Você está na página 1de 44

Abordagens didáticas na prática docente

Prof.ª Marta Amaral

Descrição

A adaptação da abordagem do professor às exigências e às dinâmicas dos ambientes em que ele atua. A
prática em sala de aula e suas influências sobre o trabalho como docente.

Propósito

É fundamental, para os futuros docentes, perceberem o papel do professor, o modo como as instituições de
ensino escolhem determinadas abordagens didáticas e como eles podem se adaptar a essas realidades.

Objetivos

Módulo 1

Teorias de aprendizagem
Descrever as teorias da aprendizagem.

Módulo 2

Abordagem didática na prática docente


Identificar o processo da abordagem didática na prática docente.

Módulo 3

Plano de aula sob viés das teorias de aprendizagem


Definir a elaboração de um plano de aula na perspectiva das teorias da aprendizagem.

Introdução
Antes de iniciarmos nosso estudo, vamos conversar com Rubem Alves (1933-2014) sobre a Escola
da Ponte. A Escola da Ponte é um bom exemplo de instituição com uma nova visão de ensino e
metodologia. Sua característica é levar em consideração a promoção da autonomia e da liberdade
dos estudantes, pensando-os como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem.

O vídeo nos ajuda a pensar sobre a prática docente, e como ela envolve conhecer abordagens
teóricas a respeito comportamento humano e de seus processos de aprendizagem, bem como a
percepção do papel do professor no processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, pretende-se
abordar as principais teorias de aprendizagem, considerando que a didática docente envolve o fazer
reflexivo, uma vez que essa prática irá se pautar em um referencial teórico.

A partir desses referenciais, abordaremos a elaboração de um plano de aula com base das teorias da
aprendizagem: cognitivista sociointeracionista e behaviorista.

Rubens Alves (1933-2014)


Foi um teólogo, educador, poeta e filósofo brasileiro. Ele é autor de mais de 120 livros de diversas áreas,
como Filosofia, Teologia, Psicologia, Educação e histórias infantis.

video_library
Introdução

1 - Teorias de aprendizagem
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever as teorias de aprendizagem.
Processo ensino-aprendizagem
Como podemos perceber, a visão de ensino como uma linha de montagem — na qual professor e aluno
desempenham apenas um papel, tendo o mesmo tempo e a mesma forma de aprender — está sendo
repensada; por conta disso, novas abordagens didáticas na área têm sido estudadas.

Com as mudanças nos paradigmas da educação, o estudo das abordagens didáticas passa a analisar como
a prática docente — compreendida pela dinâmica de ensino-aprendizagem — pode ser executada de
maneira mais eficiente.

Para obter essa eficiência, no entanto, não existe uma única linha de abordagem. A maneira como os
educandos aprendem é um assunto amplamente debatido, influenciando tais abordagens. A fim de
compreendermos essas linhas, seguiremos os passos de um professor que se depara com o desafio de
escolher um caminho para tornar a sua atuação mais eficiente.

Desse modo, como primeiro passo, serão apresentadas as principais teorias da aprendizagem: elas são
muito utilizadas e conhecidas no campo da Educação, pois este espaço se mostra necessariamente
complexo, com um conjunto de teorias que sustenta o processo de ensino e de aprendizagem. Podemos,
assim, dizer que o professor precisa conhecer as teorias que vão subsidiar sua abordagem didática.

Atenção!

Conhecer as principais teorias da aprendizagem deve representar um constante exercício de estudos,


possibilitando que os professores se aprofundem e escolham aquelas com as quais mais se identifiquem.
Portanto, estamos falando de escolhas.

Essas escolhas têm se tornado cada vez mais difíceis quando levamos em consideração o mundo
contemporâneo com os inúmeros desafios à vida cotidiana e ao exercício da docência. Afinal, tais
mudanças têm impactado fortemente a prática do professor em sala de aula nos dias de hoje.

Neste momento, você deve estar se perguntando:


Como construir uma prática pedagógica competente para atuar na docência? Como
ajustar a prática pedagógica para alinhá-la a essas mudanças?

Essas e outras questões fazem parte da profissão docente, embora seu raio de influência dependa da
prática desenvolvida por cada professor. Tais perguntas sempre o acompanharão em sua atividade
profissional.

O foco sobre as teorias da aprendizagem se concentra em sua perspectiva de desenvolvimento,


considerada por muitos como uma das mais emblemáticas do século passado por meio da intensa relação
com a Psicologia da Educação. Vamos ver a seguir alguns de seus conceitos.

Abordagem comportamentalista ou behaviorismo

Nossos estudos sobre as teorias da aprendizagem começam com o destaque a uma das correntes teóricas
mais importantes da área: o behaviorismo.

Originada em estudos feitos no campo da Psicologia, essa corrente de pensamento compreende e define o
comportamento humano como o resultado de influências sociais.

Segundo a teoria behavorista, o sujeito pode ser moldado de acordo com estímulos e respostas.

Podemos destacar John B. Watson como o principal criador dessa teoria e, logo em seguida, outros
estudiosos também se juntaram ao behaviorismo, como Ivan Pavlov e B. F. Skinner.

Assim, podemos entender que o behaviorismo é parte de um sistema educacional tradicional, pois está
amparado em:

ohn B. Watson
Psicólogo americano criador do behaviorismo, ele tinha como principal motivação o estudo do comportamento.
Seus experimentos em laboratório contribuíram profundamente para a visão da Psicologia como algo além do
estudo interno da mente.

De acordo com Watson, o ser humano aprende a se expressar a partir do meio social, ou seja, do seu ambiente.
Tal aprendizado, portanto, é construído de forma positiva ou negativa em suas relações cotidianas. Ainda
segundo o psicólogo, quando nasce, ele é apenas um sujeito “vazio”, tendo suas características e seus
comportamentos moldados pela sociedade.

van Pavlov
Foi um fisiologista mundialmente conhecido pelas suas pesquisas sobre o reflexo condicionado em animais.
Essa teoria o levou a perceber que certos comportamentos podem ocorrer de acordo com estímulos e
situações vividas pelos seres.

“De acordo com Pavlov, o requisito fundamental é que qualquer estímulo externo seja o sinal (estímulo neutro)
de um reflexo condicionado e se sobreponha à ação de um estímulo absoluto” (LA ROSA, 2003, p. 45).

