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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

ROSA MARIA COELHO ROCHA

INDISCIPLINA NA ESCOLA E OS
LIMITES DA AÇÃO EDUCATIVA
2
Sorocaba/Jaboticabal – 2005

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

ROSA MARIA COELHO ROCHA

INDISCIPLINA NA ESCOLA E OS
LIMITES DA AÇÃO EDUCATIVA

Trabalho apresentado como exigência parcial


para a conclusão do Curso de Pedagogia do
Projeto Institucional UNESP/Pedagogia Cidadã
sob orientação do Prof. Dr. Manoel Evaristo
Ferreira
3
4

Dedico este trabalho a meus entes queridos e amigos que


sempre estiveram ao meu lado, compreendendo - me e
apoiando-me.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que deu -me a vida, capacitou-me através de Seu
Espírito Santo, dando-me discernimento e confiança para a realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Manoel Evaristo Ferreira, por sua competência, dedicação e
disponibilidade como orientador desta obra.
A todos os que me foram queridos e importantes durante esta jornada.
Dialogar é descobrir. Quanto mais avançarmos
na descoberta dos outros, tanto mais substituiremos as
tensões por laços de paz.
João Paulo II
RESUMO

Pretendeu-se com este estudo ressaltar a importância do educador enquanto


profissional escolar frente ao desafio indisciplinar. Para atingir esse fim, realizou-se uma
pesquisa bibliográfica, na qual procurou-se apresentar ao leitor, uma análise do problema
indisciplinar, o papel do educador diante desse problema e uma possibilidade de
intervenção pedagógica.
Para tanto situa-se o problema indisciplinar na história, caracteriza-se a intervenção
pedagógica, e disseca-se o problema indisciplinar, procurando-se analisar suas partes
separadamente, para depois juntá-las novamente , pretendendo-se assim, apresentar
subsídios para reflexão do problema indisciplinar em sua totalidade e instigar no leitor, a
necessidade de conhecer para transformar.
Conclui-se, que se faz necessário compreender o problema indisciplinar levando-se
em conta a ambigüidade e a complexidade dos termos disciplina/indisciplina, pois dessa
compreensão dependerá: a postura de cada um perante o problema e a conseqüente
necessidade de buscar ou não, o conhecimento para minimizá-lo; a visão de que o
problema ocorre em todo segmento social, inclusive na escola, e que pode manifestar-se
desde uma resposta grosseira, até a violência explícita; a concepção de que várias podem
ser as causas da indisciplina, não existindo um culpado em especial; e finalmente a visão
de que a disciplina desejada deve ser pensada como um todo, levando-se em conta a
autoridade necessária para o desenvolvimento do trabalho e não o autoritarismo, para que
se possa atuar sobre o mesmo.
Procura-se instigar o leitor a vislumbrar e a buscar a disciplina desejada, levando
em conta o bom senso, mas também o conhecimento científico, deixando de lado sua
posição inicial sobre o assunto para, se necessário, transformá-la.
SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................................................

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................01

1. ANÁLISE DO PROBLEMA INDISCIPLINAR...........................................................2

2. PAPEL DO EDUCADOR DIANTE DO PROBLEMA INDISCIPLINAR NO

CONTEXTO ESCOLAR.....................................................................................................13

3. A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA.............................................................................20

3.1. O que é (in) disciplina?.................................................................................................

21

3.2. Constatação do fato, onde, como e

porquê?...................................................................26

3.2.1. Olhar social.............................................................................................................. 29

3.2.1.1. A relação de

poder....................................................................................................29

3.2.1.2. A relação

ideológica.................................................................................................30

3.2.1.3. A relação sócio-

histórica.........................................................................................31

3.2.2. Olhar escolar.............................................................................................................32


3.2.2.1. Autoritarismo x

espontaneismo................................................................................32

3.2.2.2. Ascensão

social.......................................................................................................33

3.2.2.3. Tipos de

sanções.......................................................................................................33

3.2.2.4. Avental do

professor................................................................................................34

3.2.3. Olhar discente...........................................................................................................34

3.2.3.1. Sentimento de

vergonha...........................................................................................34

3.2.4. Olhar docente...........................................................................................................35

3.2.4.1. Postura do

professor.................................................................................................35

3.2.4.2. Relação professor-

aluno..........................................................................................36

3.2.5. Olhar familiar...........................................................................................................36

3.2.5.1. Olhar

psicológico.....................................................................................................36

3.2.5.2. Culto à

criança..........................................................................................................37

3.3. DEFINIÇÃO DOS

“CULPADOS”................................................................................37
3.4. AFINAL, QUAL A DISCIPLINA

DESEJADA?.........................................................41

CONCLUSÃO......................................................................................................................45

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................49
INTRODUÇÃO

A indisciplina tem causado muitos conflitos em sala de aula, desafiando a

instituição escolar a repensar o processo disciplinar, uma vez que esse fenômeno pode

dificultar o trabalho pedagógico, deixando os professores perplexos e sem ferramentas para

tratar o problema, o que é confirmado por Aquino (1996):

“Há muito os distúrbios disciplinares deixaram de ser um evento esporádico e


particular no cotidiano das escolas brasileiras para se tornarem, talvez, um dos
maiores obstáculos pedagógicos dos dias atuais(...) a maioria dos educadores
não sabe ao certo como interpretar e/ou administrar o ato indisciplinado.”
(AQUINO, 1996: 07)

Assim, o tema que se propõe neste trabalho poderá ter sua relevância confirmada

em virtude desta constatação, uma vez que vivencia-se esse problema, cotidianamente

desde a educação infantil até o ensino fundamental e médio em escolas particulares,

municipais e estaduais. Além disto, pode ser visto que a indisciplina de maneira geral vem

acarretando certo desconforto na sociedade e em particular no contexto escolar, ficando

cada dia mais difícil de se executar o trabalho pedagógico. Pode-se afirmar que isto ocorre

não só pela indisciplina dos alunos mas também pela falta de discernimento e

comprometimento de todos os envolvidos no processo escolar, como se verifica pela fala

de La Taille: “Porém, parece ser esta a queixa atual, traduzida notadamente pelo

vocábulo ‘limite’: as crianças, hoje, não teriam limites, os pais não os imporiam, a escola

não os ensinaria, a sociedade não os exigiria, a televisão os sabotaria etc”.( LA TAILLE,

1996: 09)
Segundo Rego (1996), é difícil delimitar exatamente o que seja indisciplina sem

abordar o próprio conceito de disciplina, que por sua vez enquanto criação cultural não é

estático nem universal. Diante dessa realidade, buscar-se-á ressaltar a importância do papel

do educador frente ao desafio indisciplinar, possibilitando-se a transformação da

intervenção pedagógica em nível institucional, dotando-se esse profissional de subsídios

necessários a um desempenho adequado.

Porém na visão de Aquino (1996), a dificuldade de limitação do tema disciplina se

explicaria pela amplitude do assunto, sendo este um tema transversal àqueles utilizados

pelos teóricos da educação. Ainda segundo Aquino (1996), a indisciplina caracteriza-se

como um problema teórico e prático que necessita de ampla abordagem nas mais diferentes

áreas caracterizando um esforço multidisciplinar de criação de alternativas.

A partir disto, a discussão do problema será dividida em quatro partes na qual será

discutido: o que é (in)disciplina; onde, como e porque esse processo se concretiza; quais

seriam os possíveis culpados dessa situação e qual a disciplina desejada. Para isto propõe-

se que o processo indisciplinar, seja dissecado em partes que poderão levar à compreensão

do todo.

Deste modo partiu-se de observações particulares para que se pudesse chegar a

afirmação de um princípio geral. Sendo assim, primeiramente procurar-se-á uma análise do

problema indisciplinar, começando pelo estado de perplexidade que se encontra a

sociedade, particularmente a instituição escolar, discutindo-se as possibilidades de

intervenção pedagógica diante desse problema. De acordo com La Taille (1996), a

dimensão psicológica da questão da disciplina na escola deve ser analisada sob o prisma da

vergonha e da moral associadas às exigências gerais da sociedade analisando-se o fato de

que (...) “a indisciplina em sala de aula não se deve essencialmente a “falhas”

psicopedagógicas, pois está em jogo o lugar que a escola ocupa hoje na sociedade, o
lugar que a criança e o jovem ocupam, o lugar que a moral ocupa”. (LA TAILLE, 1996:

22)

Por meio desta discussão buscar-se-á explicar o papel do educador diante da

indisciplina no contexto escolar, podendo definir-se sua linha de ação. Assim, pretende-se

apresentar a possibilidade de intervenção pedagógica, a partir de uma linha de

aprofundamento das causas e soluções do problema, instaurado numa perspectiva apontada

por Rego (1996):

“(...) mais do que esperar a transformação das famílias ou de lamentar os traços


comportamentais que cada aluno apresenta ao ingressar na escola, é necessário
que os educadores concebam estes antecedentes como ponto de partida e,
principalmente, façam uma análise aprofundada e conseqüente dos fatores
responsáveis pela ocorrência da indisciplina em sala de aula”. (REGO,
1996:100).

