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FACULDADE UNIDA DE VITÓRIA

MESTRADO EM CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES

ENSINO RELIGIOSO À LUZ DA BNCC: UMA FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DA


CULTURA DE PAZ NAS ESCOLAS DE FORTALEZA

ALINE ALENCAR AQUINO

FORTALEZA-CEARÁ
2023
RESUMO

O presente trabalho apresenta como tema: O Ensino Religioso como uma ferramenta na
promoção de uma cultura de paz nas escolas. O Ensino Religioso, a partir da homologação da
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), passa a ser uma área de conhecimento, com
objetivos, habilidades e competências a serem consolidadas durante o processo de formação
dos alunos e das alunas. Os objetivos propostos pela Base Nacional Comum Curricular
tendem para uma educação pautada na paz, fundamentando-se na valorização dos Direitos
Humanos, no diálogo e na diversidade. Porém, faz-se necessário, além desses objetivos,
competências e habilidades, proposições pedagógicas para que sejam implementados os
pressupostos de uma cultura da paz e para a paz.  A partir desse contexto, o presente trabalho
tem como objetivo verificar como o Ensino Religioso pode ajudar na promoção da paz nas
escolas públicas municipais de Fortaleza. Para isso, foi feita uma pesquisa bibliográfica nas
bases Scielo e Google Scholar. Este trabalho fundamenta-se na Base Nacional Comum
Curricular, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) e em trabalhos científicos
de diversos autores que abordam o tema. Portanto, o presente está dividido em três capítulos,
sendo o primeiro intitulado O Ensino Religioso nas Escolas Públicas Brasileiras, que trata da
trajetória do ensino religioso nas escolas brasileiras, que teve início com a vinda dos jesuítas,
na época da colonização do Brasil; o segundo capítulo intitulado O papel do Ensino
Religioso na construção de uma cultura de paz, que trata da importância da
transdisciplinaridade, a definição de um currículo contextualizado para o Ensino Religioso e,
por último, aborda sobre a utilização de metodologias ativas para o Ensino Religioso. O
terceiro capítulo aborda sobre os possíveis caminhos para o Ensino Religioso como uma
ferramenta para a construção de uma cultura de paz, enfatizando a importância da inserção de
toda a comunidade escolar no projeto de Ensino Religioso e da importância da relação
família-escola. Por fim, são apresentadas as Conclusões do presente trabalho.

Palavras – chave: Ensino Religioso. BNCC. Cultura de Paz.


.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3

1 O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS


BRASILEIRAS
1.1 O ENSINO RELIGIOSO ANTES DA BNCC
1.2 O ENSINO RELIGIOSO PROPOSTO PELA BNCC
1.3 O ENSINO RELIGIOSO NAS DCNs DAS CIÊNCIAS DAS
RELIGIÕES

2 O PAPEL DO ENSINO RELIGIOSO NA CONSTRUÇÃO DE UMA


CULTURA DE PAZ
2.1 A IMPORTÂNCIA DA TRANSDISCIPLINARIDADE
2.2 A DEFINIÇÃO DE UM CURRÍCULO CONTEXTUALIZADO
PARA O ENSINO RELIGIOSO
2.3 A UTILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS PARA O ENSINO
RELIGIOSO

3 POSSÍVEIS CAMINHOS PARA O ENSINO RELIGIOSO COMO


FERRAMENTA PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DE
PAZ
3.1 EDUCAÇÃO PARA PAZ: UM DOS DESAFIOS DA ESCOLA

3.2 O ENSINO RELIGIOSO NA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

3.3 ENSINO RELIGIOSO E CULTURA DE PAZ

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO

O mundo no qual vivemos está cada vez mais violento e para constatar essa afirmação
basta ligar a televisão em qualquer noticiário jornalístico. Estamos vivendo em uma sociedade
que produz os mais diversos tipos de violência: física, verbal, doméstica, injúrias,
preconceitos de qualquer espécie, assassinatos, dentre outros.

Sobre isso, Patrícia Giardini afirma: 

Vivemos em um mundo conturbado, no qual a violência e a falta de diálogo têm


permeado as relações humanas de forma a modificá-las de acordo com cada
contexto histórico, cultural, político e social.
O homem parece ter perdido a noção do ser, pela de ter e diariamente, as realidades
retiram de cena vidas preciosas do planeta, o qual parece ter perdido seus principais
valores, como o respeito à vida e ao próximo, a empatia, a solidariedade, a
honestidade, dentre outros.1

Infelizmente, alguns desses tipos de violência chegaram no ambiente escolar:


discussões, brigas, a prática de bullying, preconceitos e qualquer tipo de discriminação. A
escola deve ser um ambiente em que os alunos e as alunas se sintam seguros. Dessa forma, a
escola tem uma responsabilidade na gestão de conflitos, devendo elaborar estratégias para
intermediar os desentendimentos já existentes e resolver problemas que estão ainda no início,
antes de se tomarem proporções maiores. Sendo assim, a escola deve buscar formas de
prevenção sem negligenciar ou menosprezar o conflito.

As escolas têm o dever de formar cidadãos. Quanto a isso, o Rute Virgens2 diz:

A escola atualmente está voltada para fazer face às necessidades da sociedade, desta
forma ela tem que preparar os indivíduos para atuar em sociedade, ou seja, formar
um cidadão.

A partir da citação acima, pode-se dizer que é compreensível que o blog cite a
capacitação dos profissionais da escola, pois são os professores que lidam diretamente com os
alunos e são os primeiros a serem chamados para mediar os conflitos tanto na sua sala de aula
1 GIARDINI, Patrícia M. Pereira. O Ensino Religioso como Possibilidade Pedagógica à Promoção de Ações
Pela Cultura de Paz no Campo Educacional. 2021, p. 15. 177 f.Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais
Aplicadas) – Universidade Estadual de Ponta Grossa. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Aplicadas. Área de Concentração: Cidadania e Políticas Públicas. Linha de pesquisa: Estado Direito e Políticas
Públicas, Ponta Grossa, 2021.
2
VIRGENS, Rute Almeida. A educação ambiental no ambiente escolar, 2011, p. 1. Trabalho de Conclusão
(Licenciatura em Biologia à Distância) - Universidade de Brasília - UNB, Luziânia, 2010.
4

como na escola. Sendo assim, é importante que os professores tenham uma capacitação
adequada para que possam gerir os conflitos que possam vir a surgir tanto em suas salas de
aulas como no ambiente escolar como um todo.

Diante o exposto, este trabalho apresenta como pergunta-problema: como a educação


pode auxiliar na diminuição do número de violência? Podemos afirmar que por meio de ações
voltadas para uma Cultura de Paz no ambiente escolar, como determina a inserção legal
trazida para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) através da Lei
nº13.663/2018, que determina que os estabelecimentos de ensino deverão promover ações em
prol da Cultura de Paz no ambiente escolar.

A partir disso, surgiu o questionamento de quais seriam os procedimentos possíveis


para cumprir tal norma. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo verificar como o Ensino
Religioso enquanto área do conhecimento integrante da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC)  pode ser considerado uma estratégia hábil à promoção da Cultura de Paz nas
Escolas. 

Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas bases Scielo e Google Scholar.
O presente fundamenta-se na Base Nacional Comum Curricular, na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Básica (LDB) e em trabalhos científicos de diversos autores que abordam o
tema.

Portanto, o presente trabalho apresenta-se em três capítulos. O Capítulo I -  O Ensino


Religioso nas escolas públicas brasileiras, sendo subdividido em outros 3 tópicos, sendo o
primeiro intitulado O Ensino Religioso antes da BNCC, que trata da trajetória do ensino
religioso nas escolas brasileiras, que teve início com a vinda dos jesuítas, na época da
colonização do Brasil; o segundo tópico intitulado O Ensino Religioso proposto pela BNCC,
que discorre sobre a proposta curricular da BNCC e apresenta as competências gerais e
específicas para o Ensino Religioso; o terceiro tópico trata do Ensino Religioso nas DCNs das
Ciências das Religiões.

O capítulo 2 intitulado O papel do Ensino Religioso na construção de uma cultura de


paz, trata da importância da transdisciplinaridade e discorre sobre a importância de um
currículo contextualizado e a utilização de metodologias ativas para o Ensino Religioso.

O capítulo 3 intitulado Possíveis caminhos para o Ensino Religioso como ferramenta


para a construção de uma cultura de paz, aborda a educação para paz como um dos desafios
da escola e discorre sobre o Ensino Religioso na mediação de conflitos e seu papel na
construção de uma cultura de paz.