. F. Skinner
Psicólogo, inventor e filósofo, o americano B. F. Skinner (1904-1990) desenvolveu a análise do comportamento
por meio de quatro conceitos básicos: comportamento, resposta, ambiente e estímulo.

Suas teorias são chamadas de behaviorismo radical, já que enfatizam o comportamento humano como objeto.
No entanto, elas ainda reconhecem outra face: em vez dos condicionantes em essência, como Watson, Skinner
queria entender os comportamentos encobertos por pensamentos, sentimentos, sonhos etc.

check_circle_outline
Estímulos

check_circle_outline
Respostas

check_circle_outline
Reforços

Talvez você ainda esteja se perguntando:


Quando uma criança recebe uma nota “baixa” na escola, o que é reforçado com isso?

Se já recebeu nota baixa alguma vez na vida, isso certamente reforçou alguma ideia em você. É isso que o
behaviorismo analisa.

À medida que somos elogiados, o nosso comportamento muda.

Nessa abordagem, o principal instrumento da modelagem é o reforço. Este pode ser entendido como
qualquer ocorrência que aumente a intensidade de um determinado comportamento. Pode ser positivo
(recompensa) ou negativo (remoção de algo adverso).

Por outro lado, a educação está fortemente ligada à transmissão cultural, devendo imprimir no sujeito
conhecimentos e padrões de comportamentos éticos e sociais, além de competências consideradas
fundamentais para o controle do ambiente e da realidade.

O processo de ensino-aprendizagem é uma mudança comportamental do sujeito


resultante das práticas vividas e reforçadas pelo professor.

Por isso, algumas práticas precisam ser contempladas. São elas:

O ambiente de aprendizagem

Deve ser previamente planejado pelo professor.

A metodologia de ensino

Precisa aplicar o processo do reforço na relação professor-aluno.


O docente

Estabelece a proposta de aprendizagem a partir da estruturação dos elementos.

Os elementos citados

Proporcionam experiências curriculares para a consecução dos objetivos previamente propostos.

Experimentações científicas foram feitas para testar o funcionamento de certos paradigmas e suas
quebras. Veja o seguinte caso:

Saiba mais
Você conhece o teste dos macacos?

Em um experimento, foram colocados eletrodos na cabeça de dez macacos e um cacho de bananas no alto
de uma estante. Cada vez que um deles tentava subir e pegar uma fruta, os outros tomavam um choque.
Após um tempo — primeiramente, em ações individuais; depois, coletivamente —, os demais passaram a
punir aquele que subia. A partir daí, uma patrulha foi estabelecida: mesmo com fome, os macacos não
subiam mais para pegar a banana.

Em determinado momento, todos os eletrodos foram tirados, mas o comportamento deles não mudou.
Qualquer macaco que tentasse subir para comer uma banana era evitado e apanhava dos outros. Em
seguida, pouco a pouco, os animais foram sendo substituídos; ainda assim, mesmo com todos eles
trocados, a regra ainda valia.

Abordagem cognitivista

Conceito e propriedades
Nesta abordagem, o conhecimento é considerado uma construção contínua do sujeito no meio em que
transita. O cognitivismo realça aquilo que é ignorado pela abordagem comportamentalista: o ato de
conhecer.

O interesse da teoria cognitivista é saber como o ser humano conhece o mundo, investigando a percepção,
o processamento de informação e a compreensão dele.

Vamos entender como a teoria cognitivista funciona:

Compreensão e atribuição da realidade

Ela ajuda o sujeito a compreender e atribuir significado para sua realidade.

Armazenamento e organização dos conhecimentos

Essa teoria tem como foco específico a compreensão de como o sujeito guarda e organiza os
conhecimentos adquiridos ao longo do percurso escolar.

Percepção do processo de construção do conhecimento

Sua ênfase está no papel humano diante do processo de construção do conhecimento, pois
ela se concentra no desenvolvimento da personalidade do sujeito e na sua capacidade de
atuar de forma integrada.
Facilitador da aprendizagem

A figura do professor não é a de um transmissor do conhecimento, mas o de um facilitador da


aprendizagem.

Experiências do aluno na sala de aula

O conteúdo, por sua vez, é proveniente de experiências próprias realizadas pelo estudante na
sala de aula. Elas são orientadas pelo professor, que atua como um articulador entre o
conhecimento e o aluno. O docente, portanto, possibilita a criação de condições para que os
discentes aprendam.

O cognitivismo não concebe modelos prontos de mundo, aluno ou sala de aula. Tudo está em um contínuo
processo de vir a ser, pois seu objetivo didático é a autorrealização e o uso pleno das potencialidades do
sujeito. Desse modo, de acordo com a abordagem cognitivista, o mundo e o homem não estão prontos e
acabados (como ocorre no behaviorismo).

A educação centra-se no aluno. Devem emanar dele os motivos para a aprendizagem, pois a sua finalidade é
a criação de condições que facilitem o aprendizado integral do sujeito. Por isso, a autodescoberta e a
autodeterminação constituem atributos da abordagem cognitivista.

A abordagem cognitivista leva em consideração o cotidiano, a vivência, a realidade


e as experiências do aluno. No entanto, muitas vezes, é difícil estabelecer a relação
entre a teoria ensinada e a prática.
video_library
Um rio que passou na minha vida
Vamos entender como o cotidiano dos alunos pode ser utilizado como prática pedagógica no vídeo a seguir.

O processo de ensino cognitivista ocorre a partir de uma metodologia criada pelo professor na qual a
aprendizagem do aluno se desenvolve em um contexto que privilegia a liberdade para aprender. Notemos
que várias correntes e diversos representantes dessa teoria podem ser agrupados da seguinte maneira:

Construtivista expand_more

Investiga como são construídas pelo sujeito as estruturas cognitivas para a elaboração do
conhecimento. Também se ocupa dos processos do pensamento humano desde a infância.

Sociointeracionista expand_more

Preocupa-se com a importância da experiência e da cultura do meio para o processo de construção


de conhecimento e de constituição do indivíduo.
Significativa expand_more

Realça a importância do significado na aprendizagem e investiga o processo cognitivo a partir do


entendimento de que a nova informação se relaciona com várias outras já conhecidas pelo sujeito e
presentes na estrutura cognitiva.

Segundo as teorias cognitivistas, o processo do conhecimento é construído pela relação entre sujeito e
sujeito ou sujeito e objeto, ou seja, cada sujeito constrói o seu conhecimento a partir do contato com o meio
e da relação que ele faz.

