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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

ROSANGELA ANTÔNIA MARTINS

O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA PÚBLICA: A SUA IMPORTÂNCIA NA


FORMAÇÃO DO ALUNO QUANTO A PRECEITOS E CONDUTAS.

MONTE BELO – MG
2020
GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

ROSANGELA ANTÔNIA MARTINS

O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA PÚBLICA: A SUA IMPORTÂNCIA NA


FORMAÇÃO DO ALUNO QUANTO A PRECEITOS E CONDUTAS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado


a Faculdade Venda Nova do Imigrante, como
requisito parcial à obtenção do título de
especialista em Ensino Religioso e Artes.
Orientador(a): Profa. DSc. Ana Paula
Rodrigues.

MONTE BELO – MG
2020
O ENSINO RELIGIOSO NA ESCOLA PÚBLICA: A SUA IMPORTÂNCIA NA
FORMAÇÃO DO ALUNO QUANTO A PRECEITOS E CONDUTAS.

Rosangela Antônia Martins1

Declaro que sou autora¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que ele foi por
mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais.

RESUMO

O presente artigo, elaborado a partir de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, utilizando-se as mais
diversas fontes bibliográficas, tem como objetivo mostrar a importância do ensino religioso na escola
pública em relação a formação do discente, com foco na observância as normas e ao seu
comportamento. Descreve o valor do Ensino Religioso na formação e na socialização do indivíduo, além
do seu benefício para a sociedade, bem como o seu mérito na formação e na educação do aluno, com
sustentáculo no ensinamento dos valores éticos e morais, com vistas a construção de cidadãos cônscios
de seus deveres e fiéis cumpridores de suas obrigações, combatentes das injustiças e da intolerância,
para uma vida mais harmoniosa.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino religioso. Formação. Comportamento.

1
Graduada em Pedagogia pela FHO|UNIARARAS – solinhamartins@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

O corpo social moderno em muito difere daquele em que viveram os nossos


ascendentes. As normas para a vida em sociedade e o comportamento das gerações
juvenis passadas, são muito diferentes de tudo que vivemos na atualidade, mormente
em termos de convivência escolar, em razão das muitas diferenças apresentadas pelos
estudantes, oriundos de grupos distintos.
A vida em sociedade é norteada por diversas normas e regulamentos que regem
a conduta daqueles que partilham de um mesmo espaço de convivência, seja ele
familiar, escolar, laboral, etc. Tais regras se fazem necessárias, em razão das
diferentes características de pessoas com as quais convivemos nos diferentes grupos
sociais, haja vista os diferentes valores, fazendo com que concordemos ou não com o
que compartilham e vice-versa.
Em que pese a existência de um vasto rol de diferenças de vivências e
pensamentos, determinados valores são proclamados em uníssono, quais sejam:
respeito, responsabilidade, lealdade, dentre outros, sendo que, por mais antagônicos
que possam ser nossos ideais, há que existir uma reciprocidade em determinados
pontos de nossas ações.
Recebemos as lições de educação básica no seio familiar, já a partir do
nascimento, e nesse primeiro aprendizado, inclui-se a educação religiosa,
independentemente da crença ou da denominação seguida por nossos familiares,
sendo certo que, esses primeiros saberes, serão levados para a escola. Logo, pode-se
afirmar que a interação entre a família e escola é de suma importância, conforme
explanam Acco e Kliemann (2014, p. 22):

“Os benefícios da interação família e escola são reconhecidos por vários


estudiosos, principalmente quando a escola abre espaço para a participação da
família e reconhece os papéis de ambas no processo de desenvolvimento dos
estudantes. Quando escola e família atuam como ambientes complementares,
assumindo responsabilidades no desenvolvimento da criança e do adolescente
o resultado do processo de escolarização é mais significativo”. (ACCO;
KLIEMANN, 2014, p. 22).
Diante do fato de que inúmeros estudiosos partilham da mesma opinião, com
relação a importância da participação da família na vida escolar da criança e do
adolescente, e ainda, que as primeiras instruções recebidas em família englobam,
inclusive, o ensinamento religioso advindo da vivencia familiar, a legislação brasileira
não se omitiu em opinar a respeito, conforme vemos no artigo 201, parágrafo 1º da
Constituição Federal de 1988 que diz:

“Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a


assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”.
(BRASIL, 1988, p. 123).

