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Faculdade de Engenharia
DECLARAÇÃO
Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do seu supervisor, e o seu conteúdo é original e todas as fontes estão claramente
mencionadas no texto, e nas notas da bibliografia final. Declaro mais que este trabalho não foi
apresentado em nenhuma instituição na obtenção de qualquer grau académico.
Autora
_________________________
Isabel Carlos Josse Bambai
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu falecido pai Carlos Josse Tesoura e a minha mãe Maria Amélia
Banda que me trouxeram com todo carinho a este mundo, nos quais espelhei-me em suas
espiritualidade, humanismo e sabedoria. Ensinando me que a melhor maneira de passar pelos
obstáculos da vida é ser humilde e persistente no que acredito estar certo.
Dedico ainda ao meu esposo Domingos Bambai Almeida, aos meus filhos, Maria Amélia,
Benedito, Frederico, Eufrásio e Cleúsya aos meus irmãos e a família em geral, pelo todo apoio
moral e financeiro que me deram ao longo desta caminhada estudantil.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
O presente trabalho tem em vista analisar o processo de tomadas das decisões no âmbito da
participação dos cidadãos do exercício da acção governativa no Distrito de Gondola. A
desconcentração em Moçambique é desenvolvida através da implementação de um conjunto de
reformas que garantem um maior envolvimento dos cidadãos na gestão do interesse local, levado
acabo pela institucionalização de espaços específicos para o efeito – Os Conselhos Locais.
Quanto a metodologia privilegiou-se a observação directa e indirecta, complementando com as
técnicas usadas que foram entrevistas e inquéritos. Para dar suporte ao trabalho, usou – se várias
referência de autores que abordam o tema em questão. Foi através dos objectivos gerais e
específico, que o estudo baseou-se, tendo constatado que segundo Masalila (1996) citado por
Sousa (Idem) defende que a descentralização oferece um sistema aberto, transparente e
responsável, permitindo a participação dos cidadãos num ambiente democrático, num sistema
onde reconhece-se o envolvimento dos cidadãos na tomada de decisões não apenas como
essencial para o desenvolvimento, mas também como um direito democrático da população e, na
mesma linha, Adalima (Idem) considera a participação comunitária no processo governativo
como um instrumento para a promoção da eficácia na tomada de decisões, gestão, mobilização e
utilização de recursos humanos.
DECLARAÇÃO ............................................................................................................................. ii
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. iv
RESUMO ........................................................................................................................................ v
4.1.4 POPULAÇÃO...................................................................................................................... 27
4.3.1 Distribuição dos membros CLD por faixa etária e sexo (perfil da amostra dos membros do
CLD) ............................................................................................................................................. 29
4.3.2 Distribuição dos membros do conselho local do distrito de gondola por nível de
escolaridade................................................................................................................................... 30
4.4.5 Articulação entre o governo e o Conselho Consultivo Local na planificação distrital ........ 34
5.1.1 Conclusão............................................................................................................................. 37
5.2 Recomendações....................................................................................................................... 38
GLOSSÁRIO
A literatura trata a desconcentração como uma política concedida dos órgãos do nível central
para as esferas locais, (Sousa, 2011). Desconcentração implica repartição do poder pelos órgão
subalternos do Governo Central, isto é, a desconcentração é a delegação de competência sem
alteração do poder decisório.
Para Thereza Lobo(2011)
Os órgãos locais do Estado têm como função à representação do Estado ao nível local para a
administração e o desenvolvimento do respectivo território. Ao mesmo tempo, eles contribuem
para a integração e unidade nacionais (art. 262º da Constituição da república de Moçambique).
Órgãos Locais do Estado são centros de decisão dispersos pelo território nacional, mas
habilitados por lei a resolver assuntos administrativos em nome do Estado e, por conseguinte,
fazem parte da administração directa do Estado e devem obediência às instituições do Governo
(Amaral: 1998).
A Desconcentração tem como pano de fundo a organização vertical dos serviços públicos,
consistindo basicamente na ausência ou na existência de distribuição vertical de competência
entre os diversos graus ou escalões da hierarquia (CARLIN,2002)
Assim, onde quer que exista e se manifeste com intensidade suficiente uma necessidade
colectiva, aí surgirá um serviço público destinado a satisfazê-la, em nome e no interesse da
colectividade.
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
O modelo de governação que Moçambique adoptou logo após a independência, não era mais do
que uma herança deixada pelo regime colonial. Até ao início da década noventa, o modelo
concentrado de Administração em Moçambique, era no geral muito dispendioso, moroso e não
privilegiava uma articulação eficaz e diálogo interactivo para com as comunidades locais. Como
resultado, a participação das comunidades e do cidadão na resolução dos seus próprios
problemas era muito fraca.
