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FHO – UNIARARAS

FUNDAÇÃO HERMINIO OMETTO

ROSANGELA ANTÔNIA MARTINS – RA 92.600

EDUCAÇÃO INFANTIL: ALFABETIZAÇÃO NA PRÉ-ESCOLA.

MONTE BELO – MG
2019
ROSANGELA ANTÔNIA MARTINS – RA 92.600

EDUCAÇÃO INFANTIL: ALFABETIZAÇÃO NA PRÉ-ESCOLA.

Memorial Descritivo apresentado como


Trabalho de Conclusão de Curso de
Licenciatura em Pedagogia (EaD) do Centro
Universitário da Fundação Hermínio Ometto –
Uniararas.

MONTE BELO – MG

2019

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Dedico este trabalho a todos aqueles que se empenham por uma melhor qualidade da
educação no Brasil.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela graça da vida, e me permitir acordar e levantar da cama todas as
manhãs, colocar os pés no chão, e caminhar.
A minha mãe Ana Maria de Oliveira (In memorian) e ao meu pai Milton Luiz Martins
(In memorian) pelos seus exemplos e por tudo de bom que representam em minha vida.
Ao meu esposo Eliézer Alves Vilela, que me estimulou a dar início a essa empreitada,
prestando-me ainda importante auxílio em todos os momentos.
Aos meus filhos Gabriel Martins Alves Vilela e Ana Luiza Martins Alves Vilela, pelo
intenso amor que me dedicam.
Aos meus familiares pela força e pelos incentivos que me direcionaram para que eu
chegasse até aqui.
A todos os professores do curso de Pedagogia da Uniararas – Fundação Hermínio
Ometo, e a tutora Rosana Maria Bueno, com os quais tive o imenso prazer de interagir
durante o curso, e tanto colaboram com a minha formação.
Aos meus queridos colegas de turma, pelo compartilhamento de suas alegrias e o auxilio
prestado nas dificuldades encontradas durante essa caminhada findada com êxito.

Muito obrigado a todos!

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Então, educamos e somos educados. Ao Compartilharmos, no dia-a-dia do ensinar e do
aprender, idéias, percepções, sentimentos, gestos, atitudes e modo de ação, sempre
ressignificados e reelaborados em cada um, vamos internalizando conhecimentos, habilidades,
experiências, valores, rumo a um agir crítico-reflexivo, autônomo, criativo e eficaz, solidário.
Tido em nome do direito à vida e à dignidade de todo ser humano, do reconhecimento das
subjetividades, das identidades culturais, da riqueza de uma vida em comum, da justiça e da
igualdade social. Talvez possa ser esse um dos modos de fazer pedagogia.
(José Carlos Libâneo)

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RESUMO
Este Memorial descritivo versa sobre os pontos mais relevantes da trajetória estudantil,
profissional e acadêmica de Rosangela Antônia Martins, com o objetivo de descrever,
desde o primeiro contato com as experiências pessoais e profissionais adquiridas, por
ocasião do seu ingresso no Curso de Pedagogia da Fundação Hermínio Ometto –
UNIARARAS, atribuindo-se a esse episódio, a concretização do seu desejo de obtenção
de uma formação em nível superior. Retrata ainda, o processo de construção do
conhecimento durante o período de ensino e aprendizagem, bem como o conhecimento
de práticas pedagógicas voltadas a alfabetização, em decorrência realização do estágio
supervisionado, pela compreensão e aplicação das teorias e concepções educacionais do
pedagogo. A palavra Memorial vem do latim Memoriale e significa memento, fatos
memoráveis, que precisam ser lembrados.

Palavras-chave: Alfabetização. Estágio. Formação.

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SUMÁRIO

Introdução ......................................................................................................................... 8

1. A experiência com a pré-escola ................................................................................. 10

1.1. A alfabetização na pré-escola .......................................................................... 13

1.2. A importância da formação do educador ......................................................... 16

Considerações finais ....................................................................................................... 19

Referências bibliográficas .............................................................................................. 21

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EDUCAÇÃO INFANTIL: ALFABETIZAÇÃO NA PRÉ-ESCOLA.