Em conformidade com a Carta Magna, foi escrito o artigo 33 da Lei de Diretrizes


e Bases da Educação Nacional (LDB) a saber:

“O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação


básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”. (BRASIL, 1996,
p. 13).

A importância do ensino religioso na formação de cidadãos aptos a viverem


harmoniosamente em sociedade, reside no conhecimento e no respeito pelas coisas
sagradas, sem haver a imposição de um segmento religioso ou cultura específicos, mas
sim, instruindo em um contexto multidimensional do saber humano sobre cultura e
religiosidade, as quais se mostram de diversas formas, exercendo influência na maneira
de viver, conforme dito por Oliveira (2009, p. 36) que “a religião toca todas as
dimensões do ser humano e a experiência religiosa exerce um forte impacto sobre o
indivíduo. Ela provoca em seu comportamento uma mudança radical de direcionamento
prático e de valores”.
De acordo com Gomes e Schier (2015, p. 03), “o pluralismo religioso é um
fenômeno da sociedade moderna que desafia o ser humano a viver de forma respeitosa
com o diferente”.
Conclui-se então, sobre a importância do ensino religioso na vida do discente,
que nesse sentido, corrobora Schlõgl (2009, p. 21) ao afirmar que “o ser humano é
essencialmente religioso”.
2 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO RELIGIOSO.

2.1 O Ensino Religioso na formação e na socialização do aluno.

O termo religioso, origina-se do termo religião, do latim religare, religar, de onde


se aduz a ideia de uma nova ligação, de algo que fora desligado, para o
reestabelecimento de uma determinada situação, demonstrando a necessidade e a
importância da matéria na formação do indivíduo.
Então, o Ensino Religioso, precisa servir, unido as demais áreas do
conhecimento, para formar no aluno, um cidadão cônscio dos seus deveres e cumpridor
de todas as suas obrigações para com a sociedade.
Levando-se em consideração a diversidade religiosa e cultural de nossa nação,
facilmente observada também no âmbito escolar, faz-se necessário refletir sobre a
importância do Ensino religioso no processo de Ensino e Aprendizagem em razão
dessas diferenças.
Segundo Holmes (2010, p. 50) “nessa diversidade inclui-se o ser humano como
um ser que precisa ser respeitado pelas suas diferenças, tais como radical, social,
cultural e religiosa”.
Sobre a importância do Ensino Religioso para a conscientização do indivíduo,
com vistas a uma vivência mais harmoniosa em sociedade, pronunciou-se Junqueira
(2002, p. 91):

“O Ensino Religioso poderá despertar o aluno para os aspectos transcendentes


da existência como: a busca do sentido radical da vida, a descoberta de seu
compromisso com o social e a conscientização de ser parte de um todo. Esse
processo de despertar e descobrir, que é permeado de ações, gestos e
palavras, símbolos e valores, que só adquirem significação na vivência, na
participação e na partilha”. (JUNQUEIRA, 2002, p. 91).

Corroborando os dizeres de Junqueira (2002, p. 91), ainda sobre a grande


importância e da imprescindibilidade da disciplina Ensino Religioso para a educação,
afirma Morais (2014, p. 10):
“Ensino Religioso é a disciplina à qual se confia, do ponto de vista da escola
leiga e pluralista a indispensável educação da religiosidade. Aqui, já vale
observar a necessidade de se superar uma posição monopolista e proselitista,
para que haja uma autêntica educação da religiosidade inserida no sistema
público de educação em benefício do povo”. (MORAIS, 2014, p. 10).