Com vista a melhorar a articulação dos assuntos governamentais entre as autoridades
governamentais e as comunidades locais foram introduzidas em Moçambique as reformas que
visavam promover mudanças na organização da Administração Pública. O trabalho têm como
tema A desconcentração em Moçambique, participação da comunidade no processo de tomada
das decisões, estudo de caso Distrito de Gondola (DG), e destina-se a obtenção do grau
académico de Licenciatura em Administração Pública pela Faculdade de Engenharia da
Universidade Católica de Moçambique.
No meio rural notava-se a ausência de órgãos representativos das comunidades que pudessem
tomar parte nas discussões de projectos e programas de desenvolvimento e defender os seus
interesses ou necessidades. As comunidades locais não tinham espaço e nem oportunidades para
participar no seu próprio desenvolvimento.
Com o tempo (19831), foi reconhecida a excessiva centralização da autoridade do Estado e a
necessidade de se avançar para um processo de descentralização, dai as sucessivas reformas, que
culminaram com a transição de um modelo de Estado unitário centralizado para um Estado
unitário gradualmente descentralizado.
Segundo Kulipossa (2003) citado por Bilério (2011), Moçambique herdou do regime colonial
português um sistema de administração estatal muito centralizado. O regime instaurado
imediatamente após a independência manteve a centralização do poder político. Neste contexto,
Forquilha (2007) refere que a forte centralização da administração pública aliada à exiguidade de
recursos materiais, financeiros e humanos e à acentuada guerra civil, tornou o estado distante dos
1
A quando a realização do IV congresso da Frelimo
cidadãos na medida em que, o estado tinha cada vez mais dificuldades em promover aos
cidadãos os serviços básicos em áreas vitais.
O trabalho é apresentado em cinco capítulos: No primeiro (I) capítulo são desenvolvidos os
seguintes itens: Delimitação da área de estudo e do tema; enquadramento do tema, justificativa
da escolha do tema, objectivos (geral e específicos) do trabalho, formulação do problema,
hipóteses.
Segundo capítulo (II) sobre a revisão da literatura consta informações sobre a fundamentação
teórica. Terceiro capítulo (III) metodologia e desenho da pesquisa encontram-se os
procedimentos usados para elaboração do trabalho.
Quarto capítulo (IV) de análise e interpretação de dados são apresentados dados recolhidos
durante o trabalho do campo, os dados estão organizados em gráficos e tabelas, assim como a
discussão científica dos resultados e a comparação dos dados obtidos na observação do trabalho,
permitindo uma análise circunstanciada que estabeleça relações entre eles.
Por último o quinto capítulo (V) conclusão e recomendações são apresentadas as conclusões,
recomendações e dificuldades enfrentadas assim como as sugestões no trabalho.
O tema ganha maior relevância na busca de possíveis soluções para melhorar o sistema de
articulação entre as autoridades administrativas do Governo Distrital de Gondola com as
comunidades locais.
1.2 Objectivos
A institucionalização dos Conselhos Locais têm levantado algumas dúvidas, que abriram espaço
para algumas críticas efectuadas em relação ao processo de desconcentração no que se refere aos
mecanismos de funcionamento dos referidos espaços, sobretudo na articulação entre os
Conselhos Locais e os Governos Distritais no processo de tomada de decisões pois, como nota
Forquilha (2010), a legislação não é suficientemente clara no que diz respeito às suas funções no
processo de tomada de decisão a nível local, se trata-se de um órgão deliberativo ou uma mera
instituição de consulta, onde em muitos casos são reduzidos a meros espaços de consulta, sem
praticamente nenhum poder deliberativo, existindo distritos em que as decisões saídas dos
Conselhos Locais nem sempre eram seguidas pelos Governos Distritais, sob o pretexto de que as
IPCC têm função meramente consultiva e não deliberativa.
Com a aprovação do novo guião sobre a Organização e Funcionamento dos Conselhos Locais,
como referem Forquilha & Orre (2011), é retirado o poder decisório destas instituições,
limitando-os simplesmente a poder aprovar o financiamento das actividades no âmbito do Fundo
de Desenvolvimento Distrital, tornando-se em instituições essencialmente viradas aos projectos
ligados ao Fundo de Desenvolvimento Distrital, com competência simplesmente para decidir
sobre o financiamento das iniciativas elaboradas e submetidas ao nível local, facto que dificulta a
maximização das oportunidades previstas com a institucionalização dos referidos espaços.
