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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ


FACULDADE DE EDUCAÇÃO

RELATÓRIO DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Relatório de Visita e Intervenção numa


escola do Município de Fortaleza, sob a
orientação da professora Robéria
Gomes.

CLÁUDIA MARIA COSTA CASTELO BRANCO

FORTALEZA-CE
2019
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SUMÁRIO

1. INCLUSÃO: CONHECENDO A REALIDADE DA ESCOLA...........................04

2.INTERVENÇÕES: COLOCANDO EM PRÁTICA O QUE APRENDEMOS.......10

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................14

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................15

5. ANEXOS..................................................................................................................16

6. APÊNDICE ............................................................................................................18
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INTRODUÇÃO

Pensar na escola como um espaço de pesquisa e investigação, é neste


momento que se faz necessário questionar-se acerca de tudo que acontece na escola que
estamos inseridos, é o período de buscar respostas a esses questionamentos de forma a
colocar em ação os saberes e conhecimentos adquiridos em nossa formação.
Nossas visitas e intervenções nos fizeram questionar a cerca da inclusão e das
práticas facilitadoras para que esta acontecesse, fomos desafiadas a pensar no aluno da
educação inclusiva, e planejarmos de forma consciente e pedagógica práticas de inclusão,
esse era o objetivo da disciplina a mediada que observamos e conhecíamos a escola e o
público alvo da disciplina ficamos nos questionando sobre a importância dessas vivências
e o quanto isso iria nos conduzir em nossa vida e profissão, . é É interessante refletir sobre
as experiências , e conhecimento adquiridos, as interações e trocas, . Panão ra não
copiarmos modelos, mas para iniciarmos a construção de nossa identidade docente,
compreendendo a realidade com qual iremos lidar e ainda percebemos que em nossa
profissão é preciso saber tomar decisão, ter iniciativa e atitude, baseado em tudo que
aprendemos na nossa formação. É aproveitarmos o momento para perceber a escola como
um espaço de preparação, onde devemos aprender a desenvolver habilidades necessárias
para exercer nossa prática em sala em aula, percebendo os desafios e as dificuldades a
serem enfrentados.
A partir desses pressupostos embasaremos nosso relatório, que busca
descrever de forma reflexiva as experiências vivenciadas na EMEF SONHO FELIZ ao
longo do período em que estivemos em campo na disciplina de Educação Inclusiva, sob
a orientação da professora Robéria Gomes no mês de novembro de 2019, do Curso de
Pedagogia da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Para situar o leitor, o trabalho está organizado em dois capítulos,
considerações finais, referência bibliográfica e anexos. O capítulo 1 – Inclusão:
conhecendo a realidade da escola e sala de aula, está dividido em duas seções: na
primeira apresentaremos um breve panorama acerca da escola, para sua caracterização
apontaremos informações gerais, descrição da estrutura física; na segunda seção faremos
um relato de partes de diálogos com os profissionais a escola acerca da inclusão e das
observações na escola. O capítulo 2- Intervenções: Colocando em prática o que
aprendemos, nesse capitulo capítulo iremos abordar a experiência da prática, como foi
realizada, o que poderia melhorar e nossa opinião sobre tal assunto.
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1 – INCLUSÃO: CONHECENDO A REALIDADE DA ESCOLA E SALA DE


AULA
Conhecer o ambiente escolar, é de extrema importância para a construção da
identidade profissional, pois estar-se adentrando no futuro campo de atuação.,
informarInformar-se sobre a estrutura do ambiente, as pessoas que o compõe, os materiais
didáticos e pedagógicos, os espaços utilizados, trazem a possibilidade de começar a
pensar na realização de sua prática, e na relação que irá construir com o(a) professor(a)
regente, com seus alunos e com os demais profissionais da escola.
Nesta fase de observações, chegamos a escola com um olhar critico crítico e
curioso, desejosos de ver aonde as teorias tão exploradas na faculdade se revelam na
prática pedagógica dos (as) professores (as) observados (as). É fácil nos imaginarmos
como transformadores da realidade ora observada, propondo outras ideias, e tendo outras
atitudes, e encontrando as soluções para todos os problemas advindos da escola,
insuflando nosso ego com todos os conhecimentos adquiridos na faculdade., neste Neste
momento, deixamos de considerar o conhecimento de todo o corpo docente adquirido ao
longo de anos de prática, por isso consideramos relevante o trabalho docente feito antes
de irmos à escola, a revisão de literaturas, os diálogos em sala, os vídeos, as atividades
que serviram para nos ajudar a compreender o papel que desempenharíamos a partir dali.
Nós discentes temos o dever ético de respeitar o ambiente que estamos
conhecendo, bem como as pessoas, as normas, as relações que fazem parte deste lócus,
muitos antes de nossa atuação neste momento. Precisamos ainda ser ativos e estar atentos
a tudo que ocorre inclusive às relações existentes entre a escola, comunidade, famílias,
alunos e outros profissionais que fazem parte do ambiente escolar.
É importante refletirmos sobre as situações vivenciadas, os diálogos, as
conversas, para tomarmos decisões diante da escolha profissional que fizemos, já
buscando neste momento, compreender a dinâmica que ocorre em nossa atuação no
contexto escolar.
Como percebemos na visão de Lima e Pimenta, 2008, p.65:

“Mesmo acreditando em si e na profissão, o estagiário pode esbarrar no


contexto, em situações de desgaste, cansaço e desilusão dos profissionais da
educação, nas condições objetivas das escolas, muitas vezes invadidas por
problemas cuja solução está longe de sua única área de atuação.”

Devemos aproveitar essa oportunidade e nos prepararmos para estas e outras


situações que fazem parte do cotidiano escolar, mantendo o olhar critico crítico também
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sobre as experiências e interações vividas, buscando encontrar respostas para os desafios


que o nosso futuro profissional nos reserva.

1.1 - CARACTERIZANDO A ESCOLA

Consideramos que a aprendizagem esta relacionada aos diferentes espaços,


materiais didáticos, equipamentos, que são disponibilizados à criança, e também do
contato com as diferenças e a diversidade que permite possibilidades de socialização e
formação humana.

1.2 HISTÓRICO

A EMEF Sonho Feliz foi fundada em 06 de abril de 1968 pelo prefeito de


Fortaleza, José Walter Cavalcante e seu secretário de Educação Ernane Uchôa e
reconhecida em 1994. A escola funciona em regime de externato nos dois turnos e
mantém o curso de Ensino Fundamental, organizados dentro do princípio da inclusão,
temos uma estrutura com 10 salas de aulas, 1 área de lazer, 1 quadra, 1 pátio, 3 banheiros,
1 cozinha, 1 secretaria, 1 sala da coordenação, 1 sala dos professores, 1 diretoria, 1 sala
de Recurso Multifuncional, 1 laboratório de informática e 1 biblioteca.

1.3 EDUCAÇÃO ESPECIAL

Ao adentrarmos na Escola buscamos informações sobre inclusão escolar de


alunos deficientes, quais a metodologias voltadas para inclusão, se a sala de AEE
funcionava.
“A educação especial na nossa escola se apresenta com a necessidade de
enfrentar vários desafios como: formação continuada dos professores na área da
Educação Especial; acompanhamento sistemático”, fala da diretora Maria Lucileide no
nosso primeiro encontro, quando nos apresentamos e pedimos a oportunidade de conhecer
a escola e fazer as intervenções propostas na disciplina, fomos bem recebidas e acolhidas
tivemos livre acesso as salas e profissionais.
A educação inclusiva fortalece o princípio fundamental que é a diversidade
social onde todos compartilham das experiências de aprendizagem sendo cada pessoa
reconhecida nas suas peculiaridades e tendo apoio pedagógico específico com estratégias
e recursos apropriados de acordo com suas reais necessidades.
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1.4 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Fomos a procura do professor do AEE, Sra. Elizabeth Bastos, e esta nos


relatou que tem várias crianças no acompanhamento especializado, são casos de
Deficiência Intelectual, Síndrome de Down, Autismo, Hiperatividade, Deficiência Física
e Motora e outros, ela trabalha em conjunto com a professora de sala regular.
Com relação a escola vimos vários cartazes em Libras e Braille, rampas nas
dependências, livros em braille, fizemos uma visita a Sala de Recursos Multifuncionais,
ela possui em sua estrutura física: 01 computador, 01 impressora, 01 conjunto de mesa
com cadeiras, tapete, almofadas, jogos de montar, encaixe, memoria, quebra-cabeça,
cadeira de rodas, muletas.
Da Sra. Elizabeth Bastos sobre sua função recebemos as informações que
seguem:
Compete ao professor do Atendimento Educacional Especializado:
identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de
acessibilidade e estratégias.
O plano de aula do AEE, orienta-se pelo estudo de caso, cuja meta principal
é o desenvolvimento do Plano de Atendimento Educacional Especializado. O estudo de
caso é composto de cinco etapas: apresentação do caso; esclarecimento do problema;
identificação e natureza do problema; resolução do problema e a elaboração do plano de
AEE.
Para a elaboração do plano de AEE, o professor da sala de recurso
multifuncional –SRM, segue um roteiro específico com ações desenvolvidas para atender
as necessidades do aluno. São próprias do AEE para que o aluno possa ter acesso ao
ambiente e aos conhecimentos escolares de forma a garantir com autonomia o acesso, a
permanência e a participação dele na escola.
O Plano de AEE para o aluno tem a seguinte estrutura:
Identificação do aluno: informações claras e atualizadas acerca de nosso
aluno. Deve conter o nome do aluno, idade, ano escolar, escola, turma turno, professor
do ensino regular, professor do AEE, nome do pai e da mãe, data de elaboração do plano.
Síntese da problemática que justifique o plano de AEE: Neste ponto o professor deve
descrever de forma sucinta os principais problemas e dificuldades enfrentadas pelo aluno,
bem como suas potencialidades e os aspectos positivos do seu contexto (escola e família)
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identificados no estudo de caso.


