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SÃO PAULO
2018
DANIELLE PAIS BALBINO
LAÍS RIBEIRO SOARES
SÃO PAULO
2018
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
BANCA EXAMINADORA
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DEDICATÓRIA
APRESENTAÇÃO
Lóris diz que quando refletia sobre o aprender e ensinar acreditava que as
crianças podiam construir sua aprendizagem, e assim, Malaguzzi retoma
características das pesquisas de Jean Piaget:
René Barbier, autor que fez estudos sobre a escuta sensível, afirma
que tal escuta é importante na educação, pois se torna uma relação dialética
entre ensinar e aprender, pois nesse contexto, acreditamos que todos são
capazes de ensinar e aprender. E obter esse sentimento de identificação entre os
pares é o ponto de apoio para a escuta sensível, afinal, aquele que escuta está se
abrindo para aprender e compreender a quem ouve, havendo uma troca de
experiências em ambas as partes.
do adulto ajudá-la em sua auto regulação, que passa por ajudá-las a nomear o
que sentem e descobrem.
Por fim, o educador que pratica uma escuta ativa permite a criança
enxergar-se como sujeito participativo e protagonista de sua própria história. Não
significa que o professor deve fazer suas vontades, mas criar condições para que
a criança se desenvolva diante das descobertas, experiências e aprendizagens. É
direito de a criança frequentar uma escola de Educação Infantil de qualidade que
respeite o seu modo, isto é, ser, ver, interpretar e compreender o mundo.
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opinião e pensamento, têm voz dentro da sala de aula sendo protagonista da sua
aprendizagem.
Sendo assim, tais espaços são utilizados por todas as turmas mediante
uma programação organizada pela coordenação no início do ano. Estes espaços
são:
Vila: está no centro da escola, possuindo alguns cantos com propostas
diferentes, como: o ateliê de artes com materiais de tinta, folhas, pincéis,
painel, o canto das fantasias que possuem diversas fantasias para serem
utilizadas pelas crianças, e o canto da cozinha experimental, destinado a
culinárias e experiências, há uma mesa grande com 20 lugares, pia na altura
das crianças e materiais de cozinha como: liquidificador, batedeira, bacia,
tábuas, colheres, rolos, toucas e aventais.
Quadra coberta: espaço para atividades corporais, coletivas e individuais.
Sala de Multimeios: sala que contém instrumentos musicais, como baterias,
teclados e pequenas violas para serem utilizadas em atividades musicais;
Bosque: um espaço com área verde ao ar livre, com árvore, tanque de areia,
flores, e objetos para brincar no local;
Sollarrium: Espaço ao ar livre em que as crianças tenham contanto a luz do
sol;
Área do Integral: espaço destinado às crianças que ficam na escola antes ou
após do seu horário de aula, com salas e espaços lúdicos;
Dois Refeitórios para os momentos de alimentação;
Quatro banheiros.
As salas de aula são bem diferentes do comum, pois, uma sala de aula
comum possui carteiras enfileiradas, quadro-negro na frente, professor de pé
discursando e alunos sentados escutando, contudo, estas salas possuem outra
organização, sendo estabelecida por “cantos”: ateliê de artes, aconchego, canto
da leitura, cozinha, quarto, e a pedana.
O espaço do ateliê é composto por materiais para artes, como: pincéis, giz
de cera, canetas hidrográficas, lixa e papéis coloridos.
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A educadora com quem foi realizado o estudo de caso contou que antes de
organizar os espaços faz pesquisas por meio de observações das brincadeiras e
conversas entre as crianças, estando atenta àquilo que é interessante e desafiador
aos seus alunos.
Com isso, pudemos perceber que após as observações da educadora, ela
pode fazer uma melhor seleção de materiais, planejar atividades significativas,
sempre conduzindo os alunos a pensarem e questionarem, sem dar respostas
prontas. Tudo para que as crianças possam aprender a entender o mundo em que
estão inseridas. Logo, o olhar atento sobre os interesses, as relações, a
personalidade e as interpretações das experiências das crianças são essenciais
para que o educador avalie a reação à sua proposta e reveja suas práticas para
realizar propostas mais significativas aos alunos, contribuindo na construção do
conhecimento.
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E assim, vimos que isto é uma rotina da escola, em que cada professor
possui um caderno para registros de momentos desafiadores e descobertas dos
alunos, sendo um documento no qual ela pode planejar as suas aulas baseadas
nas vivências das crianças.
Dessa forma, observamos que no momento de registrar suas observações,
a professora foi cautelosa em separar seu tempo, tornando essa tarefa essencial
para reunir elementos, a partir dos quais é possível promover reflexões sobre o
que os seus alunos estão pesquisando e aprendendo.
Tendo a observação como uma ferramenta necessária para quem trabalha
com a educação. Por ser um olhar intencional, pensa e questiona a respeito do
que vê e quer entender o que está acontecendo. Não é um olhar vago, mas é
atento à espera de descobertas, olhar cuidadoso, observador e olhar reflexivo.