A sociedade brasileira é permeada pelo fenômeno religioso, exercendo a sua


influência em todos os seguimentos sociais, incluindo-se os espaços escolares,
ambientes propícios a lapidação dos conhecimentos trazidos pelos alunos, com vistas a
sua socialização.
Fuchs (2008, p. 25) afirma que “o ensino religioso deve estar no currículo escolar
para auxiliar cada ser humano a se encontrar consigo, com o outro, e com o
transcendente, a partir das experiências que cada um traz para o diálogo construtor de
novas realidades”.
O Ensino Religioso tem como função principal unir religião e cultura, com o
objetivo de fomentar uma educação direcionada a superação de preconceitos e o
proselitismo, em observância a igualdade de condições e respeito a multiplicidade de
saberes pela valorização dos bens culturais.
Ademais, o Ensino Religioso, como elemento de junção de religião e cultura,
pode servir ainda para o combate a um mal presente na nossa sociedade que é a
intolerância religiosa.
Sobre essa questão, mostrando a necessidade de não deixar prosperar o
fanatismo religioso, escreveram Junqueira e Rocha (2017, p. 596):

“Por mais que as experiências ecumênicas e de diálogo religioso ocorram no


Brasil há muitos anos, percebe-se, atualmente, uma tendência de crescimento
da intolerância religiosa, devido às características dos novos movimentos
religiosos que, geralmente, se organizam ao redor das ideias de um líder
carismático, que prioriza o crescimento imediato do seu movimento religioso,
cuja preocupação gera nos convertidos a ideia de pertencerem a um grupo de
eleitos, exclusivos e separados de todos os mortais comuns e do mundo, lugar
em que o mal e o pecado imperam e que, por isso, precisa ser exorcizado”.
(JUNQUEIRA; ROCHA, 2017, p. 596).

Assim, podemos ver o Ensino Religioso, como importante recurso para evitar que
os discentes se transformem em fanáticos religiosos, fomentando a intolerância
religiosa em nosso país, tão danosa a algumas nações do orbe terrestre.
2.2 O Ensino Religioso e seus benefícios para a sociedade.

Vivemos na atualidade com um rápido e crescente avanço das tecnologias da


informação e comunicação, em razão do melhoramento dos meios de informática e da
popularização da internet, que concedeu um certo poder as redes sociais e as
comunicações por meio eletrônico, que em muito modificaram os modos de
relacionamento entre as pessoas, por um lado, facilitando o entrosamento, mas por
outro, tornando as relações mais frias e descompromissadas.
Essas novas relações cibernéticas, estão presentes na vida dos discentes,
fazendo mudar os modos de postura e compostura dos indivíduos, e em observância a
esse fenômeno, a escola deve estar atenta e preparada, uma vez que, sendo uma
importante fonte de construção do conhecimento, deve apresentar as condições
necessárias e adequadas ao desenvolvimento do cidadão, conforme os dizeres de
Junqueira e Rocha (2013, p. 254):

“O ambiente escolar e educacional é a realidade que passa a ser somente uma


das muitas fontes de transmissão do conhecimento científico. As outras fontes
estão à disposição, no universo de situações existentes e na experiência
individual, que ganha proporções de acordo com a maturidade, pois quando
tudo ganha espaço na sociedade, o ser humano necessita inferir e raciocinar
logicamente, a fim de agir com coerência, ética, segurança e competência”.
(JUNQUEIRA; ROCHA, 2013, p. 254).

