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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

AVALIAÇÃO 2 - HISTÓRIA DA AMÉRICA


Aluno: Matheus Barros Gomes

Análise comparativa entre Pinochetismo e Pachecato

O pinochetismo refere-se à ideologia política e ao regime associados ao general


Augusto Pinochet, que governou o Chile como ditador de 1973 a 1990. O personalismo da
ditadura, o pinochetismo, tinha como um objetivo geral uma “guerra social” da direita contra
o marxismo instituído no país e na população, era necessário a criação de novas formas de
viver e cosmovisões, criando um novo sistema de crenças e valores a toda a população
chilena, focando nas frentes sociais, econômicas e políticas.
O projeto de Pinochet não se limitava apenas a sua imagem, apesar da imagem do
ditador forte que “pinochetizou” aqueles que discordavam mesmo no seu partido ser de
grande valor, se o projeto se limitasse apenas ao ditador ocorreriam problemas em relação a
sua continuação no momento que esta figura não existe mais, era então necessário a criação
de um personalismo institucional, em que a identidade de Pinochet e o que significar
continuar seu pensamento se solidifique a ponto de permanecer no nível institucional mesmo
em sua ausência.
É importante evidenciar que o projeto ditatorial não se inicia no momento do golpe,
mas sim bem antes e vai se desenvolvendo nas “sombras” até culminar no golpe
propriamente dito ou em tentativas que podem ou não acabar com o projeto. No caso do chile
o projeto pode ser percebido no início do governo de Allende com as oposições de direita e a
influencia dos Estados Unidos em asfixiar e destruir qualquer regime considerado marxista,
socialista, comunista ou governos de esquerda que poderiam nurturar essas ideias. Os
movimentos de direita instigavam o “medo vermelho” na população, especialmente
proprietarios e comerciantes, com mentiras como a possibilidade expropriação e uma ditadura
comunista, dividindo a população chilena politicamente entre apoiadores da Unidade Popular
e seus adversarios.
Com a iniciação da “guerra social” os setores populares e os marxistas foram
rapidamente culpados pela crise econômica e política do país, logo em seguida o abandono
dos pobres com as mudanças econômicas causou uma quantidade alta de desemprego e fome
que faziam as forças armadas necessitarem justificar a escolha pela economia de mercado
aplicando as primeiras políticas sociais. O apoio principalmente alimentar era dado àqueles
considerados os mais marginalizados que em sua grande maioria viviam em favelas criadas
após a mudança em relação às terras com o novo regime. Esses “marginalizados” eram
considerados perigosos, principalmente pelas tendências de extrema esquerda, por isso eram
alvos principais dessas políticas que criaram um cenário de governo “benevolente” com senso
social e aceitação das teses neoliberais por parte da população, enquanto isso o mundo do
trabalho era constantemente atacado.
A política de “ajuda” aos mais pobres sempre teve o objetivo de erradicação das
favelas, iniciando com os alimentos e partindo para a construção de moradias econômicas de
inicialmente 45m² mas que no final eram de apenas 18m², a construção dessas moradias e
distribuição foi deixado pelo estado a cargo de empresas privadas, evidenciando assim a
escolha neoliberal de privatização as políticas sociais universais. As caras foram construídas
em locais distantes e periféricos da cidade, onde “jogavam” todos os pobres, retirando-os das
favelas dos centros da cidade, criando assim uma divisão entre a cidade “civilizada” e a
periferia “bárbara”. Mais uma vez uma política foi associada à figura de Pinochet como
benevolente, considerado a entrega das casas como uma dádiva do ditador.
A escolha neoliberal afetou todas as camadas das políticas sociais, com os benefícios
universais do estado sendo substituídos pela necessidade da população de pagar por esses
direitos, o estado apenas seria responsável pelos mais pobres, com o investimento na camada
pública sendo bem menor.
De forma semelhante ao contexto do Chile, no Uruguai do final da década de 50 uma
