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FOLHA DE APROVAÇÃO

Tutora:
____________________________________________
(dra. Elisa Mazivila)

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DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Sónia Helena Bernardo Nhassuquela, estudante do 4º Ano do Curso de Licenciatura em Acção
Social, declaro por minha honra, que este trabalho é da minha autoria, resultado do meu esforço
pessoal, sob orientação da minha tutora (dra.Elisa Mazivila), o conteúdo é original salvo as citações
nunca foi apresentado em qualquer instituição de ensino para a obtenção de qualquer grau.

Maputo, Agosto de 2012

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais


Bernardo Mapotiela Nhassuquela e Rosa Monjane Nhassuquela..
E aos meus irmãos
Yolanda Francelina Bernardo Nhassuquela e Ivo Policardo Bernardo Nhassuquela.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter me dado forças para levar avante os meus estudos com brilho.

Aos meus pais Bernardo Mapotiela Nhassuquela e Rosa Monjane Nhassuquela por terem feito
tudo para que eu conhecesse esse mundo maravilhoso e por me apoiarem durante todo o
processo estudantil.

À minha tutora Elisa Mazivila que sempre esteve a par no decorrer deste trabalho e
manifestando muita paciência em dar o seu zelo.

Ao grupo de formadores do Instituto Superior Maria Mãe de Africa e ao Posto administrativo


do Intaka vai o meu grande abraço por terem feito tudo para que eu concluísse este curso com
sucesso em particular ao Professor Gito Amaral Mataba, o meu muito obrigado.

Aos meus irmãos um especial agradecimento pelo empenho e apoio prestado durante os meus
estudos.

Aos meus colegas de turma e de estudo, e aos colegas formandos do ISMMA a minha gratidão
pelo apoio prestado durante os quatro anos de formação. E a todos, que me apoiaram directa ou
indirectamente vai o meu grande obrigado.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ISMMA: Instituto Superior Maria Mãe de África.


PFGRCS: Papel da Família na Gestão e Resolução de Conflitos Sociais.
GRCS: Gestão e Resolução de Conflitos Sociais.

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Introdução
Em todas as sociedades a família e os laços que se criam por vias diversificadas constituem
elementos fundamentais de agrupamento e diferenciação social. Ela constitui-se para assegurar
a procriação necessária a comunidade dos grupos, e dentro dessa procriação, é encontrada a
diferenciação social, um dos princípios fundamentais na organização social em qualquer
cultura e principal causador de Conflitos Sociais, que por sua vez já são inerentes a vida da
sociedade.
As identidades sociais entre os Homens exprimem o conjunto de normas e valores que,
condicionando as representações e práticas sociais, revelam as características do modelo
cultural de carácter e género no seio familiar (Barata 2004).
No presente trabalho pretende-se Analisar o Papel da Família na Gestão e Resolução de
Conflitos Sociais, no Município da Motola, concretamente aos residentes do Bairro do Intaka
nos Quarteirões 17 e 18, num período de 4 meses a contar desde a aprovação do presente
projecto.
O COLAPSO NO SEIO FAMILIAR O direito a liberdade de expressão dos indivíduos no seio
familiar, torna visível alguns conflitos que desestruturam as relações familiares. Isto vem a se
verificar comumente com a descoberta da escassez de diversos recursos, da diferenciação
social e de opiniões.
Com essas descobertas, diferenças Sociais e de pontos de vista em relação a certos assuntos o
Papel da Família na Gestão e Resolução de Conflitos Sociais, passa por momentos
extraordinariamente controversas o que faz com que a preocupação de se analisar o seu papel
seja preponderante, tendo em conta que os indivíduos devem-se firmar na sociedade e poderem
opinar em situações de conflitos, visto que os papéis e as funções dos indivíduos, os valores e
os comportamentos não se evidenciam.
No contexto em questão tem se verificado por numerosas vezes que a comunidade tende a
procurar outras entidades, tais como centro de acolhimento e encaminhamento de casos sociais;
esquadras; autoridades locais, para que lhes oriente ou ajude na Resolução e Gestão dos seus
Conflitos excluindo desse modo o envolvimento das suas famílias alegando que as mesmas
fazem-se indiferentes e não se disponibilizam em ajuda-los. Isso leva-nos a indignação sobre o
seu papel perante as situações conflituosas, propondo-nos desse modo as seguintes perguntas
de pesquisa:

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1. Que análise se pode fazer sobre o papel da família na Gestão e Resolução de Conflitos
Sociais?
2. Será que os hábitos culturais é que fazem com que as famílias se abstenham face aos
Conflitos Sociais?
3. Que medidas podem ser tomadas face aos Conflitos Sociais para que as famílias
percebam a relevância do seu papel diante dos mesmos?
Este estudo foi feito no âmbito académico, sendo o mesmo para conclusão de curso e
aquisição de grau de Licenciatura em Acção Social, todavia, a tese é a primeira condição para a
conclusão do curso e aquisição do Diploma.
O tema é continuação do relatório para aquisição do grau de Bacharelato em Acção Social.
Comovido pelo espírito de solidariedade e empatia com as pessoas vivendo em situação de
conflitos sociais e vendo que em alguns casos o papel da família face a esta realidade é
aparentemente invisível, o pesquisador achou conveniente e oportuno analisar o seu Papel da
mesma na Gestão e Resolução de Conflitos Sociais para melhor inteiração e propor melhores
mecanismos para gestão e resolução dos mesmos.
É de bastante importância pois através dele poder-se-á saber a situação do Bairro no que
concerte aos conflitos sociais, isto é, saber que papel as famílias desempenham na resolução e
gestão dos mesmos, e é uma mais-valia não só para a Ciência como também para a
comunidade visto que a partir desde estudo será possível substituir os mecanismos actualmente
usados na Gestão e Resolução de Conflitos Sociais por outros que sejam mais eficientes caso
haja necessidade, e poderá ser um instrumento guia para os interessados em desenvolver
trabalhos de pesquisa social e os demais interessados em desenvolver um saber em relação ao
tema em abordagem.
É pertinente pois hoje em dia não se tem em conta o conjunto de valores que versam a exclusão
ou inclusão social dos homens, mediado por elementos estranhos aos modelos culturais, vai
sendo apropriado e traduzido em condutas que contêm os Conflitos e as tensões inerentes a
uma duplicidade identitária, o que deixa incertezas ao pesquisador sobre a Gestão e Resolução
de Conflitos Sociais.
Este trabalho tem como objectivo geral Analisar o Papel da Família na Gestão e Resolução de
Conflitos Sociais através do diagnóstico de um estudo de campo (pesquisa-acção), com vista a
criar condições para tornar efectiva a participação da família na Gestão e Resolução de
conflitos através de instrumentos orientadores adequados.

