie finden und ihr dienen.Die
Wahrheit ist an jedem Ort“. De fato, nenhuma pessoa no mundo pode mudar a
verdade. É dado a todos procurá-la e buscar servi-la. Afinal, a verdade está
em todos os lugares.
Otavio Luiz Rodrigues Junior
REGIMES TOTALITÁRIOS

Totalitarismo (ou regime totalitário) é um sistema político no qual o Estado,


normalmente sob o controle de uma única pessoa, político, facção ou classe
social, não reconhece limites à sua autoridade e se esforça para regulamentar
todos os aspectos da vida pública e privada, sempre que possível.[1] O
totalitarismo é caracterizado pela coincidência do autoritarismo (onde
os cidadãos comuns não têm participação significativa na tomada de decisão
do Estado) e da ideologia (um esquema generalizado de valores promulgado
por meios institucionais para orientar a maioria, senão todos os aspectos da
vida pública e privada).[2]

Os regimes ou movimentos totalitários mantêm o poder político através de


uma propaganda política abrangente divulgada através dos meios de
comunicação controlados pelo Estado, um partido único que é muitas vezes
marcado por culto de personalidade, o controle sobre a economia, a regulação,
[3]
o uso abusivo de decretos,[4] e restrição da expressão, a vigilância em
massa e o disseminado uso do terrorismo de Estado.

Etimologia[editar | editar código-fonte]


A ideia de totalitarismo como poder político “total” através do estado foi
formulada em 1923 por Giovanni Amendola que criticou
o fascismo italiano como um sistema fundamentalmente diferente
das ditaduras convencionais.[5] O termo depois ganhou conotações positivas
nos escritos de Giovanni Gentile, o principal teórico do fascismo. Ele usou o
termo "totalitário" para se referir à estrutura e metas do novo estado. O novo
estado deveria dispor sobre a "representação total da nação e a orientação
total das metas nacionais".[6] Ele descreveu o totalitarismo como uma
sociedade em que a ideologia do estado teria influência, se não poder, sobre a
maioria de seus cidadãos[7]. Segundo Benito Mussolini[5], este sistema politiza
tudo que é espiritual e humano. O conceito de totalitarismo surgiu nos anos
1920 e 1930. A visão de que ele foi elaborado somente depois de 1945 é
frequente e equivocadamente visto como parte da
propaganda antissoviética durante a guerra fria. [carece de fontes]

“ "Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do


Estado.”

Génese e contexto histórico

Foi ainda no decorrer da Primeira Guerra Mundial que começou a nascer o


totalitarismo, fenómeno político que marcou o século XX. Com a necessidade
de direcionar a produção industrial para as necessidades geradas pela guerra,
os governos das frágeis democracias liberais europeias tiveram de se
fortalecer, acumulando poderes e funções de Estado, em detrimento do poder
parlamentar, para agilizar as decisões importantes em tempos de guerra.
Quando voltasse a paz, dizia-se, esses poderes voltariam à distribuição
democrática usual. Mas não foi isso que aconteceu. [carece de fontes]

O Estado com poder executivo forte e legislativo debilitado que se constituiu


durante a Primeira Guerra acabou sendo a semente do modelo de Estado
autoritário que surgiria na década seguinte. Das
várias monarquias parlamentares europeias em 1914 (Reino
Unido, Itália, Espanha, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Noruega, Sérvia,
Bulgária, Roménia, Grécia, Áustria-Hungria e outras), só a britânica terminou o
século sem ter passado por uma ditadura de inspiração fascista.

A propaganda no totalitarismo

Elemento de destaque constituiu a propaganda entre os movimentos totalitários


do século XX. Aspirando ao domínio total da população em regimes pautados
por teorias conspiratórias e uma realidade fictícia criada em meio a um
desprezo pela realidade dos fatos, a propaganda totalitária foi essencial para,
num primeiro momento, a conquista das massas e arregimentar em torno de si
uma enorme quantidade de simpatizantes, e, principalmente, para mantê-las
sob controle posteriormente. Já empossados da máquina governamental,
a violência de Estado, ainda restrita na ascensão dos movimentos ao poder,
assume sua forma mais acabada, e, com isso, constitui-se no melhor
instrumento de persuasão destes regimes: dão realidade às afirmações fictícias
do regime. Como exemplo, Josef Stalin, ao divulgar que acabara com
o desemprego na União Soviética, uma inverdade de fato, extinguiu os
programas de benefícios para desempregados; ao afirmarem, os nazistas, que
poloneses não tinham intelecto, começaram o extermínio de intelectuais
poloneses.[8]

Desta forma, o uso da propaganda nos regimes totalitários é tido como parte da
violência, e vice-versa, sendo ambas complementares. E a primeira só vai
substituir a segunda na medida em que a dominação vá se efetuando
completamente. A propaganda, inicialmente, é destinada aos elementos
externos ao movimento, àqueles que ainda não se domina, como estrangeiros,
já o terror é perpetrado entre aqueles já dominados e que não mais oferecem
resistência ao regime, alcançando sua perfeição nos campos de
concentração e extermínio onde a propaganda é totalmente substituída
pela violência. Assim, o terror torna-se uma fonte de convencimento,
semelhante à propaganda.

