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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

ENSINO RELIGIOSO E ARTES

RENATA DOS SANTOS BARROS

OS DESAFIOS DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL

PATROCÍNIO-MG
2022
OS DESAFIOS DO ENSINO REGIGIOSO NO BRASIL

Renata dos Santos Barros,

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- O presente artigo é uma revisão bibliográfica que trata sobre os desafios do Ensino Religioso
no Brasil, partindo da necessidade de garantir a sua inserção em um país laico. Busca-se compreender a
importância da disciplina de Ensino Religioso e a sua disseminação no ambiente escolar, analisando as
diversidades presentes, destacando os seus desafios, buscando uma atuação democrática e participativa
na vivência escolar. Destarte que o professor de Ensino Religioso tem um papel fundamental e primordial
na educação pois prioriza uma educação humanitária com valores a serem seguidos na vida social dos
alunos do educandário. Contribuindo também para uma melhora significativa para o ambiente escolar e a
sociedade de modo geral.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino Religioso. Ambiente escolar. Educação.


1 INTRODUÇÃO

No contexto atual a disciplina de Ensino Religioso enfrenta desafios e é de suma


importância desmitificar alguns pontos importantes e demonstrar a relevância e,
obviamente, os benefícios de trabalhar a religiosidade no ambiente escolar.

Diante da afirmativa de que o Brasil é um país laico, e às mudanças ocorridas ao


longo dos anos, o mais importante é respeitar as mais diversas crenças. Nesse
contexto, o ensino religioso deve considerar a laicidade do Brasil e repassar esse
conceito aos alunos do educandário, surgindo a necessidade de uma nova concepção
em relação à realidade atual da escola.

Embora o Ensino Religioso enfrenta desafios no ambiente escolar,


principalmente no que tange ao entendimento cultural e religioso, tal como, o
desconhecimento sobre as crenças religiosas e aos preconceitos trazidos pela
ignorância da humanidade. De certo que, o acolhimento às abordagens religiosas, sob
uma ótica compreensiva, em relação aos preconceitos existentes na opinião alheia,
agrega uma maturidade, que busca o respeito às diversidades presente nas culturas
religiosas.

O presente trabalho se justifica pela relevância do tema: “Os desafios do


Ensino Religioso no Brasil”, são diversificados, porém potencializados através
dos pedagogos, que buscam no cotidiano dos estudantes, inserindo questões,
que tratam de conscientização e o respeito pela diversidade religiosa.
Destarte que, a disciplina de Ensino Religioso, possui grande
significância no currículo escolar, ressaltando o seu contexto, e a relação da
religião e da cultura, identificando a religiosidade no Brasil na sua trajetória,
demonstrando a importância da matéria de religião.
A questão em si, trata de criar mecanismos, viabilizando a aplicabilidade
de forma coerente no currículo escolar da disciplina de ensino religioso.
Enfatizando tudo o que se refere à religião nas escolas brasileiras, analisando
e colocando em discussão os aspectos jurídicos e sua histórica trajetória no
Brasil.
Em relação a tudo isso, questiona-se às seguintes perguntas: Qual a
importância de ensinar a disciplina de ensino religioso? De que maneira deve
ser agregada no currículo escolar? Qual a sua interferência na história da
religião no Brasil?
A disciplina de ensino religioso, circunda entre o estado laico ao
processo de secularização da cultura, mesmo com às controvérsias, ainda tem
um parâmetro de alta complexidade. Sendo assim, clara e evidente a laicidade
e a simpatia às reuniões religiosas, sendo entendível a maneira que o Estado
não prioriza apenas uma religião como a oficial.
A pesquisa será trabalhada através de um levantamento bibliográfico, em
que serão consultados livros, revistas e artigos que tratam do assunto.