Uma das expectativas decorrentes da desconcentração foi e tem sido de proporcionar maior
aproximação entre os órgãos de administração local do Estado e as respectivas comunidades
locais. A implementação gradual do processo da desconcentração da administração do Estado,
bem como a consolidação, impõe á administração um desafio constante e decorridos cerca de 20
anos de Paz.
Neste contexto, suscitamos perceber: A forma de influência que os Conselhos Locais exercem
sobre o Governo distrital na tomada de decisões sobre as prioridades de desenvolvimento
local.
Em relação a pergunta deste estudo foram levantadas duas hipóteses. Segundo Vieira & Lubisco
(2001) e Gil (2002), o critério para definir hipóteses duma pesquisa de natureza aplicada, exige-
se que elas sejam: (a) plausíveis; (b) consistentes; (c) específicas; (d) verificáveis; (e) claras; (f)
simples; (g) económicas; e (h) explicativas.
O estudo foi realizado na Província de Manica, Distrito de Gondola, na vila de mesmo nome,
concretamente na Secretaria Distrital de Gondola, localizado na sede do distrito ora citado, no
período de 2009 a 2013.
Esta pesquisa terá maior interesse às Instituições Públicas, e a sociedade em geral visto que a
participação das comunidades das decisões locais é fundamental e é de extrema importância; ao
manter o relacionamento com as autoridades administrativas no processo do desenvolvimento
local.
2.1 Introdução
Da revisão da literatura teórica sobre a desconcentração discutida por diferentes autores vai
permitir analisar os contornos da desconcentração em Moçambique, em particular no Governo
do Distrito de Gondola.
2.2.1 Democracia
Segundo Neto (2005), o termo “democracia” surgiu na antiga Grécia e significa “governo de
todos”.Portanto, democracia é a forma política em que o poder é atribuído ao povo e é exercido
pelo povo em harmonia com a vontade expressa pelo conjunto de cidadãos titulares de direitos
políticos.
Há diferentes variantes da democracia. Estes podem-se classificar por dois tipos principais:
democracia directa e a democracia indirecta. A democracia indirecta executa-se por
representantes, por isso, este tipo também é chamado democracia representativa (ARAÚJO
NETO, 2005)
Além desses dois tipos de democracia se encontram formas de democracia, que têm elementos
de ambos tipos da democracia. Muitas das vezes, a democracia representativa reúne alguns
elementos da democracia directa.
Democracia directa
A democracia directa acontece quando todos os membros duma colectividade se reúnem para
discutir e resolver os seus próprios problemas. A votação faz-se com a participação de todos,
cada um tem um voto. Uma reunião de todos os membros só pode-se realizar em sociedades
pequenas. A democracia directa aconteceu nas comunidades na antiga Grécia (DIAS,2008).
O CAPECE (2007, p.9), afirma que, quando as comunidades tornaram-se maiores e criaram-se
Estados com milhões de habitantes, tornou-se impossível reunirem-se todos ao mesmo tempo e
tratarem dos problemas de interesse geral. Por isso, surgiu um outro tipo de resolver os assuntos
comuns, através de representantes, concretizando-se deste modo a democracia representativa.
Nela, elegem-se os representantes para tratar dos assuntos da sociedade em nome dela. Portanto,
a democracia indirecta, é um sistema de eleger representantes que são mandatados para exprimir
a vontade dos eleitores.
Assim, onde quer que exista e se manifeste com intensidade suficiente uma necessidade
colectiva, aí surgirá um serviço público destinado a satisfazê-la, em nome e no interesse da
colectividade.
Segundo o artigo 250 da Constituição da República, a Administração Pública estrutura-se com
base no princípio de descentralização e desconcentração, promovendo a modernização e a
eficiência dos seus serviços, sem prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do
Governo.
Neste contexto, a Administração Pública promove a simplificação de procedimentos
administrativos e a aproximação dos serviços aos cidadãos.
A Desconcentração tem como pano de fundo a organização vertical dos serviços públicos,
consistindo basicamente na ausência ou na existência de distribuição vertical de competência
entre os diversos graus ou escalões da hierarquia (CARLIN,2002)
Segundo o PNUD (1993:21), há participação quando “as pessoas estão intimamente envolvidas
nos processos económicos, sociais, culturais e políticos que afectam as suas vidas”. Nesta
perspectiva, pode-se identificar varias áreas de participação, podendo em alguns casos o
envolvimento ser directo e, noutros indirectos, importando apenas que as pessoas tenham acesso
ao processo de tomada de decisões sobre a vida da comunidade.
Participação Passiva
2
www.negict.cse.ufsc.br/ publicacao_imagens/artigocom.pdf [consultado a 16 de Fevereiro de 20015].