Para a concretização dessa análise, será proposto os seguintes tópicos: “O que é

(in)disciplina?”, onde será discutido o significado das palavras indisciplina/disciplina,

observando que estas podem assumir muitas conotações e que essas podem implicar em

diferentes ações; “constatação do fato: onde, como e por quê?”, cuja intenção será de

embasar a constatação do problema disciplinar, por meio de vários recortes sobre o tema;

“definição dos culpados”, em que será discutida a participação e envolvimento de cada

elemento do processo educativo frente a questão; “afinal, qual a disciplina que tanto

desejamos?”, em que partindo das reflexões dos tópicos anteriores, poderá ser suscitado

nos profissionais da instituição escolar, a necessidade de procurar a disciplina desejada,

tendo em vista a discussão que a obra propõe.

Apesar da sugestão desses tópicos para reflexão, não haverá a pretensão de esgotar

o assunto, nem de propor receitas para resolvê-los, porém pretende-se que a partir dele se

restabeleça o verdadeiro papel desta discussão no contexto educacional. De forma que

possa não ser esquecido, nem tratado superficialmente e sim juntamente com estas notas
ser aprofundado, visando sempre o desenvolvimento integral do cidadão. Parafraseando La

Taille (1996), “O tema é delicado, perigoso até(...)”.(LA TAILLE, 1996: 09)


1. ANÁLISE DO PROBLEMA INDISCIPLINAR

Nunca falou-se tanto em indisciplina como atualmente. A sociedade encontra-se

perplexa diante desse problema, perplexidade esta que ultrapassa os muros escolares,

invadindo os espaços sociais; fato este fundamentado na fala de Rego (1996):

“No cotidiano escolar, os educadores, aturdidos e perplexos com o fenômeno da


indisciplina, tentam buscar, ainda que de modo impreciso e pouco aprofundado,
explicações para a existência de tal manifestação. Muito freqüentemente vêem a
disciplina como um ‘sinal dos tempos moderno’”(...) (REGO, 1996: 88)

A indisciplina em sala de aula apresenta-se hoje, como geradora de inúmeros

conflitos, que muitas vezes ultrapassam a linha divisória entre indisciplina e violência

como alerta Aquino (1996): “A linha divisória entre indisciplina e violência pode se

tornar muito tênue, esgarçando os limites da convivência social”, (AQUINO, 1996: 07).

A violência, que entre as crianças está cada vez mais freqüente, ocorrendo das mais

diferentes formas e intensidade, dificultando a atuação docente. Na fala de Juska (1995),

pode-se fundamentar o processo indisciplinar entre as crianças e a necessidade da

capacitação do professor diante do problema: “O professor se depara diariamente com

uma carga muito grande de agressividade. Crianças e adolescentes podem ser

extremamente cruéis e o professor deve estar emocionalmente e cognitivamente preparado

para enfrentar tal situação.”.(JUSKA, 1995: 46).


Pode-se dizer que a indisciplina apresenta-se, em todas as etapas do ensino, não

sendo igual e nem ocorrendo na mesma intensidade em todas elas, mas ocorrendo inclusive

na educação infantil e podendo até, se complicar nas séries seguintes dependendo da

maneira como nas séries iniciais o assunto seja tratado , como afirma Vasconcelos (1998):

(...) “Nas séries iniciais o problema parece menor, mas isto pode ser, de fato, só
aparência, pois, por um lado, aí justamente pode estar sendo gestado, só não
tendo se manifestado ainda em função da pouca idade; por outro lado,
paulatinamente, temos ouvido cada vez mais queixas também destes professores.
(VASCONCELOS, 1998: 21).

Porém, seria possível afirmar que nem sempre foi assim. Há algumas décadas atrás,

a escola era vista como oportunizadora do status social, propiciava a detenção do saber, do

poder, despertando assim maior interesse em aprender, por parte do alunos. Nesse tempo, o

sistema tradicional reinava e a escola impunha a disciplina através do autoritarismo, as

críticas a esse sistema foram se intensificando e aos poucos foi surgindo a pedagogia nova,

que dava mais importância ao aprender a aprender do que ao conteúdo, dando lugar a uma

prática que necessitava de material especializado e caro, originando assim uma escola

elitizada que mais excluía do que incluía.

Sendo deixado de lado o conteúdo, este foi se diluindo, refletindo esse fato

diretamente na formação profissional do professor, formação essa que carente da teoria,

torna-se precária, contribuindo para aumentar a indisciplina em sala de aula, amparando-a,

uma vez que a falta da teoria vem dificultar o entendimento, por parte do professor, do

processo indisciplinar. Essa teoria que falta ao professor vem acarretando, a esses

profissionais, um certo embaraço, pois, muitas vezes, por não compreenderem ao certo a

natureza desse problema, consideram-no ora como problema psicológico, ora como

problema de aprendizagem, reproduzindo assim, sua má formação.

Outro fator importante nesse processo de transição, foi a mudança do centro do

processo ensino-aprendizagem, que deixou de ser o professor, da escola tradicional, para

ser o aluno, da escola nova, gerando assim, uma dialética: autoritarismo x espontaneismo,
pois passou de um extremo ao outro, onde tudo, ao aluno, passou a ser permitido.

Conforme Guirado (1996):

“A relação professor / aluno já vem abalada por embates e desafios: os


problemas infra-estruturais como os salários e a precariedade das condições
físicas; os problemas sociais e de relacionamento como os de segurança e
ameaças ao exercícios de sua função por alunos e outros grupos institucionais;
os problemas técnicos e de formação que parecem eternamente desencontrados
das demandas e das condições dos aprendizes e assim por diante”.
(GUIRADO, 1996: 69)

É fato que, paralelamente a essas mudanças na educação, a sociedade também

mudou. De acordo com Passos (1996), as mulheres começaram a trabalhar fora de casa, a

jornada de trabalho aumentou, o tempo dispensado as filhos diminuiu, a necessidade de

consumo se intensificou. Nos bastidores dessas mudanças pode-se encontrar a ideologia

agindo através da hegemonia do poder, que se constitui em uma estratégia de conservação

do poder, que usaria a escola como um aparelho ideológico, onde através do mau ensino,

desestruturaria a sociedade, deixando os envolvidos nesse processo, confusos, sem

condições de reagir, e assim a escola garantiria o poderio da classe dominante. Como cita

Tiba (1998), “Os grandes responsáveis pela educação dos jovens, a família e a escola,

não estão sabendo cumprir o seu papel. O que se observa hoje é a falência da autoridade

dos pais em casa, do professor em sala de aula, do orientador na escola”. (TIBA, 1998:

11)

Deste modo fica notório que todos os acontecimentos anteriormente citados,

contribuíram para que o processo indisciplinar se instalasse no seio da sociedade como um

todo, entrelaçando a indisciplina gerada no seio familiar, na escola e fora dela, formando-

se assim uma teia de relacionamentos onde torna-se difícil encontrar quem produz o que.

Pode-se concluir portanto, que a indisciplina gerada na sociedade reflete-se na

escola e vice-versa, devendo o problema ser estudado na sua totalidade. Conforme Rego

(1996):

(...) “estas posições devem ser revistas, já que as explicações, mitos e crenças
sobre o fenômeno da indisciplina na sala de aula difundidos no meio
educacional (...) se embasam em pressupostos preconceituosos, superados e
equivocados (...) sobre as dimensões biológica e cultural envolvidas na
formação de cada pessoa”. (REGO, 1996: 91)

Diante dessa situação (indisciplina), muitos são “ditos” culpados, responsáveis, ora

caindo a culpa sobre a família e a sociedade, ora sobre a escola, o professor e o aluno. A

escola sentindo-se injustiçada por ter que assumir o papel disciplinar que antes era

delegado à família, exime-se da culpa, acusando a família; esta encontrando-se cada dia

mais insegura, com menos tempo para assumir o seu papel, empurra o problema para a

escola, como pode-se verificar: (...) “os professores dizem que os responsáveis pela

indisciplina em sala de aula são os pais (que não dão limites) que culpam os professores

(que não são competentes) e a escola (que não tem pulso firme), que culpa o sistema (que

não dá condições) e etc”. (VASCONCELOS, 1998: 47)

Sendo assim, o problema não é assumido e consequentemente não é trabalhado.

Nesse jogo de “empurra-empurra” o problema indisciplinar encontra um terreno fértil para

sua proliferação, não encontrando adversários a sua altura, tornado-se necessária portanto a

atuação de um profissional competente para solucionar a questão.


2. PAPEL DO EDUCADOR DIANTE DA INDISCIPLINA NO CONTEXTO

ESCOLAR

Pode-se afirmar que diante deste panorama de incertezas e de frustrações

apresentado anteriormente, torna-se necessária a intervenção do professor enquanto um

profissional qualificado, visando a atender a necessidade do aluno, o aperfeiçoamento

constante do conhecimento e do processo disciplinar, onde Aquino (1996) demonstra que

“A saída está no coração mesmo da relação professor-aluno, isto é, nos nossos vínculos

cotidianos e, principalmente, na maneira com que nos posicionamos perante ao nosso

outro complementar”. (AQUINO, 1996:50)

Para que se possa atuar frente ao desafio indisciplinar, torna-se essencial realizar

um diagnóstico do problema, conhecendo-o através de seus sintomas, inicialmente

investigando, procurando responder as perguntas: quando, como e porque esse problema se

iniciou, propondo um projeto de intervenção, implementando-o e avaliando-o

constantemente.