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Especificamente pretende-se Identificar as principais causas e os tipos de conflitos sociais mais
comuns na família; Enumerar as principais formas de resolução e gestão de conflitos e avaliar
o seu impacto; Propor formas de melhor gestão e resolução de conflitos sociais caso haja
necessidade.
Como metodologia usou-se o método indutivo visto que este método pretende analisar os
fenómenos partindo do particular para o geral (Lakatos:2001), portanto, selecionou-se uma
parte significativa da população deste Bairro para participar no estudo e apartir dos resoltados
obtidos chegou-se a uma.
Para a recolha de dados usou-se o inquérito por tratar-se de uma amostra grande, tal inquérito
foi aplicado as famílias identificadas como amostra, e pretendia-se com este inquérito saber
qual a sua opinião no que diz respeito ao Papel da Família na Gestão e Resolução de Conflitos
Sociais.
A pesquisa foi de natureza qualitativa envolvendo dados quantitativos conduzidos com base
em guiões indicativos, isto é, pretende-se usar variáveis mensuráveis e não mensuráveis pois
trata-se de uma pesquisa em Acção Social.
A pesquisa foi do tipo bibliográfico e pesquisa-accao, segundo Stumpf (2006), a pesquisa
Bibliográica é o conjunto de procedimentos que visam identificar informações bibliográficas,
selecionar os documentos pertinentes ao tema estudado e proceder à respectiva anotação ou
fichamento das referências e dos dados dos documentos para que sejam posteriormente
utilizados na redação de um trabalho acadêmico. Portanto, far-se-á consultas em diversas obras
literárias tanto físicas como as obras eletrónicas, que ajudem a consolidar o presente estudo.
A pesquisa-acção segundo Thiollent (2003:14), é “um tipo de pesquisa social com base
empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma acção ou resolução de
um problema colectivo e no qual os pesquisadores e os participantes representantes da
situacao ou problema.
A população foram 400 familias residentes no Bairro do Intaka nos quarteirões 17 e 18.
Segundo Richardson (2009) a população é o conjunto de indivíduos que habitam o mesmo
lugar. Sendo a amostra qualquer subconjunto do conjunto universal ou da população
(Richardson:2009), para este caso a amostra foram 45 residentes dos quarteirões referenciados
do então Bairro, referente a 10% da população, sendo entretanto, divididos parcialmente,
portanto, 20 referente ao quarteirão 17; 20 ao quarteirão 18, e os restantes 5 referentes as
estruturas locais.

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Essa amostra foi selecionada pelo método probabilístico simples, pois através deste método de
amostragem todos residentes dos quarteirões já referenciados tinham a mesma possibilidade de
serem incluídos na amostra e fazer parte ao estudo, e a escolha foi feita ao acaso. De referir que
cada quarteirão tem aproximadamente 200 famílias, alguns licenciados outros não.
A análise e interpretação dos dados, foi feita através do SPSS for Windows para o tratamento
de dados; Microsoft Excel para estudo estatístico completo e representação gráfica; Microsot
Word e Microsoft Power Point para representação em Slides.
Por questões éticas, ao longo da pesquisa não foram publicadas as identidades dos participantes
ou entrevistados e para garantir a validade desta investigação os inqueridos antes leram e
assinaram o termo de compromisso e também usou-se a ideia de Coutinho (2008), que diz que
a validade de um estudo é referente a coerência entre as conclusões do estudo e a realidade e
pode-se verificar através da replicação de método, este processo ocorre quando a validade é
interna.
Portanto, não se pode chegar a conclusões altamente brilhantes no que diz respeito ao tema em
abordagem se no entanto a realidade diz o contrário.
Quanto a validade externa, o mesmo autor diz que, está directamente ligada a generalização
dos resultados, ou seja a possibilidade de a partir das conclusões de um estudo se poderem
aplicar em outro grupo alvo. Já para a validade externa, a partir dos resultados obtidos ao
aplicar o mesmo método a outro grupo deve se ter uma conclusão prévia e igual a resultado
inicial.
Em outras palavras para aligeirar estas desconfianças Elliot (1976), citado por Lopes (2003),
dizem que as validades interna e externa asseguram-se através da triangulação de dados ou de
estratégias múltiplas de pesquisas no terreno.
A fiabilidade do estudo garante-se conseguindo-se obter os mesmos resultados através da
replicação onde a sua grande ameaça é a maturação, isto é, a mudança de comportamentos dos
sujeitos em estudo.
Portanto, o mesmo instrumento foi aplicado ao mesmo Bairro mas em uma amostra
equivalente ao grupo que da que participou anteriormente no estudo. Embora em algum
momento haja mudança de comportamento os resultados devem ser iguais ou próximos do
primeiro grupo a participar no estudo.
O trabalho obedecerá a seguinte estrutura: Preliminares (Dedicatória, Agradecimentos, Lista de
Abreviaturas e Índice); CAPÍTULO I (Introdução, Contextualização); CAPÍTULO II (Quadro

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teórico); CAPÍTULO III (Focos dos conflitos Sociais, Causas e tipos de conflitos Sociais,
Características das partes em Conflitos, Prevenção dos Conflitos sociais, Formas de Resolução
de Conflitos Sociais ( formais e informais) e o Papel da Família na Gestão e Resolução de
Conflitos Sociais); CAPÍTULO IV (Análise e Interpretação de Dados); CAPÍTULO VI
(Conclusão); Referências (Referências Bibliográficas ou Bibliografia Geral, Apêndices,
Anexos, Glossário, Errata)
.

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CAPITULO I: DEFINIÇÃO DE CONCEITOS
A definição de conceitos é indispensável num trabalho de investigação, todavia, faculta melhor
compreensão e percepção dos conteúdos tratados ao longo da exposição que constitui a base do
trabalho de pesquisa.

1.1. Agressão
Refere-se ao comportamento aberto. É um acto ou acção que pode causar lesões psicológicas,
físicas do indivíduo ou destruição da propriedade de um indivíduo e envolve um juízo de valor
da parte observadora (Da Costa:2003).

1.2. Violência
A violência pode ser vista como um acto de infringir danos emocionais, psicológicas, sexuais,
físicos e/ou materiais. Ela envolve o exercício ou restrição perpetrada por indivíduos quer por
iniciativa própria ou em nome do interesse colectivo (Da Costa:2003).

Por ser turno, o Manifesto Contra a Violência Doméstica em Moçambique de 2008, considera
violência como um atentado contra o direito à vida, à segurança, à liberdade, à dignidade e à
integridade física e psíquica da pessoa, traduzindo-se num obstáculo para desenvolvimento de
uma sociedade democrática e solidária.

1.3. Mediação
Segundo Da Costa 2003, a mediação é um processo no qual uma terceira parte presta
assistência as partes em conflitos com vista a ultrapassar as suas diferenças ou conflitos. Para
da Costa (2003:27) ‘’A mediação de conflitos sociais não deve forçar as partes a aceitar as
suas decisões que por sinal não devem ser vinculadas. Deve procurar conciliar os interesses
das partes de modo a garantir um acordo mutuamente satisfatório’’.

