Você está na página 1de 31

Abordagens didáticas na prática docente

Prof.ª Marta Amaral

Descrição

A adaptação da abordagem do professor às exigências e às dinâmicas


dos ambientes em que ele atua. A prática em sala de aula e suas
influências sobre o trabalho como docente.

Propósito

É fundamental, para os futuros docentes, perceberem o papel do


professor, o modo como as instituições de ensino escolhem
determinadas abordagens didáticas e como eles podem se adaptar a
essas realidades.

Objetivos

Módulo 1

Teorias de aprendizagem

Descrever as teorias da aprendizagem.

Módulo 2

Abordagem didática na prática docente

Identificar o processo da abordagem didática na prática docente.


Módulo 3

Plano de aula sob viés das teorias de


aprendizagem

Definir a elaboração de um plano de aula na perspectiva das teorias


da aprendizagem.

Introdução
Antes de iniciarmos nosso estudo, vamos conversar com Rubem
Alves (1933-2014) sobre a Escola da Ponte. A Escola da Ponte é
um bom exemplo de instituição com uma nova visão de ensino e
metodologia. Sua característica é levar em consideração a
promoção da autonomia e da liberdade dos estudantes, pensando-
os como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem.

O vídeo nos ajuda a pensar sobre a prática docente, e como ela


envolve conhecer abordagens teóricas a respeito comportamento
humano e de seus processos de aprendizagem, bem como a
percepção do papel do professor no processo de ensino-
aprendizagem. Dessa forma, pretende-se abordar as principais
teorias de aprendizagem, considerando que a didática docente
envolve o fazer reflexivo, uma vez que essa prática irá se pautar em
um referencial teórico.

A partir desses referenciais, abordaremos a elaboração de um


plano de aula com base das teorias da aprendizagem: cognitivista
sociointeracionista e behaviorista.

Rubens Alves (1933-2014)


Foi um teólogo, educador, poeta e filósofo brasileiro. Ele é autor
de mais de 120 livros de diversas áreas, como Filosofia,
Teologia, Psicologia, Educação e histórias infantis.
video_library
Introdução

1 - Teorias de aprendizagem
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever as teorias de aprendizagem.

Processo ensino-aprendizagem
Como podemos perceber, a visão de ensino como uma linha de
montagem — na qual professor e aluno desempenham apenas um
papel, tendo o mesmo tempo e a mesma forma de aprender — está
sendo repensada; por conta disso, novas abordagens didáticas na área
têm sido estudadas.

Com as mudanças nos paradigmas da educação, o estudo das


abordagens didáticas passa a analisar como a prática docente —
compreendida pela dinâmica de ensino-aprendizagem — pode ser
executada de maneira mais eficiente.

Para obter essa eficiência, no entanto, não existe uma única linha de
abordagem. A maneira como os educandos aprendem é um assunto
amplamente debatido, influenciando tais abordagens. A fim de
compreendermos essas linhas, seguiremos os passos de um professor
que se depara com o desafio de escolher um caminho para tornar a sua
atuação mais eficiente.

Desse modo, como primeiro passo, serão apresentadas as principais


teorias da aprendizagem: elas são muito utilizadas e conhecidas no
campo da Educação, pois este espaço se mostra necessariamente
complexo, com um conjunto de teorias que sustenta o processo de
ensino e de aprendizagem. Podemos, assim, dizer que o professor
precisa conhecer as teorias que vão subsidiar sua abordagem didática.

Atenção!

Conhecer as principais teorias da aprendizagem deve representar um


constante exercício de estudos, possibilitando que os professores se
aprofundem e escolham aquelas com as quais mais se identifiquem.
Portanto, estamos falando de escolhas.

Essas escolhas têm se tornado cada vez mais difíceis quando levamos
em consideração o mundo contemporâneo com os inúmeros desafios à
vida cotidiana e ao exercício da docência. Afinal, tais mudanças têm
impactado fortemente a prática do professor em sala de aula nos dias
de hoje.

Neste momento, você deve estar se perguntando:

Como construir uma prática pedagógica competente


para atuar na docência? Como ajustar a prática
pedagógica para alinhá-la a essas mudanças?

Essas e outras questões fazem parte da profissão docente, embora seu


raio de influência dependa da prática desenvolvida por cada professor.
Tais perguntas sempre o acompanharão em sua atividade profissional.

O foco sobre as teorias da aprendizagem se concentra em sua


perspectiva de desenvolvimento, considerada por muitos como uma das
mais emblemáticas do século passado por meio da intensa relação com
a Psicologia da Educação. Vamos ver a seguir alguns de seus conceitos.

Abordagem comportamentalista ou
behaviorismo
Nossos estudos sobre as teorias da aprendizagem começam com o
destaque a uma das correntes teóricas mais importantes da área: o
behaviorismo.

Originada em estudos feitos no campo da Psicologia, essa corrente de


pensamento compreende e define o comportamento humano como o
resultado de influências sociais.

Segundo a teoria behavorista, o sujeito pode ser moldado de acordo


com estímulos e respostas.

Podemos destacar John B. Watson como o principal criador dessa


teoria e, logo em seguida, outros estudiosos também se juntaram ao
behaviorismo, como Ivan Pavlov e B. F. Skinner.

Assim, podemos entender que o behaviorismo é parte de um sistema


educacional tradicional, pois está amparado em:
John B. Watson
Psicólogo americano criador do behaviorismo, ele tinha como
principal motivação o estudo do comportamento. Seus experimentos
em laboratório contribuíram profundamente para a visão da
Psicologia como algo além do estudo interno da mente.

De acordo com Watson, o ser humano aprende a se expressar a


partir do meio social, ou seja, do seu ambiente. Tal aprendizado,
portanto, é construído de forma positiva ou negativa em suas
relações cotidianas. Ainda segundo o psicólogo, quando nasce, ele é
apenas um sujeito “vazio”, tendo suas características e seus
comportamentos moldados pela sociedade.