Por fim, são apresentadas as Conclusões do presente trabalho e as Referências


utilizadas para embasar teoricamente o discurso aqui realizado.
1 O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS

O presente capítulo trata da trajetória do Ensino Religioso nas escolas brasileiras que
teve início com a vinda dos jesuítas, na época da colonização do Brasil. Desse período aos
dias de hoje o ensino religioso vem sofrendo muitas modificações. Em toda sua trajetória,
passando pelo período colonial, imperial e republicano foram muitas alterações sofridas em
toda sua estrutura de conteúdo, seus objetivos e seus modelos catequético, teológico e de
caráter científico.
É essencial que em um estudo sobre o Ensino Religioso principalmente onde se fala
em educar para a promoção de uma cultura pela paz se conheça um pouco da sua trajetória e
como ajudou a compor o cenário em que se vivencia hoje. O Brasil de 520 anos que se
conhece não é o mesmo de seu descobrimento e com o Ensino Religioso não poderia ser
diferente, pois tudo está sempre em transformação: a cultura, a sociedade, os indivíduos, pois
se está sempre em movimento e o passado é o que permite chegar no presente e a sua
compreensão é o que nos torna melhores.

1.1 O ENSINO RELIGIO ANTES DA BNCC

Para Sérgio Junqueira3 o Ensino da Religião é um elemento do projeto político que


chegou junto com os portugueses durante a colonização do Brasil utilizado como referência
na educação jesuítica durante o período colonial.
Ele afirma que em 1827, alguns documentos complementares do império
mencionaram que juntamente com a leitura, a escrita e as quatro operações, a doutrina
religiosa era um dos objetivos da escola, sempre visando a adesão ao catolicismo. Afirma
ainda que essa fase se caracterizou por uma educação humanística, individualista, porém com
métodos tradicionais de caráter disciplinador. Assim a conquista do novo território
configurada por invasão e domínio dos habitantes locais estaria inserida na proposta político
econômica da época. E para tanto coube a igreja o papel de homogeneizar a cultura e
apaziguar os conflitos.
Com a expulsão dos jesuítas, Junqueira4 conta que o Estado assumiu a educação desta
fase e a elite brasileira passou a ser educada nas escolas da coroa e ao estado coube o ensino

3
JUNQUEIRA, Sergio Rogerio Azevedo. Educação e história do Ensino Religioso. Pensar a Educação em
Revista, Curitiba/Belo Horizonte, v. 1, n. 2, Jul. -Set/2015. p. 5,
4
JUNQUEIRA. Sergio Azevedo. WAGNER, Raul. O ensino religioso no Brasil. 2 ed. rev. e ampl. – Curitiba:
Champagnat, 2011. Coleção Educação: religião 5.
7

da população constituída de índios, escravos e ao restante do povo. Progressivamente são


criadas as academias e escolas para as classes mais abastadas, entretanto sem evolução
significativa para as camadas mais populares. O ensino religioso ficou de forma mais
privativo e doméstico, que por meio das confrarias foi consolidado o sincretismo religioso. E
assim o projeto religioso entra em conflito com o projeto político da aristocracia pois passa a
acontecer sob a forma de evangelização e catequese.
Com a implantação do regime republicano e sob forte influências das ideias
positivistas, o Brasil foi declarado um estado laico. Isso interferiu em vários campos da vida
social, principalmente na escolarização. Considerando que o país é constituído de uma cultura
heterogênea se torna mais valorizado o pluralismo cultural e se inicia uma busca baseada no
pluralismo religioso, para a compreensão dessa diversidade.
Segundo Vasconcelos5, a igreja nunca aceitou o seu afastamento das escolas que
perdurou por quatro décadas. Nesse período a igreja sempre manteve mobilizações em busca
de reverter a situação desfavorável para si. Com as manifestações, a igreja foi ganhando força
no âmbito político e aos poucos foi também, recuperando o seu espaço dentro das
escolas.Ainda, conforme Vasconcelos5, em 1934 o Ensino Religioso passou a ser facultativo e
a partir de 1964, obrigatório apenas para as instituições de ensino.
Segundo Curry6, a questão do ensino religioso nas escolas começou a se tornar uma
questão polêmica e complexa na medida em que envolveu o estado laico, a realidade de
múltiplos credos e a individualidade de cada um. Diante disso, Junqueira7 explica um esforço
de renovação do ensino religioso frente a sua perda de identidade, pois além de perder o seu
caráter catequético, não ficou muito claro o seu papel no ambiente escolar. Assim, o
catecismo deixa o ambiente escolar e se busca uma nova identidade para o Ensino Religioso
escolar.
Contudo Junqueira7 explica que com a nova constituinte de 1985, o ensino religioso
volta a ser discutido e em 1995 com a criação do Fórum Nacional Permanente do Ensino
Religioso (FONAPER) e na Constituição de 1988 quando cita o artigo 210 parágrafo 1° do
capítulo III, da ordem social, que estabelece que “o Ensino Religioso de matrícula facultativa,
constituir-se-á disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”
fazendo uma comparação a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n°9.394/96,
8
FIGUEIREDO, Antônio P. Ensino religioso. Petrópolis): Vozes, 1994, p. 103.
9
VASCONCELOS, 2009, p. 28.
10
JUNQUEIRA, S. R. A. & WAGNER, R. (Orgs.). O ensino religioso no Brasil. Coleção Educação: Religião,
vol. 5. 2. Ed. Curitiba (PR): Champagnat, 2011, p. 114.
11
BRASIL. Fórum nacional permanente do ensino religioso – parâmetros curriculares nacionais: Ensino
Religioso. São Paulo: AM Edições, 1997.
12
GALVEAS, Maria de Fatima Pimentel Pereira. História do ensino religioso brasileiro: do período colonial à
república. Vitória: Faculdade Unida de Vitória, 2017.
8

que confere um sistema de ensino mais liberal favorecendo a diversidade nacional e a


pluralidade nacional brasileira. Assim com essa lei o ensino religioso foi inserido como
disciplina, mas descartando qualquer possibilidade pedagógica, já que ainda se apresentava
com um uma postura de catequização.
Para Figueiredo8, nesse período, o ensino religioso aparece como “apêndice da
conjuntura escolar” chegando a ser considerado um empecilho a estrutura do sistema “pois a
legislação o estaria mantendo em uma concepção mais eclesial do que pedagógica.” Vale
observar que essa forma de ensino onde é opcional ao aluno promoveria um a separação por
grupos religiosos, possivelmente causando conflitos, logo não estaria promovendo uma
compreensão da sociedade onde teria o papel de promover na sociedade, a ética, cidadania,
tolerância e capacidade de aceitação do outro.
Vasconcelos9 explica que, paralela à aprovação da Lei n.º 9.475/97, que alterou o
artigo 33 da LDB, ocorreu a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Religioso (PCNERs) mas que teve sua elaboração realizada por entidade civil composta por
educadores cristãos, diferentemente das demais disciplinas que foram elaboradas pelo
Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Junqueira e Wagner10 diz que no final de 1990, o ensino religioso volta a ser discutido
trazendo argumentos já antigos que o ensino religioso não fornecia resultados suficientes para
que fosse lhe conferido os mesmos direitos das disciplinas científicas onde em resposta os
cientistas da religião, durante o FONAPER, sublinharam os progressos da disciplina
relembraram o papel do ensino religioso na formação do ser humano enquanto cidadão.
A religião está presente na humanidade e constitui elemento fundamental a cultural
brasileira, fazendo parte das ciências humanas e se faz indispensável a compreensão de tudo
oque somos. Assim, Junqueira afirma que “uma sociedade cultural e religiosamente plural, na
qual todas as crenças e expressões religiosas devam ser respeitadas, que se insere no ensino
religioso como disciplina curricular11”.
A trajetória do ensino religioso brasileiro se caracteriza de forma conturbada e de luta
entre estado e igreja cujos reflexos observamos em diversos documentos normativos e
legislativos durante toda a sua construção. Ainda hoje buscando espaço enquanto área de
conhecimento e identidade curricular.12

5
VASCONCELOS, J. A. Fundamentos epistemológicos da história. Curitiba: IBPEX, 2009,p.15.
6
CURY, C. R. J. Ensino religioso e escola pública: o curso histórico de uma polêmica entre a igreja e o estado no
Brasil. Educação em Revista, n°17, jun., pp. 20 – 37. Belo Horizonte: Faculdade de Educação da UFMG, 993,
P.20.
7
JUNQUEIRA, 2011, p. 07.
9

1.2 O ENSINO RELIGIOSO PROPOSTO PELA BNCC

Desde a sua homologação em 2017, muito tem se falado da Base Nacional Comum
Curricular, que é um documento de caráter normativo que se autodefine como:

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo


que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos
os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação
Básica de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de
Educação (PNE). Este documento normativo aplica-se exclusivamente à educação
escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)1, e está orientado pelos princípios
éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN).13

Por meio da BNCC alteram-se regimentos e instruções que normatizam e representam


como a Educação Básica deve ocorrer no Brasil, pois norteia a formulação dos currículos das
redes escolares de todo o Brasil, apontando as competências e habilidades que os estudantes
devem desenvolver ao longo da escolaridade.