Desta forma, propiciando possibilitar a todos os profissionais da instituição escolar,

uma visão mais ampla da questão, dando-lhes subsídios para compreender as

interferências culturais, sociais, metodológicas, emocionais e psicológicas envolvidas nas

relações educacionais, aprimorando, a percepção de si mesmo e do outro enquanto ser


individual e social, podendo caracterizar uma prática escolar mais efetiva e consciente em

relação a indisciplina, melhorando, talvez, o processo ensino- aprendizagem. Afinal, como

sinaliza Rego (1996), “A cultura é, neste paradigma, parte constitutiva da natureza

humana, já que a formação das características psicológicas individuais se dão através da

internalização de modos e atividades psíquicas historicamente determinados e

culturalmente organizados”. (REGO, 1996: 93)

Deste modo a atuação do professor deverá possuir caráter investigatório, não

somente da problemática da indisciplina, mas principalmente da relação professor-aluno e

das práticas geradas a partir disto; transformando a ação da escola. Assim, segundo Aquino

(1996): “ O papel da escola, então, passa a ser o de fermentar a experiência do sujeito

perante a incansável aventura humana de desconstrução e reconstrução dos processos

imanentes à realidade dos fatos cotidianos (...)”. (AQUINO, 1996:52)

Por meio da ação do educador poderá ser possível a intervenção, que caracterizar-

se-á pela interação deste com o universo escolar, ou seja, com os profissionais da

instituição, com os alunos e seus pais, e também com outros profissionais, através de

parcerias com os mesmos, para melhor compreender o problema, direcionando-se para

mudanças no comportamento das partes envolvidas, devido as transformações provocadas

por essa interação. Pois, segundo Tiba (1998): “Para ser um mestre (...) é preciso: estar

integrado em relação a si mesmo, entender o aluno e conhecer o ecossistema vigente”.

(TIBA, 1998: 64)

Pode-se afirmar segundo Aquino (1996) que, cabe ao professor a difícil missão de

intervir e transformar o processo educativo, através de uma (...) “guinada na compreensão

e no manejo disciplinares, de uma conduta dialógica por parte do educador, pois é ele

quem inaugura a intervenção pedagógica” (AQUINO, 1996:53).


Levando-se em conta o exposto até o momento não se pode deixar de frisar o

quanto o processo indisciplinar envolve negociação na relação professor aluno, assumindo

o aluno como elemento essencial na construção dos parâmetros relacionais, para o que

Aquino (1996) considera como quesitos básicos: (...) “ o investimento nos vínculos

concretos, a fidelidade ao contrato pedagógico e a permeabilidade para a mudança e

para a invenção. (AQUINO, 1996:54)

Deste modo a criação de uma nova ordem pedagógica se faz necessária na medida

em que o educador esteja disposto a discutir a questão disciplinar enquanto desafio, como

cita Tiba (1998): “A saúde relacional requer sabedoria, adquirida através de

posicionamentos ao longo da vida” (TIBA, 1998:68)


3. A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Dentro desse contexto de intervenção pedagógica, sugere-se que o alvo principal,

sejam os profissionais da instituição escolar, visto que eles são o alicerce da instituição e

que poderão a partir disto capacitar-se, contribuindo significativamente para melhorar as

relações educacionais, podendo dessa forma interferir positivamente no processo ensino-

aprendizagem.

Em segundo plano, mas também de vital importância, são os trabalhos realizados

junto aos alunos e seus pais, visto que eles fazem parte do universo escolar e interagem

junto aos profissionais escolares.

Após essas considerações, pode-se afirmar que o pedagogo, num segundo momento

poderá planejar um programa de capacitação que propicie compreensão e solução do

problema; através da reflexão, capacitação e interação dos profissionais educacionais,

entre si e junto a comunidade escolar.

Por meio deste contexto alguns tópicos deverão ser levados em conta em relação ao

problema indisciplinar: o que é (in)disciplina?; constatação do fato – onde, como e por

quê; definição dos “culpados”; afinal qual a disciplina desejada?.


3.1. O que é (in)disciplina?

Quando afirma-se que hoje em dia as escolas enfrentam problemas de disciplina,

pressupõe-se que o significado da palavra disciplina seja transparente. Porém, muitas

vezes contenta-se com um conhecimento superficial das coisas, de senso comum, pouco

fundamentado, como afirma Rego (1996): “No cotidiano escolar, os educadores,

aturdidos e perplexos com o fenômeno da indisciplina, tentam buscar, ainda que de modo

impreciso e pouco aprofundado, explicações para a existência de tal manifestação. Muito

freqüentemente vêem a disciplina como um sinal dos tempos moderno”. (REGO, 1996: 88)

Chegamos até a confundir problema de aprendizagem com disciplina, como mostra

Lajonquiére (1996): “Pois bem, se continuamos mais um pouco o diálogo iniciado com

esses educadores, veremos logo que o limite entre os problemas de aprendizagem e os de

indisciplina torna-se um tanto difuso – alguns comportamentos infantis ora são

considerados sob uma rubrica ora sob a outra”. (LAJONQUIÈRE, 1996: 26)

Muitas vezes deparamo-nos com um saber-não-sabido – é saber o fato acontecido e

não saber sobre o acontecimento – e esse tipo de saber não produz um saber explicativo,

apenas “recupera” o saber inerente à contingência singular do acontecimento, como pode-

se perceber nesta citação: (...) “cabe afirmar que a recuperação do saber-não-sabido que

se supõe na origem não é um saber sobre o acontecimento, isto é, um conhecimento mais

ou menos utilitário”. (LAJONQUIÈRE, 1996: 28).

Refletindo-se sobre o problema da indisciplina será possível chegar a uma resposta

necessária para a ação educativa. Será necessário lembrar-se porém, que há muita polêmica

em torno do termo indisciplina, nem sempre levando a um consenso a respeito do

significado desse termo. Essa dificuldade é expressa não somente por sua complexidade

mas também por sua ambigüidade e pela carência de estudos e pesquisas nesse campo.
Pode-se melhor expressar essa dificuldade, nas palavras de Rego (1996): (...) “o próprio

conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem

tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam

ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade” (...). (REGO,

1996: 84).

Para compreender-se a questão é necessário investigar o termo indisciplina, levando

em conta sua ambigüidade e complexidade para não cair-se em reducionismo, sem no

entanto esgotá-lo.

Buscando-se pelo sentido que a língua portuguesa pode-se encontrar:

“indisciplina: s.f. “Procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência;

desordem; rebelião”. (Ferreira,1990: 938) Sendo a indisciplina a falta de disciplina,

torna-se necessário examinar também o significado desta, levando em conta que a

existência de que, uma poderá significar a ausência da outra: “disciplina: s.f. 1.“Regime de

ordem imposta ou livremente consentida. 2.Ordem que convém ao funcionário regular

duma organização (militar, escolar, etc.). 3.Relações de subordinação do aluno ao mestre

ou instrutor. 4.Observância de preceitos ou normas. 5. Submissão a um regulamento”.

(FERREIRA, 1990: 595)

Essa idéia, calcada em sinônimos de indisciplina poderá iniciar a discussão do

tema, mas sem dúvida não a encerra, pois o este é delicado, e visto sob o olhar humano,

que vê o problema de acordo com sua construção de mundo, o assunto pode ser

interpretado sob várias formas. Pode-se dizer que devido a construção de mundo que o ser

humano realiza ao longo de sua vida, cada pessoa tem a sua concepção de indisciplina, que

pode ou não estar suficientemente embasada.

Se faz possível discorrer-se sobre o assunto, sem no entanto ditar uma definição

absoluta, mas possibilitando a reflexão. Dependendo da maneira de como se concebe a


palavra (in) disciplina e por conseqüência o ato indisciplinar, será também a conotação

ampla ou reduzida que se dará a ela. Se fixarmo-nos na colocação de disciplina do

dicionário, onde diz que esta é um “regime de ordem imposta ou livremente consentida” e

indisciplina é a falta dessas ordens e normas, pode-se concluir que uma pessoa disciplinada

é aquela que segue, observa preceitos ou normas estabelecidas e indisciplinada aquela que

não as segue, não as cumpre. Mas, como pode-se notar nesta citação a definição de

indisciplinado não é tão simples assim:

(...) “se entendermos por disciplina comportamentos regidos por um conjunto de


normas, a indisciplina poderá ser traduzida de duas formas: a revolta contra
estas normas; o desconhecimento delas. No primeiro caso, a indisciplina traduz-
se por uma forma de desobediência insolente; no segundo, pelo caos dos
comportamentos, pela desorganização das relações”.(LA TAILE, 1996: 10)

Na visão do autor citado, poderia se dizer que a indisciplina é caracterizada pelo

não cumprimento das normas estabelecidas, mas que o indivíduo não as cumpre por

desconhecimento ou por sua revolta contra essas normas, estabelecendo-se , assim, dois

tipos de indivíduos indisciplinados, o desobediente e o que representa o caos do

comportamento.