Ivan Pavlov
Foi um fisiologista mundialmente conhecido pelas suas pesquisas
sobre o reflexo condicionado em animais. Essa teoria o levou a
perceber que certos comportamentos podem ocorrer de acordo com
estímulos e situações vividas pelos seres.

“De acordo com Pavlov, o requisito fundamental é que qualquer


estímulo externo seja o sinal (estímulo neutro) de um reflexo
condicionado e se sobreponha à ação de um estímulo absoluto” (LA
ROSA, 2003, p. 45).

B. F. Skinner
Psicólogo, inventor e filósofo, o americano B. F. Skinner (1904-1990)
desenvolveu a análise do comportamento por meio de quatro
conceitos básicos: comportamento, resposta, ambiente e estímulo.

Suas teorias são chamadas de behaviorismo radical, já que


enfatizam o comportamento humano como objeto. No entanto, elas
ainda reconhecem outra face: em vez dos condicionantes em
essência, como Watson, Skinner queria entender os
comportamentos encobertos por pensamentos, sentimentos, sonhos
etc.

check_circle_outline
Estímulos

check_circle_outline
Respostas

check_circle_outline
Reforços

Talvez você ainda esteja se perguntando:


Quando uma criança recebe uma nota “baixa” na escola, o
que é reforçado com isso?

Se já recebeu nota baixa alguma vez na vida, isso certamente reforçou


alguma ideia em você. É isso que o behaviorismo analisa.

À medida que somos elogiados, o nosso comportamento muda.

Nessa abordagem, o principal instrumento da modelagem é o reforço.


Este pode ser entendido como qualquer ocorrência que aumente a
intensidade de um determinado comportamento. Pode ser positivo
(recompensa) ou negativo (remoção de algo adverso).

Por outro lado, a educação está fortemente ligada à transmissão


cultural, devendo imprimir no sujeito conhecimentos e padrões de
comportamentos éticos e sociais, além de competências consideradas
fundamentais para o controle do ambiente e da realidade.

O processo de ensino-aprendizagem é uma mudança


comportamental do sujeito resultante das práticas
vividas e reforçadas pelo professor.

Por isso, algumas práticas precisam ser contempladas. São elas:

O ambiente de aprendizagem

Deve ser previamente planejado pelo professor.

A metodologia de ensino

Precisa aplicar o processo do reforço na relação professor-


aluno.

O docente

Estabelece a proposta de aprendizagem a partir da


estruturação dos elementos.

Os elementos citados

Proporcionam experiências curriculares para a consecução dos


objetivos previamente propostos.

Experimentações científicas foram feitas para testar o funcionamento


de certos paradigmas e suas quebras. Veja o seguinte caso:
Saiba mais

Você conhece o teste dos macacos?

Em um experimento, foram colocados eletrodos na cabeça de dez


macacos e um cacho de bananas no alto de uma estante. Cada vez que
um deles tentava subir e pegar uma fruta, os outros tomavam um
choque. Após um tempo — primeiramente, em ações individuais; depois,
coletivamente —, os demais passaram a punir aquele que subia. A partir
daí, uma patrulha foi estabelecida: mesmo com fome, os macacos não
subiam mais para pegar a banana.

Em determinado momento, todos os eletrodos foram tirados, mas o


comportamento deles não mudou. Qualquer macaco que tentasse subir
para comer uma banana era evitado e apanhava dos outros. Em seguida,
pouco a pouco, os animais foram sendo substituídos; ainda assim,
mesmo com todos eles trocados, a regra ainda valia.

Abordagem cognitivista
Conceito e propriedades
Nesta abordagem, o conhecimento é considerado uma construção
contínua do sujeito no meio em que transita. O cognitivismo realça
aquilo que é ignorado pela abordagem comportamentalista: o ato de
conhecer.

O interesse da teoria cognitivista é saber como o ser humano conhece o


mundo, investigando a percepção, o processamento de informação e a
compreensão dele.

Vamos entender como a teoria cognitivista funciona:

library_books Compreensão e atribuição da realidade

Ela ajuda o sujeito a compreender e atribuir


significado para sua realidade.

library_books Armazenamento e organização dos


conhecimentos

Essa teoria tem como foco específico a


compreensão de como o sujeito guarda e organiza
os conhecimentos adquiridos ao longo do percurso
escolar.

library_books Percepção do processo de construção do


conhecimento
S ê f tá lh di t d
Sua ênfase está no papel humano diante do
processo de construção do conhecimento, pois ela
se concentra no desenvolvimento da personalidade
do sujeito e na sua capacidade de atuar de forma
integrada.

library_books Facilitador da aprendizagem

A figura do professor não é a de um transmissor do


conhecimento, mas o de um facilitador da
aprendizagem.

library_books Experiências do aluno na sala de aula

O conteúdo, por sua vez, é proveniente de


experiências próprias realizadas pelo estudante na
sala de aula. Elas são orientadas pelo professor,
que atua como um articulador entre o
conhecimento e o aluno. O docente, portanto,
possibilita a criação de condições para que os
discentes aprendam.

O cognitivismo não concebe modelos prontos de mundo, aluno ou sala


de aula. Tudo está em um contínuo processo de vir a ser, pois seu
objetivo didático é a autorrealização e o uso pleno das potencialidades
do sujeito. Desse modo, de acordo com a abordagem cognitivista, o
mundo e o homem não estão prontos e acabados (como ocorre no
behaviorismo).

A educação centra-se no aluno. Devem emanar dele os motivos para a


aprendizagem, pois a sua finalidade é a criação de condições que
facilitem o aprendizado integral do sujeito. Por isso, a autodescoberta e
a autodeterminação constituem atributos da abordagem cognitivista.