O documento está organizado em:

● Apresentação - texto introdutório disponível por etapa, área e geral;

● Competências Gerais - competências que os alunos deverão desenvolver no decorrer


de todas as etapas da Educação Básica;

● Competências Específicas - são as competências de cada área do conhecimento e dos


componentes curriculares;

● Direitos de Aprendizagem ou Habilidades - referem-se a diversos tipos de objetos de


conhecimento que os alunos devem desenvolver em cada etapa da Educação Básica.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
14

Publicado no Diário Oficial da União em 23 de dez., 1996.

LEÃO, Francisco Daniel Pereira; PERES, Cesar. Cultura de Paz e Ensino Religioso: Desafios, Perspectivas e
15

Contribuições. Kelma Socorro Alves Lopes de Matos (Org.). Cultura de paz, ética e espiritualidade IV.
Fortaleza: Edições UFC, 2014. 
10

Por meio da BNCC espera-se que todos os estudantes do Brasil desenvolvam os


mesmos conhecimentos, habilidades e competências, evidenciando que não haverá distinção
entre a rede pública e a rede privada de ensino, uma vez que se busca uma unidade. No
entanto, a cada uma delas cabe um teor de autonomia, pois a Base estipula que se tenha uma
área diversificada no currículo escolar, considerando a realidade e o contexto sociocultural da
comunidade na qual a escola está inserida, desde que respeitado o que se estipula através da
Base.

Vale ressaltar que os objetos de conhecimento se referem aos conteúdos, conceitos e


processos. E as etapas da Educação Básica, de acordo com a Lei 9394/2006 (LDB), são:

● Educação Infantil - divide-se em creche (crianças de 0 a 3 anos) e pré-escola (crianças


de 4 a 5 anos);

● Ensino Fundamental - divide-se em Anos Iniciais - do 1º ao 5º Ano (crianças de 6 a 10


anos) e Anos Finais - do 6º ao 9º ano (crianças de 11 a 14 anos);

● Ensino Médio - 1 Série (adolescentes de 15 anos), 2 Série (adolescentes de 16 anos) 


a a

e 3 Série (adolescentes de 17 anos).


a

Feita a definição do documento normativo, daremos prosseguimento ao presente


trabalho, adentrando no que diz respeito ao Ensino Religioso, que, diferente do que pensa a
maioria das pessoas, não se trata do Ensino da Religião, mas uma disciplina científica, que faz
parte do currículo escolar, centrada na antropologia religiosa, atendendo assim a uma
sociedade pluralista e laica, de acordo com o art. 33 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN), revisto em 1997 pela Lei nº 9.475, de 1997:

Art. 33 - O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação


básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de
ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil,
vedadas quaisquer formas de proselitismo.14

O nosso país possui uma grande diversidade religiosa, mas sendo o Estado laico a
educação também deve ser, portanto, segundo Leão; Peres, “o ensino de religião na escola
pública é uma violência, pois nega a diversidade religiosa e contraria o princípio
constitucional do Estado Laico.15

13
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular - BNCC. Ministério da Educação,2017, p. 7.
11

O Ensino Religioso na BNCC deixa de ser apenas uma mera disciplina (componente
curricular) e passa a ser apontado como uma área do conhecimento, assim como as outras
áreas que já são consagradas no sistema educacional brasileiro (BRASIL, 2017, p. 27), tendo
assim seu espaço reconhecido na versão homologada da Base Nacional Comum Curricular. 

Ferreira e Brandenburg afirmam que

O Ensino Religioso (ER), como disciplina no currículo escolar, passou nas últimas
três décadas por processos de ressignificação e reestruturação pedagógica. Uma
complexa rede de relações políticas e interesses de grupos configurou o campo do
ER no sistema de ensino. 16

Esse formato de colaboração, todavia, ainda convive no seio do aparelho estatal, com
disputas pela hegemonia de suas crenças e conquistas de legitimidade e poder (SILVA, 2018,
p. 61).
A própria BNCC faz uma contextualização histórica sobre o Ensino Religioso, que é
descrito com caráter confessional e catequético que perdurou por muito tempo no campo
educacional. 
A Base Nacional Comum Curricular estabelece 10 competências gerais que
devem ser desenvolvidas pelos estudantes ao longo de toda a Educação Básica. Segundo o
documento, entende-se por competência:

[...] competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e


procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e
valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da
cidadania e do mundo do trabalho 17 .

Feita a definição de competência de acordo com a BNCC, cabe aqui apresentar


quais são as competências gerais da Educação Básica18:

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o


mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências,
12

incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a


criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e
resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos
conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às
mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-
cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e
escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das
linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar
informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação
de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria
na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em
relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

FERREIRA, Renan da Costa; BRANDENBURG, Laude Erandi. O Ensino Religioso e a BNCC: possibilidades
16

de se educar para a paz. Revista Caminhos.2.:508-522, 2019, p. 509.


17
Brasil, 2017, p.9.
18
BRASIL, 2017, p. 8.
13

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,


compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as
dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos,
com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos
sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos
de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

A respeito disso, Ferreira & Brandenburg afirmam:

Naquilo que se preconiza como competência, busca-se uma mobilização e uma


transformação de pensamentos e atitudes ao longo do desenvolvimento dos
estudantes na educação básica. Assim sendo, tal mobilização tem por finalidade o
exercício, uma prática de cidadania. Ao analisarmos cada uma das dez competências
propostas pela base são nítidos os variados elementos que buscam a valorização do
diferente, a propositura do diálogo e a compreensão das diferentes vertentes
culturais. O termo alteridade é recorrente nesse documento normativo. Importante
observar que mesmo vislumbrando os últimos acontecimentos que pairam sobre
o mundo da educação e, ao mesmo tempo, demonstram tendências mais
conservadoras e fundamentalistas, as propostas da BNCC caminham para um espaço
de diálogo, interação e valorização cultural. Importante frisar que as competências
gerais perpassam todo o currículo da educação básica. Aqui não estamos falando
de uma especificidade do Ensino Religioso e, sim, de todos os componentes
curriculares que fazem parte do processo educacional. 19

Vale ressaltar que essas competências se inter-relacionam e se desenrolam na


prática pedagógica proposta para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na construção de conhecimentos, no
desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos termos da LDB, o
20
BRASIL, 2017, p. 467.
21
BRASIL. Parecer CNE/CP nº 12/2018, aprovado em 2 de outubro de 2018. Diretrizes Curriculares Nacionais
para os cursos de licenciatura em Ciências da Religião. Conselho Nacional de Educação. Ministério da
Educação, DF, 2018.
14

que nos levam a pensar que visam a formação integral do aluno ao longo de todo o processo
de ensino na Educação Básica.
No tocante ao Ensino Religioso, a Base recomenda a pesquisa e o diálogo como
meios de se consolidar o que é estabelecido como competências próprias para o Ensino
Religioso no ensino fundamental. As competências específicas para o Ensino religioso são:

1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos


religiosos e filosofias de vida, a partir de pressupostos científicos, filosóficos,
estéticos e éticos.
2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de
vida, suas experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios.
3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto
expressão de valor da vida.
4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de
ser e viver.
5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da
política, da economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente.
6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e práticas de
intolerância, discriminação e violência de cunho religioso, de modo a assegurar
os direitos humanos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz.

Essas competências estão distribuídas ao longo do currículo da Educação Básica,


no Ensino Fundamental, não havendo propostas para o Ensino Religioso no Ensino Médio.
Entretanto, cita como tarefa da escola no Ensino Médio: “promover o diálogo, o entendimento
e a solução não violenta de conflitos, possibilitando a manifestação de opiniões e pontos de
vista diferentes, divergentes ou opostos”20, buscando também lançar estimativas para a paz.