Rosangela Antônia MARTINS 1

INTRODUÇÃO

Este memorial descreve as experiências vividas por ocasião das práticas e


observações realizadas no decorrer da trajetória acadêmica no curso de Pedagogia, da
Fundação Hermínio Ometto – UNIARARAS, Turma: PDMBTA/2015, da cidade de
Monte Belo/MG, produzido a partir da realização do Estágio Supervisionado, depois de
frequentada a disciplina PDG286 – Trabalho de Conclusão de Curso. O presente
trabalho tem o objetivo de compartilhamento do conhecimento adquirido em razão da
aplicação da prática em sala de aula, durante a realização do estágio supervisionado, em
consonância com a teoria adquirida nos bancos da universidade, com vistas a uma sólida
formação docente, na preparação de um profissional seguro e cônscio das suas
obrigações como educador, pronto a trabalhar em prol de uma educação de melhor
qualidade em nosso país, mormente em relação à alfabetização.
É de suma importância a realização do Estágio Supervisionado, uma vez que
este insere o pretenso professor, no labor diário de um educandário, fazendo-o enxergar,
e consequentemente viver, a realidade do fazer educação, como um verdadeiro e
legítimo educador, iniciando a construção da sua identidade profissional, ao colocar em
prática, a teoria adquirida pelos ensinamentos recebidos, enquanto na condição de
discente, tornando-o merecedor do titulo de mestre.
O conjunto de técnicas e processos utilizados para dar suporte ao relato dessas
experiências está orientado pela pesquisa bibliográfica, pelos trabalhos e estudos
realizados no decorrer do curso e na prática e observação em sala de aula durante o
estágio. De acordo com Severino (2007, pág. 120) a prática da observação “é aquela em
que o pesquisador, para realizar a observação dos fenômenos, compartilha a vivência
dos sujeitos pesquisados, participando, de forma sistemática e permanente, ao longo do
tempo da pesquisa, das suas atividades”.

1
Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia da FHO|Uniararas.

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A experiência concernente à alfabetização de crianças em idade pré-escolar deu-
se em duas oportunidades, sendo a primeira delas, durante os anos de 2016 e 2017 em
uma pequena Escola Municipal localizada no Distrito de Jureia, e em um segundo
momento, durante o ano de 2018, no estágio realizado em um Centro Municipal de
Educação Infantil, situado na sede do município de Monte Belo, Estado de Minas
Gerais.
Sucederam-se alguns momentos de observação e várias oportunidades de
participação prática em sala de aula, principalmente na Escola Municipal. Ocorreram
ainda, colóquios previamente agendados com professoras, coordenadoras pedagógicas e
direção, com o fito de melhor entender os planejamentos das aulas e o sistema de
funcionamento das escolas.
No decorrer do curso de Licenciatura em Pedagogia, foi possível compreender
que a vida além dos muros da escola não se separa da aprendizagem, pois o aprender
engloba outros processos de construção do conhecimento que não aqueles
exclusivamente instrucionais, mas também, visando a ampliação dos valores humanos
em cada discente.
Na condição de futuros educadores, devemos pensar com mais seriedade nessa
questão, para que possamos educar não apenas como uma simples instrução pedagógica,
mas também para formar cidadãos conscientes de seus deveres e obrigações, sempre
prontos a servir ao seu próximo e a sociedade em geral.
Pode-se concluir o quão é importante a realização do estágio supervisionado
com vistas a construção da identidade profissional do concludente de um curso de
pedagogia, ao colocar em prática, a teoria adquirida, tornando evidente a sua
imprescindibilidade na formação do professor.
Sobressai desses quatro anos de trabalho, estudos e pesquisas, percorridos pelos
graduandos, que o ato de abraçar o magistério como profissão, tomando o exercício da
docência por sacerdócio, está intrinsicamente ligado ao amor e a vontade de doar o
melhor de si, as crianças que serão entregues a sua responsabilidade em uma sala de
aulas, em consonância com o pensamento de Andrade (1999, pág. 67) a qual assevera
que “a educação e o amor são duas realidades inseparáveis, pois quem educa,
necessariamente, ama e quem ama, necessariamente, educa”.
Em síntese, escolhemos trabalhar externando o melhor que há em nós, em
benefício daqueles que, em um futuro próximo, deverão trabalhar para que vivamos em
um mundo melhor, com mais respeito e amor ao próximo.