Assim, a escola deve estar pronta a lidar com essas novas maneiras de se
relacionar, em função da importância da cultura tecnológica na estruturação e
organização da sociedade, assim definida por Libânio (2003, p. 31): “Todos os desejos
se tornam possíveis pela magia da tecnologia. Não se precisa criar nenhuma alternativa
quando o presente enche todas as medidas dos sonhos”.
Em relação as modificações havidas na convivência humana pela inserção da
tecnologia, colocando complexidade na vida social, afirmou Dallari (1989, p. 75): “A
convivência humana se tornou complexa, porque o próprio ser humano complicou essa
convivência. Progressos, conquistas e avanços tecnológicos acabaram se convertendo
em fatores de dependência”.
Como os meios de interação mediados pela tecnologia modificam os modos de
convivência pelos conhecimentos que produz, influenciando o comportamento das
pessoas, a escola deve estar pronta para coibir a má conduta pelos preceitos.
A necessidade do Ensino Religioso para contribuir com a formação social do
cidadão é defendida por Alves (2015, p. 02):

“O ensino religioso deve ser visto como algo bastante necessário, para que
possamos, de alguma forma, auxiliar os alunos em sua formação integral como
ser humano, ou seja, no espaço escolar vai se tratar de um forte instrumento
que teremos à disposição para formamos seres sociais que sejam mais
cautelosos nas diferenças, pois este tipo de ensino se qualificará como um meio
promovedor de uma postura de distanciamento de todo fundamentalismo
religioso”. (ALVES, 2015, p. 02).

Trata-se de uma virtude especial da educação, incutir em cada indivíduo a


responsabilidade social para uma consequente promoção da cultura da paz pelo
exercício da tolerância, em prol do bem-estar da sociedade, conforme afirmação de
Serrano (2002, p. 39):

“A intolerância é um sistema que pode acarretar uma perigosa doença social,


que é a violência, esta requer a mobilização de todos os esforços possíveis
para proteger a saúde e o bem-estar da sociedade, a tolerância é uma virtude
indiscutível da democracia, o respeito aos demais, a igualdade de todas as
crenças, a convicção de que ninguém dispõe da verdade, nem da razão
absolutas são o fundamento dessa abertura e generosidade que supõe ser
tolerante, uma sociedade plural repousa no reconhecimento das diferenças, da
diversidade de costumes e formas de vida”. (SERRANO, 2002, p. 39).

Lecionam Junqueira e Rocha (2017) que o Ensino Religioso, articulando religião


e cultura, diante da quebra dos valores e das regras sociais vividas pela sociedade
contemporânea, tem como desafio, contribuir para a reconstrução dos horizontes do ser
humano, pregando a correção de atitudes, a sobriedade e o comedimento.
Ao falar da reflexão sobre a existência humana como um dos papeis
fundamentais do Ensino Religioso para promover a cidadania, Pires (2018, p. 01) faz a
seguinte colocação:

“É preciso compreender que o Ensino Religioso nos ajuda refletir sobre as


características presentes na diversidade humana que são refletidas na escola.
Por isso estimular nos alunos questões em relação a sua própria existência,
ajudando-os (os alunos) a refletirem sobre a existência humana e um dos
papeis fundamentais do Ensino Religioso na promoção da Cidadania’. (PIRES,
2018, p. 01).
Para uma convivência salutar em sociedade, o indivíduo deve primar pela
correção e transparência em suas ações, que devem ser ainda, alicerçadas pela
responsabilidade, alteridade e ética.
Com esse propósito, o Ensino Religioso emerge como uma disciplina importante,
uma vez que desnuda a necessidade do cultivo dos valores morais e éticos, bem como
da espiritualidade, com vistas ao exercício da cidadania plena, pela formação de um
cidadão mais participativo na construção de uma sociedade melhor organizada,
conforme cita Junqueira (2002, p. 21).

“O Ensino Religioso como parte obrigatória dos currículos nacionais como área
de conhecimento refere-se às noções e conceitos essenciais sobre fenômenos,
processos, sistemas e operações que contribuem para a constituição de
saberes, conhecimentos, valores e práticas sociais indispensáveis ao exercício
a uma vida de cidadania plena”. (JUNQUEIRA, 2002, p. 21).