1.3 O ENSINO RELIGIOSO NAS DCNs DAS CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES

Em 2018 foram homologadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de


licenciatura em Ciências da Religião. O Parecer CNE/CP nº 12/2018 diz que “para além da
docência, o licenciado em Ciências da Religião poderá atuar como pesquisador, consultor e
assessor em espaços não formais de ensino, em instituições públicas e privadas, organizações
não governamentais e entidades confessionais.”21
19
FERREIRA; BRANDENBURG,2019, p. 17.
15

O artigo 3º do Parecer CNE/CP nº 12/2018, portanto, trata do curso de licenciatura em


Ciências da Religião que, segundo o documento, deverá propiciar:
I - Sólida formação teórico, metodológica e pedagógica no campo das Ciências da
Religião e da Educação, promovendo a compreensão crítica e interativa do contexto, a
estrutura e a diversidade dos fenômenos religiosos e o desenvolvimento de competências e
habilidades adequadas ao exercício da docência do Ensino Religioso na Educação Básica;
II - Sólida formação acadêmico-científica, com vistas à investigação e à análise dos
fenômenos religiosos em suas diversas manifestações no tempo, no espaço e nas culturas;
III - O desenvolvimento da ética profissional nas relações com a diversidade cultural e
religiosa;
IV - O aprendizado do diálogo inter-religioso e intercultural, visando o
reconhecimento das identidades, religiosas ou não, na perspectiva dos direitos humanos e da
cultura da paz.
As Diretrizes Curriculares para o curso de licenciatura em Ciências da Religião lista as
habilidades necessárias que os egressos no curso devem ter:
I Atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma sociedade justa,
equânime e igualitária;
II Trabalhar na promoção da aprendizagem e do desenvolvimento de sujeitos nas
diferentes etapas e modalidades de educação básica;
III Relacionar os conteúdos específicos da Ciência da Religião e as abordagens
teórico-metodológicas do Ensino Religioso de forma interdisciplinar e contextualizada;
IV Demonstrar proficiência nas linguagens digitais e na utilização das tecnologias de
informação e comunicação nos processos de ensino-aprendizagem;
V Demonstrar consciência da diversidade, respeitando as diferenças de natureza
ambiental-ecológica, étnico-racial, das deficiências e dos diversos modos de ser e viver;
VI Realizar pesquisas que proporcionem conhecimento sobre os estudantes e sua
realidade sociocultural, sobre organização do trabalho educativo e práticas pedagógicas,
objetivando a reflexão sobre a própria prática e a disseminação de conhecimentos;
VII Compreender criticamente os dispositivos legais e as normativas curriculares
enquanto componentes fundamentais para o exercício do magistério;
VIII Participar da gestão das instituições de educação básica, contribuindo para a
23
SILVA, Cícero Lopes. Contribuições da metodologia transdisciplinar para a fundamentação do ensino
religioso no contexto da escola laica. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Pontifícia Universidade
Católica de Pernambuco, Recife, 2013.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª ed. Rio de Janeiro:
24

Bertrand Brasil, 2003.


16

elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do projeto político-pedagógico


escolar;
IX Mediar debates, pesquisar e assessorar espaços não formais de ensino, instituições
públicas e privadas, organizações não governamentais e entidades confessionais.
Pode-se dizer que a homologação do referido documento é um divisor de águas na
formação e atuação do professor de Ensino Religioso, pois as Diretrizes instituem as
competências que o profissional deverá desenvolver:
I - Apropriar-se dos elementos constituintes das diferentes tradições/movimentos
religiosos e filosofias de vida, a partir de pressupostos científicos, estéticos e éticos, para
entender e explicar a realidade e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva;
II - Conhecer as manifestações religiosas e filosofias de vida em diferentes tempos,
espaços e territórios, a fim de promover a valorização e o respeito à diversidade de saberes e
experiências socioculturais peculiares às religiões;
III - Analisar as relações entre as tradições/movimentos religiosos e os campos da
cultura, arte, política, economia, saúde, sexualidade, ciência, tecnologias, mídias e meio
ambiente para construir leituras críticas de mundo no contexto do exercício da cidadania;
IV - Exercer a docência do Ensino Religioso em todas as etapas e modalidades da
Educação Básica, em espaços formais e não formais, por meio de práticas pedagógicas
fundamentadas na interculturalidade e na ética da alteridade, com vistas a promover o respeito
ao outro e aos direitos humanos;
V - Reconhecer a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e
viver, para valorizar a diversidade de indivíduos e grupos sociais, seus saberes, identidades,
culturas e potencialidades;
VI - Posicionar-se frente aos discursos e práticas de intolerância, discriminação e
violência de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício
da cidadania e da cultura de paz;
VII - Investigar e propor a resolução de situações-problema com base nos
conhecimentos específicos de sua formação.
O curso deverá ter carga horária de 3200 horas/aula, com duração mínima de 8
semestres, distribuídas em: 2.200 horas dedicadas às atividades formativas do Núcleo de
Formação Específica; 400 horas de prática como componente curricular, distribuídas ao
longo do processo formativo; 400 horas dedicadas ao estágio obrigatório em Ensino Religioso
na educação básica e 200 horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas
22
BRASIL, 2017, p.10.
17

específicas do Núcleo de Estudos Integradores.


No entanto, o documento se refere à formação do docente em Ciências das Religiões,
não estabelecendo parâmetros para o Ensino Religioso nas escolas.

2. O PAPEL DO ENSINO RELIGIOSO NA CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DE PAZ

Neste capítulo será discutido o papel do Ensino Religioso na construção de uma


cultura de paz, o que não é uma tarefa exclusiva do Ensino Religioso, como é possível
verificar no decorrer do capítulo.
Este capítulo discorre sobre a importância da transdisciplinaridade, uma vez que, como
já foi dito, educar para a paz não é uma tarefa exclusiva do Ensino Religioso, mas sim de
todos os componentes curriculares, já que a BNCC ao atribuir as competências gerais em seu
documento refere-se a todos os componentes curriculares.

2.1 A IMPORTÂNCIA DA TRANSDISCIPLINARIDADE

A transdisciplinaridade é a chave para a educação enxergar outros conceitos e novas


ideias, pois essa prática é uma oportunidade que melhora o processo de ensino-aprendizagem,
tornando as aulas mais atrativas e proveitosas, pois incluem todas as disciplinas do ambiente
escolar. A educação para a paz é um assunto muito debatido na atualidade, trazendo
expressões como “cultura de paz” e “educar através e para a paz”. No entanto, educar para a
paz não é uma tarefa exclusiva do Ensino Religioso, uma vez que as 10 competências gerais
da BNCC já levam todas as áreas do conhecimento a fazerem o mesmo.
Um exemplo disso é o texto da competência geral de número 9, já apresentado
anteriormente, que diz, segundo Brasil:

exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se


respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos Direitos Humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza .22

23
SILVA, Cícero Lopes. Contribuições da metodologia transdisciplinar para a fundamentação do ensino
religioso no contexto da escola laica. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Pontifícia Universidade
Católica de Pernambuco, Recife, 2013.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª ed. Rio de Janeiro:
24

Bertrand Brasil, 2003.


18

É possível refletir, a partir desta competência, inúmeras maneiras de se educar para a


paz, pois a própria competência usa termos como empatia, que é a capacidade de se colocar
no lugar do outro, diálogo, valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais.
Sendo possível perceber até a valorização dos Direitos Humanos, que embora sejam muito
lembrados e debatidos em congressos mundiais, são esquecidos e ficam em segundo plano na
prática, na realidade de muitos.
A interdisciplinaridade tem como objetivo que as disciplinas ou as áreas de
conhecimento dialoguem entre si e se complementem. Sendo assim, não há limites ou
fronteiras entre as disciplinas escolares, pois os assuntos são discutidos de uma forma mais
ampla, cujo objetivo é a unidade do conhecimento.

Quanto à transdisciplinaridade, Cícero Silva, Gilbraz Aragão e Luiz Libório afirmam:

[...]Transdisciplinaridade representa um esforço de ir mais longe do que a


multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade que, apesar de romperem com o
isolamento entre as diferentes disciplinas, ainda continuam inscritas na estrutura da
pesquisa disciplinar.23

Morin24, se opõe ao estudo monodisciplinar, pois para ele há uma grande perda de
conhecimento nesse modelo de ensino, pois é preciso saber tudo para entender as partes e é
preciso conhecer as partes para entender o todo. O que se deseja, portanto, é um tipo de
conhecimento da realidade que seja móvel, circular, não confinado a nenhuma verdade
absoluta ou visão totalitária.
Morin24 define e distingue os conceitos de interdisciplinaridade, multidisciplinaridade
e transdisciplinaridade da seguinte forma: [...] interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e
transdisciplinaridade, o que é difícil de definir, por ser polissêmico e vago. [...] o divisionismo
pode significar, pura e simplesmente, que diferentes setores se coloquem ao lado da mesma
mesa, como diferentes nações se colocam na ONU, sem fazer mais do que afirmar, cada um,
seus direitos nacionais e sua soberania em relação à entrada de vizinhos.

