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553477-9/000
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EMENTA: ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – PECULATO – REVOGAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA – IMPOSSIBILIDADE – PRESENTES OS
REQUISITOS AUTORIZADORES DA MEDIDA EXTREMA – GRAVIDADE
CONCRETA – GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA – ELEVADO DANO AO
ERÁRIO – MANTIDA A PRISÃO PREVENTIVA.
V.V.: HABEAS CORPUS – PECULATO, CORRUPÇÃO PASSIVA E
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – PRISÃO PREVENTIVA – REVOGAÇÃO –
POSSIBILIDADE – ENCERRAMENTO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL –
AUSÊNCIA DE RISCO À INSTRUÇÃO PROCESSUAL – GRAVIDADE DO
CRIME E CLAMOR SOCIAL – FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE PARA A
MANUTENÇÃO DA MEDIDA EXTREMA – LIBERDADE PROVISÓRIA
CUMULADA COM MEDIDAS DIVERSAS – VIABILIDADE. Após a entrada
em vigência da Lei n.º 12.403/11, a prisão preventiva, modalidade de
medida cautelar, passou a ser exceção na sistemática processual penal,
sendo certo que a mera afirmação de gravidade do crime e de clamor
social não é suficiente para fundamentar a constrição cautelar.
Precedentes. O afastamento cautelar do agente de seu mandado político
é medida suficiente e adequada para evitar a reiteração de crimes contra
a Administração Pública. Ademais, após o encerramento da instrução
processual, não há que se falar em risco à mesma. Assim, inexistindo
motivos para a subsistência da constrição cautelar, nos termos do art.
316 do Código de Processo Penal (CPP), deve ser ela imediatamente
revogada, sendo viável a concessão da liberdade provisória, nos termos
do art. 321 do CPP, cumulada com as medidas cautelares diversas da
prisão, previstas no art. 319 do CPP, por se revelarem adequadas e
suficientes.
HABEAS CORPUS CRIMINAL Nº 1.0000.20.553477-9/000 - COMARCA DE CAMPINA VERDE - PACIENTE(S):
ALEXANDRE FREITAS MACEDO - AUTORID COATORA: JUIZ DE DIREITO DA SECRETARIA DO JUÍZO - ÚNICA DE
CAMPINA VERDE
ACÓRDÃO
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ADMISSIBILIDADE
Presentes os pressupostos legais de admissibilidade e
processamento, conheço do habeas corpus.
MÉRITO
Conforme deixei consignado quando do julgamento do HC nº
1.0000.20.527045-7/000, entendo que os motivos para a manutenção
da constrição cautelar do paciente não mais subsistem.
Não poderia deixar de registrar, como já fiz em outras
oportunidades, que a instrução do referido processo foi conduzida com
absoluta maestria pela zelosa Juíza de Direito Eleusa Maria Gomes,
que, mesmo diante de um contexto de emergência internacional em
decorrência da pandemia pelo novo Coronavírus (Covid-19), tomou
todas as precauções possíveis, resguardando a saúde do paciente e
dos demais corréus, e mantendo o regular andamento da ação penal,
em observância aos ditames do sistema processual penal acusatório.
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VOTO
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reais). Narra a inicial acusatória que tais desvios foram feitos através do
recebimento indevido de diárias de viagem sem nenhuma vantagem
pública.
Nesse sentido, não se pode olvidar a existência de indícios de
autoria e prova da materialidade, até mesmo considerando que a
investigação foi realizada por meio de interceptação telefônica, a notícia de
que o ora paciente teria, na qualidade de tesoureiro e de Presidente da
Câmara de Vereadores, autorizado o pagamento de diárias de viagem
indevidas, apesar de seu dever legal de impedir resultados danosos, a
revelar a gravidade concreta dos crimes num pequeno município.
Consta, ainda, que Alexandre, que também é pecuarista e
coproprietário de leilão de gado na Comarca, teria inserido, em
documentos públicos, declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
com o fim de prejudicar direito ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante, além de ter dissimulado e ocultado a origem,
localização, disposição, movimentação e a propriedade de bens
provenientes de infrações penais.
Com efeito, a prisão mostra-se necessária para garantir a ordem e
a opinião pública, sobretudo tendo em vista que o paciente é detentor de
cargo político, em pequena cidade interiorana e, na teoria, deveria zelar
pela idoneidade moral esperada de sua função, já que foi eleito pelo povo,
sendo certo que, como dito, a instrução criminal já se encerrou, mas o
acautelamento servirá como exemplo a desestimular a criminalidade.
É certo, ainda, que a preventiva não foi decretada apenas para
garantir a instrução criminal, tendo a Juíza a quo fundamentado sua
decisão em dados concretos, consubstanciado na gravidade demonstrada
do conjunto habitual de fatos criminosos, evidenciada pelo modus operandi
articulado dos agentes, além do dano de quase meio milhão de reais, do
risco de reiteração delitiva, a fim de desestimular a criminalidade.
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