2 O ENSINO RELIGIOSO E SUA IMPORTÂNCIA ENQUANTO DISCIPLINA

A matéria em si de religião, ainda que seja uma disciplina que gera


polêmica, carece de ser analisada, devido às inúmeras abordagens existentes.
Somente após essa análise, é que a educação seja dita como direito
primordial, desencadeando outros direitos, no que tange a torna-se o cidadão
capaz de viver em diferentes ambientes.

Segundo Bobbio (2002, p. 149 - 150), “a ideia de tolerância nasceu e se


desenvolveu no terreno das controvérsias religiosas”. A oposição e a
incompreensão foram alvos de discussões e brigas que perduraram durante
séculos, foi na herança cultural da igreja católica e por filósofos laicos que o
modelo religião foi entendido. O autor enfatiza que quando não existe o
respeito é necessário tolerar. Segundo Bobbio (2009, p. 151 - 152), “é sempre
negativa a intolerância contrária à tolerância positiva, como a contrição das
consciências em termos práticos ou como a afirmação dogmática de uma
verdade absoluta”.

De fato, a escola faz com que o aluno busque respostas para as suas
indagações que vão surgindo ao longo da sua vida, orientando para que a sua
existência, seja circundada pela religião e que a mesma seja mantida como
referência.

A tradicional relação entre a religião católica e a educação brasileira, que


remonta à época da colonização, é o tema central deste artigo. Assim, pode-se
dizer que desde a colônia essa relação se estabelece. O processo de colonização
trouxe consigo uma estrutura de expansão católica, no contexto da contrarreforma,
elegendo a Companhia de Jesus como responsável por essa tarefa. Assim, a base
de organização da educação brasileira, que vem desde a colônia, é católica,
basicamente jesuíta. Embora por algum tempo essa ordem religiosa tenha sido
expulsa dos domínios portugueses, isso não foi suficiente para se criar uma
estrutura razoavelmente laica de ensino (CHIZZOTI, 1996; CUNHA,
2007; SAVIANNI, 2007).

A influência do ensino religioso no campo educacional, veem com a


disciplina imposta pela religião católica, na grade curricular, afirmada pelos
padrões rígidos morais e também com a presença dos sacerdotes como figura
permanente nas salas de aulas.

Essa forma de organizar a escola sobreviveu de forma inconteste até a


proclamação da república. A forte influência positivista dos militares que
proclamaram a república acabou criando uma nova realidade laica à frágil
escola pública brasileira (SCHULZ, 1971; SAVIANNI, 2007; CURY,
2001; SEPULVEDA, 2010).
A inserção da disciplina de ensino religioso, teve uma trajetória histórica, em
1928 e posterior no Decreto de 1931 por meio de Francisco Campos,
respectivamente antes como secretário de governo e depois Ministro da Educação.
Já em 1997, o artigo 33 da LDB, integraliza o Ensino Religioso na formação básica
do cidadão. Assegurando desta forma, que às novas gerações, tenham respeito à
pluralidade cultural religiosa do Brasil.

De acordo com Fernandes (2014), as tensões e conflitos prosseguem


provocando discussões e disputas, principalmente, pois a maioria do ensino
religioso desenvolvido nos cotidianos das escolas mostra-se de cunho cristão em
prejuízo da pluralidade religiosa presente no contexto brasileiro. Portanto, em
nome da liberdade religiosa, a laicidade do Estado deve ser garantida de forma
que “todos possam conviver sem ter que manifestar essa dimensão da vida,
fazendo-o apenas se quiser” (FISCHMANN, 2008, p13).

O Estado tem o dever de garantir a pluralidade religiosa na sociedade, para


tornar a convivência harmoniosa entre os seres humanos, sem provocações e
conflitos.

3 VALORES E VIRTUDES NA FORMAÇÃO DE CIDADÃOS

O Ensino Religioso pautado através dos livros sagrados, tem a sua


valorização, por conscientizar os valores através da prática da vivência,
consolidando o caráter dos alunos, os tornando adultos resolvidos, por isso, a
urgência em começar desde cedo a disciplina em salas de aulas. Seja qual for a
religião, o Ensino Religioso transmite valores levados para uma vida inteira.

