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A primeira parte do nosso trabalho vai falar sobre algumas religiões e suas características

principais.

 Umbanda: É uma religião brasileira que surgiu no início do século XX, a partir da fusão
de elementos do catolicismo, do espiritismo e das religiões africanas. A umbanda
acredita na existência de um Deus único e supremo, chamado Olorum, e de vários
espíritos que atuam como intermediários entre os homens e o divino, chamados
orixás. A umbanda também cultua os espíritos de antepassados, de índios, de negros e
de crianças, chamados guias ou entidades. A umbanda pratica a caridade, a
mediunidade e os rituais de incorporação, nos quais os médiuns recebem os espíritos
em seus corpos para dar passes, conselhos e orientações aos fiéis.

 Candomblé: É uma religião afro-brasileira que surgiu no século XIX, a partir da


resistência dos escravos africanos que mantiveram suas crenças ancestrais. O
candomblé acredita na existência de um Deus único e supremo, chamado Olodumaré
ou Olorum, e de vários espíritos que representam as forças da natureza, chamados
orixás. O candomblé também cultua os espíritos dos antepassados, chamados eguns
ou babás. O candomblé pratica a iniciação, a oferenda e os rituais de possessão, nos
quais os iniciados recebem os orixás em seus corpos para dançar, cantar e saudar os
fiéis.

 Espiritismo: É uma doutrina religiosa e filosófica que surgiu na França no século XIX, a
partir dos ensinamentos de Allan Kardec, que codificou as mensagens dos espíritos
superiores através da mediunidade. O espiritismo acredita na imortalidade da alma, na
reencarnação, na lei do carma, na comunicação com os espíritos e na evolução moral e
intelectual da humanidade. O espiritismo segue os princípios morais de Jesus Cristo e
pratica a caridade como forma de auxiliar o próximo e progredir espiritualmente.

 Catolicismo: É uma denominação cristã que segue os ensinamentos de Jesus Cristo e


reconhece o Papa como o líder máximo da Igreja. Os católicos acreditam na Santíssima
Trindade, na Virgem Maria e nos santos, e praticam ritos como o batismo, a eucaristia,
a confissão, a crisma, o matrimônio e a unção dos enfermos. O catolicismo foi trazido
ao Brasil pelos colonizadores portugueses e foi a religião oficial do Estado até 1891.

 Protestantismo: É uma denominação cristã que surgiu após a Reforma Protestante no


século XVI, que contestou alguns dogmas e práticas da Igreja Católica. Os protestantes
seguem os ensinamentos de Jesus Cristo e consideram a Bíblia como a única fonte de
autoridade e revelação divina. Os protestantes se dividem em vários ramos, como os
luteranos, os presbiterianos, os batistas, os metodistas, os adventistas, os pentecostais
e os neopentecostais. Cada ramo tem suas próprias características, mas em geral os
protestantes não reconhecem o Papa, não veneram os santos e não praticam ritos
como a confissão e a unção dos enfermos. O protestantismo chegou ao Brasil no século
XIX com os imigrantes europeus e teve um grande crescimento nas últimas décadas.

 Partindo para a segunda parte do nosso trabalho, vamos falar sobre como a
diversidade cultural e religiosa pode ser uma fonte de riqueza e de respeito, mas
também de conflito e de intolerância.

 A diversidade cultural e religiosa é uma realidade presente em muitos países,


especialmente no Brasil, que tem uma história marcada pela miscigenação de
diferentes povos e crenças. No entanto, essa diversidade nem sempre é vista como
uma fonte de riqueza e de respeito, mas também de conflito e de intolerância.

 Afinal, como podemos conviver com as diferenças sem negar ou agredir a identidade
do outro?

 Um dos aspectos que contribuem para a intolerância religiosa é a falta de


conhecimento sobre as diversas manifestações de fé que existem no mundo. Segundo
a nossa pesquisa, a diversidade religiosa representa a grande quantidade e a variedade
de religiões no mundo, que se manifestam nas diferentes crenças, cultos e rituais
professados por pessoas que vivem em diversos lugares e culturas. No entanto, muitas
vezes as pessoas desconhecem ou desrespeitam as crenças alheias, impondo a sua
visão como única ou superior. Isso gera conflitos, discriminação e violência contra
grupos religiosos minoritários ou marginalizados. Um exemplo disso foi o caso do pai
de santo que foi vítima de um ataque sonoro de um evangélico em Vitória da
Conquista, na Bahia, em janeiro de 2022. O agressor usou um carro de som para
interromper o culto e tentar “exorcizar” os fiéis, demonstrando ignorância e
desrespeito pela religião de matriz africana.

 Outro aspecto que interfere na convivência pacífica entre as diferentes culturas e


religiões é a falta de diálogo e de reconhecimento mútuo. Muitas vezes, as pessoas se
fecham em seus próprios grupos e não se abrem para o contato com outras formas de
expressão cultural e religiosa. Isso impede a troca de experiências, o aprendizado e o
enriquecimento cultural. Além disso, cria barreiras e preconceitos que dificultam a
compreensão e o respeito pelo outro. Como afirma Giumbelli (2021), “TRATA-SE DE
CARACTERIZAR AS RELAÇÕES QUE SE INSTAURAM ENTRE CULTURA E RELIGIÃO, MAIS ESPECIFICAMENTE,
ENTRE POLÍTICAS CULTURAIS E DIVERSIDADE RELIGIOSA”. Um exemplo disso foi o caso da jovem
de 16 anos que foi agredida em uma escola municipal de Joinville, em Santa Catarina,
após dizer que era praticante de umbanda, em abril de 2022. A agressora chamou a
vítima de “cultuadora do demônio” e a empurrou contra uma parede, causando-lhe
ferimentos. Esse caso mostra como a falta de diálogo e de reconhecimento pode gerar
violência no ambiente escolar.

Quando Giumbelli diz que deve-se tratar de políticas culturais e diversidade religiosa, ele tenta
mostrar que isso deve ser colocado em pauta, principalmente, durante o período de formação
escolar para evitar que o preconceito religioso se desenvolva.

 Portanto, podemos concluir que a diversidade cultural e religiosa pode ser uma fonte
de riqueza e de respeito, mas também de conflito e de intolerância, dependendo da
forma como lidamos com as diferenças. Para que possamos conviver
harmoniosamente em uma sociedade plural e democrática, é preciso promover a
educação para a diversidade, o diálogo intercultural e inter-religioso e o combate à
discriminação e à violência baseadas em preconceitos culturais ou religiosos. Uma
possível forma de tentar resolver esses problemas é criar espaços de debate e
conscientização nas escolas, nos meios de comunicação e nas instituições públicas
sobre a importância do respeito à diversidade cultural e religiosa. Também é
necessário fortalecer os mecanismos legais e sociais para garantir os direitos humanos
e a liberdade religiosa de todos os cidadãos. Assim, estaremos contribuindo para a
construção de um mundo mais justo, solidário e pacífico.

 O Brasil tem normas jurídicas que visam punir a intolerância religiosa. A Lei n.º 7.716,
de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei n.º 9.459, de 15 de maio de 1997, considera
crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões, com pena de um a
três anos de reclusão e multa. No entanto, essa lei nem sempre é aplicada ou
respeitada na prática.

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