3
Jules Pretty (1995:1252) tradução
As pessoas participam pela troca de recursos materiais, como: comida, dinheiro, ou outros
incentivos materiais. Quando os incentivos terminam as pessoas perdem interesse em continuar
com as actividades.
Participação funcional
As pessoas participam em conjunto nas análises que conduzem ao alcance dos objectivos pré
determinados relacionado com o projecto. O envolvimento pode ser imperativo e pode envolver
partilha na tomada de decisões.
Participação interactiva
Auto mobilização
As pessoas participam tomando iniciativas das instituições externas para mudar o sistema.
Desenvolvem contacto com instituições externas para apoio em recursos e capacitações técnicas
mas mantém o controlo sobre como utiliza os recursos.
se pode tomar parte nalguma coisa, de modo bem diferente, desde a condição de simples
espectadores mais ou menos marginais os de protagonista de destaque.
Para que a participação aconteça, é necessário que haja diálogo, acções, análise e mudanças.
Quando as comunidades conhecem melhor os seus problemas e respectivas soluções, saberão
dialogar melhor com o governo dos seus Distritos e juntos podem contribuir de forma activa,
para a implementação dos programas de desenvolvimento do Distrito4.
4
http://www.comunicação.ufpe.br/erna/ccs/ccs42.htm. arquivo consultado em 16 de Fevereiro de 2014.
(planificação distrital), na implementação das políticas definidas e na gestão dos problemas que
lhes dizem respeito.
Como se vera mais adiante, a participação comunitária no Distrito de Gondola não se limita ao
processo de tomada de decisões, mas de uma forma geral ao todo processo de governação local,
como são os casos de resolução de problemas de educação, saúde, do saneamento do meio, na
abertura de vias de acesso, entre outros.
Já para Friedman (1996), concebe a participação como um processo pelo qual se envolve as
pessoas em acções sociais, políticas e económicas relevantes, dando a elas o poder de agir como
sujeitos activos.
A participação consciente consiste no exercício da cidadania e a projecção que o voto faz no
nosso dia-a-dia, são dois assuntos que volta a meia deviam entrar no debate. Em virtude do seu
elevado valor estar intimamente ligado as questões sociais no que tange a qualidade da vida de
uma nação inteira ou parte dela, o voto é instrumento que traduz ensaios pelas mudanças.
A governação local moçambicana tem sido marcada por dois processo, os quais têm sido
implementados simultaneamente: a descentralização (devolução política) e a desconcentração
5
Valá, Salim (1998). Estratégia para o desenvolvimento das Rádios comunitárias em Moçambique. Maputo. Instituto
de Comunicação Social, gabinete de informação
administrativa. A sua implementação foi acelerada pela democratização do país, mas, desde
então, ambos processos têm sido reticentes, com constantes mudanças legislativas, em especial o
processo de descentralização6.
É importante que o governo moçambicano assuma uma posição mais clara acerca dos processos
de descentralização e desconcentração, seguindo os princípios adoptados pela recentemente
aprovada Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governação, a qual avança que: “(...)
Estados-membros devem descentralizar poder a autoridades locais democraticamente eleitas
como determinado na legislação nacional”.
Por importante que seja a desconcentração de tarefas dos escalões superiores da administração
pública aos inferiores, imperioso reconhecer que tal não implica a redução do poder político ao
nível central, visto que o governo central mantém o controlo do aparelho de Estado em todos
seus níveis.
Para efectuar-se a dispersão do poder político, o foco deve ser no processo de descentralização e
não no processo de desconcentração, cujo principal mérito está na modernização da aparato
administrativo e numa maior aproximação das realidades locais.
6
Moçambique: Democracia e Participação Política
7
Desafios para Moçambique 2010 Governação Distrital
Os órgãos locais do Estado têm como função à representação do Estado ao nível local para a
administração e o desenvolvimento do respectivo território. Ao mesmo tempo, eles contribuem
para a integração e unidade nacionais (art. 262º da Constituição da República de Moçambique).
Órgãos Locais do Estado são centros de decisão dispersos pelo território nacional, mas
habilitados por lei a resolver assuntos administrativos em nome do Estado e, por conseguinte,
fazem parte da administração directa do Estado e devem obediência às instituições do Governo
(Amaral: 1998).
A organização e funcionamento dos órgãos locais do Estado obedecem aos princípios da
desconcentração e descentralização. Os órgãos locais do Estado promovem a utilização dos
recursos disponíveis, garantem “a participação activa dos cidadãos e incentivam a iniciativa
local na solução dos problemas da comunidade”(art. 263º n.º 2 da Constituição da República de
Moçambique). Os órgãos locais do Estado garantem nos seus respectivos territórios a realização
de tarefas e programas económicos, culturais e sociais de interesse local e nacional (art. 264º da
Constituição da República de Moçambique).
