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Resumo
O propósito deste artigo é interpretar o pensamento Africano entre a Liberdade e a Reconciliação.
Pois, um dos grandes problemas que se encontra desde os finais do século XIX ate nos dias actuais
para os estúdios ou filósofos africanos é a preocupação de reabilitar o homem negro da sua historia
isto é libertar o negro do papel do objecto da historias africana passando deste modo a ser o sujeito
livre e propagador da sua própria historia. Neste sentido, surge o grande problema, o pensamento
africano entre a liberdade e a reconciliação. para a realização deste trabalho recorreu-se a revisão
bibliográfica de autores como Ngoenha e Castiano que deram muito contributo na busca de
pensamento destes grandes filósofos para a percepção da liberdade e a reconciliação dentro do
pensamento africano. Portanto, para terminar vamos apresentar uma conclusão onde a preocupação
de Ngoenha e Castiano, assim como outro autores tem a ver com a necessidade dos Africanos ou
mesmo se quisermos, Filósofos Africanos, afirmarem a superação da humanidade negada, isto é,
libertar o negro do papel de objecto da história, e tornar-se autores da própria história. O
pensamento Africano deve criar condições de conquistar, preservar cada vez mais, a liberdade da
África, principalmente a liberdade do africano e reconciliar o passado e o futuro do pensamento
africano.
Abtract
The purpose of this article is to interpret African thought between freedom and reconciliation. One
of the major problems faced by African scholars and philosophers since the late nineteenth century
to the present day is the concern to rehabilitate the black man in his history, that is, to free the
black man from the role of the object of African history and thus become the free subject and
propagator of his own history. In this sense, the big problem arises, the African thought between
freedom and reconciliation. To carry out this work we resorted to reviewing the bibliography of
authors such as Ngoenha and Castiano who gave much contribution in the search for thought of
these great philosophers for the perception of freedom and reconciliation within the African
thought. Therefore, to finish, we will present a conclusion where the concern of Ngoenha and
Castiano, as well as other authors, has to do with the need for Africans, or even if we want African
philosophers, to affirm the overcoming of the denied humanity, that is, to free the black from the
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2 Mestrando em ciências Políticas e Estudos Africanos pela Universidade Pedagógica de Maputo. Possui graduação
de Licenciatura em Ensino de História com Habilidades em Ensino de Geografia pela extinta Universidade Pedagógica
de Moçambique delegação de Montepuez.Contato (861780104/848080410) correio eletrónico:
diliodinala@gmail.com.
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role of object of history, and become authors of history itself. African thought must create
conditions to conquer, to preserve more and more, the freedom of Africa, especially the freedom
of the African, and to reconcile the past and the future of African thought.
Introdução
Os negros da África não possuem, por natureza, nenhum sentimento que se eleve acima do ridículo.
O senhor Hume desafia qualquer um a citar um único exemplo em que um Negro tenha mostrado
talentos, e afirma: dentre os milhões de pretos que foram deportados de seus países, não obstante
muitos deles terem sido postos em liberdade, não se encontrou um único sequer que apresentasse
algo grandioso na arte ou na ciência, ou em qualquer outra aptidão (Kant, 1993, p. 75).
Olhando este pressuposto, podemos salientar que a origem da reflexão filosófica descrita em
diferentes tipos de corrente tais como a negritude, Pan africanismo, ubutismo, esta portanto
cingida na questão de auto afirmação do negro negado como sujeito da historia da humanidade
africana mas sim como objecto. todas essas correntes quê desfilaram a meio século passado
dedicaram se em reabilitar o homem negro da sua historia isto é libertar o negro do papel do
objecto da historias africana passando deste modo a ser o sujeito livre e propagador da sua própria
historia. Desmond Tutu citado por Castiano dizia nos africano ate tinha sido objecto da historia e
segundo o imperativo da historia nós nos tornaremos sujeito da historia ou por outra os esforço
de objetivação iram passar para os esforço de subjetivação, Desmond Tutu advogada coisas
maravilhosas que iram acontecer onde ele perspectiva o africano a ser o sujeito da sua própria
História.
O presente artigo como hipótese salienta que o trabalho gira em torno do pensamento Africano na
possibilidade da Liberdade depois para o pensamento africano na Reconciliação. De salientar que
o objectivo do trabalho é interpretar no pensamento Africano entre a Liberdade e a Reconciliação.