O erro está que não estamos acostumados a refletir e buscar explicação, o porque,
de nossas escolhas, dos valores, dos comportamentos. Resolvemos baseados na
força do hábito, dos costumes e da tradição. Desta forma, extinguimos nossa
capacidade critica diante da realidade, 12 diante do que acreditamos. Explicando
melhor: não costumamos fazer ética, pois não fazemos a crítica, nem buscamos
compreender e explicitar a nossa realidade moral. (MANZINI COVRE, 2003, p. 18).

Sabemos que o ser humano é dotado de valores e virtudes, e que as suas


atitudes e ações se diferem de cada indivíduo. As virtudes, demonstram as
qualidades, que torna o ser humano, íntegro e humanitário, enquanto aos valores
são características de cada um, boa ou má.

Talvez a educação seja um dos caminhos mais seguros para uma transformação
efetiva: um caminho para o bem comum, para uma sociedade mais justa e uma
vida mais digna. Por isso a importância da escola para as virtudes e valores
(SERRANO, 2002, p. 65).

Atualmente, nos deparamos com pessoas mais egoístas, e por isso a


necessidade de inserir o ensino religioso nas escolas o mais cedo possível.
Repassando os valores e as virtudes para a formação de um cidadão melhor para
ser inserido na sociedade. Aprendendo a colaborar em prol do coletivo, dando
ênfase que todos têm a sua importância, lidando com os direitos e as
responsabilidades em uma sociedade.
Destarte que, que o ensino religioso traz inúmeros benefícios para a
formação do ser humano. E com a inclusão desta disciplina nas escolas, tem o
diferencial de multiplicar estes benefícios, propagando valores e virtudes em uma
sociedade que almeja a justiça.
Todavia, o aprendizado de ensino religioso agrega questões de cunho moral
e comportamental, transmitindo valores como: bondade, respeito, coletividade,
empatia, o amor ao próximo, entre tantos outros, ressaltando valores que devem
permanecer na atualidade. De certo, a violência e a falta de respeito só podem ser
sanadas com a formação dos cidadãos, através de valores que contribuem para
uma humanidade.
Por fim, a disciplina de ensino religioso tem a finalidade de desenvolver e
consolidar o caráter do ser humano, promovendo o amor ao próximo para vivermos
em uma sociedade mais justa.

Tão básico é o direito à liberdade de crença presente no foro íntimo de cada


um, que qualquer ameaça, incluindo a que se volta para a própria possibilidade de
sua existência, torna-se ameaça à integridade da identidade de cada um, de
grupos e da própria sociedade.(...) Se dada religião é tomada como “melhor” ou
“preferencial”, comparativamente às outras religiões que estejam presentes em
dada sociedade, e sejam quais forem os argumentos usados, automaticamente o
grupo de adeptos dessa religião passará a gozar de privilégio e distinção que
excluirão os demais. Se é o argumento da maioria estatística que se tenta usar
como base da reivindicação do privilégio, mais em risco se coloca a democracia,
pois estaria ao sabor de dados flutuantes que não poderiam justificar que mesmo
um único ser humano viesse a ser desprezado em sua condição humana, sendo
ele igual aos demais e partícipe da pluralidade, na qual se realiza a dignidade
humana. (FISCHMANN, 2012, p. 17-18).

De certo que, a liberdade de escolha da crença religiosa, traz uma liberdade


existencial, porque o argumento usado como parâmetro para estar inserido em
uma religião, traz a sensação de que a democracia está sendo aplicada em prol da
dignidade humana.

