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Através da declaração sobre uma Cultura de Paz a ONU reconhece a

necessidade de eliminar todas as formas de discriminação e intolerância,


inclusive aquelas baseadas em religião. No seu Artigo 1º especifica uma
Cultura de Paz como um conjunto de valores, atitudes, tradições,
comportamentos e estilos de vida baseados no respeito à vida, no fim da
violência e na promoção e prática da não- violência por meio da educação,
diálogo e da cooperação. Nas escolas a Cultura de Paz é um esforço para que
conceitos como a mediação de conflitos e desenvolvimento das relações
humanas sejam incluídos no planejamento pedagógico de todas as escolas
brasileiras( www.fundacaotelefonicavivo.org.br). Isso diz respeito a uma visão
de mundo que privilegie o diálogo e a mediação para resolver conflitos,
abandonando atitudes e ações violentas e respeitando a diversidade dos
modos de pensar e agir. (www.ufmg.br). Como sabemos o Brasil recebeu
múltiplas influências culturais e o pluralismo religioso é uma característica
marcante em nosso país. No Brasil, importante parcela da população é
composta por descendentes de africanos, povos que trouxeram bases culturais
religiosas que influenciaram decisivamente as práticas espirituais do país
(www.portal.mec.gov.br-diversidade-religiosa-direitos-humanos). Assim como,
fomos influenciados pela religiosidade dos povos indígenas e das diversas
etnias que imigraram para nosso país. E é sempre difícil respeitar o que não se
conhece. O não reconhecimento e o desrespeito às diversas manifestações
religiosas dá-se pela dificuldade de compreensão, entendimento e respeito à
essa diversidade religiosa. Um exemplo de caso de intolerância e desrespeito
religioso aconteceu em uma escola pública estadual de São Bernardo do
Campo, escola Antonio Caputo no bairro Riacho Grande, São Paulo. Um
estudante de 15 anos foi alvo de bullying por causa da sua religião o
Candomblé. As provocações começaram após o jovem se recusar a participar
da oração e leitura da Bíblia durante as aulas de história ministrada por uma
professora evangélica. A atitude da professora em não respeitar, não aceitar a
religiosidade do aluno e impor a sua religião, incentivou os alunos a iniciarem
uma “perseguição religiosa” contra o aluno. O aluno, devido aos bullyings
sofrido, passou a apresentar problemas de fala, como a gagueira e ansiedade.
Os pais foram até a escola para conversar sobre essa situação, e a professora
disse que não iria mudar, o aluno foi trocado de sala mas o problema não foi
resolvido. O professor e a escola possuem um papel fundamental, de levarem
aos alunos a desenvolverem a sua capacidade crítica para analisarem as
informações que recebem e nesse contexto deve-se trazer à discussão o
pluralismo religioso presente em nosso país. Através do conhecimento das
múltiplas culturas religiosas os alunos passam a conhecer e a respeitar e é
papel fundamental do professor mediar essas discussões mostrando que cada
um tem a liberdade de ter sua religião e todos tem o dever de respeitar. Pode-
se organizar palestras com diferentes representantes religiosos e os alunos
podem elaborar perguntas a esses representantes. Através de projetos
utilizando diversos gêneros textuais das áreas do conhecimento de Ciências
Humanas, Linguagem e Códigos e Ciências da Natureza e Matemática,
proporcionando aos alunos uma visão mais ampla do tema e da importância da
religiosidade para cada grupo social. Conhecendo esse universo tão diverso e
rico podemos compreender e respeitar. No caso da escola em São Bernardo
do Campo, a professora deveria ser reorientada e deveria mediar os conflitos,
trazendo para a sala de aula a diversidade religiosa através de projetos e
debates, mostrando que em no nosso país temos uma variedade de religião e
que todas devem ser respeitadas, todos tem o direito de manifestar a sua
religiosidade. Mostrando que somos um país laico, que nossa constituição
prevê a liberdade de crença religiosa a todos os cidadãos e o respeito às
manifestações religiosas.

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