22
BRASIL, 2017, p.10.
19

Mas a diversidade étnica ou interdisciplinaridade também pode significar intercâmbio


e cooperação, tornando a diversidade uma coisa viva. [...] a multidisciplinaridade cria uma
organização acadêmica, por causa de um projeto ou algo comum a eles; As disciplinas são
agora chamadas como especialistas especializados para resolver este ou aquele problema;
agora, pelo contrário, estão em plena cooperação para conceber esta coisa e este projeto, como
exemplo de fazer gente. [...] transdisciplinaridade, muitas vezes trata dos esquemas de
compreensão que podem transcender a disciplina, às vezes com tanta violência que os deixa
atordoados. Na verdade, são as combinações de inter-multi-trans-disciplinaridade que fizeram
e desempenharam um papel frutífero na história da ciência; é preciso preservar as principais
ideias envolvidas nisso, ou seja, a cooperação; melhor, algo comum; e, melhor ainda, um
design comum. [...] 25

2.2 A DEFINIÇÃO DE UM CURRÍCULO CONTEXTUALIZADO PARA O ENSINO


RELIGIOSO

A Educação Religiosa como campo de conhecimento pode e deve ser adaptada,


estabelecendo normas que contribuam para uma educação humanista, pluralista e pacifista.
Contudo, não é apenas a escola ou os professores de educação religiosa que assegurarão que
as expectativas da base curricular comum nacional se concretizem. Há uma necessidade de
mudar o pensamento e a ação que vai além do ambiente escolar. Uma cultura de paz é um
compromisso social que requer ação. Neste sentido, uma cultura de paz refere-se aos esforços
para mudar os pensamentos e as ações das pessoas, a fim de promover a paz.
Falar de violência e de como ela nos assombra já não é uma grande questão. Não é que
seja esquecida ou silenciada; ela pertence à nossa vida cotidiana - e nós conhecemo-la. No
entanto, o significado do discurso, a visão sobre a qual assenta, precisa de ser fundamentado
em palavras e ideias que promovam valores humanos que minam a paz, que proclamem e
inspirem. A violência tem sido muito criticada, e quanto mais falamos dela, mais nos
lembramos de que ela existe no nosso ambiente social e natural. É tempo de começarmos a
apelar à paz dentro de si, entre si, entre países e entre pessoas.26

27
BICALHO, M. Cultura de Paz: Convivência e cultura de paz. 2013.
28
BRASIL, 2017.
20

Toda mudança é revolucionária, e pode acontecer pela força, violência ou persuasão,


enfim, pela mudança de cultura. Quando se trata de mudança, a instituição mais inclusiva da
sociedade hoje é a escola, é nela que as mudanças mencionadas acima devem ser
implementadas. Nos últimos anos, tem havido um movimento crescente para promover uma
cultura de paz dentro das escolas. É aí que se faz a mudança, para mudar as atitudes de
violência, com respeito, solidariedade, cooperação, vida boa. Mas, afinal, o que significa
trabalhar por uma cultura de paz nas escolas? Segundo Bicalho 27 quando fala sobre a cultura
da paz, deve-se lembrar que este trabalho terá como foco o respeito à vida e à diversidade,
rejeitando a violência, ouvindo o outro para entender, salvando o planeta, redescobrindo a
unidade, buscando a igualdade de gênero. e relações interétnicas, fortalecendo a democracia e
os direitos humanos. Tudo isso faz parte da cultura da paz e da harmonia. Quando se trata de
cultura de paz, isso não significa que não haja conflitos. Eles devem ser resolvidos por meio
do diálogo, da compreensão mútua e do respeito às divergências.
Não se pode ter a ideia utópica de que através do trabalho de ensino da paz será
possível eliminar completamente a violência. Bicalho27, já deixou claro que o objetivo é
reduzir significativamente, não vão mais aceitar preços tão altos nas escolas, fechando os
olhos, como se nada estivesse acontecendo.

2.3 A UTILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS PARA O ENSINO RELIGIOSO

A BNCC28 recomenda a superação da fragmentação disciplinar do conhecimento, o


estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se
aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto
de vida. Dessa forma os alunos passam a ser sujeitos ativos da sua aprendizagem.
Na metodologia ativa, o professor toma uma postura de mediador/facilitador da
aprendizagem enquanto o aluno passa a ser o personagem principal e o maior responsável
pelo processo de aprendizado. O objetivo desse modelo de ensino é incentivar que a
comunidade acadêmica desenvolva a capacidade de absorção de conteúdos de maneira
autônoma e participativa.
Para que a metodologia seja aplicada na prática é necessário realizar debates,
discussões, criação de grupos de estudo, uso da aprendizagem baseada em problemas, bem
como a adoção de aulas práticas.
Desta forma, os alunos participarão ativamente do processo e terão uma aprendizagem
mais significativa.
21

3 POSSÍVEIS CAMINHOS PARA O ENSINO RELIGIOSO COMO FERRAMENTA


PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DE PAZ

Este capítulo trata sobre como o Ensino Religioso pode contribuir para a construção de
uma cultura de paz, discorrendo sobre a educação para a paz como sendo um dos desafios da
escola, o papel do Ensino Religioso na mediação de conflitos e sobre o Ensino Religioso e sua
relação com a cultura de paz.

3.1 EDUCAÇÃO PARA A PAZ: UM DOS DESAFIOS DA ESCOLA

Existem valores coexistentes na sociedade como o respeito, educação, diálogo,

cooperação e ética que estão a ser postos de lado, pondo em risco as relações humanas e tendo

consequências profundas e significativas para a sociedade como um todo. Na escola, há

expressões destas atitudes e oportunidades de trabalho comportamental através do diálogo e

da compreensão.

A questão importante que o tocou foi: Quais são os limites e progressos nas
perspectivas de educação para a paz através da implementação de um currículo escolar para
uma cultura de paz em cooperação com a educação religiosa.
A construção de uma cultura de paz é uma parte essencial de qualquer sociedade e, nos
seus contextos mais diversos, envolve os princípios e o respeito de toda a sociedade pela
liberdade, tolerância, justiça, democracia, igualdade, direitos humanos e solidariedade. Uma
cultura de paz pode ser uma resposta a uma variedade de conflitos e devem ser procuradas
soluções dentro da própria comunidade.
A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu a cultura de paz na Declaração e
Programa de Ação sobre a Cultura de Paz, de 13 de setembro de 1999:
Uma cultura de paz é um conjunto de valores, atitudes, práticas, comportamentos e
modos de vida baseados em: respeito pela vida, fim da violência e promoção e prática da não-
violência através da educação, diálogo e cooperação; pleno respeito e promoção de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais; empenho na resolução pacífica de conflitos;
esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e proteção ambiental das
27
BICALHO, M. Cultura de Paz: Convivência e cultura de paz. 2013.
28
BRASIL, 2017.
22

gerações presentes e futuras; respeito e promoção da igualdade de direitos e oportunidades


para homens e mulheres; respeito e promoção da o direito à liberdade de expressão, opinião e
informação para todos; a defesa dos princípios da liberdade, justiça, democracia, tolerância,
solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e compreensão a todos os
níveis da sociedade e entre nações; e através de um ambiente nacional e internacional de
paz.28
A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu a cultura de paz na Declaração e Programa
de Ação sobre a Cultura de Paz, de 13 de setembro de 1999:
Uma cultura de paz é um conjunto de valores, atitudes, práticas, comportamentos e
modos de vida baseados em: respeito pela vida, fim da violência e promoção e prática da não-
violência através da educação, diálogo e cooperação; pleno respeito e promoção de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais; empenho na resolução pacífica de conflitos;
esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e proteção ambiental das
gerações presentes e futuras; respeito e promoção da igualdade de direitos e oportunidades
para homens e mulheres; respeito e promoção da o direito à liberdade de expressão, opinião e
informação para todos; a defesa dos princípios da liberdade, justiça, democracia, tolerância,
solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e compreensão a todos os
níveis da sociedade e entre nações; e através de um ambiente nacional e internacional de
paz.28
A UNESCO instituiu em 1993 a Comissão Internacional de Educação para o Século
XXI, de autoria de Jacques Delors, com vistas a uma sociedade mais justa, solidária e
fraterna, onde as pessoas se respeitem. Neste relatório, os quatro pilares da educação são
definidos como: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a estar junto e aprender a ser.
No conceito de Delors apud Nunes28, aprender significa que a educação deve
contribuir para o desenvolvimento global da pessoa, incluindo espiritual e físico, intelecto,
sensibilidade, consciência estética, responsabilidade social e espiritualidade. Aprender a viver
juntos afirma que as escolas devem ensinar os alunos a se integrarem melhor em seu ambiente
por meio da participação, solidariedade e cooperação. Isso significa que as escolas devem
incutir nos alunos o respeito pela diversidade humana.