Também são apontadas semelhanças entre a propaganda totalitária e a


propaganda comercial de massa (publicidade) que se desenvolvia nos Estados
Unidos naquele início de século[9] utilizando argumentos cientificistas para suas
afirmações justificando a supremacia de suas próprias razões .A sociedade
massificada em que dominavam os regimes totalitários
mais paradigmáticos lidavam com um indivíduo atomizado que, para o espanto
do mundo não-totalitário, perdia até mesmo seu instinto de auto-conservação.

Características do totalitarismo tradicional

São características dos regimes totalitários paradigmáticos de ambos os


extremos do espectro ideológico.

. Totalitarismo de Esquerda Totalitarismo de Direita

abolição da propriedade forte apoio da burguesia


características  

privada; industrial;
divergentes
 coletivização obrigatória  corporativismo nas
dos meios de produção relações de trabalho e
agrícola e industrial; tutela estatal sobre as
 supressão da religião da organizações sindicais
esfera política  fundamentos ideológicos
 fundamentos ideológicos em valores tradicionais
no socialismo. (étnicos, culturais,
religiosos)
 forte apoio da religião.

regime de partido único (e um partido de massas)


características 
comuns  Centralização dos processos de tomada de decisão no
núcleo dirigente do Partido Único
 Burocratização do aparelho estatal (dominação legal)
 Intensa repressão a dissidentes políticos e ideológicos
 Culto à personalidade do(s) líder(es) do Partido e do
Estado (dominação carismática)
 Patriotismo, ufanismo e chauvinismo exacerbados
 Intensa presença de propaganda estatal e incentivo
ao patriotismo como forma de organização dos
trabalhadores
 Censura aos meios de comunicação e expressão
 Paranoia social e patrulha ideológica
 Militarização da sociedade e dos quadros do Partido
 Expansionismo.
 Busca de um inimigo em comum para justificar o
endurecimento do regime (judeus, negros e socialistas
na doutrina nazifascista; burgueses na
doutrina stalinista)

Estátuas de Kim Il-sunga e de seu filho, Kim Jong-il, em Pyongyang, capital


da Coreia do Norte

Sob o título de totalitarismos, as diferenças ideológicas entre regimes como


o nazismo de Adolf Hitler e o fascismo de Benito Mussolini,
o comunismo de Josef Stalin e o de Mao Zedong, ficam enevoadas. As
diferenças que guardam são muitas e dizem respeito aos seus fins o
totalitarismo de esquerda (stalinismo, maoísmo e variações) representa o
controle do poder político por um representante imposto dos trabalhadores,
mas pressupõe uma revolução de fato no regime de
propriedades, coletivizando os bens de produção e as terras, embora o objetivo
final da teoria marxista pressuponha a abolição do próprio Estado. As
semelhanças entre os regimes de Stalin ou Mao com os de Hitler ou Mussolini
limitam-se aos métodos — por isso não se pode de forma alguma confundir os
dois modelos: respectivamente, um coletiviza a propriedade, o outro a mantém
para a classe burguesa. Por outro lado, as semelhanças que estes extremos
reúnem entre si são justamente os aspectos definidores do regime totalitário
(ver: Comparação entre nazismo e stalinismo).

Para determinados críticos a aspiração destes regimes é de um domínio


absoluto daqueles sob seu jugo, e, nas suas últimas consequências, ao
domínio universal, sem a restrição imposta pela noção de Estado-
nação (embora nem a União Soviética stalinista nem a Alemanha Nazista, os
dois principais exemplos de totalitarismo na história, tenham declarado este
propósito). A máquina governamental, na visão de alguns autores [carece de fontes],
aparece como mero instrumento para fins desse domínio total e universal
aspirados por movimentos totalitários.

Para alguns [carece de fontes], a operosidade dos seus regimes frente a suas
populações parecem convergir no que diz respeito aos métodos e táticas
empregados na própria manutenção, apesar das "confissões" do aparelho
governamental de Mao sobre as contradições não antagônicas entre o Estado
e o povo chinês. Sem apelar para discursos ideológicos, todos esses regimes
visavam a eliminação daqueles elementos que consideravam contrários a seus
objetivos.

Nazi fascismo

Heinrich Himmler, Hitler e Viktor Lutze fazem a saudação nazista na Reunião


de Nuremberg de setembro de 1934.

O nazismo era, desde seu início, antiliberal tendo derrubado antigas estruturas
institucionais imperiais bem como antigas elites consolidadas, se diferenciava
do fascismo principalmente por pregar a superioridade da raça ariana, liderado
por Adolf Hitler.

Já o fascismo italiano foi mais proveitoso ao capital na medida em que


extinguia sindicatos e obstáculos à administração patronal do trabalho [carece de
fontes]
. Ali sim, o movimento foi no interesse de velhas classes dominantes em
reação às agitações esquerdistas revolucionárias que se avolumavam [carece de
fontes]
. O fascismo, liderado por Mussolini, foi um regime antidemocrático no qual
o poder ficava nas mãos de um chefe de Estado, havia grande incentivo
à educação e preparação de indivíduos para a guerra. Os fascistas se
apresentavam como solução para a crise econômica e greves italianas. Através
de violência e mortes eles sufocaram os movimentos grevistas e Mussolini
conquistou oficialmente o poder.