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1. A experiência com a pré-escola

Essa narrativa concretiza-se a partir da experiência vivida em uma Escola


Municipal localizada no Distrito de Jureia, município de Monte Belo, Estado de Minas
Gerais, no ano de 2017, acompanhando uma professora de educação infantil em uma
sala de aula com 25 alunos, sendo 14 (quatorze) do Pré – I, e 11 (onze) do Pré – II,
quando foi oportunizada a análise das atividades desenvolvidas naquela sala de pré-
escolar durante todo o ano letivo.
No primeiro dia do período letivo, a professora, ao receber as crianças de quatro
e cinco anos de idade, colocou em prática uma pesquisa com o objetivo de verificar qual
o conhecimento que elas traziam em suas bagagens, partindo da proposta de uma
produção gráfica livre, através da exploração de recursos como o giz de cera e o papel,
deixando as crianças à vontade para a escolha do modo como seriam utilizados os
materiais disponibilizados para a execução daquela tarefa, empregando-se ainda,
brincadeiras coletivas e roda de leitura, para depois então, elaborar uma programação
para as suas aulas.
Assim, pode-se considerar que o planejamento elaborado pela professora, tem
suporte no conhecimento preliminar da criança, ou seja, nas experiências que trazem de
seus lares ou de outros segmentos sociais de que porventura façam parte, conforme
vemos na literatura específica.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, em sua introdução, deixa claro que a
construção do conhecimento é um processo que não pode ser desagregado do conjunto
ao qual a criança está incluída, ao afirmar que:
Os alunos não contam exclusivamente com o contexto
escolar para a construção de conhecimentos sobre
conteúdos considerados escolares. A mídia, a família, a
igreja, os amigos são também fontes da influência
educativa que incidem sobre o processo da construção
de significado desses conteúdos. Essas influências
sociais normalmente somam-se ao processo de
aprendizagem escolar, contribuindo para consolidá-lo,
por isso é importante que a escola as considere e as
integre aos trabalhos. (BRASIL, 1997, pág. 54).

Corroborando, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) traz em


seu artigo primeiro o seguinte: “A educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais”. (BRASIL, 1996, pág. 01).

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Infere-se por essas afirmações de ordem técnica, que o ambiente escolar, no
cumprimento da sua função de promover a aprendizagem, há que considerar os
conhecimentos adquiridos pelas crianças em outros grupos sociais, respeitando a cultura
do discente, enquanto procura melhorar o ensino com a aproximação da comunidade
escolar do processo de ensino e aprendizagem.
Durante esse primeiro momento interativo com os seus alunos, a professora,
através de um diálogo afável, iniciou um estreitamento de laços, abrindo espaço para
uma relação mais afetiva em favor do desenvolvimento da aprendizagem. Nesse
sentido, pronuncia-se Vilela (2016, pág. 18) afirmando que: “Estabelecer uma ligação
da afetividade com a aprendizagem é necessário, haja vista sucederem-se por intermédio
das interações sociais onde exista o diálogo, o compartilhamento de ideias e o respeito
mútuo”.
É agora muito compreensível, a ligação entre a aprendizagem e a afetividade,
principalmente aquela que se dá através de uma interação amável e cortez entre
professores e alunos, pois durante o acompanhamento das ações dessa professora,
percebi a sua intensa dedicação para tornar aconchegante e familiar para as crianças, o
ambiente escolar, tratando-as com muito carinho e atenção, respeitando o limite de cada
uma em razão dos seus saberes e limitações, com vistas ao sucesso de processo de
ensino e aprendizagem de toda a turma. Leciona Assis (1996, pág. 91) afirmando que “a
criança terá simpatia pelas pessoas que respondem aos seus interesses e que a
valorizam”.
Responder as expectativas das crianças, valorizando os seus feitos, faz com que
elas se sintam queridas, e por uma reação em cadeia, queiram bem a sua professora e os
seus colegas de turma, e estes, de maneira recíproca, colaborando para que os trabalhos
em sala de aula, em especial os concernentes a alfabetização, ocorram de uma forma
mais natural e muito frutífera.
Sobre o favorecimento do desenvolvimento afetivo das crianças no ambiente
escloar, é oportuno dizer que a criança não pode e não deve sofrer pressões durante a
execução de suas atividades, conforme afirma Assis (1996, pág. 93):
Se quisermos favorecer o desenvolvimento afetivo é
preciso criar na escola um ambiente livre de tensões, em
que seja permitido à criança escolher a atividade que
quer realizar, decidir sobre a melhor maneira de realizá-
la e participar das decisões que orientam a organização
da classe. À criança deve ser dada a oportunidade de
manifestar livremente seus sentimentos e emoções.
(ASSIS, 1996, pág. 93).