grande crise aumentou o descontentamento da população em relação ao governo vigente, com
grupos de extrema direita que agiam de forma ampla e no estado contra qualquer
manifestação ou movimento de esquerda, associando qualquer crítica ao governo como ação
comunista. Como no Chile, o medo vermelho também era estratégia usada no Uruguai e em
outros países da américa latina como um dos vários pretextos para o golpe que germina com a
ascensão da extrema direita no país.
Com a ascensão de Pacheco ao poder se inicia uma série de medidas autoritárias
semelhantes às de Pinochet, primeiramente temos a dissolução e perseguição de vários
partidos de esquerda em nome de uma suposta estabilidade política. A grande presença de
empresários no governo demonstrava o favor a classe burguesa e a iniciativa privada de uma
forma similar mas não totalmente igual ao neoliberalismo do governo Pinochet.
Ambos os governos também utilizaram amplamente a censura para controlar a
população e as visões sobre o governo e suas ações. Controlaram rigidamente os meios de
comunicação e suprimiram a liberdade de expressão, incluindo revisão de conteúdos antes de
sua publicação, fechamento de meios de comunicação críticos e restrições ao acesso à mídia
estrangeira. Essas ações limitaram a disseminação de vozes dissidentes, principalmente as de
esquerda, e manipularam a opinião pública.
No Uruguai a censura chegava a ser aplicada na oralidade, com certas palavras sendo
censuradas, como tupamaro e guerrilheiro e a nomeação de grupos adversários. No Chile foi
fundada o DINA(Dirección de Inteligencia Nacional) como uma agencia secreta de censura e
violação de direitos humanos, para censurar canais, jornais e transmissões de rádio que
apoiavam o socialismo. Um decreto da Junta militar estabeleceu que toda a informação
pública teria de ser inspecionada e revista pela Junta antes de ir ao ar, e alguns dias depois foi
criado um gabinete de censura para supervisionar todos os meios de comunicação.
Ambos os governos também tiveram amplas violações aos direitos humanos dentro
dos seus respectivos estados de emergência. No governo de Pacheco os usos das
MPS(medidas prontas de seguridad), medidas que poderiam ser usadas para burlar a
constituição e os 3 poderes, a justificativa de seu uso era dado como forma de combate a
grupos de guerrilha adversarios ao governo mas na verdade sua implementação tinha como
objetivo o controle social e a militarização. O uso da tortura era frequente, cartas eram
violadas e seus conteudos usados como pretextos para a prisão e separação de varias familias
e a militarização do setor publico e privado utilizando-se novamente da desculpa da
ineficiencia do estado em conter os grupos guerrilheiros que eram na verdade de pouca
ameaça para o governo. Os militares uruguaios se concentraram mais em controlar a
dissidência e limitar a oposição política do que em se envolver em violência em larga escala.
De forma parecida mas ainda mais violento, a ditadura de Pinochet ficou muito
conhecida pelas inumeras violações aos direitos humanos, incluindo desaparecimentos
forçados, tortura e execuções extrajudiciais. As forças militares e de segurança atacaram
supostos opositores políticos, levando à morte e ao desaparecimento de milhares de pessoas.
A criação da CNI(Central Nacional de Informaciones) , que foi o novo órgão que sucedeu o
DINA, era uma polícia secreta, extra militar, responsável pelo assasinato e desaparecimento
de vários oponentes políticos durante toda a ditadura de Pinochet.
O sistema educacional dos 2 governos também foi afetado, principalmente pela
censura e os órgãos oficiais de controle da informação, professores precisavam seguir as
ideologias do governo, não deveriam falar de certos assuntos e eram monitorados.
Concluindo, o regime de Pinochet no Chile e o regime de Pacheco no Uruguai,
embora distintos em seus contextos históricos, compartilhavam certas semelhanças
marcantes. Ambos regimes militares autoritários, impuseram medidas repressivas, violaram
direitos humanos, implementaram políticas econômicas neoliberais e restringiram a liberdade
de expressão.

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