A abordagem cognitivista leva em consideração o


cotidiano, a vivência, a realidade e as experiências do
aluno. No entanto, muitas vezes, é difícil estabelecer a
relação entre a teoria ensinada e a prática.

video_library
Um rio que passou na minha vida
Vamos entender como o cotidiano dos alunos pode ser utilizado como
prática pedagógica no vídeo a seguir.

O processo de ensino cognitivista ocorre a partir de uma metodologia


criada pelo professor na qual a aprendizagem do aluno se desenvolve
em um contexto que privilegia a liberdade para aprender. Notemos que
várias correntes e diversos representantes dessa teoria podem ser
agrupados da seguinte maneira:

Construtivista expand_more

Sociointeracionista expand_more

Significativa expand_more

Segundo as teorias cognitivistas, o processo do conhecimento é


construído pela relação entre sujeito e sujeito ou sujeito e objeto, ou
seja, cada sujeito constrói o seu conhecimento a partir do contato com
o meio e da relação que ele faz.

O sujeito constrói o seu conhecimento não a partir de


uma estrutura fixa, mas sempre em uma relação de
troca. Por isso, tais teorias designam a existência de
uma variedade de elementos responsável por
possibilitar o aprendizado.

Vamos conhecê-la mais profundamente a partir de agora:

Teoria cognitivista construtivista

O construtivismo é uma linha de pensamento que gerou um grande


impacto na Pedagogia, principalmente pelas ideias de Jean Piaget.

Jean Piaget
Conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência
infantil, o suíço Jean Piaget era um renomado psicólogo e filósofo.
Piaget passou grande parte de sua carreira profissional interagindo
com crianças e estudando seu processo de raciocínio. Seus estudos
tiveram um grande impacto nos campos da Psicologia e da
Pedagogia.

Sua principal indagação diz respeito à forma como o sujeito conhece o


mundo. Uma das principais preocupações de Piaget era compreender
como e quais são os mecanismos utilizados pelo homem para o
conhecer e se adaptar a ele.

Saiba mais

Para Piaget, as interações sociais são muito importantes, pois elas


transmitem as informações características do meio e contribuem, de
uma maneira ativa, para a assimilação do conhecimento pelo sujeito.

Cada informação do meio social é processada na mente do sujeito a


partir dos elementos que lhe são oferecidos. Assim, cada um reestrutura
de maneira única esse conhecimento e o integra ao corpo de um saber
já construído. Dessa maneira, Piaget avalia o contato social como o
principal meio de aprendizado.

Para Jean Piaget, a interação social não está relacionada apenas a uma
transferência verbal, e sim ao uso do pensamento e da cooperação. Veja
a seguir as implicações de cada um dos conceitos:

Interação Cooperação

Ao interagir com O sujeito entende que


pessoas e objetos, há o sua ação deve
progresso do arrow_forward contribuir para a
pensamento do sujeito cooperação do grupo,
e, consequentemente, desenvolvendo uma
de sua ação. vida afetiva.

Essa afirmação propicia a compreensão de que a abordagem


construtivista estabelece diferenças entre ensino e aprendizagem.
Afinal, o que cada estudante aprende não constitui exatamente aquilo
que o docente explica em sala de aula, tampouco o que era planejado
previamente por ele. A aprendizagem, portanto, depende diretamente de
conhecimentos anteriores àqueles evocados por nossas experiências.

Então, talvez apareça a seguinte questão:

Se cada um deles aprende e percebe o mundo de uma


maneira diferente, como alcançar todos os alunos?

O professor precisa estabelecer situações que desestabilizem os


conhecimentos anteriores de seus alunos. No entanto, é fundamental
haver a compreensão de que isso, concomitantemente, requer a
presença dos seguintes fatores:

Situações-problema
O professor deve propor situações-problema que os instiguem a
investigar, discutir, refletir, levantar questões e formular hipóteses.

Motivação
É necessário estar motivado para fazer um esforço cognitivo a
fim de alcançar um novo conhecimento. É importante motivar
constantemente os alunos a prosseguirem, não desistindo dele.

Postura ativa
O professor deve instigar o aluno a adotar uma postura ativa em
seu processo de construção do conhecimento.

Planejamento
O planejamento didático tem de ser abrangente para atingir todos
os alunos em suas diversidades, integrando-os.

Teoria cognitivista sociointeracionista

Lev Vygotsky é seu maior representante. Para esse autor, a mediação é


um fato fundamental para o processo cognitivo do sujeito, sendo
realizada por meio da relação interpessoal e dos sistemas de signos
(linguagem, escrita, símbolos e objetos).

Lev Vygotsky
O psicólogo Lev Semionovich Vygotsky (1896-1934) foi um pioneiro
na apresentação do conceito de que o desenvolvimento intelectual
das crianças ocorre em função de suas interações sociais e
condições de vida. Ele entendia que o sujeito não acessa
diretamente objetos ou conceitos, pois todo conhecimento é fruto da
mediação de outras pessoas ou de sistemas simbólicos dos quais
ele dispõe. Dessas relações dinâmicas e interativas entre
sujeito/sujeito e sujeito/objeto, surgem as funções psicológicas
superiores a serem construídas na interação social.

Sistema de signos
Ferdinand Saussure foi um linguista e filósofo suíço que trouxe a
ideia de que os signos linguísticos são a união de uma imagem
acústica e um conceito, de um significante e um significado. Essa
união, por sua vez, não é determinada nem fixa, porém arbitrária.

A linguagem é um instrumento de mediação da aprendizagem para criar


situações concretas de produção, reflexão, colaboração e construção
de conhecimento. Ela abandona, dessa forma, o esquema linear de
reprodução ou consumo.

Saiba mais
A teoria sociointeracionista impeliu os docentes a uma reflexão sobre a
prática pedagógica devido aos apontamentos feitos por Vygotsky sobre
as relações existentes entre a aprendizagem, o desenvolvimento e a
interação nos processos educativos.

