Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1ª CÂMARA CRIMINAL
1. O advogado Kalil Jorge Abboud impetrou habeas corpus em favor de Rafael de Lima Neto[1],
apontando constrangimento ilegal por conta do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher, desta Capital, que homologou a prisão em flagrante do Paciente, converteu-a em preventiva
[2] e, posteriormente, indeferiu pedido de revogação[3].
Alegou que o Paciente (i) “não teve intenção de lesionar ou fazer mal à vítima Raquel, pois, na verdade,
pretendia ser morto pela Polícia”; (ii) “padece de diversas doenças, além de ser pessoa depressiva e com
tendências suicidas, necessitando tratamento médico especializado”. Sustentando, ainda, estarem
ausentes os motivos autorizadores da segregação provisória (CPP, art. 312), pediu, afinal, a concessão de
ordem liberatória, com a substituição, se necessário, por monitoração eletrônica ou outras medidas
alternativas ao encarceramento (mov. 1.1).
Recusadaa postulada liminar (mov. 11.1) pelo em. Desembargador MIGUEL KFOURI NETO, a
Procuradoria de Justiça, em parecer subscrito pelo em. Procurador MILTON RIQUELME DE
MACEDO, pronunciou-se pela denegação do writ (mov. 17.1).
Neste viés, considero que estão presentes fatos concretos contemporâneos que
motivada e fundamentadamente ilustram o perigo (e não mero receio), também
concreto, gerado pelo estado de liberdade do Agente, autorizando a convolação da
segregação em flagrante em prisão preventiva, conforme a exposição supra.
Por outro lado, não se revelam adequadas medidas cautelares diversas da prisão
preventiva, pois seriam insuficientes diante da presença dos elementos ensejadores
da prisão preventiva, desatendendo os requisitos do art. 282 do CPP.”
E, depois, mantida:
“[...] tenho que os motivos vigentes quando da decretação da prisão preventiva
persistem e se encontram acobertados pela preclusão, não podendo este Juízo
manifestar-se novamente sobre eles se não restar evidenciada a alteração das
circunstâncias, tal como estabelece o art. 316 do CPP.
4. Como se vê, não se revela suficiente e adequada a pretendida substituição, tampouco ilegal ou
arbitrária a manutenção da prisão provisória, dada a sua imprescindibilidade para garantia da ordem
pública.
Com efeito, a gravidade concreta das imputadas condutas, notadamente pelo modus operandi na prática
criminosa, está a evidenciar a periculosidade de Rafael: em tese, ele manteve a Vítima como refém
(utilizando-se de um “facão” em seu pescoço) mesmo após a chegada dos agentes policiais, empregou
violência física contra ela e ameaçou-a de morte.
Consignou-se no decreto prisional, além disso, que Rafael ostenta anotações de delitos cometidos no
contexto de violência doméstica, a substanciar, desse modo, o periculum libertatis.
Daí, não se vislumbrar impropriedade na deliberação atacada, que, a propósito, encontra conforto na
orientação das nossas e. CORTES SUPERIORES:
Registre-se, ademais, ter o Juízo a quo, acolhendo pleito da Defesa, determinado a realização de
avaliação médica do Paciente, em ordem a que os problemas de saúde mencionados pelo Impetrante
poderão, se constatados, receber o devido e adequado tratamento.
ACORDAMos integrantes da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por
unanimidade de votos, em DENEGAR o habeas corpus.
O julgamento foi presidido pelo Desembargador Gamaliel Seme Scaff, sem voto, e dele participaram
Desembargador Telmo Cherem (relator), Desembargador Miguel Kfouri Neto e Desembargadora Lidia
Maejima.
[1]Denunciado por cárcere privado, lesão corporal qualificada e ameaça (mov. 38.1, Ação Penal nº 4569-17.2023.8.16.0196).
[4]AgR no RHC nº 230.923/SP, 1ª Turma, Relator: Min. ROBERTO BARROSO, DJe 11.10.2023.