O plano do AEE deve conter os seguintes tópicos: objetivos do plano;
organização do atendimento; atividades a serem desenvolvidas; materiais a serem
produzidos; adequação de materiais; seleção de materiais; tipos de parcerias;
profissionais envolvidos; interlocução com a família; avaliação do plano de AEE.
Objetivos do plano: Promover a participação dos alunos no processo de
aprendizagem favorecendo o desenvolvimento das habilidades motoras, perceptivas,
linguísticas, de memória, de aritmética e de construção de conceitos, por meio de
intervenções pedagógicas, intencionais, que auxiliem na construção e no exercício das
competências de leitura, escrita e raciocínio lógico matemático. Os objetivos devem ser
pensados a longo, médio e curto prazo, ou seja, o professor de AEE deve prever objetivos
de aprendizagem a serem alcançados durante o ano, o semestre e o mês em questão.
Organização do atendimento: Geralmente o plano é feito para um semestre, com
atendimento de uma ou duas vezes por semana no contra turno, por uma ou duas horas,
podendo ser individual ou em pequenos grupos.
Atividades a serem desenvolvidas no atendimento ao aluno: Atividades
individualizadas, respeitando as especificidades de cada aluno, levando-o sempre a
acreditar que vai conseguir ultrapassar os seus limites. As atividades devem estar
relacionadas com os objetivos do plano de AEE. Entre as muitas atividades desenvolvidas
na SRM estão a leitura de diversos portadores de textos; contação de histórias; relatos
orais de passeios, visitas; atividade de dramatização e brincadeiras livres que permitam
ao aluno exercitar sua capacidade criativa e de expressão verbal; escrita das leituras
compartilhadas; utilização de jogos educativos; utilização do computador com jogos
educativos diversos: labirintos, memória, forca, associação, seriação e correspondência
de gravuras. Estímulo da expressão artística através de modelagem, desenhos e pinturas.
Todas as atividades devem ser contextualizadas e significativas para o aluno e devem ser
realizadas em situações lúdicas. Devemos prever atividades que evidenciem e valorizem
as potencialidades do aluno, isto valoriza a autoestima do aluno. As atividades devem
promover a intervenção na zona de desenvolvimento proximal do aluno. Ou seja, atuar
junto as possibilidades de aprendizagem a partir da mediação da professora do AEE ou
de um colega parceiro. Essas atividades podem ser planejadas para serem realizadas em
diferentes espaços da escola (sala de aula, aula de educação física, laboratório de
informática, biblioteca, etc.), junto a família ou em outros espaços. Neste caso essas
atividades devem ser planejadas e discutidas em parceria com outros professores ou
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profissionais e devem ser realizadas com o acompanhamento do professor de AEE.


