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Continuação do MÓDULO V:

O QUE SÃO DITADURAS?

A ditadura brasileira e o processo de redemocratização


nas décadas de 70 e 80
O conceito de ditadura,
autoritarismo e totalitarismo
Fragmentos do livro O que são ditaduras, de Arnaldo
Spindel.

➢ “A maior parte das pessoas concordaria em definir a ditadura


como sendo um regime político no qual o governo encontra-se
monopolizado por uma só pessoa (ou por um reduzidíssimo
grupo de pessoas - como no caso das juntas militares) que
efetivamente detém o poder, sem restrições de nenhuma
espécie”. (p.7)

➢ “Como sabemos, todo regime político responde aos interesses de


uma determinada classe social; o Estado é a instituição que
permite a uma das classes exercer seu poder sobre as demais
classes da sociedade, por este motivo, o poder do ditador não
➢ “Nada mais falso do que afirmar que a ditadura é o ditador. É necessário
perceber que se trata de duas coisas distintas, ainda que na maior parte
das vezes a figura do ditador "encarne" a ditadura, ainda que, dentre os
regimes políticos modernos, ditadura. Necessitando lançar mão da
propaganda intensiva com o objetivo de ganhar o apoio das massas, as
ditaduras modernas têm, freqüentemente, utilizado a figura do ditador
como símbolo do regime, dando margem a confusão”. (p.8)

➢ “(...) outro argumento (...): a utilização generosa dos aparelhos de


repressão. Os segmentos da população que não se rendem à propagada
"excelência" do regime escolhido meios de expressar seu
descontentamento (dados a censura aos meios de comunicação) e
chocam-se com argumentos do regime como, por exemplo, as prisões
arbitrárias, os seqüestros, como torturas e os assassinatos” (p.9)
➢ “As ditaduras latino-americanas fazem parte dos regimes políticos ditos
autoritários; já o nazismo ou o fascismo recebem a qualificação de
totalitários. [...] Tanto os regimes totalitários dos países ocidentais quanto os
regimes autoritários não passam de formas de governo das quais a burguesia
lança mão quando da impossibilidade de aplicação, com sucesso, do modelo
de democracia formal. Quando a dominação burguesa não tem condições de
se estabilizar no quadro de uma democracia, dadas diversas condições
históricas e economia, ela passa a se utilizar de outros recursos”. (p.30)

➢ “Na América Latina*: os regimes democráticos foram, em nosso continente


na maioria dos casos, apenas pequenos intervalos entre ditaduras ou
regimes populistas. [...] Mais correto seria procurar como causas desta
tendência ao autoritarismo na estrutura econômica baseada nas nações em
questão. A maioria dos países tinha como atividade principal a exportação
de matérias-primas, o que implicava no predomínio econômico (e
consequentemente político) de uma oligarquia rural e na dependência
econômica (e, portanto, política) essas oligarquias em relação a potências
estrangeiras. (p.32 e 33)”. *#parasabermais:https://youtu.be/HaxR2XJfMzM
➢ A primeira "democracia" de nossa República não passava de um de
um regime fundado no autoritarismo e revisto com máscara
democrática, de um regime que se distinguia pela repressão violenta
aos movimentos da classe média urbana e do proletariado
incipiente. E, no entanto, não chamavam a este regime de ditadura,
apenas porque os oligarcas que estavam no poder, eleitos pelos
demais oligarcas, obedeciam às regras que eles mesmos herdados
elaborado a seu próprio benefício.