Por seu turno, Schrumpt et al. (1997), citado por Vilanculos (2011), vê a mediação como
umprocesso de comunicação onde os intervenientes tem a possibilidade de reunir, sentando-se
frente a frente, conversar e apresentar os seus pontos de vista sobre o conflito.

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1.4. Negociação
Bodine et al. (1994), citado por Vilanculos (2011), é um processo de comunicação que
possibilita ás pessoas trabalharem em conjunto para resolverem os conflitos pacificamente sem
que haja intervenção de uma terceira parte.

Diferentemente de Bodine, Da Costa (2003) entende negociação como um processo segundo o


qual as partes com auxílio da mediação procuram resolver as suas dierenças e / ou problema.

1.5. Barganha
É um processo negocial que ocorre quando as duas partes se encontram numa situação de
motivos mistos ainda que tenham interesses comuns ou divergentes (Da Costa, 2004).

1.6. Focos de conflito


São todos os locais de maior ou menor aglomeração e circulação de todos tipos de recursos.

1.7. Familia

Segundo Manifesto Contra a Violência Doméstica em Moçambique de 2008, família é vista


como um espaço social, sinónimo de segurança, protecção e afecto e também uma rede
intricada e complexa de relações de poder, é doloroso constatar que, particularmente para as
mulheres, se tem convertido cada vez mais num espaço social de risco.

Segundo Lakatos e Marconi (2006), a família é considerada o fundamento básico e universal


das sociedades, por se encontrar em todos os agrupamentos humanos, embora variem as
estruturas e o funcionamento.

Gaspar ( 2004), afirma categoricamente que a família é complexa e variável. Tradicionalmente


é definida como um grupo de indivíduos unidos pelo laço sanguíneo, casamento ou adopção e
que partilham a mesma residência e assumem direitos recíprocos e obrigações, Portanto pode-
se afirmar que a família é um sistema e instituição social que tem como função de âmbito
social a socialização e resolução de conflitos.

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Do ponto de vista legal a família é a célula base da sociedade, factor da socialização da pessoa
humana (Lei nr. 10/2004 de 25 de Agosto; Lei Moçambicana da Família no seu artigo I).

1.8. Conflito

Segundo Da Costa (2004), conflito é uma situação social em que duas ou mais pessoas lutam
conscientemente para obtenção ao mesmo tempo de recursos escassos e pode ser visto sob dois
pontos de vista, na concepção objectiva como uma situação de competição em que as partes
são conscientes da incompatibilidade das suas posições possíveis e na qual cada uma delas
procura obter uma posição que é incompatível com a que a parte adversária quer ocupar e na
subjectiva resultado de uma percepção errada de uma realidade objectiva ou empírica.

Na óptica de Demo (1985), o conflito não pode ser visto como uma obsessão de guerra
desvairada. Ele apenas acha que na convivência humana predominam componentes
impositivos sobre consensuais.

Lakatos e Marconi (2009), definem conflito como luta consciente entre pessoas, contenda entre
indivíduos ou grupos, em que cada qual dos condentores almeja uma solução que exclui a
desejada pelo adversário.

1.9. Gestao
1.10. Mediador
1.11. Prenvencao

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CAPÍTULO II: CONTEXTUALIZAÇÃO
É referente ao contexto em que se realizará a pesquisa. É imprescindível fazer a apresentação e
descrição pormenorizada a respeito do Bairro de Intaka, porém, irá proporcionar ao leitor uma
boa compreensão dos aspectos gerais do local onde decorreu o presente estudo.

2.1. Contextualização do Bairro do Intaca


O Bairro do Intaca (conhecido como Bairro Municipal do Intaca) sita no Município da Matola,
e tem cerca de 12. 400 Habitantes (Senso de 2007), faz limite com os Bairros de Cumbeza;
Malí; Boquisso A e B; Gonlhosa; Muhalase; Mathemele; Licuacuanine; Khongolote e 1º de
Maio.

É composto 31 quarteirões administrados pelo mesmo número de chefes de quarteirões que


contam com apoio de um adjunto e um conselheiro. Estas estruturas têm se encontrado de 15
em 15 dias para discutirem os problemas sociais que assolam a comunidade. De referir que
cada quarteirão tem aproximadamente 300 famílias.

O mesmo Bairro conta com autoridade tradicional, composto por 4 líderes e seus assessores.
Também tem a AMETRAMO, onde se discutem os problemas de obscurantismo. Para além
desta entidade existe a comissão religiosa que coordena com as Igrejas. O Bairro também conta
com um Tribunal e um agente da Policia para solucionar conflitos internos que precisam de
intervenções das instâncias superiores.

Mesmo contendo o número de habitantes referenciados, o Bairro não tem Posto de Saúde e
conta com ajuda de activistas do programa do Ministério da Saúde para vacinas através de
brigadas móveis. Tem apenas 2 escolas primárias até 5ª classe e carece de escola secundária.

No que diz respeito ao Saneamento e meio conta com fornecedores privados de água e 2
fontenárias. A electrificação não está em todo Bairro o que faz com que haja criminalidade
principalmente agressão as mulheres vindo da escola a noite e assaltos a armas brancas.

O Bairro não dispõe de infra-estruturas, e grande parte da população vive a base de cultivo,
venda em mercados informais e outros trabalham em Maputo e na África do Sul.

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CAPÍTULO III: REVISÃO DA LITERATURA
A revisão de literatura possibilita e condiciona a compreensão dos fundamentos que servem de
base teórica sustentável da pesquisa que se pretende desenvolver.

3.1. Noção de família

A família é complexa e variável. Tradicionalmente é definida como um grupo de indivíduos


unidos pelo laço sanguíneo, casamento ou adopção e que partilham a mesma residência e
assumem direitos recíprocos e obrigações, (Gaspar, 2004). Portanto pode-se afirmar que a
família é um sistema e instituição social que tem como função de âmbito social a socialização e
resolução de conflitos.

Do ponto de vista legal a família é a célula base da sociedade, factor da socialização da pessoa
humana (Lei nr. 10/2004 de 25 de Agosto; Lei Moçambicana da Família no seu artigo I).
Em Moçambique, a família é publicamente conhecida como sendo a “célula da sociedade” com
funções extremamente importantes na criação de solidariedade e harmonia social nas
comunidades.

Para Murddock (1972) citado por Barata (2004), a família é um grupo social que se caracteriza
pela residência em comum, pela cooperação económica e pela reprodução.

No seu turno, Lucy Mair (1970:96) citado por Marconi e Lakatos (2006: 171), diz que a
família “é um grupo doméstico no qual os pais e filhos vivem juntos”.