O sujeito constrói o seu conhecimento não a partir de uma estrutura fixa, mas
sempre em uma relação de troca. Por isso, tais teorias designam a existência de
uma variedade de elementos responsável por possibilitar o aprendizado.

Vamos conhecê-la mais profundamente a partir de agora:

Teoria cognitivista construtivista


O construtivismo é uma linha de pensamento que gerou um grande impacto na Pedagogia, principalmente
pelas ideias de Jean Piaget.

ean Piaget
Conhecido por seu trabalho pioneiro no campo da inteligência infantil, o suíço Jean Piaget era um renomado
psicólogo e filósofo. Piaget passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com crianças e
estudando seu processo de raciocínio. Seus estudos tiveram um grande impacto nos campos da Psicologia e
da Pedagogia.
Sua principal indagação diz respeito à forma como o sujeito conhece o mundo. Uma das principais
preocupações de Piaget era compreender como e quais são os mecanismos utilizados pelo homem para o
conhecer e se adaptar a ele.

Saiba mais

Para Piaget, as interações sociais são muito importantes, pois elas transmitem as informações
características do meio e contribuem, de uma maneira ativa, para a assimilação do conhecimento pelo
sujeito.

Cada informação do meio social é processada na mente do sujeito a partir dos elementos que lhe são
oferecidos. Assim, cada um reestrutura de maneira única esse conhecimento e o integra ao corpo de um
saber já construído. Dessa maneira, Piaget avalia o contato social como o principal meio de aprendizado.

Para Jean Piaget, a interação social não está relacionada apenas a uma transferência verbal, e sim ao uso
do pensamento e da cooperação. Veja a seguir as implicações de cada um dos conceitos:

Interação

Ao interagir com pessoas e objetos, há o progresso do pensamento do sujeito e, consequentemente, de


sua ação.
arrow_forward

Cooperação

O sujeito entende que sua ação deve contribuir para a cooperação do grupo, desenvolvendo uma vida
afetiva.

Essa afirmação propicia a compreensão de que a abordagem construtivista estabelece diferenças entre
ensino e aprendizagem. Afinal, o que cada estudante aprende não constitui exatamente aquilo que o
docente explica em sala de aula, tampouco o que era planejado previamente por ele. A aprendizagem,
portanto, depende diretamente de conhecimentos anteriores àqueles evocados por nossas experiências.

Então, talvez apareça a seguinte questão:

Se cada um deles aprende e percebe o mundo de uma maneira diferente, como alcançar
todos os alunos?

O professor precisa estabelecer situações que desestabilizem os conhecimentos anteriores de seus alunos.
No entanto, é fundamental haver a compreensão de que isso, concomitantemente, requer a presença dos
seguintes fatores:

Situações-problema
O professor deve propor situações-problema que os instiguem a investigar, discutir, refletir, levantar
questões e formular hipóteses.

Motivação
É necessário estar motivado para fazer um esforço cognitivo a fim de alcançar um novo conhecimento. É
importante motivar constantemente os alunos a prosseguirem, não desistindo dele.
Postura ativa
O professor deve instigar o aluno a adotar uma postura ativa em seu processo de construção do
conhecimento.

Planejamento
O planejamento didático tem de ser abrangente para atingir todos os alunos em suas diversidades,
integrando-os.

Teoria cognitivista sociointeracionista


Lev Vygotsky é seu maior representante. Para esse autor, a mediação é um fato fundamental para o
processo cognitivo do sujeito, sendo realizada por meio da relação interpessoal e dos sistemas de signos
(linguagem, escrita, símbolos e objetos).

ev Vygotsky
O psicólogo Lev Semionovich Vygotsky (1896-1934) foi um pioneiro na apresentação do conceito de que o
desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função de suas interações sociais e condições de vida. Ele
entendia que o sujeito não acessa diretamente objetos ou conceitos, pois todo conhecimento é fruto da
mediação de outras pessoas ou de sistemas simbólicos dos quais ele dispõe. Dessas relações dinâmicas e
interativas entre sujeito/sujeito e sujeito/objeto, surgem as funções psicológicas superiores a serem
construídas na interação social.

istema de signos
Ferdinand Saussure foi um linguista e filósofo suíço que trouxe a ideia de que os signos linguísticos são a união
de uma imagem acústica e um conceito, de um significante e um significado. Essa união, por sua vez, não é
determinada nem fixa, porém arbitrária.

A linguagem é um instrumento de mediação da aprendizagem para criar situações concretas de produção,


reflexão, colaboração e construção de conhecimento. Ela abandona, dessa forma, o esquema linear de
reprodução ou consumo.

Saiba mais

A teoria sociointeracionista impeliu os docentes a uma reflexão sobre a prática pedagógica devido aos
apontamentos feitos por Vygotsky sobre as relações existentes entre a aprendizagem, o desenvolvimento e
a interação nos processos educativos.

Podemos reconhecer a interação entre os alunos como uma estratégia pedagógica. Para que haja um
conhecimento, o sujeito deve ser entendido como um ser social que constrói sua individualidade a partir das
interações mediadas pela cultura. Dessa maneira, a relação que a pessoa estabelece com o meio social é
condição fundamental para ela se constituir como indivíduo.

Teoria cognitivista significativa


Os estudos sobre esta teoria têm como base o autor David Paul Ausubel, responsável pela elaboração do
conceito de aprendizagem significativa. Na abordagem cognitiva, ele observa o que ocorre dentro da mente
humana durante a construção do conhecimento.

avid Paul Ausubel


O psicólogo norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) foi o percursor da teoria da aprendizagem
significativa. Para ele, aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias que já existem na estrutura
mental da pessoa para que ela seja capaz de relacionar e acessar novos conteúdos. O autor, portanto, defendia
que os esquemas dos links mentais que fazemos nos auxiliam a consolidar o conhecimento. Desse modo, cabe
ao professor propor e fomentar situações que favoreçam a aprendizagem, permitindo a ancoragem entre o
saber que a criança já possui e o que ela irá aprender.

prendizagem significativa
Ela propõe que os conhecimentos prévios dos alunos sejam valorizados para que o novo conteúdo incorporado
às suas estruturas cognitivas adquira significado. A aprendizagem mecânica, por outro lado, ocorre quando o
novo dado não se relaciona com os conceitos conhecidos pelo aluno.