Stalinismo

Características do stalinismo:
 Ditadura burocrática do regime de partido único;
 Centralização dos processos de tomada de decisão no núcleo dirigente do
partido;
 burocratização do aparelho estatal (degenerescência
burocrática segundo Leon Trótski;
 Intensa repressão a dissidentes políticos e ideológicos (ver: Repressão
política na União Soviética);
 Culto à personalidade do(s) líder(es) do partido e do Estado;
 Intensa presença de propaganda estatal e incentivo ao patriotismo como
forma de organização dos trabalhadores;
 Censura aos meios de comunicação e expressão;
 Coletivização obrigatória dos meios de produção agrícola e industrial
(ver: Coletivização forçada na União Soviética);
 Militarização da sociedade e dos quadros do partido.

O totalitarismo ou procedimentos totalitários na democracia

Bolivarianismo
Ver artigo principal: Bolivarianismo

Desta forma, pensadores atuais, como Denis Rosenfield têm se referido ao


regime bolivariano como uma "democracia totalitária", admitindo que um
regime poderia vir a ser concomitantemente, democrático e totalitário, não
sendo os dois termos antônimos absolutos[11].

O atual governo venezuelano possui ampla gama de apoiadores que chegou a


ser de 71% em 2008, caindo para 60% em 2009 e 58% em 2010. Para as
eleições presidenciais de 2012, segundo uma pesquisa realizada, Hugo
Chávez teria apoio mais ou menos de 50% dos votos decididos contra um total
de 28,4% de todos seus concorrentes, 34% dizem não saber ainda em quem
votar e 13,2% não votaria em nenhuma das opções, inclusive Chávez.[12][13]
Noam Chomsky

Em texto dedicado a Noam Chomsky, Jean Ziegler escreve: “Existem três


totalitarismos: o totalitarismo stalinista, o totalitarismo nazista, e, agora, o "tina"
(palavra formada com as iniciais da expressão inglesa ter is no
alternativa ("não há alternativa"), utilizada por Margaret Thatcher para
proclamar o caráter inelutável do capitalismo neoliberal).

A "tina", em sua concepção de integração global, trabalharia para a integração


econômica planetária, mas somente em prol dos interesses das altas classes
financeiras, dos bancos e dos fundos de pensão, potências que controlariam
também as mídias. Assim, aqueles que se opõe a essa política são chamados
de "antiglobalização", sendo sua crítica colocada à margem da mídia[14].

Considerando que a finalidade da democracia é que as pessoas possam


decidir suas próprias vidas e fazer as escolhas políticas que lhes concernem, e
que ela se sustenta na liberdade de expressão, mesmo os Estados Unidos,
país símbolo da democracia, estariam sujeitos em dados momentos a um grau
maior ou menor de totalitarismo, sustentado pela propaganda e pela pressão
econômica sobre a livre expressão do pensamento. Considera ainda o
pensador americano que, a liberdade de expressão somente começou a ser
exercida de forma mais plena nos Estados Unidos na década de 1960.

Considera, apesar disso, que uma "construção intelectual ... não pode ser
comparada aos campos de concentração ou ao gulag", sendo, portanto, este
tipo de opressão pela massificação, mais branda do que as formas de Estado
totalitário stalinistas e nazi-fascistas.

Prossegue o pensador dizendo que, a partir da década de 1920, em países


como Estados Unidos e Grã-Bretanha "o desejo de liberdade não podia mais
ser contido somente pela violência estatal", tendo, por isto, a propaganda
ideológica assumido o seu lugar, tendo se produzido uma espécie de “fábrica
do consentimento”, produzindo a aceitação e a submissão, como o mesmo
objetivo totalitário de "controlar as ideias, os pensamentos, os espíritos".[15]

Se a propaganda é o método de controle ideológico mais eficaz e, portanto, o


mais usado pelos modernos governos liberais, por outro lado, não devemos
nos esquecer que, eventualmente, em situações consideradas extremas,
lançou-se mão de outros daqueles mecanismos que Louis Althusser chamou
de Aparelhos Ideológicos do Estado, tal como a interpretação das leis[16], ou
dos chamados Aparelhos repressivos do Estado, tal como a própria polícia,
para controlar os protestos dos manifestantes da chamada Anti-globalização.
ESTADO NOVO

O Estado Novo foi um regime ditatorial arregimentado por Getúlio Vargas,


instituído em 10 de novembro de 1937. Desde 3 de novembro de 1930, Vargas
governava o país. O primeiro período foi o Governo Provisório (1930-1934) que
perdurou até a desconstitucionalização do país. Com a decretação
da Constituição de 1934 iniciou-se o Governo Constitucional. A previsão das
eleições presidenciais era para o ano de 1938, e em 1937 iniciaram as
campanhas dos candidatos ao cargo. Candidataram-se às eleições
o integralista Plínio Salgado, o governador de São Paulo Armando Vieira Sales,
e o candidato situacionista José Américo Almeida. Getúlio Vargas não havia se
candidatado, pois pretendia dar continuidade ao governo por meio de um golpe
de Estado.