Diferentemente de Mair, Beals e Hoijer (1969:475) citado por Marconi e Lakatos (2006:171),
define a família como “um grupo social cujos membros estão unidos por laços de parentesco”
ou ainda, “um grupo de parentes afins e seus descendentes que vivem juntos”

Das opiniões referenciadas anteriormente, importa destacar Beals e Hoijer (1969:475) citado
por Marconi e Lakatos (2006:171), quando dizem que a família é “um grupo social cujos
membros estão unidos por laços de parentesco” ou ainda, “um grupo de parentes afins e seus
descendentes que vivem juntos”. A partir do momento que os laços nos unem passamos a fazer
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parte de uma determinada família e não ficamos isentos a determinadas funções e/ ou papeis
que são inerentes aos restantes membros dessa família.

3.2. Importância da Família


A família é um instrumento básico no desenvolvimento da criança e constitui o primeiro
momento em que a criança começa a adquirir os primeiros passos de socialização.
“A família é uma rede complexa de relações e emoções na qual se
transmitem sentimentos e comportamentos que não são passíveis de ser
pensados com os instrumentos criados para o estudo dos indivíduos
isolados… a simples descrição dos elementos de uma família não chega
para transmitir a riqueza e a complexidade desta estrutura” (Gameiro,
1994:45 citado por Silva, 2001:41).

Por seu turno, Oliveira et al. (1991), diz que a família constitui um grupo onde se estabelecem
relações de parentesco entre os seus membros, isto é, relações baseadas em laços de sangue e
de casamento.

3.3. O Papel da Família na Gestão e resolução de conflitos Sociais


A família, sendo a célula base de uma sociedade, tem por obrigação o desempenho de várias
funções que têm por finalidade o benefício próprio.

3.4. Conflito Social


O Conflito é uma situação social em que duas ou mais pessoas lutam conscientemente para
obtenção ao mesmo tempo de recursos escassos. Esse conflito pode resultar da diferença de
opinião; sentimentos; aspirações; percepções sobre o mundo que nos rodeia, busca de
satisfação das necessidades básicas tais como a alimentação, vestuários, habitação, etc. ou
mesmo da disputa pela conquista e prevenção do poder, recursos e valores.
Na concepção objectiva o conflito é definido como uma situação de competição em que as
partes são conscientes da incompatibilidade das suas posições possíveis e na qual cada uma

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delas procura obter uma posição que é incompatível com a que a parte adversária quer ocupar
(Gaspar, 2004). Na concepção subjectiva é resultado de uma percepção errada de uma
realidade objectiva ou empírica (Gaspar, 2004).
Na óptica de Demo (1985), o conflito não pode ser visto como uma obsessão de guerra
desvariada. Ele apenas acha que na convivência humana predominam componentes
impositivos sobre consensuais.

Lakatos e Marconi (2009), definem conflito como luta consciente entre pessoas, contenda entre
indivíduos ou grupos, em que cada qual dos condentores almeja uma solução que exclui a
desejada pelo adversário.

No que concerne ao conflito, e tendo em consideração que as partes envolvidas no conflito


procuram outras entidades para que lhes possam ajudar a solucionar os seus conflitos, a ideia
de Gaspar sustenta melhor a presente abordagem, visto que ele afirma que o conflito é
resultado de percepção errada de uma realidade objectiva ou empírica e as partes estão
conscientes da incompatibilidade das suas posições.

3.5. Tipos de conflitos


3.6. Causas de conflitos sociais
3.7. Gestão de Conflito

A gestão de conflitos é um processo caracterizado por tomada de medidas que visam evitar a
escalada dos conflitos.

Chiavenato (2004), afirma que as pessoas nunca têm objectivos e interesses idênticos e essa
diferenciação sempre culmina com algum conflito por mais ínfimo que seja.

O autor diz ainda que o conflito é inerente á vida de cada indivíduo e faz parte inevitável da
natureza humana, está ligado a divergência, discórdia, controvérsia ou antagonismo e
dissonância, Portanto, é muito mais que um simples desacordo ou desavença.

Aferindo-se estas ideias fica claro que a gestão de Conflitos passa necessariamente por
componentes como o evitar ou afastar-se de situações conflituosas. Isto leva nos a concordar
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efectivamente com Da Costa ao afirmar que a gestão de Conflito é caracterizado por tomadas
que visam evitar a escalada dos conflitos.

3.8. Resolução de Conflito

A resolução de conflitos não resulta de uma solução de compromissos ou uma decisão imposta
pela medição. Deve resultar de uma análise e aplicação cuidadosa de opções, formas, métodos
e estratégias de resolução de conflitos. Deve procurar salvaguardar os interesses das partes de
modo a chegar a um ponto de satisfação mútua.

A Resolução de conflitos é um processo que envolve a identificação e análise das principais


causas que deram origem ao conflito (Da Costa, 2004).

Moore (1996), citado por Laice (2008: 21), a Resolução de Conflitos “pode ser visto como um
conjunto de procedimentos que permitem às pessoas minimizar o sofrimento e o dispêndio
desnecessário de recursos disponíveis na resolução de diferença”.

Guilande (2000) citado por Kheel (2000:12) e Laice (2008:22) diz que, resolver conflito é
leva-lo ao fim, todavia sublinha que “os conflitos podem ser abandonados por uma das parte,
terminados à força; ou voluntariamente por via de negociação, mediação ou arbitragem”.
Guilande (2000), citado por Laice diz que, a Resolução de Conflito provém de um pensamento
construtivo conducente a um resultado que satisfaz ambas as partes.

Guilande (2000), citado por De Bono (12) e Laice (2008), diz ainda que a Resolução de
Conflito não é apenas uma tolerância ou aceitação do resultado obtido; mas a visão por ambas
as partes dos beneficiários decorrentes.

Todas as abordagens aqui apresentadas sobre a Resolução de Conflitos vão ao encontro de uma
das perguntas de pesquisa da presente abordagem, visto que todas ideias trazem os mecanismos
de Resolução de Conflitos.

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Mas para melhor explanação nada melhor que continuar com o pensamento de Da Costa
unindo-se a ideia de Laice. Da Costa sobre a Resolução de conflitos faz alusão a identificação e
análise das principais causas que deram origem ao conflito. E por seu turno Laice faz
referência as várias formas de Resolução de Conflito e enfatiza a negociação, mediação, acção
directa e não violenta e também o afastar-se do conflito.

CAPÍTULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS


A análise e interpretação dos dados foram feitas através da colecta de dados no campo e
tratados no programa SPSS, Ms Word e Ms Excel, com a intenção de auferir informação mais
aprofundada relativa ao tema em estudo.

4.1 Introdução
No decorrer da pesquisa, procurou-se apurar a veracidade dos factos a respeito do tema em
estudo, com vista a auferir informações fiáveis para adoptar estratégias e tornar mais efectiva a
participação da família na Gestão e resolução de conflitos sociais.

Contudo, foram efectuadas entrevistas e inquéritos que permitiram que se pudesse adquirir
dados fiáveis para a validade dos mesmos. O presente inquérito foi dirigido a 45 residentes do
bairro do Intaka nos quarteirões 17 e 18, dos quais 40 referente as famílias e os restantes 5
referente as estruturas locais, concretamente 2 chefes dos quarteirões, secretário do bairro,
chefe de habitacao, e agente da PRM.

