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Poder Judiciário

JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins
1ª Vara Criminal de Porto Nacional

AÇÃO PENAL N. 0012263-42.2021.8.27.2737


AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO
RÉU: EDILBERTO PEREIRA COSTA

SENTENÇA

1. RELATÓRIO

O Ministério Público ofereceu denúncia em desfavor de EDILBERTO


PEREIRA COSTA pela possível prática do crime tipificado no artigo 129, § 9º e 11º,
do Código Penal.

A peça inicial narra a seguinte conduta delituosa atribuída ao


denunciado: “(...) No dia 30 de agosto de 2021, por volta das 10:00 horas, na residência
da vítima, localizada na Av. Maceió, nesta urbe, o denunciado praticou lesões corporais
na vítima Neilton Lima Santana, seu enteado que é portador de deficiência. Consta nos
autos que o denunciado convivia com a genitora da vítima há 17 anos quando se deram
os fatos. Na mesma residência coabitava a vítima. A vítima é portadora de deficiência,
com paralisia infantil, epilepsia, dificuldade de locomoção (cadeirante) e possui baixo
nível de juízo crítico (laudo de ev. 24 do IPL). No dia dos fatos, a vítima estava em
casa, momento em que foi agredida pelo denunciado, mediante enforcamento e golpes
com o fio carregador da tornozeleira eletrônica usada pelo denunciado. A genitora da
vítima flagrou o ato, procurando a Delegacia de Polícia e registrando os fatos, inclusive
representando em desfavor do denunciado. Laudo de Exame de Corpo de Delito de ev.
01, fls. 14/18 constatou lesão na região dorsal da vítima (...)”. (DENUNCIA1, evento
01)

A denúncia foi recebida em 18 de novembro de 2021 (DECDESPA1,


evento 03).
O processado foi citado pessoalmente (CERT1, evento 11), sendo que em
seguida, apresentou resposta à acusação (RESP_ACUSA1, evento 22).

O processo foi devidamente saneado, autorizando-se a inclusão em pauta


de audiência de instrução (DECDESPA1, evento 24).

Em audiência de instrução, na modalidade videoconferência, foram


ouvidas as testemunhas Neilda Batista de Lima, José Victor Pereira Lisboa, Josineia de
Lima Santana e Wesley Pereira de Carvalho (TERMOAUD1, evento 62).

O processado foi interrogado conforme depoimento colhido e registrado


por meio de videoconferência (TERMOAUD1, evento 62).

Através das alegações finais orais (TERMOAUD1, evento 62), o Órgão


Acusador manifestou-se pela condenação do processado EDILBERTO PEREIRA
COSTA a prática do crime tipificado na inicial acusatória (artigo 129, § 9º e 11º do
Código Penal), aduzindo que:

a) Em relação ao parágrafo 9º, a parentalidade é fato inconteste, tanto


pelo processado quanto pelas as testemunhas ouvidas em Juízo, sendo o denunciado
padrasto da vítima;

b) No que pertine à aplicação do parágrafo 11º, o parquet consignou que


laudo de exame de corpo de delito lesão corporal demonstrou que a vítima possui lesão
da região dorsal, além do próprio denunciado ter confessado a prática do crime, mas que
teria sido para revidar as agressões da vítima, restando evidenciado a autoria e
materialidade do crime em análise;

b) Argumentou ainda, que existem duas ações penais em desfavor do


processado relacionadas à violência sexual, fato que deve ser reconhecido como maus
antecedentes;
Por sua vez, a Defesa Técnica, em alegações finais em memoriais
(MEMORIAIS1, evento 65), requereu a absolvição do processado, pugnando:

a) Pelo reconhecimento da tipicidade material, verificado que o


processado não detinha o animus laedendi de ferir, lesionar ou machucar a vítima;

b) Requereu a aplicação do princípio da insignificância, considerando


que a lesão desapareceu no mesmo dia, segundo relatado pela genitora da vítima em
juízo, bem como o laudo pericial de lesão corporal constatou que se tratava de lesão de
natureza contundente leve;

c) Aduziu que, o caso em análise prescinde do reconhecimento da


legítima defesa, considerando que a reação do processado deu-se após injusta agressão
da vítima, bem como foi aplicado meio moderado para que a vítima lhe soltasse;

d) Pugnou para que em caso do não acolhimento das teses levantadas,


seja o processado absolvido pelo reconhecimento do princípio constitucional do in
dubio pro reo;

e) Por fim, requereu que em caso eventual condenação, seja reconhecida


as circunstancias favoráveis, sem incidência de maus antecedentes ou reincidência, com
a aplicação da atenuante a confissão.