Assim, Getúlio Vargas não apoiou a candidatura de José Américo de Almeida,


indicado para sucessão dele, provocando o esvaziamento da campanha
eleitoral. Nos Estados de Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul estimulou
dissídios regionais para dificultar o pleito eleitoral e prolongar o governo. E
desde o início do Governo Constitucional eram promovidas medidas de
fortalecimento e centralização do exército nacional, imprescindíveis para o
futuro golpe de instauração do Estado Novo.

Plano Cohen

O estímulo do governo ao anticomunismo cresceu desde as Revoltas


Comunistas de 1935, e o subterfúgio utilizado para o Golpe de 1937 teve
justamente esse mote. Um documento falso chamado Plano Cohen, criado pelo
integralista Olympio Mourão Filho, dizia que os comunistas pretendiam
promover insurreições no Brasil para tomar o poder. Esse documento foi
largamente veiculado na mídia de massas, inclusive no programa radiofônico A
Hora do Brasil.

O Plano Cohen ensejava a decretação do estado de guerra realizado em 2 de


outubro de 1937, com a justificativa de que o país sofria a “ameaça comunista”.
Evidentemente, essa alegação era falsa, as principais lideranças comunistas
ainda estavam presas, e dentre essas Olga Benário e Elisa Berger haviam sido
entregues à Gestapo, polícia do regime nazista alemão, em 1936. Em 1937,
apenas tinham sido libertados presos políticos sem processo, a maioria deles
não possuía ligação com o Partido Comunista ou com o Levante de 1935.

Constituição de 1937 (“Polaca”)

Aproveitando-se da instabilidade política no país, Getúlio Vargas referendou


a carta constitucionalelaborada por Francisco Campos. A nova Constituição foi
inspirada na Carta fascista da Polônia, por causa disso ficou conhecida como
“polaca”. O teor desse documento tinha caráter corporativista e chancelava a
centralização do poder Executivo na administração política e econômica do
país. Em 10 de novembro de 1937, o congresso Nacional foi fechado por
Vargas, e a Constituição elaborada por Francisco Campos passou a vigorar.
Desse modo, instaurou-se o regime autoritário do Estado Novo. O nome
Estado Novo adotado para o regime varguista era o mesmo do regime fascista
português de Antonio Oliveira Salazar que havia utilizado essa nomenclatura
pela primeira vez.

Getúlio Vargas buscou concentrar os poderes nas mãos dele, assim extinguiu
os partidos políticos e realizou uma cerimônia cívica de queima das bandeiras
estaduais, em dezembro de 1937. A ausência de partidos possibilitaria a
Vargas governar sem concorrentes à direção política do país. E o ato simbólico
da queima das bandeiras estaduais possuía o sentido de refreamento das
disputas regionais, comuns durante a Primeira República.

O Golpe de 1937

Apesar de ter apoiado o Golpe de 1937, a Ação Integralista Brasileira (AIB) foi
posta na ilegalidade pelo regime varguista assim como os demais partidos
políticos, em 3 de dezembro de 1937. Em janeiro de 1938, os integralistas
começavam a engendrar uma revolta por conta da ilegalidade da AIB, e
pretendiam rebelar-se em vários Estados do país. Além de integralistas, a
conspiração contou com a participação de membros da marinha e de civis
como o ex-governador do Rio Grande do Sul Flores da Cunha.

A primeira tentativa de sublevação foi frustrada, em 11 de março, com os


rebelados presos antes da efetivação dos ataques. Em 11 de maio, realizaram
o assalto ao Palácio Guanabara e a tomada do Ministério da Marinha, episódio
que ficou conhecido como Intentona Integralista ou Revolta Integralista. Após
essa sublevação, as normas do Tribunal de Segurança Nacional tornaram-se
mais rígidas, e integralistas e pessoas de outras posições políticas foram
presas. Os principais dirigentes integralistas escaparam e posteriormente foram
exilados, como foi o caso de Plínio Salgado. Os demais foram presos, e alguns
sofreram torturas.

Lei de Segurança Nacional

No período do Estado Novo a Lei de Segurança Nacional de 1935 continuou


em vigência, e foi asseverada com mais dois decretos sobre a segurança do
Estado (1938) e crimes militares (1942). O grupo político que mais sofreu com
as penalizações dessa lei foi o comunista. Durante o Estado Novo não foi
criada uma polícia política, no entanto a perseguição política e as torturas no
cárcere foram cruéis, principalmente, no Distrito Federal em que a polícia foi
chefiada por Filinto Müller. Luís Carlos Prestes permaneceu preso durante todo
o Estado Novo devido à ligação estabelecida com a Internacional Comunista.
Dentre os militantes torturados pelo regime, destacou-se o caso do comunista
Ernest Ewert, cognominado Harry Berger, pois foi barbaramente torturado e
perdeu a sanidade na cadeia. Sobre as torturas no cárcere do Estado Novo, há
relatos da escritora Pagu, do militante Carlos Marighela e do escritor Jorge
Amado.

Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)

No regime do Estado Novo começou a se construir a imagem de Getúlio


Vargas como o “pai dos pobres”, símbolo que se efetivou com a criação
do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), em 1939. O DIP tinha por
principal função censurar os meios de comunicação e realizar a propaganda do
regime varguista. O DIP realizava manifestações cívicas e patrióticas, e
difundindo a imagem de Getúlio Vargas. Esse tipo de propaganda estava
presente inclusive em materiais didáticos para educação infantil.

Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)

Dentre as medidas mais importantes do período estiveram as criações da


Justiça do Trabalho, em 1° de maio de 1939, e da Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), em 1° de maio de 1943. A CLT unificou toda legislação
trabalhista presente no Brasil até aquele momento, além de introduzir novos
direitos trabalhistas. A CLT regulamentou as questões referentes ao horário de
trabalho, férias, descanso remunerado, condições de segurança, salário
mínimo e a relação entre patrões e empregados.

Sindicalismo “pelego”

A proibição da pluralidade sindical já ocorria desde 1931 com a criação do


Ministério do Trabalho. Essa proibição foi reafirmada pela Constituição de
1934. E, em 1939, a legislação sobre a sindicalização tornou-se taxativa no que
referiu à representação sindical única. Além de proibir a representação de mais
de um sindicato por categoria de trabalhadores, a legislação trabalhista da
época também vetou a possibilidade de alianças entre sindicatos. Essas
medidas dificultavam a organização independente e autônoma dos
trabalhadores nos sindicatos, e o engajamento em greves. Os sindicatos
arregimentados por Vargas ficaram conhecidos como “pelegos”, em menção à
pele de carneiro utilizada para amortecer a cavalgada em cavalos, assim,
metaforicamente, o sindicato amainaria o peso sobre o trabalhador cavalgado
pelo patrão.

O nacional-desenvolvimentismo varguista

O modelo político econômico adotado pelo regime varguista foi o nacional


desenvolvimentista, dessa forma investiu-se na indústria de base nacional, em
órgãos de administração pública, e em reformas nas forças armadas. Assim,
foram criados para a administração pública o Conselho Nacional do Petróleo e
o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1938. No que
se referiu às forças armadas, foi criado o Ministério da Aeronáutica e ampliado
o efetivo de soldados do exército. Dentre algumas das principais indústrias
públicas criadas durante o Estado Novo estiveram:

 Companhia Siderúrgica Nacional (1941);


 Companhia Vale do Rio Doce (1942);
 Fábrica Nacional de Motores (1942);
 Companhia Nacional de Álcalis (1943);
 Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945).

O projeto nacional desenvolvimentista também abrangia a expansão


populacional para a região Centro-Oeste e Norte, projeto conhecido como
“Marcha para o Oeste”. Dessa maneira, foram criados os seguintes Estados:
Amapá; Rio Branco que posteriormente passou a ser chamado de Roraima;
Guaporé, atualmente designado de Rondônia; e Ponta Porã e Iguaçu,
separados respectivamente dos Estados do Mato Grosso e Paraná, que foram
extintos em 1946.

A “Marcha para o Oeste”

A “Marcha para o Oeste” pretendia estimular a formação de cidades, a abertura


de estradas, a produção agrícola e pecuária, e implementar uma forma de vida
considerada “moderna”. Na década de 1940 foi criado o Conselho Nacional de
Proteção aos Índios (CNPI), sob o comando de Cândido Rondon, para realizar
o contato com os indígenas de forma pacífica. No entanto, a “Marcha para o
Oeste” gerou muitos conflitos entre os migrantes e os indígenas, e muitas
mortes resultaram desses conflitos. Sobretudo, dos indígenas afligidos, por
exemplo, pelas doenças para as quais não possuíam resistência imunológica.
Em 1943, os irmãos Vilas Boas adotaram a política de Rondon na expedição
Rocador-Xingu, com contato pacífico com os indígenas e promoção de
assistência médica.

Acordos de Washington e a Companhia Siderúrgica Nacional

A construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda –


RJ decorreu dos Acordos de Washington. Esses acordos resultaram em uma
aliança diplomática entre Brasil e Estados Unidos da América. A CSN foi
financiada pelo Estados Unidos e o Brasil comprometeu-se em fornecer aço
aos Aliados durante a Segunda Grande Guerra. A construção da CSN
impactou no apoio brasileiro ao bloco dos Aliados na Guerra Mundial, até então
o Brasil mantinha-se neutro no conflito. Além do fornecimento de aço para
os Aliados, o Brasil comprometeu-se em permitir a instalação de bases
militares e aeroportos nas regiões Norte e Nordeste do país. Devido a esse
acordo os Eixo consideraram que o Brasil não estava mais neutro na guerra e
atacaram submarinos brasileiros. Após esse ataque o Brasil ingressou
definitivamente na guerra ao lado dos Aliados, em 22 de agosto de 1942.

Brasil na Segunda Guerra Mundial

O Brasil demorou a integrar de fato a guerra, somente no ano seguinte após a


declaração de guerra que passou a combater no conflito. Devido a essa
demora, tornou-se comum a expressão: “mais fácil a cobra fumar do que o
Brasil ir combater nos campos de guerra europeus”. O então presidente
estadunidense, Franklin Delano Roosevelt, veio ao Brasil para a Conferência
de Natal para negociar com Vargas a exportação da borracha brasileira para o
Estados Unidos. Essa conferência resultou no acordo de exportação da
borracha e na criação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) composta por
cerca de 25 mil soldados que foram combater o fascismo na Itália, em meados
de 1944. Assim, uma cobra fumando tornou-se o símbolo da FEB, e os
soldados brasileiros lutaram na Europa até o término da guerra, em 8 de maio
de 1945.