Para Ausubel, a estrutura cognitiva refere-se ao conteúdo total das informações, aos fatos, aos conceitos e
aos princípios organizados pela pessoa. A aprendizagem é vista como o processo em que o novo conteúdo
se organiza e se integra à estrutura cognitiva já existente. Dessa maneira, o professor precisa fazer a
relação significativa entre o conteúdo acadêmico e o social para que o aluno perceba o significado do que
aprende.

Saiba mais

As ideias de Ausubel também se caracterizam por uma reflexão específica sobre a aprendizagem escolar e
o ensino em vez de tentar somente generalizar e transferir-lhes conceitos ou princípios explicativos
extraídos de outras situações ou contextos de aprendizagem.

Para haver aprendizagem significativa, são necessárias duas condições:

Primeira condição expand_more

O aluno precisa ter uma disposição para aprender. Se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo
arbitrária e literalmente, a aprendizagem será mecânica.
Segunda condição expand_more

O conteúdo escolar a ser aprendido deve ser potencialmente significativo, ou seja, ele precisa se
mostrar lógica e psicologicamente significativo.

O significado lógico depende somente da natureza do conteúdo; o psicológico, por sua vez, significa
a experiência de cada indivíduo. Todo aprendiz faz uma filtragem própria do significado dos
conteúdos.

Com esse duplo marco de referência, as proposições de Ausubel partem da consideração de que os
indivíduos apresentam uma organização cognitiva interna baseada em conhecimentos de caráter
conceitual, sendo que a sua complexidade depende muito mais das relações que eles estabelecem entre si
do que do número de conceitos presentes.

Essas relações têm um caráter hierárquico; dessa forma, a estrutura cognitiva é


compreendida fundamentalmente como uma rede de conceitos organizados
hierarquicamente de acordo com o grau de abstração e de generalização.

Agora que você já foi apresentado às teorias contempladas na abordagem cognitivista, demonstraremos
como elas influenciam na atuação do professor e na sua prática em espaços escolares.

video_library
Abordagem cognitivista no ambiente escolar
Vamos entender como a abordagem cognitivista e as suas teorias podem ser inseridas no ambiente escolar.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A abordagem cognitivista se baseia nas teorias de Piaget, Vygotsky e Ausebel, cujos elementos comuns
acerca da aprendizagem podem contribuir efetivamente para uma prática docente mais eficiente.

Assinale, dentre as alternativas a seguir, a que pode ser identificada como um elemento comum.

A aprendizagem se dá a partir de experiências próprias realizadas pelo estudante na


A sala de aula e orientadas pelo professor, que atua como articulador entre o
conhecimento e o aluno.

Preocupa-se com a aprendizagem do indivíduo desde a infância: dando especial ênfase


B a esse período, investiga como são construídas as estruturas cognitivas do sujeito para
a elaboração do seu conhecimento.

O conhecimento se dá na relação do indivíduo com a cultura e a sociedade de forma


C independente: o processo de aprendizagem só é possível na troca entre os sujeitos e
seus pares.

Para que haja aprendizagem significativa, o professor precisa fazer a relação


D significativa entre o conteúdo acadêmico e o social de modo que o aluno perceba o
significado do que aprende.
A preocupação com o processo de formação do raciocínio do indivíduo, por meio da
E
observação das relações sociais desde a mais tenra idade, é fator fundamental.

Parabéns! A alternativa A está correta.

O destaque à participação ativa do aluno no processo de aprendizagem apresenta uma visão geral da
abordagem cognitivista, enquanto as demais apresentam características específicas dos autores que a
defendem: Piaget com sua valorização na infância, incluive com o processo de formação do raciocínio,
Vygotsky com seu destaque à interação entre os sujeitos e Ausebel com a preocupação com a
aprendizagem significativa.

Questão 2

A importância das abordagens didáticas está no fato de elas oferecerem à prática docente uma
possibilidade mais eficiente de ação no processo de ensino e aprendizagem. Por não haver uma única
linha de abordagem, é fundamental compreender as características que marcam cada uma a fim de
identificar quais se adequam mais à realidade em que se dá a educação.

Sobre as características dessas abordagens, podemos afirmar:

I – O conhecimento é compreendido como um processo de: percepção, processamento de informação


e compreensão.

II – O docente é gerador de condições para que os alunos aprendam.

III – O aluno, como qualquer sujeito, é constituído como resultado das influências sociais do meio em
que vive.

IV – A aprendizagem é o conjunto de comportamentos padronizados e objetivos anteriormente fixados.

Das características acima,

A somente a I pertence à abordagem cognitivista.

B I e II fazem parte da abordagem cognitivista.


C III e IV pertencem à abordagem comportamental.

D somente a III compõe a abordagem comportamental.

E somente a II pertence à abordagem cognitivista.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A abordagem comportamental/behaviorista compreende o comportamento humano como o resultado


de influências sociais, podendo, portanto, ser modificado se tais influências forem alteradas. Por isso,
as afirmativas III e IV a identificam. Na abordagem cognitivista, o conhecimento é definido como uma
construção contínua do sujeito no meio em que ele se encontra. Por isso, ela tem interesse em
investigar os processos internos em que se dá o conhecimento, valorizando a características de cada
aluno.

2 - Abordagem didática na prática docente


Ao final detse módulo, você será capaz de identificar o processo da abordagem didática na
prática docente.
O papel do professor e a didática
Anteriormente, buscamos perceber como os sujeitos aprendem e como esse aprendizado pode ser visto de
formas diferentes. Diante desse desafio, passamos a refletir sobre o professor e seu papel na construção
dessa abordagem didática.

Quanto à investigação de seus processos na prática docente, talvez você esteja com os seguintes
questionamentos:

Por que eu, apesar de conhecer as teorias, ainda possuo uma turma tão disciplinada?

Por que minhas práticas pedagógicas não funcionam se eu faço exatamente igual aos meus
antigos professores?

Eu possuo uma grande bagagem técnica e acadêmica, suficiente para que eles aprendam,
mas o aprendizado não acontece. O que acontece?

A didática vai além de técnica, é um processo sobre o aprendizado do aluno, e o seu papel não é reproduzir
atitudes, mas sim pensar estratégias para que o discente amplie seus conhecimentos.
Muitas vezes o comportamento da turma reflete a prática do professor. A dificuldade ou falta de interesse
dos alunos pode estar associada à falta de didática do professor, que talvez reproduza práticas como se
fossem uma receita de sucesso em todos os contextos.