É o relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1. Processo em ordem

Os sujeitos processuais não suscitaram preliminares.

As condições de procedibilidade e os pressupostos processuais, pautados


pelas garantias constitucionais e convencionais, foram devidamente respeitados.
2.2. Matéria de fundo

Antes de examinar as provas produzidas na instrução criminal,


convém acentuar que os elementos colhidos no inquérito policial só têm o objetivo de
embasar a propositura da ação penal.

Nesse sentido, Afrânio da Silva Jardim afirma que “as investigações


policiais não se destinam a convencer o juiz, tendo em vista o sistema acusatório e a
garantia constitucional do contraditório, mas viabilizar a ação penal” (Direito
Processual penal, Página 148).

No caso em tela, os sujeitos processuais, acusação e defesa, não


participaram dos depoimentos colhidos na fase inquisitorial.

Logo, no presente caso, as provas devem ser analisadas observando o


princípio do contraditório, sob pena de se proferir uma sentença pautada pelo
desrespeito às garantias constitucionais.

No mesmo propósito, têm-se os ensinamentos de Alexandre Bizzotto e


de Andréia de Brito Rodrigues: “Para se chegar a uma gradação condenatória, o
inquérito é agente estranho. Condenação pressupõe o contraditório constitucional.
Condenação pressupõe a constitucional dignidade da pessoa humana, não afeta a
parcialidade do inquérito” (Processo Penal Garantista, Página 65).

Com efeito, é importante desconsiderar qualquer forma de apreciação


das provas colhidas sem a verdadeira adequação a Constituição Federal, firmando o
juízo em sede desta sentença conforme o que ficou colhido regularmente no
desenvolvimento da relação processual.

Registra-se, ainda, que somente as provas insuscetíveis de repetição


de natureza técnica têm a admissão da legitimidade constitucional do contraditório
diferido.
Feitas essas considerações, passo à análise das provas produzidas
mediante o contraditório diferido, o contraditório e a ampla defesa.

2.2.1-Análise da materialidade, autoria e juízo de adequação


jurídico-penal do fato descrito na denúncia (lesão corporal - 129, § 9º e 11º do
Código Penal)

O Ministério Público relatou na, peça inicial, que no dia 30 de agosto de


2021, o processado praticou lesão corporal em desfavor da vítima Neilton Lima
Santana, seu enteado, portador de necessidades especiais.

Segundo o Ministério Público, “a vítima estava em casa, momento em


que foi agredida pelo denunciado, mediante enforcamento e golpes com o fio carregador
da tornozeleira eletrônica”.

Pois bem, é regra básica no processo penal, diante do princípio


constitucional da presunção de inocência, a necessidade do Órgão Acusador evidenciar,
por meio de provas, ao Estado-juiz, a existência do fato descrito na peça inicial
acusatória e quem foi o seu autor.

Nota-se, primeiramente, no caso em testilha, que o Ministério Público


demonstrou, com elementos probatórios concretos nos autos, a prática do fato descrito
na denúncia pelo processado Edilberto Pereira Costa.

Constata-se que autoria e a materialidade do fato foram confirmadas pela


prova oral colhida em juízo, bem como pelo laudo de exame de corpo de delito
(TERMO_CIRCUNST1, evento 1, fls. 14/18, IP. 0009144-73.2021.8.27.2737).

Contudo, é necessário que as provas produzidas ao longo da instrução


processual revelem, de forma absolutamente indubitável, a responsabilidade do
processado pelo delito imputado. Nesta senda, o decreto condenatório deve estar
amparado em um conjunto fático-probatório coeso e harmônico.