Seleção de materiais (a serem produzidos para o aluno) e adequações de
materiais: Precisam estar de acordo com os objetivos e com as atividades do plano. A
seleção de materiais e equipamentos que necessitam serem adquiridos é uma escolha
específica para atender as necessidades do aluno para o qual o planejamento está sendo
elaborado. No atendimento ao aluno na sala de recurso multifuncional – SRM são
utilizados recursos pedagógicos e de acessibilidade que visam contribuir para a ampliação
de suas habilidades funcionais, favorecendo assim o acesso ao conhecimento com
autonomia e muitas vezes nosso aluno necessita de materiais que precisam de adequações
para melhor atender as suas necessidades. Quando houver necessidade o professor do
AEE solicitará a gestão materiais e equipamentos para melhor assistir ao aluno.
Tipos de parcerias necessárias para aprimoramento do atendimento e da
produção de materiais: Devem estar relacionadas às necessidades do aluno, objeto do
estudo de caso. Quando necessário o plano de AEE deve prever parcerias que devem ser
feitas com outras áreas de conhecimento e atuação profissional. Nesse tópico elencamos
as parcerias das quais precisamos para obtermos melhor resultado dos objetivos que
foram propostos para nosso aluno. Entre essas parcerias estão: o professor de sala regular,
a família, equipe médica, comunidade escolar.
Profissionais da escola que recebem orientação do professor de AEE sobre
serviços e recursos oferecidos ao aluno: Neste grupo podemos citar as professoras da sala
de aula; educador físico; comunidade escolar; grupo gestor; funcionários; equipe
pedagógica.
Avaliação dos resultados: O plano de AEE deve ser avaliado no início do seu
desenvolvimento e ao término. No registro, deverão constar as mudanças observadas em
relação ao aluno no contexto escolar: o que contribuiu para as mudanças constatadas;
repercussões das ações do plano de AEE no desempenho escolar do aluno. Será feita
durante o processo, observando suas mudanças positivas, registrando em fichas e
relatórios, visando se necessário, o replanejamento das atividades, a implementação de
novos recursos e o estabelecimento de novas parcerias. Reestruturação do Plano: A
execução do Plano de AEE pressupõe possíveis ajustes ou alterações, a partir do
desenvolvimento das ações previstas e mediante avaliação contínua em relação ao
resultado esperado e o alcançado, caso os resultados esperados não sejam atingidos
deveremos pesquisar e implementar outros recursos, estabelecer novas parcerias, entre
outras coisas.
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Avaliação:
A avaliação deve ser realizada pelos professores e pela escola como parte
integrante da proposta curricular redimensionando a ação pedagógica;
Exemplos de instrumentais:
Prova objetiva;
Prova dissertativa;
Seminário;

Trabalho;

Debate;

Relatório Individual;
Conselho de classe bimestral.

No que tange as avaliações de aprendizagem dos alunos com deficiência


devem-se produzir situações apropriadas para a evolução da aprendizagem, elevação da
autoestima do estudante, colaborando para um histórico escolar satisfatório. Deve ter
como principal objetivo analisar as potencialidades de desenvolvimento e aprendizagem
desse estudante, usando para tanto a observação e os registros das atividades diárias dele,
podendo ser de forma individual ou coletiva, sistemática ou ocasional com intuito de
avaliá-lo em sua integralidade. Para aqueles estudantes com deficiência que não
apresentarem deficiência intelectual, podem ser usados os mesmos processos avaliativos
dos demais alunos, podendo ser feitas algumas adaptações quando a condição física for
um fator limitativo. Os professores são orientados a fazerem um registro do desempenho
do estudante com deficiência intelectual e/ou Transtorno Espectro Autista – TEA, que
deverá ser expresso bimestralmente através de relatório descritivo, apresentando os
avanços obtidos em cada etapa do ano letivo. As Diretrizes Curriculares para o Ensino
Fundamental do Sistema Público Municipal de Ensino de Fortaleza elencam outros por
menores da avaliação de aprendizagem de estudantes da Educação Especial.
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2- INTERVENÇÕES: COLOCANDO EM PRÁTICA O QUE APRENDEMOS

Na etapa da elaboração do plano de atendimento específico que envolveu


seleção de material e recursos didáticos adaptados para a deficiência motora de Samuel
tivemos que adaptar o lápis para que ele pudesse escrever com menos dificuldade. Ficou
para nós internalizado que no desenvolvimento do plano de aula para alunos com
deficiência devemos atentar para as singularidades de seu problema tendo em mente que
não se devem negligenciar os recursos que facilitarão sua aprendizagem. Nesse sentido,
Gomes (2010, p.8) ajuda a refletir com a seguinte passagem:

“O trabalho do professor do AEE é ajudar o aluno com deficiência intelectual


a atuar no ambiente escolar e fora dele, considerando as suas especificidades
cognitivas. Especificidades que dizem respeito principalmente a relação que
ele estabelece com o conhecimento que promove a autonomia intelectual. ”

Procuramos ainda propor situações de aprendizagem que o desafiasse e ao


mesmo tempo que despertasse seu interesse. O material teórico, que a professora Robéria
nos disponibilizou, facilitou nesse sentido e suas intervenções incessantes e sensatas
também. Ver para além do que está posto e perceber as sutilezas e a responsabilidade que
envolve o trabalho com a educação inclusiva para nós foi desafiador e enriqueceu nossa
trajetória enquanto pedagogos.