É fundamental que entendamos que reproduzir as práticas, conceitos e atitudes não significa que estamos
sendo didáticos, e que possuir um grande saber sobre um determinado assunto não garantirá que as
práticas didáticas sejam estabelecidas.

Dessa maneira, cabe ao professor acompanhar o processo de ensino-aprendizagem ao fomentar novas


descobertas, possibilitar a ampliação desses conhecimentos e adaptar as suas práticas de acordo com a
turma.

Afinal, o que seria a didática? Por que professores precisam dela?

A didática serve para indicar os processos de ensino-aprendizagem. Com eles, você vai poder pensar
tecnicamente e acompanhar a evolução dos alunos.

Não basta, porém, compreender um conteúdo do ponto de vista técnico. O processo de compreensão é do
aluno, e não do professor, pois o estudante que vai descobrir os seus caminhos e construir as pontes
necessárias para seu desenvolvimento. Ser didático, além de se preparar, é estar disposto a compreender
que seu aluno precisa de acompanhamento no processo de aprendizado.

Atenção!

A didática não deve ser entendida como uma prática, mas como um processo no qual cada aluno
desenvolve seus aspectos cognitivos. O professor, por sua vez, acompanha esse processo e fomenta novas
descobertas, possibilitando a ampliação desses conhecimentos.

Todo aquele que se coloca na condição de educando espera que quem o conduzirá esteja preparado.
Independentemente de nosso tempo de convivência, nós, enquanto professores, devemos estar dispostos e
sermos capaz de acompanhá-lo para provocar e permitir processos de aprendizagem, cada um com seu
ritmo e dentro de suas necessidades. Desse modo, atuar didaticamente é:
Preparar-se para estabelecer a ação pedagógica.

Perceber o desenvolvimento do sujeito conforme se desenvolve a educação.

Ter o aprendizado como foco do resultado, mesmo que nem sempre ele ocorra da forma esperada e
planejada.

O uso da didática, aliás, possui uma funcionalidade muito mais ampla: fundamental para todo sujeito no ato
de educar, ela impacta diretamente o processo de ensino-aprendizagem.

Conceituando a didática
A didática deve ser entendida como uma ferramenta pedagógica que impulsiona o professor a refletir sobre
as formas de abordagem do conhecimento, das metodologias, da necessidade de planejamento e de tudo
que envolve o processo de ensino-aprendizagem. Como não se limita à técnica, ela se dedica ao estudo do
processo de ensino-aprendizagem, oferecendo uma reflexão constante que orienta as abordagens didáticas
a fim de fortalecer tal processo.
nsino-aprendizagem
A abordagem didática possibilita dois movimentos: o ensino e a aprendizagem. Ou seja, o princípio dela
permite ao professor construir uma prática docente baseada em uma teoria da aprendizagem, como vimos no
módulo anterior.

Ela realmente interfere em tal prática, pois exige do professor uma postura constante de pesquisador da própria
prática, assim como o instiga a buscar cotidianamente uma atuação que torne a aprendizagem significativa,
estimulando a construção de novos conhecimentos.

Atenção!

A abordagem didática deve ser entendida como um “fazer reflexivo” que leva o professor a ampliar sua
visão sobre as formas de ensinar e de aprender, facilitando a escolha das metodologias que dão sentido à
sua prática.

Ela provoca reflexões sobre a forma de atuação dela no processo de aprendizagem dos alunos e a maneira
de melhorar sua prática a partir do seu cotidiano.

A abordagem didática também ultrapassa a dimensão técnica, pois exige compromisso do mestre com o
aprendiz, fazendo com que o professor adote uma postura reflexiva, na qual a construção de conhecimentos
ganha nova dimensão, provocando a entrada de aprendizagens significativas que façam sentido para o
público a que se destina.

O papel da abordagem didática é fazer a diferença em qualquer campo com demanda educativa
(instituições públicas, privadas ou do terceiro setor), pois ela auxilia na construção de cenários de
ambientação para que a aprendizagem aconteça e se consolide.
Na abordagem didática, o professor deve:

Dar sentido ao que é apresentado

Podemos dizer que ela é a proposta de reflexão sobre a prática. O professor utiliza variadas teorias da
aprendizagem para observar o andamento do processo de ensino.

Ter o cuidado de buscar novos caminhos

O professor deve desenvolver e adaptar métodos e técnicas que possam ser utilizados na construção de
determinados conhecimentos, sabendo contextualizá-los a cada realidade e respeitando os
procedimentos mentais desenvolvidos nessa construção.

Quem é didático, atua como um mediador que considera e respeita a cultura e a história do seu aluno,
associando, a partir dessas singularidades, os saberes da vida aos que precisam ser construídos. Portanto,
no universo da abordagem didática, diversas teorias podem ser utilizadas para a obtenção da melhor
proposta com o objetivo de atender à necessidade dos alunos. Ou seja, você precisa compreender que todo
professor tem uma abordagem didática para pensar, fazer sua aula e instruir seu aluno.
Abordagem didática para as futuras gerações
Você sabia que a nossa sociedade passa por grandes transformações e que cada geração é classificada de
uma maneira diferente? Para a reflexão apropriada de uma abordagem didática atual, o professor deve ter
algum conhecimento sobre as gerações e seus processos históricos.

Pensar a abordagem didática atualmente é compreendê-la de uma forma diferente, pois é preciso
considerar os avanços tecnológicos, a popularização da internet e a mistura geracional.

video_library
As diferenças geracionais
Neste vídeo, vamos entender como saber as diferenças entre as gerações é importante para entendermos
quem somos e quem são os nossos alunos.

Como você pôde observar, cada uma dessas gerações (X, Y, Z e alpha) apresenta características diferentes.
A definição de uma abordagem didática que não leve em conta tais elementos pode interferir
profundamente no processo de ensino e aprendizagem. As diferenças geracionais direcionam a construção
do seu processo docente, mas sem haver a criação de uma “camisa de força”. Portanto, sempre deve existir
espaço para a criatividade.
Atenção!
Precisamos, enquanto professores, reconhecer as diferenças geracionais e nos comportar como um
orientador de caminhos. Nosso objetivo é propor desafios e, principalmente, direcionar os alunos para o
trabalho cooperativo e colaborativo mediante a potencialização do diálogo, da troca de conhecimentos e da
produção coletiva dos discentes.