Ainda falando sobre a importância do Ensino Religioso, levando-se em


consideração o amadurecimento do discente em benefício da comunidade onde ele
vive, Junqueira (2002, p. 24) diz que:

“Pensar em identidade pedagógica do Ensino Religioso é assumir um


referencial de aprendizagem comprometido com a comunidade cidadã que
contribuirá para o amadurecimento das diferentes opções que o estudante
deverá fazer, inclusive religiosa”. (JUNQUEIRA, 2002, p. 24).

Podemos inferir que o Ensino Religioso tem suma importância na construção do


conhecimento para o exercício da cidadania plena, uma vez que ensina a solidariedade,
a colaboração e o respeito ao próximo.

“Compreender a cidadania como participação social e política, assim como


exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a dia,
atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o
outro e exigindo para si o mesmo respeito”. (BRASIL, 1998, p.07).

As diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais, admite como certo que é


função da escola formar indivíduos que fazem uso da razão, para que compreendam a
sua condição de cidadão.
Assim, o Ensino Religioso aparece como um facilitador para o entendimento da
pluralidade cultural do nosso país pelos alunos, incentivando-os a cultivar os valores
morais e éticos, exercitar a virtude da tolerância, e assim, contribuir para a promoção da
cidadania.
2.3 O Ensino Religioso em benefício do aluno.

A religiosidade é um fenômeno inerente ao ser humano, fazendo-se presente de


diferentes formas, nas diversas culturas, podendo ser considerada como parte da
existência do homem desde os primórdios da sua história.
Contudo, diante da decadência moral e da crise ética que assola os pilares
fundamentais da sociedade, a família e a escola, pais e professores se veem com
dificuldades para vencer a árdua empreitada de educar os filhos e estudantes incutindo-
lhes o senso de justiça, a bondade e o respeito.
Diante disso, o Ensino Religioso pode ser utilizado para auxiliar na formação
ética do indivíduo, fazendo brotar no aluno, valores importantes que o acompanharão
por toda a sua vida. Segundo Catão (1995, p. 63), “toda religião comporta uma ética e
toda ética desemboca numa religião, na mesma medida em que a ética se orienta pelo
sentido do transcendente da vida humana".
Assim, serve a ensinar ao indivíduo, uma maneira salubre de ocupar o seu
espaço na comunidade onde vive, com responsabilidade e respeito as normas e
regulamentos vigentes, aprendendo a ser justo e a cultivar a paz, uma vez que a
religião, além de cultura, nos traz conhecimentos relativos a ética e aos princípios
filosóficos.
Levando em consideração que a escola tem a incumbência de moldar indivíduos
para uma vida frutífera e harmoniosa em sociedade, o Ensino Religioso deve ser visto e
utilizado como um impulsor do ideário na formação do cidadão.
Em relação a missão da escola de transmitir valores morais, pronunciou-se
Francisco (2017, p. 04):

“Cabe, pois, à escola a missão, por excelência, de ensinar valores no âmbito do


desenvolvimento moral dos educandos, através da seleção de conteúdos e
metodologias que favoreçam temas transversais como Justiça, Solidariedade,
Ética etc., presentes em todas as matérias do currículo escolar, utilizando-se,
para tanto, de projetos interdisciplinares de educação em valores, aplicados a
contextos determinados, fora e dentro da escola”. (FRANCISCO, 2017, p. 04).

A escola, estando inserida no seio da sociedade, figura, para grande parte dos
indivíduos, como o segundo grupo social do qual participam, não raras as vezes,
oriundos de um primeiro totalmente desestruturado.
Destarte, deve apresentar todas as condições necessárias para tomar parte na
vida desses indivíduos como um espaço para educação com base nos valores, com
vistas a um desenvolvimento harmonioso em sentido amplo, conforme declara
Francisco (2017, p. 05).