Podemos reconhecer a interação entre os alunos como uma estratégia


pedagógica. Para que haja um conhecimento, o sujeito deve ser
entendido como um ser social que constrói sua individualidade a partir
das interações mediadas pela cultura. Dessa maneira, a relação que a
pessoa estabelece com o meio social é condição fundamental para ela
se constituir como indivíduo.

Teoria cognitivista significativa

Os estudos sobre esta teoria têm como base o autor David Paul
Ausubel, responsável pela elaboração do conceito de aprendizagem
significativa. Na abordagem cognitiva, ele observa o que ocorre dentro
da mente humana durante a construção do conhecimento.

David Paul Ausubel


O psicólogo norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) foi o
percursor da teoria da aprendizagem significativa. Para ele, aprender
significativamente é ampliar e reconfigurar ideias que já existem na
estrutura mental da pessoa para que ela seja capaz de relacionar e
acessar novos conteúdos. O autor, portanto, defendia que os
esquemas dos links mentais que fazemos nos auxiliam a consolidar
o conhecimento. Desse modo, cabe ao professor propor e fomentar
situações que favoreçam a aprendizagem, permitindo a ancoragem
entre o saber que a criança já possui e o que ela irá aprender.

Aprendizagem significativa
Ela propõe que os conhecimentos prévios dos alunos sejam
valorizados para que o novo conteúdo incorporado às suas
estruturas cognitivas adquira significado. A aprendizagem mecânica,
por outro lado, ocorre quando o novo dado não se relaciona com os
conceitos conhecidos pelo aluno.

Para Ausubel, a estrutura cognitiva refere-se ao conteúdo total das


informações, aos fatos, aos conceitos e aos princípios organizados pela
pessoa. A aprendizagem é vista como o processo em que o novo
conteúdo se organiza e se integra à estrutura cognitiva já existente.
Dessa maneira, o professor precisa fazer a relação significativa entre o
conteúdo acadêmico e o social para que o aluno perceba o significado
do que aprende.

Saiba mais
As ideias de Ausubel também se caracterizam por uma reflexão
específica sobre a aprendizagem escolar e o ensino em vez de tentar
somente generalizar e transferir-lhes conceitos ou princípios
explicativos extraídos de outras situações ou contextos de
aprendizagem.

Para haver aprendizagem significativa, são necessárias duas condições:

Primeira condição expand_more

Segunda condição expand_more


Com esse duplo marco de referência, as proposições de Ausubel partem
da consideração de que os indivíduos apresentam uma organização
cognitiva interna baseada em conhecimentos de caráter conceitual,
sendo que a sua complexidade depende muito mais das relações que
eles estabelecem entre si do que do número de conceitos presentes.

Essas relações têm um caráter hierárquico; dessa


forma, a estrutura cognitiva é compreendida
fundamentalmente como uma rede de conceitos
organizados hierarquicamente de acordo com o grau
de abstração e de generalização.

Agora que você já foi apresentado às teorias contempladas na


abordagem cognitivista, demonstraremos como elas influenciam na
atuação do professor e na sua prática em espaços escolares.

video_library
Abordagem cognitivista no ambiente
escolar
Vamos entender como a abordagem cognitivista e as suas teorias
podem ser inseridas no ambiente escolar.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A abordagem cognitivista se baseia nas teorias de Piaget, Vygotsky


e Ausebel, cujos elementos comuns acerca da aprendizagem
podem contribuir efetivamente para uma prática docente mais
eficiente.

Assinale, dentre as alternativas a seguir, a que pode ser identificada


como um elemento comum.
A aprendizagem se dá a partir de experiências
próprias realizadas pelo estudante na sala de aula e
A
orientadas pelo professor, que atua como articulador
entre o conhecimento e o aluno.

Preocupa-se com a aprendizagem do indivíduo desde


a infância: dando especial ênfase a esse período,
B investiga como são construídas as estruturas
cognitivas do sujeito para a elaboração do seu
conhecimento.

O conhecimento se dá na relação do indivíduo com a


cultura e a sociedade de forma independente: o
C
processo de aprendizagem só é possível na troca
entre os sujeitos e seus pares.

Para que haja aprendizagem significativa, o professor


precisa fazer a relação significativa entre o conteúdo
D
acadêmico e o social de modo que o aluno perceba o
significado do que aprende.

A preocupação com o processo de formação do


raciocínio do indivíduo, por meio da observação das
E
relações sociais desde a mais tenra idade, é fator
fundamental.

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%0A%20%20%20%20%20%20%
paragraph'%3EO%20destaque%20%C3%A0%20participa%C3%A7%C3%A3o%20ativa%20do%20aluno%20no%20

Questão 2

A importância das abordagens didáticas está no fato de elas


oferecerem à prática docente uma possibilidade mais eficiente de
ação no processo de ensino e aprendizagem. Por não haver uma
única linha de abordagem, é fundamental compreender as
características que marcam cada uma a fim de identificar quais se
adequam mais à realidade em que se dá a educação.

Sobre as características dessas abordagens, podemos afirmar:

I – O conhecimento é compreendido como um processo de:


percepção, processamento de informação e compreensão.

II – O docente é gerador de condições para que os alunos


aprendam.
III – O aluno, como qualquer sujeito, é constituído como resultado
das influências sociais do meio em que vive.

IV – A aprendizagem é o conjunto de comportamentos


padronizados e objetivos anteriormente fixados.

Das características acima,

A somente a I pertence à abordagem cognitivista.

B I e II fazem parte da abordagem cognitivista.

C III e IV pertencem à abordagem comportamental.

D somente a III compõe a abordagem comportamental.

E somente a II pertence à abordagem cognitivista.

Parabéns! A alternativa C está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20abordagem%20comportamental%2Fbehaviorista%20compreende%20o%20comportament

2 - Abordagem didática na prática docente


Ao final detse módulo, você será capaz de identificar o processo da abordagem didática na
prática docente.