O professor na sala de aula da educação básica trabalha principalmente com crianças das gerações Z e
alpha. Dessa forma, ele terá de repensar sua prática pedagógica e seus caminhos didáticos, pois lidará com
perfis geracionais diferentes do seu.

Nossos alunos têm um perfil geracional diferente, já que cresceram utilizando ambientes colaborativos,
como Instagram, Facebook e Twitter. Além disso, eles estão acostumados aos games, que são jogados em
grupos, embora seus jogadores estejam distantes geograficamente.

Por essa razão, a abordagem didática atual deve enfatizar o social em detrimento do individual, privilegiando
atividades e trabalhos realizados em mesas agrupadas fisicamente nas quais sejam utilizadas ações de
pesquisa, análise de situações e resolução de problemas.

O melhor procedimento didático é aquele acompanhado de uma significação para cada geração. A didática
está presente de forma imperativa em todos os espaços de aprendizagem: na construção de instrumentos
de apoio ao ensino, como conteúdos digitais, assim como em materiais, livros e projetos didáticos. Afinal,
ela mesma é um instrumento qualificador do trabalho educativo.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
Podemos resumir a abordagem didática como algo responsável por levar o professor a ampliar sua
visão sobre as formas de ensinar e aprender, facilitando a escolha das metodologias que dão sentido à
sua prática. Mas, ampliado sua compreensão, também podemos fazer as seguintes afirmações:

I - O papel da abordagem didática é fazer a diferença em qualquer campo no qual haja demanda
educativa, desde que ela esteja presente apenas nas instituições públicas, cuja área apresenta uma
maior carência.

II - Podemos afirmar que a abordagem didática do professor tem a incumbência de dar sentido à sua
prática, ou seja, ela é a proposta de reflexão permanente sobre a relação de ensino e aprendizagem.

III - Quando o professor utiliza várias teorias da aprendizagem para observar o andamento do processo
de ensino, ele está se afastando da abordagem didática, o que exige a opção de metodologias claras e
definitivas.

Sobre essas afirmativas, podemos dizer que

A somente a I é verdadeira.

B somente a II é verdadeira.

C somente a III é falsa.

D somente a I é falsa.

E I e II são falsas.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A opção I está incorreta, pois ela se refere apenas às instituições públicas de ensino, porém a didática
deve estar presente em qualquer prática de ensino-aprendizagem, seja ela pública, privada ou
filantrópica. A opção III está incorreta, já que, quando um professor faz uso das teorias de
aprendizagem, refletindo e planejando seu processo, sua postura se entrelaçará com a abordagem
didática para compreender o processo de evolução de seus alunos.
Questão 2

“Com a internet, estamos começando a ter que modificar a forma de ensinar e de aprender tanto nos
cursos presenciais como nos de educação continuada, a distância [...]. Tanto professores como alunos,
temos a clara sensação de que, em muitas aulas convencionais, perdemos muito tempo...” (MORAN, J.
Revista Interações, v. 5, p. 57-72, 2000).

O trecho acima nos traz um desafio que deve tornar-se permanente em todo ato de educar: modificar a
forma de ensinar e de aprender. Analise as afirmações abaixo, considerando V para as afirmativas
verdadeiras e F para as falsas:

( ) É necessário que o professor esteja pronto a repensar sua prática pedagógica e seus caminhos
didáticos, uma vez que precisará lidar com perfis geracionais diferentes do seu.

( ) Neste contexto de transformação em que vivemos, em especial pela presença das mídias digitais
nas mãos de nossos alunos, as abordagens didáticas de ensino são tão importantes quanto os
conteúdos.

( ) A abordagem didática atual deve deslocar-se do enfoque individual para o social, ou seja, ela deve
privilegiar atividades e trabalhos que valorizem ações de pesquisa, análise e resolução de problemas.

( ) Apesar das mudanças sociais pelas quais passamos, nossos alunos atualmente ainda têm um perfil
geracional muito semelhante ao nosso e possuem dificuldades na utilização de ambientes
colaborativos.

A sequência correta, de cima para baixo, é

A V, V, F, F.

B F, V, F, V.

C F, F, V, V.

D V, V, V, F.
E F, V, V, F.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Estarmos recebendo alunos, especialmente na educação básica, das gerações Z e alpha. Isso indica
que eles têm um perfil geracional diferenciado do nosso, crescendo e utilizando — na maioria das vezes,
melhor que nós — ambientes colaborativos. Daí a importância de o professor estar atento a esse
desafio.

3 - Plano de aula sob viés das teorias de aprendizagem


Ao final deste módulo, você será capaz de definir a elaboração de um plano de aula na
perspectiva das teorias da aprendizagem.

Recapitulando
Como vimos anteriormente, a abordagem didática se separa em dois grandes blocos. Amparada por uma
teoria e concepção de mundo, de sujeito e de sociedade, ela propõe:

Fazer reflexivo
O professor deve pensar sua prática de forma contextualizada a partir de uma teoria da aprendizagem.
Assim, cabe ao docente refletir sobre as relações, reações e ações que vão influenciar a aprendizagem e o
desenvolvimento dos alunos.

Ensino-aprendizagem
O professor precisa saber que o processo de aprendizagem não está desvinculado do ensino: ambos estão
juntos. O professor ensina e o aluno aprende, mas ele também acaba aprendendo nesse processo. Todos
nós, enfim, aprendemos e ensinamos no ato educativo.

video_library
O fazer reflexivo
Vamos entender como ocorre esse fazer reflexivo assistindo a uma entrevista da professora Nilda Alves.

ilda Alves
Doutora em Ciências da Educação pela Universidade Paris Descartes e professora titular da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É pesquisadora e referência no campo pedagógico. Suas principais
contribuições abordam as relações entre a escola, o aluno e o professor, tendo como foco a noção de tessitura
de conhecimentos em rede e a vida cotidiana nas escolas, com base na articulação entre currículos, redes
educativas, imagens, sons e formação de docentes.

Você, na qualidade de professor, deve refletir sobre qual abordagem irá auxiliar no seu processo como
educador. Seu objetivo é facilitar o aprendizado do aluno, levando em consideração seu cotidiano, sua
vivência e seu saber. Para isso, é importante, antes de tudo, planejar suas aulas tendo em vista os blocos da
abordagem didática e os currículos que atuam dentro dos espaços educacionais.

