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#DitaduraNuncaMais

Copyright © Editora Café com Sociologia LTDA, 2022.

1ª edição – 2022

Normatização e Edição: Cristiano das Neves Bodart


Revisão: Letícia Santos Rodrigues
Diagramação: Cassiane da C. Ramos Marchiori
Capa: Cristiano das Neves Bodart com ilustração de João Paulo Cabreira
Ilustrações: João Paulo Cabreira

FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo, SP)
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes - CRB-8 8846
________________________________________________________________________
B666u Bodart, Cristiano das Neves; Marchiori, Cassiane da C. Ramos.

Por que peles têm medo de Paulo Freire? / Organizadores: Cristiano das Neves Bodart.
Cassiane da C. Ramos Marchiori; autores: Autores: Cristiano das Neves Bodart,
Cassiane da C. Ramos Marchiori, Andréa Giordanna Araujo da Silva, Rodolfo Godoi,
Thiago Ingrassia Pereira, Diana Cerdeira e Rodrigo Rosistolato; Ilustrações de João
Paulo Cabreira. --1. ed.--Maceió, AL: Editora Café com Sociologia, 2022.
116 p.; il. tabs.

ISBN 978-65-87600-25-3

1. Educação. 2. Escola. 3. Paulo Freire. 4. Prática Pedagógica. I. Título. II. Assunto.


III. Organizadores. IV. Autores.
CDD 371.3
22-30282020 CDU 37.013
________________________________________________________________________
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Educação.
2. Paulo Freire.
________________________________________________________________________
REFERÊNCIA
BODART, Cristiano das Neves. MARCHIORI, Cassiane da C. Ramos Marchiori. Por que eles
têm medo de Paulo Freire na escola? 1. ed. Maceió, AL: Editora Café com Sociologia, 2022.

Editora Café com Sociologia


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Cassiane da C. Ramos Marchiori - Editora Café com Sociologia

Editor gerente
Cristiano das Neves Bodart - Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Vice-diretor gerente
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COMITÊ EDITORIAL