O presente artigo justifica-se pela sua importância na percepção do paradigma libertário e a
reconciliação do pensamento africano, pois, Ngoenha sustenta que os esforços que começaram na
segunda metade do Século XIX, quer eles se chamem pan-africanismo, etnofilosofia, filosofia
crítica, negritude ou hermenêutica, se afiguram movimentos que vivem do espírito e tendem para
a mesma realidade: a liberdade do africano, condição da sua historicidade. Mais além, na
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perspectiva de (Castiano, 2021 p. 214 a 215) diz a reconciliação com que nos vemos confortantes
hoje é trajectória, ou seja, ela não constituem o fim. Ela não é um estádio final nem a finalidade
da luta. Pós o homem no estado de reconciliação não viverá em plena verdade. Neste caso, a era
de reconciliação torna-se uma trágica necessária para desarmar mão e mentes, mas sobretudo, para
desarmar a politica de palavras descalcificadora dos outros, muitas vezes considerado como um
não cidadão. O fim de facto, é a conquista de uma nova liberdade e de justiça social para os
africanos.
O artigo é apresentado em partes, itens onde encontramos os assuntos abordados em volta do tema,
nomeadamente: 1. A Liberdade no Pensamento Africano; 1.1. Problemas da Liberdade segundo
Castiano; 2. A Reconciliação no Pensamento Africano; 2.1. Sujeito da Reconciliação segundo
Castiano; 2.2. Consumação da reconciliação; 2.3. Metamorfose da reconciliação.
soube que as lutas pela liberdade colectiva pressupunham, primeiro, uma reconciliação com o
Outro, outrora colonizador e os novos vientes.
A Busca da liberdade define a essência de ser homem em geral, e a do ser africano em particular,
devido à historicidade negada durante a longa noite de escravização e colonial.
numa perspectiva histórica e não sistemática, a Filosofia deve ser definida na dimensão da sua
História e não de um sistema filosófico fechado.
Para que a Filosofia africana possa ir para além dos aspectos fenomenais na sua auto-inscrição na
História universal do pensamento, é necessário que ela própria se desdogmatize, isto é, ela se
libertar e ir mais além da análise de mitos, de crenças e das tradições, tenha a capacidade e coragem
para um novo começo. Pois, libertar a Filosofia do futuro significa devolver ao individuo os seus
direitos e responsabilidades, possibilita-lo a aprender a pensar de novo por si mesmo em vez de
buscar refúgio.
A Filosofia Africana deve se libertar da questão do regionalismo, pois, ela deve deixar de estar
confinada a temas supostamente africanos. Assim, o filosofo africano ao se libertar, ele ganhará
uma dimensão universal no seu pensar, o que lhe colocará à altura do que os seus colegas são de
facto, pensadores livres. É nesta dimensão que Ngoenha citado por Castiano (2010, p.199) defende
que a Filosofia Africana é chamada a mostrar as luzes que iluminem o caminho dos povos africanos
para a maximização dos campos das suas liberdades políticas, sociais e económicas.
Um outro problema que a Liberdade deve resolver, é a questão da Filosofia Africana libertar-se da
Religião. Pois Castiano já afirma que a religião esta escrita nos corações, nas mentes, na oralidade
e nos rituais das pessoas. A Filosofia Africana deve procurar-se por trás da religiosidade naturalista
do Homem africano, pois A Filosofia foi proposto por Mbiti que seria, primeiro, descrever as
práticas religiosas dos Homens africanos e, segundo, interpretar estes mesmos a partir da visão
religiosa dos africanos.
A Filosofia Africana não deve estar presa às profecias religiosas, Ngoenha já defende que se
adoptarmos uma visão futurista, a religião faz profecia, e a Filosofia a Utopia. Isto significa que a
Filosofia deve-se libertar da religião para que a própria Filosofia não se veja na contingência de
espalhar profecias e se concentre em elaborar utopias.
A Filosofia Africana deve libertar-se de ser considerada africana pelo facto de estar a debater com
muita insistência sobre a tradição. Enquanto Filosofia, ela deve tratar de questionar assuntos;
enquanto africana deve tratar assuntos que dizem respeito a África. Chegou o momento da
Filosofia Africana liberta-se a si mesma do debate tradicionalista. Pois, o debate tradicionalista é
aquele que tende a mistificar em vez de desmitificar, tende a idolatrar os hábitos e costumes
tradicionais, em vez de questionar a contemporaneidade dos valores que estariam no seu substrato.
Para que a Filosofia Africana avance um pouco mais na sua própria liberdade ela deve acender o
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fogo libertário interno que queime os mitos que aprendem ao tradicionalismo e assim poder
concentrar-se na busca de respostas a assuntos que dizem respeito ao futuro.