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De acordo com Piaget (1998), um ambiente favorável ao ensino e aprendizagem,
precisa ser alicerçado no amor, na atenção e acima de tudo, na vontade e no prazer pelo
trabalho demostrado pelo professor. Se diferente disso for, o trabalho não renderá bons
frutos, e a criança não vai querer fazer parte daquele ambiente.
A função do diagnostico inicial com os alunos, era medir o nível de
alfabetização e letramento daquelas crianças, uma vez que, era sabido pela professora,
que a maioria das crianças do Pré-II, haviam frequentado o Pré-I naquela mesma escola.
Assim, precisava identificar qual seria o melhor planejamento em vista das diferenças
detectadas, pois aquelas que já haviam passado pela escola no ano anterior, detinham o
conhecimento dos primeiros números e das letras do alfabeto, fazendo-se necessário a
inclusão de atividades diferenciadas, direcionadas as crianças que ainda não haviam
recebido nenhum tipo de instrução, pois estavam iniciando a sua vida escolar formal
naquele momento, razão pela qual, precisavam antes, de um incentivo.
A necessidade de uma sondagem acerca dos conhecimentos prévios da criança
se justifica em razão da incumbência da escola em moldar em cada uma delas, um
cidadão que valorize os sentimentos e respeite o próximo independentemente das
diferenças. A construção do conhecimento traz relação com a experiência prévia da
criança. Quando essa premissa não é observada, a aprendizagem torna-se uma mera
instrução. Dessa forma, devemos pensar uma educação em que as necessidades e os
setimentos estejam unidos em favor do desenvolvimento pleno da criança. Nesse
sentido, falaram Moraes e Torre (2007, pág. 16).
Educar no sentir pensar é educar em valores sociais, em
convicções, em atitudes crítico-construtivas e em
espírito criativo. É educar o outro na justiça e na
solidariedade. É formar na ética e na integridade. “É
educar não somente para o desenvolvimento da
inteligência e da personalidade, mas, sobretudo, para a
“escuta dos sentimentos” e “abertura de coração”. É
educar para a evolução da consciência e do espírito para
que o ser humano atinja um estado de plenitude, em que
já não será preciso reprimir ou negar a experiência do
coração, a experiência da comunhão, a experiência do
sagrado. (MORAES e TORRE, 2007, pág. 16).

Conclui-se que a educação carece de profissionais mais bem preparados,


trazendo consigo a visão de educar ensinando também valores morais e éticos. Não só o
cognitivo, mas também que os sentimentos sejam trabalhados no educando, e nos
professores, a atuação com satisfação.

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1.1 A alfabetização na pré-escola

Em que pese sabermos que essa pesquisa utilizada como um diagnóstico, levada
a efeito através de uma tarefa, propondo uma produção gráfica livre, para a medição do
nível de conhecimento da turma em questão, sabe-se também que essas primeiras
produções gráficas, independentemente do significado dado a elas pelas crianças
autoras, indicam, segundo Vygotsky (1994, pág. 74) que “a representação simbólica no
brinquedo é, essencialmente, uma forma particular de linguagem num estágio precoce,
atividade essa que leva, diretamente, à linguagem escrita”. Destarte, o brincar com os
desenhos é parte da construção da escrita, ou seja, uma pré-alfabetização das crianças
iniciantes, uma vez que naquele momento, elas passam a compreender a
representatividade da sua criação. O desenhar vem após a consolidação da linguagem,
antecedendo a escrita.
É de suma importância que se proporcione às crianças em idade pré-escolar,
variadas maneiras de brincar, em especial com os desenhos, de maneira que elas se
apossem de novos conhecimentos, com um consequente aumento da sua autoestima, e
ainda, tornando-as mais criativas no desenvolvimento de suas atividades, conforme
assevera Cruz e Fontana (1997, pág. 118).
Brincar e desenhar são atividades fundamentais da
criança. Ela brinca e desenha na rua, em casa, na escola.
Pela brincadeira e pelo desenho, ela fala, pensa, elabora
sentidos para o mundo, para as coisas, para as relações.
Pela brincadeira, objetos e movimentos são
transformados. As relações sociais em que a criança está
emersa são elaboradas, revividas compreendidas.
(CRUZ e FONTANA, 1997, pág. 118).