Inicialmente, quanto à prova oral, encontra-se, no processo, o relato da


informante Neilda Batista de Lima: “(...) Que o Neilton é filho da testemunha e possui
24 anos. Que o Neilton e especial, sofrendo epilepsia, treme muito e não anda ou fala,
dependendo da testemunha para tudo. Que não assistiu o momento das agressões, pois
estava nos fundos da casa. Que a vítima chamou o Edilberto para assistir um jogo, mas
o Edilberto estava carregando a tornozeleira e disse que não iria. Que o Neilton ficou
muito agitado e deu um chute do Edilberto, que em seguida, bateu no ombro da vítima
com a mangueira do carregador. Que o Edilberto não bateu com força para machucar.
Que depois, o Edilberto se arrependeu. Que levou o Neilton à delegacia, pois na hora, o
mesmo estava nervoso e chorando. Que no mesmo dia a lesão desmanchou, e só havia
ficado vermelho. Que o Edilberto é marido da testemunha, sendo padrasto do Neilton.
Que o Neilton gosta muito do Edilberto. Que o Neilton ficou chorando quando soube
que o Edilberto tinha sido acusado. Que Neiton ficou triste e hoje ficou pedido para o
Edilberto não ir para a audiência. Que o Edilberto não é de bater na vítima e nunca
agrediu a mesma. Que o Edilberto é muito bom com a vítima e ainda dar as coisas para
a mesma. Que não viu o Neilton agredir o Edilberto. Que quando a vítima chegou, o
Neilton já havia chutado o Edilberto e mesmo estava morrendo de dor, foi quando o
Edilberto bateu na vítima com a mangueira. Que chegou com a vasoura, pois é mãe e o
Neilton estava chorando. Que em seguida ao fato, se acalmou, jogou a vassoura fora e
saiu com o Neilton. Que acredita que o Edilberto não queria machucar. Que estão
casados há 19 anos, e durante esse tempo de casados, o Edilberto não agrediu o Neilton
e nenhum outro filho da testemunha. Que o Edilberto sempre foi um bom padrasto. Que
o Neilton e Edilberto se gostam muito. Que tem dias que o Neiton está bem e em outros
dias está bem nervoso. Que o Edilberto ajuda a banhar o Neiton, levá-lo ao médico
(...)”.

Nota-se, ainda, o depoimento da testemunha José Victor Pereira Lisboa,


que afirmou o seguinte em Juízo: “(...) Que não estava presente no momento em que o
fato aconteceu, e só presenciou a situação momentos depois, no horário em que estava
saindo para o serviço. Que o depoente morava no fundo da residência e ouviu alguns
barulhos e não foi olha o que estava acontecendo. Que o barulho era um grito, mas e
algo normal, pois o menino é deficiente e grita muito. Que o depoente acreditava que
poderia ser algo dele mesmo. Que a Neilda estava no fundo da residência, mexendo no
fogão caipira, e ao ouvir os gritos, foi olhar para ver o que estava acontecendo. Que a
vítima estava com marcas leves no pescoço e acreditou que poria ter sido alguma coisa
que a criança poderia ter aprontado. Que após ter levado a Neilda para a delegacia, a
mesma contou o que aconteceu. Que a Neilda falou que queria ir até a delegacia da
mulher prestar queixa. Que a Neilda não falou o motivo de querer ir até a delegacia.
Que depois do acontecido, o depoente ficou sabendo através da Neilda, que o Edilberto
agrediu a criança. Que o depoente não estava presente no local e não viu a agressão,
apenas ouviu os barulhos. Que não é uma pessoa que ficava dentro da casa da Neilda.
Que tinha o costume de ouvir gritarias vinda da casa da Neilda, sendo da criança, da
outra filha que chega bêbada e briga com o irmão (...)”.

