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Ao ler o referencial teórico, constata-se que a ONU (Organização das Nações Unidas)

estabelece uma articulação entre diversidade religiosa e educação. Tal fato se deve por este
Organismo Internacional entender que as pessoal devem ser educadas, desde os primeiros anos
escolares, para manterem uma relação positiva e tolerante em relação a diversidade religiosa das
outras pessoas. Assim, estas crescerão semeando a compreensão, aproveitando o que há de comum
na religião de seus colegas, e cultuando éticas e valores que estimulem a sua espiritualidade.
Entende-se, também, que na medida em que a criança é convidada a conhecer as diversas religiões,
suas crenças e cultos, esta reconhece as suas próprias tradições, recebidas em seu seio familar. Além
disso, esta interação, vivenciada na escola, proporciona um enriquecimento coletivo, levando os
jovens a entenderem, desde cedo, que todos devemos trabalhar juntos para construir um mundo
melhor.
Neste sentido, entende-se que a escola é um dos lugares mais importantes para se discutir a
Cultura da Paz, a qual deve estar presente em todas as práticas de ensino, constituindo-se, desta
forma, em um projeto de todo o Estabelecimento de Ensino. Para tanto, torna-se necessário o
envolvimento do corpo docente, discentes, pais e comunidade, com o objetivo de ensinar as
crianças a encontrar soluções pacíficas para resolverem os seus conflitos, e enfrentá-los utilizando
formas construtivas de mediação e estratégias de resolução, aprendendo, assim, a apreciar a
diversidade e a solidariedade.
O Brasil é um país de população miscigenada, tendo em suas orígens o índio, o negro
africano e o imigrante europeu, sendo, portanto, multicultural e pluriétnico, apresentando,
atualmente, uma série de questões em relação à posição social, gênero, etnia, religião, poder, etc,
vivenciadas no seu cotidiano. Neste cenário contemporâneo, não há mais crença religiosa
duradoura, e tanto em templos quanto nas mídias sociais e meios de comunicação, diversos tipos de
opções religiosas e múltiplos produtos religiosos são oferecidos. Contudo, grupos tradicionalistas
tem o entendimento de que a modernidade fez emergir a decadência moral, social, cultural e
política, levando à população brasileira a registrar um crescimento da intolerância religiosa, que
soma-se a intolerância política, cultural, étnica e sexual, fatos estes que podem ser observados no
seio familiar, nas empresas, no comércio, nos espaços públicos e privados. Segundo dados de 2017
do Ministério dos Direitos Humanos, quase 40% das vítimas seguem religião de matriz africana,
como a umbanda e o candomblé. Tais fatos não se justificam para o não reconhecimento e
desrespeitos às diversas manifestações religiosas em nosso país, uma vez que, o artigo 5º da
Constituição da República Federativa do Brasil garante a liberdade de consciência e de crença e
assegura o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais e a suas liturgias,
constituindo-se, desta forma, como garantia fundamental do indivíduo.
Assim, tendo em vista não ter sido possível encontrar registros em Jaboatão dos Guararapes-
PE, cidade onde resido, destaco um caso de intolerância religiosa ocorrido na Escola Municipal Arx
Tourinho, que fica na Ceasa, em Salvador-BA, em 21 de julho de 2021. A jovem Júlia Almeida
Lima, de 13 anos, foi impedida de entrar no Estabelecimento de Ensino, pelo porteiro, por estar
vestida com roupas ligadas à sua religião, o candomblé. Na oportunidade, a mãe da vítima tentou
falar com a Diretora da Escola, para explicar o por que da menina estar com as referidas
vestimentas, porém, não foi recebida. Após o caso, a mãe da Júlia registrou boletim de ocorrência
em uma Delegacia de Polícia por racismo religioso.
Por fim, acredito que a igualdade e a diferença religiosa podem ser articuladas em sala de
aula, favorecendo a cultura da paz, por intermédio de trabalhos em grupo onde cada grupo deverá
pesquisar sobre uma religião e apresentar para a turma as suas características, crenças e rituais.
Outra forma de abordar o assunto é pedindo para que cada aluno fale para a turma sobre a sua
religião, onde são celebradas as reuniões, as datas importantes, e vestimentas. Desta forma, os
estudantes terão a oportunidade de compartilhar com os outros a sua visão de mundo. Além disso,
como complemento, a escola pode realizar visitas à diversos templos religiosos com os alunos, o
que permite-lhes compartilhar o que aprenderam sobre o respeito à diversidade, a compreensão, e a
necessidade de transformar a sociedade, mostrando empatia pelas pessoas.

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