Na atuação em sala de aula o que facilitou nossa prática foi a disponibilidade


da professora. Sua ajuda profissional no momento da intervenção foi um ponto positivo
na nossa experiência. Ela nos deixou muito a vontade com as crianças cedendo o espaço
da sala de aula para que fizéssemos nossa prática. As crianças se envolveram na atividade
e se mostraram bastante curiosas e atentas com a proposta que tínhamos preparado para
as mesmas.

Na sala regular, no momento da intervenção, atentamos para o aspecto da


configuração espacial da sala também. Na utilização do espaço da sala, inicialmente,
fizemos a roda de conversa com as crianças para introdução do assunto que iriamos
trabalhar: identidade. Essa metodologia também costumava ser aplicada pela professora
na sala logo que os alunos chegavam. A disponibilização das mesas na sala de aula
organizadas em grupo, em média quatro mesas juntas, sendo que nelas sentavam quatro
crianças facilitou nossa intervenção porque as atividades foram pensadas para serem
desenvolvidas em pequenos grupos. Samuel interagiu no momento da roda de conversa.
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Seus colegas o ajudaram. Assim também aconteceu no transcorrer das atividades em sala.
A configuração da sala e a colaboração da professora favoreceu a “gestão dos processos
de aprendizagem” que consiste “na organização de situações de aprendizagem nos
espaços das salas de recurso multifuncional, bem como na interlocução com o professor
do ensino comum”.

No quesito concentração, Samuel se manteve interessado na tarefa. Manuseou


as massas de modelar e escutou a nossa instrução durante a explicação ainda que se
mostrasse ansioso para começar a atividade.

Quanto aos objetivos do primeiro plano de aula elaborado para a turma


completa, estes foram pensados com o objetivo de inserir o aluno com deficiência, no
caso Samuel. A valorização da própria imagem, o reconhecer-se como parte integrante
do grupo bem como a oficina de modelagem não só favoreceu a participação,
envolvimento e aprendizagem dos alunos. Observamos que houve parceria ∕interação no
momento das atividades dos alunos com Samuel. O poema musicado ajudou-nos na
mediação da aprendizagem, compreendemos que a utilização de diferentes gêneros
(música, poesia, conto, calendário etc.) possibilita a criança interagir com diferentes
situações de aprendizagem através da apropriação de diferentes linguagens. No momento
que trabalhamos com o poema musicado em sala percebemos que as crianças se sentiram
motivadas e participaram não só no momento de cantarem a música, mas também quando
exploramos o sentido que o poema traduzia que foi a temática da identidade.

O segundo momento da intervenção, trabalhamos com a proposta de


consolidação dos objetivos anteriores. A proposta da identidade foi consolidada com
atividades escrita, a confecção da certidão de nascimento deles. Nesse momento, algumas
crianças sentiram um pouco de dificuldade porque ainda não dominavam a linguagem
escrita, não conheciam algumas letras. Dando continuidade à aula, foi solicitado que as
crianças confeccionassem o corpo humano com massinha de modelar. Porém demos
vazão a criatividade dos mesmos não interferindo em suas produções que versaram sobre
diversas modelagens. Cremos que atingimos os objetivos previstos nos planos de aula
elaborados no decorrer da disciplina. Tentamos na medida do possível flexibilizar a
prática no sentido de viabilizar a aprendizagem dos alunos. Cremos que nossa intervenção
atingiu os objetivos propostos.
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A elaboração da prática foi desafiadora e a atuação na sala de aula também.


A prática porque, para nós, trabalhar com situações específicas como no caso de alunos
com deficiência foi uma experiência renovadora e não estávamos tão seguros de produzir
os efeitos esperados. Também, temíamos repetir o caminho da aprendizagem mecânica
propondo atividades que fossem desinteressantes e sem sentido para o(s) aluno(s) com
deficiência(s). Contudo o caminho para prática e o êxito que leva a aprendizagem efetiva
dos alunos com deficiência requerer muita dedicação, empenho, criatividade e
sensibilidade para observar sobremaneira as particularidades de suas necessidades no
campo efetivo, motor, cognitivo.

No mais, a elaboração do estudo de caso nos deu uma visão geral de como a
escola aborda a questão dos alunos com deficiência. Permitiu-nos não só identificar as
especificidades do problema de deficiência do nosso aluno Samuel, mas aprofundar as
relações de convívio, aprendizagem construídas pela escola, sobretudo, aquelas
relacionadas ao acompanhamento na sala de aula de recursos multifuncionais e na sala
regular. As relações que se estabelecem com a família do(s) aluno(s) com deficiência
também não passaram incólumes. Embora nossa intervenção tenha sido pontual, posto
que aconteceu em três momentos na escola, cremos que contribuímos para superação de
atitudes de dependência que Samuel apresenta.