A fim de esclarecer os fatos, a testemunha Josineia de Lima Santana, em


juízo, afirmou que: “(...) Que é enteada do Edilberto. Que a mãe da depoente está casada
com o processado há 21 anos. Que a depoente estava com 11 anos quando o Edilberto
passou a residir com a mãe da depoente. Que o Edilberto não é agressivo ou violento
com a depoente. Que o Edilberto nunca machucou a depoente. Que nunca presenciou o
Edilberto agredindo o Neilton. Que o Neilton é deficiente e tem dias que o seu
temperamento é nervoso e explosivo, e qualquer pessoa que passa perto, o mesmo
pinica e chuta. Que mesmo que o Neilton não ande, o mesmo tem força para meter a
unha. Que em relação ao fato, a depoente não presenciou, mas acredita que tem dias que
o Neilton está agressivo. Que o Edilberto cuida do Neilton quando a genitora encontra-
se no trabalho, além de arrumar a casa e banhar e dar remédio para o Neilton. Que o
Neilton gosta do Edilberto e tem ciúmes do mesmo, abraça e o beija. Que tem
momentos em que o Neilton se transforma, pois se passar da hora de tomar o remédio, o
mesmo fica agressivo. Que no dia do fato, a depoente não estava na residência (...)”.

Verifica-se, também, o depoimento da testemunha abonatória Wesley


Pereira de Carvalho, que afirmou o seguinte em Juízo: “(...) Que o Edilberto é um
homem trabalhador, e conhece o mesmo há muito tempo. Que é um profissional de
mão-cheia e cumpre o seu horário de serviço. Que sempre foi honrado com os seus
compromissos e digno. Que sempre ajudou as pessoas que estão em volta do mesmo.
Que o depoente trabalha com o processado. Que o Edilberto sempre foi pacífico e
paciente e gosta de fazer as coisas certas. Que não presenciou os fatos (...)”.

Por outro lado, observa-se que a processado Edilberto Pereira


Costa, exercendo o direito constitucional de autodefesa, perante este juízo, argumentou
o seguinte: “(...) Que o Neilton gosta de assistir jogos do flamengo. Que o Neilton gosta
muito do processado, sendo que o mesmo tem que estar sempre perto do Neilton. Que
caso o processado não dê atenção, o Neilton fica agressivo. Que no dia do fato, o
processado estava muito preocupado com a vida, passando por dificuldade. Que o
processo só deu uma triscadinha no Neilton, pois o mesmo havia lhe chutado em um
lugar que não podia e segurou na perna do processado. Que não houve nenhum tipo de
enforcamento. Que o processado gosta muito do Neilton, da mesma forma, o Neilton
gosta muito do processado. Que após o fato, conversaram e se perdoaram. Que foi
apenas um momento de fraqueza, não havendo a vontade de machucar ou matar a
vítima. Que foi apenas uma triscadinha com o fio do carregador da tornozeleira para que
o Neilton soltasse a perna do processado. Que o processado estava morrendo de dor.
Que estavam assistindo ao jogo do flamengo e estava distraído com a tornozeleira, não
dando atenção ao Neilton, momento em que o mesmo lhe chutou e segurou em sua
perna. Que para se livrar do Neilton, o processo pegou o fio e deu apenas uma lapadinha
no mesmo. Que no mesmo dia, a vítima já estava boazinha. Que o processo ficou
lesionado, pois o Neilton possui muita força. Que fez o ato sem ver, mas foi devagar.
Que não foi a delegacia para fazer exames, pois ficou em casa colocando gelo. Que
ficou 02 dias ruim, sem aguentar a trabalhar. Que depois se abraçaram e pediram
perdão. Que o depoente ajuda a vítima em tudo. Que nunca respondeu nenhum
processo. Que no momento do fato, o depoente não queria machucar a vítima. Que no
final do dia a marca já havia desaparecido. Que quando ficou sabendo que o depoente
estava sendo processado, a vítima ficou triste, pois gosta muito do mesmo. Que tem
uma relação boa com a vítima. Que tem dias que a vítima fica agressivo e quer bater nas
pessoas. Que já o lesionou várias vezes. Que tem 20 anos que o processado cuida da
vítima e nunca bateu na mesma (...)”.

No que se refere ao juízo de adequação ou valoração jurídico-penal da


conduta do denunciado, necessário tecer algumas considerações.