Ao participar de brincadeiras, a criança se torna mais produtiva, em razão da


socialização, desenvolvendo habilidades como atenção, concentração e afetividade, em
favor da sua autonomia. De acordo com Cruz e Fontana (1997, pág. 176), “em meio a
essa multiplicidade de formas, cores, tamanhos e funções, as crianças, aos poucos e
incidentalmente, vão prestando atenção à escrita. Imitam-na, procuram entendê-la.
Brincam de escrever e de ler, escrevem e lêem de verdade”. Quando a criança toma
parte das atividades propostas, ela passa a perceber a sua força potencial, sentindo-se
capaz de superar as dificuldades que por ventura surjam a sua frente.
Um dos mais importantes avanços com referência ao processo de alfabetização
escolar é a colaboração de outras áreas do conhecimento, em especial da Psicologia e da
Lingüística, conforme relata Leite (2003, pág. 34).

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Para o desenvolvimento das práticas pedagógicas, é
necessário também o acesso ao conhecimento
acumulado pelas áreas auxiliares, principalmente a
Lingüística e áreas afins, que tem produzido um
importante conhecimento sobre seu objeto, a escrita, e a
Psicologia, na medida em que tem produzido um
conhecimento relevante sobre o sujeito – no caso, a
criança na relação com a escrita. (LEITE, 2003, pág.
34).

É necessário considerar que para o sucesso no processo de alfabetização de


crianças, deve-se observar três importantes aspectos da linguagem, quais sejam: a fala, a
escrita e a leitura, sendo que o primeiro procedimento é ensinar a leitura partindo do
deciframento da escrita.
Não se deve suprimir o ato de ministrar o ensino do abecedário e a relação entre
as letras e os sons, uma vez que o alfabeto é a ferramenta de trabalho do docente na
alfabetização. Por essa razão, conhecer cada um dos sinais gráficos elementares, com os
quais se representam os vocábulos na língua escrita, é essencial, conforme atesta
Cagliari, (1999, pág. 134).
Para alguém conseguir ler algo, precisa saber como esse
sistema de escrita funciona, isto é, precisa saber decifrar
a escrita. De acordo com o sistema de escrita, o
processo de decifração ocorre de uma determinada
maneira. Para decifrar uma escrita feita com letras de
um alfabeto, a questão mais importante é saber quais
sons estão associados a quais letras. (CAGLIARI, 1999,
pág. 134).

No processo de alfabetização de crianças, elas começam desenhando as letras, e


na sequência, irão formar sílabas e palavras utilizando-as, depois de ouvi-las por
intermédio do educador, obtendo o conhecimento dos sons relativos a cada uma delas.
Logo, vão aprendendo a decifrar a escrita, mesmo que não saibam o significado da
palavra que escreveram.
Faz-se necessário que o educador entenda o processo de alfabetização, bem
como faça com que os alunos também o entendam, e que, como peças desse processo,
poderão incorrer no cometimento de erros, contudo, poderão sempre contar com o seu
pretimoso auxilio, e que estará sempre pronto a ajudá-los na superação de quaisquer
obstáculos que vierem a surgir.
Sobre a necessidade do entendimento do processo de alfabetização, a literatura
especializada mosta que ela vem sendo estudada há várias décadas por grandes nomes
da psicologia, da pedagogia e da linguística, que se dedicaram e muito se emprenharam
nos estudos sobre a alfabetização.