Porém o sentido de indivíduo indisciplinado, tornar-se-á ainda mais complexa se

verificarmos a natureza das regras atribuídas, por isso, é necessário muito cuidado ao se

“taxar” alguém de indisciplinado, pois há que se discutir quais são as regras. Teria que se

examinar as razões das normas impostas, dos comportamentos esperados e a idade dos

alunos observados. Deste modo será necessário observar-se as regras aplicadas, o

comportamento esperado de acordo com a capacidade e idade do aluno, a maneira como

são aplicadas, pois a interpretação que se faça de indisciplina, poderá levar várias

conseqüências à prática pedagógica; visto que:

(...) “O modo como interpretamos a indisciplina (ou a disciplina), sem dúvida,


acarreta uma série de implicações à pratica pedagógica, já que fornece
elementos capazes de interferir não somente nos tipos de interações
estabelecidas com os alunos e na definição de critérios para avaliar seus
desempenhos na escola, como também no estabelecimento dos objetivos que se
quer alcançar”. (REGO, 1996: 87)
A prática pedagógica poderá determinar o comportamento dos alunos, como pode-

se verificar em duas visões pedagógicas diferentes (tradicional e liberal), mas que podem

levar ao mesmo resultado: indisciplina. Nessas duas visões, muito difundidas no meio

educacional, a disciplina está associada à tirania, elas diferem pelos métodos aplicados,

mas ambas valem-se da tirania. Uma delas está relacionada à tirania escolar, a escola

submete o aluno e a outra a tirania dos alunos, a escola submete-se a ele, estimulando uma

espécie de tirania ao inverso.

Na primeira associação, disciplina é vista como submissão total e indisciplina como

um comportamento inadequado, indesejado, um sinal de rebeldia, desacato. Pode-se

traduzir essa afirmação na seguinte fala: “A disciplina parece ser vista como obediência

cega a um conjunto de prescrições e, principalmente, como um pré-requisito para o bom

aproveitamento do que é oferecido na escola. (...) e a indisciplina como (...) “falta de

educação ou de respeito pelas autoridades, na bagunça ou agitação motora. Como uma

espécie de incapacidade do aluno (ou de um grupo) em se ajustar às normas e padrões de

comportamento esperados.” (REGO, 1996: 85) Desta forma as crianças seriam obrigadas a

fazerem o que lhes é imposto como pode-se perceber na idéia: “Geralmente disciplina é

entendida como a adequação do comportamento do aluno àquilo que o professor deseja.

Só é considerado disciplinado o aluno que comporta-se como o professor quer.”

(VASCONCELOS, 1998: 38)

Na segunda associação, tirania dos alunos, vemos uma disciplina manipulada pelos

alunos, onde qualquer tentativa de elaborar normas é vista como autoritarismo. As normas

e regras na escola, nesse pensamento, devem ser abolidas, para não contrariar o aluno. A

indisciplina pode ser até estimulada, uma vez que “ousar” significa desobedecer, esse ato é

tido como iniciativa do aluno; uma espécie de tirania às avessas. Fato comprovado na visão

de Rego (1996):
(...) “qualquer tentativa de elaboração de parâmetros ou definições de diretrizes
é vista como prática autoritária, deformadora ou restritiva, que ameaça o
espírito democrático e cerceia a liberdade e espontaneidade das crianças e
jovens. Sendo assim, apresentar condutas indisciplinares pode ser entendida
como uma virtude, já que pressupõe a coragem de ousar”(...) (REGO, 1996:
86)

Diante disto, segundo Vasconcelos (1998):

(...) “cairemos na educação liberal-espontaneísta, onde disciplina é seguir os


impulsos, fazer o que tiver vontade, não levando em conta nenhuma intervenção.
Essas duas perspectivas geram uma contradição , pois se de um lado, temos os
educadores que só entendem educação através da ótica da repressão; e
reagindo a esta concepção existem, no extremo oposto, educadores que
acreditam que o ato educacional tem como premissa, como ponto de partida, a
liberdade total”.(VASCONCELOS, 1998: 29)

Como as duas perspectivas geram indisciplina, geralmente uma visão atribui a

outra, a indisciplina, estabelecendo-se um jogo de empurra-empurra. Pode-se perceber

nessas duas maneiras de entender indisciplina, que elas encontram-se em pólos opostos e

radicais, gerando de um lado autoritarismo e do outro uma pseudo-libertação do

autoritarismo, mas ambas gerando indisciplina. Esta reflexão poderá levar a concluir que,

regras injustas ou a falta de regras podem, da mesma forma, levar à indisciplina.

Conforme exposto anteriormente, pode-se dizer que a indisciplina nem sempre

denotará um ato indesejável, ela poderá ser bem-vinda, sendo considerada um ato legítimo.

Via de regra, o ato indisciplinar somente leva ao caos, atrapalhando o processo

pedagógico, sendo assim indesejável. Porém, quando reflete-se sobre essa indisciplina e

investiga-se suas causas, verifica-se que, ela poderá ser considerada necessária quando esta

for conseqüência da disciplina imposta, quando for gerada por forças antagônicas que

resistem ao poder de dominação, de hegemonia o que se vê nas idéias de Guimarães

(1996):

“A escola, como qualquer outra instituição, está planificada para que as


pessoas sejam todas iguais. (...) A homogeneização é exercida através de
mecanismos disciplinares, ou seja, de atividades que esquadrinham o tempo, o
espaço, os movimentos, gestos e atitudes dos alunos, dos professores, dos
diretores, impondo aos seus corpos uma atitude de submissão e docilidade.
Assim como a escola tem esse poder de dominação que não tolera as diferenças,
ela também é recortada por formas de resistência que não se submetem às
imposições das normas do dever-ser. .(...) A disciplina imposta, ao
desconsiderar, por exemplo, o modo com são partilhados os espaços, o tempo,
as relações afetuais entre os alunos, gera uma reação que explode na
indisciplina incontrolável ou na violência banal. (GUIMARÃES, 1996: 78)

Ou ainda, quando for considerada uma relação de forças:

(...) “no entanto, o que fica demonstrado é que esta (indisciplina), é uma das
decorrências da disciplinarização: então, as coisas não se passam de fora para
dentro, com um ato de poder reprimindo uma conduta indisciplinada. Pelo
contrário, a indisciplina faz parte da própria estratégia de poder, é gerada pelos
mesmos mecanismos que visam o seu controle.(...) a rede de relações
disciplinares faculta a indisciplina”. (GUIRADO, 1996: 67, 68)

Definir indisciplina, portanto, parece fácil mas não o é, pois é uma ação que

envolve fatores externos ao ato em si, tais como: lugar em que ocorre, como e porque

ocorre.

3.2. Constatação do fato: onde, como e por quê.

O problema indisciplinar existe e, atualmente nas salas de aula, bem como em todo

contexto escolar, é um dos temas que mais preocupam os professores, isso é claro, como

mostra Pimenta (1996): “Uma das principais temáticas que preocupam os professores é a

indisciplina na escola”(...) (PIMENTA,1996:09). Porém, essa preocupação também é

pertinente aos técnicos, pais e até mesmo aos alunos, como pode-se perceber nesta

colocação: “Não apenas professores, diretores e orientadores, mas também pais e os

próprios alunos, com o tempo, tornam-se reféns do emaranhado de significados e valores

que a indisciplina escolar comporta.” (AQUINO, 1996: 7).

Pode-se conferir, que opiniões de Aquino, Vasconcelos, Pimenta, Guimarães entre

outros, convergem quanto a existência do ato indisciplinar, porém divergem quanto a

origem do fato, como, onde e porque ocorrem. Segundo esses autores, a indisciplina

poderá ser indesejável ou desejável, ser considerada necessária ou não, de acordo com a

sua causa.
Deste modo, é possível dizer que a indisciplina não é um fenômeno puramente

escolar, ela se manifesta na sociedade em geral e como a escola é um segmento da mesma,

não poderia ficar de fora desse problema, afinal (...) “não é possível supor a escola como

uma instituição independente ou autônoma em relação ao contexto sócio-histórico (isto é ,

as outras instituições), não é lícito supor que o que ocorre em seu interior não tenha

articulação aos movimentos exteriores a ela”. (AQUINO, 1996: 41).

Forma-se, portanto, uma teia, um entrelaçamento das diferentes instituições sociais,

no qual uma interfere no comportamento da outra. Mas, enfocando-se propriamente a

escola, segundo Vasconcelos, (...) “a indisciplina está presente em todos os lugares da

escola, “no corredor, no pátio, nas imediações da escola, nas festas e eventos da escola e

na sala de aula.”. (VASCONCELOS, 1998: 13). E sobretudo apresenta-se como um

fenômeno que ocorre em escolas públicas e particulares fato comprovado por Aquino: (...)

“dado significativo refere-se ao fato de a indisciplina atravessar indistintamente escolas

pública e privadas”. (AQUINO, 1996:40), percorrendo desde a etapa de educação infantil,

passando pelo ensino fundamental chegando até o ensino médio, pois segundo

Vasconcelos (1998), “Se há alguns anos o grande problema da disciplina era, por

exemplo, da 5ª série em diante, atualmente já existe reclamação de professores de

educação infantil” (...) (VASCONCELOS, 1998: 21)

A escola como um todo, nas pessoas que a integram, discute a questão da

indisciplina e a grande constatação é a de que, atualmente faltariam limites às crianças, elas

não mais obedeceriam, respeitariam e assim por diante. Esse fato poderia ser expresso pela

fala de Aquino (1996), refletindo a voz dos professores:

“Os relatos dos professores testemunham que a questão disciplinar é,


atualmente, uma das dificuldades fundamentais quanto ao trabalho escolar.
Segundo eles, o ensino teria como um de seus obstáculos centrais a conduta
desordenada dos alunos, traduzindo em termos como: bagunça, tumulto, falta de
limite, maus comportamentos, desrespeito às figuras de autoridade, etc”.
(AQUINO, 1996: 40)
Para muitos a indisciplina manifesta-se apenas nos atos dos alunos em (...)