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A rotina iniciou da mesma maneira como nos dias anteriores, com uma
roda de conversa sobre as atividades do dia e as propostas que a professora faria
com os alunos.
Após isso, a educadora deixou os alunos irem à pedana para fazerem
construções. Nisto, surgiu um aluno que estava muito engajado em uma
construção, ficando envolvido nesta proposta por cerca de 10 minutos. Ao
finalizar, exclamou para todos: “Gente, esse aqui é o Egito, ele é grande assim
desse jeito, e aqui embaixo ficam as esculturas, olha como elas estão, tudo aqui
juntinho no Egito”. Naquele momento todos ficaram ao redor observando aquela
construção. E assim, a professora pediu para que todos formassem uma roda, e
perguntou: “Vocês sabem algo sobre o Egito?”. E uma aluna respondeu: “é aquele
lugar das múmias”. E com isso, a educadora pegou um Ipad, e perguntou: “O que
vocês querem saber sobre o Egito?”. E as repostas foram: “Onde fica?”, “quem
mora lá?”, “por que lá tem muita areia?”, “É muito longe daqui?”. E desta maneira,
juntos foram pesquisando com a professora as reposta das curiosidades
levantadas pelos alunos.
Ao finalizar o dia, foi perguntada a professora o porquê daquela roda de
conversa após a construção do aluno. E ela nos disse que por mais que haja um
planejamento feito, ela não poderia perder a oportunidade de trabalhar com os
alunos aquele assunto que deixou a todos curiosos. E com isso, eles teriam uma
aprendizagem muito mais significativa aos alunos, pois foi um assunto que partiu
deles, uma curiosidade que surgiu por meio de uma construção e isso deve ser
valorizado e considerado durante os planejamentos e as propostas, afinal os
alunos participam da construção do currículo e são os protagonistas das suas
descobertas, segundo a professora.
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Assim, a escola assume um novo papel, que lhe confere uma identidade e
uma responsabilidade com essa criança que dela faz parte. Ela deixa de ser um
espaço de transmissão de saberes e cuidados, para assumir um papel de
reveladora de potencialidades das crianças, sendo construída de maneira
coletiva, baseada na escuta não só das crianças, mas também dos professores,
das famílias e da comunidade como um todo.
No estudo de caso, a educadora contou que faz observações e
pesquisas das brincadeiras e conversas entre as crianças, estando atenta àquilo
que é interessante e desafiador aos alunos para assim organizar a sala de uma
forma significativa para eles, ou seja, cada canto da sala possui uma proposta
intencional previamente estabelecida pela professora baseado nas pesquisas.
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“O escutar pode ser definido como a sensibilidade de estar atento ao que é dito, ao que
é expresso através de gestos e palavras, ações e emoções. O conceito encontra-se
relacionado ao ouvir com atenção”. (CERQUEIRA, 2011, p. 17).
“Em toda a escola, as paredes são usadas como espaços para exibições
temporárias e permanentes do que as crianças e os professores criaram: nossas
paredes falam e documentam.”
Baseado nisto, quando o aluno passa ser protagonista ele relaciona a sua
visão do mundo com seu contexto atual. Entretanto, isso mostra que o professor
deve ampliar, diversificar e sistematizar seu repertório cultural de conhecimentos
de si e do mundo que a rodeia, estando atento para observar, ouvir as crianças e
buscar os seus interesses para depois propiciar estímulos que tenham significado.
Desta maneira, o educador pode relacionar as descobertas de seus alunos
ao currículo escolar. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais, o currículo é definido
como:
“Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes
das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural,
artístico, científico e tecnológico.”
Ou seja, currículo não é aquele que está pronto antes mesmo de
conhecermos as crianças, que se traduz em uma série de “atividades” prontas que
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Outro aspecto que analisamos também, é que diante das propostas feitas
pelas educadoras os alunos mostram-se questionadores, pensantes, levantando
inesgotáveis hipóteses do por que as coisas acontecem; como exemplo, no
estudo de caso sobre o Egito, em que os alunos se questionavam do por que lá
existe muita areia, e do por que existem muitas esculturas.
Isso nos leva a pensar que proporcionar um conteúdo já previamente
estabelecido pela professora não é o suficiente para os seus alunos, e assim
mostra que os alunos podem contribuir para um currículo cheio de significados e
experiências, das quais partiram das próprias crianças.
Por fim, a educação precisa aumentar as possibilidades para que a criança
invente e descubra ao invés de trazer respostas e conceitos prontos. O professor
ao ter uma escuta sensível, e ao utilizar a documentação pedagógica, que é uma
ferramenta importante para registrar os momentos de desafios e descobertas,
pode pesquisar e reavaliar a sua prática docente para realizar propostas mais
significativas aos alunos, proporcionando para as crianças serem as protagonistas
de sua aprendizagem.
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CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Referências