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Por essa informação, cita-se o neuropsicólogo Alexander Romanovich Luria
(1902 – 1977), o qual foi colaborador de Vygotsky, e na década de 20, realizou
experimentos relativos ao estudo do desenvolvimento da escrita e dos conceitos
matemáticos na criança. Pondo em questão o modo como a psicologia da época
abordava esses temas.
Pode-se citar também, Emilia Ferreiro, psicóloga e doutora pela Universidade de
Genebra, onde foi colaboradora de Jean Piaget, seu orientador, com varias pesquisas
realizadas sobre alfabetização, nas quais apresentou conclusões que têm possibilitado
aos educadores o redimensionamento da compreensão acerca das relações da criança
com a escrita.
Esses dois abnegados estudiosos da alfabetização acima citados, dentre muitos
outros, se dedicaram e se aprofundaram nos estudos, na busca do conhecimento para
conseguir explicar, qual é a gênese e como se dá o desenvolvimento da escrita na
criança.
No decorrer de vários anos, através desses muitos estudos, foi possível saber o
que as crianças imaginam da escrita e o modo como ocorre o seu relacionamento com
ela, antes, durante e depois do processo de alfabetização, bem como a relação da criança
com a escrita, mesmo aquela inicial, representada por meio de desenhos produzidos
ainda na fase da pré-escola.
Não obstante aos vários estudos e pesquisas acerca da alfabetização de crianças,
alguns educadores ainda tratam essa fase da vida escolar, como um estágio inferior a
aprendizagem escolar, contudo, vê-se tratar-se de uma fase fundamental na vivência de
qualquer ser humano, pois é nessa etapa da vida, que poderão ser assinalados os
sentimentos de habilidade ou de incapacidade, o que certamente, fará toda a diferença
na vida desse indivíduo no futuro.
Pelo exposto, entende-se ser de extrema importância, que os responsáveis pela
condução do processo de alfabetização, estejam devidamente preparados para tal,
tratando a criança como um ser pensante, que vem adquirindo conhencimento desde o
dia do seu nascimento.
Por essa razão, essa criança carrega consigo várias hipóteses e suposições, as
quais não podem e não devem ser relegadas pelo educador, que também não poderá
tratar todos os seus alunos de maneira uniforme, sem observar as suas particularidades,
sob pena da perda de alguns deles pelo caminho, impondo-lhes, inconscientemente, o
sentimento de fracasso.

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1.2. A importância da formação do educador

Este tópico inicia-se com um pouco de história e saudosismo. No início da


década de 80, em uma Escola Municipal situada no Bairro Quatis, Zona Rural da
Cidade de Monte Belo, Estado de Minas Gerais, recebi as primeiras letras pela
mediação de uma jovem normalista, professora atuante até os dias atuais em nossa
comuna, merecedora de respeitosa reverência em agradecimento aos ensinamentos
transmitidos a inúmeras crianças naquele, e em outros estabelecimentos de ensino.
Obrigada em nome de todos!
Era uma época de muitas dificuldades, advindas devido às longas distâncias a
serem percorridas a pé para as idas e vindas à escola, pela escassez de recursos humanos
e materiais, além do alto custo dos materiais escolares, dentre outras pelas quais muitos
de nós passaram. Contudo, sempre pude contar com o apoio incondicional de minha
amada e saudosa mãe, de quem passo a falar com muita satisfação, após um breve relato
sobre alguns problemas daqueles tempos.
É sabido por todos em vista dos vários registros existentes, que em tempos
remotos, mais precisamente no inicio do século passado, não havia tantas escolas como
há na atualidade, em especial nos rincões brasileiros, e as poucas que existiam, se
localizavam a longas distâncias de algumas comunidades rurais. E como os meios de
transporte eram muito precários a época, muitas pessoas não tinham a oportunidade de
frequentar a escola, o que culminou com o registro de um grande número de analfabetos
em nosso país, no início do século XX, conforme dados do INEP, constantes no Mapa
do Analfabetismo no Brasil, que mostram que: “Em primeiro lugar observa-se que a
taxa de analfabetismo na população de 15 anos ou mais caiu ininterruptamente ao longo
do século passado, saindo de um patamar de 65,3% em 1900 para chegar a 13,6% em
2000”. (BRASIL, 2003, pág. 08).
Ademais, como se não bastasse à quantidade exígua de educandários, e as
dificuldades para acessá-los, existiam muito poucos professores com formação
adequada, o que fez abrir espaços para as pessoas consideradas de boa índole pela
sociedade, exercerem o oficio do magistério, mesmo não sendo habilitadas para tal.
Eram os hoje conhecidos “professores leigos”, conforem a descrição do Conselho
Nacional de Educação, parecer CEB 019/98, aprovado aos cinco dias do mês de agosto
do ano de 1998, a saber:

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“Por professor leigo este Conselho entende aquele sem a devida habilitação para
a função de magistério em exercício. Este exercício, necessariamente em caráter
precário, já que o efetivo depende de aprovação em concurso de provas e títulos”.
(BRASIL, 1998, pág 01).
Após essa rápida explanação, voltemos à história da minha muito querida mãe.
Nascida no primeiro dia do mês de julho do ano de mil novecentos e quarenta e oito, no
município de Areado/MG, distante 381 km da capital Belo Horizonte, foi criada em um
sítio no Bairro Pinhal, na Zona Rural daquela cidade. Filha de um humilde casal de
agricultores, era a primogênita de oito irmãos.
Em que pese às inúmeras dificuldades da época, conseguiu cursar até a sétima
série do ginasial (hoje, oitavo ano do ensino fundamental) na sede do município de
Areado, onde residiam alguns de seus familiares. Pelo seu nível de escolarização,
considerado alto para aquela época, no ano de 1965, aos dezessete anos, foi convidada a
lecionar no bairro rural onde residia a sua família, convite este, que aceitou de bom
grado, exercendo com esmero e desvelo, a função de alfabetizar de crianças, e também
alguns adultos que a procuravam para receber as primeiras letras, já que isso não lhes
fora oportunizado na infância.
Chego a acreditar que o abraçar de tão importante mister por parte de minha
mãe, cravou em meu DNA, o gosto pelo exercício da docência, mais precisamente no
desenvolvimento da função de alfetização de crianças, que passei a gostar no decorrer
desses três anos passados em duas escolas do município de Monte Belo/MG.
Sabemos que ainda hoje, em alguns locais desse nosso imenso país de
proporções continentais, existem professores leigos atuantes, conforme parecer da
Camara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que atesta essa
existência e sugere providencias no sentido de se extinguir tal oficio. É necessário
estabelecer uma alternativa para o provimento de cargos ainda ocupados por professores
leigos, em especial, os que lecionam na Educação Infantil e nas primeiras séries do
Ensino Fundamental. (BRASIL, 1998).
A substituição desses professores sem formação por outros habilitados torna-se
possível em vista da existência de inúmeros professores diplomados nos cursos de
Pedagogia, Normal Superior, Técnico Magistério, dentre outros, formados e espalhados
por nosso país, atuando em outras áreas em razão dos muitos empecilios existentes,
mormente quanto falamos sobre o quesito remuneração, conforme a afirmação de
Santos (2010, pág. 36).

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O olhar histórico permite ressaltar que muitas são as
lutas e espaços conquistados, mas poucos foram os
ganhos para a educação. Ainda é necessário que lutemos
para que os profissionais da educação possam exercer a
docência com dignidade, destacando-se o direito à
formação profissional para a docência. (SANTOS,
2010, pág. 36).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 9.394 de 20 de


dezembro de 1996) mostra o passo-a-passo a ser seguido quando fala em Educação
Básica e em Educação Infantil, e para o sucesso dessa etapa estudantil, o Ministério da
Educação e Cultura (MEC) apresentou no ano de 1998, o Referencial Curricular
Nacional da Educação Infantil (RCNEI), com o escopo de melhorar essas fases do
ensino no Brasil, capacitando os professores para a possibilidade de oferta de uma
educação de qualidade.
O MEC, através da Coordenação Geral de Educação Infantil, promoveu um
encontro nacional com especialistas de renome, para discutir a política de formação do
profissional da educação infantil (crianças de zero a cinco anos) no Brasil, no ano de
1994, quando então surgiu a obra “Por uma política de formação do profissional de
educação infantil” momento em que chegaram a seguinte conclusão: “A formação do
professor é reconhecidamente um dos fatores mais importantes para a promoção de
padrões de qualidade adequados na educação, qualquer que seja o grau ou modalidade”.
(BRASIL, 1994, pág. 09).
Essa mesma obra (Por uma política de formação do profissional de educação
infantil) ressalta a grande importância da formação do profissional atuante na Educação
Infantil, em razão das muitas particularidades desta etapa de desenvolvimento do ser
humano. Reza que a Educação Infantil deve cumprir duas funções complementares e
indissociáveis que são: educar e cuidar, em complementação a educação e aos cuidados
recebidos pela criança no seio familiar.
Assim, os profissionais de educação atuantes nas creches e nas pré-escolas do
nosso país, serão reconhecidos e terão garantidas todas as condições necessárias ao bom
desenvolvimento do seu trabalho, como plano de carreira, salário digno e acesso
facilitado a formação continuada, condizentes com a nobreza da importante função que
exercem.