“conversas paralelas; dispersão; professor entra em sala de aula e é como se não tivesse

entrado; dá lição e a maioria não faz” (...) (VASCONCELOS, 1998: 13) Mas, a

indisciplina manifesta-se ainda em atitudes e na falta de comprometimento de pais,

professores, sociedade, direção escolar, e muitas vezes, esses atos podem levar à

indisciplina dos alunos, das crianças. Como verifica-se na seguinte citação: “Desse modo,

os conflitos não resolvidos dos pais prejudicam tremendamente os filhos e acabam

estourando nas escolas” (...) (TIBA, 1998: 158). A falta de comprometimento dos

envolvidos no processo educacional, muitas vezes pode ser constatada em atitudes simples

do dia-à-dia, no relacionamento vital educador - educando e podem ser traduzidas pela

falta de bons exemplos desses profissionais.

A indisciplina mais focalizada pelos adultos pode ser a do aluno, mas com certeza

não é a única. Atos indisciplinares sempre provocam a busca de uma razão para o fato, um

motivo. Torna-se necessário analisar essa questão da indisciplina, levando em conta vários

olhares, várias opiniões sobre suas causas.

É possível que todos dentro e fora da escola, contribuam para que a indisciplina

reine dentro da mesma. As supostas causas, são atribuídas a vários participantes do

contexto escolar sem no entanto ninguém admitir possuí-las, sendo assim, como solucionar

a questão se os atos não são refletidos e assumidos?

Cada indivíduo constrói seu conceito de indisciplina de acordo com as relações que

tem com o meio em que vive, portanto o ato indisciplinar será interpretado de acordo com

determinada visão de mundo, onde os atos poderão ser relevados, pois muitas vezes,

julgam-se necessários para corrigir a indisciplina dos outros; no caso do profissional

escolar, a dos alunos. Desta forma, a indisciplina geralmente é atribuída aos alunos.
A escola encontra-se num contexto sócio-histórico, pode não ser um reflexo

imediato das relações extra-escolares, mas gradualmente as traduz, e por sua vez, gera uma

relação que será incorporada à sociedade como diz Guimarães (1996): (...) “É importante

argumentar que, apesar dos mecanismos de reprodução social e cultural, as escolas

também produzem sua própria violência e sua própria indisciplina”. (GUIMARÃES,

1996:77), e por isso, escola e sociedade entrelaçam-se, uma produzindo a outra.

Torna-se então necessário, analisar o mesmo fenômeno de acordo com vários

olhares sobre ele :

3.2.1. Olhar social:

3.2.1.1. A relação de poder:

Michel Foucault (...) “acolhe aquilo que socialmente é considerado à margem do

aceitável e lhe atribui um estatuto de existência, explicável pelos mecanismos da

exclusão” (FOUCAULT, citado por GUIRADO, 1996: 57). Segundo Foucault, citado por

Guirado (1996), (...) “poder é verbo, é ação. É relação de forças” (...). Na visão deste

autor, poder é uma relação de forças, onde os parceiros desse jogo, estão sempre em

equilibração dessas forças.

De acordo com Guirado (1996) “Isso significa que poder não é uma coisa, um algo

a mais que alguém tem, ou que algum grupo tenha, em detrimento de outro.” (GUIRADO,

1996: 59). Poder-se-ia então afirmar que, o poder disciplinar gera indisciplina para

combater, para jogar com a disciplina. Portanto o ato indisciplinar seria legitimado de

acordo com as considerações de Foucault:

“Uma qualidade das idéias de Foucault é que elas retiram o discurso do eixo
das ‘culpabilizações localizadas’. Nem os professores (braços do poder do
Estado, como querem algumas teorias), nem os alunos (por natureza indolentes
e irresponsáveis, como sugerem outras) são os causadores dos embates do
ensino. A rede de poder é uma estratégia sem sujeito, para esse autor. Isto é, por
efeito dessa rede é que se desenha o perfil da relação. Quando pensamos com
ele, fica difícil caracterizar bandidos e mocinhos, como grupos em ação no
cenário institucional.(FOUCAULT, citado por GUIRADO, 1996:
70,71)

Portanto segundo Foucault citado por Guirado (1996) não existiria um culpado,

pois a indisciplina seria necessária, um ato considerado natural e até essencial na rede de

relações disciplinares que faculta a indisciplina.

3.2.1.2. A relação ideológica:

Para Lajonquière (1996), existiria um discurso pedagógico hegemônico, o qual,

tende a apresentar como problema pedagógico atual, a aprendizagem, insistindo em

desconsiderar a estreita ligação entre aprendizagem, disciplina e psicologia infantil.

Pode-se dizer que a indisciplina não seria levada em conta no discurso pedagógico

hegemônico, mas seria facilmente constatada nas conversas dos professores. Estes por não

saberem ao certo qual a causa do problema de aprendizagem, define-o ora como problema

de falta de capacidade psicológica das crianças, ora como problema de indisciplina, ora

como insuficiência do método de ensino utilizado; encarnando assim, o discurso

pedagógico hegemônico, dando continuidade ao problema indisciplinar.

Deste modo, os professores, sujeitando-se à psicologia infantil (chegando à

psicologização do processo pedagógico - processo este que tenta explicar os atos das

crianças pela psicologia), estariam buscando um saber a posteriori. Assim cada vez mais a

indisciplina se consolidaria, pois os professores procuram, com esse processo, realizar um

objetivo impossível: a partir da idéia da criança-em-desenvolvimento, “criar” uma criança

ideal, sem levar em conta a criança real. Nesse enfoque, a criança disciplinada seria aquela
que se encaixar no molde de uma criança ideal e a indisciplinada aquela cuja imagem

apareceria fora de foco.

Essa psicologização que leva à indisciplina, pois a disciplina nesse caso é ilusória,

seria inserida no contexto escolar pelo discurso pedagógico hegemônico. Portanto, pode-se

concluir que a causa da indisciplina, nesse caso, seria o discurso pedagógico hegemônico,

que a usa para manter a hegemonia. A indisciplina poderá ser considerada necessária, uma

vez que estará a serviço do discurso pedagógico hegemônico.

Porém, como sinaliza Lajonquère(1996):

(...) “nada impede educadores de se desvencilharem do seu mal-estar


profissional. Como se faz isso? É muito simples: abrindo mão, justamente, do
discurso Pedagógico hegemônico. E isso como é que se faz? Em primeiro lugar,
há que aprender a desistir um pouco da exigência louca de querer reencontrar
no aluno real a criança ideal; e, em segundo, deve-se contestar o processo de
psicologização do cotidiano escolar, em especial a ilusão metodológica”.
(LAJONQUIÈRE, 1996: 36)

Nessa perspectiva, ao professor caberia reinventar o cotidiano escolar.

3.2.1.3. A relação sócio-histórica:

A sociedade mudou, mudaram os alunos e a escola?

É possível verificar que práticas escolares são testemunhas de transformações

históricas. De acordo com Aquino (1996), a escola do passado em que a disciplina era

imposta à base de castigo ou da ameaça, assemelhava-se ao quartel, onde as relações eram

determinadas por obediência e subordinação. Com a desmilitarização das relações sociais,

uma nova geração se criou, surge um novo aluno, mas a escola ainda funciona para o aluno

submisso e temeroso.

Por outro lado, teorias psicológicas e suas concepções pedagógicas definem como a

criança se desenvolve, estabelecendo características universais que independem do meio

social. Essas características universais, por sua vez, determinam padrões de


comportamento que são ditados segundo a expectativa da classe dominante, que os torna

obrigatório.

Neste contexto, verifica-se que a escola não teria acompanhado esse processo

histórico, estando despreparada para assumir esse novo aluno, exigindo do aluno novo, o

comportamento antigo, e com isso, gerando indisciplina. Segundo Aquino (1996):

(...) “Nesse sentido, a gênese da indisciplina não residiria na figura do aluno,


mas na rejeição operada por esta escola incapaz de administrar as novas
formas de existência social concreta, personificadas nas transformações do
perfil de sua clientela.(...) Desde este ponto de vista sócio-histórico, a
indisciplina passaria, então, a ser força legítima de resistência e produção de
novos significados e funções, ainda insuspeitos, à instituição escolar”.
(AQUINO, 1996: 45)

3.2.2. Olhar escolar:

3.2.2.1. Autoritarismo x espontaneismo:

Estudos mostram que essas são duas práticas escolares muito utilizadas, inclusive

atualmente, no contexto escolar. Sendo que a primeira delas estaria relacionada à “Escola

Tradicional”, em que as regras seriam rígidas, autoritárias e, a segunda a “Escola Liberal”,

em que em nome da “autonomia” e da liberdade de expressão, tudo seria permitido.

É possível afirmar-se que ambas conduzem à indisciplina, sendo a primeira, pela

rigidez das regras, caracterizada pelo autoritarismo e a segunda pela falta de regras,

caracterizada pelo espontaneismo. Nesse caso, a indisciplina seria gerada no contexto

escolar, pela metodologia utilizada.

3.2.2.2. Ascensão social:


Pode-se dizer que em alguns momentos históricos a escola foi vista como

necessária para a ascensão social, o aluno entendia a escolarização como uma maneira de

“subir na vida”. Conforme Vasconcelos (1998), “Atualmente, com a queda deste mito

(ascensão social), fica muito mais difícil para o professor conseguir um comportamento

‘adequado do aluno” (...). (VASCONCELOS, 1998: 23).