4 CONCLUSÃO

Diante do exposto, e com as constantes mudanças num país laico como o Brasil,
provocando inúmeras crises de cunho existenciais. Embora tudo isso venha do
progresso, que traz não somente o desenvolvimento, mas sim, uma mudança de
paradigmas em diversos setores, principalmente no que tange a educação. Onde a
mesma buscou através da atualização, condições para que o aluno consiga atingir uma
formação global com a pluralidade religiosa, que avançou ao longo dos últimos anos. A
disciplina de ensino religioso devido a sua abordagem no contexto cultural em um país
como Brasil, estimula polêmicas, fazendo com que a repercussão desta disciplina, seja
partícipe da formação do cidadão, oportunizando o respeito à diversidade cultural
religiosa do Brasil.

Destarte que, através do desconforto de radicalizar uma crítica construtiva, em


busca pelos valores fundamentais que envolvam o respeito pela vida e ao amor ao
próximo, enfim tudo o que envolva a dignidade do homem e os direitos humanos.

As atitudes ecumênicas devem ser desenvolvidas pelo ensino religioso,


promovendo um diálogo com todas as religiões, respeitando cada aluno com a sua
identidade religiosa.

Com o objetivo de preservar a religião de cada aluno, o ensino religioso busca a


dimensão transcendental, humana e ecológica não subestimando a importância da
disciplina de ensino religioso nos dias atuais. Reafirmando que a família é a base da fé
e religião, transmitindo os primeiros valores aos alunos, contribuindo para a sua
personalidade e a formação da consciência, oferecendo como referência, critérios que
abordam uma conduta de vida, contribuindo para o aprendizado e o respeito mútuo
entre a pluralidade das religiões e culturas.

Contudo, é no ambiente escolar que ocorre o desenvolvimento da personalidade


do aluno. Tendo como amostragem da pluralidade de pessoas com ideais e etnias
diversificadas.

Entretanto, a disciplina de ensino religioso, devido ao desrespeito à vida, ética e


a moral, é de suma importância a sua valorização como sendo indispensável para a
grade curricular escolar, transcendendo uma convivência mais justa.

Em virtude desses aspectos, o ensino religioso é tido como uma ferramenta para
o desenvolvimento dos alunos, porque estimula o sentimento de justiça na sociedade.

5 REFERÊNCIAS

BOBBIO, Norberto. Elogio da serenidade e outros escritos morais. São P aulo:


UNESP, 2002.

CHIZZOTI, A. A Constituinte de 1823 e a Educação. FÁVERO, O. A Educação nas


Constituintes Brasileiras: 1823 – 1988. São Paulo: Autores Associados, 1996.
CUNHA, L. Educação, Estado e Democracia no Brasil. São Paulo: A universidade
temporã: o ensino superior, da Colônia à Era Vargas. São Paulo: Unesp, 2007.

CURY, C. R. J. Cidadania Republicana e Educação: Governo Provisório do Mal.


Deodoro e Congresso Constituinte de 1890-1891. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

FERNANDES, V. C. (As) Simetria nos Sistemas Públicos de Ensino Fundamental em


Duque de Caxias (RJ): a religião no currículo. Tese (Doutorado em Educação). Pós-
Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2014.

FISCHMANN, R. Estado laico. São Paulo: Fundação Memorial da América Latina,


2008.

FISCHMANN, Roseli. Estado laico, educação, tolerância e cidadania: para uma análise
da concordata. São Paulo: Factash Editora, 2012.

MANZINI COVRE, Maria de Lourdes. O que é cidadania. São Paulo: Brasiliense, 2003.

SAVIANI, D. História das Ideias (sic) Pedagógicas no Brasil. Campinas – São Paulo:
Autores Associados, 2007.

SEPULVEDA, J. A. O papel da Escola Superior de Guerra na projeção do campo militar


sobre o campo educacional. Tese (Doutorado em Educação). Pós-Graduação em
Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

SERRANO, Glória Pérez. Educação em valores: como educar para a democracia. 2.ed.
Porto Alegre: Artmed, 2002.

SCHULZ, J. O Exército e a Política. São Paulo: EDUSP, 1971.

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