Com a iminência da derrota do nazi-fascismo, a defesa do regime autoritário de


Getúlio Vargas no Brasil inviabilizou-se. Em 1945, acabou a censura à
imprensa, a anistia foi decretada, os presos políticos foram libertos, e novos
partidos políticos foram organizados.

Leia mais: Brasil na Segunda Guerra Mundial

O “Queremismo”

As eleições para presidente da República, deputados federais e senadores


foram marcadas para 2 de dezembro de 1945. Em oposição ao regime
varguista e ao comunismo foi fundada a União Democrática Nacional (UDN)
que defendia o liberalismo econômico. Já o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)
foi fundado para apoiar Vargas e foi composto por sindicalistas. Os
interventores dos Estados organizaram-se no Partido Social Democrático
(PSD) que tinham base política nos municípios do interior do país, sob
influência das elites, também apoiavam Getúlio Vargas. E, por fim, foi
reorganizado o Partido Comunista do Brasil (PCB) com o objetivo de combater
a política fascista e apoiar a União Soviética.

Esses partidos lançaram candidaturas à presidência da República. A UDN


lançou o brigadeiro Eduardo Gomes como candidato que recebeu forte apoio
da imprensa. A coligação PTB-PSD projetou a candidatura do general Eurico
Gaspar Dutra. E o PCB, o candidato Yedo Fiúza. As eleições foram rechaçadas
por parcelas populares que desejavam a permanência de Getúlio Vargas no
poder. Esse movimento ficou conhecido como “Queremismo” por causa das
inscrições “Queremos Getúlio” que surgiram em muros nas grandes cidades na
época.

As manifestações populares atemorizavam setores do exército e a UDN,


antevendo a manutenção do regime varguista. Em 29 de outubro de 1945, a
alta cúpula do exército liderou um golpe que retirou Getúlio Vargas do poder, e
assumiu o governo o presidente do Supremo Tribunal Federal José Linhares.
No entanto, as eleições foram mantidas e também ficou estabelecido que se
formaria uma Assembleia Nacional Constituinte para elaborar uma nova
Constituição Nacional. Getúlio Vargas apoiou o candidato general Eurico
Gaspar Dutra que saiu vitorioso do pleito com cerca de 55% dos votos. Getúlio
Vargas tonou-se deputado, assim como Luís Carlos Prestes, e o Estado Novo
foi abolido.
FENOMENOS SOCIALISTA

O Socialismo surgiu no século XIX em oposição ao sistema capitalista e


ao modelo liberal de organização política e econômica, em oposição aos
efeitos da industrialização e da sociedade fundada sobre a propriedade
privada. O socialismo pode ser definido, segundo Bobbio (2000), como um
programa político das classes trabalhadoras que se foram formando durante a
Revolução Industrial. “[...] o socialismo tem uma longínqua raiz na eterna luta
entre os ricos e os pobres, os que têm e os que não têm, na eterna
reivindicação igualitária, no espírito ‘coletivista’” (CHEVALIER, 1999, p. 284).
Entre as características do regime socialista podemos apontar como as
principais: a) transformação do modo de produção econômico fundado na
propriedade privada dos meios de produção, advogando a administração e a
propriedade pública ou coletiva dos mesmos, além da limitação do direito de
propriedade; b) igualdade de oportunidades/meios para todos os indivíduos
através da intervenção do poder do Estado; c) os principais recursos
econômicos estejam sob o controle das classes trabalhadoras. Por isso o
socialismo propõe a extinção da propriedade privada dos meios de produção e
a tomada do poder por parte do proletariado e controle do Estado e divisão
igualitária da renda.
Disponível em: Resumo Escolar (Acessado em 22/01/2016)

Disponível em: Blog Prof. Getúlio Nascimento (Acessado em 22/01/2016)


Os precursores dessa escola foram os pensadores Saint-Simon (1760-
1825), Charles Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen
(1771-1858), que serão mais tarde rotulados de socialistas utópicos por Karl
Marx e Friedrich Engels que se auto-intitularam como idealizadores do
socialismo científico.

Os principais nomes que marcam, antes de 1848, esse


grande protesto socialista são os de Saint-Simon,
Fourier, Owen, Louis Blanc, Proudhon. A própria
palavra socialismo teria sido imaginada em 1832 por um
saint-simoniano, Pierre Leroux, em oposição
a individualismo. (CHEVALIER, 1999, p. 285).

O primeiro país a implantar esse tipo de regime político foi a Rússia,


com a revolução de 1917, onde os bolcheviques liderados por Lênin
implantaram o socialismo e derrubaram o governo monarquista do poder. Além
da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, outras nações aderiram
ao socialismo em diferentes lugares do mundo como antiga Alemanha Oriental,
a China, Cuba, alguns países africanos e outros do sudeste asiático como
Vietnã e Coreia do Norte.

Na obra “Manifesto do Partido Comunista”, Karl Marx e Friedrich Engels


fizeram uso do conceito de materialismo histórico-dialético fundado na ideia de
que, ao longo da História, as sociedades foram marcadas pelo conflito de
classes. A sociedade industrial do séc. XIX representava o auge desse conflito
dividindo-se em dois grupos principais: de um lado a burguesia, detentora dos
meios de produção (máquinas, fábricas e terras); e do outro o proletariado, que
vendia sua força de trabalho ao burguês em troca de um salário que o
sustentasse.