Um ultimo aspecto muito importante, é que a Filosofia Africana deve-se libertar-se e libertar os
africanos da fixação no problema linguístico como condicionante para o desenvolvimento político,
social, económico e intelectual do continente. Ai insistir neste problema, a Filosofia Africana está
a recalcar um problema exterior ao continente e a si mesma, enquanto disciplina.
de sistema ou regimes e a de povos que esteve subjacente e vincou nas diferentes formas de
resistência e lutas.
Winslow (1997) defendem que as questões da reconciliação direccionam o seu discurso sobre
justiça para uma linguagem de terapia e cura, ou para o discurso moral e religioso do perdão, o
que assenta claramente nos conhecimentos terapêuticos da psicologia individual, bem como nos
princípios cristãos de relacionamento entre indivíduos. Ora é precisamente na tentativa de aplicar
o que pode ser eficaz no relacionamento interpessoal do ponto de vista terapêutico, ao nível
colectivo da sociedade ou ao nível nacional, que a questão da reconciliação parece perder clareza
e tornar-se mais ambígua como abordagem de construção da paz (peacebuilding).
O espirito da Reconciliação tornou-se revolucionário por ter dado conta, perante a dominação
europeia sobre as terras e almas dos africanos, da missão de se libertar dos dominadores e
exploradores. Assim a reconciliação assumi como o acto de revolta, mas uma revolta no aspecto
da revolução, contra a condição colonial, mas sobretudo como o de libertar os próprios
colonialistas do seu pesadelo enquanto seres humanos racionais e com sentimentos.
Castiano ainda vai além, afirmando que África clama hoje por recuperar um dos seus mais velhos
e tradicionais espíritos, o da Reconciliação. Este descansa sobre a humanidade original e originária
do homem africano. Nisto, o espirito da reconciliação descansava sob um fundo comunitário e
etnocêntrico, hoje torna-se um imperativo recuperá-lo no contexto e condição de construção de
nações africanas com democracias no seu horizonte. Não podemos olhar aqui que se trata de buscar
somente uma reconciliação com o passado colonizado e suas particularidades cristã e instituições
modernas. Mas sim, trata-se de buscar uma reconciliação que dê conta das manifestações deste
espirito nas suas vertentes de religião, política, cultura e da própria filosofia.
Segundo Castiano (2021, p.188) afirma que no período pós-independências o fio condutor da nossa
historicidade está, cada vez mais, a depender da nossa própria capacidade de construir um Estado
Nacional que se baseie numa reconciliação efectiva entre este e os povos, as culturas, as etnias e
os interesses partidários endógenos.
Na sua luta pela independência, o Munthu sabia que teria de reconciliar-se com a presença do
antes-inimigo, transformando-o num adversário político ou diverso ou ainda um diferente, no
quadro de uma ética inspirada pelo Ubuntu primário comunitário.
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Nos nossos dias a tarefa de reconciliação nacional e a subsequente construção de uma nação “nação
arco-íris) de Mandela se nos impõem como uma utopia social também urgente, para evitar a
violência objectiva e subjectiva nos nossos países.
Castiano defende que os esforços de libertação do africano cruzam-se, no século XX, com os
esforços de reconciliação entre o Estado Africano e as suas culturas, e entre os diferentes grupos
étnicos e sociais, num esforço de viverem juntos apesar das suas diferenças, (idem, p.192).
Em finais do século XX, com a falência dos estados africanos, as narrativas da reconciliação
encontram nas suas culturas autóctenes a possível tábua de salvação destes estados em perdição.
Os discursos políticos voltaram a buscar na reconciliação entre as suas instituições e culturas
endógenas a possibilidade de renovação do estado. No seculo XXI, consumadas as emancipações
políticas no quadro da construção das novas nações africanas, as narrativas da reconciliação pairam
no ar, todavia ainda coabitando com reminiscência das narrativas libertarias. Perante o perigo da
caducidade das narrativas libertarias e o avanço significativo das narrativas de reconciliação, na
clamação de uma reflexão aporética filosófica.
relação pode também ser revolucionariamente negativa porque, não poucas vezes, pode até tender
a sacrificar as liberdades conquistadas.
Na sua condição de Sujeito o mMunthu necessariamente obrigado a concordar com os outros, mas
a sobrevivência do Sujeito da Reconciliação resulta duma interacção argumentativa, em que a
palavra é o seu único e fundamental método para convencer o Outro sobre os seus propósitos.