Órgãos Locais do Estado existem ao nível da Província, dos Distritos, Posto administrativos e
Localidades. Além da constituição são consagrados na Lei n.º 8/2003de 19 de Maio (Lei dos
Órgãos Locais do Estado) com o seu regulamento.
2.3.3 Distrito
Quanto aos “graus de desconcentração”, ela pode ser absoluta ou relativa: no primeiro
caso, a desconcentração é tão intensa e é levada tão longe que os órgãos por ela atingidos
se transformam de órgãos subalternos em órgãos independentes; no segundo, a
desconcentração é menos intensa e, embora atribuindo certas competências próprias a
órgãos subalternos, mantém a subordinação destes ao poder do superior.
8
http://www.apase.hpg.eg.com.br. Acesso em 28 – 02 – 2015 – 07:56
Para Amaral (1999:661), a desconcentração quanto a forma pode ser originária ou derivada.
A desconcentração originária é aquela que decorre imediatamente da lei, que desde
logo reparte a competências do superior e os subalternos. É a própria lei que confere ao
órgão da administração competência para decidir sobre uma determinada matéria. É o
poder que nasce da lei e é directamente atribuído a um órgão.
A desconcentração derivada por sua vez é aquela que efectiva-se mediante um acto
específico praticado para o efeito pelo superior, a desconcentração derivada, traduz na
delegação de poderes.
9
Parker (1995), Manor (1998), Chichava (1997:15) entre outros.
demandas da população e a transparência com que o governo trata dos assuntos públicos são
indicadores da qualidade da democracia.
Para Alves & Godoy (2005) citando Crook & Manor (1998) e Agrawal & Ribot (1999)
defendem que a descentralização refere-se à transferência de autoridade e responsabilidade do
governo central aos níveis mais baixos de hierarquia político-administrativa e territorial e/ou para
comunidades locais. Referem ainda que a descentralização significa que o Governo e/ou
comunidade local passam a tomar decisões relativas às atribuições designadas por uma lei maior
e concernente à sua jurisdição. Existe uma partilha de responsabilidades e autoridades entre o
governo central e os governos estaduais ou locais em algumas questões, onde os poderes são
distribuídos entre os diferentes níveis e de forma regulamentada.
Para L. Adamolekun citado por Forquilha, trata-se de descentralização quando há uma delegação
de autoridade e da responsabilidade de gestão para as organizações fora da estrutura do governo
central para funções específicas.
Forquilha (s/d) citando L. Adamolekun, defende ainda que a descentralização pode-se referir, em
primeiro lugar, a uma medida administrativa implicando a transferência de gestão de
responsabilidades e de recursos para os agentes do governo central situados a um ou vários
níveis (província, distrito, posto administrativo e localidades), um modelo de descentralização
administrativa vulgarmente conhecido por desconcentração. Em segundo lugar, o conceito de
descentralização é empregue para designar um arranjo político implicando a devolução de
poderes, de funções e de recursos específicos pelo governo central para as unidades de governo
do nível sub-nacional […] inclusive regionais, provinciais e locais ou municipais.
Para além da forma mais elementar de participação política que é o voto livre e periódico para a
escolha dos representantes, um regime democrático deve oferecer aos cidadãos outras formas de
participação e envolvimento no processo político.
Tal participação depende das liberdades e direitos formalmente estabelecidas por uma
Constituição, mas, também, da capacidade real de organização administrativa do Estado.
Segundo Moreira (1983:13), a Administração é concentrada “quando os problemas que se lhe
deparam só podem ser resolvidos pela autoridade que se situa e actua no topo da hierarquia,
2.4.1 Desconcentração
A consagração da democracia como o regime político mais adoptado no mundo a partir do final
do século XX e princípios do século XXI, é inquestionável (Diamond, 2000). Inquestionável
também é o alcance da democracia em termos de participação política dos cidadãos e canalização
eficiente das suas demandas, quando comparados a outros regimes que se tem registo na
história(Macuane, 2000).
2.4. 2 Democracia
Um regime democrático moderno é aquele que “garante aos cidadãos os seus direitos na
constituição e no qual existe competição entre os actores para governar. O sistema
político oferece múltiplos canais e processos de expressão de interesses, permitindo que estes
interesses, sejam eles individuais ou colectivos, possam ser representados” (Évora,2004.pp.19-
20) citando Schmiter e Karl.