4.2 Caracterização do Grupo alvo


4.2.1. Idades dos participantes
Das 40 pessoas inquiridas, 50% tem idades compreendidas entre 26 a 45 anos e são a maioria.
12,5% tem idades entre 46 a 75 anos. 27% tem idades entre 10 a 25 anos e os restante 12,5%
são referentes as pessoas que não sabem as suas idades, como ilustra o gráfico 1 abaixo

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Gráfico 4.2.1. Sobre as Idades
(Fonte: MS Excel 2007, dados dos participantes)

4.2.2. Sexo dos participantes


Das pessoas inquiridas 77,5% são do sexo feminino e são a maioria, os restantes 22,5% são do
sexo masculino.

Para justificar este fenómeno, Da Costa (2004), diz que, em algumas sociedades
Moçambicanas a mulher é vista como aquela responsável pelas actividades domésticas e o
homem visto como aquele cuja vida é pública, isto é, o homem trata de negócios, questões
financeiras da família, enquanto que, cabe a mulher zelar por todas as actividades viradas a
casa desde a educação dos filhos; garantir segurança da casa egaranrir que o homem ao voltar
a casa encontre tudo que precisar.

Por seu turno, Barata (2004), para explicar maior representatividade das mulheres refere que, o
homem dedica o seu ócio ao convívio com amigos fora de casa, enquanto que, a mulher tem a
seu exclusivo cuidado de gestão doméstica, ocupando seu tempo livre no seu círculo próprio
com amigos.

20
Como se pode inferir, a mulher é quem mais tempo passa com sua família. Este facto é
comprovado pelo maior índice dos inquiridos na sua maioria serem, como ilustra o gráfico
4.2.2 referente ao sexo.

Gráfico 4.2.2. Sobre Sexo


(Fonte: MS Excel 2007, dados dos participantes)

4.2.3. Sobre Conflitos Sociais


Dos inquiridos 87,5% foram categóricos em afirmar que conflitos sociais, não constituem
nenhuma novidade de conflito social. Em contrapartida 12,5% afirmaram que nunca ouviram
falar de conflitos sociais.

Relativamente aos que nunca ouviram falar de conflitos sociais, por sinal mulheres, pode se
concluir que as mesmas temia tecer algumas considerações na ausência do marido. Sobre esta
atitude Parsons (1966) citado por Barata (2004), faz alusão da diferenciação de papeis, onde o
homem é superior que a mulher e tem poder superior que a mesma.

21
Com esta situação pode-se depreender que a mulher antes de tomar qualquer que seja a atitude
deve consultar ao marido e o marido tem poder mesmo não se fazendo presente no seio
familiar de decisão.

Ainda sobre a menor percentagem é utópico nunca se ter ouvido falar sobre conflito social,
todavia o conflito é indispensável na vida quotidiana. Ele pode até não ocorrer directamente a
pessoa mas a terceiros próximos ou não ele está presente.

Ao que concerne a maioria, pode-se afirmar categoricamente que o conflito social é uma
realidade (como ilustra o gráfico 4.2.3) é necessárias talvez intervenções pragmáticas sobre o
mesmo.

Gráfico 4.2.3. Sobre conflito Social


(Fonte: MS Excel 2007, dados dos participantes)

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4.2.4. Focos de Conflitos Sociais
Dos inquiridos 42,5%, sendo a maioria indicaram outros locais como focos de coflitos. Desses
locais destacaram as barracas; mercados; locais de vendas de bebidas alcoólicas; usurpaçao de
terrenos; locais de concentraçao de jovens.

Uma das estruturas inquiridas afirmou que ‘’os locais de venda de bebidas alcoólicas servem
de locais de concentraçao de criminosos e oportunistas, que durante a calada da noite
roubam-se a si mesmo e nas casas vizinhas, por vezes até fazem com que alguns se daçam as
suas famíla sem bens inanceiros porém são lhes roubados nas discunções após consumirem a
bebida’’.

Sobre usurpação de espaço, alguns inquiridos teceram as seguintes considerações ‘’ o uso e


aproveitamento de terra tem sido maior causador de problemas aqui no bairro, algumas
pessoas desconhecidas vendem terrenos que já tem proprietários e quando os donos voltam
provoca confusao. Outro acrescetava que ‘’os do municipio são os culpados porque vem
demarcar terrenos onde já vivem pessoas’’.

Algumas autoridades locais conirmaram a existencia de usurpaçao de terreno e durante as


entrevistas diziam que ‘’ o uso e aproveitamento de terra de forma ilegal tem sido maior
problema no bairro e para a comunidade nós como autoridades locais estamos envolvidos
nisso. Outro chefe local dizia ‘’ neste bairro por causa de terreno nos como chefes de
quarteirao entramos em atrito com a comunidade pois há estao sendo feito parcelamentos em
zonas habitáveis para se abrir vias de acesso, electificar o bairro mas a comunidade não
percebe isso, porque quando os técnicos estão a fazer seu trabalho nós os acompanhamos a
comunidade já deduz que nós combinamos com eles em troca de valores monetários’’ (vide o
gráfico 4.2.4).

Também existe uma parte significativa que disse ter ouvido falar sobre conflito no bairro. Esta
parte corresponde a 35%, isso significa que há realmente necesidade de se intervir por forma a
propor soluções de suprir ou amenizar a situação de conlitos no bairro.

23
Como já nos diz Vilanculos (2011), na vida das pessoas o conflito é algo inevitável. Diz ainda
que a sociedade é constituída por organizaçoes sociais, grupos e indivíduos que possuem
percepções e perpectivas próprias da realidade que circunda. Para ele ‘’o conflito encontra-se
presente na sociedade, uma vez que cada grupo e/ou indivíduo apresenta as suas convições,
podendo estas conciliar’’ (Vilanculos,2011:2).

Ainda nesta prespectiva Costa /2004) faz alusar dor tipos de conflito e a este grupo enquadra
no Conflito inter-familiar que é aquele em que as partes participantes são constituídas por
familiares ou grupos de famílias que partilham o mesmo local de residência (quarteirão, bairro)
(vide o gráfico 4.2.4).

Dentro desse universo dos inquiridos ainda existe uma parte que ouviu falar sobre conflitos
sociais com a família. Esse grupo corresponde a 10% dos inquiridos.

Sobre este grupo, Costa (2004), volta a ganhar campo ao fazer referência intra-familiar quando
envolve membros da família nuclear e/ou alargada, isto é, é um conflito que no seio familiar
podendo envolver os binómios pai-filho; marido-esposa; sogro-nora/genro, em que a
incompatibilidade, os objectivos e os interesses são claramente diferentes e bem definidos
(vide o gráfico 4.2.4).