Observe-se que, no crime de lesão corporal "o elemento subjetivo do


crime é representado pelo dolo, que consiste na vontade livre e consciente de ofender a
integridade física ou a saúde de outrem. É insuficiente que a ação causal seja voluntária,
pois no próprio crime culposo, de regra, a ação também é voluntária. É necessário, com
efeito, o “animus laedendi” (BITENCOURT, Cezar Roberto, 2015, 199).

Sendo assim, o “animus laedendi” é o elemento subjetivo integrante do


tipo em comento (lesão corporal). Ou seja, para configuração do crime de lesão
corporal, deve haver o dolo, a vontade livre de realizar a conduta com o fim de produzir
o resultado, que é a lesão.

No caso em análise, no que pertine ao juízo de adequação ou valoração


jurídico-penal, não há, nos autos, demonstração cabal de que o denunciado agiu com
“animus laedendi”.

A Defesa Técnica, em alegações finais, argumentou que processado não


detinha o dolo específico de ferir, lesionar ou machuca, e que a sua conduta/ação com o
fio do carregador foi um ato reflexo, visando apenas conter as ações da vítima que teria
lhe desferido um chute e agarrado a sua perna.

Sob o pálio, considerando as provas produzidas durante a instrução


processual, em especial os depoimentos das testemunhas ouvidas em Juízo, a tese
apresentada pela Defesa Técnica merece acolhimento.

No caso em tela, não obstante tenha sido ouvida como informante, a Sra.
Neilda Batista de Lima, mãe da vítima e esposa do processado há mais de 19 (dezenove)
anos, esclareceu que o denunciado possui boa relação com vítima, bem como ajuda nos
cuidados diários com o filho, que por ser portador de necessidades especiais, em
determinados dias, fica nervoso e agressivo, além de nunca ter presenciado agressões ou
violência do processado contra o mesmo.

De igual forma, a testemunha Josineia Lima Santana, embora não tenha


presenciado o fato em análise, destacou que o denunciado não é agressivo ou violento e
nunca presenciou agressões em desfavor da vítima. Nesta vereda, ressaltou que a vítima,
em determinados dias, possui um temperamento explosivo, agressivo e nervoso,
reagindo com beliscões e chutes contra qualquer pessoa que tente se aproximar.

Em Juízo, o processado Edilberto Pereira Costa relatou que possui boa


relação com a vítima, é sempre tem que estar por perto para dar atenção. Com efeito, o
presente fato foi confirmado pela irmã da vítima, Josineia Lima Santana, que ainda
destacou que a vítima gosta do processado e tem ciúmes do mesmo, visto que o
denunciado ajuda nos cuidados diários, sendo responsável por cuidar da casa, além de
dar banho e ministrar os remédios da vítima.

Verifica-se, também, que o processado confessou a prática do fato, mas


justificou sua atitude em decorrência da vítima encontra-se em um momento de
agressividade, após desferir um chute e segurar a sua perna, mas ressaltou que não
detinha a vontade livre e consciente de ofender a integridade física da vítima, mas sim
fazer com que o mesmo lhe soltasse.

Nesta esteira, constata-se que conduta do processado foi dirigida à vítima


sem dolo de lesão corporal, repelindo com moderação, injusta agressão por parte da
vítima, utilizando-se dos meios que dispunha no momento dos fatos.
Assim, o conjunto probatório colhido não demonstrou o agir excessivo
por parte do denunciado em relação ao enteado ou, tampouco, dolo de lesioná-lo, não
restando ultrapassado o limiar existente entre atos de repelir a injusta agressão.

Por óbvio que não se está considerando um fato envolvendo violência


doméstica algo insignificante ou de somenos importância. Contudo, a ausência de dolo
de lesão, evidenciado pelas circunstâncias fáticas trazidas durante a instrução
processual, revela a solução absolutória a mais adequada para o caso em apreço.

3 – CONCLUSÃO

Ante o exposto, julgo improcedente o pedido inicial e absolvo o


processado EDILBERTO PEREIRA COSTA, da imputação da prática do delito
descrito no artigo 129, §9º e 11º do Código Penal, com fundamento no artigo 386,
inciso VII, do Código de Processo Penal.

Intimem-se.

Porto Nacional - TO, 18/05/2023.

Alessandro Hofmann Teixeira Mendes


Juiz de Direito Titular

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