Por outro lado, “ uma característica fundamental de um regime democrático moderno seria
a responsabilidade dos políticos pelos seus actos perante os cidadãos, o accontability”
(Roselma Évora, 2004) citando Alberto dos Santos e Santos Cardoso. Define-se democracia
como um sistema institucional de tomada de decisões políticas, em que os indivíduos adquirem
poder de estatuir sobre essas decisões na sequência de uma luta concorrencial por votos
do povo (Rosário, 2007) citando Schumpeter. Contudo, não se deve entender que o povo
efectivamente governe, mas apenas o povo aceita ou afasta os homens chamados a
governar, através da livre concorrência entre candidatos aos postos hierarquicamente superior,
pelos votos dos eleitores.
(…) será democrático, para o nosso tempo, todo o regime no qual, livremente, uma
maioria popular determine e assuma o controlo do governo e da legislação. A noção de número
não basta, é preciso juntar-lhe a liberdade (…). E diz mais (…) para ser democrático, um regime
deve assegurar quantitativa e qualitativamente a participação do maior número, na vida pública
(…) (Victor Henriques e Belmiro Cabrito,1995), citando Marcel Prelot.
A limitação do poder, o respeito pelo primado da lei, a liberdade de crítica e de opinião são
elementos fundamentais para definir a democracia (Espada, 2000). Para Popper, a alternância de
propostas concorrentes no exercício do poder e que impeçam que uma vez chegados ao poder,
qualquer delas possa anular as regras que lhes permitiram lá chegar, através de um conjunto de
regras, é o que este autor defende. E o governo representativo ou democrático, perfila-se como
uma, senão apenas uma dessas regras de limitação do poder.
3.1 Introdução
Nesta etapa do trabalho aborda-se assuntos relacionados com os procedimentos usados para
colecta de informações. A recolha de informações baseou-se no estudo do método misto
qualitativo e quantitativo, como instrumentos de recolha de informações foram privilegiados a
pesquisa descritiva; consultas bibliográficas e observação; a observação consistiu em dois
momentos sendo observação directa e observação indirecta.
Para a elaboração do presente trabalho será usado o método de estudo qualitativo e a abordagem
também será qualitativa, devendo para o efeito, ser usado o método descritivo, que consistirá na
descrição dos fenómenos que serão verificados durante a realização do trabalho de campo no
Distrito de Gondola.
Este método difere, em princípio, do quantitativo, à medida que não emprega um instrumental
estatístico como base na análise de um problema, não pretendendo medir ou numerar categorias
(RICHARDSON, 1989).
Sob ponto de vista dos seus objectivos a pesquisa é explicativa, porque procura identificar
factores que contribuem para a ocorrência do uso dos métodos tradicionais e do ponto de vista
dos procedimentos técnicos a pesquisa é bibliográfica, porque será elaborada a partir de materiais
já publicados, constituído principalmente de livros, artigos periódicos e material disponível na
internet.
São membro do Conselho Local do Distrito de Gondola a administradora do distrito, três (3)
Chefes dos Postos Administrativos, oito (8) Chefes das Localidades, e trinta e oito (38) membros
representantes das comunidades ao nível do distrito. Para além destes são convidados
permanentes do conselho local o secretario permanente distrital e quatros (4) directores dos
serviços distritais.
Os membros das comunidades são eleitos pelas respectivas comunidades para as representar nos
conselhos locais de vários escalões sendo de localidade, posto administrativo e do distrito, com
estas duas individualidades vai-se perceber melhor como é feita o envolvimento das
comunidades locais no processo de tomada das decisões locais; ajudando a perceber melhor o
tema em pesquisa e o problema identificado neste Distrito de Gondola.
3.4.3 Observação:
Observação directa:
De acordo com CAMPENHOUDT & QUIVY (1988) citados por DIAS (2008:61) a observação
directa consiste na recolha de informações de forma directa sem se dirigir aos sujeitos
interessados, isto é, apela directamente ao sentido de observação.
A recolha de informações foi realizada directamente no campo baseado na observação do
ambiente de trabalho, a participação da comunidade no processo de tomada das decisões ao nível
do Distrito de Gondola, não terá a intervenção de nenhum responsável, o autor vai observar
sozinho os fenómeno
Observação indirecta׃
4.1 Introdução
Nesta etapa do trabalho são abordados assuntos relacionados com a recolha de dados durante o
trabalho de campo e sua posterior análise. A recolha de dados teve duas fases começando com a
entrevista aos membros do Governo Distrital (Administradora Distrital, ao Secretário
Permanente do Distrito, aos directores dos serviços distritais e aos dois chefes de posto
administrativo), terminando com o inquérito dirigido aos 40 membros do Conselho Local do
Distrito e representantes dos vários extracto sociais da comunidade.