Os restantes 12,5% correspondem aos que não responderam. Salientar que estas pessoas
pertecem ao grupo dos que não nunca ouviram falar sobre conflito, portanto não fazia sentido
continuar com o inquérito se no entanto não sabiam o que era (vide o gráfico 4.2.4).

24
Gráfico 4.2.4. Focos de Conflitos
(Fonte: MS Excel 2007, dados dos participantes)

4.2.5.Causas dos conflitos Sociais


Já foi visto que o conflito é inevitável na vida das pessoas, porém, a compreensão das causas
do mesmo é condição para sua resolução.

Logo a prior destacam-se 27,5%, a maioria dos inquiridos que indicaram outras causas dos
conflitos sociais. Dessas causas estão patentes a diferença de percepção, opinião, pensamentos,
sentimentos (Gráfico 4.2.5.).

Sobre esses aspectos Deutsch (1973), citado por Vilanculos (2011), resume as causas de
conflitos em quatro (4) aspectos: controlo sobre recursos; preferências e aborrecimentos;
valores e crenças e as causas acima destacadas ele engloba nas crenças, visto que, para ele
quando factos, informação, conhecimento acerca de certas realidade divergem entre as partes.

Pode-se então concluir que se os aspectos referenciados acima causam conflitos há que
respeitar a opinião de outrem, independente do seu status social.

25
O segundo maior grupo corresponde a 25%. Este por sua vez respondeu que a diferença social
causa sim conflitos sociais (Gráfico 4.2.5.).

Para explicar esta situação Deutsch & Coleman (2000), focando Fischer, é citado por
Vilanculos (2011), ao identificar as diferenças sociais; de poder e de valores entre os
indivíduos ou grupos como principais fontes de incompatibilidade. Para eles os conflitos
sociais firmam-se nas competições existentes nas pessoas.

O mesmo autor diz ainda que os conflitos cujos motivos são valores estabelecem-se nas
diferenças entre valores e princípios das pessoas, ideologias ou formas de estar na vida.

Aliando-se a ideia deste autor pode-se olhar para um exemplo concreto, nas cerimónias
familiares geralmente tem poder de decisão aquele que tiver melhor status e geralmente essa
pessoa tem mais abertura com pessoas que tenham o mesmo nível que ele. Essas pessoas tem
tratamento de primeira, já os demais de classe baixa passam todo dia da cerimónia na cozinha e
servindo os da classe média e ou alta.

20% dos inquiridos afirmaram que as causas dos conflitos sociais são o consumo do álcool
(Gráfico 4.2.5.). Esta questão já foi bem explicada por um dos inquiridos ao dizer que

’’os locais de venda de bebidas alcoólicas servem de locais de concentraçao


de criminosos e oportunistas, que durante a calada da noite roubam-se a si
mesmo e nas casas vizinhas, por vezes até fazem com que alguns se daçam as
suas famíla sem bens inanceiros porém são lhes roubados nas discunções
após consumirem a bebida’’.

15% dos inquiridos responderam que a causa dos conflitos sociais é a feitiçaria. Sobre esta
resposta Costa (2004), diz que a superstição constitui um dos mecanismos de gestão e
resolução de conflitos sociais no seio das comunidades e são frequentes entre famílias.

26
‘’as acusações de feitiçaria são vistas como uma forma de controlo social
face a um conjunto de factores tais com: a turbulência nas relações sociais
resultantes do incremento do êxodo rural, da frustração devido a falta de
realização das expectativas pelo estado; o desemprego como factor
estrutural e consequente aumento de insegurança e instabilidade no seio
familiar; desestruturação das relações familiares; execução social; o
enriquecimento de algumas pessoas e empobrecimento rápido da maioria’’
(Costa, 2004:29).

Os restantes 12,5% correspondem aos que não responderam. Salientar que estas pessoas
pertecem ao grupo dos que não nunca ouviram falar sobre conflito, portanto não fazia sentido
continuar com o inquérito se no entanto não sabiam o que era (Gráfico 4.2.5.).

Gráfico 4.2.5. Causas de Conflitos Sociais


(Fonte: MS Excel 2007, dados dos participantes)

27
4.2.6. Prevenção de Conflitos Sociais
Relativamente a prevenção de conflitos, 47,5% respondeu que só se resolve conversando com
o causar do conflito (vide o Gráfico 4.2.6.).

Claramente que o diálogo é a base para qualquer acção que envolva terceiros. Porém, há que se
lembrar que ‘’a prevenção e um acto ou processo longo, contínuo através do qual se procura
eliminar ou reduzir as origens de conflito’’ (Costa, 2004:34).

20% respondeu que é preciso reunir a família para se prevenir conflitos. Embora em
percentagem menor comparando com os 47,5% ainda existem pessoas que lembram-se que
papel tem a família na GRCS (vide Gráfico 4.2.6.).

17,5% indicou outras formas de prevenção, dentre elas a tolerância, humildade. Evidentemente
a tolerância, o respeito pela diferença é bastante pertinente porém ajuda na prevenção dos
conflitos (vide o Gráfico 4.2.6) .

12,5% correspondem aos que não responderam. Salientar que estas pessoas pertecem ao grupo
dos que não nunca ouviram falar sobre conflito, portanto não fazia sentido continuar com o
inquérito se no entanto não sabiam o que era (vide o Gráfico 4.2.6.).

Os restantes 2,5% previnem os conflitos participando o caso na esquadra.

28
Gráfico 4.2.6. Prevenção de Conflitos Sociais
(Fonte: MS Excel 2007, dados dos participantes)

4.2.7. Situação de Conflitos Sociais


Dos inquiridos 45% já estiveram em situação de conflito e são a maioria. Isto vem a ser
sustentado pela ideia de Costa (2004), diz referir que o conflito social se opõe a pessoas ou
grupo de pessoas no seio de uma sociedade. Ele pode envolver membros da família nuclear
e/ou alargada ou grupos de famílias que partilham o mesmo local de residência (quarteirão,
bairro), (Da Costa, 2004).

Portanto, é utópico pensar que as pessoas vivem sem problemas. A verdade é que elas
conseguem manter e gerir para níveis não violentos. Vilanculos (2011), faz menção e clarifica
que o conflito social é algo inerente a vida do ser humano e em algum momento culminam com
perdas humanas de grande vulto, perda de infra-estruturas entre outras.

29
42,5% dos inquiridos nunca estiveram em conflito social e os restante

12,5% não responderam.

Gráfico 4.2.7. Prevenção de Conflitos Sociais


(Fonte: MS Excel 2007, dados dos participantes)

4.2.8. Resolução de Conflitos Sociais


55% não responderam pois anteriormente responderam nunca ter estado em cinflito.

25% resolveram sozinhos

30
Gráfico 4.2.8. Resolução de Conflitos Sociais
(Fonte: MS Excel 2007, dados dos participantes)

4.5 Proposta de solução


Para solucionar a problemática da não integração da Família na Gestão e Resolução de
Conflitos Sociais achou-se por bem, mobilizar a comunidade, através de cartazes, reuniões para
discussão do tema e junto chegar-se a mecanismos ideais.