O papel do professor e a didática


Anteriormente, buscamos perceber como os sujeitos aprendem e como
esse aprendizado pode ser visto de formas diferentes. Diante desse
desafio, passamos a refletir sobre o professor e seu papel na
construção dessa abordagem didática.

Quanto à investigação de seus processos na prática docente, talvez


você esteja com os seguintes questionamentos:

question_answer Por que eu, apesar de conhecer as teorias, ainda


possuo uma turma tão disciplinada?

flag Por que minhas práticas pedagógicas não


funcionam se eu faço exatamente igual aos meus
antigos professores?

flag Eu possuo uma grande bagagem técnica e


acadêmica, suficiente para que eles aprendam, mas
o aprendizado não acontece. O que acontece?

A didática vai além de técnica, é um processo sobre o aprendizado do


aluno, e o seu papel não é reproduzir atitudes, mas sim pensar
estratégias para que o discente amplie seus conhecimentos.

Muitas vezes o comportamento da turma reflete a prática do professor.


A dificuldade ou falta de interesse dos alunos pode estar associada à
falta de didática do professor, que talvez reproduza práticas como se
fossem uma receita de sucesso em todos os contextos.

É fundamental que entendamos que reproduzir as práticas, conceitos e


atitudes não significa que estamos sendo didáticos, e que possuir um
grande saber sobre um determinado assunto não garantirá que as
práticas didáticas sejam estabelecidas.

Dessa maneira, cabe ao professor acompanhar o processo de ensino-


aprendizagem ao fomentar novas descobertas, possibilitar a ampliação
desses conhecimentos e adaptar as suas práticas de acordo com a
turma.

Afinal, o que seria a didática? Por que professores


precisam dela?

A didática serve para indicar os processos de ensino-aprendizagem.


Com eles, você vai poder pensar tecnicamente e acompanhar a
evolução dos alunos.

Não basta, porém, compreender um conteúdo do ponto de vista técnico.


O processo de compreensão é do aluno, e não do professor, pois o
estudante que vai descobrir os seus caminhos e construir as pontes
necessárias para seu desenvolvimento. Ser didático, além de se
preparar, é estar disposto a compreender que seu aluno precisa de
acompanhamento no processo de aprendizado.

Atenção!

A didática não deve ser entendida como uma prática, mas como um
processo no qual cada aluno desenvolve seus aspectos cognitivos. O
professor, por sua vez, acompanha esse processo e fomenta novas
descobertas, possibilitando a ampliação desses conhecimentos.

Todo aquele que se coloca na condição de educando espera que quem


o conduzirá esteja preparado. Independentemente de nosso tempo de
convivência, nós, enquanto professores, devemos estar dispostos e
sermos capaz de acompanhá-lo para provocar e permitir processos de
aprendizagem, cada um com seu ritmo e dentro de suas necessidades.
Desse modo, atuar didaticamente é:

Preparar-se para estabelecer a ação pedagógica.

Perceber o desenvolvimento do sujeito conforme se desenvolve a


educação.

Ter o aprendizado como foco do resultado, mesmo que nem


sempre ele ocorra da forma esperada e planejada.

O uso da didática, aliás, possui uma funcionalidade muito mais ampla:


fundamental para todo sujeito no ato de educar, ela impacta diretamente
o processo de ensino-aprendizagem.

Conceituando a didática
A didática deve ser entendida como uma ferramenta pedagógica que
impulsiona o professor a refletir sobre as formas de abordagem do
conhecimento, das metodologias, da necessidade de planejamento e de
tudo que envolve o processo de ensino-aprendizagem. Como não se
limita à técnica, ela se dedica ao estudo do processo de ensino-
aprendizagem, oferecendo uma reflexão constante que orienta as
abordagens didáticas a fim de fortalecer tal processo.

Ensino-aprendizagem
A abordagem didática possibilita dois movimentos: o ensino e a
aprendizagem. Ou seja, o princípio dela permite ao professor
construir uma prática docente baseada em uma teoria da
Atenção!

A abordagem didática deve ser entendida como um “fazer reflexivo” que


leva o professor a ampliar sua visão sobre as formas de ensinar e de
aprender, facilitando a escolha das metodologias que dão sentido à sua
prática.

Ela provoca reflexões sobre a forma de atuação dela no processo de


aprendizagem dos alunos e a maneira de melhorar sua prática a partir
do seu cotidiano.

A abordagem didática também ultrapassa a dimensão técnica, pois


exige compromisso do mestre com o aprendiz, fazendo com que o
professor adote uma postura reflexiva, na qual a construção de
conhecimentos ganha nova dimensão, provocando a entrada de
aprendizagens significativas que façam sentido para o público a que se
destina.

O papel da abordagem didática é fazer a diferença em qualquer campo


com demanda educativa (instituições públicas, privadas ou do terceiro
setor), pois ela auxilia na construção de cenários de ambientação para
que a aprendizagem aconteça e se consolide.

Na abordagem didática, o professor deve:

Dar sentido ao que é apresentado

Podemos dizer que ela é a proposta de reflexão sobre a prática.


O professor utiliza variadas teorias da aprendizagem para
observar o andamento do processo de ensino.

Ter o cuidado de buscar novos caminhos

O professor deve desenvolver e adaptar métodos e técnicas


que possam ser utilizados na construção de determinados
conhecimentos, sabendo contextualizá-los a cada realidade e
respeitando os procedimentos mentais desenvolvidos nessa
construção.

Quem é didático, atua como um mediador que considera e respeita a


cultura e a história do seu aluno, associando, a partir dessas
singularidades, os saberes da vida aos que precisam ser construídos.
Portanto, no universo da abordagem didática, diversas teorias podem
ser utilizadas para a obtenção da melhor proposta com o objetivo de
atender à necessidade dos alunos. Ou seja, você precisa compreender
que todo professor tem uma abordagem didática para pensar, fazer sua
aula e instruir seu aluno.