3-CONSIDERAÇÕES FINAIS

Refletir essa é a palavra que para definir o período que estivemos na escola,
este é o momento de rever, rever nossas críticas, métodos, estratégias, é a hora refletir
sobre a realidade vivenciada.

Esse foi mais um período precioso, e maravilhoso , pois somos desafiados e


desconstruídos ao mesmo tempo, já passamos por várias atividades práticas e em cada
uma observamos um aspecto diferente da realidade da escola, de todos os processos que
acontecem nesse ambiente de educação, ética e profissionalismo mas também em alguns
momentos da falta de educação, de ética e de profissionalismo, existe nesse ambiente algo
contraditório, que neste momento está além da nossa compreensão, talvez daqui há alguns
anos encarando a realidade por mais tempo.

Aproximar-se da realidade tem sentido quando tem a conotação de


“envolvimento” e com intencionalidade, de ver, com o olhar pedagógico de
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que fala Madalena Freire, e de ver fundo, ver largo e ver claro, em
profundidade e abrangência com diz a educadora Terezinha Rios, para poder
fazer uma intervenção reflexiva, um olhar ético, que é a reflexão crítica sobre
um jeito de ser. (LIMA, 2008 p. 68)

Muitas vezes o que é planejado e discutido na teoria, na prática não funciona


tão bem quanto era esperado, quando isso acontece, as práticas devem ser reavaliadas no
intuito de corrigir o que não deu certo. Quando se trata de inclusão sentimos na pele uma
grande dificuldade na execução de práticas inclusivas e percebemos que mesmo os
professores mais experientes também sentem essa dificuldade em sala de aula regular,
não podemos especificar as causas, pois este não era o objetivo da disciplina, trata-se
apenas de uma observação para ser refletiva em nossas vidas e vivências.
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4-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOMES, Adriana Leite Lima Verde e outros. A Educação Especial na Perspectiva da


Inclusão Escolar: o atendimento educacional especializado para alunos com
deficiência intelectual. Brasília. Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010.

PIMENTA, Selma Garrido. LIMA, Maria Socorro Lucena. Docência e Estágio. 3ª Ed.
São Paulo: Editora Cortez, 2008

BRASIL, Ministério da Educação. Política Pública de Educação Especial e na


Perspectiva Educação Inclusiva . 2008 Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf.> Acesso em 28.11.2019

PIMENTEL S.C. O desenvolvimento de uma práxis social inclusiva: uma proposta


para a transformação do cotidiano escolar. (IN) MIRANDA, T.G. (Org.) Práticas de
Inclusão Escolar. Salvador: EDUFBA, 2016.
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5 -ANEXOS
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APÊNDICE

OBSERVAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

INTRODUÇÃO

Para este estudo de caso, utilizaremos nomes fictícios com o intuito de


preservar a identidade e integridade das pessoas aqui envolvidas. Para enriquecer este
trabalho, revisitamos a literatura para compreender as etapas de elaboração e
desenvolvimento do estudo de caso. Foi desenvolvido um roteiro específico encontrado
na literatura, que nos serviu de base para identificar a natureza do problema aqui
apresentado, bem como as estratégias e metodologias que deverão ser utilizadas para a
resolução do mesmo.

1. Apresentação do caso

Samuel tem nove anos, estuda no segundo ano do Ensino Fundamental I de


uma escola da rede municipal, localizada na cidade de Fortaleza/CE. De acordo com o
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laudo médico - psiquiátrico, ele apresenta Deficiência Intelectual, e Deficiência Física –


Motora, ele utiliza andajá para se locomover. Samuel é o primeiro de dois filhos e vive
com os pais no mesmo bairro da escola onde estuda. Samuel tem dificuldade de estudar
e aprender em casa, a avó paga uma professora particular para ajudá-lo com as atividades.
Sua mãe não mora no Brasil e seu pai o abandonou ainda bebê. Samuel é acompanhado
na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) por um psicólogo e terapeuta
ocupacional e um fisioterapeuta. O médico não vê a necessidade do uso medicamento.
Samuel tem um comportamento tranquilo com picos de ansiedade e agitação.
Socializa e interage com seus pares, brincando. Segundo o relato de sua avó, seu
comportamento às vezes é calmo, às vezes é alegre e agitado. Na escola em alguns
momentos bate nos colegas, diz “palavrões” e faz gestos obscenos.
Ele manifesta grande interesse por videogames, jogos pedagógicos e é
bastante esforçado, entende as regras das atividades que lhes são propostas e tenta
resolvê-las.
Do ponto de vista da leitura, já consegue identificar a letra cursiva, mas não
tem compreensão do que foi escrito, tem muita dificuldade na pronuncia das palavras.
Em relação à escrita consegue compreender a letra da professora da sala de aula regular
quando ela escreve no quadro, escreve com dificuldade devido à falta de coordenação.
Samuel tem autonomia para ir ao banheiro, para se vestir, brincar e se alimentar.