Plano de aula
Durante a elaboração do plano de aula, o professor deve articular as competências e habilidades solicitadas
pelo seu demandante com as estratégias que serão utilizadas. Portanto, ele corresponde ao nível de maior
detalhamento e objetividade do processo de planejamento didático, tendo como finalidade a previsão dos
conteúdos e atividades de cada aula.

Todo plano de aula deve ser composto por conteúdo e tema, competências, estratégias didático-
metodológicas e avaliação (com possíveis intervenções didáticas). Durante a elaboração do planejamento
e desse plano, é preciso ter em mente as seguintes perguntas:

O que ensinar? - Objetivos

Indicam os propósitos de nossa ação didática, devendo estar expressos por verbos no infinitivo que
contemplem comportamentos, habilidades, atitudes e competências esperados dos alunos. Dividem-se
em geral (amplo e de longo prazo) e específicos (ações observadas mais rapidamente pelo professor).

Para que ensinar - Finalidade

Representa o propósito de nossa ação didática, abrangendo os conceitos e temas que serão trabalhados
durante a disciplina. Recomenda-se que a finalidade esteja articulada com os objetivos para atingi-los de
maneira interdisciplinar.
Como ensinar - Estratégias didático-metodológicas

Correspondem aos processos subjacentes à prática e aos objetos concretos, como as abordagens
psicológicas da aprendizagem que utilizaremos, as atividades e os exercícios empregados para a
consecução dos dois primeiros itens do planejamento.

Com o que ensinar - Recursos

Os recursos didáticos podem ser classificados em:

Naturais: elementos da natureza, como água, plantas etc.


Pedagógicos: quadro, slide, maquetes etc.
Tecnológicos: computador, internet, rádio etc.
Culturais: biblioteca pública, museus, exposições, visitas técnicas etc.

O planejamento didático deve ser uma ferramenta teórico-metodológica usada pelo professor para intervir
na realidade. Celso Vasconcelos define que o planejamento:

Enquanto construção-transformação de representações, é uma mediação


teórico-metodológica para a ação, que, em função de tal mediação, passa a ser
consciente e intencional.

(VASCONCELOS, 2000, p. 79)

Nessa discussão, são estabelecidas três dimensões: a realidade (onde estamos), os fins (aonde queremos
chegar ou o que desejamos alcançar) e a mediação (como alcançar o que planejamos).

Quando planejamos e aplicamos nosso plano em sala de aula, temos uma intenção subjacente à ação
didática. Para que as competências se concretizem mais facilmente, é necessário que esse plano tenha as
seguintes características:

Continuidade e sequência
Integração entre atividades.

Objetividade e funcionalidade
Análise das condições da realidade.

Coerência e unidade
Conexão entre tema, conteúdo e meios.

Flexibilidade
Ajuste e adaptação.

Precisão e clareza
Redação de forma clara, sem dupla interpretação.

Agora que você já possui uma ideia sobre o plano de aula, que tal elaborarmos um utilizando as duas teorias
aprendidas (cognitivista sociointeracionista e behaviorismo)? Para isso, lembre-se de que todo plano deve
conter:

Conteúdo: assunto central sobre o qual será tratado o plano.

Tema de aula: tópicos relacionados ao conteúdo da aula.

Segmento: para o qual ano esse plano foi pensado.

Duração: tempo estimado de aula.

Objetivos: aquilo que se pretende alcançar com ela.

Metodologia: que caminhos são realizados nela e o que é feito.

Recursos: que materiais são necessários para que haja a aula.

Avaliação: como ocorre a mensuração da aprendizagem.

note_alt_black
Atividade discursiva 1
Imagine que você precisa ministrar uma aula para uma turma do 4º ano do ensino fundamental sobre a
superfície terrestre brasileira. Levando em consideração a abordagem behaviorista, monte um plano de aula
com características behavioristas, indicando:

Conteúdo;

Tema da aula;

Segmento;

Duração;

Objetivos;

Metodologia;

Recursos;

Avaliação.

aracterísticas behavoristas
Lembre-se de que, na abordagem comportamentalista ou behaviorismo:

O aluno é passivo ao processo de ensino;


O professor somente passa as informações;
O professor reforça pelo método da repetição para que o aluno compreenda o conteúdo.

Digite sua resposta aqui

Exibir soluçãoexpand_more

Ex:

Conteúdo: Formas de relevo

Tema da aula: Conhecendo a superfície terrestre brasileira


Segmento: 4º ano do Ensino Fundamental

Duração: 50 minutos

Objetivos: • Conhecer as principais formas de relevo;


• Entender as relações entre as formas de relevo;
• Identificar os relevos das paisagens conhecidas pelos alunos.

Metodologia: Apresentar as formas de relevo a serem trabalhadas.


Expor os relevos de:
• Planalto;
• Planície;
• Depressão;
• Montanha;
• Vale.
Comparar os seguintes relevos:
• Planalto x Planície;
• Depressão x Montanha.
Fazer um questionário para fixação.

Recursos: • Datashow;
• Lousa;
• Giz.

Avaliação: O processo de avaliação será feito por meio de um teste. Alunos com aproveitamento igual
ou superior a 80% serão premiados com reforço positivo no caderno.

Como você pode perceber, o processo educativo no plano de aula behaviorista tem como
característica o estímulo e a resposta do que é pedido ao aluno: à medida que ele consegue
desenvolver o conhecimento sobre determinado assunto, obtém um melhor aproveitamento e é
recompensado. Tal recompensa varia desde a valorização do aluno até outras premiações, enquanto
sua avaliação ocorre por meio de provas e testes somativos.

note_alt_black
Atividade discursiva 2
Imagine-se agora ministrando, para a mesma turma, uma aula sobre produção e interpretação de texto.
Levando em consideração a abordagem comportamentalista sociointeracionista, monte um plano de aula
que possua as características do sociointeracionismo, indicando:

Conteúdo;

Tema da aula;

Segmento;

Duração;

Objetivos;

Metodologia;

Recursos;

Avaliação.

Digite sua resposta aqui

Exibir soluçãoexpand_more

Ex:

Conteúdo: Gramática

Tema da aula: Produção e interpretação de texto

Segmento: 4º ano do Ensino Fundamental

Duração: 50 minutos

Objetivos: • Conhecer como se estabelece a organização de um texto;


• Entender as relações entre sujeito, verbo e predicado;
• Identificar os diferentes tipos de gêneros textuais antigos e modernos.