➢ Como resposta àquilo que ficou conhecido a radicalização de 1963/64,


grande parte da nossa burguesia e a burguesia internacional aqui
instalada decretaram que nossa restritíssima democracia estava-se
tornando perigosa para seus próprios interesses (p.35)
➢ “Os regimes autoritários são regimes políticos ditatoriais onde as
liberdades individuais encontram-se cerceadas em nome de um difuso
conceito de segurança nacional”. (p.37)

➢ “Ainda que tais regimes tentem, por vezes, mostrar uma aparência
democrática (partidos políticos, alterações ainda que indiretas para a
maior parte dos cargos políticos etc.), eles são marcados pelo fato de
que as regras do jogo político podem ser redefinidas a qualquer
momento [...]. Ao assumir o poder, este tipo de ditadura arrasa com o
sistema político preexistente, eliminando todas as instituições por ele
considerados como contrárias à ordem social, e chegando, não raro, à
eliminação física dos dirigentes e políticos do regime anterior. A ditadura
preocupa-se em eliminar qualquer tipo de oposição mais efetiva,
deixando existir, por vezes, uma oposição meramente formal e que em
nada ameaça a consolidação do novo regime”. (p.37)
➢ “As ditaduras que surgem após a queda de um regime onde a mobilização
política popular era nula ou quase nula, podem utilizar o apoio popular
como um dos pilares do regime, ao lado, evidentemente, dos pilares
calcados nos meios de coação. Perón e Getúlio Vargas são dois bons
exemplos deste último caso; a mobilização e politização relativa de uma
enorme massa que fora mantida, até então, afastada do processo político,
puderam ser feitas inteiramente em seu favor”. (p.39)

➢ “Os regimes autoritários utilizam também, com freqüência, o controle dos


meios de comunicação de massas com o intuito de reforçar sua
dominação política. [...] As ditaduras autoritárias passaram a controlar
ferreamente o crescimento destas redes, favorecendo a ampliação apenas
das emissoras de propriedade de grupos que eram favoráveis e que
também as utilizariam como forma de controle social. Nestes regimes
existe um controle quase absoluto das informações que chegam ao
público; a desinformação toma o lugar da informação, a mentira ou uma
propaganda oficial substituem a verdade”. (p. 39 e 40)
Regimes autoritários X Regimes totalitários

➢ “Os regimes totalitários distinguem-se inicialmente pelo seu absoluto repúdio à


democracia formal e a conseqüente proposição ideológica de um novo modelo político.
Esta distinção inicial basta para diferenciá-los dos regimes autoritários, nos quais há uma
tentativa de manutenção consistente e abrangente”. (p.43)
➢ “O primeiro ponto de distinção a existência da ideologia oficial, veiculada com a maior
intensidade possível, onde a negação da democracia formal tem como contrapartida a
proposta de construção de uma nova sociedade, de uma sociedade perfeita. E sobre esta
ideologia que vai ser construída o partido oficial, que é o único admitido legalmente”.
(p.44)
➢ “O ditador é o líder máximo deste partido e exerce o controle (tanto da sociedade quanto
do próprio partido) por meio de um aparelho formidável de repressão, que ele é
diretamente subordinado. Este aparelho repressivo é acionado contra grupos étnicos
para os quais a ideologia oficial desvia todo o ódio da população (é o caso dos
fundamentos, na Alemanha nazista), ou contra os setores da população que não se
apresenta convencidos pela maciça propaganda oficial e tentam esboçar qualquer tipo de
nomeação”. (p.44)
➢ “A propaganda oficial é outro dos baluartes dos regimes totalitários. Um
monopólio quase integral das informações na mão dos dirigentes do partido
encarrega-se de divulgar a ideologia do regime por todos os meios de
comunicação de massas. Os intelectuais do partido tratam de produzir obras
"científicas" que justificam a ideologia divulgada”. (p.44-46)

➢ “O regime nacional-socialista (nazista) alemão é o caso mais conhecido e estudado


de regime totalitário. Trata-se de um regime político construído como resposta a
condições políticas-econômicas da Alemanha da década de 20, e tendo por base
uma ideologia calcada na exaltação de um tipo físico-psicológico do alemão ideal,
uma ideologia racista na medida em que acreditou na existência de uma raça
ariana pura superior às demais”. (p.46)
Memórias da ditadura – redemocratização, anistia e movimento negro
➢ Movimento Diretas Já: a campanha pelas Diretas-Já reúne 300 mil pessoas na praça da Sé, no
centro de São Paulo, na maior manifestação popular até então desde o golpe de 1964. Consolidou-
se ali a frente de partidos de oposição, sindicatos e movimentos populares pela aprovação da
emenda Dante de Oliveira, que instituía eleições diretas para presidente em 1984.