3.2.2.3. Tipos de sanções:

Muitos autores têm se dedicado a observar que a escola poderá querer disciplinar

seus alunos, pelo uso de sanções. Dependendo do tipo de sanção que a escola aplicar, ela

poderá estar ajudando a criança a ser autônoma (ser governada por si própria) ou

heterônoma (ser governada por outrem).

Por meio da sanção expiatória, por exemplo, procura-se obter a disciplina por

coação, usa-se a punição como ameaça. Neste caso a punição poderá acarretar três tipos de

conseqüências: o cálculo de risco (da próxima vez a criança tentará evitar ser descoberta),

a conformidade cega (não precisa mais tomar decisões, basta obedecer) ou a revolta

(revolta contra os opressores). O enfraquecimento deste tipo de sanção seria em virtude de

não haver nenhuma relação entre o ato cometido e a penalidade imposta.

Na sanção por reciprocidade, da qual a escola pode vir a fazer uso, o objetivo seria

fazer a criança compreender que cometeu a falta e que o “elo de solidariedade foi

rompido”.

Conforme indica Vasconcelos (1998): “ É muito comum a criança ser punida e não

saber o porquê; o motivo pode estar claro para o adulto, mas se não tiver para a criança,

não haverá efeito educativo” (VASCONCELOS, 1998: 50), ou seja, torna-se necessário
que a criança compreendesse porque está sendo punida, do contrário a sanção, perde sua

finalidade.

3.2.2.4. Avental do professor:

Diante do que se discutiu é possível verificar que a precariedade das regras

escolares, acaba expondo o professor. Torna-se necessário que a escola estabeleça regras

mínimas para proteger a integridade dos funcionários. Pois, “A falta de regras claras por

parte da escola favorece o abuso dos alunos em proveito próprio e acaba expondo

pessoalmente o professor.” (TIBA, 1998: 119). Tiba, sugere que a escola estabeleça regras

para as transgressões mais freqüentes dos alunos, estabelecendo assim um “avental

comportamental” para o professor, que o protegerá e tornará mais fácil sua convivência

com o aluno.

3.2.3. Olhar discente:

3.2.3.1. Sentimento de vergonha:

Do ponto de vista de La Taille (1996), (...)“a indisciplina em sala de aula é (entre

outros fatores) decorrência do enfraquecimento do vínculo entre moralidade e o

sentimento de vergonha” (LA TAILLE, 1996: 11).

Segundo Sartre, citado por La Taille, “a vergonha pura não é o sentimento de ser

tal ou tal objeto repreensível, mas, em geral de ser um objeto, de me reconhecer neste ser

decaído, dependente e imóvel que sou para outrem”. (SARTRE, citado por LA TAILLE,

1996: 11).
Desta forma, vergonha no seu sentido puro, seria o sentimento de ser objeto da

percepção de outros. Essa percepção em uma forma mais elaborada, estaria relacionada a

valores positivos e negativos. Porém, a vergonha estaria associada a valores socialmente

negativos. Assim, cometer um ato indisciplinado poderia ser visto como um algo

extraordinário ou negativo, dependendo do juízo de valores de quem o fizesse.

Conforme La Taille (1996), a vergonha seria poderia ser encarada sob dois

aspectos: o do sentimento de culpa e o da moralidade. Se no primeiro aspecto ela se traduz

por um controle interno, já no segundo sua origem estaria na relação do indivíduo com

elementos externos ( a família, o grupo social).

A indisciplina nesse caso seria produzida pelo aluno que não possui a moralidade

formada enquanto equilíbrio dos controles interno e externos e os educadores seriam os

coadjuvantes do processo.

3.2.4. Olhar docente:

3.2.4.1. Postura do professor:

Diversos autores sinalizam que a metodologia adotada pelo professor definiria sua

tendência pedagógica. De acordo com exposições anteriores nenhuma dessas posturas

(tradicional ou liberal) seriam muito proveitosas, pois, levam à indisciplina.

Professores mais sensíveis, tendem a encontrar-se desorientados diante da

indisciplina, assumindo diferentes posturas como cita Vasconcelos:

(...) “o professor sente-se angustiado, sem saber o que fazer.(...)As diferentes


posturas diante da indisciplina confirmam esta desorientação:
a) Liberais – convictos (“Não se pode reprimir”) ou demissionários (“Vou dar
aula para quem quiser assistir”);
b) Autoritários – convictos (“Tem que Ter mão de ferro”), ou como único
recurso ( “Eu não gostaria de agir assim, mas não tem outro jeito”);
c) Conformados (“Hoje em dia, indisciplina é normal...”- aceitação passiva da
desordem reinante no setor pedagógico);
d) Comprometidos (“Como enfrentar o problema?” “Como superá-lo?”);
e) “Bem resolvidos” – intuitivos (“Não sei o que faço, só sei que dá certo”), ou
conscientes (“Meu trabalho está fundamentado no seguinte:...”);
f) Acusadores (“Os pais são responsáveis; “É o sistema”, “É a direção que
não faz nada”.);
g) Desesperados (“Não sei mais o que fazer...”);
h) Em vias de desistir (“Assim não vai dar mais...”).(VASCONCELOS,
1998: 50)

Assim torna-se possível afirmar que o professor, encontra-se perdido dentro do

processo educativo, tornando mais fácil a proliferação da indisciplina dentro do contexto

escolar. Referenda-se esta idéia pela fala de Luna (1998):

“O professor sem convicção em sua ação pedagógica, poderá deixar


transparecer sua falta de firmeza e com isso gerar indisciplina. “A indisciplina
parece ser mais freqüentemente gerada em duas situações: como o último
recurso contra o autoritarismo do professor ou como expressão de sua falta de
autoridade.” (Luna, 1998: 69)

3.2.4.2. Relação professor-aluno:

Segundo Aquino (1996), o núcleo concreto das práticas educativas e do contrato

pedagógico, deveria ser a relação professor-aluno na qual deveria existir o “estar entre”. O

conhecimento deveria “estar entre” o que ensina e o que aprende, é o “entre pedagógico”.

De acordo com Aquino (1996), (...) “não é possível conceber a instituição escola

como algo além ou aquém da relação concreta entre seus protagonistas. Ao contrário a

relação instituída/instituinte entre professor e aluno é a matéria prima a partir da qual se

produz o objeto institucional”. (AQUINO, 1996: 49)

Deste modo, segundo Aquino (1996), essas relações ora mostram-se divergentes,

ora complementares mas sempre suportadas pela rede de relações entre seus atores

concretos. E, diante disto, a saída para a compreensão e manejo da indisciplina estaria na


relação professor/aluno. O professor deveria capacitar-se para reconhecer em seus alunos

os pré-requisitos (infra-estrutura moral) que trazem e resgatá-los em sua relação. A ação do

educador deveria estar fundada no conhecimento, que deveria fundar e resgatar a

moralidade discente na medida que o trabalho da produção do conhecimento pressupõe a

observância de regras, de semelhanças e diferenças, de regularidades e exceções.

3.2.5. Olhar familiar:

3.2.5.1. Olhar psicológico:

A família, atualmente, encontra-se em uma situação delicada, sendo acusada de não

cumprir seu papel educacional, não garantindo a infra-estrutura psicológica para a criança,

delegando suas responsabilidades a outros. Como se observa na seguinte citação:

“Objetivamente a família não está cumprindo sua tarefa de fazer a iniciação civilizatória:

estabelecer limites, desenvolver hábitos básicos” (...).(VASCONCELOS, 1998:22)

Deste modo, torna-se prioritário a parceria escola-família, pois como afirma Aquino

(1996):

“A estruturação escolar não poderá ser pensada apartada da familiar (...)”


Claro está que não há possibilidade de escolarização sem a disponibilidade do
sujeito para com a cultura, da qual o professor seria um porta-voz privilegiado
(...) não há possibilidade da escola assumir a tarefa de estruturação psíquica
prévia ao trabalho pedagógico; ela é de responsabilidade do âmbito familiar”.
(AQUINO, 1996: 46).

3.2.5.2. Culto à criança:

A atual geração de pais seria conseqüência da filosofia do “É proibido proibir”,

com isso, a família antes organizada em função dos adultos, passou a ser organizada em

função das crianças, os pais vão, como a escola, do autoritarismo ao espontaneismo.


Pais demonstram ter medo de impor limites, porque significaria impor o registro

adulto, no qual não mais se acredita. Os pais, teriam deixado de lado o papel de educadores

(...) “Os pais engatinham na frente de seus filhos, brincam de negar as diferenças e de ser

apenas “amigos” de suas progenituras, escondem seus valores por medo de contaminá-

los, aceitam seus desejos por medo de frustrá-los”. (LA TAILLE, 1996: 22).

De acordo com La Taille (1996), por não acreditarem mais em seus próprios

valores, pais e professores demonstram medo em impor limites às crianças, tornando-as

reis absolutos de suas próprias vidas, onde não há espaço para o saber e a disciplina.

Tendo por base essas causas, é possível refletir um pouco mais sobre a indisciplina,

apontando para os seus possíveis “culpados”.

3.3. Definição dos “culpados”

Verifica-se que, várias podem ser as causas indisciplinares no contexto escolar.

Uma vez apontados os porquês da indisciplina, suas possíveis causas, não se pode

deixar de refletir sobre os supostos culpados, que de certa forma já foram apontados.