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Tocantins (UFNT), Brasil.
Fernanda Feijó- Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Brasil.
Igor Martinache- University Paris VII, Diderot, França.
Joaquim Fialho - Universidade Lusíada (CLISSIS), Portugal.
Marluci Menezes - Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Portugal
Ricardo Manuel Ferreira de Almeida - Escola Superior de Tecnologia e Gestão
de Lamego - Instituto Politécnico de Viseu (ESTGL), Portugal.
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Fonseca (CEFET-RJ), Brasil.
Thiago Ingrassia Pereira - Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Brasil.
Outras obras da Editora Café com Sociologia
Diálogos sobre o ensino de Sociologia, vol. 1, Cristiano das Neves Bodart, 2019.
Diálogos sobre o ensino de Sociologia, vol.2, Cristiano das Neves Bodart (Org.), 2021.
O ensino de Humanidades nas escolas: Sociologia, Filosofia, História e Geografia, Cristiano
das Neves Bodart (Org.), 2019.
O Ensino de Sociologia no Brasil, vol. 1, Cristiano das Neves Bodart e Wenderson Luan
dos Santos Lima (Orgs.), 2019.
O Ensino de Sociologia no Brasil, vol. 2, Cristiano das Neves Bodart e Roniel Sampaio-
Silva (Orgs.), 2019.
Sociologia e Educação: debates necessários, vol. 1, Cristiano das Neves Bodart (Org.), 2019.
Sociologia e Educação: debates necessários, vol. 2, Cristiano das Neves Bodart (Org.), 2020.
O ensino de Sociologia e os dez anos dos institutos federais (2008-2018), Roberta dos Reis
Neuhold e Márcio R. O. Pozzer (Orgs.), 2019.
O ensino de Arte e os dez anos dos institutos federais (2008-2018), Estevão da Fontoura Haeser
e Márcio R. O. Pozzer (Orgs.), 2019.
O ensino de Filosofia e os dez anos dos institutos federais (2008-2018), Sérgio G. S. Portella e
Márcio R. O. Pozzer (Orgs.), 2019.
O contexto da educação profissional técnica na América Latina e os 10 anos dos institutos federais
(2008-2018), Márcio R. O. Pozzer e Roberta dos Reis Neuhold (Orgs.), 2019.
A importância do ensino das Ciências Humanas. Cristiano das Neves Bodart e Radamés de
Mesquita Rogério (Orgs.), 2020.
Dicionário do ensino de Sociologia, Antonio Alberto Brunetta, Cristiano das Neves Bodart
e Marcelo Pinheiro Cigales (Orgs.), 2020.
O ensino de História nos anos iniciais do ensino fundamental, Andréa Giordanna Araujo da
Silva (Org.), 2020.
O ensino de Sociologia e de Filosofia escolar, Cristiano das Neves Bodart (Org.), 2020.
Filosofia e Educação no tempo/espaço que chamamos hoje, Junot Cornélio Matos e José
Aparecido de Oliveira Lima (Orgs.), 2020.
John Locke e a formação moral da criança, Christian Lindberg Lopes do Nascimento, 2020.
Conceitos e Categorias fundamentais do ensino de Sociologia, vol. 1, Cristiano das Neves Bodart
(Org.), 2021.
Conceitos e Categorias fundamentais do ensino de Sociologia, vol. 2, Cristiano das Neves Bodart
(Org.), 2021.
Conceitos e Categorias fundamentais do ensino de Ciência Política, vol. 1. Cristiano das Neves
Bodart (Org.), 2021.
Conceitos e Categorias fundamentais do ensino de Ciência Política, vol. 2. Cristiano das Neves
Bodart (Org.), 2022.
Conceitos e Categorias fundamentais do ensino de Antropologia, vol.1 Cristiano das Neves
Bodart (Org.), 2021.
Conceitos e Categorias fundamentais do ensino de Antropologia, vol. 2. Cristiano das Neves
Bodart (Org.), 2022.
Conquistas e Resistências do ensino de Sociologia: ENESEB 2019, Amurabi de Oliveira, Ana
Martina Baron Engerroff, Diego Greinert e Marcelo Cigales (Orgs.), 2021.
O 2º tempo da vida do jogador de futebol: um olhar sociológico. Radamés de Mesquita
Rogério, 2021.
Interpretações em conflito: Vol. 1. Coleção Filosofias no chão da escola. Marcelo Alves
Santos, 2021.
Escrever e experienciar filosofia: Vol. 2. Coleção Filosofias no chão da escola. Gildmar
Guilherme da Silva, 2021.
Sobre o esclarecimento e a maioridade em Kant: Vol. 3. Coleção Filosofias no chão da escola,
Catarina Andréa da Silva Quirino, 2021.
Filosofia (da) perguntação. Vol. 4. Coleção Filosofias no chão da escola, Junot Cornélio
Matos, 2021.
O texto filosófico em sala de aula. Vol. 5. Coleção Filosofias no chão da escola, Adailton
Pereira de Melo, 2021.
Sociologia no chão de escola: investigações de vivências pedagógicas no Maciço de Baturité,
Joana Röwer, Brena Kécia Andrade de Oliveira e Newton Malveira Freire (Orgs.),
2021.
Ciência Política para o ensino médio. Cristiano das Neves Bodart e César Alexandro Sagrillo
Figueiredo, 2021.
Usos de canções do ensino de Sociologia. Cristiano das Neves Bodart, 2021.
Residência Pedagógica: saberes, identidades e práticas docentes. Adelmo Fernandes de
Araújo, Cristiano das Neves Bodart, Elias André da Silva e Lídia Baumgarten. (Orgs.),
2022.
S U MÁ R IO

Apresentação 11
Cristiano das Neves Bodart
Cassiane da C. Ramos Marchiori

A [não] presença de Paulo Freire nas escolas brasileiras 17


Cristiano das Neves Bodart
Cassiane da C. Ramos Marchiori

O/A “educador/a tradicional” e o medo de Paulo 41


Freire na escola
Thiago Ingrassia Pereira

Midiáticos reacionários e o medo de Paulo Freire 59


Rodolfo Godoi

Os políticos de direita e o medo de Paulo Freire na 81


escola
Diana Cerdeira
Rodrigo Rosistolato

Os conservadores e o temor ao pensamento-prática 99


freireana na escola
Andréa Giordanna Araujo da Silva

Autores, autoras e ilustrador 117


Apresentação

Por que eles têm medo de Paulo Freire na escola?