“Podemos dizer, em substância, que educamos em valores quando os alunos


se fazem entender e entendem os demais colegas; aprendem a respeitar e a
escutar o outro; aprendem a ser solidários, a ser tolerantes, a trabalhar em
grupo, a compartilhar ou socializar suas ideias e o que sabem, a ganhar e a
perder, a tomar decisões, enfim. É, assim, o resultado da educação em valores
na escola: ajuda os alunos a se desenvolverem como pessoas humanas e faz
ser possível, visível ou real, o desenvolvimento harmonioso de todas as
qualidades do ser humano”. (FRANCISCO, 2017, p. 05).

Em se tratando da importância da educação fundamentada em valores, no


entender de Morais (2014, p. 09), “os valores humanos são a questão chave para a boa
convivência humana. Animar e estimular a prática dos ideais elevados, é o melhor
legado que podemos oferecer aos que serão os protagonistas do
desenvolvimento do próximo século”.
O Ensino Religioso serve a todos, independentemente da religião seguida pelo
aluno ou do seu meio social, auxiliando-o a compreender o outro, conforme dos dizeres
de Fernandes (2010, p. 70).

“O Ensino Religioso alicerça-se nos princípios da cidadania, do entendimento


do outro enquanto outro, de formação integral do educando. Pois, ainda que
muitas pessoas neguem ser religiosas, é um dado histórico, toda pessoa é
preparada pra ser religiosa, do mesmo modo que é preparada pra falar
determinada língua, gostar disto ou daquilo, comer, vestir-se de uma forma,
acreditar ou não, pois o ser religioso é um dado antropológico, cultural. No
substrato de cada cultura sempre está presente o religioso”. (FERNANDES,
2000, p. 70).

Corroborando, Brandenburg (2005, p. 37) diz que: “No processo da educação, o


Ensino Religioso tem sua parcela de contribuição para a formação do cidadão,
independente da raça, cor, cultura e religião, ao direito de participação na construção
do exercício da cidadania”.
A busca do sentido da existência e o desenvolvimento pessoal, encontram no
Ensino Religioso um forte aliado no processo educativo, na medida em que desenvolve
a sensibilidade do indivíduo ao mostrar-lhe as benesses por se cultuar os valores
humanos.
Assevera Martins Filho (2011, p. 09) que “o Ensino Religioso pode contribuir para
a formação cidadã na medida em que o fenômeno religioso está presente em todas as
dimensões da vida humana, podendo ser historicizado e ensinado”.
Além disso, o Ensino Religioso pode contribuir para o desenvolvimento integral
do indivíduo, pois, de acordo com os dizeres de Goulart (2014, p. 24), “o Ensino
Religioso está presente na estrutura escolar com o escopo de explorar o fenômeno
religioso e de conferir ao aluno um aprendizado para o desenvolvimento físico,
cognitivo, moral e espiritual do indivíduo”.
Reforçando as afirmações de Martins Filho e Goulart, Lins (2006, p. 217) expõe
que “mesmo que alguém, chegando à idade adulta, resolva abandonar a fé de sua
infância, ou mesmo que na adolescência deixe para trás os ensinamentos, a sua
personalidade poderá ser mais ampla em sua construção pelo que recebeu no ensino
religioso”.
No Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso – FONAPER (1997), o
Ensino Religioso foi debatido como uma parte elementar do currículo escolar, que tem
como objetivo principal, proporcionar um olhar de maior clareza entre as religiões e a
edificação da cultura brasileira, fazendo com o estudante se torne um cidadão crítico,
subsidiado pela apropriação do conhecimento, conforme ensinam Rodrigues, Machado
e Junqueira (2004, p. 10):

“A proposta do FONAPER traz os seguintes princípios estruturais para Ensino


Religioso, que na escola deve ser concebido como: integrante na formação
básica do cidadão; conhecimento que subsidia o educando; disciplina dos
horários normais; aprendizagem processual, progressiva e permanente;
orientação para a sensibilidade ao mistério na alteridade; com avaliação que
permeia os objetivos, conteúdos e práticas didáticas; prática didática
contextualizada e organizada”. (RODRIGUES; MACHADO; JUNQUEIRA, 2004,
p.10).