O primeiro passo nessa direção é a gestão de conflitos. Neste caso, trata-se de prevenir
conflitos e restabelecer a paz e a confiança entre as pessoas envolvidas na situação. Outro
aborda o tema da saúde mental, dadas as necessidades atuais diante de uma pandemia global.
Esta missão estende-se a escolas, instituições e outros locais de trabalho em todo o mundo,
23

bem como a instalações governamentais, centros de comunicação, lares e associações. As


escolas desempenham um papel nesta situação de conflito porque ninguém é igual a todos e
todos pensam e agem de maneira diferente. A mediação cuidadosa do conflito é uma forma de
resolver os problemas sem violência.

Sem essa mediação, os conflitos podem atingir proporções incontroláveis,


desencadeando agressões verbais, físicas e psicológicas. Há uma série de ações que as escolas
realizam para se engajar efetivamente no diálogo. Uma delas é o uso de métodos
restaurativos, que incluem por meio da comunicação não violenta, os jogadores mostram e
discutem o que causou o conflito e quais são as consequências em suas vidas." O diálogo é
projetado para resolver o problema e seguir em frente. ato educativo, pois todas as partes
Responsabilizam-se e criam soluções para os casos sem pré-julgar ou explicar. O foco não é
culpar e punir, mas restaurar as relações entre as pessoas envolvidas no conflito, criando uma
cultura de diálogo, respeito mútuo e paz.29
Por mais limitadas que sejam, as escolas parecem ser importantes. Na escola, você
aprende a conviver com pessoas com pensamentos e hábitos diferentes, você aprende a
conviver com seus pares. Dessa forma, apresenta uma oportunidade de melhorar seu
relacionamento, que é um momento de aprendizado.
A abordagem aqui é levar os jovens a uma jornada de autodescoberta por meio de

relacionamentos. O objetivo é ajudá-los a identificar e encontrar alternativas saudáveis para

atender às suas necessidades. Acreditamos que os jovens fazem escolhas saudáveis,

começando com uma base saudável. É nossa esperança que, se essas habilidades relacionais e

empoderadoras forem desenvolvidas, a sabedoria interior emergirá nos jovens e nos adultos

ao seu redor.30

Para moldar uma pessoa, você deve primeiro saber que tipo de pessoa deseja moldar.
Também sabe a que tipo de sociedade você está servindo: cooperativa ou coercitiva,
permissiva ou tolerante, democrática ou autoritária. Segundo Bicalho 31 , quando se fala em
cultura de paz deve-se lembrar que Segundo Bicalho (2013), quando se fala em cultura de
paz, deve-se lembrar que esse trabalho enfatiza o respeito à vida e à diversidade, rejeitando a
violência, ouvindo o outro para entendê-lo, protegendo o planeta, redescobrindo a
solidariedade, buscando o equilíbrio de gênero e Relações, Fortalecendo a Democracia e
direitos humanos. Tudo isso faz parte de uma cultura de paz e convivência. Quando se trata de
27
BICALHO, M. Cultura de Paz: Convivência e cultura de paz. 2013.
28
BRASIL, 2017.
24

cultura de paz, não significa ausência de conflitos, mas busca resolvê-los por meio do diálogo,
compreensão e respeito às diferenças.
Nesse sentido, o processo circular é uma prática restaurativa desenvolvida pelo Prof.
Pranis32. Baseia-se na resolução de conflitos e nos processos de tomada de decisão inspirados
pelas comunidades aborígines da América do Norte e do Canadá. Os círculos de construção
da paz permitem que as pessoas se envolvam diretamente no diálogo de maneira qualificada.
O objetivo é construir coletivamente soluções para problemas, compartilhando pensamentos e
sentimentos em um ambiente seguro. Os métodos utilizados visam não só a resolução de
conflitos, mas também a sua prevenção e o fortalecimento dos laços entre as pessoas.33
Segundo Pranis34, os ajuntamentos são a essência, os princípios e os valores da Cultura
de Paz e Justiça Restaurativa. O principal objetivo é “conseguir fortalecer as relações
públicas”, renovando e promovendo a chamada democracia ativa. Assim, a Justiça
Restaurativa pretende apresentar-se como uma resposta humanizada à resolução de conflitos,
ou seja, as reuniões de construção da paz são uma das técnicas utilizadas como metodologia
da Justiça Restaurativa. Nelas, os envolvidos discutem seus sentimentos, expressam seus
conflitos e buscam, dessa forma, diminuir suas diferenças.
Nesse sentido, para entender a importância e a praticidade desse processo, a cultura de
paz começou a ser fortalecida a partir do ano 2000, quando foi declarado o Ano Internacional
da Cultura de Paz.
No Brasil, a Lei n. 13.663/201835 inclui a promoção da conscientização, prevenção e
formas de combate a todas as formas de violência e a promoção da cultura. No texto geral
utilizado na educação escolar, definido na Lei de Diretrizes e Fundamentos da Educação
Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996) e norteado pelos princípios que visam a formação do
homem unido e a criação de uma sociedade justa .
Assim, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define as competências gerais do
Ensino Religioso para o ensino fundamental:
• Proporcionar o estudo dos saberes religiosos, culturais e estéticos, com o reflexo da
religião vista na realidade dos alunos;
• Prestar informação sobre o direito à liberdade de consciência e crença, com o
propósito continuado de promover os direitos humanos;
• Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre ideias
religiosas e de vida laica, respeitando a liberdade de pensamento e a pluralidade de ideias, de
acordo com a Constituição do Estado;
• Contribuir para que os alunos criem suas próprias definições de vida baseadas em
valores, ética e cidadania.36
28
NUNES, Antônio Osório. Como restaurar a paz nas escolas: um guia para educadores. São Paulo: Contexto,
2011.
26

E a faculdade específica de teologia:

Debater, problematizar e opor expressões e práticas de intolerância, discriminação e


violência religiosa, para garantir os direitos humanos por meio do exercício constante da
cidadania e de uma cultura de paz.37

A educação para a paz deve ser vivencial e realizada por meio da experiência, ou seja,
na interação dinâmica. Portanto, neste documento, entende-se que é necessário o método de
vivência relacionado a considerar a cultura de paz no ensino religioso.38

Para Martins38, em um contexto global, onde a desigualdade social, assim como a

violência e a guerra, é fortalecida, é importante pensar em uma educação que dê conta de tais

desafios. Por isso, neste momento, muitos intelectuais da área educacional querem difundir a

cultura da paz, o que facilita a aceleração do processo de construção da cidadania entre os

alunos. Partindo da ideia de que a violência continua com uma nova face, afirma-se que a

vitória da paz também dá direito à educação.

Martins39 menciona que foi também declarado que a educação deveria promover o
desenvolvimento humano e reforçar o respeito pelos direitos humanos e liberdades
fundamentais. A educação em todas as políticas deve, portanto, procurar promover a
compreensão, a tolerância e a amizade, a fim de reduzir os conflitos religiosos e étnicos.
Neste sentido, a educação deveria capacitar os estudantes para compreenderem o seu próprio
desenvolvimento, de modo a que cada indivíduo possa assumir o controle do seu próprio
destino e participar no desenvolvimento da sociedade com base numa participação
responsável pessoal e comunitária no desenvolvimento.
Para Martins40, aprender a viver em conjunto é um desafio. A educação, baseada na
diversidade, é, portanto, uma forma importante de construir uma cultura de paz - caracterizada
pela procura da resolução de conflitos, pela rejeição de comportamentos, identificando os
infratores e impondo castigos. Segundo Marchetto (2009) 41, Uma cultura de paz é construída
sobre valores, atitudes, práticas e comportamentos que se baseiam no respeito pela vida e
visam travar a violência através da educação, do diálogo, da cooperação e do respeito.
Segundo Amaral e Ramos (2018)42, as escolas precisam investir na construção de
relações de diálogo com os estudantes e a sua verdade, a fim de proporcionar importantes
espaços de aprendizagem e conhecimento. Isto porque, além das dificuldades de acesso e
27

permanência permanente na escola, os estudantes enfrentam a realidade de que as instituições