Para Marx e Engels, a oposição de interesses dessas classes


representava um tipo de antagonismo que, ao longo da trajetória das
civilizações, configurou-se de diferentes formas. Uma luta de classes cuja
origem estava nas condições em que as riquezas eram distribuídas entre os
homens. Essas formas de distribuição formavam a teoria do materialismo
histórico que, em suma, defendia que as maneiras de pensar e agir eram
determinadas pelas condições materiais de uma sociedade. Em sua crítica ao
modo de produção capitalista, Marx e Engels utilizaram o conceito de mais-
valia para demonstrar que os trabalhadores não recebiam um pagamento
equivalente ao valor das riquezas por eles produzido resultando em um
processo de exploração da força de trabalho.

Uma das principais críticas de Marx se baseava na ideia de que o


capitalismo concentra injustamente a riqueza e o poder nas mãos de um
pequeno segmento da sociedade – denominado por ele de burguesia – que
controla o capital e deriva a sua riqueza através da exploração, criando uma
sociedade desigual, que não oferece oportunidades iguais para todos a fim de
maximizar suas potencialidades

As novas doutrinas socialistas procuraram oferecer uma nova


perspectiva para além da sociedade capitalista e a condição do trabalhador
contemporâneo. Marx e Engels defenderam a união da classe trabalhadora
pois só assim seria possível mudar as relações de conflito e exploração que se
faziam no mundo do trabalho e da economia burguesa e é com esta ideia que
eles encerram o Manifesto: “Proletariado de todo o mundo: uni-vos”.

Mas o socialismo não seria a última etapa do processo de


transformação do modo de produção econômico com a extinção da
propriedade privada dos meios de produção, a tomada do poder por parte do
proletariado e controle do Estado. O comunismo seria a etapa final desse
processo: um sistema que visa a igualdade social e a passagem do poder
político e econômico para as mãos da classe trabalhadora. O socialismo seria
uma etapa transitória para se atingir o comunismo só então organizaria a
sociedade rumo à igualdade plena, onde os trabalhadores seriam os dirigentes
e o Estado não mais existiria.
O SOCIALISMO: DA UTOPIA À CIÊNCIA

Os primeiros socialistas formularam críticas ao progresso industrial e


chegaram a propor reformulações sociais e uma sociedade mais justa. Entre
eles podemos destacar Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen. Fourier
teria sido um dos primeiros a usar a palavra “socialismo” e era herdeiro da ideia
do filósofo iluminista Rousseau de que o homem nasce bom, mas a sociedade
o corrompe. Todos eles elaboraram soluções que não chegaram a constituir
uma doutrina e sim modelos idealizados (ideal de justiça social), o que levou
alguns a chamarem-nos de utópicos.

Saint-Simon - fidalgo deslocado que é o espírito mais


ousado, mais inventor de seu século - e os saint-
simonianos ergueram a acusação contra a propriedade
privada, a herança, os lucros sem trabalho. Encetaram a
luta contra a exploração do proletário, herdeiro direto,
em sua opinião, do escravo e do servo. Sonharam com
um Estado renovado, não mais político, mas produtor,
industrial, distribuindo o trabalho, emprestando dinheiro,
organizando a produção (CHEVALIER, 1999, p. 285).

Owen e Proudhon denunciaram a organização institucional, econômica


e educacional de seus países e defenderam a criação de sociedades
cooperativas de produção, ao passo que Saint-Simon preconizou a
industrialização e a dissolução do Estado. Para o socialismo utópico seria
possível reformar a sociedade mediante a boa vontade e participação de todos.
O socialismo utópico não destaca o antagonismo e o conflito de interesses
entre as classes sociais, pretendendo reformar a sociedade pela força do
exemplo, acreditando que os grandes produtores podem melhorar a sorte da
classe operária.

Owen, grande patrão inglês, quer regenerar a


degenerada raça dos operários. O capitalismo, com suas
duas pilastras, lucro e livre concorrência, não lhe parece
conforme à ordem natural. Deve ser substituído por um
sistema de produção em comum, cooperativo, fundado
sobre a associação dos produtores, que criará um meio
social conforme a ordem natural (CHEVALIER, 1999, p.
286).

Foi principalmente Marx e Engels que estabeleceram no Manifesto do


Partido Comunista (1848) a distinção entre “socialismo utópico” e “socialismo
científico”. Marx e Engels reconheceram a função positiva desempenhada pelo
“socialismo utópico”, especialmente pelo de Saint-Simon, Fourier e Owen, ao
denunciar as contradições fundamentais da sociedade industrial e ao delinear
um possível futuro ordenamento social: eliminação do contraste entre cidade e
campo, abolição da propriedade privada, transformação do Estado em simples
órgão de administração da produção, unificação da instrução e do trabalho
produtivo, etc. Consideraram, porém, suas tentativas parciais e imaturas em
relação ao fraco desenvolvimento do proletariado industrial e às lutas de
classe. No Manifesto Marx e Engels esboçaram as proposições do socialismo
científico que seriam definidas de forma mais completa em O Capital, em cujos
princípios encontramos: o materialismo histórico-dialético (uma interpretação
sócio-econômica da história), os conceitos de luta de classes, mais-valia,
revolução proletária etc.