Abordagem didática para as futuras


gerações
Você sabia que a nossa sociedade passa por grandes transformações e
que cada geração é classificada de uma maneira diferente? Para a
reflexão apropriada de uma abordagem didática atual, o professor deve
ter algum conhecimento sobre as gerações e seus processos históricos.

Pensar a abordagem didática atualmente é compreendê-la de uma


forma diferente, pois é preciso considerar os avanços tecnológicos, a
popularização da internet e a mistura geracional.

video_library
As diferenças geracionais
Neste vídeo, vamos entender como saber as diferenças entre as
gerações é importante para entendermos quem somos e quem são os
nossos alunos.

Como você pôde observar, cada uma dessas gerações (X, Y, Z e alpha)
apresenta características diferentes. A definição de uma abordagem
didática que não leve em conta tais elementos pode interferir
profundamente no processo de ensino e aprendizagem. As diferenças
geracionais direcionam a construção do seu processo docente, mas
sem haver a criação de uma “camisa de força”. Portanto, sempre deve
existir espaço para a criatividade.

Atenção!
Precisamos, enquanto professores, reconhecer as diferenças
geracionais e nos comportar como um orientador de caminhos. Nosso
objetivo é propor desafios e, principalmente, direcionar os alunos para o
trabalho cooperativo e colaborativo mediante a potencialização do
diálogo, da troca de conhecimentos e da produção coletiva dos
discentes.

O professor na sala de aula da educação básica trabalha principalmente


com crianças das gerações Z e alpha. Dessa forma, ele terá de repensar
sua prática pedagógica e seus caminhos didáticos, pois lidará com
perfis geracionais diferentes do seu.

Nossos alunos têm um perfil geracional diferente, já que cresceram


utilizando ambientes colaborativos, como Instagram, Facebook e
Twitter. Além disso, eles estão acostumados aos games, que são
jogados em grupos, embora seus jogadores estejam distantes
geograficamente.

Por essa razão, a abordagem didática atual deve enfatizar o social em


detrimento do individual, privilegiando atividades e trabalhos realizados
em mesas agrupadas fisicamente nas quais sejam utilizadas ações de
pesquisa, análise de situações e resolução de problemas.

O melhor procedimento didático é aquele acompanhado de uma


significação para cada geração. A didática está presente de forma
imperativa em todos os espaços de aprendizagem: na construção de
instrumentos de apoio ao ensino, como conteúdos digitais, assim como
em materiais, livros e projetos didáticos. Afinal, ela mesma é um
instrumento qualificador do trabalho educativo.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Podemos resumir a abordagem didática como algo responsável por


levar o professor a ampliar sua visão sobre as formas de ensinar e
aprender, facilitando a escolha das metodologias que dão sentido à
sua prática. Mas, ampliado sua compreensão, também podemos
fazer as seguintes afirmações:

I - O papel da abordagem didática é fazer a diferença em qualquer


campo no qual haja demanda educativa, desde que ela esteja
presente apenas nas instituições públicas, cuja área apresenta uma
maior carência.

II - Podemos afirmar que a abordagem didática do professor tem a


incumbência de dar sentido à sua prática, ou seja, ela é a proposta
de reflexão permanente sobre a relação de ensino e aprendizagem.

III - Quando o professor utiliza várias teorias da aprendizagem para


observar o andamento do processo de ensino, ele está se afastando
da abordagem didática, o que exige a opção de metodologias claras
e definitivas.
Sobre essas afirmativas, podemos dizer que

A somente a I é verdadeira.

B somente a II é verdadeira.

C somente a III é falsa.

D somente a I é falsa.

E I e II são falsas.

Parabéns! A alternativa B está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20op%C3%A7%C3%A3o%20I%20est%C3%A1%20incorreta%2C%20pois%20ela%20se%20refe
aprendizagem%2C%20seja%20ela%20p%C3%BAblica%2C%20privada%20ou%20filantr%C3%B3pica.%20A%20o

Questão 2

“Com a internet, estamos começando a ter que modificar a forma


de ensinar e de aprender tanto nos cursos presenciais como nos de
educação continuada, a distância [...]. Tanto professores como
alunos, temos a clara sensação de que, em muitas aulas
convencionais, perdemos muito tempo...” (MORAN, J. Revista
Interações, v. 5, p. 57-72, 2000).

O trecho acima nos traz um desafio que deve tornar-se permanente


em todo ato de educar: modificar a forma de ensinar e de aprender.
Analise as afirmações abaixo, considerando V para as afirmativas
verdadeiras e F para as falsas:

( ) É necessário que o professor esteja pronto a repensar sua


prática pedagógica e seus caminhos didáticos, uma vez que
precisará lidar com perfis geracionais diferentes do seu.

( ) Neste contexto de transformação em que vivemos, em especial


pela presença das mídias digitais nas mãos de nossos alunos, as
abordagens didáticas de ensino são tão importantes quanto os
conteúdos.

( ) A abordagem didática atual deve deslocar-se do enfoque


individual para o social, ou seja, ela deve privilegiar atividades e
trabalhos que valorizem ações de pesquisa, análise e resolução de
problemas.

( ) Apesar das mudanças sociais pelas quais passamos, nossos


alunos atualmente ainda têm um perfil geracional muito semelhante
ao nosso e possuem dificuldades na utilização de ambientes
colaborativos.
A sequência correta, de cima para baixo, é

A V, V, F, F.

B F, V, F, V.

C F, F, V, V.

D V, V, V, F.

E F, V, V, F.

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EEstarmos%20recebendo%20alunos%2C%20especialmente%20na%20educa%C3%A7%C3%A3o%

3 - Plano de aula sob viés das teorias de aprendizagem


Ao final deste módulo, você será capaz de definir a elaboração de um plano de aula na
perspectiva das teorias da aprendizagem.