públicas estão concentradas em fornecer conteúdos desinteressantes. Isto leva a acreditar que
as escolas não estão muito abertas à criação de espaços que encorajem a socialização, a
solidariedade, o debate, a cultura e as atividades formativas no currículo ou em contextos
extracurriculares.
Acredita-se que uma pedagogia que visa o silêncio tem as suas próprias dificuldades
em termos dos seus objetivos, conteúdo e métodos pedagógicos e requer uma reflexão
constante a fim de satisfazer o processo de ensino. Esta adequação pode ocorrer através dos
valores da ação pacífica, gerando atitudes que podem mudar as relações entre as pessoas.
Segundo Carvalho (2011, p. 21), uma pedagogia da paz requer uma mudança na
pedagogia, uma nova postura nas relações sociais e profissionais das escolas, uma vigilância
face à necessidade de ensinar o conflito, visando criar uma educação baseada nos valores da
harmonia social, o que torna possível ensinar a paz mesmo em tempos de conflito.
Segundo Diogo e Ribeiro(2014, p. 6), As características essenciais da educação para a
paz são: a formulação do processo educativo como atividade política; uma orientação para o
mundo em geral; uma ênfase na abordagem social e na participação dos estudantes no
processo de aprendizagem; a procura de compatibilidade entre objetivos e métodos e entre
ensino e vida; a relação orgânica entre investigação, ação e educação para a paz; e a prática da
ação baseada em princípios educativos.
A educação para a paz é assim uma educação com valores, uma educação baseada na
prática; a educação para a paz é um processo contínuo que afeta todos os aspectos e fases da
educação como parte transversal do currículo. Reimer, Rodrigues e Oliveira (2019) entendem
que o ensino da paz exige que se levem a questionamentos radicais na educação, como uma
ação que O mundo deve ser visto no contexto do presente e do futuro, preservando a
diversidade e mudando as culturas da violência. Neste sentido, o foco da educação para a paz
deve recair sobre outro aspecto da pedagógica, nomeadamente uma compreensão mais
profunda.
Para Monteiro, Lima et al. (2015), é necessário criar uma escola de transformação, um
lugar onde a violência seja demonstrada. Para tal, a educação precisa de ser humanizada e
estimular a independência dos estudantes como direitos e deveres. Segundo Sousa (2012), a
educação para a paz abre caminho à criação de uma nova cultura, baseada em princípios tais
como cidadania, igualdade, tolerância e inclusão, preparando os estudantes para uma
coexistência e integração harmoniosa. Crenças, projetos e formas de vida, comportamento e
linguagem, refletem a moralidade e a ética.
28

3.2 O ENSINO RELIGIOSO NA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Geralmente, quando a sociedade identifica o perpetrador, a justiça restaurativa trabalha


para restaurar os danos causados pela lei à pessoa, e a lei impõe uma punição. Na opinião de

Pinto (2009, p. 227), esta é uma forma negativa de reparação que compara o dano causado
com o dano infligido e tem pouco impacto no sistema de valores sociais. Isto porque o modelo
retributivo inclui todos os tipos de transgressões, públicas e privadas, e parte da premissa de
que cada transgressão inclui violência contra o Estado, e é, portanto, uma compensação pelos
danos causados pela punição e restrição da liberdade, com o objetivo de infligir sofrimento ao
indivíduo que transgride.
Segundo Pinto (2009), a justiça reparadora propõe um modelo jurídico para o
comportamento dos infratores que procura a unidade harmoniosa das pessoas em conflito.
Este modelo representa uma abordagem alternativa ao tratamento, em oposição ao modelo
restaurativo. Esta distinção baseia-se na forma obtida através da punição, protegida pela
justiça restaurativa, e acredita-se que desta forma a pessoa não cometerá um novo crime. Na
justiça restaurativa, procura-se reduzir o círculo vicioso da violência, que é alcançado através
do diálogo e estimula a reconciliação emocional, para além de se tentar compreender as
causas da infracção. A necessidade de mudar o paradigma relativamente aos conflitos
escolares foi vista, principalmente em termos da dificuldade de ultrapassar a ideia de punição.
Para Andreucci e Felício (2019), a justiça restaurativa coloca a necessidade de usar o
conflito como uma oportunidade para aprender e permitir o trauma para curar. A justiça
restaurativa baseia-se no conceito de responsabilidade coletiva e, para além de responsabilizar
os perpetradores de um conflito, procura também responsabilizar outras partes envolvidas.
Isto implica a sensibilização de todas as partes envolvidas no conflito, a fim de evitar a sua
recorrência.
Andreucci e Felício (2019) notam que no Brasil, os professores passam em média um
quinto do seu tempo na sala de aula a tentar manter um bom comportamento.
Em Assumpção (2015 ), Isto não garante que saberão ensinar, uma vez que o sistema
escolar é um conjunto de hábitos, relações e situações que incluem eventos comuns, o que
leva à inclusão de alguns estudantes.
29

Segundo Santos (2019), o número de jovens envolvidos em conflitos escolares e


familiares aumentou devido a não fazerem parte de uma cultura de paz, porque não sabem
como lidar com situações como: falta de diálogo e empenho familiar, respeito mútuo, poucas
oportunidades de emprego, nenhuma vida intelectual, e outras. Existe um maior equilíbrio
entre restrições e apoio.
Este ambiente é melhor criado quando as pessoas trabalham em conjunto. Significa
partilhar a responsabilidade de criar regras de trabalho que respeitem a necessidade de
segurança e amor. Significa também partilhar a responsabilidade de respeitar acordos,
assegurando que cada um é responsável pelo seu próprio comportamento para com os outros e
que quando as coisas correm mal, cada um trabalha em conjunto para as resolver
(ASSUMPÇÃO, 2015).
Para Balaguer (2014), a preocupação com esta questão deve-se ao aparecimento, nos
últimos anos, de novas formas de violência nas escolas:

a) formas mais graves de violência; b) a idade cada vez mais jovem dos alunos
envolvidos; c) as ações de agentes fora da escola; e d) a acumulação de
situações de conflito não resolvidas. A última delas merece particular atenção
porque cria um clima de ameaça constante nas escolas que mina as principais
funções dos alunos em termos de relações intelectuais, emocionais e mútuas.

Segundo Lima e Américo Júnior (2015), nos países ocidentais, a violência e a


independência pessoal estão cada vez mais presentes, apesar das muitas ideias que pretendem
reforçar os objetivos de democracia, inclusão e paz. Isto repete-se nas escolas, que estão
cheias de relações sociais, onde existe conflito. O problema é que o simples tratamento das
escolas, ao punir os alunos que cometem escândalos que levam ao abandono escolar, não
reverte este dano.
Em termos gerais, uma escola reflete a comunidade em que se encontra. Contudo, há
coisas na escola: coisas como amor, amizade, relações de poder e conflito geral. A escola é
um lugar onde os estudantes interagem e aprendem a tornar-se seres sociais. Os estudantes
precisam de aprender a trabalhar bem em conjunto (SANTOS, 2014).
Segundo Balaguer (2014), a justiça restaurativa baseia-se no princípio de que as
relações humanas podem ser restauradas, com base em valores como a inclusão, a inclusão e a
solidariedade. A justiça restaurativa é um terreno fértil para o desenvolvimento de ideias
interpessoais, orientada pela reconciliação, responsabilidade e corresponsabilidade, e tem um
impacto positivo na prevenção da violência e na redução da vulnerabilidade dos jovens à
criminalidade. Os esforços de educação para a paz baseados na justiça restaurativa incluem,
30

portanto, valores que são importantes para uma cultura democrática, tais como participação,
diálogo, igualdade, justiça social, respeito pela diversidade e direitos humanos.

3.3 ENSINO RELIGIOSO E CULTURA DA PAZ

Segundo Lima e Américo Júnior (2015), nos países ocidentais, a violência e a

independência pessoal estão cada vez mais presentes, mesmo quando muitas ideias querem

reforçar os princípios da democracia, da inclusão e da paz. Isto repete-se nas escolas, que

estão cheias de relações sociais, onde existe conflito.