O caráter científico da nova teoria socialista de Marx e Engels consiste,


segundo os seus autores: a) no fato de que o socialismo é um programa de
auto emancipação do proletariado, como sujeito histórico da tendência objetiva
para a solução comunista das contradições econômico-sociais do capitalismo
(em particular da contradição entre propriedade privada e crescente
socialização dos meios e dos processos produtivos), tanto quanto da sua parte
intelectualmente esclarecida; b) o socialismo se apresenta como uma
necessidade histórica derivante do inevitável declínio do modo capitalista de
produção, que se anuncia objetivamente nas crises cada vez mais agudas que
ele enfrenta e não apenas como um ideal de justiça social; c) o socialismo usa
agora um “método científico” de análise da sociedade e da história, que tem
seus pontos fortes no “materialismo histórico”, com a teoria da sucessão
histórica dos modos de produção, e na “crítica da economia política”, com a
teoria da mais-valia como forma específica da exploração na situação do
capitalismo industrial.

Para Marx e Engels o socialismo sucederia ao Capitalismo assim como


o capitalismo sucedeu ao feudalismo e será a solução das contradições do
capitalismo. Assim, sua realização não seria utópica, mas resultaria de uma
exigência objetiva do processo histórico em determinada fase de seu
desenvolvimento. O Estado, expressão política da classe economicamente
dominante, desapareceria numa sociedade sem classes: o Comunismo.

Ambos formularam o seu pensamento a partir da realidade social. De


um lado os avanços técnicos proporcionados pela Revolução Industrial e, de
outro, a crescente escravização da classe operária cada vez mais
empobrecida. A situação de crise e miséria dos trabalhadores do séc. XVIII e
XIX, a exploração do trabalho operário, estimulou Marx e Engels a buscar
soluções para os males sociais e procurar uma nova organização para a
sociedade. O socialismo que surgira no século XIX procurou, entre outras
coisas, lutar pelos direitos sociais das classes exploradas, igualdade social e
econômica e soluções para as injustiças sociais.

Antes, porém, de buscar uma solução para tantos problemas sociais, o


marxismo parte de uma análise mais filosófica da realidade, procurando
entender suas estruturas mais fundamentais. O marxismo pode ser entendido
como uma doutrina fundamentada na análise histórica das sociedades,
entendendo que as condições econômicas e as lutas de classes são o motor
da História, procurando idealizar o surgimento de uma sociedade sem classes,
que seria alcançada pela união da classe trabalhadora – “proletariado de todo o
mundo, uni-vos” –, organizada em torno de um partido revolucionário.

As principais ideias do marxismo podem ser entendidas a partir do


conceito de materialismo histórico e materialismo dialético. A realidade material
é movimento. Os fenômenos materiais são processos. O materialismo histórico
é a aplicação dos princípios do materialismo dialético ao campo da história e é
a explicação da história por fatores materiais (econômicos e técnicos): “A
história da humanidade é a história da luta de classes”, escreveu Marx no
Manifesto do Partido Comunista de 1848.

As relações entre os homens resultam das relações de oposição,


antagonismo e exploração entre as classes sociais, gerando as desigualdades
sociais que são ampliadas pelas relações de produção do sistema capitalista,
as quais dividem os homens em proprietário e não proprietários dos meios de
produção. As desigualdades são a base da formação das classes sociais.
O Capitalismo surge quando uma enorme quantidade de riquezas se
acumulam nas mãos de uns poucos indivíduos interessados sempre em obter
mais lucros. Para tentar superar as desigualdades criadas pelo modo de
produção capitalista, Marx propõe um novo modelo econômico, o socialismo
científico, em oposição ao socialismo utópico dos teóricos anteriores a Marx, e
que na realidade seria apenas uma fase intermediária para poder se chegar no
ideal de sistema político econômico que seria o comunismo: enquanto que o
regime socialista supõe ainda a figura do Estado, o comunismo supõe o
desaparecimento do Estado como órgão repressor e instituição de poder.

Em sua teoria política Marx, assim como Rousseau, defende a ideia de


que a propriedade privada dá origem as classes sociais e, consequentemente,
às desigualdades sociais, de onde resulta a luta de classes como marca da
história entre os homens. “Para garantir o seu domínio, explica este pensador,
as classes dominantes engendram o Estado (força física organizada) e um
conjunto de ideologias (representações) que garantem seu poderio político e
econômico” (SELL, 2006, p. 44). Só através da organização proletária e de
uma revolução política, que deveria conduzir ao fim da propriedade privada,
das classes sociais e até mesmo do Estado, o homem poderia ser livre da
exploração e dar início a uma maior justiça e igualdade entre os homens.

Críticas ao modelo de Estado Social:

1. A máquina administrativa e as políticas sociais avolumam-se, tornando


cada vez mais dispendioso os custos do Estado;
2. Os serviços públicos oferecidos são de baixa qualidade.
3. Os impostos são pagos por todos mas uma boa parte da sociedade
prefere pagar por serviços privados para terem atendidas as
necessidades para as quais a opção do Estado não seja satisfatória.
4. Pessoas atendidas por políticas públicas tendem a se acostumar e
acomodar com o benefício concedido ao Estado.

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