 Encontro com a professora da sala comum

Conversamos com a Dani professora da sala de aula comum, ela nos contou
que Samuel às vezes é bastante distraído, mas também é bastante esforçado, ela disse que
solicita dele as mesmas atividades que solicita aos seus outros alunos, ela entende as
dificuldades dele, porém não o deixa de fora das atividades, às vezes é preciso copiar as
atividades por ele, para não atrasar as outras crianças a copiarem.
A professora disse que Samuel senta na segunda fileira, bem ao centro da sala,
disse ainda que ele tem dificuldade em lembrar-se de atividades já realizadas, e que busca
muito a ajuda dos colegas para realizar as atividades, além de solicitar a ajuda da própria
professora.
Ela disse que ele interage muito bem com os colegas e que a atividade que ele
mais gosta de fazer são as que ele tem que desenhar. Às vezes pede para ir ao banheiro e
beber água, por que não consegue ficar parado por muito tempo.
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E por fim ela narra às dificuldades que ela identifica em Samuel, assim como
a avó ela percebe que ele tem bastante dificuldade na escrita, devido à falta de
coordenação por conta da deficiência física ele demora bastante tempo escrevendo um
parágrafo, também tem dificuldade na oralidade.

 Observações do aluno em sala de aula e nas dependências da escola

Ao observar Samuel na sala de aula, podemos perceber que é verídico o fato


narrado pela professora da sala de aula regular. Samuel tinha que realizar uma atividade
baseada em um texto lido na aula anterior ao recreio, mas não lembrava mais, foi preciso
fazer a uma releitura. Como já havia sido afirmado ele gosta muito de atividades que
envolvem desenhos, e às vezes se distrai na sala desenhando nos cadernos.
Nas atividades fora da sala de aula, como o recreio, Samuel interage muito
com os colegas, ele corre, brinca e conversar com todos. Mas algumas vezes ele se irrita
e acaba brigando e xingando, até mesmo usando o andajá para atingir os colegas, quando
é chamado atenção por um adulto tentar se defender, depois pede desculpa.

 Observação na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM)

A professora da sala de recursos, Elisabeth (nome fictício), nos explicou que


faz um plano de AEE individual para cada aluno que ela atende, e com Samuel não foi
diferente. Ela atende Samuel no contra - turno, duas vezes por semana e cada encontro
tem uma hora de duração. O trabalho desenvolvido pela professora do AEE é orientado
no que concerne às dificuldades apresentadas pelo aluno. Como ele ainda lê com muita
dificuldade, a professora utiliza muitos jogos pedagógicos analógicos e digitais no
computador. Samuel gosta muito de jogos digitais. A professora utiliza esses jogos para
incentivá-lo a ler e a superar suas dificuldades no campo da leitura.
Ela utiliza pinturas, recortes e colagens para trabalhar a coordenação motora
fina de Samuel, e ele gosta bastante dessas atividades. Quanto à escrita, Elizabeth o
estimula com pequenos textos e ditado, bingo de letras, alfabeto móvel.
Samuel é assíduo, e interessado nas atividades que faz na SRM, faz todas as
atividades que a professora repassa.
A Sala de Recursos Multifuncionais da escola dispõe de inúmeros recursos e
materiais pedagógicos, com diversos jogos, computadores, mesa, lousa, prateleiras e
brinquedos. A sala é pequena, climatizada, com paredes de cores suaves e com gravuras
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de letras, libras e Braille, objetos e pessoas. Os materiais são novos, em excelente estado
de conservação, adaptados às necessidades dos alunos matriculados na sala e foram todos
disponibilizados pela prefeitura local e pelo MEC.

 Avaliação do aluno

Não tivemos tempo para fazer teste para uma avaliação mais especifica,
iremos fazer nosso plano baseado nas observações feitas em sala de aula regular e na
SRM.