Recapitulando
Como vimos anteriormente, a abordagem didática se separa em dois
grandes blocos. Amparada por uma teoria e concepção de mundo, de
sujeito e de sociedade, ela propõe:

Fazer reflexivo
O professor deve pensar sua prática de forma contextualizada a partir
de uma teoria da aprendizagem. Assim, cabe ao docente refletir sobre
as relações, reações e ações que vão influenciar a aprendizagem e o
desenvolvimento dos alunos.

Ensino-aprendizagem
O professor precisa saber que o processo de aprendizagem não está
desvinculado do ensino: ambos estão juntos. O professor ensina e o
aluno aprende, mas ele também acaba aprendendo nesse processo.
Todos nós, enfim, aprendemos e ensinamos no ato educativo.

video_library
O fazer reflexivo
Vamos entender como ocorre esse fazer reflexivo assistindo a uma
entrevista da professora Nilda Alves.

Nilda Alves
Doutora em Ciências da Educação pela Universidade Paris Descartes
e professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ). É pesquisadora e referência no campo pedagógico. Suas
principais contribuições abordam as relações entre a escola, o aluno
e o professor, tendo como foco a noção de tessitura de
conhecimentos em rede e a vida cotidiana nas escolas, com base na
articulação entre currículos, redes educativas, imagens, sons e
formação de docentes.

Você, na qualidade de professor, deve refletir sobre qual abordagem irá


auxiliar no seu processo como educador. Seu objetivo é facilitar o
aprendizado do aluno, levando em consideração seu cotidiano, sua
vivência e seu saber. Para isso, é importante, antes de tudo, planejar
suas aulas tendo em vista os blocos da abordagem didática e os
currículos que atuam dentro dos espaços educacionais.

Plano de aula
Durante a elaboração do plano de aula, o professor deve articular as
competências e habilidades solicitadas pelo seu demandante com as
estratégias que serão utilizadas. Portanto, ele corresponde ao nível de
maior detalhamento e objetividade do processo de planejamento
didático, tendo como finalidade a previsão dos conteúdos e atividades
de cada aula.
Todo plano de aula deve ser composto por conteúdo e tema,
competências, estratégias didático-metodológicas e avaliação (com
possíveis intervenções didáticas). Durante a elaboração do
planejamento e desse plano, é preciso ter em mente as seguintes
perguntas:

O que ensinar? - Objetivos

Indicam os propósitos de nossa ação didática, devendo estar


expressos por verbos no infinitivo que contemplem
comportamentos, habilidades, atitudes e competências
esperados dos alunos. Dividem-se em geral (amplo e de longo
prazo) e específicos (ações observadas mais rapidamente pelo
professor).

Para que ensinar - Finalidade

Representa o propósito de nossa ação didática, abrangendo os


conceitos e temas que serão trabalhados durante a disciplina.
Recomenda-se que a finalidade esteja articulada com os
objetivos para atingi-los de maneira interdisciplinar.

Como ensinar - Estratégias didático-metodológicas

Correspondem aos processos subjacentes à prática e aos


objetos concretos, como as abordagens psicológicas da
aprendizagem que utilizaremos, as atividades e os exercícios
empregados para a consecução dos dois primeiros itens do
planejamento.

Com o que ensinar - Recursos

Os recursos didáticos podem ser classificados em:

Naturais: elementos da natureza, como água, plantas etc.


Pedagógicos: quadro, slide, maquetes etc.
Tecnológicos: computador, internet, rádio etc.
Culturais: biblioteca pública, museus, exposições, visitas
técnicas etc.

O planejamento didático deve ser uma ferramenta teórico-metodológica


usada pelo professor para intervir na realidade. Celso Vasconcelos
define que o planejamento:
Enquanto construção-
transformação de representações, é
uma mediação teórico-
metodológica para a ação, que, em
função de tal mediação, passa a ser
consciente e intencional.

(VASCONCELOS, 2000, p. 79)

Nessa discussão, são estabelecidas três dimensões: a realidade (onde


estamos), os fins (aonde queremos chegar ou o que desejamos
alcançar) e a mediação (como alcançar o que planejamos).

Quando planejamos e aplicamos nosso plano em sala de aula, temos


uma intenção subjacente à ação didática. Para que as competências se
concretizem mais facilmente, é necessário que esse plano tenha as
seguintes características:

Continuidade e sequência
Integração entre atividades.

Objetividade e funcionalidade
Análise das condições da realidade.

Coerência e unidade
Conexão entre tema, conteúdo e meios.

Flexibilidade
Ajuste e adaptação.

Precisão e clareza
Redação de forma clara, sem dupla interpretação.

Agora que você já possui uma ideia sobre o plano de aula, que tal
elaborarmos um utilizando as duas teorias aprendidas (cognitivista
sociointeracionista e behaviorismo)? Para isso, lembre-se de que todo
plano deve conter:

Conteúdo: assunto central sobre o qual será tratado o plano.

Tema de aula: tópicos relacionados ao conteúdo da aula.

Segmento: para o qual ano esse plano foi pensado.

Duração: tempo estimado de aula.

Objetivos: aquilo que se pretende alcançar com ela.

Metodologia: que caminhos são realizados nela e o que é feito.

Recursos: que materiais são necessários para que haja a aula.


Avaliação: como ocorre a mensuração da aprendizagem.

note_alt_black
Atividade discursiva 1
Imagine que você precisa ministrar uma aula para uma turma do
4º ano do ensino fundamental sobre a superfície terrestre
brasileira. Levando em consideração a abordagem behaviorista,
monte um plano de aula com características behavioristas,
indicando:

Conteúdo;

Tema da aula;

Segmento;

Duração;

Objetivos;

Metodologia;

Recursos;

Avaliação.

Características behavoristas
Lembre-se de que, na abordagem comportamentalista ou
behaviorismo:

O aluno é passivo ao processo de ensino;


O professor somente passa as informações;
O professor reforça pelo método da repetição para que o
aluno compreenda o conteúdo.