O problema é que o simples tratamento dado às escolas, punindo os alunos que


cometem escândalos, leva a que os alunos interrompam os seus estudos, exceto que os danos
não podem ser revertidos. Em termos gerais, uma escola reflete a comunidade em que se
encontra. No entanto, há coisas na escola: tais como amor, amizade, relações de poder e
conflitos em geral. A escola é um lugar onde os estudantes interagem e aprendem a dar-se
bem com os outros. Os estudantes precisam de aprender a trabalhar bem em conjunto
(SANTOS, 2014).
Segundo Balaguer (2014), a justiça restaurativa baseia-se no princípio de que as
relações humanas podem ser restauradas, com base em valores como a inclusão, a aceitação e
a solidariedade. A justiça restaurativa é um terreno fértil para o desenvolvimento de ideias
sobre as relações humanas, orientada pela reconciliação, responsabilidade e responsabilidade
partilhada, e tem um impacto positivo na prevenção da violência e na redução do risco de
crime entre os jovens. Os esforços que visam uma educação para a paz baseada na justiça
restaurativa incluem, portanto, valores importantes da cultura democrática, tais como a
participação, o diálogo, a igualdade, a justiça social, o respeito pela diversidade e os direitos
humanos.
No entanto, a questão a ser colocada aqui é: em que contexto é que a educação
religiosa se coloca nesta situação, onde tem uma grande responsabilidade na experiência do
pluralismo e é sonhada como um possível lugar de pluralismo, solidariedade, fraternidade e
solidariedade fundamental Formação da nacionalidade Neste sentido, a educação religiosa
ajuda os estudantes a tornarem-se: esperançosos e utópicos, procurando uma sociedade justa,
humana e forte; no contexto de uma sociedade pluralista capacidade de negociar com
31

diferentes pessoas num contexto de pluralismo; não esquecendo a sua responsabilidade moral
para com as pessoas em situações de extrema urgência; ganhar percepção e compreensão do
mundo em torno dos seus estudos, distinguindo entre o certo e o errado com base em
princípios religiosos e humanitários; as causas da participação e da guerra, envolvendo lidar
com todas as formas de opressão, exploração, exclusão, dominação e discriminação
(FERNANDES, 2000 ).
A este respeito, Nascimento (2016) diz que o Ensino Religioso está inserida numa
perspectiva emergente contra o uso da razão crítica e a perspectiva dominante das disciplinas
intelectuais. Ao mesmo tempo que se tornou evidente o aumento do número de pluralismo
religioso, o crescimento da radicalização contra a posição de mercado dos crentes foi
percebido, o que forçou as religiões a abordar inconsistências a fim de se legitimarem a si
próprias.
Salles e Gentilini (2018), a tolerância religiosa nas escolas tornou-se um dos grandes
desafios para o sector educacional brasileiro. Estes são estudantes com diferentes credos que
partilham o mesmo espaço. São estudantes que são maltratados das mais diversas formas -
relacionadas com a sua fé - por professores que são ultrapassados pela humanidade de vários
grupos ou princípios religiosos no contexto escolar.
Segundo Ribeiro, Klebis e Boscoli (2015), A educação não pode ser desenvolvida de
uma forma holística sem um contexto religioso, porque para muitas pessoas a religião não é
apenas um aspecto da sua cultura, mas o núcleo motor da sua visão do mundo. É por isso que,
atualmente no Brasil, a educação religiosa, como parte da educação básica, satisfaz as mais
profundas aspirações humanas e oferece novas oportunidades para o desenvolvimento dos
estudantes, respeitando ao mesmo tempo as várias crenças religiosas.
Cunha e Barbosa (2011) salientam que a Constituição Federal, também conhecida
como Constituição Civil, promulgada em 1988, garante a liberdade de religião e proíbe
abusos de poder. Através de recomendações implementadas no sistema educativo e nas
políticas públicas, as escolas visam acolher a diversidade de cada indivíduo e eliminar a ideia
de que deve haver apenas uma semana de aulas de Ensino Religioso.
No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) surge com uma proposta para
nortear a educação, incrementando o processo de padronização dos cursos da educação
básica. No entendimento de Ferreira e Brandenburg (2019), essa configuração tem a forma de
uma coalizão, que inclui instituições públicas de ensino - públicas e privadas -, em termos de
diferentes aprendizagens que devem ser integradas em diferentes níveis da Educação Básica.
32

No BNCC, a educação religiosa torna-se um lugar de conhecimento. A situação atual


no Brasil exige que a educação se baseie no respeito pela diversidade. Ferreira e Brandenburg
(2019) compreendem que na educação religiosa há uma oportunidade de ensinar os outros, e
não de ver aqueles que são diferentes como inimigos. Portanto, a abordagem do BNCC à
educação religiosa afirma que se procura o diálogo e o respeito por aqueles que são diferentes.
Isto porque, de facto, as crenças religiosas e as superstições não correspondem ao que se
espera nas recomendações feitas pelo BNCC. É importante procurar a resolução não violenta
de conflitos que permita a expressão de ideias e entendimentos diferentes e divergentes
(BRASIL, 2017).
De acordo com Souza (2013, p. 37), o diálogo consiste numa atitude e abordagem que
permite às pessoas reconhecer os outros e acordar em formas alternativas de pensar sobre
crenças religiosas - baseadas na diversidade. O diálogo pressupõe que os seus agentes se
encontram em pé de igualdade. Contudo, o pluralismo religioso exige ir além do diálogo e
comprometer mais pessoas com a responsabilidade social, restaurando o poder da religião,
promovendo uma cultura de paz, acontecendo nas escolas e corrigindo as reações causadas
pela diversidade.

Para Barros e Jalali (2015), conceitos devem ser reelaborados e novos paradigmas
criados, baseados em valores importantes, como o respeito aos direitos humanos e o
pluralismo religioso. Segundo Ribeiro, Klebis e Boscoli (2015), no cotidiano escolar,
pequenas atitudes fazem a diferença no processo de ensino do Ensino Religioso. Mas deve ser
uma educação que enriqueça os valores e atitudes mais profundas.

Ribeiro, Klebis e Boscoli (2015) também assinalam que a educação religiosa que quer
ensinar a paz se baseia na existência de tolerância e respeito por outras religiões ou pessoas
com pontos de vista diferentes. Isto porque a tolerância é uma palavra-chave nas relações
interpessoais, dado que as pessoas têm crenças diferentes. Portanto, para promover uma
cultura de paz, é necessário saber como viver com esta situação. Uma das principais
ferramentas neste contexto é o diálogo.

A educação religiosa destinada a promover a paz deve ser empírica, ou seja: baseada
na experiência, na comunicação dinâmica e criativa. Neste sentido, só é possível ensinar a paz
quando o coração desses ensinamentos é também livre, quando discutem sinceramente,
quando se aproximam de forma fraterna e suave, rejeitando a injustiça (RIBEIRO, KLEBIS E
BOSCOLI, 2015).
33

Neste sentido, a educação religiosa deve proporcionar as condições para que os


estudantes se compreendam melhor e reconheçam a importância de respeitar os valores até
compreenderem que, embora todos sejam diferentes, é importante saber como viver em
sociedade; respeitar a diversidade. Com isto, os estudantes terão uma maior compreensão dos
princípios morais e éticos (RIBEIRO, KLEBIS E BOSCOLI, 2015).
Como resultado, a educação brasileira tem tentado mudar as práticas em termos de
disciplina escolar. Como resultado, foi reconhecido que as estratégias limitadas à
identificação dos perpetradores e à imposição de punições são ineficazes em situações de
conflito. O que está a ser proposto é algo mais humano, baseado na ideia de perdão e cuidado
pelos outros.
Desta forma, os professores de educação religiosa, que já incorporam estes valores no
seu trabalho, estão quase naturalmente melhor colocados para desempenhar um papel de
mediação de conflitos nos chamados círculos de paz. Em relação à justiça restaurativa e a uma
cultura de paz, uma vez que já discutimos possíveis formas de desenvolver círculos
restaurativos à luz de alguns conhecimentos de educação religiosa, passamos agora às
conclusões do estudo.

CONCLUSÃO

O Ensino Religioso na BNCC tem como uma habilidade: Identificar e acolher as


semelhanças e diferenças entre o eu, o outro e o nós. Em outras palavras, a habilidade de
aceitar, respeitar as diferenças.
O estudo mostrou que há várias possibilidades de se trabalhar o Ensino Religioso
como uma ferramenta para a promoção da cultura de paz nas escolas, sempre enfatizando e
estimulando o desenvolvimento da tolerância, do respeito mútuo e da empatia.
Durante a finalização deste trabalho houve muitas notícias de ataques em escolas,
cujos autores eram estudantes que atacaram colegas e professores. É fato que a violência
existe e permeia todos os lugares.
No entanto, o Ensino Religioso por si só não é o suficiente para combatê-la, trata-se de
uma ferramenta a mais para combater este mal que assola não apenas o Brasil, mas o mundo,
sendo necessário e de fundamental importância descobrir-se a causa da violência e tratá-la,
além de e tomar ações e decisões capazes de conscientizar os alunos sobre a importância e a
necessidade de se manter e promover a paz.
34

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