2. Identificação da natureza do problema

Diante de todos os fatos coletados, foi possível identificar as dificuldades que


Samuel enfrenta para alcançar uma boa aprendizagem. O laudo médico já nos afirma que
ele tem Deficiência Intelectual, o que explica a sua falta de concentração e o seu
envolvimento nas atividades realizadas na sala de aula. Devido à natureza do problema,
Samuel tem dificuldade em armazenar na memória de curto prazo as informações
adquiridas durante as aulas e durante o atendimento educacional especializado. Contudo
Samuel interage muito com os colegas e com a própria professora da sala regular,
pergunta quando não sabe e assim vai driblando as dificuldades que vão aparecendo.
Samuel apesar de não gostar de ser contrariado e às vezes se irritar, respeita
as regras de convívio, bem como as pessoas, professores e funcionários da escola.
A professora da sala de recursos multifuncionais, busca interagir sempre com
a professora da sala comum, incentivando-a para ela não desestimular Wendel, que ela
ajude ele a ultrapassar algumas dificuldades.

 Hipóteses

Em meio às observações realizadas na sala de aula comum e na sala de


recursos multifuncionais (SRM), foi possível detectar a dificuldade da professora da sala
de aula comum em lidar com o ritmo de escrita do Samuel, ela fica nervosa com os outros
alunos e por isso copia a atividade.
Contudo acreditamos que a natureza do problema na aprendizagem de Samuel
seja a dificuldade na oralidade, a coordenação motora e a falta de concentração que em
alguns momentos o fazem esquecer rapidamente o que já viu antes e isso atinge
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diretamente na sua capacidade de aprender.

3. Resolução do problema

Diante do que foi visto anteriormente, listamos algumas atividades que


Samuel deve fazer com o intuito de melhorar sua aprendizagem, bem como desenvolver
suas potencialidades, a saber:
 Fazer uma adaptação no lápis para facilitar à escrita;
 Atividades com argila e massa de modelar;
 Estimular a concentração em atividades que pedem mais atenção;
 Incentivar sua aprendizagem recorrendo as suas potencialidades;
 Incentivar sua autonomia na sala de aula comum e na SRM;
 Promover atividades de jogos pedagógicos analógicos e digitais
 Promover oficinas de brinquedos e atividades de jogos lúdicos
 Propor atividades que ele consiga obter sucesso para melhorar sua motivação.

Plano de Aula

Aluna: Cláudia Costa


EMEF – Sonho Feliz

Plano de aula: Identidade (Português e Artes)

SEQUÊNCIA DIDÁTICA: QUEM SOU EU?


Série: 2º Ano do Ensino Fundamental
Tempo estimado:02 aulas

Objetivos:
- Valorizar sua própria imagem, reconhecendo-se como parte integrante do grupo.
- Estimular a concentração e a atenção para futura identificação de partes do corpo e
órgãos dos sentidos.
- Estimular o raciocínio e a percepção visual.
- Desenvolver a imaginação e a criatividade.
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- Aprimorar as habilidades psicomotoras.

Desenvolvimento:

-Registro do nome de diversas maneiras.


- Auto-retrato.
- Oficina de modelagem com massinha
-Canções, músicas

Avaliação:
Será avaliada a participação, envolvimento, organização dos alunos, alguns dos objetivos
propostos serão avaliados através de trabalhos selecionados para o portfólio individual do
aluno.

1ª aula:
1 -Roda de conversa sobre o nome de cada criança( questiona-los sobre seus nomes, se
eles sabem quem escolheu, o significado do nome, se gostam do nome, qual nome eles
iriam escolher se pudessem), colocar a música “Gente tem sobrenome” – Toquinho, e
depois ler a letra .(15 min)
Música:
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2- Estimulá-los a escrever seus nomes de várias formas, explicar, conceituar e ajudá-los


na elaboração do Acróstico com o nome de cada aluno com autorretrato do mesmo ao
lado do acróstico. (30 min)
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2ª aula;

1- Roda de conversar, retomar os questionamentos sobre o nome, recorrer a memória


para falar da aula anterior, explicar e apresentar documentos de identificação –
RG; Certidão de Nascimentos (o que é, para que serve) e incentiva-los a
confeccionar a certidão de nascimento com os seus dados. (25min)

2-Convida-los para participar da brincadeira do Espelho ( consiste e escolher um par,


observa-lo e depois descreve-lo, neste caso vamos confeccionar). (25min)
1- escolher um parceiro, olhar fixamente para ele observando cada detalhe do
corpo;
2- distribuir folhas e massinha de modelar para que eles façam a confecçao do
colega.
3- convidá-los a falarem sobre o parceiro(qual nome, idade...).
4- culminância fazer a exposição dos trabalhos no varal.
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Material:

Papel A4
Massa de modelar
Caneta hidrográfica
Lápis de cor
Áudio da Música: Gente tem sobrenome - Toquinho
Xerox de Certidão de Nascimento em branco.
Varal e clips

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