➢ Para saber mais: http://memorialdademocracia.com.br/card/diretas-levam-milhoes-as-ruas-do-


pais#card-267
➢ Tancredo Neves é eleito: começa a transição, Tancredo Neves é eleito
presidente da República pela via indireta, com 480 votos contra 180 dados a
Paulo Maluf e 26 abstenções no Colégio Eleitoral. Sua eleição foi possível
graças a uma aliança com os dissidentes do partido oficial, o PDS, que
reagiram aos métodos de aliciamento de Maluf.

➢ Para saber mais: http://memorialdademocracia.com.br/card/eleicao-de-


tancredo-poe-fim-a-ditadura#card-2
➢ Suspensão dos atos de exceção: A supressão de todos os atos de exceção e dispositivos
legais antidemocráticos foi um dos compromissos firmados pela Aliança Democrática – a
coalizão entre o PMDB e dissidentes do PDS (Frente Liberal) que elegeu Tancredo Neves e
José Sarney no Colégio Eleitoral. No processo de abertura do regime iniciado pelo ex-
presidente Ernesto Geisel, já havia sido revogado em dezembro de 1978 o Ato Institucional
n° 5 (AI-5), o mais draconiano desses dispositivos.
• Para saber mais: http://memorialdademocracia.com.br/card/emendao-remove-o-lixo-
autoritario#card-8

➢ Partidos comunistas voltam à legalidade: A aprovação do Emendão devolveu a legalidade


aos partidos proscritos. Assim, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), criado em 1922 e posto
na ilegalidade em 1946, pôde finalmente recobrar seu registro e o direito de participar das
eleições e da vida política nacional. A medida beneficiou também o Partido Comunista do
Brasil (PCdoB), fundado em 1962 a partir de uma dissidência do PCB.
• Para saber mais: http://memorialdademocracia.com.br/card/comunistas-voltam-para-a-
legalidade#card-9
➢ A Lei da Anistia: A Lei de Anistia proposta pelo regime, no início do governo Figueiredo, em 1979,
foi uma das ações mais importantes na estratégia da “abertura”. Ela deveria permitir a volta dos
exilados e liberar os presos que não tivessem cometido “crimes de sangue”, fazendo com que o
sistema político-partidário os absorvesse. Em seu primeiro artigo, a lei anunciava a anistia aos
crimes políticos e a polêmica conectividade desses “crimes”, estendendo-a aos crimes correlatos.
Isso significava a possibilidade legal de anistiar torturadores e assassinos a serviço das forças de
segurança
➢ Para saber mais: http://memoriasdaditadura.org.br/abertura-lenta-e-anistia-parcial/ *tópico
"Anistia, verdade e justiça".*
➢ A questão racial na ditadura miliar: O regime militar teve múltiplos impactos
sobre a questão racial no Brasil. Censura, vigilância, exílio, cassação,
perseguição, desarticulação do ativismo e organizações negras, além do
controle e dos impedimentos ao debate sobre o preconceito, a discriminação
e as desigualdades raciais foram os resultados negativos mais evidentes dos
governos militares sobre a vida dos afro-brasileiros.

➢ Para saber mais: http://memoriasdaditadura.org.br/cnv-e-negros/ *tópico


"a questão racial na ditadura militar"*
➢ Comissão Nacional da Verdade: As Comissões da Verdade são criadas pelo
Estado para investigar fatos, causas e consequências de violações de direitos
humanos ocorridas em um determinado período da história de um país. Elas
são instauradas em períodos de transição política – como após um regime
autoritário – auxiliando no estabelecimento de instituições e poderes
democráticos ou em resoluções de conflitos armados como no caso de uma
guerra-civil.

➢ Para saber mais:


▪ http://memoriasdaditadura.org.br/comissao-nacional-da-verdade-2/#o-que-
sao-comissoes-da-verdade
▪ Discurso da presidenta Dilma na entrega do Relatório da Comissão Nacional
da Verdade: https://youtu.be/QCnTjMR2g1g

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