18
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na iminência de conclusão do Curso de Pedagogia da FHO – Fundação


Hermínio Ometto – Uniararas, afirmo seguramente que aprendi muito, pois foram
muitas boas lições teóricas e práticas, recebidas por intermédio das atividades
acadêmicas desenvolvidas em sala de aula, com o prestativo apoio da nossa muito
competente tutora presencial, quanto nas atividades de campo com a supervisão e
orientação de atensiosas professoras, coordenadoras pedagógicas e diretoras, executadas
durante os três anos passados nas duas escolas municipais, onde fui carinhosamente
acolhida por todos, incluindo os alunos.
Enfatizo com imensa satisfação, e com o sentimento de dever cumprido, que
aprendi muito, mas muito mesmo! Aprendi como é o sistema de funcionamento de uma
escola como um todo, e que para um bom planejamento das aulas, há que acontecer o
casamento do conhecimento teórico com o saber prático, mas antes de tudo, aprendi que
a educação e o amor são duas realidades indissociáveis, pois a primeira, somente se
concretizará com sucesso, se a ela for aplicada a segunda.
Aprendi também, que os educandos trazem para a escola conhecimentos prévios
em razão das suas vivências em outros segmentos sociais, os quais deverão ser
considerados e respeitados, oportunizando as transformações necessárias com visas ao
bem comum, para a eficiência do processo de ensino e aprendizagem, conforme nos
ensina Jannuzzi (2004, pág. 04).
Com a diversidade de etnias em sala de aula, com suas
culturas de origem, com camadas sociais diferenciadas
dessa nossa organização social, com as peculiaridades
físicas e psíquicas, etc. possibilita repensar saberes
muitas vezes conflitantes, contrapô-los ao conhecimento
universal necessário ao momento histórico e oportunizar
transformações das visões assimiladas no cotidiano. Há,
assim, na sala de aula, o movimento da vida que está no
todo social, trazendo os contextos individuais a serem
conhecidos, partilhados; muitas vezes ocasionando
conflitos, outras vezes, surpresas, surgimento de novas
ideias. Esse relacionamento vai também mostrando o
que é comum a todos. (JANNUZZI, 2004, pág. 04).

Hoje, guardo a plena convicção de que um bom relacionamento afetivo entre


docente e discente, respeitando-se as diferenças, buscando ajudar e a solucionar as suas
dificuldades encontradas no decorrer do processo educativo, fará toda a diferença no
resultado a ser obtido.

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Obtive a consciência de que o professor precisa estar em constante formação,
tendo em vista que a renovação do conhecimento é essencial à docência. Vi também,
que o aprender a ler e escrever significa para a criança, a oportunidade de conhecer a
vida de uma maneira ampliada, mas que ela não pode, para isso, perder a sua infância, e
precisar angariar esses conhecimentos brincando, vivendo plenamente essa fase da sua
existência.
É preciso afirmar, uma vez mais, que é direito da criança pensar sobre a escrita e
praticar sobre ela. Entende-se como papel da educação infantil, disponibilizar a todas as
crianças as informações necessárias para que possam pensar sobre sua própria língua.
Desse modo, faz-se necessário que o educador esteja em constante busca pelos
conhecimentos teóricos essenciais à reconstrução da prática pedagógica, para o bem
daqueles que ficarão sob os seus cuidados.
Encerro com as brilhantes palavras de Cury (2015, pág. 03): “Ser educador é ser
um poeta do amor. Educar é acreditar na vida e ter esperança no futuro. Educar é semear
com sabedoria e colher com paciência”.

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