Análise e interpretação dos dados recolhidos durante o trabalho de campo. Os resultados obtidos
durante a pesquisa foram organizados em tabelas e gráficos, permitindo uma análise
circunstanciada que estabeleça uma visão geral do tema e do problema em questão.
10
Artigo 45 do decreto 11/2005, referente ao Regulamento da Lei dos Órgãos Locais do Estado.
4.1.4 POPULAÇÃO
Segundo a projecção do INE, actualmente o Distrito possui 194.808 habitantes, dos quais 96.820
homens e 97.988 mulheres. Contra um total de 189.031 habitantes registados em 2014.
Existem no distrito três principais grupos étnicos nomeadamente: Chiuté, Ndau e Sena falando as
respectivas línguas, com maior predominância para o Chiuté.
Gondola, em conformidade com a história oral, a etimologia da palavra Gondola provém de uma
lagoa situada algures na zona do actual cemitério na sede do Distrito, que no passado era
conhecida por “Gandua”, onde os primeiros comboios abasteciam-se da água e quando os
portugueses chegaram ao local não conseguiram pronunciar a palavra Gandua e acabaram
dizendo Gondola.
Neste contexto, o Governo definiu o distrito como unidade territorial principal da organização e
funcionamento da administração Local do Estado e base da planificação do desenvolvimento
económico, social e cultural da República de Moçambique, de acordo com o artigo 12 Lei
n.°8/2003, de 19 de Maio.
O estatuto orgânico do governo distrital foi posto numa nova base com o Decreto n.º6/2006 de
12 de Abril e consoante o mesmo, o governo distrital tem a seguinte estrutura:
Administrador Distrital
Gabinete do Administrador
Fonte: MAE/DNAL.
4.3.1 Distribuição dos membros CLD por faixa etária e sexo (perfil da amostra dos
membros do CLD)
Em relação a distribuição dos membros do conselho local do distrito de gondola por sexo,
verifica-se que 20 são do sexo feminino correspondente a 36% e 35 são do sexo masculino que
por sua vez corresponde a 64%, entre homens e mulheres estão distribuídos de forma variável,
com maior frequência dos homens em relação as mulheres, cuja diferença é relativamente
considerável.
4.3.2 Distribuição dos membros do conselho local do distrito de gondola por nível de
escolaridade
O estudo pode comprovar também que quanto ao nível de escolaridade os membros do CLD
podem ser considerados pouco privilegiados. O gráfico 1 mostra que a SDG é composta
maioritariamente por membros de nível elementar (38%), dos que possuem nível médio e
superior são os que fazem parte do sistema do governo (chefes das localidades, dos postos
administrativos e membros do governo distrital) sendo; seguindo-se (8%) de nível básico, (33%)
de nível médio, e por fim(21%) do nível superior.
38%
33%
21%
8%
Do Conselho Local do Distrito pode se identificar duas categorias de membros, sendo: membros
composto por chefes das localidades, dos postos administrativos e administradora do distrito em
representação do Governo local a todos os níveis, e outros provenientes das comunidades locais,
isto é, que representam as suas comunidades ou grupos de interesse sem estar vinculado a
11
Entrevista com Administradora do Distrito, 28 de Março de 2015.
11.1. Entrevista Com Chefe do Posto Administrativo de Gondola Sede, 28 de Março de 2015.
Os dirigentes dos Órgãos Locais do Estado desde o distrito até a localidade são automaticamente
membros dos Conselhos Locais correspondente a respectiva área de jurisdição, o que significa
que desde a administradora distrital; os 3 (três) chefes dos postos administrativos e 8 (oito) das
localidades administrativas ao nível de Gondola são membros do Conselho Local do Distrito,
isto é, estes dirigentes dos diferentes níveis desde a localidade até ao distrito simultaneamente
são membros do conselho Local do órgão que dirigem.