Não podemos deixar de acreditar na importância do Ensino Religioso para a


sociedade moderna, pois, no processo de construção de conhecimento, ele pode ser
considerado imprescindível, uma peça fundamental na formação de um cidadão
consciente dos seus deveres e obrigações. Disse Einstein: “A ciência sem a religião é
aleijada; a religião sem a ciência é cega”.
3 CONCLUSÃO

Diante do trabalho de pesquisa levado a efeito através de pesquisa bibliográfica


qualitativa, quando foram consultadas as mais diversas fontes sobre o Ensino Religioso
nas escolas e a sua importância na formação do aluno em relação ao seu
comportamento, podemos dizer que, tal disciplina, inserida por força da legislação
federal na grade curricular, é de grande valia aos estudantes brasileiros, trazendo-lhes
muitos benefícios.
Considerando-se a extensa diversidade religiosa e cultural reinante em nosso
país, muito presente também nos educandários, faz-se necessário que os educadores
tenham um olhar mais atento sobre a importância do Ensino religioso no processo de
Ensino e Aprendizagem, já que cada indivíduo recebe os primeiros ensinamentos por
intermédio dos pais no lar, seu primeiro grupo social, podendo ser considerado ainda a
sua primeira igreja, a igreja doméstica, e estes ensinamentos, são arrastados para a
sua jornada escolar e para a vida.
O Ensino Religioso apresenta como objetivo precípuo, a junção da religião e a
cultura, levando o indivíduo a refletir sobre a diversidade humana e a sua própria
existência, propiciando uma educação com base na igualdade, no respeito e na
valorização do outro, bem como o culto aos valores morais e éticos, tão em decadência
nos tempos hodiernos.
Os meios de comunicação proporcionados pelas novas tecnologias, trouxeram
outros modos de convivência, bastante diferentes daqueles praticados em tempos
remotos, influenciando o comportamento das pessoas, ocasionando relações mais frias,
sendo necessário que a escola abra espaço para uma relação mais afetiva através da
discussão de ideias, opiniões e conceitos, com vista à solução de problemas, ao
entendimento e à harmonia, em favor do desenvolvimento da aprendizagem. Nesse
sentido, pronunciou-se Vilela (2016, p. 18) afirmando que: “Estabelecer uma ligação da
afetividade com a aprendizagem é necessário, haja vista sucederem-se por intermédio
das interações sociais onde exista o diálogo, o compartilhamento de ideias e o respeito
mútuo”.
Assim, o Ensino Religioso pode prestar grande contribuição na formação integral
do cidadão, para que se torne um ser sociável, respeitador das diferenças e promotor
do bem-estar de todos, distanciando-se da intolerância e do fundamentalismo religioso,
tão prejudiciais a população mundial.
Outrossim, o Ensino Religioso nas escolas, manifesta-se como importante
coadjuvante na formação ética do aluno, ensinando-lhe valores importantes que serão
levados por toda a vida, além de mostrar como participar da vida em sociedade com
responsabilidade e respeito as normas vigentes, cultivando a justiça, bem como a paz,
a harmonia e a concórdia.
Destarte, infere-se que a educação alicerçada nos valores éticos e morais,
proposta no Ensino Religioso, como forma de contribuição na formação para a
cidadania consciente, faz o aluno entender o outro, respeitar, ser solidário, e tolerante,
além de trabalhar em prol de todos, com o desenvolvimento das qualidades
necessárias ao ser humano.
Logo, não devemos desprezar a importância do Ensino Religioso para a
sociedade moderna, uma vez que ele pode ser considerado indissociável do processo
de construção de conhecimento, por se tratar de uma disciplina fundamental na
formação de um cidadão cumpridor dos seus deveres.
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