Esta proposta não só irá ajudar no reconhecimento do papel da família na Gestão e Resolução
de Conflitos sociais; promover mecanismos de prevenção, resolução e transformação de
conflitos sociais e desenvolver programas multissectoriais, mas também promover o respeito a
humanidade e a honestidade no seio familiar.

A implementação desta solução só será possível com a colaboração de toda a comunidade.

4.6 Implementação da proposta de solução


Na implementação da presente proposta de solução, antes de é prioritário entrar em contacto
com as estruturas locais, como forma de sugerir a proposta de solução que tem como intenção,
incentivar as famílias a se fazer sentir na Gestão e Resolução de Conflitos Sociais. Após a
31
análise e aprovação, fez se a sua implementação através de contacto directo promovido pelo
Secretário do Bairro do Posto Administrativo do INtaka, orientado pela pesquisadora na
companhia de uma equipe constituída por um Sociólogo, Gestor Ambiental, Assistente Social,
Parralegal e um estudante de Direito da Universidade Eduardo Mondlane.
Cada um dos intervenientes tinha uma missão específica. No caso do Sociólogo tinha como
missão perceber o comportamento da comunidade face a realidade que se vive e tentar
aconselhar a mudar de atitude.
O Gestor Ambiental tinha como missãoinsentivar a comunidade a cortar as árvores antigas e
substituí-las por novas
Assistente Social
O Estudante de Direito
O Paralegal

4.7 Resultados depois da Implementação


Após a implementação da proposta de solução, e como forma se saber a actual realidade vivida
no Bairro em relação ao tema em questão foram usados os mesmos instrumentos de recolha de
dados e aplicados ao mesmo número e pessoas seleccionadas anteriormente dando-se ênfase a
questão: O que a família deve fazer para gerir e resolver os conflitos Sociais?
Das 30 pessoas entrevistadas, 27 responderam que sim já foram informados a respeito do
prenchimento da ficha de cadastramento dos parentes de crianças dos 0 aos 5 anos de idade. De
seguida procurou-se também saber se os repesentantes havia falado do objectivo do
preenchimento da ficha. Relativamete a esta questão, do total dos entrvistados, 20 funcionários
que o objectivo fundamental do cadastro dos parentes de crianças abandonadas tinha como
finalidade de permitir o controlo do desaparecimento dos parentes das crianças noInfantário e é
também uma medida que permite a localização dos progenitores ou familiares da criança
abandonada, visto que os parentes após a eintegração na instituição já não se preocupa em
saber da situação.
Quis também saber se tal medida foi acatada ou não por todos no Infantário. Estes, foram
pontuais em afirmar que esta medida veio para ficar e que deveria ser reactivada em casos de

32
incumprimento por parte dos proginitores ou parentes, pois ajuda na diminuição do elvado
indice de crianças abandonadas, tanto na cidade assim como nos arredores.
A ultima questão que preocupou a investigadora, foi de querer saber se ainda se registam casos
de desaparecimento dos parentes das crianças abandonadas no centro pós o método
implementado, todos os funcionários em nùmero de 30 afirmaram que desde que a medida
começou a ser implementada pelo menos dois progenitores cumprem com o compromisso
tendo enconta que podem sr localizados.

33
CONCLUSÃO
Do estudo feito no Bairro do Intaka nos quarteirões 17 e 18 cujo tema era Analise do Papel da
Família na Gestão e Resolução de Conflitos Sociais, tornou-se evidente a presença de Conflitos
Sociais, bem como a exclusão da Família no acto da Gestão e Resolução dos mesmos,
condicionada por diversos factores um dos quais a indisponibilidade da Família face a esta
realidade; alienação a novos hábitos culturais; o egocentrismo e hipocrisia; falta de abertura
entre as famílias; factores sociais e económicos.
Este fenómeno, foi superado na medida do possível com a intervenção feita no terreno que
tinha por finalidade a recolha de dados concisos analisados pelo pesquisador com vista a
adopção de novos mecanismos e estratégias para a superação do dilema.
No que se refere as perguntas de pesquisa usadas como chave para analisar o tema em questão
foram articuladas cuidadosamente a realidade do Bairro e possibilitaram a busca dos ideais que
tinham como pressuposto a mudança de atitudes por parte da Família ao que concerne a Gestão
e Resolução de Conflitos Sociais através não só da responsabilização mas também da
consciencialização das mesmas face ao dilema.
De aferir que, correram de forma satisfatória, visto que nas intervenções a comunidade
mostrou-se eufórica pois pode trocar experiencias com outros membros da sua comunidade
bem como com os palestrantes e aprender a lhe dar com certos impasses. Por alguns minutos
quebrou-se o tabu, mitos e olhou-se a realidade vivida no bairro e de forma conjuna reflectiu-se
em torno desse tema sem se esquecer das medidas a serem tomadas em casos do genero.
De realçar que os intervenientes na análise do tema em abordagem estiveram atentos e pronto a
responder todas as inquietações levantadas pela comunidade no que diz respeito ao Papel da
Família na Gestão e Resolução de Conflitos Sociais.
Contudo, a pesquisadora mostrou-se satisfeita por ter trabalhado naquele Bairro deixou ficar
algumas recomendações em relação ao tema, embora tenha tido dificuldades de trabalhar pois
muitos se não todos inquiridos não quiseram responder os inquéritos temendo ser usurpados
suas casas, mesmo a pesquisadora se fazendo presente do técnico de habitação do bairro que
por todo é bem conhecido.
Embora se tenham registado melhorias a pesquisadora deixou bem claro que o que foi
apreendido deve ser implementado e recordou a comunidade que a família é a base de

34
socialização de qualquer ser humano, portanto é importante que ela esteja incluída em todos
problemas que ocorrem no seio familiar que conjugalmente não são solucionados

35
RECOMENDAÇÕES
Após o estudo perspicaz sobre a questão do Papel da Família na Gestão e Resolução de
Conflitos Sociais, , achou-se pertinente colocar algumas recomendações para debelar o dilema
com que se deparam os residentes do Bairro do Intaka Município da Matola. Entretanto, são
recomendados o seguinte:
o Que abracem qualquer que seja o projecto de intervenção no seu Bairro pois terá por
finalidade o desenvolvimento e bem-estar social do, visto que o mesmo ainda está em
expansão e com poucas infra-estruturas;
o Antes de levarem seus problemas a outras instâncias em casos de não conseguirem
solucionar vem procurar a família para que lhes possa orientar;

Exortar a quem de direito e em particular as Estruturas Locais


o Desatiçar as acusações a feitiçaria e supesticionismo no meio familiar, todavia, esse
tem sido maior promotor dos conflitos sociais;

o Tomar medidas conducentes a exortação a não apagar o mal pelo mal;

o Aumentar o número de sessões de debates sobre os problemas que assolam o bairro e


dar mais ênfase a inclusão da família em todos os processos interpessoais;

o Promova programas que possam juntar as famílias .