Metodologia: Apresentar aos alunos formas e tipos de gêneros textuais; Fazer uma sondagem para
saber o que cada aluno sabe sobre o tema, o que ele costumar ler no seu dia a dia;
Entender o que o processo educacional tem produzido de leitura na vida de cada aluno.

Recursos: • Data Show;


• Livros didáticos e literários;
• Cartas;
• Poesias;
• Outros suportes de leitura.

Avaliação: O processo de avaliação será pela relação horizontal entre professor e aluno. Cada um
deles compartilhará sua experiência com a leitura e o desenvolvimento no período da atividade. O
resultado da avaliação é a partir da relação social e do compartilhamento dos significados de cada
aluno.

No plano de aula sociointeracionista, o professor tem o papel de promover avanços e diálogos entre
os alunos. Cada aluno tem um tempo de aprendizagem, sempre se desenvolvendo em conjunto com
os outros colegas. Por isso, no plano de aula de gramática, encontramos na metodologia e no
processo avaliativo características que corroboram a ideia defendida pela teoria em questão, como
escutar e dar voz aos alunos, percebendo que o processo da avaliação é uma construção social e
coletiva.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Uma questão que não pode ser ignorada em relação ao planejamento de uma aula é a atenção que
deve ser dada às competências que dão suporte à nossa ação didática. Analise os itens listados a
seguir:

I. Continuidade e sequência.

II. Flexibilidade.

III. Objetividade e funcionalidade.

IV. Coerência e uniformidade.

Os itens que se relacionam às competências são


A I, II e III.

B I, III e IV.

C II, III e IV.

D I e II.

E I e IV.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A intenção de nossa ação didática compreende os conceitos e temas que serão trabalhados durante a
disciplina. É plenamente recomendável que a finalidade esteja articulada como os objetivos a fim de
atingi-los de maneira interdisciplinar.

Questão 2

Uma questão que não pode ser ignorada em relação ao planejamento de uma aula é a atenção que
deve ser dada às competências que dão suporte à nossa ação didática. Elas são compreendidas por
estes itens, à exceção de

A continuidade e sequência.

B flexibilidade.

C objetividade.
D coerência e uniformidade.

E funcionalidade.

Parabéns! A alternativa D está correta.

As principais competências apresentadas no contexto desta questão foram: coerência e unidade —


conexão entre tema, conteúdo e meios; continuidade e sequência — integração entre atividades;
flexibilidade — ajuste e adaptação; objetividade e funcionalidade — análise das condições da realidade;
precisão e clareza — redação de forma clara, sem dupla interpretação. Portanto, não se busca
uniformidade (fazer tudo da mesma forma o tempo todo), e sim unidade.

Considerações finais
Como vimos, ao longo dos anos, o processo educativo foi se tornando o foco de investigação e criação de
diferentes teorias. Entender como ocorre o aprendizado e a melhor forma de potencializá-lo possibilitou que
os professores aprofundassem suas escolhas e suas ações dentro dos diversos espaços educacionais.
Nesse âmbito, aprendemos sobre duas importantes teorias: a abordagem comportamentalista ou
behaviorismo, que busca compreender e definir o comportamento humano como o resultado de influências
sociais de acordo com estímulos e respostas; e as abordagens cognitivistas, cujo objetivo é saber como o
ser humano conhece o mundo. O propósito deste estudo é instrumentalizar o professor para que ele seja
capaz de perceber a importância do direcionamento de sua abordagem.

A abordagem didática é um processo que busca dar significado ao trabalho do professor, já que lhe permite
perceber o fim de sua ação, construindo propostas fundamentadas. Por isso, a didática docente deve ser
atrelada ao fazer reflexivo e ao ensino-aprendizagem, levando em consideração as multiplicidades de
cotidianos que permeiam a escola. Já seu planejamento, seja ele behaviorista ou cognitivista, deve conter
os seguintes itens: objetivo, finalidade do conteúdo, estratégias didático-metodológicas e recursos. Além
disso, é fundamental que a construção do plano de aula possua coerência, unidade, continuidade,
sequência, objetividade, funcionalidade, precisão e clareza nas informações detalhadas.
headset
Podcast
Agora, com a palavra, os professores Rodrigo Rainha, Ada Cabanas e Marta Amaral:

Referências
CANDAU, V. M. (org). A didática em questão. 36. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

FAZENDA, I. Didática e interdisciplinaridade. Campinas, SP: Papirus, 2015.

FIGUEIREDO, L. C. M. Matrizes do pensamento psicológico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1989.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

LIBIK, A. M. Aprender didática – ensinar didática. Livro III. Curitiba: InterSaberes, 2012.

MIZUKAMI, M. G. Ensino, as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

MONTES, M. T. do A. AuCoPre: uma metodologia ativa para o trabalho didático com fóruns de discussão.
Curitiba: Appris, 2017.

MORAN, J. M; MASETTO, M. T; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 19. ed. São
Paulo: Papirus, 2012.

PELIZZARI, A. et al. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Rev. PEC, v. 2, n. 1, p.37-42,
2002.
PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central do desenvolvimento. Rio de Janeiro:
Zahar, 1976.

PIAGET, J. Epistemologia genética. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

SAVIANI, D. Escola e democracia. 35. ed. rev. Campinas: Autores associados, 2002.

SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil: Campinas: Autores associados, 2007.

SIQUEIRA, V. O signo linguístico – Saussure e a AD. Colunas tortas, 13 ago. 2018.

VASCONCELLOS, C. Planejamento projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. 7 ed.


São Paulo: Libertad, 2000.

VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

VIGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

VIGOTSKI, L. S. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003.

Explore +
Confira as indicações que separamos especialmente para você!

Aprofunde-se mais o pensamento de Skinner e Piaget nos vídeos abaixo, da Plataforma YouTube:

a) Coleção Grandes Educadores Skinner e a Análise do Comportamento.


b) Pensadores: Jean Piaget a Educação.

Leia o artigo, na plataforma SciELO, Análise do conceito de aprendizagem significativa à luz da teoria de
Ausubel, de Glenda Agra e colaboradores.

A Plataforma Porta Curta oferece centrenas de curta-metragens e grande parte deles com sugestões de
planos de aula. Vale conferir!

Assista ao documentário “O pequeno Albert” de Watson para entender melhor a perspectiva da


experiência humana do behaviorismo.

Você também pode gostar