Cristiano das Neves Bodart


Cassiane da C. Ramos Marchiori

C aro(a) leitor(a), em suas mãos está uma obra despretensiosa


em apresentar de forma aprofundada os contributos do cida-
dão brasileiro Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997), ou realizar relei-
turas, novas interpretações ou prolongamentos de seu importante pen-
samento pedagógico. Esta obra, como ato político e de respeito ao saber
científico, se opõe aos ataques políticos ao seu pensamento, os quais
visam associá-lo aos fracassos educacionais brasileiros e caricaturar
Freire como inimigo da pátria. Inevitavelmente parte de seu pensamento
e de sua trajetória irão compor esta obra, mas advertimos que será para
alicerçar os propósitos de cada capítulo e da obra como um todo. Ou
seja, será meio e não fim.
Por que alguns grupos – reacionários – têm medo de Paulo Freire,
em particular, na escola? Eis a questão norteadora deste livro! Trata-se
de uma coletânea planejada/organizada visando proporcionar condições
para que você acesse algumas das principais motivações dos ataques a
esse pensador brasileiro e reflita sobre a (im)pertinência deles.
A obra tem início na problematização em torno da presença/ausência
de Paulo Freire nas escolas brasileiras, argumentando que sua teoria não
tem orientado o projeto educacional brasileiro como desejam os apoia-
dores das ideias e ideais freirianos, nem se faz presente como esbravejam
segmentos da extrema-direita que o acusam de lesa-pátria. Podemos
11
afirmar que Freire se faz presente exatamente em sua ausência nas esco-
las, já que é improvável um(a) leitor(a) de Freire não recordar de seus
escritos ao se deparar com muitas tristes facetas da realidade educacional
brasileira.
O contexto que orienta cada um dos capítulos é marcado pelos ata-
ques à pedagogia freireana, os quais vêm de diversos grupos e se ampliou
de forma significativa com a ascensão da extrema-direita ao governo fe-
deral e com as campanhas difamatórias de personalidades como Olavo
de Carvalho, como demonstra Rodolfo Godoi no capítulo 3 desta obra.
Nesta obra lançamos luz à algumas das maneiras como esses grupos se po-
sicionam e (re)produzem discursos que visam desqualificar o autor e sua
obra e demonstramos contra-argumentos que se tornam anti-negacionismo
científico. Como demonstram Diana Cerdeira e Rodrigo Rosistolato no ca-
pítulo 4, em parte essa perseguição se dá por Freire ter militado pelas causas
populares. Nesse sentido, você leitor(a) tem em mãos uma obra de caráter
político, com posição clara e firme em prol da Ciência da Educação e seus
contributos à sociedade – quase sempre ignorado pelos gestores públicos.
Os ataques a Freire ocorrem também porque o pensamento-prático
presente em sua obra é viável, o que pode implicar em mudanças sociais, si-
tuação indesejada pelos conservadores, como demonstra Andréa Giordanna
Araujo da Silva no capítulo 5 desta obra.
Não nos resta outra posição. Não reconhecer as potencialidades da
pedagogia freireana seria ignorar parte significativa da produção qualifi-
cada brasileira. Contudo, o aspecto político desta obra não reflete em
limitação de nosso compromisso com a ciência, já que o que aqui defen-
demos é amplamente reconhecido no campo acadêmico nacional e in-
ternacional. Não entenda que estamos aqui realizando uma defesa irres-
trita ao pensamento de Freire, como se esse não devesse ser criticado. O
que fazemos é demonstrar as motivações que vêm gerando ataques que em
nada se parece com uma crítica racional, científica e honesta. Como bem
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destaca Thiago Ingrassia Pereira, no capítulo 2, “nenhuma autora e nenhum
autor têm todas as respostas aos nossos dilemas”.
Como também não pretendemos esboçar a biografia de Freire, des-
tacamos aqui apenas alguns aspectos de sua vida para deixar o(a) leitor(a)
mais familiarizado(a) com o intelectual/ser humano semeador e cultiva-
dor de “palavras grávidas de mundo”1.
Paulo Freire nasceu em Recife, aos 19 dias de setembro de 1921.
Filho do oficial da polícia militar de Pernambuco, Joaquim Temístocles
Freire, e de Edeltrudes Neves Freire. De acordo com Freire, foi com
seus pais, por serem de religiões diferentes e se respeitarem mutuamente,
que aprendeu o diálogo que defende ser necessário entre discentes e do-
centes. Aos 23 anos, em 1944, casou-se com a professora do ensino pri-
mário Elza Freire. Pela aproximação de sua esposa com a educação, acabou
se dedicando aos estudos da Educação, Filosofia e Sociologia da Educação;
embora fosse bacharel em Direito, profissão que exerceu apenas uma vez.
Entre os anos de 1946 a 1954 ocupou o cargo de diretor do depar-
tamento de Educação e de Cultura do SESI (Serviço Social da Indústria)
onde obteve as primeiras experiências com o método que iria aplicar em
1961 no movimento de Cultura Popular do Recife e, em 1962, nas “Qua-
renta horas de Angicos” (1979).
Com o golpe civil-militar de 1964, Freire se viu obrigado a se exilar
até 1979. No exílio que escreveu parte de suas obras de maior repercus-
são – no Chile escreveu seu livro mais importante, “Pedagogia do Opri-
mido” (1968) – e fomentou a continuidade de experiências a partir de
sua proposta metodológica de alfabetização de adultos(as). Freire re-
torna ao Brasil famoso internacionalmente, mas ainda pouco reconhe-
cido no Brasil. Seu maior reconhecimento no Brasil se dá a partir 1980.