Castiano defende que o Sujeito da Reconciliação de que falamos caminha na direcção ao Outro
sem se deixar assimilar ou submeter, com uma dignidade de quem se considera igual entre os
iguais. Ele vai buscar a sua energia, para a acção e interacção, intuindo a positividade do resultado,
com base no principio do mínimo ético. (Idem, p.195)
Conclusão
A colonização foi aplicável por muitos anos e chegou um dia que os mesmos ficaram saturados e
começaram em conjunto a unir forças em busca da sua autonomia e dignidade; nisto surgem as
independências africanas. Ademais, tendo-se conquistado as independências, as mesmas não
foram acompanhadas pela liberdade. Aliás, a África já conquistou a sua independência, porém,
ainda não conquistou a sua liberdade, apesar de a liberdade ser um valor essencial da
independência.
Neste contexto a libertação do Munthu significa livrar-se da violência (escravização, colonização)
assim como da arbitrariedade (neocolonial, neoliberal e do antropo-tradicionalismo colonial). A
aspiração à liberdade, realiza-se num conflito de culturas onde em todos os planos, a modernidade
parece opor-se a tradição. Isto, o próprio africano se encontra divido entre os menos e mais
ocidentalizados, pelos tradicionalistas e pelos modernos. A Filosofia africana liberta-se do espírito
do sistema, ganha credibilidade como interrogação, analise, reserva, esperança progresso no
interior de um âmbito temporal e como possibilidade crítica do sujeito vivente e presente.
A condição libertária corresponde ao momento histórico africano de lutas pelas liberdades
individuais e colectivas dos povos e das nações. A liberdade no pensamento Africano tem os seus
problemas, que vem desde o surgimento do pensamento africano. Pois, para ele, o problema da
liberdade surge primeiro na sua necessidade de reconhece o outro como ser humano que é também
“livre” como Eu.
A Filosofia Africana deve se libertar da questão do regionalismo, pois, ela deve deixar de estar
confinada a temas supostamente africanos. Assim, o filosofo africano ao se libertar, ele ganhará
uma dimensão universal no seu pensar, o que lhe colocará à altura do que os seus colegas são de
facto, pensadores livres.
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Olhando a questão da reconciliação com que nos vemos confortantes hoje é trajectória, ou seja,
ela não constituem o fim. Ela não é um estádio final nem a finalidade da luta. Pois, no Estado
Reconciliatório o Munthu (humanidade ou melhor os homens) sacrifica a possibilidade de algumas
liberdades de expressão para poder viver em consensos, acordos, entendimento parciais, longe de
serem definitivos.
A Era da Reconciliação torna-se uma transição necessária para desarmar mãos e mentes, mas
sobretudo para desarmar a política de palavras desqualificadoras do Outro, muitas vezes
considerado como um não-cidadão. Na desarmação da mente é onde a verdadeira Filosofia
Africana pode e deve contribuir na construção da paz ajudando a construir uma ética política da
Reconciliação.
O espirito da Reconciliação tornou-se revolucionário por ter dado conta, perante a dominação
europeia sobre as terras e almas dos africanos, da missão de se libertar dos dominadores e
exploradores. Assim a reconciliação assumi como o acto de revolta, mas uma revolta no aspecto
da revolução, contra a condição colonial, mas sobretudo como o de libertar os próprios
colonialistas do seu pesadelo enquanto seres humanos racionais e com sentimentos.
O sujeito da reconciliação fala, argumenta, intervém em processos políticos, procura
constantemente compreender o espirito do comum, reconciliatório e de consenso, partilha
responsabilidades, remove constantemente os obstáculos ao dialogo, pois, ele nunca concebe um
dialogo ou paz como sendo definitivo, o dialogo assim como a paz não é definitivo, a qualquer
momento ela pode ser perturbada com os fenómenos socioculturais.
A reconciliação que almeja-se procura combinar e articular a racionalidade com a razoabilidade
de algumas regras democráticas.
Referências Bibliografia
BUANAISSA, Eduardo. O paradigma libertário de Severino Ngoenha: uma encruzilhada
subversiva. In: Macedo, José Rivair (Org.). O Pensamento Africano no século XX. São Paulo:
Outras Expressões. 2016.
CASTIANO, José P. Referenciais da Filosofia Africana: em Busca da Intersubjetivação. 2ª
Edição. Maputo: Ndzira editora. 2010
CASTIANO, José P. Do Espirito da Tradição ao Espírito da Reconciliação. Edi-Line Editores.
Maputo. 2021
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HAYNER, H. A. Simbiosis: mass media and the Truth and Reconciliation Commission of
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NGOENHA, Severino Elias. Filosofia Africana: Das Independências às Liberdades. Maputo:
Editora Paulinas. 2018.
Winslow, Long. War and Reconciliation: reason and emotion in conflict resolution.
Cambridge: MIT Press. 1997.