Digite sua resposta aqui

Chave de respostaexpand_more

note_alt_black
Atividade discursiva 2
Imagine-se agora ministrando, para a mesma turma, uma
aula sobre produção e interpretação de texto. Levando em
consideração a abordagem comportamentalista
sociointeracionista, monte um plano de aula que possua
as características do sociointeracionismo, indicando:

Conteúdo;

Tema da aula;

Segmento;

Duração;

Objetivos;

Metodologia;

Recursos;

Avaliação.

Digite sua resposta aqui

Chave de respostaexpand_more

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Uma questão que não pode ser ignorada em relação


ao planejamento de uma aula é a atenção que deve
ser dada às competências que dão suporte à nossa
ação didática. Analise os itens listados a seguir:

I. Continuidade e sequência.

II. Flexibilidade.

III. Objetividade e funcionalidade.

IV. Coerência e uniformidade.

Os itens que se relacionam às competências são

A I, II e III.

B I, III e IV.
C II, III e IV.

D I e II.

E I e IV.

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20inten%C3%A7%C3%A3o%20de%20nossa%20a%C3%A7%C3%A3o%20did%C3%A1tic
los%20de%20maneira%20interdisciplinar.%20%3C%2Fp%3E%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%

Questão 2

Uma questão que não pode ser ignorada em relação


ao planejamento de uma aula é a atenção que deve
ser dada às competências que dão suporte à nossa
ação didática. Elas são compreendidas por estes
itens, à exceção de

A continuidade e sequência.

B flexibilidade.

C objetividade.

D coerência e uniformidade.

E funcionalidade.

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAs%20principais%20compet%C3%AAncias%20apresentadas%20no%20contexto%20dest

Considerações finais
Como vimos, ao longo dos anos, o processo educativo foi
se tornando o foco de investigação e criação de diferentes
teorias. Entender como ocorre o aprendizado e a melhor
forma de potencializá-lo possibilitou que os professores
aprofundassem suas escolhas e suas ações dentro dos
diversos espaços educacionais. Nesse âmbito,
aprendemos sobre duas importantes teorias: a abordagem
comportamentalista ou behaviorismo, que busca
compreender e definir o comportamento humano como o
resultado de influências sociais de acordo com estímulos
e respostas; e as abordagens cognitivistas, cujo objetivo é
saber como o ser humano conhece o mundo. O propósito
deste estudo é instrumentalizar o professor para que ele
seja capaz de perceber a importância do direcionamento
de sua abordagem.

A abordagem didática é um processo que busca dar


significado ao trabalho do professor, já que lhe permite
perceber o fim de sua ação, construindo propostas
fundamentadas. Por isso, a didática docente deve ser
atrelada ao fazer reflexivo e ao ensino-aprendizagem,
levando em consideração as multiplicidades de cotidianos
que permeiam a escola. Já seu planejamento, seja ele
behaviorista ou cognitivista, deve conter os seguintes
itens: objetivo, finalidade do conteúdo, estratégias
didático-metodológicas e recursos. Além disso, é
fundamental que a construção do plano de aula possua
coerência, unidade, continuidade, sequência, objetividade,
funcionalidade, precisão e clareza nas informações
detalhadas.

headset
Podcast
Agora, com a palavra, os professores Rodrigo Rainha, Ada
Cabanas e Marta Amaral:

Explore +
Confira as indicações que separamos especialmente para você!
Aprofunde-se mais o pensamento de Skinner e Piaget nos vídeos
abaixo, da Plataforma YouTube:

a) Coleção Grandes Educadores Skinner e a Análise do


Comportamento.
b) Pensadores: Jean Piaget a Educação.

Leia o artigo, na plataforma SciELO, Análise do conceito de


aprendizagem significativa à luz da teoria de Ausubel, de Glenda
Agra e colaboradores.

A Plataforma Porta Curta oferece centrenas de curta-metragens e


grande parte deles com sugestões de planos de aula. Vale
conferir!

Assista ao documentário “O pequeno Albert” de Watson para


entender melhor a perspectiva da experiência humana do
behaviorismo.

Referências
CANDAU, V. M. (org). A didática em questão. 36. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2014.

FAZENDA, I. Didática e interdisciplinaridade. Campinas, SP: Papirus,


2015.

FIGUEIREDO, L. C. M. Matrizes do pensamento psicológico. Petrópolis,


RJ: Vozes, 1989.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

LIBIK, A. M. Aprender didática – ensinar didática. Livro III. Curitiba:


InterSaberes, 2012.

MIZUKAMI, M. G. Ensino, as abordagens do processo. São Paulo: EPU,


1986.

MONTES, M. T. do A. AuCoPre: uma metodologia ativa para o trabalho


didático com fóruns de discussão. Curitiba: Appris, 2017.

MORAN, J. M; MASETTO, M. T; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e


mediação pedagógica. 19. ed. São Paulo: Papirus, 2012.

PELIZZARI, A. et al. Teoria da aprendizagem significativa segundo


Ausubel. Rev. PEC, v. 2, n. 1, p.37-42, 2002.

PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central


do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

PIAGET, J. Epistemologia genética. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed.


São Paulo: Martins Fontes, 2007.

SAVIANI, D. Escola e democracia. 35. ed. rev. Campinas: Autores


associados, 2002.

SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil: Campinas:


Autores associados, 2007.
SIQUEIRA, V. O signo linguístico – Saussure e a AD. Colunas tortas, 13
ago. 2018.

VASCONCELLOS, C. Planejamento projeto de ensino-aprendizagem e


projeto político-pedagógico. 7 ed. São Paulo: Libertad, 2000.

VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,


1998.

VIGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes,


1993.

VIGOTSKI, L. S. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003.

Material para download


Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.

Download material

O que você achou do conteúdo?

Relatar problema

Você também pode gostar