1 Paulo Freire toma as palavras como geradoras de saberes do mundo. Falar a palavra,
para ele, é falar do mundo, já que essa é uma representação simbólica da realidade.
13
No dia 13 de abril de 2012 a ex-presidenta Dilma Roussef sancionou a
Lei nº 12.612, que tornou Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.
Em síntese, Freire produziu uma teoria pedagógica humanística-li-
bertadora que se opõe a opressão e visa à libertação dos oprimidos por
meio da educação, denunciando a falácia da neutralidade política, o que
– já adiantamos – em muito explica ter sido eleito pela extrema-direita
como um dos seus maiores inimigos.
Esperamos que, por meio desta obra, você possa compreender os
interesses existentes no seio de alguns grupos reacionários em desquali-
ficar Paulo Freire e seu contributo ao pensamento pedagógico. Nossa
intenção é provocar esclarecimentos e promover esperanças. Assim, que
juntos(as) possamos esperançar!

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A [não] presença de Paulo Freire nas
escolas brasileiras

Cristiano das Neves Bodart


Cassiane da C. Ramos Marchiori

N ormalmente uma teoria pedagógica chega às escolas por meio


de orientações curriculares nacionais ou estaduais, responsá-
veis por direcionar a produção de recursos didáticos – incluindo os livros
didáticos –, os currículos estaduais e municipais2 e, consequentemente,
a prática docente. Na ausência dessas orientações, ou se contrapondo a
elas, uma teoria pedagógica pode se fazer presente nas escolas por meio dos
professores e professoras ao elaborar e executar seus planos de aulas.
Temos hoje duas afirmações antagônicas quanto à feição pedagó-
gica predominante no país. De um lado, os grupos reacionários que afir-
mam estar Paulo Freire orientando os rumos recentes da educação bra-
sileira, o que é visto por eles como nocivo à educação; do outro, os gru-
pos progressistas que lamentam a quase ausência dos contributos freire-
anos para superar muitos dos nossos problemas.
Isso posto, pretendemos neste capítulo discutir alguns aspectos que
nos ajudam a entender em que medida as ideias de Paulo Freire estão pre-
sentes/ausentes nas escolas brasileiras. Realizamos um cotejo entre o pen-
samento de Paulo Freire e a educação brasileira. Certamente não daremos
conta de discutir todas as faces possíveis dessa comparação, mas aponta-
remos alguns aspectos como subsídios para responder a seguinte

2 O que varia de acordo com o modelo de pacto federativo. No Brasil há uma centra-
lização das orientações gerais na esfera federal, o que hoje chamamos de Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). No modelo brasileiro, cabe aos estados e municípios pro-
duzirem seus currículos a partir dessas orientações.
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