As famílias persuadir que:


o Se lembrem sempre que tem a missão de mediar e não de impor o que deve ser feito ou
a posição final;
o Devem ser bons ouvintes e imparciais, independentemente do grau do parentesco entre
os envolvidos no conflito.

36
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁICAS

Richardson & Colaboradores (2009). 3ª Edição. Revista ampliada. São Paulo Editora.

Dicionário Escolar. Língua Portuguesa. Nova Edição. Plural Editora.

Gaspar, A. C (2003). Diagnóstico de focos e Origem de Conflitos Sociais nas Comunidades


Urbanas e Periféricas. Editor António Gaspar.

Gaspar, A. C. (2004). O papel da Família na promoção da cultura da Paz e Resolução de


Conflitos: Chibuto, Jangamo, Inharrime, Manjacaze e Zavala. Volume 2.

Barata, Ó. S. (2004). Introdução às Ciências Sociais. 7ª Edição. Volume 2. Bertarnd Editora.

Barata, Ó. S. (1994). Introdução às Ciências Sociais. 1ª Edição. Primeiro volume. Bertarnd


Editora.

Santos, B. S. & Trindade, J. C. (2003). Conflitos e transformação Social: Uma paisagem das
Justiças em Moçambique. Edições afrontamento. 2º Volume.

Burge, Barbara ett ali (2004). Integração Social, Aprendizagem e Integração na Adolescência e
Juventude. Instituto Piaget.

Cruz, T. & Santos, B. S. (2004). Moçambique e a Reinvenção da Emancipação Social. Editora


Centro de Formação Jurídica e Judiciária.

Santos, B. S., Trindade, J. C. ett all (2006). Conflitos e Transformação Social, Uma paisagem
das Justiças em Moçambique. 2º Volume. Afrontamento.

Lakatos, M. E & Marconi, M. A. (2006). Sociologia Geral. 7ª Edição. Atlas.

Demo, P (1985). Sociologia. Uma Introdução Critica. 2ª Edição. SP. Atlas.

37
Richardson, R. J & Colaboradores (1999). Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3ª Edição.
Editora Revista Ampliada. São Paulo.

Duarte, J & Organizadores (2006). Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação. 2ª


Edição. Editora ATLAS. ABDR.

Ely, C. (1975). Sociedade: Uma Introdução à Sociologia. 4ª Edição. Editora Culturix. São
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Nhancale, F. (1996). Normas, Regras e Justiça Tradicional: Como evitar e Resolver Conflitos.
MAE (Ministério de administração Estatal).

Shutz, A. (1970). Fenomenologia e relações Sociais. Editora Zahar. Rio de Janeiro.

Subuhana, B. R. (2011).COMPLETAR

Moore, C. W. (1996). The Mediation Process: Pratical Strategies for Resolving Conflit. 2 end
Ediction. Editor Bolder Fossey.

Guilande, B. (2000). Gestão de Conflitos Laborais na Comissão Consultiva do Trabalho:


Estudo Amostral. Maputo: UEM – Economia.

O Papel das Autoridades tradicionais na Gestão de Terra: http://www.huambodigital

Conflitos Sócio ambientais: Práticas e Teorias: http://www.apexbrasil.com.br

38
INSTITUTO SUPERIOR MARIA MÃE DE ÁFRICA
Licenciatura em Acção social

Ref:____
PARA COMUNIDADE
Olhando para a realidade do nosso país, onde os conflitos sociais tem tomado dimensões
alarmantes, que por vezes chegam `as instancias superiores sem necessidade, a estudante do 4º
ano do curso de Licenciatura em Acção Social, motivada pela empatia com as vitimas de
conflitos sociais, pretende desencadear uma pesquisa relativa as praticas ao que concerne no
papel da família na gestão e resolução de conflitos sociais, no bairro de Intaka município da
matola nos quarteirões 23 e 28.

INQUÉRITO

Leia atentamente as questões que se seguem e responda com clareza colocando um ” X” que
opção que lhe convêm.

1. Idade__________ anos

2. Sexo:
Feminino ( )
Masculino ( )

3. Onde vive?___________________________________________

4. Com quem? ___________________________________________

5. Já ouviu falar em conflitos sociais?


a) Sim ( )
b) Não ( )

39
6. Onde?
a) No Bairro ()
b) No Serviço ()
c) Com familiares ( )
d) Outros ()

7. Quais tem sido as causas dos conflitos sociais?


a) Feitiçaria ()
b) Diferença de opinião ( )
c) Consumo de Álcool ()
d) Outros ()

8. Como se pode evitar um conflitos?


a) Conversando com a pessoa que criou conflito ( )
b) Participando o caso na esquadra ()
c) Reunindo a família ()
d) Outros ()

9. Como se sente uma pessoa em conflito


a) Rejeitada ()
b) Confusa ()
c) Muito agitada e nem quer ouvir a ninguém ()
d) Outros

10. Já esteve em situação conflituosa?


a) Sim ( )
b) Não ( )

11. Se sim como resolveu?


a) Procurei a família ()
b) Resolvi sozinho/a ()

40
c) Procurei as irmãs religiosas ()
d) Outros ()

12. O que acha que a família deve fazer para gerir e resolver conflitos?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
_____

13. O que gostaria de acrescentar ou achou que não foi perguntado?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
______

Obrigada por ter participado neste estudo!

41
INSTITUTO SUP ERIOR MARIA MÃE DE ÁFRICA
Licenciatura em Acção social

Ref:____
PARA AS ESTRUTURAS LOCAIS
Olhando para a realidade do nosso país, onde os conflitos sociais tem tomado dimensões
alarmantes, que por vezes chegam `as instancias superiores sem necessidade, a estudante do 4º
ano do curso de Licenciatura em Acção Social, motivada pela empatia com as vitimas de
conflitos sociais, pretende desencadear uma pesquisa relativa as práticas ao que concerne no
papel da família na gestão e resolução de conflitos sociais, no bairro de Intaka município da
matola nos quarteirões 23 e 28.

INQUÉRITO
Leia atentamente as questões que se seguem e responda com clareza colocando um ” X” na
opção que lhe convêm.

1. Sexo:
a) Feminino ()
a) Masculino ()

2. Tem se verificado conflitos no bairro?


a) Sim ()
b) Não ()
c) Razamente ()

3. Com Frequência?
a) Sim ()
b) Não ()

4. De que tipo?
a) Feitiçaria ()
b) Furto entre vizinhos ( )
42
c) Violência doméstica ()
d) Outros_________________.

5. Como são resolvidos?


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6. Como as estruturas locais previnem os conflitos sociais a nível do Bairro?
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7. Quais são os focos de destaque dos conflitos?


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8. Alguma coisa que gostaria de saber que não ficou claro ao longo da entrevista?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Muito Obrigado!

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