De acordo com os vários olhares mencionados, poder-se-ia se dizer que a

sinalização dos culpados para o ato indisciplinar seria de profunda ambigüidade. Como já

foi demonstrado, do ponto de vista de Foucault, a indisciplina não teria um culpado

específico, a “culpa” estaria na relação natural entre os sujeitos da ação. Sob outros olhares

que admitem culpados, estes poderiam ser: o discurso pedagógico hegemônico, a escola, o

sistema social, o aluno, o professor e a família.

Diante do exposto, poder-se-ia montar a história do nascimento da indisciplina. Que

poderia ser a de um sistema sócio-econômico, , através do qual a classe dominante,

segundo Lajonquière (1996), exerceria seu poder a partir de um discurso hegemônico, onde
todos os personagens envolvidos, nesta sociedade, seriam “usados” por essa classe

dominante. A escola seria usada para perpetuar esse domínio, através de métodos

inadequados (autoritário/liberal) e da psicologização do saber. Os alunos mal orientados

por seus educadores (pais e professores), seriam as maiores vítimas, e se rebelariam contra

as injustiças. Poder-se-ia acrescentar a este quadro a idéia de Vasconcelos, 1998, em que

professor mal remunerado, mal formado, perplexo com a situação assumiria várias

posturas, o que confundiria ainda mais os alunos, ajudando, consciente ou

inconscientemente o sistema. Finalizando esta história surgiria, segundo Tiba, 1998, a

família desorientada, com uma carga muito grande de responsabilidade em relação ao

sustento dos seus, não assumindo seus filhos com autoridade e não orientando-os para uma

vida em sociedade. Alinhavando todas estas idéias, nasceria a indisciplina, princesinha do

sistema, que reinaria solta!

Valeria refletir que nessa história, os personagens ora são vítimas, ora culpados.

Pode-se dizer que, os culpados podem tornar-se vítimas do sistema, ou de si mesmo, por

desinformação e culpados por convicção, pois como aponta Guirado (1996), “Nem os

professores (braços do poder do Estado, como querem algumas teorias), nem os alunos

(por natureza indolentes e irresponsáveis, como sugerem outras) são os causadores dos

embates do ensino. A rede de poder é uma estratégia sem sujeito”. (GUIRADO,1996: 70).

Afinal, quem deveria responder pela indisciplina? Ora vítimas, ora culpados, a

verdade é que todos seriam parte do processo indisciplinar.

A sociedade realmente mudou, a educação inicial das crianças que tradicionalmente

cabia aos pais, hoje estaria sendo dividida com a escola. As crianças estão começando a

freqüentar a escola cada dia mais cedo, como descreve Tiba (1998): “É o reconhecimento

de que as crianças estão indo cada vez mais cedo para a escola e da força que essa
instituição assume na educação das novas gerações.”(TIBA, 1998: 157). Os pais têm cada

vez menos tempo para as crianças, estão desestruturados, desorientados.

Porém, essa situação em que se encontraria a família, é resultado da relação da

mesma com a sociedade, causando uma série de conseqüências:

“A concentração de renda no país e a ânsia de consumo, são dois fatores que


influenciam a dinâmica familiar, tendo como conseqüências: homem trabalha
mais, mulher vai para o mercado de trabalho, a preocupação com desemprego,
menos tempo (quantitativo e, sobretudo, qualitativo) para a família”.
(VASCONCELOS, 1998: 24)

Assim, a criança estaria chegando até a escola com seus pré-requisitos

(psicológicos, morais e éticos) prejudicados, levando os professores a desempenharem

(precariamente) o papel antes delegado à família como mostra Aquino (1996):

“Entretanto, algumas funções adicionais lhe vêm sendo delegadas (à escola) no decorrer

do tempo, funções estas que ultrapassam o âmbito pedagógico e que implicam o

(re)estabelecimento de algumas atribuições familiares”. (AQUINO, 1996: 46)

Com essa mudança da sociedade, os professores estariam em situação parecida com

a da família: não estariam capacitados para assumirem essa nova situação e sua formação

profissional também deixaria a desejar. Devido a trama social que envolve escola/família,

estas estariam no mesmo impasse conforme Vasconcelos (1998) diz:

(...) ”Talvez, num exercício de descentração, os professores poderiam pensar um


pouco sobre sua própria situação: acaso estão dando aula do jeito que estão –
sem preparar muito, sem aprofundamento, sem clareza dos objetivos, sem
renovação metodológica, sem articulação interdisciplinar, sem relacionar os
conteúdos com as necessidades dos educandos, etc.- porque decidiram
livremente?(...) Ao nosso ver, ao procurarmos entender o que está se passando
com a família poderemos entender muito de que está acontecendo com a escola
e com os próprios professores, já que tudo está relacionado”.
(VASCONCELOS, 1998: 22)

Por tudo que foi exposto, pode-se verificar que a instituição escolar (nas pessoas de

quem a compõe) estaria igualmente atônita, sem saber o que fazer, uma escola com

moldes antigos, autoritária, preparada para um tipo de aluno, imaginário, e não real. Quais

significados, então, poderia se subtrair dos fenômenos que rondam esta nova escola,
incluída aí a indisciplina? Nas palavras de Aquino (1996), “Ela poderia estar indicando o

impacto do ingresso de um novo sujeito histórico, com outras demandas e valores, numa

ordem arcaica e despreparada para absorvê-lo plenamente”. (AQUINO, 1996: 45)

Para essa escola, que já não corresponde aos anseios da sociedade (ascensão social),

com sanções descabidas, que não estabelecem regras comportamentais para transgressões

do aluno, Tiba (1998), sugere um “avental comportamental”: “As normas escolares, o

avental, contribuem para que o corpo docente se organize perante a falta de educação e

disciplina dos alunos.” (TIBA, 1998: 123). Esse avental comportamental, que seriam as

normas escolares, apontaria regras para ajudar na estruturação da escola, e para tal, torna-

se necessário um trabalho conjunto, sério, comprometido por todos e com todos.

O aluno, poderia ser considerado a maior vítima do processo indisciplinar, uma vez

que seus educadores (pais, professores, diretores) não estariam cumprindo seus papéis, e

mesmo assim, estariam sendo considerados os vilões, pois seus atos indisciplinares são

explícitos, camuflando a responsabilidade de outros personagens dessa história.

Realmente Tiba (1998) aponta que estariam ocorrendo falhas, tanto na família,

quanto na escola, em relação a educação das crianças, “Os grandes responsáveis pela

educação dos jovens, a família e a escola, não estão sabendo cumprir o seu papel. O que

se observa hoje é a falência da autoridade dos pais em casa, do professor em sala de aula,

do orientador na escola.” (TIBA, 1998: 11).

Porém, essa situação pode ser apontada como resultante de uma macro estrutura,

onde todas as instituições envolvidas no processo disciplinar, seriam regidas, pelo processo

hegemônico da classe dominante, para disciplinar de acordo com sua vontade. Assim,

segundo Vasconcelos (1998):

“Numa primeira abordagem da disciplina, pode-se dizer que, em grandes linhas,


disciplinar significa participar do esforço civilizatório, e a escola nada mais
faria que colaborar com este esforço geral. Ocorre, no entanto, que esta é uma
visão idealista, uma vez que, na verdade, não existe civilização em geral, mas
formas históricas de civilização, que no nosso caso corresponde ao modo
capitalista de produção, com sua divisão em classes sociais antagônicas;
portanto, na nossa realidade, no sentido geral, disciplinar corresponde a
adequação à sociedade existente; significa, pois, inculcação, domesticação,
resignação à exploração, etc”. (VASCONCELOS, 1998: 37)

Torna-se necessário saber reconhecer conscientemente os fatores envolvidos nesta

temática para que seja possível revertê-la. Como aponta Vasconcelos (1998):

“É preciso termos consciência de que estamos numa grande luta. A luta contra a
brutalização, a alienação, a destruição do homem. Não podemos esquecer isto e
reduzir o problema apenas à relação professor-aluno, aluno-escola. O inimigo é
muito maior do que se imagina num primeiro momento (e não é o aluno).O
trabalho da escola tem uma repercussão muito maior também. Não se trata
simplesmente de transmitir determinados conteúdos acumulados pela
humanidade; trata-se além disso de inserir o sujeito no processo civilizatório,
bem como na sua necessária transformação, tendo em vista o bem comum .
(VASCONCELOS, 1998: 33)

Deste modo, a compreensão da questão disciplinar, (...) “.poderá nos ajudar a

estabelecer um relacionamento com os alunos e suas famílias menos marcado pela

acusação, possibilitando uma autêntica busca de assumir as responsabilidades

respectivas, superando o famigerado ‘empurra- empurra’.” (VASCONCELOS, 1998: 22)

3.4. Afinal, qual a disciplina desejada?

Vasconcelos (1998), em seu livro Disciplina, trata o problema indisciplinar de

maneira completa, ou seja, analisa o fenômeno e propõe uma teoria para ajudar o professor

a minimizá-lo, pois diz que, “podemos ter páginas e páginas escritas sobre disciplina mas

que não ajudam em nada o professor.”(VASCONCELOS, 1998: 17)

Verifica-se que muitos sonham com a disciplina, mas será que ela aparece da

mesma maneira em todos os sonhos? Como se discutiu anteriormente, o ser humano

constrói sua visão dos fatos de acordo com a interação que tem com o mundo, sendo assim,

a disciplina, tão desejada, poderá assumir várias facetas, ora aparecendo como libertadora,

ora como opressora. Então a disciplina desejada, poderá não ser a mesma para todos, pois
dependendo de quem a deseje, ela poderá tornar-se normas autoritárias ou ordem

consentida livremente.