Para além das sessões ordinárias, à luz do previsto no regulamento, o Conselho Local do Distrito
de Gondola realiza sessões extraordinárias, que são convocadas sempre que necessário, ficando
explícito que, não há periodicidade em termos de espaço temporal durante o ano, para a
realização deste tipo de sessões. As sessões extraordinárias ao nível do Conselho Local de
Gondola, normalmente, são convocadas para analisar e discutir assuntos sobre desenvolvimento
12
Guião sobre a Organização e Funcionamento dos Conselhos Locais (Art. 36, nº 1)
Uma vez tratar-se por um órgão onde discute-se assuntos de maior relevo para a vida do distrito,
e sendo um espaço de interacção entre o Estado e os membros representantes das comunidades,
onde o Governo colhe sensibilidades das comunidades sobre diversos assuntos importantes para
o distrito, as propostas de agenda e a data de realização de cada sessão do Conselho Local do
distrito de Gondola são divulgadas com antecedência de modo a permitir que os Conselhos
Locais hierarquicamente inferiores discutam e assumam uma posição sobres os assuntos a serem
discutidos e, na sessão do CLD, os seus representantes façam chegar as opiniões ou
sensibilidades do órgão e da região a que representa a respeito de cada assunto que corporiza a
agenda de cada sessão. Neste sentido, as sessões dos Conselhos Locais dos Postos
Administrativos e das Localidades que integram o distrito de Gondola antecedem as do nível
hierarquicamente superior, cabendo ao Governo Distrital (GD) a determinação da periodicidade
das respectivas sessões.
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Para discussão de outros assuntos de relevo ao nível do Governo distrital.
das necessidades prioritárias a serem satisfeitas nas suas vidas, dai o seu envolvimento na busca
de soluções para os mesmos pelo Governo Local. Neste contexto, é responsabilidade do
Governo criar um conjunto de condições básicas para garantir uma vida estável e condigna aos
seus cidadãos, que pode se traduzir na concepção e implementação de iniciativas visando a
satisfação das necessidades colectivas e sempre com o envolvimento das respectivas
comunidades.
O governo distrital de Gondola junto com as comunidades através dos Conselhos Locais,
identificam a forma mais adequada de resolver os problemas que afectam o distrito, buscando
soluções que reúna consenso entre o governo e os representantes das comunidades no seio das
discussões levantadas a respeitos das iniciativas ou projectos que são submetidos ao debate onde
cada parte apresenta argumentos que conferem mérito às suas posições por elas assumidas dentro
da visão daquilo que deve ser o rumo dos assuntos em debate.
Portanto, o Conselho Local do Distrito constitui um órgão que representa o mais alto nível da
planificação participativa a nível do distrito de Gondola onde a comunidade através da sua
5.1 Introdução
Feita a análise dos dados obtidos no campo de estudo e do seu enquadramento na literatura
teórica, segue-se as conclusões da presente pesquisa no Governo do Distrito de Gondola,
recomendações e referências bibliográficas mencionadas como suporte da abordagem do tema do
trabalho.
5.1.1 Conclusão
O presente trabalho tinha como objectivo analisar o processo de tomada de decisões no Distrito
de Gondola, tendo em conta o envolvimento das comunidades locais a quem recai as acções do
governo e são as comunidades que melhor conhecem suas necessidades e de indicar a hierarquia
das necessidades prioritárias a serem satisfeitas nas suas vidas, dai o seu envolvimento na busca
de soluções para os mesmos pelo Governo Local.
Em relação a hipótese principal levantada, no presente estudo, foi confirmado que as autoridades
administrativas de Gondola privilegiam o envolvimento das comunidades locais no processo de
tomada das decisões como forma mais adequada de participação comunitária das decisões que
lhes afectam directamente através dos seus representantes eleitos. Verificou – se igualmente que
para o Governo do Distrito de Gondola alcançar os objectivos preconizados depende em grande
medida da relação entre os Conselhos Locais e o Governo a vários níveis da estrutura hierárquica
e administrativa instalada localmente.
O Conselho Local do Distrito de Gondola exerce também uma influência significativa nas
decisões locais referentes aos assuntos sobre o desenvolvimento socioeconómico e cultural do
distrito, com destaque para plano Económico-Social e Orçamento do Distrito, as opiniões
emitidas por este órgão, dentro das suas competências neste processo, mostram-se essenciais e
determinantes nas decisões do executivo do governo de gondola sobre este instrumento.
5.2 Recomendações
Referências Bibliográficas
Lei nº8/2003, de 19 de Maio sobre Organização e Funcionamento dos Órgãos Locais do Estado
MAE/MPD. (2008). Guião Sobre a Organização e o Funcionamento dos Conselhos Locais.
Maputo.
MARCONE, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. (1999). Técnicas de pesquisa. São
Paulo: Editora Atlas S.A. 4ª ed.
RICHARDSON, Roberto Jarry. (1989). Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas.
ROCHA, L. P. S. e STAMFORD, S. V. M. S. Estudo "in vitro" comunicação interna. [online]
disponível na Internet via WWW. URL: http://www.comunicação.ufpe.br/erna/ccs/ccs42.htm.
arquivo consultado em 16 de Agosto de 2014.