Sendo assim, poder-se-ia questionar a necessidade desta nas palavras de Pimenta

(1998): (...)“ se entendermos que a disciplina é uma ordem consentida livremente

conveniente ao funcionamento regular das organizações sociais, então a disciplina é

importante na organização escolar, tendo em vista suas finalidades educativas”

( PIMENTA, 1998:09).

Uma vez confirmada a necessidade da disciplina como ordem consentida

livremente, poder-se-ia afirmar que ela seria necessária para colocar-se em prática o

trabalho pedagógico como se verifica nesta citação: (...) “a verdade é que há um consenso

sobre o fato de que sem disciplina não se pode fazer nenhum trabalho pedagógico

significativo.” (VASCONCELOS, 1998: 37)

Sendo a disciplina necessária, resta refletir sobre o que se entende por disciplina,

pois dessa visão vai depender a intervenção pedagógica. A visão de disciplina muitas vezes

pode não ser direcionada para o bem comum, deixando transparecer desejos pessoais,

ficando difícil de se chegar a um consenso em relação às regras a serem cumpridas, como

nos diz Pimenta (1998): “A dificuldade em se lidar com a disciplina na escola deve-se,

portanto, à dificuldade em chegar-se à ‘ordem consentida livremente’ entre os atores do

processo educativo escolar – professores, alunos, familiares, coordenadores, diretores.”

(PIMENTA, 1998:9)

Então, como se chegar a um consenso dessa ordem consentida livremente? Muitos

autores denunciam a má formação do professor, sua incômoda situação no processo

educacional. Vasconcelos (1998) aponta as possíveis falhas dos professores e de todos os

envolvidos nesse processo e uma possível saída para a situação, por meio da

conscientização, como ele próprio diz: “Buscamos a conscientização da comunidade


educativa em torno de um novo sentido de disciplina.” (VASCONCELOS, 1998: 17) Para

tal conscientização ele propõe a dialética, ação-reflexão-ação, e explica: “Temos pois, que

partir da realidade, refletir sobre ela de forma a despertar o desejo, a vontade política, o

compromisso de se construir algo diferente, buscar junto o que seria isto e colocar em

prática; voltar a sentar em conjunto, refletir sobre a prática, etc”. (VASCONCELOS,

1998: 17)

O medo das “receitas pedagógicas”, pode ser apontado como fator de geração de

falta de compromisso para com os professores. Vasconcelos (1998) não oferece receitas,

mas procura encaminhar as reflexões através de uma teoria consistente. Segundo

Vasconcelos (1998), “Precisamos, portanto, de uma teoria que ajude a analisar a

realidade.(...) O desafio, pois, é construir uma teoria que efetivamente possa ajudar a

enfrentar o problema.”(VASCONCELOS, 1998: 17).

Partindo desta linha de pensamento, será possível ao professor enfrentar a questão

indisciplinar embasado numa teoria que poderá vir ajudá-lo a ter consciência da existência

do problema, em toda sua amplitude, analisando a sua realidade, propondo uma solução

para sua prática, transformando-a e voltando a refletir sobre essa prática, numa linha

dialética. Assim o educador poderá estar ajudando, “A construir uma nova hegemonia, a

hegemonia das classes populares. A realidade está assim mas pode ser mudada; a partir

da experiência de mudança no microcosmo educacional, o aluno está se educando para a

mudança social mais ampla.” (VASCONCELOS, 1998: 40)

Baseados nos tópicos anteriores, torna-se claro que a questão indisciplinar é de

natureza extremamente ambígua e complexa, que demanda ampla reflexão e ação, como

afirma Vasconcelos (1998) :

“O problema é maior do que pensamos”, precisamos entendê-lo para combatê-


lo, precisamos superar antigas concepções de disciplina (autoritária e
espontaneista), e almejar: ...uma disciplina consciente e interativa, marcada
pela: participação, respeito, responsabilidade, construção do conhecimento,
formação do caráter e da cidadania. A disciplina consciente e interativa,
portanto, pode ser entendida como o processo de construção da auto- regulação
do sujeito e/ou grupo, que se dá na interação social e pela tensão dialética
adaptação-transformação, tendo em vista atingir conscientemente um objetivo.
(VASCONCELOS, 1998:40)

A disciplina da forma como Vasconcelos (1998) a coloca, aponta para o fato de que

existe grande dificuldade em se encontrar uma única solução para o problema, devido as

próprias diferenças entre os seres humanos. Porém, ousa-se dizer que é esta mesma

antítese que engrandece a criação Divina. Cada ser humano, sendo parte nesse processo,

teria também uma função específica no contexto de seu entorno.


CONCLUSÃO

Do que foi apresentado, pode-se concluir que o educador pode vir a capacitar-se

para auxiliar na identificação e resolução dos problemas indisciplinares, investigando-os,

intervindo e avaliando-os, por meio de um projeto de intervenção pedagógica, em função

da prática grupal, assessorando assim os alunos e a própria instituição escolar.

Conclui-se também, que um projeto de intervenção poderá contribuir para a

qualificação do profissional escolar não só em relação ao conhecimento do processo

indisciplinar, como também de seu aperfeiçoamento comportamental, inter e intrapessoal,

para que este possa vir a transpor suas dificuldades.

No estudo realizado, embora possam existir divergências de como a indisciplina é

gerada, existem, com certeza, pensamentos convergentes quanto ao fato de sua existência.

A indisciplina não seria ocorrência escolar apenas, ela viria manifestar-se em toda a

sociedade e não se pode acusar somente esta ou aquela instituição social pelo problema

indisciplinar, pode-se até dizer que elas são cúmplices nesse processo.

A indisciplina é um problema que poderá vir a ser maior ou menor para esta ou para

aquela instituição, mas sem dúvida é um problema que vem aumentando e fazendo, no

contexto escolar, dos professores, diretores, pais e alunos, seus reféns.


Para combater a indisciplina torna-se necessário um conhecimento sólido sobre o

assunto, pois o conhecimento superficial do problema indisciplinar poderá gerar uma certa

confusão, entre os envolvidos nesse processo, levando-os, a uma postura inadequada,

agravando o problema. Torna-se necessário, portanto, conhecer-se verdadeiramente o

problema, comprometendo-se com a solução do mesmo e, se necessário, transformando-se

as posturas. Isto somente será possível a partir da reflexão sobre as concepções e

preconceitos sobre a indisciplina, gerando-se a busca de conhecimento que possa ajudar a

minimizar o problema, levando em conta o bem de todos.

Para se conhecer a questão torna-se essencial conscientizar-se de que o tema é

ambíguo e complexo (que não é estático e nem uniforme) e, por isso, há a necessidade de

se olhar o assunto sob vários pontos de vista, para chegar-se a uma conclusão sempre

partindo da realidade.

A maneira como se entende a indisciplina poderá interferir na prática pedagógica

sendo, por isso, importante a reflexão de onde, como e porque o fenômeno ocorre.

É comum procurar-se culpados para o problema indisciplinar, buscando-se soluções

imediatas, vendo-se a indisciplina apenas no próximo, vendo-se somente o outro como

culpado, sem no entanto contribuir para a solução desse mal.

Por meio deste estudo torna-se possível verificar que a indisciplina não tem um

culpado em potencial, que todos os envolvidos teriam sua cota de responsabilidade e que

com o comprometimento de todos, o problema é passível de ser resolvido em nosso âmbito

escolar. A solução parece clara: partindo-se de nossa realidade, não valendo-se apenas do

senso comum para resolver o problema mas, utilizando-se de trabalhos científicos

(conhecimento cientificamente produzido), com os quais possa-se interagir de maneira

autônoma, efetivando a prática pedagógica, num processo de ação-reflexão-ação.


Deste modo, na busca da disciplina desejada, precisa-se ter em mente que será

necessário bom senso na criação de alternativas. A partir de uma reflexão séria,

comprometida de tudo o que foi exposto, será possível vislumbrar a disciplina desejada,

uma disciplina consciente, coerente com a prática educativa de cada um.

A construção de um ser que afirme ações éticas e políticas não é simples. Exige um

trabalho árduo e constante.

Para responder-se a qualquer questionamento, isto é, para poder se estabelecer fins

e meios que apontem para a superação do mesmo, é necessário vislumbrar-se o futuro, mas

sem desconsiderar-se as condições do presente e as experiências do passado, levando-se

em conta o contexto e os pressupostos filosóficos, culturais e políticos de quem, com quem

e para quem se planeja o ensino. Precisa-se desejar ultrapassar limites, construir

conhecimento para que se inicie a revolução particular, enxergando-se sempre o problema

sob todos os ângulos, sem crenças pré-estabelecidas em verdades absolutas.

É essencial que se conheça, mais sobre o problema indisciplinar e que se utilize

essas informações no ambiente escolar, e fora dele, de proceder-se em atitudes autoritárias

que podem sim, agravar mais ainda o problema. Para isso, contudo é necessário que a sala

de aula se firme como espaço público, lugar de produção das realizações coletivas e

exercício permanente da individualidade humana.


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